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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
DANIEL MASCARENHAS NÓBREGA LEAL
PRÉ-FABRICAÇÃO DE EDIFÍCIOS:
AVALIAÇÃO DA TECNOLOGIA SOB A ÓTICA DA GESTÃO DE
PROCESSOS
Feira de Santana
2009
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DANIEL MASCARENHAS NÓBREGA LEAL
PRÉ-FABRICAÇÃO DE EDIFÍCIOS:
AVALIAÇÃO DA TECNOLOGIA SOB A ÓTICA DA GESTÃO DE PROCESSOS
Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Civil, da Universidade Estadual de Feira de Santana, como requisito parcial à obtenção de titulo de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. MSc. Antonio Freitas da Silva Filho.
Feira de Santana
2009
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RESUMO
O emprego de estruturas pré-moldadas em edifícios é apontado como uma das
alternativas para a industrialização da construção civil, por retirar do canteiro de
obras uma série de atividades artesanais e precárias, além de aliar qualidade,
velocidade, racionalização e desenvolvimento de novos sistemas construtivos.
O uso intensivo da alvenaria tradicional, não racionalizada, distancia-se dos
conceitos de montagem industrial e da construção enxuta, que possibilitam
empreendimentos mais bem planejados e executados. A principal característica da
construção industrializada é a determinação de cada passo do processo construtivo
ainda na fase de projeto, evitando alterações na obra em andamento, caracterizada
perfeitamente pela pré-fabricação.
O presente trabalho realiza o estudo da pré-fabricação de edifícios, como uma
alternativa aos métodos tradicionais de construção, descrevendo seus elementos e
métodos executivos, suas vantagens e desvantagens, além de um comparativo
entre a alvenaria de bloco cerâmico e as estruturas pré-fabricadas, através de
indicadores de desempenho propostos por Alberto San Martin (1999). Estes
indicadores permitem analisar e avaliar os processos de produção e o impacto das
características de tecnologias de edificação sobre a gestão de processos.
Os resultados mostraram que referente à gestão de processos e baseando-se nos
estudos de San Martin (1999), não foi possível determinar a melhor opção entre as
tecnologias. Através do desenvolvimento deste estudo e dos resultados obtidos, foi
possível verificar que o método desenvolvido avalia parcialmente os sistemas
construtivos, não considerando aspectos técnicos, ambientais ou mesmo sociais
decorrentes da utilização de determinada tecnologia, o que mostra as suas
limitações.
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ABSTRACT
The use of pre-molded structures in buildings is pointed as one of the alternatives of
civil construction industrialization, for getting from the site works many handcrafted
activities, besides putting together quality, speed, rationalization and development of
new construction systems.
The intensive use of traditional masonry not streamlined, gets distant from the
industrial assembly concepts and lean construction. They can plan and execute
ventures in a better way. The main characteristic of industrialized construction is the
determination of each step of the construction process from the project stage,
avoiding changes on the work after the beginning, characterized perfectly by the pre-
fabrication.
This paper work makes the study of building pre-fabrication*, as an alternative of the
traditional construction methods, describing its elements and executive methods, its
vantages and disadvantages, besides a comparation between masonry block
ceramic and pre-factored structures, by performance indicators presented by Alberto
San Martin. These indicators allow to analyze and test the production processes and
the impact of the technology characteristics of building on the management of
processes.
The results showed that regarding the administration of processes and basing on
San Martin's studies (1999), it was not possible to determine the best option among
the technologies. Through the development of this study and of the obtained results,
it was possible to verify that the developed method evaluates the constructive
systems partially, not considering aspects technical, environmental or even social
current of the use certain technology, what shows their limitations.
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DANIEL MASCARENHAS NÓBREGA LEAL
PRÉ-FABRICAÇÃO DE EDIFÍCIOS: AVALIAÇÃO DA TECNOLOGIA SOB A ÓTICA DA GESTÃO DE PROCESSOS
Monografia apresentada ao Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual
de Feira de Santana, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Civil.
BANCA EXAMINADORA
Prof. MSc. Antonio Freitas da Silva Filho
Orientador/ UEFS
_____________________________________
Membro convidado/UEFS
_____________________________________
Membro convidado/UEFS
Feira de Santana, ___ de agosto de 2009.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente quero agradecer à Deus, pelo seu amor incondicional, por estar
sempre ao meu lado, me dando forças e proteção em todos os dias da minha vida.
Aos meus pais, por sempre acreditarem no meu potencial, me incentivando e dando
totais condições para que eu chegasse até aqui.
Ao meu irmão Marcelo, amigo de todas as horas, referencial para minha vida, pela
sua determinação e pelo seu caráter inquestionável, me guiando pelos caminhos
corretos e sempre presente nos momentos em que precisei.
À minha noiva Luma, pelo apoio incondicional, pela paciência e compreensão, por
suas palavras de conforto e motivação, enfim por estar ao meu lado durante toda a
vida acadêmica.
À minha sogra Isabel Márcia em memória, pela lição de vida deixada, por sua força
de vontade e determinação, pessoa integra e generosa, que me ensinou a ver as
pessoas pelas suas qualidades, um exemplo de vida a ser seguido.
Ao professor Antônio Freitas como orientador deste trabalho, pelos conhecimentos
passados, por sua disponibilidade e auxilio.
Ao professor Cristovão Cordeiro, sempre pronto a ajudar, passando conhecimentos
que foram fundamentais na reta final deste trabalho.
A todas as pessoas que ao longo da minha vida acadêmica participaram direta ou
indiretamente para a realização deste sonho.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1a e 1b: Alvenaria de bloco ainda sem revestimento, junto ao pilar e
amarração da alvenaria junto à viga.
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Figura 2. Figura 2a e 2b: Proteção das caixas de luz e dos içadores
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Figura 3. Figura 3a e 3b: Fôrmas metálicas das pré-lajes e dos painéis
portantes.
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Figura 4. Travamento dos painéis
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Figura 5. Figura 5a: Transporte em caminhão e 5b: Transporte feito por
gruas
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Figura 6. Gabaritos e escoras metálicas
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Figura 7. Execução dos pontos de solda
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Figura 8. Figura 8a: Assentamento dos painéis e 8b: Montagem das pré-
lajes
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Figura 9. Colocação das instalações elétricas
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Dados dos diagramas de processos referente ao CBP das tecnologias
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Tabela 2. Resultado dos indicadores de desempenho para cada tecnologia
avaliada
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Características de Qualidade
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Quadro 2. Característica da qualidade considerada e requisitos de desempenho
correspondente
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SUMÁRIO
1.0 INTRODUÇÃO ..............................................................................................10
1.1 Justificativa..............................................................................................11
1.2 Objetivos .................................................................................................12
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................12
1.2.2 Objetivos específicos.................................................................12
1.3 Metodologia.............................................................................................13
1.4 Estrutura da monografia ..........................................................................13
2.0 SISTEMA CONVENCIONAL ........................................................................15
2.1 Estrutura..................................................................................................15
2.2 Alvenaria de bloco...................................................................................16
3.0 RACIONALIZAÇÃO NO CANTEIRO DE OBRA ..........................................19 4.0 CONSTRUÇÃO ENXUTA.............................................................................21
5.0 ESTRUTURAS PRÉ-MOLDADAS................................................................23
5.1 Vantagens ...............................................................................................24
5.2 Inconvenientes ........................................................................................25
5.3 Painéis Portantes ....................................................................................25
5.4 Descrição do sistema ..............................................................................26
5.5 Usinagem ................................................................................................28
5.6 Armazenamento ......................................................................................31
5.7 Transporte ...............................................................................................32
5.8 Montagem ...............................................................................................34
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6.0 MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS.....................39
6.1 Descrição do Método de Avaliação Desenvolvido..................................39
6.2 Identificação das Características de Qualidade .....................................39
6.3 Elaboração de requisitos de desempenho e indicadores .......................41
6.4 Indicadores de Desempenho Propostos pelo Método Desenvolvido ......44
7.0 ROTEIRO PARA APLICAÇÃO DO MÉTODO..............................................53
8.0 ESTUDO DE CASO: APLICAÇÃO DO MÉTODO PROPOSTO ..................53 9.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................64
10.0 REFERÊNCIAS.............................................................................................67 ANEXO 1 - Tabelas de mapeamento de ciclo básico de produção da pré-
fabricação de edifícios
(CBP).......................................................................................................70 ANEXO 2 - Diagrama adaptado de precedências da pré-
fabricação.........................75
ANEXO 3 - Tabelas de mapeamento de ciclo básico de produção da alvenaria
de bloco cerâmico
(CBP).........................................................................................................76
ANEXO 4 - Diagrama adaptado de precedências da alvenaria de bloco
cerâmico...82
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1 Introdução
A industrialização do setor da construção civil evoluiu muito nos últimos
tempos, e o resultado disto é o surgimento de tecnologias construtivas inovadoras,
gerando a modernização no sistema de produção de edifícios completos. Esta
racionalização do processo de produção tem sido um grande desafio para as
empresas construtoras, principalmente quando se busca essa racionalização através
da implantação de mudanças tecnológicas no processo construtivo tradicional
(FRANCO, 1992).
Até pouco tempo, a construção civil seguia o sistema tradicional, utilizando a
estrutura reticulada em concreto armado e vedação com bloco cerâmico, onde as
lajes se apóiam nas vigas e as vigas nos pilares. Com a evolução das necessidades
dos edifícios nas ultimas décadas, principalmente com o desejo de reduzir custos e
aumentar a velocidade de execução (reduzindo prazos), vem surgindo novas
tecnologias para a indústria da construção, como uma tentativa de melhorar os
trabalhos e os seus resultados.
Dentre estas novas tecnologias estão as estruturas pré-fabricadas e pré
moldadas. Com redução final de custos, agilidade de execução, durabilidade e
qualidade, este sistema busca a satisfação, o conforto e a segurança dos clientes.
Nos últimos anos, estes sistemas – pré-moldados e pré-fabricados – passaram a ser
mais usados por causa da entrada de grande número de multinacionais no país,
acostumados a lidar com essas tecnologias. Esses clientes exigem dos construtores
rapidez e racionalidade nas obras (PEDREIRA DE FREITAS,1993).
O surgimento dos pré-moldados em concreto armado proporciona, sobretudo
ao canteiro de obra velocidade na execução dos serviços, o aumento da
produtividade da mão-de-obra, a redução de etapas de produção no canteiro, a
eliminação de entulhos e a garantia de qualidade do produto. Observa-se, porém,
que a utilização deste novo método construtivo nem sempre alcança estas
vantagens. Isto acontece quando a implementação da nova tecnologia ocorre sem
muita preocupação com o desenvolvimento adequado de projetos, com o estudo
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entre as interfaces dos subsistemas e com a análise do atendimento aos requisitos
mínimos de desempenho para a execução de um edifício.
1.1 Justificativa
O tradicional levantamento da alvenaria vinha sendo a única forma de
racionalização das vedações utilizada de modo fundamentado no Brasil (BARROS,
1998; SABBATINI, 1998).
Segundo Maués (1996), ao despertar para a necessidade de melhoria de
seus produtos as empresas do setor da construção civil começaram a buscar uma
racionalização do seu processo de trabalho. Sem uma clara definição de
racionalização, buscaram uma aproximação com a indústria de transformação,
procurando tornar o processo construtivo semelhante a um ambiente fabril. Nessa
tentativa, seguiram diversos caminhos, como: a implantação de processos
construtivos inovadores, a implantação de medidas de aperfeiçoamento do próprio
processo convencional, a pré-fabricação fechada ou total; a pré-fabricação aberta ou
por componentes, a externalização de etapas produtivas a montante do canteiro de
obras, dentre outras.
Há atualmente uma busca progressiva de racionalização dos processos
construtivos, visando à redução dos custos, o aumento da produtividade, resultando
em uma demanda crescente por projetos de edifícios pré-fabricados.
De acordo com Melhado e Violani (1992), um projeto bem sucedido nasce
com a criação do empreendimento, sendo de extrema importância a formulação, por
parte do empreendedor, de uma completa descrição dos objetivos, os quais serão
desenvolvidos principalmente pelos projetos.
A grande competitividade do mercado atual, no entanto, demanda soluções
que melhorem a eficiência do processo, eliminando etapas construtivas,
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minimizando interferências entre os subsistemas e elevando a qualidade do produto
final. Adotar soluções voltadas à industrialização, principalmente com a pré-
moldagem, pode ser um caminho para melhorar a eficiência do processo.
