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DEFININDO O PERFIL DE CONSUMO
CONSCIENTE DA POPULAÇÃO
RECIFENSE: A IDENTIFICAÇÃO DO
PAPEL DO INDIVÍDUO POR MEIO DE
SUAS ATITUDES E
COMPORTAMENTOS
Minelle Eneas da Silva (UFPE)
Ana Paula Machado Correa (UFPE)
Ana Carolina Vital da Costa (UFPE)
Ana Elisabete Cavalcanti de Albuquerque (UFPE)
Jose Alvaro Jardim de Almeida (UFPE)
Continuamente vem surgindo, em caráter mundial, a ampliação das
práticas socioambientais desenvolvidas, estas direcionadas para o
alcance do desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, observa-se um
contínuo envolvimento individual junto aa essas práticas, o que sugere
que os indivíduos assumem seu papel de responsabilidade diante dessa
nova forma de desenvolvimento. Esse papel pode estar relacionado
dentre outras coisas, com a prática de um consumo consciente, no qual
o comportamento e as atitudes desse novo consumidor, que assume
função de cidadão, torna-se mais responsável. Entendendo que de
forma alguma o consumir pode deixar de ser praticado pela
população, na medida em que os recursos se tornem escassos, o
consumo consciente se efetiva ao ser levado em consideração os
impactos provocados pelo consumo, buscando maximizar os impactos
positivos e minimizar os negativos de acordo com os princípios da
sustentabilidade (INSTITUTO AKATU, 2010). Com isso, toma-se como
objetivo desse trabalho caracterizar o perfil de consumo consciente da
população de Recife, a partir de suas atitudes e comportamentos, para
conseguir entender como se pode contribuir para com o
desenvolvimento sustentável. Realizou-se uma pesquisa exploratório-
descritiva com abordagem quantitativa, a partir das informações que
foram coletadas por um grupo de pesquisadores. A análise dos dados
obtidos foi desenvolvida utilizando-se como ferramentas de apoio os
softwares SPSS 17.0 e Excel 2010. A partir das considerações
observadas de maneira geral, pode-se dizer que os consumidores
recifenses apresentam comportamentos direcionados a práticas de um
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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consumo consciente, no entanto ainda há a necessidade de melhora
por parte desses em grande parte das suas práticas cotidianas.
Palavras-chaves: Desenvolvimento Sustentável; Consumo Consciente
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1. Introdução
Continuamente percebe-se que as transformações ocorridas em âmbito mundial, sejam
elas nas áreas econômicas, sociais e/ou ambientais indicam a necessidade de surgimento de
uma nova forma de desenvolvimento que esteja direcionada para questões coletivas em
detrimento dos aspectos egoístas e individualistas atualmente apregoados. Nessa perspectiva,
o desenvolvimento sustentável (DS) emerge como alternativa possível de ser alcançada na
medida em que se discute a busca pela harmonização entre as dimensões social, econômica e
ambiental, fundamentais para a efetivação desse novo modelo (SACHS, 2007).
Para que essa mudança possa ser disseminada em toda a sociedade, faz-se necessário o
envolvimento de diferentes atores sociais, nomeadamente Governo, Empresa e Sociedade, que
devem realizar ações de forma concomitante ao estabelecimento desse paradigma de modo
que o mesmo possa ser efetivado (SILVA, 2010). Contudo, não se deve idealizar apenas a
mudança no posicionamento do governo para com essas práticas, mudança de
comportamentos organizacionais de empresas e organizações do terceiro setor, no sentido de
alcance de objetivos positivos para toda a população.
Ao contrário, cada indivíduo deve começar a redirecionar seu posicionamento dentro
do contexto ao qual se encontra, para que o desenvolvimento sustentável se torne possível.
Aspectos pontuais como: a redução no consumo de produtos com prejuízos socioambientais
visíveis, uma pressão pela produção de produtos sustentáveis, bem como a punição para
empresas insustentáveis por meio do boicote aos seus produtos, simbolizam uma mudança de
atitude não só individual como coletiva, a qual se dá o nome Consumo Consciente. Essa nova
forma de consumir e esse novo perfil de cidadão são indícios do papel fundamental que cada
indivíduo tem na busca pelo desenvolvimento, com continuidade e durabilidade.
