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Diagnóstico dos Territórios dos Consórcios de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (CONSAD) de Mato Grosso do SulIGUATEMIVALE DO IVINHEMASERRA DA BODOQUENACoordenador do ProjetoDARIO DE OLIVEIRA LIMA-FILHOInstituição ExecutoraUNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (UFMS)Instituição ColaboradoraUNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)TRANSCRIPT
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Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome - MDS Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Edital MCT/MDS/CNPq 38/2008
Diagnóstico dos Territórios dos Consórcios de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (CONSAD) de Mato Grosso
do Sul IGUATEMI
VALE DO IVINHEMA SERRA DA BODOQUENA
Coordenador do Projeto DARIO DE OLIVEIRA LIMA-FILHO
Instituição Executora UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (UFMS)
Instituição Colaboradora UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
Relatório versão 1.
Campo Grande/MS Abril 2011
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Equipe de pesquisadores
Dario de Oliveira Lima-filho UFMS Coordenador Geral
Cícero Antônio Oliveira Tredezini UFMS Subcoordenador
Leonardo Francisco Figueiredo Neto UFMS Subcoordenador
Marney Pascoli Cereda UCDB Subcoordenadora
Milton Augusto Pasquotto Mariani UFMS Subcoordenador
Olivier François Vilpoux UCDB Subcoordenador
Osmar Ramão Galeano de Souza UFMS Subcoordenador
Patrícia Campeão UFMS Subcoordenadora
Deise Guadelupe de Lima UFMS Pesquisadora
Leandro Sauer UFMS Pesquisador
Mayra Batista Bitencourt Fagundes UFMS Pesquisadora
Renato Luiz Sproesser UFMS Pesquisador
Eluiza Alberto de Morais Watanabe UFMS Auxiliar de Pesquisa
Filipe Quevedo Pires de Oliveira e Silva
UFMS Auxiliar de Pesquisa
Isabella Fernandes UFMS Auxiliar de Pesquisa
Leidy Diana de Souza de Oliveira UFMS Auxiliar de Pesquisa
Leonardo de Oliveira Dresch UFMS Auxiliar de Pesquisa
Lidiane dos Santos Sobrinho UCDB Auxiliar de Pesquisa
Priscila Scardin UFMS Auxiliar de Pesquisa
Ricardo Nobuyuki UFMS Auxiliar de Pesquisa
Valéria Cristina Ferreira da Silva UCDB Auxiliar de Pesquisa
Vinicius Misael Alves de Lima UFMS Auxiliar de Pesquisa
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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 6 Autores: Dario de Oliveira Lima-Filho; Leonardo de Oliveira Dresch.
2. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS ....................................................... 9 Autores: Dario de Oliveira Lima-Filho; Leandro Sauer; Filipe Quevedo Pires de Oliveira e Silva; Leonardo de Oliveira Dresch.
3. SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ............................................ 14 Autores: Leidy Diana de Souza de Oliveira; Dario de Oliveira Lima-Filho.
4. INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ........................................ 47 Autores: Lidiane dos Santos Sobrinho; Valéria Cristina Ferreira da Silva; Olivier François Vilpoux; Marney Pascoali Cereda.
5. CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL ........................................... 68 Autores: Osmar Ramão Galeano de Souza; Deise Guadelupe de Lima; Leonaro de Oliveira Dresch (colaborador).
5.1. FORMAÇÃO DO POVO ................................................................................................... 68
5.2. PATRIMÔNIO MATERIAL E IMATERIAL ........................................................................ 70
6. CARACTERIZAÇÃO ESPACIAL ................................................................. 78 Autor: Cícero Antônio Oliveira Tredezini.
6.1. ASPECTOS FÍSICOS ...................................................................................................... 78
6.2. ESTRUTURA FUNDIÁRIA ............................................................................................... 82
7. CARACTERIZAÇÃO SOCIAL ...................................................................... 94 Autores: Milton Augusto Pasquotto Mariani; Vinicius Misael Alves de Lima.
7.1. EDUCAÇÃO ..................................................................................................................... 94
7.2. SAÚDE ........................................................................................................................... 109
8. CARACTERIZAÇÃO ECONOMICA ........................................................... 146 Autores: Olivier François Vilpoux; Eluiza Alberto Morais Watanabe (colaboradora); Leonardo de Oliveira Dresch (colaborador).