Por esses motivos é de fundamental importância um estudo bem elaborado,
para que se observe a viabilidade de ser utilizada a pré-fabricação para a obra em
questão, o que irá beneficiar tanto a parte técnica como gerencial do
empreendimento, otimizando o processo de produção, tendo total controle sobre ele,
para que assim se obtenha bons resultados, reduzindo custos, evitando os
desperdícios e o retrabalho.
Este trabalho pretende realizar um estudo da pré-fabricação de edifícios, para
favorecer a industrialização e a racionalização do processo, bem como a redução do
prazo de execução da obra e com isso, elevar a produtividade e os lucros da
empresa construtora, analisando como a tecnologia é avaliada sobre a gestão de
processos.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
- Este trabalho tem como objetivo o estudo da pré-fabricação de edifícios no
processo da construção civil sob a ótica do processo de produção. 1.2.2 Objetivos Específicos
- Fazer um estudo dos seus elementos e seus métodos executivos;
- Realizar um comparativo com os métodos tradicionais.
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1.3 Metodologia
O primeiro passo será a realização de uma revisão bibliográfica do assunto,
captando e assimilando o maior numero de informações possíveis, para assim obter
mais familiaridade com o tema, adquirindo uma visão mais ampla, para argumentar
sobre o tema exposto.
Em seguida será realizado um levantamento das tecnologias convencionais
do mercado, suas vantagens e desvantagens, sua eficácia, incluindo nesta etapa,
visita as construções, coletando informações com o responsável técnico da obra,
realizando registros fotográficos.
De posse de todos estes elementos com as construtoras, será realizado um
levantamento dos métodos construtivos, da eficácia, das vantagens e desvantagens
dos painéis pré-moldados, considerando seus principais aspectos, para que assim
se possam adquirir meios para relatar sobre o tema, comparando-o com as técnicas
convencionais, utilizando inclusive para isso, os indicadores de desempenho
propostos por San Martin (1999).
Concluídas todas estas etapas, será realizada uma análise das informações
coletadas, realizando a conclusão do trabalho monográfico e as considerações finais
deste estudo.
1.4 Estrutura da monografia
O presente trabalho monográfico é constituído de 05 (cinco) capítulos, cuja
abordagem está descrita a seguir.
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O primeiro capítulo é composto pela introdução e justificativa do trabalho, os
objetivos, incluindo-se aí, o objetivo geral e os objetivos específicos, e por fim a
metodologia.
Do segundo ao quinto capítulo é feito toda à revisão bibliográfica do assunto.
Abordando os métodos construtivos tradicionais, a construção enxuta e o processo
de racionalização no canteiro de obra. Também está exposto uma discussão sobre
as estruturas pré-moldadas, descrevendo seus métodos executivos e os principais
aspectos que devem ser analisados para a utilização desta tecnologia.
O sexto capítulo apresenta o roteiro para aplicação do método de estudo
neste trabalho. O sétimo capítulo traz a metodologia utilizada neste trabalho para
avaliar a tecnologia dos painéis pré-moldados, em comparativo com os métodos
tradicionais.
No oitavo capítulo é feito um estudo de caso, referente a uma obra da cidade
de Feira de Santana (BA), que utiliza a pré-fabricação como método construtivo de
edifícios, onde será realizada também uma analogia com o sistema tradicional,
através dos indicadores propostos por San Martin.
O nono capítulo traz a conclusão do trabalho monográfico e as considerações
finais deste estudo.
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2 Sistema convencional
2.1 Estrutura
As estruturas do sistema convencional são reticuladas, ou seja, a transmissão
dos esforços ocorre através de elementos isolados tais como lajes, vigas e pilares,
moldados e concretados no local com a utilização de fôrmas também convencionais,
montadas manualmente no local onde será realizada a concretagem. As fôrmas em
geral, são de chapas em madeira compensada plastificada, possibilitando uma maior
produtividade e também uma melhor qualidade de produção. A modulação é
resultado do projeto de fôrmas com formato padrão e dimensões específicas
(BAUER, 1994).
A primeira etapa de execução são as fôrmas dos pilares, que fazem parte
dos elementos verticais da construção. As chapas de madeira compensada
previamente moduladas são posicionadas em sentido vertical fixadas nesse sentido
por uma grade metálica e ligadas uns aos outros através de grampos de aço. A
fixação horizontal (reforço) do pilar é realizada por gravatas metálicas (SOUZA,
1996).
O processo de ancoragem é feito por escoras, geralmente metálico. Durante a
concretagem do pilar, as fôrmas são submetidas a uma força de empuxo grande do
concreto, sendo necessário que esteja bastante segura e escorada evitando
aberturas e fuga de concreto, com conseqüente perda de material e futuro
retrabalho. As etapas das fôrmas de vigas e lajes são feitas de maneira idêntica,
sempre bem escoradas (SOUZA,1996).
A madeira vem tendo pouca utilização na construção de estruturas de edifícios,
principalmente no Brasil, sobretudo pela dificuldade de obtenção e
conseqüentemente pelo seu elevado custo. Além disto, suas deficiências quanto à
resistência mecânica e durabilidade, a falta de tradição do usuário, a legislação
restritiva quanto à sua utilização (problemas decorrentes do elevado potencial de
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queima) e a não política de reflorestamento, também contribuem para o seu
reduzido emprego, sendo utilizadas apenas em edifícios de pequena intensidade de
carregamento (casas térreas e sobradas). Além disso, as placas de madeira
compensada não permitem uma perfeita emenda entre elas, não permitindo à peça
concretada uma superfície totalmente livre de retrabalho (RIPPER, 1995).
Existem, porém, estudos que procuram viabilizar a utilização de madeira de
reflorestamento como material estrutural; outros que procuram desenvolver as
ligações entre peças de madeira para formarem componentes de maiores
dimensões, viabilizando a execução de estruturas maiores; outros ainda que
procuram desenvolver materiais para serem empregados no tratamento da madeira,
seja contra agentes agressivos (umidade, fungos,insetos), seja contra o fogo, a fim
de aumentar a sua vida útil. É possível, pois, que num futuro próximo, com o avanço
dos processos industrializados de construção, a utilização deste material seja
retomada.
Todos esses processos são, há muitos anos, bastante convencionais e
sempre necessitando de futuros reparos. Também é comum verificar neste tipo de
sistema, uma grande quantidade de escoramentos, deixando o pavimento em uso,
quase que intransitável.
2.2 Alvenaria de bloco
O projeto de alvenaria definido para o sistema construtivo convencional é o
mais usual para este tipo de construção, ou seja, estrutura em concreto armado e
alvenaria não estrutural como vedação interna e externa.
O projeto é baseado na modulação das paredes de alvenaria, uma forma
racionalizada de trabalho, a fim de possibilitar a redução do desperdício, a melhoria
da qualidade no serviço e aumentar a eficiência na execução da alvenaria. Através
do projeto há uma precisão nos formatos dos tijolos, que possibilita a execução de
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paredes de alvenaria com bom nível de qualidade e, além disso, evitam a
necessidade de cortar os tijolos gerando desperdício e uma grande quantidade de
entulho (SOUZA,1996).
A distribuição dos blocos cerâmicos nos pavimentos é realizada de uma
maneira racionalizada, garantindo facilidade no manuseio dos blocos, aumentando
assim a produtividade do serviço. Outra vantagem na utilização dos blocos em
pallets de madeira é a redução nas perdas do material.
De acordo com Souza (1996), o serviço de alvenaria é subdividido em três
etapas distintas: marcação, elevação e fixação:
- Na marcação dos eixos da parede, é verificado o nivelamento da laje,
colocado resina acrílica deixando a superfície rugosa para garantir uma boa
aderência da estrutura com a argamassa de assentamento dos blocos.
- Na elevação dos blocos, as paredes são amarradas entre si, por
interpenetrações dos blocos (juntas de amarração desencontradas) e junto aos
pilares (figura 1a) com a colocação de telas metálicas fixadas com pinos de aço
utilizando gabarito de fiada, previamente posicionadas durante a etapa de marcação.
É comum aplicar argamassa colante nos pilares externos com desempenadeira
dentada, de forma que os frisos formem um ângulo de 45°, para evitar a infiltração
de água, caso ocorram fissuras nessa região da fachada, no encontro da parede
com o pilar. As juntas horizontais de argamassa têm espessura variável de 0,8 a 1,8
cm de espessura, e sua colocação é feita com uma bisnaga para garantir uma maior
produtividade do serviço e menor perda de material.
- A fixação é feita no preenchimento do vão deixado entre a alvenaria e a
estrutura com uma argamassa especialmente dosada. A argamassa adequada para
o preenchimento deverá ter baixo módulo de deformação, grande capacidade de
aderência e alta plasticidade. O processo do serviço de aperto de alvenaria deverá
ser executado de cima para baixo, ou seja, dos andares superiores para os
inferiores. A Figura 1b mostra a amarração da alvenaria de bloco junto à viga.
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Figura 1a e 1b: Alvenaria de bloco ainda sem revestimento, junto ao pilar e amarração da alvenaria junto à viga.
As alvenarias apresentam um bom comportamento às solicitações de
compressão, e o principal fator que influi na resistência à compressão da parede é a
resistência à compressão do bloco. Quando executadas com juntas de amarração,
elas apresentam um razoável poder de redistribuição de cargas, distribuindo as
cargas das paredes mais carregadas para as paredes menos carregadas. A
redistribuição de cargas só será interrompida em vãos de portas e janelas, onde
haverá uma concentração de tensões, onde a utilização de elementos pré-moldados
(cintas, vergas e contra-vergas), eliminam possibilidades de rupturas e
aparecimento de fissuras (RIPPER, 1995).
Como pode ser visto, a fase de produção do processo convencional é
dependente da mão-de-obra artesanal. Estas particularidades criam obstáculos para
que se processe uma maior introdução de máquina e equipamentos nos canteiros
de obras. Neste sistema de produção de edificações, a mão-de-obra é utilizada
intensivamente, onde geram serviços não padronizados.
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3 Racionalização no canteiro de obra
O conjunto de todas as ações que tenham por objetivo otimizar o uso de
recursos materiais, humanos, organizacionais, energéticos, tecnológicos, temporais
e financeiros disponíveis na construção em todas as suas fases, pode ser definido
como um processo denominado racionalização construtiva (SABBATINI, 1989).
Quando comparada a outros ramos industriais a construção civil tem sido
considerada uma indústria atrasada, já que apresenta, num quadro geral, alto
desperdício de materiais, baixa produtividade e baixo controle de qualidade (EL
DEBS, 2000). Uma das formas de reduzir este atraso é a utilização de elementos
pré-fabricados de concreto. O emprego dessas técnicas recebe a denominação de
concreto-pré-moldado e as estruturas formadas pelos elementos pré-fabricados
recebem a denominação de estruturas de concreto pré-fabricado.
A pré-moldagem representa perfeitamente a industrialização, que se
caracteriza por possuir caráter repetitivo, o que influencia diretamente na
produtividade da mão de obra. Porém, deve-se ter cuidados redobrados no processo
construtivo, para que caso haja erro, ele não se reproduza em larga escala.
As empresas construtoras procuram diminuir os seus custos e,
simultaneamente, aumentar a eficiência de processos de produção e a qualidade do
produto final. A produção racionalizada com qualidade, é fundamental para as
empresas que querem se manter no mercado. A abertura do Brasil para o mercado
competitivo mundial exige da indústria nacional uma rápida adaptação às rigorosas
exigências dos consumidores. Segundo Sabbatini (1989), evoluir no sentido de
aperfeiçoar-se como indústria é o caminho natural da construção civil.
O aumento da produtividade, a redução dos custos e uma maior qualidade na
produção e no produto final dependem dos níveis de industrialização, ou seja, da
evolução das atividades construtivas. Como citado anteriormente a industrialização
se baseia basicamente em processos organizados de natureza repetitiva, onde as
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ações artesanais são substituídas por um processo mais mecanizado. Evoluir no
sentido de aperfeiçoar-se como indústria é um caminho natural do setor da
construção civil.