Além disso, esse consumidor-cidadão apresenta ainda preocupações no ato de
consumir que vão além do individual para um patamar de maior consciência social (SANTOS
et al., 2008). Porém, para que se possa despertar a essa realidade emergente, algumas
características podem ser observadas pela sua influência na tomada de iniciativa do indivíduo,
dentre as quais: o estilo de vida adotado, a cultura na qual se está inserido, os padrões de
renda a qual o indivíduo e sua família estão submetidos. Com isso, toma-se como objetivo
desse trabalho caracterizar o perfil de consumo consciente da população de Recife, a partir de
suas atitudes e comportamentos, para conseguir entender como se pode contribuir para essa
nova forma de desenvolvimento.
2. Referencial teórico
2.1. Desenvolvimento Sustentável: De quem é o papel para seu alcance?
O entendimento da complexidade que essa temática apresenta é de suma importância,
uma vez que a mesma sugere a necessidade de modificação no estilo de vida da população
mundial rumo a um ambiente favorável, não apenas focando o crescer por crescer, mas
levando em consideração a necessidade de um crescimento direcionado a durabilidade ou
sustentação da atividade humana dentro de um contexto “igualitário” para toda sociedade
(SILVA, 2009). Uma das mais elaboradas definições para desenvolvimento sustentável surgiu
do Relatório de Brundtland (1987), que conforme a ótica de Dias (2008), é tido como um
procedimento de alteração, por meio do qual ações como a exploração dos recursos, a direção
dos investimentos, a orientação do desenvolvimento ecológico e a transformação institucional
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se adaptam e animam o potencial presente e futuro, a fim de respeitar às necessidades e
aspirações humanas.
Em suma, pode-se dizer que se refere ao atendimento das necessidades das gerações
atuais levando em consideração a satisfação das necessidades futuras. A literatura apresenta
uma vasta gama de autores que trabalham com o tema, todavia existe um ponto em comum
entre todos, em relação aos critérios fundamentais para que o desenvolvimento sustentável
seja alcançado. Observa-se que é necessário manter concomitantemente a equidade social, o
crescimento econômico e a preservação ecológica (ambiental). Ao longo das últimas décadas,
intensificou-se as discussões sobre como modificar essa tendência negativa a qual o mundo
está se direcionando. Apesar de se apresentar como uma questão ampla na qual,
normalmente, direciona-se toda a responsabilidade de seu alcance ao Estado (possuidor de um
grande papel nesse sentido), é notável a necessidade de que toda a sociedade se envolva
focada em harmonizar as dimensões básicas do desenvolvimento sustentável.
Deste modo, na busca pela manutenção dessa solidariedade, fato essencial para a
sustentabilidade, percebe-se que além do Estado, cada empresa, organização do terceiro setor
e indivíduo deve tornar-se consciente de seu papel na busca pelo desenvolvimento
sustentável, uma vez que a mudança na forma de atuação posta em prática é o ponto de
partida inicial para que se consiga atingir a meta coletiva da população. O Estado,
sucintamente, apresenta o papel de regulador e fiscalizador das atividades gerais no sentido de
melhor organizar a sociedade. Tal aspecto envolve um maior empenho público rumo ao
desenvolvimento sustentável, já que o mesmo deve ter a percepção de que a longo prazo suas
ações refletirão num desenvolvimento benéfico para a coletividade mundial.
Para as organizações com finalidades lucrativas a sua atuação está condicionada à
busca pela harmonização no caráter de atuação e na abrangência na realização de suas
atividades (BORGER, 2006). Fato este que pode ser dado pela equivalência das dimensões
básicas do desenvolvimento sustentável ao conceito de sustentabilidade em organizações
(BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009). Práticas mais coletivas demonstram o caráter socialmente
responsável de uma empresa junto à população local. No terceiro setor, pelo seu papel
contributivo a solução de problemas sociais e em prol do bem comum a sustentabilidade
também está condicionada a essa harmonização das dimensões da sustentabilidade, todavia
adaptada ao caráter não lucrativo do setor.
Quanto aos indivíduos, em sua singularidade, a responsabilidade está em modificar a
situação mundial, a qual apresenta atualmente um estilo de vida populacional e padrões de
consumo incompatíveis com a possibilidade de um desenvolvimento sustentável. De certo
modo, cada indivíduo tem condições de reestruturar a maneira como age na sociedade, uma
vez que possui um poder de influência sobre as ações das demais instituições supracitadas.
Para, Gomes (2007) a atuação do consumidor no mercado pode ter reflexos positivos ou
negativos sobre a economia, o meio ambiente e o comportamento das empresas. Desta feita,
percebe-se que quanto mais informados sobre a melhor maneira de agir, os cidadãos (muitas
vezes visualizados apenas como consumidores) assumem em maior grau um papel de
destaque, na busca pelo desenvolvimento sustentável.