8.1. ASPECTOS GERAIS DA ECONOMIA DE MS .............................................................. 146
8.2. PRODUÇÃO AGRÍCOLA E NÃO-AGRÍCOLA ............................................................... 147
8.3. LOGÍSTICA (PROCESSAMENTO E DISTRIBUIÇÃO) .................................................. 181
9. CAPITAL SOCIAL ...................................................................................... 195 Autores: Olivier François Vilpoux. 10. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL .......................................................... 202 Autor: Leonardo Francisco Figueiredo Neto.
10.1. RELAÇÃO DAS FAMÍLIAS COM O MEIO AMBIENTE ............................................... 202
10.2. USO DO SOLO ............................................................................................................ 205
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10.3. POLUIÇÃO: LIXO E PRODUÇÃO DE RESÍDUOS ..................................................... 219
11. CARACTERIZAÇÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL: AMBIENTE DAS INSTITUIÇÕES ............................................................................................... 224 Autores: Leonardo de Oliveira Dresch; Cícero Antônio Oliveira Tredezini; Mayra Batista Bitencourt Fagundes; Priscila Scardin.
12. CARACTERIZAÇÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL: AMBIENTE DAS ORGANIZAÇÕES ........................................................................................... 247 Autores: Patrícia Campeão; Renato Luiz Sproesser.
13. POTENCIALIDADES E DIFICULDADES ................................................. 256 14. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 266 Autor: Dario de Oliveira Lima-Filho.
15. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 268
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APRESENTAÇÃO
É com grande satisfação que apresento o Diagnóstico dos Territórios dos Consórcios de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (CONSAD) de Mato Grosso do Sul, primeiro documento elaborado para
atender ao Edital MCT/MDS/CNPq Nº 038/2008 - Josué de Castro, cujo
objetivo consiste em ações de diagnóstico e planejamento territorial visando à
promoção de segurança alimentar e nutricional e desenvolvimento local em
territórios prioritários no âmbito dos CONSAD.
Trata-se de um trabalho multidisciplinar desenvolvido pela Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul [UFMS] com a colaboração da Universidade
Católica Dom Bosco [UCDB]. Nasceu através de uma demanda social e uma
provocação do Governo Federal prontamente atendido pela UFMS e seu
parceiro através de trabalhos de extensão universitária.
Nas próximas páginas o leitor irá se aprofundar nestes territórios
(Iguatemi, Vale do Ivinhema e Serra da Bodoquena), observando dinâmicas
comuns e específicas aos três, tal qual nossos pesquisadores o fizeram.
Também será possível ver que o meio privilegiado para mudança nestes
territórios consistem nas pessoas e instituições, cabendo hoje, ao poder
público, o dever de estimular e qualificar a população carente para seu
empoderamento e que tenham condições de assumir a responsabilidade pelos
seus próprios destinos.
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1. INTRODUÇÃO
O presente documento atende a solicitação expressa pela financiadora
do projeto, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico [CNPq] e o
Ministério do Desenvolvimento Social [MDS], através do proposto no edital
MCT/MDS/CNPq 38/2008. O objetivo é o desenvolvimento de um diagnóstico
territorial, com foco nas questões Segurança Alimentar e Nutricional e
Desenvolvimento Local.
O trabalho de diagnóstico foi desenvolvido no âmbito dos três
Consórcios de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (CONSAD)
existentes em Mato Grosso do Sul: Serra da Bodoquena, Vale do Ivinhema e
Iguatemi. Totalizam 24 (vinte e quatro) municípios, que abrangem um universo
de 450.496 habitantes (IBGE, 2010), em 74.198 km2, correspondente a 20,78%
do território de Mato Grosso do Sul.
Concorrem para os trabalhos pesquisadores, extensionistas e técnicos
de duas instituições e especialidades. Especificamente, participam do projeto a
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul [UFMS] e a Universidade Católica
Dom Bosco [UCDB], além dos próprios Consórcios de Segurança Alimentar e
Desenvolvimento Local - CONSAD.
O início do projeto data de novembro de 2008. Reuniões para o
planejamento das atividades começaram, intensificando-se apenas no final de
2009 em virtude da demora na liberação dos recursos. O atraso de 14 meses
entre o início do planejamento e os trabalhos de campo prejudicou
parcialmente os trabalhos. A ida a campo aconteceu nos meses de fevereiro e
março de 2010, durante 60 dias, contando com o apoio de 48 pessoas, entre
bolsistas e voluntários. Foram aplicados 1.650 questionários.