A racionalização e a industrialização andam lado a lado. Na atualidade, a
construção civil deve ser estudada sob aspectos referentes à industrialização por
emprego racionalizado de técnicas construtivas que viabilizem o aumento da
produtividade, menos desperdício e retrabalho, além da redução de custos. A
utilização de medidas racionalizadas aumenta o nível organizacional dos
procedimentos, que é a base da industrialização. Segundo FRANCO, (1992)
industrialização da construção é o processo evolutivo que objetiva incrementar o
nível de produção e aprimorar o desempenho da atividade construtiva, através de
ações organizacionais e da implementação de inovações tecnológicas, métodos de
trabalho, técnicas de planejamento e controle.
De uma maneira geral pode-se dizer que industrialização voltada para a
construção civil significa ter organização, planejamento, continuidade executiva,
repetição e eficiência no processo de produção, tudo dentro de uma visão global das
várias interfaces que compõem a execução de um edifício. Tendo como sua
principal ferramenta a racionalização construtiva. Em todas as fases do processo,
desde as concepções iniciais, passando pelo desenvolvimento do projeto, até atingir
a etapa de produção a racionalização deve estar presente. Segundo TRIGO (1978),
“a racionalização pressupõe a organização, a planificação, a verificação e as
técnicas adequadas à melhoria da qualidade e ao acréscimo de produtividade”.
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4 Construção enxuta
Durante o decorrer da sua história, a construção civil recebeu inúmeras
críticas devido a sua baixa eficiência produtiva. Por outro lado, outros setores
apresentaram grandes avanços tecnológicos, aprimorando suas formas de gestão,
procurando inovação constante, reduzindo custos, aumentando a produtividade, e a
qualidade dos seus processos e produtos
Diante dessa realidade, e o aumento do nível de exigência dos clientes, com
prazos cada vez menores, baixo custo e qualidade do produto final, viu-se a
necessidade da evolução dos processos da construção civil, melhorando o sistema
de controle, levando em consideração atividades que não tinham prioridades na
construção. Desta maneira, com a necessidade de empreendimentos bem
planejados e executados, surgiu uma nova gestão de processos conhecida como
Construção Enxuta, também chamada de Lean Construction (Akkari, 2003).
A grande mudança do modelo de gerenciamento tradicional para a produção
enxuta esta na filosofia de entendimento dos processos. O sistema tradicional
objetiva o produto final, caracterizando-se por um processo de conversão, já a
produção enxuta visa um fluxo de mão de obra e materiais que leva em
consideração todos os acontecimentos durante o processo, desde a escolha da
matéria prima até o produto final. A construção enxuta é subdividida em atividades
de transporte, espera e inspeção que são atividades de fluxo, já que não agregam
valor ao produto final, e o processamento que se caracteriza por uma atividade de
conversão já que agrega valor ao produto final (Koskela, 1992).
De acordo com Koskela (1992), os princípios da construção enxuta são:
- Reduzir à parcela de atividades que não agregam valor, assim diminuindo os
custos, as perdas e melhorando os processos.
- Aumentar o valor do produto, satisfazendo as necessidades dos clientes.
- Reduzir a variabilidade dos materiais e serviços.
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- Reduzir o templo de ciclo, proporcionando uma entrega mais rápida ao
cliente e uma maior rapidez da gestão de processos.
- Simplificar através da redução do número de passos ou partes, ou seja,
tornar mais reduzido e simples os passos de um processo.
- Aumentar a flexibilidade de saída, que esta ligada à viabilidade de alterar o
produto final entregue ao cliente sem aumentar os custos de forma considerada.
- Aumentar a transparência do processo, o que facilita a visualização de um
erro no processo.
- Focar o controle no processo global, deixando claro quem são os
responsáveis pelo serviço e pelo seu controle.
- Introduzir melhoria contínua no processo, buscando melhorar o controle e o
planejamento, reduzindo o desperdício.
- Manter um equilíbrio entre as melhorias nos fluxos e nas conversões,
mantendo o equilíbrio entre ambas as partes.
- Fazer benchmarking, ou seja, aprender e utilizar métodos adotados por
outras empresas do setor que deram certo no contexto geral.
A introdução dos princípios da Produção Enxuta na Construção Civil, pode
representar a mudança de paradigmas necessária para que as empresas busquem
uma melhoria continua, adequando-se as novas exigências do mercado, assim
obtendo lucros maiores e conquistando vantagem competitiva no novo cenário de
um mundo globalizado.
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5 Estruturas pré-moldadas
Nas estruturas feitas em concreto pré-moldado os elementos estruturais como
pilares, vigas, lajes e outros são moldados e adquirem certo nível de resistência
antes do seu posicionamento definitivo na estrutura.
Segundo MILMAN,1971 os elementos pré-moldados eliminam retrabalhos,
simplificam a execução, e reduzem o número de etapas do processo construtivo,
gerando uma produção mais racionalizada e organizada, já que ocorre a repetição
das atividades, além de não interferir nas demais etapas do processo. Os pré-
moldados são inseridos no processo construtivo não acarretando grandes mudanças
na base produtiva que caracteriza o setor.
Com a utilização do concreto pré-fabricado pode-se atuar no sentido de
reduzir o custo dos materiais das estruturas de concreto, basicamente o concreto e a
armadura. Por outro lado, com o elevado índice de repetição dos painéis, é
necessário o uso de fôrmas metálicas, assim o investimento inicial desse sistema é
alto. Porém, em longo prazo, com o constante uso, o custo das fôrmas vai sendo
compensado e, a edificação tem seu custo reduzido.
Os elementos básicos que compõem o conjunto de pré-moldados são painéis
portantes, pré-lajes, escadas e alguns elementos complementares. Todas as peças
devem ser capazes de transferir e suportar esforços verticais e horizontais,
provocados por ventos, pequenos tremores de terra, além de garantirem os
isolamentos térmicos, acústicos e a estanqueidade (FRANCO, 2005).
De acordo com o Manual Sistema Construtivo Painel Portante, v.1, os painéis
de concreto constitui-se de um elemento pré-moldado, geralmente com 10 a 13 cm
de espessura. Cada painel tem a altura de um pé-direito e a dimensão de um
cômodo, ou fração deste. A função do painel (interno ou externo) é a de resistir aos
esforços verticais e horizontais e transferi-los para a fundação. Os painéis externos
possuem ainda outra e importante função, que é a de isolar o ambiente interno das
intempéries do meio ambiente, sejam eles: umidade, vento, calor ou frio.
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A laje, neste sistema construtivo é composta por duas partes: A pré-laje,
elemento pré-moldado de concreto onde são posicionadas todas as armações
positivas. A pré-laje normalmente possui a dimensão de um cômodo e a altura de 4
cm. A outra parte é um complemento “in loco” que se constitui numa capa de
concreto onde são posicionados os negativos e os conduítes. Este complemento é
executado com uma altura variada, conforme especificação de projeto, de tal forma
que a altura total da laje (pré-laje + complemento) seja a especificada em projeto.
Desta forma, fica evidente a importância da ligação entre pré-laje e complemento
para que a laje final se comporte como um elemento monolítico.
As escadas são pré-fabricadas, e se apóiam em consolos presos nas
paredes. De uma maneira geral pode-se dizer que os painéis portantes têm ao
mesmo tempo função estrutural e de vedação, possuem instalações embutidas,
superfície lisa em ambos os lados das paredes internas e pequenos detalhes
arquitetônicos nas paredes da fachada; As pré-lajes também dispensam
acabamento na sua superfície inferior, e na superfície superior é realizada uma
concretagem in loco substituindo a camada de regularização e possibilitando
também a passagem das instalações por dentro da laje (PEDREIRA DE FREITAS,
1993).
De acordo com Franco (2005), a pré-fabricação contribui de forma
significativa para a industrialização do setor da construção civil e para a
racionalização no canteiro de obra, mas embora seja uma tecnologia com inúmeras
vantagens, esse processo apresenta muitos inconvenientes, desta forma em muitos
casos ainda se dá preferência à tecnologia tradicional. Dentre as vantagens e
inconvenientes da utilização da pré-fabricação pode-se citar:
5.1 Vantagens
- Eliminação ou diminuição de algumas atividades existentes no processo
tradicional, tais como revestimento.
- Controle de qualidade;
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- Maior organização e limpeza no canteiro.
- Diminuição de acidentes.
- Menor desperdício de materiais.
- Baixos custos de manutenção;
- Facilidade de planejamento e controle de tempos;
- Menor tempo de execução;
- Repetição das atividades
5.2 Inconvenientes
- Falta de pessoal especializado;
- Necessidade de interação com os outros subsistemas construtivos.
- Falta de flexibilidade;
- Alto custo de transporte;
- Não continuidade das peças;
- Alto custo inicial.
- Falta de normalização.
5.3 Painéis Portantes
Nos anos 50, os painéis de concreto surgiram no mercado internacional, sob
impulso do período de recuperação pós-guerra e influência do movimento
modernista na arquitetura. Nos anos 60 chegou ao seu auge de utilização, após
esse período, o emprego desses painéis teve um considerável declínio devido à
limitação estética, resultado do rigor imposto pela padronização dos componentes.
Na última década , os painéis de concreto se revitalizaram na forma dos chamados
painéis de concreto arquitetônico, possuindo revestimento incorporado. Este
revestimento elimina custos diretos e indiretos decorrentes da posterior etapa de
revestimento externo, permitindo maior diversidade de soluções arquitetônicas
(SILVA e PEREIRA, 2001).
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De acordo com Pedreira de Freitas (1993), os painéis portantes são
executados pela pré-moldagem de elementos em concreto armado. Estes painéis
são preparados em unidades, que podem estar situadas dentro ou fora do canteiro
de obra, ou seja, os painéis de concreto podem ser produzidos quando há espaço e
condições apropriadas, na própria obra, eliminando custos referentes ao transporte
ou industrialmente.
Melhor qualidade no produto final, maior organização e limpeza do canteiro,
rapidez e facilidade na execução das vedações, além de uma maior precisão
geométrica e menor desperdício de materiais são algumas das vantagens
apresentadas pelo emprego de painéis pré-fabricados sobre a alvenaria tradicional
(COSTA, 2008).
Para se chegar ao traço do concreto utilizado neste sistema é realizada uma
dosagem experimental dos agregados que constituem o concreto, onde se avalia as
propriedades dos materiais e a qualidade dos mesmos em função do desempenho e
das características de projeto. Geralmente, essas misturas possuem agregados com
um teor de finos que garantem o acabamento das superfícies dos componentes não
revestidos. (DAWSON, 1995).
A relação água/cimento desses painéis devem garantir a durabilidade, a
segurança estrutural e a estanqueidade dos painéis. Normalmente é recomendado
uma relação água/cimento de 0,4, conseguindo-se assim um concreto com menor
absorção de água, consistência plástica, e menor retração hidráulica,
(ANDRIOLO,1984; FREEDMAN, 1999).
5.4 Descrição do sistema.
A concepção do sistema permite executar os edifícios com elementos pré-
fabricados de concreto armado constituídos basicamente de painéis parede, pré-
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lajes, escadas e algumas peças complementares. Os painéis paredes têm função
estrutural e de vedação. Este conjunto de elementos, tanto vertical como horizontal,
se integram em uma estrutura capaz de transmitir as cargas verticais e de resistir a
esforços horizontais, devido ao vento (COSTA, 2008).
A união dos painéis resulta em desenho especial das bordas que formam
caminhos naturais para a água e, através de pingadeiras, resolve de forma eficiente
e econômica o problema de estanqueidade nos pré-fabricados. O sistema
construtivo constituído de pré-lajes e painéis de concreto auto-portantes, pode ter os
pré-moldados desenvolvidos em mini-usina no próprio canteiro ou em usina da
própria construtora (FRANCO,1998).
Os painéis externos (ou de Fachada) incorporam vãos de janelas e detalhes
arquitetônicos, como frisos, que valorizam o prédio, diminuindo o custo do
revestimento externo. Esses detalhes são definidos nas formas metálicas por perfis
metálicos. Os painéis de fachada podem ser executados em fôrmas denominadas
“bandejas” (ou em fôrmas denominadas “baterias”), tendo uma das faces os
acabamentos indicados para fachada e a outra desempenada. Os painéis internos
são moldados em formas metálicas verticais (denominadas baterias), resultando em
uma peça acabada e já incorporando as instalações elétricas e hidráulicas (Manual
do sistema construtivo painel portante, V.1)
Os demais elementos que constituem o sistema são:
PRÉ-LAJE, que também são executadas em “bandejas”. A face inferior é lisa
pronta para pintura e a face superior é rugosa, pronta para receber um
complemento de concreto. Esta rugosidade superior é conseguida através da
passagem de um mini rolo compressor, após a concretagem.