Diante dessas características, é importante entender e reconhecer que as ações e
atitudes individuais sugerem uma mudança na maneira de visualização global sobre os
aspectos pertinentes a esse novo modelo de desenvolvimento. É necessário, assim, reconhecer
quais características envolvem essa nova postura do indivíduo como consumidor para que se
possa alcançar os objetivos e direcionar-se rumo ao desenvolvimento sustentável. Então a
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ideia de consumo consciente esta relacionada com as ações responsáveis de cada indivíduo de
maneira tal que se consiga desempenhar suas práticas de forma ativa.
2.2. Consumo Consciente
Ao levar em consideração que toda sociedade é responsável pelo alcance do
desenvolvimento sustentável, pode-se dar um maior foco para as questões individuais, visto
que uma coletividade é resultado de um conjunto de indivíduos e que, portanto, facilita o
alcance de um determinado objetivo. Nas discussões sobre DS, a cada evento realizado, seja
uma conferência ou um encontro internacional, às vezes mesmo que de maneira sutil surgem
novas perspectivas quanto às maneiras de se buscar essa nova forma de desenvolvimento.
Como resultado da conferência mundial Eco-92, uma das mais importantes quanto a
essa temática, surgiu a Agenda 21 como marco das questões pertinentes a sustentabilidade.
Esse documento elenca, em seus quarenta capítulos, questões pertinentes para o
desenvolvimento sustentável, dentre as quais: mudanças na forma de atuação do governo, das
organizações com e sem finalidade lucrativa e da população, na busca por uma
“operacionalização” do desse desenvolvimento, ao ratificar a necessidade de mudança na
forma de pensamento da sociedade.
Sabe-se que para o alcance do desenvolvimento sustentável é necessária a inter-relação
de alguns atores sociais (Governo, Empresas e Sociedade) nesse sentido, na medida em que
inexiste a possibilidade de desenvolvimento sem envolvimento coletivo. Visualizando o
indivíduo como o principal responsável pelas transformações necessárias ao alcance do
desenvolvimento sustentável, entende-se que o consumidor-cidadão é um dos agentes
responsáveis pelo desenvolvimento sustentável. Por vezes ele é observado como apenas um
participante de um nicho de mercado, todavia é de suma importância que o mesmo seja
considerado um co-responsável pela atual situação.
Ao se focar as questões individuais dentro de um contexto mais amplo, percebe-se que
a capacidade de escolha de cada indivíduo sugere alternativas para a mudança na forma de
atuação junto ao meio ambiente e as questões da sociedade. Entendendo que de forma alguma
o consumir pode deixar de ser praticado pela população, na medida em que os recursos se
tornem escassos, o consumo consciente se efetiva ao ser levado em consideração os impactos
provocados pelo consumo, buscando maximizar os impactos positivos e minimizar os
negativos de acordo com os princípios da sustentabilidade (INSTITUTO AKATU, 2002).
Fabi, Lourenço e Silva (2010, p.6) ratificam o conceito do Instituto Akatu ao indicar
que o consumo consciente pode ser considerado como “o ato ou decisão de compra ou uso de
serviços, de bens industriais ou naturais, praticado por um indivíduo levando em conta o
equilíbrio entre satisfação pessoal, as possibilidades ambientais e os efeitos sociais de sua
decisão”. Surgindo desse modo o envolvimento do consumidor como ator cidadão na
sociedade, ao perceber sua responsabilidade – por meio do consumo socialmente responsável
tido como equivalente ao consumo consciente (VIEIRA, 2010).
Nesse sentido, como forma de prevenir o colapso da civilização humana, a mudança
no padrão de consumo dominante e o emergir desse novo padrão, mais consciente, indica uma
alternativa para a mudança na maneira como se visualiza essa nova situação, direcionando-se
do consumismo para uma prática de consumo mais responsável (ASSADOURIAN, 2010).
Desse modo, compreendendo essa nova prática como uma relação de mutualidade, uma nova
forma de atuação em todas as esferas, para Furriela (2001) “depende da conscientização dos
indivíduos da importância de tornarem-se consumidores responsáveis”.
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Na compreensão ampla da maneira como cada indivíduo deve atuar em relação à
questão do consumo consciente (CC), torna-se necessário considerar características tais como:
a cultura na qual essa sociedade do consumo está envolvida, o estilo de vida adotado, o poder
aquisitivo da população, as questões éticas assumidas por cada um, bem como a educação a
qual essa sociedade está sujeita para obter uma percepção sistemática da necessidade de se
tornar mais consciente.