Os dados de fonte primária foram analisados juntamente com apoio de
pesquisa em fontes secundárias visando atender a proposta contida no edital.
Existe, ainda, a previsão de um documento complementar - Plano de
Desenvolvimento dos Territórios dos Consórcios de Segurança Alimentar e
Desenvolvimento Local (CONSAD) de Mato Grosso do Sul.
O quadro 1.1 tráz um breve resumo sobre os municípios que compõem
os territórios dos CONSAD, bem como suas respectivas áreas, populações e
índice de desenvolvimento.
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QUADRO 1.1: Territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul. Dados CONSAD Iguatemi CONSAD Vale do
Ivinhema CONSAD Serra da
Bodoquena
Cidades
Coronel; Sapucaia; Eldorado; Iguatemi; Itaquiraí; Japorã; Mundo Novo; Naviraí; Paranhos; Ponta Porã; Sete Quedas; Tacuru
Anaurilândia; Bataguassu; Batayporã; Nova Andradina; Taquarussu
Bela Vista; Bodoquena; Bonito; Caracol; Guia Lopes da Laguna; Jardim; Nioaque; Porto Murtinho
População (IBGE, 2010) 241.500 habitantes 88.368 habitantes 120.628 habitantes
Densidade Populacional 11,84 hab/km2 6,57 hab/km2 2,99 hab/km2
Área Total 20.393 km2 - 5,69% 13.458 km2 - 3,76% 40.347 km2 -
11,27%
IDH-M (2000) < 0,636 (Japorã) > 0,780 (Ponta Porã)
< 0,704 (Batayporã) > 0,786 (Nova Andradina)
< 0,698 (Porto Murtinho) > 0,773 (Jardim)
Fonte: Brasil (2010); IBGE (2009) e PNUD (2000).
Na figura 1.1 é possível visualizar os territórios na unidade federativa de
Mato Grosso do Sul.
FIGURA 1.1: Mapa de Mato Grosso do Sul e territórios CONSAD.
Fonte: Elaborado pela pesquisa (2010).
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Este documento é dividido em 15 seções: 1- Introdução, 2-
Procedimentos metodológicos, 3- Segurança alimentar e nutricional, 4-
Insegurança alimentar e nutricional, 5- Caracterização histórico-cultural, 6-
Caracterização espacial, 7- Caracterização Social, 8- Caracterização
Economica, 9- Capital Social, 10- Caracterização Ambiental, 11-
Caracterização político-institucional: ambiente das instituições, 12-
Caracterização político-institucional: ambiente das organizações, 13-
Potencialidades e dificuldades, 14- Considerações finais e 15- Referências.
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2. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
A pesquisa é caracterizada como mista, agregando elementos da
metodologia qualitativa e quantitativa, por entender que os temas Segurança
Alimentar e Nutricional e Desenvolvimento Local são complexos e
multifacetados, permitindo e exigindo uma abordagem ampla e multidisciplinar.
O projeto inicialmente apresentado ao CNPq passou por reestruturação,
conforme solicitação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a
Fome [MDS]. Primeiramente foi dividido em objetivos específicos e metas por
área temática, cada uma possuindo um sub-coordenador responsável. Após
reuniões foi estabelecido pelo MDS uma nova arquitetura do relatório e os
objetivos específicos foram transformados em itens-partes do relatório, sendo
as responsabilidades alocadas conforme quadro 2.1.
QUADRO 2.1: Coordenadores e sub-coordenadores e áreas de responsabilidade do relatório.
Capítulo / Seção
Coordenador e sub-coordenares (as) Área de Responsabilidade
1, 2; 3.1.1; 4; 5 Dr. Dario de Oliveira Lima-Filho Coordenação Geral
2 Dr. Leandro Sauer Procedimentos Metodológicos
3.2 Dr. Osmar Ramão Galeano de Souza Histórico-cultural
3.3, 3.7.1 Dr. Cícero Antônio Oliveira Tredezini Espacial; Ambiente das instituições
3.4.1, 3.4.2 Dr. Milton Augusto Pasquotto Mariani Educação; Saúde
3.1.2 Dra. Marney Pascoli Cereda Desdobramentos da Insegurança Alimentar
3.5 Dr. Olivier François Vilpoux Econômica
3.6 Dr. Leonardo Francisco Figueiredo Neto Ambiental
3.7.2 Dra. Patrícia Campeão Ambiente das Organizações
Fonte: Elaborado pela pesquisa.