ESCADAS, executadas em forma metálica, constituindo numa peça pronta,
não necessitando de complemento superior.
PINGADEIRAS E ORNATOS DE FACHADA, executadas em formas
especiais que deverão ser colocadas nos painéis antes do içamento para a
montagem
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CONSOLOS DE APOIO DA ESCADA, elemento de concreto aparafusado no
painel adjacente à escada, e onde esta se apoiará
GOLAS, executadas juntamente com a laje (na periferia do prédio) através de
forma de fibra de vidro, com o objetivo de formar uma pingadeira externa ao
prédio. A gola tem a função, ainda, de constituir o arremate para o
complemento da laje.
Os projetos de painéis são totalmente compatibilizados com a arquitetura e
instalações, pois ele incorpora seus detalhes.
5.5 Usinagem
De acordo com Silva (1998), a unidade industrial é o local onde se desenvolve
a usinagem. Esta central deve conter uma série de equipamentos, como por
exemplo, gruas de içamento, formas metálicas, além de uma mini-usina de concreto.
Os painéis de vedação são armados horizontalmente e concretados verticalmente,
em fôrmas que recebem o nome de bateria, que aceleram a cura do concreto
utilizando o calor de hidratação do mesmo e também atua como vibrador. Já as pré-
lajes são armadas e concretadas horizontalmente.
A armação dos painéis deve ser montada em bancada, segundo o projeto,
com especial atenção ao posicionamento das telas e seu recobrimento. Deve-se
tomar cuidado também com o posicionamento dos ferros de solda, de forma a
garantir a dimensão externa à peça. Os ferros de solda devem ser posicionados
antes da montagem na bateria. No posicionamento das armações devem ser
incluídas as caixas de elétrica que devem estar bem fixadas às armaduras. No caso
de caixas simples deve-se prever uma pastilha no fundo da caixa para que a caixa
não fique encostada na fôrma (MILMAN, 1971).
Deve-se proteger as caixas de luz e os içadores embutidos com isopor,
conformes as Figuras 2a e 2b.
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Figura 2a e 2b: Proteção das caixas de luz e dos içadores
Em relação ao molde dos painéis, o material escolhido para ser utlizado na
confecção das fôrmas, deve levar em consideração a possibilidade de
reaproveitamento da fôrma, que vai influenciar de maneira significativa nos custos
de produção, e também as dimensões das peças, que vão determinar a resistência
requisitada da fôrma. As fôrmas de madeira são mais baratas, sendo mais utilizadas
na fabricação de painéis simples, porém com menor número de reaproveitamento,
chegando a uma média de 45 utilizações. Já as fôrmas metálicas têm um alto custo,
porém possibilitam uma maior precisão e são utilizadas inúmeras vezes. (DAWSON,
1995; BROOKES, 1998).
As Figuras 3a e 3b mostram as fôrmas metálicas das pré-lajes e dos painéis
portantes.
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Figura 3a e 3b: Fôrmas metálicas das pré-lajes e dos painéis portantes.
O tempo mínimo que a desfôrma deve ser realizada é após 16 horas da
concretagem ou até que o painel atinja uma resistência que suporte os esforços que
irão acontecer na desfôrma, no içamento e no transporte. A qualidade do
desmoldante é fundamental para garantir a aderência dos serviços de acabamentos.
O concreto é dosado de uma maneira que atinja uma resistência adequada no
instante da desfôrma ( Manual do sistema construtivo painel portante, V.1)
A resistência à compressão final varia de 35 a 65 MPa. Os painéis de
concreto se submetem à cura úmida por um período mínimo de sete dias, podendo
também serem curados a vapor numa temperatura superior que a temperatura
ambiente, com uma duração de 13 à 15 horas dependendo do tipo de cimento
(SILVA, 1998a).
Após a desfôrma da peça, deve-se fazer uma limpeza completa da forma
retirando toda a espécie de detritos, bem como rebarbas de nata de concreto, que
por ventura tenham ficado presos na forma. Eventuais defeitos encontrados nas
formas, causados por esforços extras quando da desfôrma, serão objetos de
reforma. As reformas, por menores que sejam, são muito importantes para garantir o
encaixe e acabamento dos elementos pré-moldados. (Manual do sistema construtivo
painel portante, V.1)
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Na desfôrma, as peças deverão ser inspecionadas quanto à qualidade nos
seguintes itens:
• Dimensões;
• Fissuras Estruturais;
• Existência de Bolhas;
• Ferros Expostos;
• Bicheira nos pés dos Painéis;
Os painéis de concreto geralmente são moldados com a face acabada para
baixo. Onde o material de revestimento, um filme texturizado ou uma camada de
acabamento se posiciona no fundo do molde, seguido de uma barreira de aderência,
depois coloca-se a armadura e realiza-se a concretagem.
5.6 Armazenamento
No local de armazenamento o terreno deve estar firme e bem nivelado e deve
conter sinalização adequada para fácil identificação das peças. Este local deve ser
suficiente para o estoque de um pavimento completo, porque em caso de
imprevistos a equipe pode iniciar a montagem.
No local onde serão estocadas as pré-lajes devem ser posicionados barrotes
de madeira (nivelados pela face superior), tomando-se o cuidado de que fiquem
alinhados com os içadores das respectivas peças a serem armazenadas sobre os
mesmos. O posicionamento correto dos barrotes evita esforços concentrados que
podem ocasionar ruptura das peças (PEDREIRA DE FREITAS, 1993)
Os painéis deverão ser estocadas em prumo com travamento para impedir
tombamento (Figura 4). Para isso devem ser construídos gabaritos. Deve-se tomar
um cuidado especial com a cura dos painéis, pois a ausência de cura após a
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colocação no estoque gera o empenamento das peças o que, além de dificultar a
montagem implica em necessidade de regularização com massa ou gesso.
Figura 4: Travamento dos painéis
Ainda de acordo com PEDREIRA DE FREITAS (1993), após a desfôrma, a
pré-laje (ou painel) deve ficar no mínimo 24 horas armazenada, a fim de completar a
cura mínima necessária para a montagem. A escada, por permanecer mais tempo
na forma (imersa em tanque de água, no caso de ser concretada de “ponta cabeça”),
não necessita de estoque mínimo, podendo ser aplicada diretamente na estrutura.
O controle do estoque é muito importante uma vez que a falta de uma peça,
quando da montagem, provoca a paralisação da mesma. Uma nova peça deverá ser
produzida, curada e desfôrmada para poder ser aplicada na estrutura, provocando
uma descontinuidade na montagem.
É aconselhável na obra manter um estoque estratégico de pelo menos um
apartamento, para o caso de um imprevisto não prejudique a montagem, sendo ideal
que se consiga o estoque de um andar completo.
5.7 Transporte
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Desde a fabricação das peças de pré-moldados até à sua utilização na obra
existem três etapas de transporte. Na central de produções, o transporte pode ser
feito por variados tipos de equipamentos, tais como, pórtico, ponte-rolante e até
mesmo gruas, dependendo da estrutura da usina.
O transporte dos pré-moldados dentro da obra, feita por caminhões (Figura
5a) representa a segunda etapa. Deve-se transportar as pré-lajes apoiadas
diretamente sobre a carroceria (no caso desta estar em bom estado), ou sobre um
estrado nivelado. Os Painéis e escadas deverão ser transportados posicionados em
cavaletes iguais aos usados para transporte de vidro, verificando o equilíbrio entre
os lados e limitando a carga em 7.500 Kg.
Os painéis portantes seguem em suportes que os mantêm em posição
vertical, e por isso em maior quantidade, já as pré-lajes seguem na posição
horizontal e são transportados em menor quantidade, tomando-se o cuidado de se
manter o apoio contínuo das pré-lajes, uma sobre as outras. Os “pneuzinhos” devem
estar um sobre o outro, de forma a não sobrecarregar a laje inferior, transferindo
todo o esforço para a carroceria do caminhão. As escadas deverão ser
transportadas na vertical, evitando-se trincas de movimentação (Manual do sistema
construtivo painel portante, V.1)
Na última etapa da operação de transporte, que acontece no canteiro de obra,
o manuseio e deslocamento dos painéis é realizado por gruas que podem suportar
um peso de até três toneladas (Figura 5b). Os painéis de vedação são moldados e
erguidos verticalmente, devendo ser suspensos por pontos acima do centro de
gravidade das peças, já as pré-lajes são transportadas horizontalmente, facilitando a
sua montagem (REAGO, 1997; BROOKES, 1998).
O içamento das escadas deve ser feito através de cabo de aço, dimensionado
em função do peso e geometria da peça e com dispositivos de segurança, tomando-
se o cuidado de se evitar "trancos", que podem causar fissuras na peça devido a
esta ser bem esbelta (REAGO, 1997; BROOKES, 1998).
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36
Para a movimentação das peças deve-se ter alguns cuidados, a fim de
garantir a segurança da peça, quanto a esforços indevidos e à possibilidade de
queda da mesma (cuidados para a segurança do trabalho). Cuidados Iniciais:
Verificar se o peso da peça a ser movimentada está de acordo com a
capacidade do equipamento de içamento.
Verificar se o içamento não está ocorrendo próximo a cabos elétricos. A
distância da peça ao cabo elétrico nunca deverá ser inferior a três metros.
Passar o gancho em todos os içadores.
Quando necessário "dar um toque na grua" para esticar as correntes e parar o
içamento.
Esticar as correntes frouxas, movimentando-se para um dos lados, tomando-
se cuidado de alternar os lados para os quais as correntes foram
movimentadas.
Durante as três etapas de transporte, havendo a necessidade de
armazenamento, no intervalo de cada operação, os painéis são estocados
verticalmente através de suportes, e as pré-lajes são armazenados horizontalmente
intercaladas por anéis de borracha. Geralmente é necessário escoramento metálico
e gruas que sustentem os painéis até a realização do seu travamento à estrutura da
edificação (MEDEIROS,1996).
Figura 5a: Transporte em caminhão Figura 5b: Transporte feito por gruas
5.8 Montagem
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37
A montagem dos painéis apresenta uma seqüência de etapas pré-
estabelecidas. Deve-se ter um controle bastante rigoroso na execução das
fundações, pois depois deste passo inicial, os outros elementos pré-moldados
seguem de maneira automática os posicionamentos pré-definidos (METHA, 1993).
O piso do térreo deverá ser executado estando perfeitamente nivelado tendo
como referência as peças auxiliares de apoio dos painéis. O assentamento dos
painéis portantes é feito sem armaduras de traspasse, garantindo o engastamento
de um painel no outro; e colocado apenas um lastro de argamassa em toda a
extensão de contato da peça com as lajes, para garantir a regularização para seu
apoio. Esta argamassa de assentamento é executada com areia e cimento, traço 1:3
com pouca água para mistura. Esta argamassa determinará, com precisão, o nível
de apoio dos painéis. (Manual do sistema construtivo painel portante, V.1)
A garantia de prumo e alinhamento é feita simplificadamente, utilizando-se
gabaritos e escoras metálicas que irão travar as peças, tanto na parte inferior como
na parte superior (Figura 6). Os painéis de fachada deverão estar prumados com
auxílio de uma trena e prumados através de escoras inclinadas. Os demais painéis
deverão ser colocados com auxílio dos gabaritos executados de acordo com os
desenhos específicos, além de desenho (sobre a laje) em planta em escala 1:1. O
uso destes gabaritos irá garantir o posicionamento correto dos painéis neste e nos
demais andares (MEDEIROS, 1996).
Figura 6: Gabaritos e escoras metálicas
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A seqüência de montagem é feita de modo a colocar, inicialmente, uma peça
portante, e logo após, formando um ângulo de 90º, outra parede de travamento. A
união entre as peças é garantida por pontos de solda pré-determinados que são
concretados em seguida com graute (Figura 7) . Na montagem dos painéis utilizam-
se ferramentas que garantem as medidas entre os compartimentos, o esquadro
entre os painéis e o prumo, praticamente dispensando o uso da trena (COSTA,
2008)
Figura 7: Execução dos pontos de solda
No assentamento dos painéis têm-se duas linhas horizontais de fixação
apenas, pois assim evita-se que a estrutura restrinja a movimentação térmica da
fachada. (DAWSON, 1995; BROOKES, 1998):
• Dois pontos postos próximos à extremidade do painel, com um determinado
ajuste de tolerância e que estão situados na base ou no topo do painel, impedindo a
sua movimentação lateral sob ação de cargas;
• Dois pontos localizados em escoras pré-niveladas na laje ou viga, que são
responsáveis por suportar o peso próprio do painel e cargas de vento.