Cada um desses aspectos devem ser direcionados para que o consumo seja
considerado mais sustentável na medida em que harmonizem suas características rumo ao
desenvolvimento sustentável. Diante da dinâmica a qual a sociedade do consumo atualmente
vive, com uma grande oferta de produto, bem como o desordenado incentivo pelo consumir,
faz-se necessário estudar cada uma dessas características de forma distinta no sentido de um
melhor entendimento da temática.
3. Procedimentos Metodológicos
Com o objetivo de caracterizar o perfil de consumo consciente da população de
Recife, a partir da adaptação de um conjunto de indicadores, a presente pesquisa assume uma
abordagem qualitativa como aquela principal na medida em que o fenômeno estudado
especifica e representa um processo de reflexão e análise de um contexto para uma
compreensão detalhada do objeto de estudo (OLIVEIRA, 2005). A utilização da referida
abordagem justifica-se ainda, segundo Richardson et al. (2008, p.79), “por ser uma forma
adequada para entender a natureza de um fenômeno social”. Salienta-se, ainda, a utilização de
uma abordagem quantitativa para a identificação do perfil de consumo consciente do
recifense. Seguindo essa perspectiva de pesquisa, a mesma está caracterizada como
exploratória e descritiva, no sentido de melhor compreensão do estudo.
A pesquisa caracteriza-se como exploratória por proporcionar uma maior familiaridade
para com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito e compreensível, e descritiva por
apresentar a descrição das características de dada população ou fenômeno em estudo, com
caráter conclusivo para análise (GIL, 1991; MALHOTRA, 2006). Para operacionalizar a
presente proposta de pesquisa, realizou-se a aplicação de questionários que foram elaborados
a partir da literatura sobre a temática, na busca pela compreensão sobre como se dá a
interação entre organizações e consumidores. Foram aplicados 601 questionários com pessoas
selecionadas aleatoriamente a partir da definição e cálculo de uma amostra probabilística em
relação à população existente.
O cálculo foi realizado considerando que o erro assumido foi de 4% e que o grau de
confiança era de 95% (z = 1,96). Como a população investigada possui uma quantidade acima
de 100.000, torna-se indispensável a realização da correção do cálculo da amostra
(RICHARDSON et al., 2008), por isso os questionários aplicados representam o perfil de toda
a população. A pesquisa foi realizada em todas as regiões político-administrativas (RPA) da
capital pernambucana, de modo que grande parte dos bairros foram contemplados. Vale
salientar que não houve abrangência para a região metropolitana da grande Recife (RMR). O
período de coleta de dados foi de 28 de setembro de 2010 a 06 de outubro de 2010.
A aplicação do questionário se deu por conveniência, seguindo a estratificação em
relação ao sexo, a faixa etária e o RPA no qual vive o indivíduo. A partir das informações que
foram coletadas por um grupo de pesquisadores, a análise dos dados obtidos foi desenvolvida
utilizando-se como ferramentas de apoio os softwares SPSS 17.0 e Excel 2010. Com as
informações tratadas nos referidos softwares, foram utilizadas algumas técnicas estatísticas
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para validar as informações e para melhor apresentar os resultados foram elaborados gráficos
e tabelas que representam o comportamento de consumo consciente da população recifense.
4. Apresentação e Discussão dos resultados
Para que seja possível o reconhecimento das atitudes e comportamentos específicos à
população recifense quanto ao consumo consciente, faz-se necessário identificar
detalhadamente os aspectos que podem influenciar essa prática, dentre os quais: faixa etária,
sexo, estado civil, renda familiar e escolaridade. Compreendendo de maneira relacionada
esses aspectos, fica possível verificar de forma mais clara qual vem a ser o perfil dessa
população para que em seguida, torne-se possível identificar características do consumo
consciente. Para tanto, após realizar o cálculo da amostra utilizou-se os dados fornecidos pelo
IBGE (2009) para estratificar a amostra, foram selecionadas cinco faixas etárias para análise
da população, essas sendo distribuídas de acordo com a proporção por gênero e por região
político-administrativa (RPA).