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Com a finalidade de coletar dados empíricos dos territórios, foram
elaborados cinco instrumentos, estes desenvolvidos nas Oficinas Internas de
planejamento através da técnica de brainstorming1, pela equipe do projeto,
resultando em:
1) Questionário - SAN (Segurança Alimentar e Nutricional): O
questionário é composto das seções: I) Identificação; II) Perfil domiciliar; III)
Condição Sócio-econômica; IV) (In) Segurança alimentar (EBIA) e consumo
(QFA); V) Educação; VI) Saúde; VII) Social; VIII) Lazer. Visa uma amostragem
probabilística envolvendo população urbana e rural, e beneficiados pelo Bolsa
Família e aleatórios. Amostra foi calculada com base em uma população total
de 428.527 pessoas, sendo definido um plano amostral estratificado
proporcional por CONSAD, por município, supondo um erro amostral (ep) de
5% e um intervalo de confiança (IC) de 95%, obtiveram-se 400 entrevistas por
território e 1.200 entrevistas no total. O objetivo do questionário foi levantar
informações tais como: educação alimentar, aspectos culturais e econômicos e
situação alimentar. Foram aplicados efetivamente 1.207 questionários nos 24
(vinte quatro) municípios que compõem os territórios. O questionário teve
influência no congênere adotado no Brasil pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas
em Alimentação [NEPA] da UNICAMP (http://www.unicamp.br/nepa), sendo
adaptado por esta pesquisa. Foi o instrumento para coleta de dados que exigiu
maior demanda de pessoal e recursos, incluindo equipes identificadas com:
crachá, colete, balança, trena, prancheta, além de condução aos diversos
pontos das municipalidades que compõem os territórios, tanto nos perímetros
urbanos quanto nos rurais.
1 Expressão inglesa que significa “tempestade de idéias”. Usualmente é um método para resolução de problemas em que todos os envolvidos participam e sugerem sob mediação de um responsável.
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Foto 2.1: Auxiliar de Pesquisa uniformizado durante os trabalhos de campo em Nova Andradina/MS.
2) Questionário - Potencialidades: O questionário contém as seções:
I) Identificação; II) Perfil Domiciliar; III) Flora; IV) Fauna; V) Logística; VI)
Cultura alimentar. A amostragem foi intencional, focando nos produtores rurais
assentados, extensionistas e líderes de associações produtivas. Teve como
objetivo averiguar a identidade produtiva da região, aspectos ambientais,
produtivos e mercadológicos. Foram aplicados 206 questionários em 20 (vinte)
municípios. 3) Roteiro de entrevista semi-estruturada - Ambiente das
Organizações: O questionário organizacional foi aplicado em 135
organizações. Teve como objetivos verificar nas organizações: nível de
conhecimento e ações sobre a questão de SAN e desenvolvimento local;
principais problemas enfrentados; relações institucional e inter-organizacionais.
4) Roteiro de entrevista semi-estruturada - Ambiente das Instituições: O roteiro de entrevista é um instrumento para coleta de dados
com questões abertas, onde a percepção de relevância do pesquisador e do
entrevistado são fundamentais direcionar os dados que serão expostos. O
objetivo deste instrumento foi identificar e obter informações sobre quais ações
e projetos existem, tanto na esfera local quanto territorial, tendo como foco o
desenvolvimento local e a segurança alimentar e nutricional, dentro da
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percepção dos representantes do poder público municipal. Foram entrevistados
105 representantes contatos, entre prefeitos, secretários, superintendentes e
outros. 5) Questionário Logística: As informações utilizadas no
desenvolvimento deste relatório foram predominantemente retiradas do
Questionário Potencialidades, cujos mesmos dados foram coletados para os
três territórios. O quadro 2.3 resume os instrumentos para coleta de dados empíricos
desenvolvidos pela pesquisa e aplicados nos territórios.
QUADRO 2.3: Instrumentos para coleta de dados empíricos desenvolvidos pela pesquisa.