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Montadas as paredes (Figura 8a), inicia-se a montagem das pré-lajes, que
devem ser distribuídas sobre cimbramentos, devidamente niveladas por escoras
metálicas de regulagem com roscas finas (Figura 8b). Distribuídas as lajes, são
colocados os conduites, as ferragens negativas e lançado o concreto de
complemento de forma a atingir a espessura final da laje indicada em projeto. A
geometria especial e cuidados com as juntas garantem a estanqueidade dos painéis
e excelente desempenho da estrutura.
Para que se elimine a camada de regularização das pré-lajes, antes do
material de acabamento do piso, executa-se o concreto de complementação de uma
maneira bem acabada, isto é permitido devido à rigidez das pré-lajes.
Figura 8a: Assentamento dos painéis Figura 8b: Montagem das pré-lajes
Finalizando a montagem, a etapa de acabamento fica bastante simplificada, já
que são eliminados serviços intermediários. Como exemplo têm-se as instalações
hidráulicas e sanitárias que são executadas por encaixes através de kits prontos ; as
instalações elétricas (Figura 9), que se resumem apenas ao assentamento dos
acabamentos e à enfiação ; as esquadrias que já vêem montadas e são encaixadas
nos vãos de medidas uniformes; a pintura que é executada diretamente sobre as
lajes e painéis ; os materiais de revestimento de piso e parede que são aplicados
diretamente com cola nos painéis. (PEDREIRA DE FREITAS, 1993)
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Figura 9: Colocação das instalações elétricas
Nos painéis de fachada, o tratamento das juntas é fundamental. Para que o
sistema de vedação apresente um bom desempenho é necessário que as juntas se
comportem de maneira eficaz, tanto no que diz respeito à estanqueidade como
também em relação à acomodação das peças. Cabe aos projetistas considerar
(MARSH, 1977; TOMAZ, 1989; DAWSON, 1995):
• Funcionamento da junta em termos de tensões, espessura e tipo do selante.
• Custo inicial da opção do tipo de junta e do selante.
• Materiais utilizados na vedação vertical.
• Solicitações físicas, químicas e mecânicas da vedação vertical.
• Facilidade de aplicação.
• Vida útil do sub-sistema e de seus componentes.
• Custo de manutenção e da reposição das juntas.
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6 MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS
Com o objetivo de analisar os processos de produção de determinadas
opções tecnológicas para a construção de edificações, San Martin (1999)
desenvolveu um método de avaliação de sistemas construtivos. Esse método utiliza
dez indicadores de desempenho que permitem avaliar o potencial impacto das
características de tecnologias de edificação sobre a gestão de processos.
6.1 Descrição do Método de Avaliação Desenvolvido
A formulação do método baseou-se na abordagem da avaliação de
desempenho, considerando-se características de qualidade com relação à gestão de
processos de produção que sistemas construtivos voltados à produção de
habitações de baixo custo devam possuir. Foram formulados alguns requisitos de
desempenho e, baseados nestes, critérios de avaliação. Esse processo foi realizado
através de uma revisão bibliográfica, de reuniões com pesquisadores
(“brainstormings”), de entrevistas com especialistas e de um estudo piloto realizado
em um sistema construtivo para teste de técnicas e ferramentas de mapeamento de
processos de produção (San Martin, 1999).
O método de pesquisa foi baseado na abordagem da avaliação de
desempenho, em que são identificadas as características da qualidade e requisitos
de desempenho para o objeto em estudo e, a partir desses, são propostos os
indicadores.
6.2 Identificação das Características de Qualidade
A identificação das características de qualidade para a gestão de processos
levou em conta os resultados de entrevistas com especialistas em sistemas
construtivos, em gerenciamento na construção e alguns princípios provenientes de
filosofias de administração da função produção.
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Entre esses princípios estão alguns diretamente relacionados com a gestão
de processos, como:
Tamanhos de lote de produção reduzidos;
Tempos de “setup” minimizados;
Padronização dos componentes e dos métodos de trabalho;
Qualidade;
Mão de obra polivalente e com condições de trabalho;
Formação de parcerias;
Manutenção preventiva;
Melhoria contínua;
Foco no produto;
Estoques reduzidos.
Foram levados em consideração também os princípios identificados por
KOSKELA (1992) para a “produção enxuta”, que constituem também características
da qualidade para a gestão de processos de produção.
Embora todos estes princípios e premissas serem considerados como
necessidades de desempenho em gestão de processos para tecnologias de
edificação, buscou-se a seleção das características da qualidade que se
relacionassem a um maior atendimento às necessidades de sistemas de produção
existentes na construção de edificações e à realidade e contexto do ambiente de
habitações de interesse social.
Desse modo, como citado anteriormente foram entrevistados especialistas em
gerenciamento em construção e realizados alguns brainstormings com a
participação de pesquisadores ligados ao tema para que se efetuasse uma seleção
das necessidades de desempenho que deveriam ser consideradas (Rebouças,
2008).
Por fim San Martin (1999) propôs a avaliação de treze características de
qualidade, que estão listadas no Quadro 1.
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43
Quadro 1: Características da qualidade de tecnologias de edificação de baixo custo
para gestão de processos consideradas na elaboração do método de avaliação
proposto
Características de Qualidade
1. Mão de obra polivalente;
2. Formação de parcerias;
3. Redução das atividades que não agregam valor;
4. Redução da variabilidade;
5. Redução do tempo de ciclo;
6. Simplificação;
7. Aumento da transparência;
8. Flexibilidade de robustez;
9. Menor habilidade exigida de mão de obra;
10. Condições ergonômicas de trabalho;
11. Tecnologia com sistema fechado de produção;
12. Utilização dos mesmos materiais básicos;
13. Adaptabilidade em diferentes regiões.
FONTE: SAN MARTIN, 1999.
6.3 Elaboração de requisitos de desempenho e indicadores para a avaliação do desempenho de tecnologias de edificação em gestão de processos
A partir dos princípios identificados como características da qualidade
formulou-se requisitos de desempenho segundo o ponto de vista da gestão de
processos exclusivamente, são eles:
1. Possibilitar um nível mais baixo e homogêneo de habilidade exigida pelas
operações intrínsecas;
2. Utilizar elementos construtivos mais leves;
3. Possibilitar o fornecimento freqüente de recursos por um número menor de
fornecedores;
4. Utilizar menor número de materiais diferentes;
44
44
5. Não depender de fornecedores específicos de uma dada região;
6. Não depender de materiais específicos de uma dada região;
7. Empregar elementos com maior valor agregado;
8. Padronizar componentes e métodos de trabalho;
9. Tornar processos mais independentes uns dos outros;
10. Reduzir o número de etapas em obra;
11. Separar processos em unidades de produção focalizadas;
12. Padronizar componentes e métodos de trabalho;
13. Reduzir o número de processos em série;
14. Possibilitar maior flexibilidade de fluxos de processos;
15. Possibilitar maior flexibilidade de frentes de trabalho.
Devido à dificuldade de se avaliar o atendimento de algumas características
de qualidade somente através dos processos intrínsecos e constantes da tecnologia,
algumas características de qualidade correspondem a mais de um requisito de
desempenho. O quadro 2 relaciona as características de qualidade consideradas e
os requisitos de desempenho.
Quadro 2: Relação das características de qualidade com os requisitos de desempenho
CARACTERÍSTICA DA QUALIDADE
CONSIDERADA
REQUISITOS DE DESEMPENHO CORRESPONDENTE
Mão de obra polivalente
Menor habilidade exigida de mão de
obra
- Possibilitar um nível mais baixo e
homogêneo de habilidade exigida pelas
operações intrínsecas
Condições ergonômicas de trabalho - Utilizar elementos construtivos mais
leves
Formação de parcerias - Possibilitar o fornecimento freqüente de
recursos por um número menor de
fornecedores
Tecnologia com sistema fechado de
produção
- Utilizar menor número de materiais
diferentes
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Utilização dos mesmos materiais básicos
Adaptabilidade em diferentes regiões - Não depender de fornecedores
específicos de uma dada região
- Não depender de materiais específicos
de uma dada região
Redução das atividades que não
agregam valor
- Empregar elementos com maior valor
agregado
Redução da variabilidade - Padronizar componentes e métodos de
trabalho
Redução do tempo de ciclo - Reduzir o número de processos em
série
Flexibilidade de robustez - Possui maior flexibilidade de fluxo de
processos
- Possui maior flexibilidade de frentes de
trabalho
FONTE: SAN MARTIN, 1999.
Baseado nesses requisitos estabeleceu-se alguns indicadores de
desempenho que medem indiretamente características que os sistemas construtivos
devam apresentar. A utilização dos indicadores elaborados requer, primeiramente, a
utilização de um diagrama adaptado de precedências para a posterior coleta e
análise de dados. Nesse diagrama são representados os processos intrínsecos e
significativamente repetitivos (constantes) da tecnologia analisada, os quais, por sua
vez, caracterizam o ciclo básico de produção (CBP) dessa mesma tecnologia
(Rebouças, 2008).
Na Figura 10, há um exemplo hipotético de um mapeamento realizado com
esse diagrama de precedências, no qual os níveis de produção são as linhas da
estrutura matricial de confecção do diagrama, retângulos os processos intrínsecos,
setas as relações de precedências e as colunas representam os fluxos de
processos.
46
46
Figura 10: Exemplo de mapeamento de fluxos de processos com
o diagrama adaptado de precedências
FONTE: SAN MARTIN, 1999.
No diagrama não deve ser considerado o tempo das atividades e deve-se
representar todas as atividades de fluxo e de conversão dos fluxos de processos analisados que alterem os materiais e que sejam executados pela empresa, externa
ou internamente ao canteiro de obras, e que também sejam intrínsecos à tecnologia
utilizada e constantes.
6.4 Indicadores de Desempenho Propostos pelo Método Desenvolvido
San Martin (1999) apresentou em seu trabalho dez indicadores de
desempenho para serem avaliados, para alguns requisitos não foi possível o
desenvolvimento de indicadores que utilizassem informações mais específicas. A
seguir, são apresentados os indicadores de desempenho que constituem o método.
6.4.1 Eficiência do Desenho dos Processos do Sistema Construtivo (EDP)
47
47
A eficiência do desenho dos processos é uma medida absoluta que relaciona
o número de linhas de produção independentes com o número de níveis de
execução de serviços até a conclusão final do ciclo produtivo analisado. O número
de linhas de produção diz respeito à quantidade de “frentes de trabalho”
independentes possibilitadas pelo sistema construtivo.
O número de níveis indica a quantidade de etapas ou serviços necessários
para a conclusão do ciclo de produção com a utilização de determinado sistema
construtivo. Assim, para a melhor visualização e identificação destas variáveis,
utiliza-se o diagrama de precedência de processos, ferramenta usualmente utilizada
para o mapeamento e para a análise da função produção.
A equação a seguir expressa a relação matemática para o cálculo de EDP.
Onde:
· EDP = valor do indicador de eficiência do desenho dos processos;
· n = número total de níveis de produção do ciclo básico de produção (CBP)
mapeado.
Um valor de EDP próximo de um indica uma tecnologia com desenho de
processos mais largo que longo, o que significa a possibilidade de maior
simultaneidade de processos e o atendimento dos requisitos 7, 11 e 13 do item 3.3,
além do atendimento indireto do requisito 9, também do item 6.3.
Pode-se observar que, segundo os requisitos de desempenho apresentados,
a melhor eficiência de um desenho de processos de produção é aquela que
possibilita a conclusão do produto final no menor número de etapas ou serviços e,
do mesmo modo, a possibilidade da execução de várias frentes de trabalho
simultaneamente.