Por ser a amostra uma representação da população, observa-se no Gráfico 01 que a
maior parte dos entrevistados é composta por mulheres, já que 345 do total de entrevistados
são desse sexo, enquanto que os demais, 256 entrevistados, são homens. Essa quantidade
indica que 57,41% da amostra selecionada é do sexo feminino, enquanto que 42,59% sendo
do sexo masculino. Essa diferença retrata o perfil da cidade, cuja maior parte da população
(53,59%) é composta por pessoas do sexo feminino. Com relação às faixas etárias, observa-se
que aquela com maior concentração é a faixa a partir de 50 anos, tanto para o sexo masculino
(25% dos homens entrevistados) quanto para o sexo feminino (28,12% das mulheres
entrevistadas), representando 26,79% de todos os entrevistados. A faixa etária que apresenta a
menor concentração de entrevistados é a que compreende entrevistados com idades entre 15 e
19 anos, contendo 12,89% da população masculina entrevistada e 9,85% da população
feminina entrevistada.
Gráfico 01: Relação entre faixa etária e gênero da
amostra em quantidade
Fonte: Dados da pesquisa (2010)
Gráfico 02: Estado civil
Fonte: Dados da pesquisa (2010)
No tocante ao estado civil percebe-se, a partir da análise do Gráfico 02 que a maior
parte dos entrevistados são solteiros, aproximadamente 48%, a segunda maior concentração é
dos casados ou com união estável que representam 43% do total da amostra. Considerando os
divorciados ou separados identificou-se na pesquisa uma porcentagem de 6%, enquanto que
apenas 3% da população entrevistada é viúva. Outro aspecto importante para identificação das
características pertinentes a práticas de consumo consciente está relacionado com o poder
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aquisitivo da população. Pois, percebe-se atualmente que para que se possa desenvolver
algumas ações que o papel de consumidor-cidadão exige é preciso despender mais ativos,
desse modo torna-se justificável o questionamento acerca da renda familiar do respondente.
Ao analisar o Gráfico 03 é possível perceber que houve uma maior concentração de
respondentes cuja renda familiar é superior a 10 salários mínimos mensais (SMM) e que
quanto maior a renda familiar maior o nível de escolaridade que o respondente apresenta, o
que confirma o fato de renda e escolaridade serem bastante correlacionadas. Dos 156
respondentes que possuem renda familiar maior que 10 salários mínimos mensais (SMM) 61,
que representam 39%, estão no nível de pós–graduação. Se adicionarmos a essa quantidade o
número de entrevistados, dessa mesma faixa de renda, que está no nível de ensino superior, o
percentual eleva-se para 90%. O percentual dos respondentes que possuem nível a partir do
superior, com renda familiar entre 5 e 10 SMM diminui em 14%, mas ainda apresenta índice
elevado de pessoas (76%). No entanto, percebe–se que ao diminuir o nível de renda familiar
em mais uma classe (2 a 5 SMM) o percentual de pessoas que possui nível superior diminui
ainda mais, sendo representado por 66 pessoas que equivale a 48%.
Gráfico 03: Relação da renda familiar em salários mínimos mensais e escolaridade
Fonte: Dados da pesquisa (2010)
Por entender que a questão educacional apresenta-se como aspecto fundamental para o
desenvolvimento do consumo consciente. Optou-se por enfatizar o perfil dos entrevistados
quanto a esse aspecto. Vale salientar que a estratificação da escolaridade foi mais detalhada
que o apresentado no gráfico anterior e, portanto a análise pode ser mais detalhada. Segundo
os dados coletados a maior parte dos entrevistados apresenta o ensino superior incompleto
como grau de escolaridade (21% da população entrevistada), sendo a segunda maior
frequência a do ensino médio completo (20,1% dos entrevistados). Esse grau de escolaridade
sugere que o grau de comportamento de consumidor consciente pode ser bem desenvolvido,
todavia é importante atentar que muitas vezes, apesar do alto nível de escolaridade, não
recebem instruções corretas relacionadas a coletividade, ou seja, direcionada para o alcance
de um desenvolvimento sustentável.
Observando o Gráfico 03 visualiza-se que apenas 12,1% da amostra se apresenta
como tendo até o ensino fundamental completo. No entanto se desconsidera-se os que não
concluíram o percentual cai para 3,8% sendo essa a menor frequência com relação a essa
variável e isso pode ser um ponto favorável na definição de um consumidor-cidadão
consciente, pelo fato de haver um nível maior de escolaridade entre os entrevistados.
Considerando a importância do acesso as informações, a educação e o conhecimento dos
impactos de produtos e serviços no meio ambiente, no social e no econômico e tendo em
vistas a mudanças na dinâmica do mercado, pode-se afirmar que na medida em que o
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processo educacional seja melhor desenvolvido junto a sociedade, há uma maior possibilidade
de que a prática de um consumo consciente possa ser efetivado.