Questionário - SAN (Segurança Alimentar e Nutricional) Questionário - Potencialidades
Amostragem → Probabilística População 50% não beneficiada do Bolsa Família 50% beneficiários do Bolsa Família Proporcionalidade urbano x rural Nº Inquéritos aplicados 1.207 questionários Tempo médio de entrevista ± 60 minutos Objetivo principal Diagnóstico da SAN segundo EBIA e informações diversas
Amostragem → Varredura População Produtores rurais e informantes chaves Nº Inquéritos aplicados 206 questionários Tempo médio da entrevista ± 30 minutos Objetivo principal Identificação através da percepção dos produtores das potencialidades produtivas dos territórios
Entrevistas - Organizacional e Institucional Questionário - Logística
Amostragem → Varredura População Representantes de instituições e organizações Nº Inquéritos aplicados 240 entrevistas Tempo médio da entrevista ± 45 a 80 minutos Objetivo principal
Amostragem → Varredura População Operadores logísticos e varejo Nº Inquéritos aplicados 74 questionários Tempo médio da entrevista ± 60 minutos Objetivo principal
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Diagnóstico do ambiente das organizações e instituições quanto ao conhecimento e ações referentes as temáticas SAN e DL
Levantar dados sobre as formas de armazenagem, transporte e embalagem dos produtos comercializados nos territórios CONSAD.
Fonte: Elaborado pela pesquisa.
Como orientação geral, os entrevistados foram sempre um dos membros
da família que melhor a representasse, maior de 21 anos ou,
preferencialmente, o pai ou a mãe de qualquer idade. No questionário SAN
todas as famílias da população tiveram a mesma chance de ser escolhida. A
escolha dos elementos da amostra foi feita por sorteio aleatório sem reposição
de domicílio em cada município baseado no “CadÚnico” e no “Cadastro
Imobilário”. O critério para participação da pesquisa foi o aceite com a
assinatura do Termo de Consentimento, e em qualquer momento, a critério do
entrevistado, a entrevista poderia ser suspensa, sendo o questionário total ou
parcialmente desconsiderado.
Os questionários passaram por um pré-teste junto à membros
semelhantes ao público-alvo para validá-los. A equipe responsável pela
aplicação dos questionários passou por treinamento prévio.
Os dados coletados serão utilizados exclusivamente para fins
acadêmicos, devendo os mesmos tornarem-se públicos por meio de
documentos e relatórios de natureza acadêmico-cientifica. Não se vislumbra
riscos às famílias participantes. Em termos de benefícios, os resultados
indicarão ao Governo Federal as diretrizes de políticas públicas para
desenvolvimento econômico e social dos territórios investigados e,
conseqüentemente, das famílias participantes.
Os dados empíricos coletados foram analisados pelos sub-
coordenadores nos itens específicos aos mesmos, juntamente com dados
secundários. Os resultados foram apresentados, discutidos e validados através
de oficinas internas e externas, levantando-se subsídios com o objetivo da
elaboração do Plano de Desenvolvimento. Maiores detalhes constarão no
citado documento.
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3. SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Situação da segurança alimentar e nutricional A miséria e a fome são questões que permeiam o mundo atual e se
apresentam como prioritárias nas políticas de desenvolvimento da Organização
das Nações Unidas [ONU], sendo que sua erradicação é o primeiro objetivo do
milênio. Segundo relatório da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO,
2008a) mostra que o número de pessoas cronicamente famintas no mundo era
de 830 milhões em 1990/92, apresentou declínio em meados da década de
1990 e voltou a aumentar no meio dos anos 2000, atingindo 923 milhões de
pessoas em 2008, quase um sexto da população do planeta. Segundo Black et
al.(2008), a desnutrição representa 35% de todas as mortes pré-escolares e
11% da carga global de doenças no mundo. Assim, a desnutrição causa mortes
prematuras ou faz com que os adultos não atinjam pleno potencial. Por outro
lado, à medida que a produção de alimentos tornou-se mais eficiente, as
condições favoráveis à ocorrência de desnutrição foram gradativamente
substituídas por um cenário propício à epidemia de obesidade e doenças
crônicas relacionadas ao consumo excessivo de alimentos (POPKIN, 2004;
BATISTA-FILHO; RISSIN, 2003; MONTEIRO et al., 2000).