48
48
6.4.2 Flexibilidade da Produção ou Robustez (FR)
A medida da flexibilidade da produção, também conhecida como flexibilidade
de robustez, procura identificar dentro do ciclo de produção analisado, a capacidade
que os processos intrínsecos do sistema têm de admitir alterações no
seqüenciamento das atividades e serviços sem que ocorram prejuízos no
desempenho do sistema do ponto de vista do número de níveis de produção.
A necessidade de flexibilização da produção pode ser decorrente de uma
customização do produto final, de uma alteração no projeto, da necessidade de
aumento do número de frentes de trabalho, da necessidade de aumento do volume
de produção, etc. Assim, o sistema construtivo deve possuir uma certa “tolerância”
em relação ao adiantamento ou retardamento de serviços e ao aumento do volume
de produção sem que isso signifique uma total reestruturação dos processos da
função produção.A relação estabelecida por esse indicador é dada pela equação:
FR = 1 - n 1 + NPA
Onde:
· FR = valor do indicador de flexibilidade de robustez;
· n = número total de níveis do ciclo básico de produção;
· NPA = somatório do número de possibilidades de alternância das atividades de
cada fluxo entre diferentes níveis de produção sem o aumento final de n (exemplo
da Figura 10).
Valores próximos de um referem-se à maior possibilidade de alternância dos
processos entre os níveis de produção do CBP, que significa maior grau de
49
49
flexibilidade de robustez no sistema de produção e o atendimento dos requisitos 14
e 15 do item 6.3.
6.4.3 Grau de interdependência de Processos do Sistema Construtivo (GIP)
O grau de inderdependência de processos (GIP) do sistema construtivo diz
respeito ao número total de interfaces entre os processos de um determinado ciclo
analisado. Trata-se simplesmente da análise do diagrama de precedência de
processos e da contagem do número de processos, relacionando-o com o número
de ligações entre eles. De acordo com a equação:
GIP = NTA NTD
Onde:
· GIP = valor do grau de interdependência dos processos;
· NTD = quantidade total de dependências no mapeamento do CBP;
· NTA = quantidade total de atividades de todos os fluxos no mapeamento do CBP.
Valores próximos de um indicam menor grau de interdependência entre os
processos intrínsecos da tecnologia analisada., o que possibilita um aumento da
simplificação e da transparência do sistema de produção cliente da tecnologia
analisada, atendendo ao requisito 9 do item 6.3.
6.4.4 Grau de Habilidade Exigido da Mão de Obra (GHMO)
O GHMO é determinado de forma qualitativa através da classificação das
operações que a tecnologia analisada exige em seu ciclo básico de produção (CBP).
A classificação estabelecida foi a adotada por ROSSO, que estabelece cinco níveis
50
50
crescentes de complexidade das funções dos operários: (1) transporte (operação
mais simples); (2) locação; (3) conformação; (4) ajuste; e (5) acabamento.
A maioria das operações intrínsecas da tecnologia avaliada deve exigir menor
habilidade, atendendo ao requisito 1 listado no item 6.3, de forma a facilitar o
treinamento e realocação de operários.
6.4.5 Grau de Dependência do Sistema Construtivo Pelo Mercado Fornecedor de Materiais (GDM)
A existência de dependência do sistema construtivo por um tipo de material
específico influência, em geral, a política de relacionamento que a empresa
construtora deve assumir com relação aos fornecedores desse material.
Dependendo de sua intensidade, a empresa deve buscar uma relação de parceria
mais ou menos efetiva com os fornecedores, tentando agilizar o processo de
suprimentos da obra e evitando problemas na conclusão dos processos e das
operações no canteiro.
A medida do grau de dependência do mercado fornecedor de materiais
simplesmente verifica a quantidade de insumos, estabelecidos pela tecnologia
desenvolvida, que possuem importância destacada, tanto financeira quanto física, no
desenvolvimento da construção, e que não podem ser substituídos por outro
material por motivos técnicos.
Seu resultado é constituído por uma lista de insumos materiais críticos.
Quanto mais extensa essa lista, maior é a tendência da tecnologia de depender de
materiais específicos e mais dificilmente será realizada a sua adaptação diferentes
regiões, não atendendo aos requisitos 5 e 6 listados no item 6.3. A determinação
dos insumos materiais críticos segue os critérios: (1) ser material insubstituível; (2)
ser material de peso financeiro significativo (análise de curvas ABC para um
orçamento padrão); e (3) ser material utilizado em um processo crítico, cuja falta
resulta no aumento do tempo de ciclo do CBP.
51
51
A importância financeira pode ser identificada pela análise das curvas ABC do
orçamento relativo a um determinado ciclo repetitivo de construção. A física, por sua
vez, é verificada através da análise do diagrama de precedências.
6.4.6 Indicativo de Variedade de Materiais no Sistema (IVM).
A maior ou menor complexidade de gerenciamento de materiais é
conseqüência, em parte, do número de diferentes insumos materiais que são
necessários para a execução dos processos de produção.
Esse indicador se relaciona especificamente com o requisito de utilizar menor
número de materiais diferentes e, de forma indireta, com o requisito de possibilitar o
fornecimento freqüente de recursos por um número menor de fornecedores. Seu
cálculo é efetuado pela equação:
IVM = NTA NTM
Onde:
· IVM = valor do indicador de variedade de materiais;
· NTA = quantidade total de atividades de todos os fluxos no mapeamento do ciclo
básico de produção CBP;
· NTM = quantidade total de diferentes materiais requeridos pela tecnologia em seu
ciclo básico de produção.
52
52
Valores altos de IVM indicam que há poucos materiais diferentes no ciclo
básico de produção mapeado, o que simplifica a gestão dos processos, atendendo
aos requisitos 3 e 4 do item 6.3.
A determinação desse indicativo pode ser realizada a partir da análise do
diagrama de precedência de processos de um ciclo de produção e da listagem dos
diferentes insumos materiais utilizados pelo sistema de produção ao longo desse
mesmo ciclo. Deve-se então relacionar a quantidade desses diferentes insumos com
o número total de etapas de todos os processos constituintes do ciclo produtivo
analisado, obtendo-se, assim, o indicativo da variedade de materiais no sistema em
análise.
6.4.7 Grau de Padronização e Agregação de Valor de Elementos Construtivos (GPAE)
O GPAE propõe uma avaliação qualitativa dos elementos construtivos da
tecnologia de edificação avaliada em níveis crescentes de uniformidade dos
elementos e de aglutinação de etapas de produção que esses últimos possibilitam.
Quanto maior o número de elementos construtivos classificados em um nível mais
alto de uniformidade e aglutinação de etapas, maior será o grau de padronização e
agregação de valor da tecnologia. Ele fornece, desse modo, a possibilidade de uma
avaliação conjunta e simplificada desses dois aspectos através de uma única análise
dos elementos construtivos da tecnologia de edificação, medindo o atendimento dos
requisitos 7, 8, 10 e 12 do item 6.3.
SAN MARTIN (1999) sugere três níveis diferentes de classificação dos
elementos construtivos:
· Nível 1: elementos construtivos que não aglutinam etapas em relação a tecnologias
de edificação tradicionais e que não precisam ser necessariamente uniformes.
Exemplos: blocos cerâmicos de diferentes tamanhos, lajes, pilares e vigas
confeccionados em concreto armado com o sistema de fôrmas e de tamanhos
variados;
53
53
· Nível 2: elementos construtivos que aglutinam mais de uma etapa em relação a
tecnologias de edificação tradicionais e que não precisam ser necessariamente
uniformes. Exemplos: vigas, lajes ou pingadeiras pré-moldadas em concreto armado
de diferentes tamanhos, argamassas pré-misturadas de tipos variados e kits
elétricos ou hidráulicos de tamanhos variados;
· Nível 3: elementos construtivos que aglutinam mais de uma etapa em relação a
tecnologias de edificação tradicionais e que necessariamente têm dimensões pré-
determinadas. Exemplos: lajes, vigas ou pilares pré-moldados em concreto armado
de tamanhos únicos, portas prontas de dimensões constantes, painéis pré-moldados
de paredes em tamanhos constantes e painéis de revestimento em tamanhos
constantes.
6.4.8. Grau de Padronização de Operações (GPO)
O GPO é medido através da análise das atividades dos operários, que são as
operações exigidas pelos processos intrínsecos e repetitivos do CBP. É importante
salientar que as operações que devem ser consideradas são as que se relacionam
diretamente com os processos mapeados. A expressão matemática que representa
esse indicador é dada pela equação:
GPO = NOR NTO
Onde:
· GPO = grau de padronização de operações;
· NTO = número total de operações exigidas pelos processos mapeados do CBP;
· NOR = número total de operações NTO que se repetem.
Valores próximos de um indicam uma incidência maior de repetições de
atividades dos operários, o que indica um maior grau de padronização de operações
estabelecido de forma intrínseca pela tecnologia avaliada, de forma a atender aos
requisitos 8 e 12 do item 6.3.
54
54
6.4.9. Grau de Separação Física de Processos (GSP)
Esse indicador estabelece uma relação entre a quantidade total de processos
do CBP mapeado e a quantidade desses processos que podem ser realizados
distantes do local final de conformação final do elemento ou subelemento construtivo
produzido por cada fluxo de processos da tecnologia. A relação proposta por esse
indicador é dada pela equação:
GSP = NAS NTA
Onde:
· GSP = valor do indicador do grau de separação física de processos;
· NAS = quantidade de processos de todos os fluxos no mapeamento do CBP que
podem ser realizadas distantes do local final de conformação do elemento ou
subelemento;
· NTA = quantidade total de processos de todos os fluxos de processos no
mapeamento do CBP;
Valores próximos de um indicam que grande parte dos processos intrínsecos
e constantes do ciclo básico de produção (CBP) podem ser realizados
separadamente do canteiro de obras ou em locais variados dentro do layout do
mesmo, o que atende ao requisito 11, listado no item 6.3, e contribui para o aumento
da transparência e da simplificação do sistema de produção.
6.4.10. Peso dos Elementos Construtivos (PEC)
Finalmente, o décimo indicador de desempenho proposto se relaciona com as
condições ergonômicas de trabalho, buscando medir de forma direta o atendimento
55
55
do requisito de utilizar elementos construtivos mais leves. Para tanto, esse indicador
propõe a medição ou estimativa do peso de elementos construtivos utilizados nos
processos do ciclo básico de produção da tecnologia de edificação analisada.
Os critérios de classificação dos valores de pesos dos elementos construtivos
das tecnologias avaliadas podem ser estabelecidos pelo aplicador do indicador.
Associada à avaliação qualitativa do peso, por outro lado, deve-se considerar ainda
a disponibilidade e a utilização de equipamentos adequados de transporte e
manuseio desses elementos.
56
56
7 Roteiro para aplicação do método
A aplicação do método de sistemas construtivos seguiu o roteiro:
1. Definir as prioridades competitivas em operações.
2. Elaborar uma tabela P1 (anexo 2 e 4) de listagem dos serviços, com base
nos conhecimentos adquiridos através da observação técnica.
3. Através da análise da tabela P1, determinar os fluxos de processo do ciclo
básico de produção.
4. Elaborar uma tabela P2 (anexo 2 e 4) que especifica e analisa cada um dos
fluxos de processos listados na tabela P1.
5. Levantar os materiais utilizados em cada serviço da tecnologia e aplicar uma
tabela P3 (anexo 2 e 4).
6. Elaborar o mapeamento de todos os processos do ciclo básico de produção
da tecnologia analisada através do diagrama adaptado de precedências
(anexo 3 e 5).
7. De posse de todos os dados levantados nos passos anteriores, calcular os
indicadores propostos por San Martin (1999) e aplicar nas tabelas 1 e 2 que
resumem todos os quantitativos que devem ser determinados através da
análise direta do mapeamento com o diagrama de precedências.
57
57
8 ESTUDO DE CASO: APLICAÇÃO DO MÉTODO PROPOSTO
Ao final de todas as etapas de pesquisa foi realizado um estudo de caso
referente a uma obra da cidade de Feira de Santana (BA), que utiliza a pré-
fabricação como método construtivo de edifícios. A coleta de dados se deu através
da observação direta do processo de produção da tecnologia, durante cerca de 11
meses, o que garantiu uma base de dados suficiente para mapear as operações e
atividades da tecnologia avaliada.
Na avaliação da tecnologia da pré-fabricação de edifícios através do método
dos sistemas construtivos proposto por San Martin (1999), limitaram-se as análises e
estudos a confecção de apenas uma parede, referente ao pavimento térreo do
edifício.