4.2 Atitude da população com relação ao consumo
Na busca pela assimilação das características da população recifense junto a ideia de CC
que vem sendo trabalhada, a pesquisa realizada busca identificar alguns aspectos pertinentes as
atitudes de compra que os respondentes possuem enquanto propensos consumidores conscientes
E os comportamentos que efetivamente apresentam, partindo do pressuposto teórico de que nem
sempre as atitudes, que são pré-disposições, conseguem ser refletidas nos comportamentos.
Desse modo, o presente tópico visa apresentar, por meio de aspectos estatísticos, quais foram as
respostas fornecidas pelos pesquisados, lembrando que o objetivo maior está na identificação de
perfil de consumo, resultado este apresentado nas considerações finais.
4.2.1 Análise Fatorial
No instrumento utilizado para coleta de dados foram elencados 25 atributos que o
consumidor poderia levar em consideração no momento da compra de um determinado
produto. Porém, desses 25 atributos alguns podem apresentar uma relação positiva forte,
permitindo que sejam agrupados em componentes mais essenciais, o que reduziria as
variáveis a serem analisadas. Pra tanto, foi realizada análise multivariada de dados
denominada de Análise Fatorial (AF), técnica que, a partir de um conjunto de variáveis, retira
alguns poucos fatores que representam bem as correlações entre as variáveis iniciais.
Existem diferentes métodos estatísticos que são utilizados para a redução de dados,
dentre eles o Método de Componentes Principais, o utilizado na pesquisa. Esse método
consiste na busca por uma combinação linear das variáveis iniciais (denominada de
componente) que apresenta a máxima variação possível das variáveis. Dessas componentes
são extraídas as componentes principais, aquelas que representarão a maior parte da
variabilidade das variáveis iniciais. No caso dos atributos de escolha de um produto, fez-se
uma análise fatorial inicial para determinar a variabilidade de cada atributo.
Antes da utilização de testes estatísticos deve-se verificar a consistência dos dados de
forma a não inviabilizar as análises quanto à confiabilidade. Optou-se por utilizar o modelo de
análise de confiabilidade baseado no Alfa de Cronbah. Segundo esse modelo, valores do alfa
maior que 0,7 indicam que os dados são confiáveis, ou seja, as escalas utilizadas apresentam
consistência suficiente para aplicação de análises multivariadas. Em relação às variáveis que
descrevem os atributos de escolha de um produto (V1 a V25), o valor do Alfa de Cronbah (α)
foi de 0,844, indicado boa consistência nos dados. A AF inicial identificou alguns atributos
que apresentavam baixo grau de explicabilidade do fenômeno - grau de explicabilidade menor
que 0,5 - conforme pode ser visualizado na Tabela 01. Porém, optou-se por deixar esses
atributos na análise fatorial final como forma de aumentar as possibilidades de resultados.
Tabela 01: Representação dos atributos e seu grau de explicabilidade
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Fonte: Dados da pesquisa a partir do software SPSS
A Tabela 02 apresenta o resultado da aplicação da Análise Fatorial ao conjunto de
dados. Pode-se perceber que dos 25 atributos iniciais, foram obtidos 7 componentes principais
que podem ser utilizados para análises posteriores e que representam estatisticamente bem os
atributos levados em consideração por um consumidor no momento da compra de um produto
qualquer.
Tabela 02: Análise Fatorial
Extraction Method: Principal Component Analysis.
Através da Matriz de Componentes obtida com a Análise Fatorial (Tabela 03), os
atributos puderam ser agrupados em 7 componentes principais de análise, da seguinte forma:
Os atributos: Certificação ambiental, Ser reciclável, Ter refil, Atividade de descarte,
Ser orgânico e Ser biodegradável foram agrupados na Componente 1, denominada de
Respeito ao Meio Ambiente.
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Os atributos: Segurança do Produto, Durabilidade, Qualidade e Facilidade de Compra
foram agrupados na Componente 2, denominada de Qualidade e Segurança.
Os atributos: Ser orgânico, Não ser transgênico, Não ser de origem animal foram
agrupados na Componente 3, denominada de Origem do Produto.