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2006) aponta a obesidade
como uma das dez maiores ameaças à saúde da população mundial. A
quantidade de pessoas com sobrepeso ou obesas já é maior do que a de
subnutridas. No ano 2005, somaram-se mais de 1,6 bilhão de adultos com
excesso de peso no mundo. O número de pessoas com sobrepeso e as
desnutridas, se somadas, atingem cerca de 42% da população mundial. No
Brasil, a FAO (2008b) indica que a proporção de adultos com sobrepeso, em
relação à população total, é de 40,6% e o percentual de obesos chega a
11,1%. A desnutrição alcança 6% (FAO, 2008c). A estimativa da OMS (2009) é
que em 2030 o índice de sobrepeso aumente em 70% nos Estados Unidos,
50% na Inglaterra e 30% no Brasil. Desta maneira, a questão nutricional possui
dois focos fundamentais que se contrapõem e fazem do consumo de alimentos
da população mundial um comportamento paradoxal: por um lado encontra-se
a ingestão excessiva de alimentos por grande parte da população mundial; por
outro, há pessoas que não tem acesso à quantidade e qualidade suficientes de
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alimentos que atendam às suas necessidades básicas de energia de maneira
saudável.
Como se vê, os problemas relacionados com a fome e/ou a desnutrição
e com a obesidade atingem patamares elevados no mundo e no Brasil. É
nesse contexto que se destaca o conceito de insegurança nutricional, que pode
ser resultado tanto da escassez quanto do excesso e da inadequação do
consumo de alimentos (CONSEA, 2007). O conceito de insegurança opõem-se
ao de segurança alimentar e nutricional (SAN), uma vez que a segunda é
alcançada quando alimentos adequados (quantidade, qualidade e aceitação
sócio-cultural) estão disponíveis e acessíveis, sendo satisfatoriamente
consumidos e aproveitados pelo organismo, de maneira regular, para uma vida
ativa e saudável. Uma metodologia para compreender as etapas que levam à
SAN é dada pelas seguintes dimensões (WEINGÄRTNER, 2004; GROSS et.
al., 2000) [figura 3.1]:
a) disponibilidade de alimentos: relacionada à produção, ao transporte e à
comercialização de alimentos, em quantidade suficiente e com regularidade. A
disponibilidade envolve políticas públicas de crédito agrícola e de C&T
(incluindo as tecnologias sociais);
b) acesso aos alimentos: inclui aspectos relacionados a fatores
socioeconômicos e físicos que exercem influência na aquisição de alimentos
pela população/famílias. O acesso depende de políticas de renda e de
infraestrutura, além de produção própria para autoconsumo (política agrária);
c) consumo de alimentos: refere-se ao padrão alimentar da população e fatores
socioeconômicos e culturais relacionados. Essa dimensão depende,
principalmente, da cultura alimentar e de como o alimento é distribuído dentro
da família.
d) utilização biológica de nutrientes: diz respeito à absorção dos nutrientes pelo
corpo humano. É impactada pelo acesso da população a serviços sociais, de
saneamento e de saúde que, ao exercerem influência sobre a saúde das
pessoas, podem permitir/limitar a utilização biológica dos nutrientes dos
alimentos ingeridos. É fortemente dependente de políticas públicas sociais.
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FIGURA 3.1: Modelo de segurança alimentar e nutricional.
Fonte: Oliveira (2010c) traduzido e adaptado de Weingärtner (2004).
As definições das dimensões da segurança alimentar e nutricional
possuem um ponto critico: a abrangência de cada termo. Sendo assim,
algumas questões emergem: uma pessoa que tem possibilidade de se
alimentar em quantidade, qualidade e regularidade, mas não o faz por uma
questão de preferência alimentar, estaria em situação de insegurança
alimentar? Se existem disponibilidade e capacidade de acesso físico ao
alimento, e o consumo não acontece porque se limita às escolhas alimentares,
deveria este indivíduo ser considerado em situação de insegurança alimentar?
Segurança alimentar diz respeito apenas ao acesso físico a alimentos
saudáveis, em qualidade, quantidade e regularidade, ou ao seu efetivo
consumo de alimentos saudáveis em quantidades e periodicidade corretas
nutricionalmente?