Para se avaliar a eficiência do método em relação aos sistemas construtivos
tradicionais, foi determinado a alvenaria de bloco cerâmico para fins de comparação
com a tecnologia avaliada. Para este trabalho, baseou-se a montagem dos fluxos
de atividades e operações nos trabalhos de Guedes (2004), Souza (1996) e de
conhecimentos adquiridos no decorrer da vida acadêmica. Os dados da alvenaria
tradicional, foram obtidos no trabalho monográfico realizado por REBOUÇAS,2008.
8.1 Características das tecnologias de edificação analisadas
8.1.1 Pré-Fabricação
O estudo de caso foi realizado em um empreendimento situado na cidade de
Feira de Santana (BA), que consiste na construção de um condomínio residencial de
cinco apartamentos de dez pavimentos tendo cinco unidades por andar, cada um
58
58
com três quartos sendo um suíte, sala ampla e varanda, além de sanitário social,
cozinha e área de serviço.
As fundações dos prédios são em sapata isolada comum de fundações
superficiais, com travamento por vigas baldrames. Os prédios são todos em painéis
pré-moldados em substituição da super-estrutura e dos elementos de vedação
normalmente utilizados.
Neste tipo de obra todas as paredes são compostas por painéis pré-
moldados, montados com fixadores metálicos soldados nos cantos e grauteados
posteriormente. Os painéis são feitos com as instalações elétricas e hidrosanitárias e
com aberturas para colocação de esquadrias, sendo tudo muito bem dimensionado
para evitar reparos posteriores.
Por serem executados em formas metálicas os painéis conseguem atingir
condições de acabamento que dispensa a utilização de reboco ou massa única,
sendo pintados diretamente nos ambientes internos que não têm revestimento em
cerâmica e com textura acrílica nas fachadas apresentando boa condição de
acabamento.
A construção terá soleiras e peitoris em granito, esquadrias em alumínio e
vidro, além de materiais de qualidade seguindo os critérios de seleção
preestabelecidos pela política da qualidade da empresa.
8.1.2 ALVENARIA DE BLOCO CERÂMICO
Para a elaboração do mapeamento do ciclo básico de produção, considerou-
se a fundação composta de vigas baldrames apoiadas em sapatas, passando pelas
etapas de escavação, montagem de armaduras e fôrmas, e concretagem.
O assentamento da alvenaria utiliza blocos cerâmicos com argamassa de
cimento, a estrutura é executada em concreto armado, servindo também para a
59
59
amarração das paredes. Na realização da estrutura consideraram-se as etapas de
confecção e montagem de fôrmas, montagem de armaduras e concretagem.
As vergas consideradas são pré-moldadas, tendo como etapas de produção a
confecção e montagem de fôrmas, montagem e posicionamento de armaduras, e
concretagem, sendo posteriormente assentadas nos vãos com argamassa de
cimento. As esquadrias são assentadas através do chumbamento dos contra
marcos.
Para as instalações hidráulicas e elétricas foi considerado o corte de blocos
da alvenaria com posterior colocação das instalações e chumbamento com
argamassa de cimento. Para o revestimento das paredes executa-se o chapisco e
em seguida o reboco.
8.2 Avaliação dos indicadores de desempenho
Após seguir o roteiro descrito anteriormente, baseando-se nas tabelas P1, P2,
P3 e no diagrama de precedências, foram elaboradas as tabelas 1 e 2 para auxilio
nos cálculos dos indicadores e para uma melhor visualização dos resultados.
Tabela 1 - Dados dos diagramas de processos referente ao CBP das tecnologias
QUANTITATIVO PRÉ-FABRICAÇÃO BLOCO CERÂMICO
n = nº total de níveis de produção 20 30
NPA = nº total de possibilidades de alternância
de atividades entre nivéis
48 36
NTD = quantidade total de dependências 33 64
NTA = quantidade total de atividades 31 57
NTO = quantidade de operações da tabela P2 66 112
NOR = quantidade de operações que se
repetem
43 95
60
60
NAS = quantidade de atividades feitas
separadas
14 20
NTM = quantidade de diferentes materiais
utilizados
19 20
Tabela 2 – Resultado dos indicadores de desempenho para cada tecnologia
avaliada
Indicador Pré-Fabricação Bloco cerâmico
Eficiência de desenho de processos (EDP) 0,2583 0,3028
Flexibilidade de Robustez (FR) 0,5918 0,1892
Grau de interdependência de processos (GIP) 0,9394 0,8906
Grau de separação de processos (GSP) 0,4516 0,3509
Indicador de variedade de materiais (IVM) 1,6315 2,85
Grau de padronização de operações (GPO) 0,6515 0,8482
Grau de dependência por materiais
específicos (GDM)
Ver item 8.2.5 Ver item 8.2.5
Tipo de
operação
Quantidade % sobre
total de
operações
Quantidade % sobre
total de
operações
Operações de
transporte
26 39,39 40 35,71
Operações de
locação
12 18,18 18 16,07
Operações de
conformação
16 24,24 41 36,61
Operações de
ajuste
8 12,12 10 8,93
Grau de habilidade exigido de
mão de obra (GHMO)
Operações de
acabamento
4 6,06 3 2,68
Elementos de
nível 1
Ver item 8.2.7 Ver item 8.2.7
Elementos de
nível 2
Ver item 8.2.7 Ver item 8.2.7
Grau de padronização e
agregação de valor dos
elementos (GPAE)
Elementos de
nível 3
Ver item 8.2.7 Ver item 8.2.7
61
61
Peso dos elementos construtivos Ver item 8.2.10 Ver item 8.2.10
Gráfico 1 – Indicadores quantitativos de desempenho
8.2.1 Eficiência de Desenho de Processo (EDP)
Analisando os dados da tabela 2 observa-se que o EDP da tecnologia de
bloco cerâmico apresenta um valor mais próximo de um do que a tecnologia da pré-
fabricação, o que representa que a alvenaria de bloco cerâmico possibilita uma
maior quantidade de simultaneidade de processos, ou seja, oferece a possibilidade
da execução de várias frentes de trabalho ao mesmo tempo.
Observando o diagrama adaptado de precedências, podemos comprovar esta
análise. A tecnologia da pré-fabricação apresenta um menor número de níveis de
produção, ou seja, possibilita a conclusão do produto final no menor número de
etapas, porém possui um número menor de linhas de produção, o que representa
uma menor quantidade de frentes de trabalho em relação à alvenaria de bloco
cerâmico.
62
62
Este resultado já era o esperado, devido ao fato da tecnologia da pré-
fabricação ter mais processos sequenciados e com pré-requisitos, tanto na
fabricação quanto na montagem, que são as duas grandes cadeias da tecnologia.
É importante frisar que esta análise foi realizada em cima de apenas o
levantamento de uma parede, por esse motivo foram encontrados pequenos valores
de EDP. Já que com um maior número de atividades, aumentariam os fluxos e
consequentemente estes valores seriam mais altos.
8.2.2 Flexibilidade de Robustez (FR)
Através da análise da tabela 2 verifica-se que em relação a este indicador a
tecnologia da pré-fabricação apresenta um melhor desempenho do que a tecnologia
tradicional, possibilitando uma maior flexibilidade de fluxos de processos e de frentes
de trabalho.
Este resultado se dá pelo fato da tecnologia da pré-fabricacão possuir duas
grandes cadeias (fabricação e montagem de painéis), que admitem um maior
número de alterações no seqüenciamento das atividades sem que ocorra o aumento
do número de etapas de produção.
8.2.3 Grau de Interdepenência de Processos (GIP)
Para este indicador, valores próximos de um indicam uma menor
interdependência entre os processos, sendo assim, através da tabela 2 verifica-se
que a tecnologia da pré-fabricação possui um menor grau de interdependência entre
processos do que a tecnologia tradicional.
Os valores encontrados refletem no fato da tecnologia da pré-fabricação
possuir duas grandes cadeias interdependentes entre si em quase todo o processo
63
63
de execução, sendo assim possibilita um maior número de atividades ocorrendo
paralelamente.
8.2.4 Grau de Habilidade Exigido da Mão de Obra (GHMO)
Este indicador é determinado de forma qualitativa, através da classificação
das funções dos operários em cinco níveis de complexidade, sendo que quanto
mais baixa for a complexidade das operações mais homogêneo se caracteriza o
processo de produção, facilitando os processos de treinamento.
Através da análise da tabela 2, verifica-se que a tecnologia da pré-fabricação
possui nas atividades menos complexas, um percentual maior do que a tecnologia
tradicional – ver gráfico 2, o que indica que a tecnologia da pré-fabricação apesar de
ser uma tecnologia menos utilizada e difundida, na maioria das atividades
intrínsecas exige um menor grau de habilidade, o que facilita o treinamento e a
realocação dos operários Gráfico 2 – Grau de habilidade exigido de mão de obra (GHMO)
64
64
8.2.5 Grau de Dependência do Sistema Construtivo Pelo Mercado Fornecedor
de Materiais (GDM)
A medida do grau de dependência do mercado fornecedor de materiais
verifica a quantidade de insumos, estabelecida pela tecnologia desenvolvida, que
possuem importância destacada, tanto financeira quanto física, no desenvolvimento
da construção, e que não podem ser substituídos por outro material por motivos
técnicos.
Para a sua análise é necessário uma listagem de todos os insumos utilizados
pela tecnologia em estudo, sendo que quanto mais extensa for esta lista, maior é a
tendência da tecnologia de depender de materiais específicos e mais dificilmente
será realizada a sua adaptação em diferentes regiões.
A elaboração desta lista requer informações de difícil acesso, uma vez que
seriam necessárias informações mais precisas, incluindo um orçamento dos
insumos, que faz parte de dados internos da empresa. Desta maneira, não foi
possível a aplicação deste indicador para o presente trabalho. Pode-se dizer que a
pré-fabricação leva certa desvantagem em relação à alvenaria de bloco cerâmico,
devido à constante necessidade de concreto usinado para a fabricação dos painéis,
onde um atraso no fornecimento deste insumo pela concreteira pode causar grandes
atrasos ao andamento da obra.
8.2.6 Indicativo de Variedade de Materiais no Sistema (IVM).
Esse indicador se relaciona especificamente com o requisito de utilizar menor
número de materiais diferentes, possibilitando o fornecimento frequente de recursos,
por um número menor de fornecedores.
Com a análise da tabela 2 verifica-se que a tecnologia tradicional apresenta
um melhor desempenho para este indicador, mostrando que há poucos materiais
65
65
diferentes no ciclo básico de produção mapeado, o que simplifica a gestão de
processos da tecnologia.
8.2.7 Grau de Padronização e Agregação de Valor de Elementos Construtivos (GPAE)
Este indicador é determinado qualitativamente através da avaliação dos
elementos construtivos da tecnologia de edificação avaliada, em níveis crescentes
de uniformidade dos elementos e de aglutinação de etapas de produção, em relação
aos métodos construtivos tradicionais.
San Martin (1999) sugeriu três níveis para a classificação dos elementos
construtivos, sendo que quanto maior o número de elementos construtivos
classificados em um nível mais alto de uniformidade e aglutinação de etapas, maior
será o grau de padronização e agregação de valor da tecnologia.
Realizando uma análise das duas tecnologias, verifica-se que a tecnologia da
alvenaria de bloco cerâmico possui todos os elementos contidos no nível 1 de
aglutinação, já a tecnologia da pré-fabricação possui quase que a totalidade dos
seus elementos contidos no nível 3.
Desta maneira conclui-se que a tecnologia da pré-fabricação apresenta um
melhor desempenho para este indicador, possuindo um maior grau de padronização
dos componentes e métodos de trabalho, e um melhor desempenho nos requisitos
de utilização de elementos de maior valor agregado.
8.2.8. Grau de Padronização de Operações (GPO)
66
66
Este indicador é obtido através da análise das atividades realizadas pelos
operários, sendo calculado através da relação entre as operações realizadas e as
operações que se repetem.
Através da análise da tabela 2, podemos verificar que para este indicador a
tecnologia tradicional apresenta um melhor desempenho do que a tecnologia da pré-
fabricação, possibilitando uma menor variabilidade dos métodos de trabalho, já que
apresenta uma maior repetição das operações realizadas.