Os atributos: Preço, Consumo de energia e Consumo de água foram agrupados na
Componente 4, denominada de Preço do Produto e Custos Associados
Os atributos: Não ser pirata, Tipo de embalagem, Marca, Propaganda foram agrupados
na Componente 5, denominada de Marketing do produto
Os atributos: Preço, Saudável, Light/Diet, Informações dos produtos foram agrupados
na Componente 6, denominada Elementos facilitadores de compra
Os atributos: Atividade de descarte e Ser descartável foram agrupados na Componente
7, denominada Descarte do produto
Tabela 03: Matriz de componentes
Componentes
1 2 3 4 5 6 7
Preço 0,436 0,463
Original / Não ser pirata 0,473
Tipo de embalagem 0,602
Marca 0,756
Propaganda 0,600
Certificação ambiental 0,702
Ser reciclável 0,797
Ter refil 0,631
Consumo de energia 0,847
Consumo de água 0,838
Segurança do produto 0,603
Durabilidade 0,706
Atividade de descarte 0,458 0,548
Ser descartável 0,654
Serviços pós-venda
Ser orgânico 0,404 0,592
Não ser transgênico 0,725
Não ser de origem animal 0,636
Facilidade de compra 0,540
Qualidade 0,710
Ser biodegradável 0,637
Saudável 0,459
Light / Diet 0,547
Informações do produto 0,604
Estado da embalagem
Extraction Method: Principal Component Analysis.
Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalation
A partir dos agrupamentos supracitados (Tabela 03), pode-se observar a relação direta
de alguns atributos com mais de um componente. Desse modo, esses atributos foram
considerados como atuantes nos componentes a que pertencem. Vale salientar também que as
variáveis Serviço Pós-venda e Estado da Embalagem, não apresentaram alinhamento com
nenhum dos componentes definidos.
A análise de correlação nada mais é do que a verificação estatística da existência (e do
grau) de uma relação entre duas variáveis quaisquer. O coeficiente de correlação indica a
força e a direção do relacionamento entre as duas variáveis, porém nada pode indicar sobre
relações de casualidade. Existem diferentes coeficientes de correlação em estatística, cada um
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adaptado a determinada natureza de dados. Para este estudo em particular, utilizou-se o
coeficiente de correlação de postos de Spearman (representado pela letra grega “ρ” – rho).
Diferentemente do mais comumente utilizado coeficiente de correlação de Pearson, a
correlação de Spearman não faz nenhuma suposição inicial sobre a distribuição de frequência
das variáveis analisadas. Ou seja, ele não requer a suposição inicial de que a relação entre as
variáveis é linear, e pode ser utilizado mesmo para avaliação de variáveis ordinais.
O Quadro 01 apresenta os resultados para a análise de correlação. Conforme pode ser
observado, existem correlações fracas positivas entre o grau de escolaridade e os elementos
facilitadores de compra; bem como, entre a idade e a qualidade e segurança, a origem, o
marketing envolvido e os elementos facilitadores de compra do produto. Existe correlação fraca
negativa entre o grau de escolaridade e a origem do produto. Quanto à renda familiar, não foi
encontrada nenhum tipo estatisticamente significativo de correlação com as variáveis estudadas.
Quadro 01 – Correlações entre fatores sócio-demográficos e componentes dos atributos de compra
Respeito ao
Meio
Ambiente
Qualidade e
Segurança
Origem Preço e
Custos
Associados
Marketing Facilitadores de
compra
Descarte
Renda familiar Correlation Coefficient
-0,0330 0,0747 -0,0425 -0,0486 0,0153 0,0300 0,0168
Sig. (2-tailed) 0,4391 0,0796 0,3184 0,2547 0,7204 0,4823 0,6933
N 552 552 552 552 552 552 552
Grau de escolaridade
Correlation Coefficient
-0,0457 0,0397 -0,1496** -0,0569 -0,0568 0,0852* 0,0088
Sig. (2-tailed) 0,2711 0,3388 0,0003 0,1702 0,1707 0,0397 0,8325
N 583 583 583 583 583 583 583
Idade Correlation Coefficient
-0,0270 0,0925* 0,1523** 0,0736 0,1028* 0,1821** 0,0623
Sig. (2-tailed) 0,5157 0,0255 0,0002 0,0756 0,0130 0,0000 0,1329
N 583 583 583 583 583 583 583
** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
* Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
Fonte: Dados de Pesquisa (2010)
4.3. Comportamentos de consumidores conscientes
Como o objetivo principal desse trabalho está relacionado diretamente com a
identificação do perfil de consumo consciente da população recifense, alguns
questionamentos tiveram que realizados no sentido de buscar identificar quais são os
comportamentos que refletem essa prática consciente de consumo. Para tanto, houve uma
inspiração por parte dos pesquisadores em utilizar alguns questionamentos já validados pelo
Instituto Akatu para o consumo consciente, em pesquisa anterior, que visava de forma mais
genérica identificar o perfil brasileiro de consumidores conscientes. Desse modo, os
comportamentos apresentados no Gráfico 04, com as devidas adaptações buscam representar
os comportamentos de consumidores da cidade do Recife e indicar o quanto poderiam ser
considerados como consciente. Perguntas referentes aos hábitos dos respondentes além das
compras, tais como separação do lixo para reciclagem, e planejamento foram investigadas por
meio de uma escala de cinco pontos que se estende de “Nunca” até “Sempre”.