Nesse sentido, o CONSEA (2007) distingue as definições de segurança
alimentar e segurança nutricional e considera que o conceito de segurança
alimentar diz respeito à disponibilidade e ao acesso físico ao alimento; o
conceito de segurança nutricional inclui a dimensão de consumo de alimentos
saudáveis, ou seja, uma pessoa pode ter acesso a alimentos saudáveis e não
consumi-los. Desta maneira, todas as especificações da segurança alimentar,
por definição, foram atendidas quando um indivíduo tem possibilidade de ter
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uma dieta nutritiva e balanceada, mas não o faz por uma questão de escolha
pessoal.
Assim, ainda que uma família esteja em situação de segurança
alimentar, pode possuir membros que estejam em Estado de insegurança
nutricional. Portanto, pode-se considerar que a segurança alimentar é condição
necessária, mas não suficiente para a segurança nutricional. Segurança
nutricional é “resultado de uma boa saúde, de acesso regular a serviços de
saúde e de educação, de acesso a outros bens e serviços públicos e, acima de
tudo, ter segurança alimentar, no âmbito domiciliar” (CONSEA, 2007).
A insegurança nutricional ou má-nutricão pode ser resultado tanto da
escassez, quanto do excesso e da inadequação do consumo de alimentos
(CONSEA, 2007). De acordo com a biblioteca virtual em saúde (2010),
desnutrição e subnutrição são termos sinônimos que indicam “Estado de
desequilíbrio nutricional, resultante de ingestão insuficiente de nutrientes para
encontrar as necessidades fisiológicas normais”. Em conformidade com o
World Hunger Education Service [WHES] (2009), existem dois tipos básicos de
má nutrição. A primeira é a desnutrição protéico-energética, caracterizada pelo
baixo consumo de alimentos que forneçam energia (medido em calorias) e
proteínas em quantidade suficiente. Este é o tipo de desnutrição que é referida
quando a fome no mundo é discutida. O segundo tipo de desnutrição é a
deficiência de vitaminas (micronutrientes e minerais). Este não é o tipo de
desnutrição que é referido quando a fome no mundo é discutida, mas é
certamente muito importante. Recentemente tem havido uma tendência a
incluir a obesidade como uma terceira forma de insegurança nutricional. A
obesidade é uma espécie de má nutrição, mas certamente não é devido à falta
de calorias, mas deriva-se do excesso de consumo e de escolhas alimentares
pobres.
Para um programa governamental de combate a fome ser eficaz deve
compreender: (a) quem são os famintos; (b) como o consumo de alimentos
muda quando se alteram as circunstâncias; (c) como um programa de governo
intervém nas decisões de consumo alimentar para alterar os índices
nutricionais; e (d) como os programas de consumo de alimentos afetam as
políticas governamentais em geral. Desta maneira, os hábitos alimentares da
população, tal como as estruturas socioeconômicas que o determinam, afetam
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a SAN e precisam ser levados em consideração na formulação de políticas
públicas (TIMMER; FALCON; PEARSON, 1983).
Modelo de mensuração da (In) Segurança Alimentar
Conforme previamente discutido no Capítulo 2 deste relatório, o
diagnóstico da segurança alimentar e nutricional e do comportamento do
consumidor de alimentos foi realizado em cada território, constituindo uma
amostra aleatória estratificada, no qual a população é dividida em subgrupos
relativamente homogêneos, distintos e não sobrepostos (HAIR-JUNIOR et al.,
2006).
O plano amostral considerou a população de cada território como sendo
infinita. O intervalo de confiança considerado foi de 95%, com um erro amostral
de 5%. O p-valor considerado foi de 0,5, conforme recomendado por Hair-
Junior et. al. (2006) para casos em que não existem condições de medir a
variabilidade da amostra anteriormente. Considerados os parâmetros citados, a
amostra mínima necessária é de 385 pessoas. Assim, para que se mantivesse
uma margem de segurança foram entrevistadas 400 pessoas em cada território
CONSAD, um total de 1.207.
Duas populações foram contempladas separadamente na amostragem
de cada território, a saber, a população assistida pelos programas sociais do
governo federal, cadastradas no Cadastro Único de Programas Sociais
(CadÚnico), e a população não assistida. Sendo assim, cada população foi
contemplada com metade das entrevistas realizadas em cada território
CONSAD, cada território teve 200 entrevistados que recebiam benefícios
sociais do governo federal e 200 que não recebiam tal benefício. A população
assistida por benefícios sociais teve tal participação na amostra por
constituírem-se um grupo de risco à insegurança alimentar e nutricional. De
acordo com a definição de Hair-Junior et al (2006), este método de
amostragem é chamado amostragem estratificada desproporcional, pois não se
considerou a representatividade de cada população no processo de
amostragem.