8.2.9 Grau de Separação Física de Processos (GSP)
Através da análise da tabela 2, verifica-se que a tecnologia da pré-fabricação
possui uma maior eficiência em relação à tecnologia tradicional, possibilitando que
uma maior parte das atividades do ciclo básico de produção ocorra fora do local de
conformação do produto final.
Os resultados encontrados refletem no fato da tecnologia da pré-fabricação
possuir grande parte de suas atividades em locais variados dentro do layout do
canteiro, principalmente as atividades da fabricação dos painéis, que representam
uma grande cadeia.
8.2.10. Peso dos Elementos Construtivos (PEC)
Este indicador se relaciona com as condições ergonômicas de trabalho,
propondo a medição ou estimativa do peso de elementos construtivos utilizados nos
processos do ciclo básico de produção da tecnologia de edificação analisada.
Não foi possível a coleta de dados exatos sobre o peso dos elementos
construtivos das duas tecnologias, mas claramente pode se chegar à conclusão que
a tecnologia da pré-fabricação apresenta em seus elementos pesos muito maiores
67
67
em relação à alvenaria tradicional. Este fato fica evidente, na necessidade que a
tecnologia da pré-fabricação tem de utilizar equipamentos de grande porte para o
transporte dos elementos principais, que são os painéis pré-fabricados.
Através dessa avaliação, observa-se que para este indicador, a tecnologia
tradicional leva vantagem em relação à tecnologia da pré-fabricação, já que utiliza
elementos construtivos mais leves.
68
68
9 Considerações finais A escolha da pré-fabricação como sistema construtivo gera uma produção
mais racionalizada e organizada. Pode-se verificar que este sistema simplifica o
processo de execução, elimina retrabalhos e reduz o número de etapas do processo
construtivo, já que ocorre a repetição de atividades, representando perfeitamente a
industrialização, que se caracteriza por aumentar a eficiência de processos de
produção e a qualidade do produto final.
O método de San Martin (1999) descrito avaliou para o presente trabalho, o
sistema da pré-fabricação em comparativo ao sistema tradicional. As conclusões
deste estudo estão apresentadas no quadro 3.
Quadro 3 – Relação de desempenho das tecnologias avaliadas
Indicador de desempenho Melhor desempenho
Eficiência de desenho de processos
(EDP)
Bloco cerâmico
Flexibilidade de Robustez (FR) Pré-fabricação
Grau de interdependência de processos
(GIP)
Pré-fabricação
Grau de separação de processos (GSP) Pré-fabricação
Indicador de variedade de materiais
(IVM)
Bloco cerâmico
Grau de padronização de operações
(GPO)
Bloco cerâmico
Grau de dependência por materiais
específicos (GDM)
Bloco cerâmico
Grau de habilidade exigido de mão de
obra (GHMO)
Pré-fabricação
Grau de padronização e agregação de
valor dos elementos (GPAE)
Pré-fabricação
Peso de elementos construtivos (PEC) Bloco cerâmico
69
69
Através da análise do quadro, verifica-se que para os indicadores avaliados,
as duas tecnologias empatam no número de indicadores que levam vantagem, cada
uma sendo mais eficiente em cinco indicadores.
O resultado dos indicadores de desempenho para cada tecnologia avaliada
indica que referente à gestão de processos e baseando-se nos estudos de San
Martin (1999), não foi possível determinar a melhor opção entre as tecnologias. É
importante lembrar que o método proposto avalia apenas as influências de aspectos
relativos à tecnologia de produção de sistemas construtivos sobre os processos de
produção, desconsiderando fatores da gestão de processos que refletem de maneira
significativa no resultado do produto final, como por exemplo, os custos de produção
e o tempo de execução das atividades.
Através do desenvolvimento deste estudo, foi possível verificar que o método
desenvolvido avalia parcialmente os sistemas construtivos, não considerando
aspectos técnicos, ambientais ou mesmo sociais decorrentes da utilização de
determinada tecnologia, o que mostra as suas limitações.
É importante salientar que para o presente trabalho, foram avaliados apenas
os processos de produção de uma parede, considerando que as atividades
necessárias para a execução de uma parede poderiam ser isoladas dos outros
processos de construção. Porém, caso fossem consideradas as demais atividades,
poderiam surgir precedências não consideradas na análise realizada, acarretando
em um novo ciclo básico de produção, modificando os resultados dos indicadores.
Por fim, pode-se concluir que um dos objetivos do trabalho não foi cumprido
na sua totalidade, pois para a comparação, a escolha e a adequação de um sistema
construtivo, faz-se necessário o estudo de outros fatores não abordados no método
e que influenciam de forma decisiva na escolha tecnológica.
Para o desenvolvimento de futuros trabalhos sugere-se:
70
70
- Estudo do ciclo completo da pré-fabricação de uma edificação, fazendo
comparativo com o ciclo de produção do sistema tradicional.
- Estudo de outros sistemas de construção industrializados, comparando com
o sistema tradicional, através do método de San Martin (1999).
- Estudo do sistema da pré-fabricação em comparativo com o sistema
tradicional, através de outros métodos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXO 1 - Tabelas de mapeamento de ciclo básico de produção da pré-
fabricação de edifícios (CBP). TABELA P1 - Listagem dos serviços
COD DESCRIÇÃO DO SERVIÇO
DESCRIÇÃO DO SUBPRODUTO DERIVADO
PRINCIPAIS ATIVIDADES ENVOLVIDAS
OBS
M Marcação Fundações Locação de fundações e escavação
F Fundações Vigas Baldrames Concreto magro, confecção e montagem de fôrmas, confecção e montagem de armaduras, produção de concreto,lançamento e cura, reaterro de fundações
FP Fabricação de painéis
Paredes Montagem e posicionamento de armaduras, assentamento de instalações, produção e lançamento de concreto estrutural, cura e desfôrma das peças concretadas
MP Montagem de painéis
Paredes assentadas
Locação das paredes, produção e aplicação de argamassa de assentamento, assentamento dos painéis, preparação do graute, solda e grauteamento, assentamento de instalações
TJ Tratamento de juntas
Paredes impermeabilizadas
Produção e aplicação de argamassa de revestimento, impermeabilização de juntas
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TABELA P2 - Detalhes dos processos intrínsecos
Tecnologia de Edificação : Pré-Fabricação Serviço : Marcação COD DESCRIÇÃO DOS
PROCESSOS LOCAL PROCESSOS
PRECEDENTES PROCESSOS SEGUINTES
DESCRIÇÃO DAS OPERAÇÕES ENVOLVIDAS FOTOS
M1 Locação da Fundação Fundação XXX M2 Marcação com material de nivelamento M2 Escavação Fundação M1 F1 Escavação com auxílio de material de escavação
Tecnologia de Edificação : Pré-Fabricação
Serviço : Fundação
COD DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS
LOCAL PROCESSOS PRECEDENTES
PROCESSOS SEGUINTES
DESCRIÇÃO DAS OPERAÇÕES ENVOLVIDAS
FOTOS
F1 Produção de concreto magro
Externo M2 F2 Dosagem, mistura de materiais e transporte até o local de utilização
F2 Lançamento de concreto magro
Fundação M2 F5 Lançamento de concreto magro, nivelamento
F3 Montagem de armaduras
Externo XXX F6,FP1 Corte, dobra e montagem de armaduras, transporte até a fundação
F4 Preparação de fôrmas
Externo XXX F5 Corte de peças de madeira, pré-montagem de painéis, transporte de peças
F5 Fixação de fôrmas Fundação F4,F2 F6 Fixação de fôrmas no local da fundação, verificação do posicionamento
F6 Posicionamento de armaduras
Fundação F3,F5 F7 Posicionamento de armaduras, verificação de posicionamneto
F7 Produção de concreto
Externo F6 F8 Dosagem, mistura de materiais e transporte até o local de utilização
F8 Lançamento de concreto
Fundação F7 F9 Molhagem de fôrmas, lançameto do concreto, adensamento, nivelamento
F9 Cura do concreto Fundação F8 F10 Molhagem da fundação concretada
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F10 Retirada de fôrmas Fundação F9 F11,MP1 Remoção das fôrmas
F11 Reaterro Fundação F10 MP4 Lançamento de solo nas valas concretadas, compactação do solo
Tecnologia de Edificação : Pré-Fabricação Serviço : Fabricação de Painéis
COD DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS
LOCAL PROCESSOS PRECEDENTES
PROCESSOS SEGUINTES
DESCRIÇÃO DAS OPERAÇÕES ENVOLVIDAS FOTOS
FP1 Montagem de armaduras Externo F3 FP2 Corte, dobra e montagem de armaduras das peças pré-fabricadas
FP2 Posicionamento de
armaduras Fôrmas FP1 FP3 Posicionamento de armaduras, verificação de
posicionamneto
FP3 Assentamento de instalações elétricas
Fôrmas FP2 FP4 Colocação de eletrodutos nos painéis, proteção das caixas de luz e da passagem de eletrodutos
FP4 Produção de concreto
estrutural Externo FP3 FP5 Dosagem, mistura de materiais e transporte até o
local de utilização
FP5 Lançamento de concreto estrutural
Fôrmas FP4 FP6 Molhagem de fôrmas, lançameto do concreto, adensamento, nivelamento
FP6 Cura do concreto Painéis FP5 FP7 Molhagem das peças concretadas
FP7 Desfôrma das peças
concretadas Fôrmas FP6 MP4 Retirada das peças concretadas das fôrmas
Tecnologia de Edificação : Pré-Fabricação Serviço : Montagem de Painéis
COD DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS
LOCAL PROCESSOS PRECEDENTES
PROCESSOS SEGUINTES
DESCRIÇÃO DAS OPERAÇÕES ENVOLVIDAS FOTOS
78
78
MP1 Locação das paredes Fundações F10 MP2 Marcação de eixos das paredes
MP2 Produção de argamassa
de assentamento Externo MP1 MP3 Dosagem, mistura de materiais e transporte até o
local de utilização
MP3 Aplicação de argamassa de assentamento
Fundações MP2 MP4 Aplicação de argamassa de assentamento em toda extensão de contato das paredes com a fundação
MP4 Assentamento dos
painéis portantes Fundações F11,MP3, FP7 MP5 Fixação dos painéis sobre as fundações
MP5 Preparação de graute Externo MP4 MP6 Dosagem, mistura de materiais e transporte até o
local de utilização
MP6 Solda e grauteamento Painéis MP5 MP7,MP8 União dos painéis através de pontos de solda, concretados em seguida com graute
MP7 Assentamento de
instalações elétricas Painéis MP6 TJ1 Acabamentos elétricos em geral e enfiação
MP8 Assentamento de
instalações hidráulicas Painéis MP6 TJ1 Retirada de negativos e assentamento de kits
prontos
Tecnologia de Edificação : Pré-Fabricação Serviço : Tratamento de juntas
COD DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS
LOCAL PROCESSOS PRECEDENTES
PROCESSOS SEGUINTES
DESCRIÇÃO DAS OPERAÇÕES ENVOLVIDAS FOTOS
TJ1 Produção de argamassa de revestimento
Externo MP8 TJ2 Dosagem, mistura de materiais e transporte até o local de utilização
TJ2 Aplicação de argamassa
de revestimento Painéis TJ1 TJ3 Aplicação de argamassa de revestimento para
regularização das juntas das peças
TJ3 Impermeabilização das juntas
Painéis TJ2 XXX Aplicação de resina e colocação de véu de poliéster
79
79
TABELA P3 - Listagem de materiais utilizados no ciclo básico de produção.
COD DESCRIÇÃO DO SERVIÇO
MATERIAIS UTILIZADOS
Nº TOTAL DE DIFERENTES MATERIAIS UTILIZADOS
M Marcação Guias de madeira, fio de nylon, pregos
3
F Fundações Cimento, brita, areia, barras de aço, arame recozido, tábuas de madeira, sarrafo
7
FP Fabricação de painéis
Formas metálicas, cimento, areia, brita, barras de aço, arame recozido, espaçadores plásticos, eletrodutos, caixa 3x4
4
MP Montagem de painéis
Cimento, areia, eletrodo, brita, pregos, gabaritos
2
TJ Tratamento de juntas
Areia, cimento, resina acrílica, durex, véu de poliéster
3
80
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ANEXO 2 – Diagrama adaptado de precedências da alvenaria de BTC
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ANEXO 3 - Diagrama adaptado de precedências da pré-fabricação