Percebe-se que os hábitos mais frequentes entre os respondentes, ou seja, aqueles que
receberam maior frequência como resposta “sempre”, foram os comportamentos de evitar
deixar lâmpada acesa em ambientes desocupados e fechar a torneira enquanto escovam os
dentes (75% e 72,9%, respectivamente). Já os hábitos que receberam maior frequência de
resposta “Nunca” foram os de separar o lixo para reciclagem pela família e o costume de
planejar as compras (23,8% e 45,5%; respectivamente). Pode-se dizer que, dentro os hábitos
relacionados, aqueles que mais frequentemente são adotados podem ser aqueles que afetam
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diretamente o orçamento familiar, pois estão relacionados também a despesas como contas de
água e de energia, dentre outros aspectos que podem influenciar.
Gráfico 04: Comportamentos de consumidores
Fonte: Dados da pesquisa (2010)
Percebe-se que os hábitos mais frequentes entre os respondentes, ou seja, aqueles que
receberam maior frequência como resposta “sempre”, foram os comportamentos de evitar
deixar lâmpada acesa em ambientes desocupados e fechar a torneira enquanto escovam os
dentes (75% e 72,9%, respectivamente). Já os hábitos que receberam maior frequência de
resposta “Nunca” foram os de separar o lixo para reciclagem pela família e o costume de
planejar as compras (23,8% e 45,5%; respectivamente). Pode-se dizer que, dentro os hábitos
relacionados, aqueles que mais frequentemente são adotados podem ser aqueles que afetam
diretamente o orçamento familiar, pois estão relacionados também a despesas como contas de
água e de energia, dentre outros aspectos que podem influenciar.
5. Considerações Finais
As analises desenvolvidas nessa pesquisa, permitem inferir que as práticas de consumo
consciente refletidos por meio dos comportamentos dos entrevistados ainda são pouco
sofisticadas, isso se reflete pelos comportamentos classificados como mais frequentes ou mais
importantes, como exemplo, os comportamentos de evitar deixar lâmpadas acessas e fechar a
torneira enquanto escova os dentes, já que esses são comportamentos que trazem resultados a
curto prazo como economia nas despesas da casa em detrimento do hábito de planejar
compras, que é um dos comportamento que obteve maior frequência de respostas que nunca
são realizados.
Pôde-se observar também que as mulheres apresentam em sua maioria mais
frequentemente hábito de comportamento de consumidores conscientes do que os homens
entrevistados, como por exemplo, nos resultados apresentados sobre a propensão dos
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entrevistados em pagar mais por produtos socioambientalmente responsáveis. Observa-se
também pouca infra estrutura ou ações públicas que possam promover hábitos de consumo
consciente, a exemplo da coleta seletiva disponível apenas a 33% da população recifense.
De uma forma geral a população entrevistada considera-se consciente atribuindo-se
uma nota média de 7,20. Para esse público o consumo consciente está relacionado com a
redução do consumo e a não agressão ao meio ambiente, fatos estes que se observados na
teorização do conceito está intrinsecamente relacionado com o mesmo, embora questões
como preocupação social deveriam estar inclusas. Esse conceito, entretanto, não se reflete em
alguns atributos classificados como mais importantes pelos entrevistados como, por exemplo,
o fato do produto ter qualidade e ser saudável, estes estando relacionados mais diretamente
com um consumo corriqueiro.
A partir de todas essas considerações de maneira geral, pode-se dizer que os
consumidores recifenses apresentam comportamentos direcionados a práticas de um consumo
consciente, havendo ainda a necessidade de melhora por parte desses em grande parte das
suas práticas cotidianas. Tal aspecto segundo os dados obtidos reflete-se também pela
existência mais ampla de mulheres que vivem na cidade e, que, como observado possuem
comportamentos mais direcionados a tal prática de consumo. De modo geral, percebe-se ser
possível uma ampliação na prática do consumo consciente desses cidadãos, ao entender que
outros atores sociais podem atuar nesse sentido, dentre os quais pode-se indicar as empresas,
as ONGs e o poder público.
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