Depois de definidos 200 entrevistas na população em geral e 200
entrevistas na população do bolsa em família em cada CONSAD, a quantidade
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de pessoas a serem entrevistadas em cada cidade foram definidas de maneira
proporcional à população ali residente. O método de coleta de dados utilizado
foram entrevistas pessoais (MATTAR, 2000).
Para a amostragem da população assistida pelos benefícios sociais, as
prefeituras municipais forneceram a listagem dos beneficiários em cada cidade.
A partir dessa lista foi realizado sorteio entre as famílias. Para amostragem da
população não assistida por benefícios sociais, utilizou-se a relação de todos
os domicílios cadastrados em cada município, sobre os quais se realizou
sorteio aleatório.
A mensuração da segurança alimentar se deu de acordo com o modelo
de percepção. A escala de percepção da insegurança alimentar foi
primeiramente desenvolvida nos Estados Unidos, sendo baseada em um
questionário com 18 questões para famílias com crianças e 10 questões para
famílias sem crianças, o qual aborda os entrevistados sobre o medo de que o
orçamento doméstico ou fonte de alimentos pudesse ser insuficiente para
satisfazer às necessidades de alimentos; a experiência de ficar sem comida e
sem dinheiro para obter mais; percepção do entrevistado de que o alimento
consumido pelos membros da família foi inadequado em qualidade ou
quantidade; substituição de alimentos por outros mais baratos ou em menor
quantidade que a habitual; ingestão reduzida de alimentos e conseqüências da
redução do consumo, tais como a sensação física de fome ou a perda de peso
(NORD; ANDREWS, 2001; BICKEL, 2000; KENNEDY, 2002)
Baseado no número de perguntas respondidas afirmativamente e na
intensidade relatada nas questões, o modelo de dimensionamento calcula um
valor que permite que a população estudada possa ser dividida em quatro
categorias distintas de segurança alimentar, com base nas diferentes
condições, experiências e padrões de comportamento que caracterizam cada
intervalo de gravidade. Estas quatro categorias são: i) segurança alimentar:
pouca ou nenhuma evidência de insegurança alimentar; ii) insegurança
alimentar sem fome: a insegurança alimentar é mostrada pela preocupação das
famílias em ajustar os gastos com alimentação, como reduzir a variedade
devido ao alto custo; iii) insegurança alimentar com fome moderada: a ingestão
de alimentos para adultos é reduzida e os adultos experimentam a sensação
física de fome devido a limitações de recursos (as crianças não costumam ser
20
atingidas nesse estágio); e iv) insegurança alimentar com fome severa: famílias
com crianças reduzem a ingestão alimentar das crianças, como resultado de
recursos inadequados dentro da casa, enquanto os adultos apresentam
evidências de fome severa (passam um dia inteiro sem comer, por exemplo)
(KENNEDY, 2002; BICKEL, 2000)
O método de percepção é o único que permite identificar as dimensões
psicológicas da insegurança alimentar, possibilitando também a identificação
dos domicílios vulneráveis (BICKEL, 2000). O modelo de percepção utilizado
nos Estados Unidos tem sido adaptado para aplicação em outros contextos.
Pérez-Escamilla et al. (2004) adaptaram o modelo para a utilização no Brasil, o
qual constitui a Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA). A EBIA conta
com 15 questões, 6 delas perguntadas somente para famílias que possuem
pessoas menores de 18 anos.
Esta pesquisa utiliza-se da EBIA, com algumas alterações para o
contexto dos territórios CONSAD. Pré-testes com a população-alvo da
pesquisa mostraram que as pessoas não percebiam a diferença entre algumas
perguntas da EBIA. Assim, algumas perguntas foram retiradas e adaptações de
linguagem foram realizadas no questionário, com a finalidade de proporcionar
melhor entendimento à população pesquisada. O inquérito de percepção da
insegurança alimentar que foi utilizado é apresentado no quadro 3.1.
As perguntas da EBIA que questionavam a respeito da qualidade dos
alimentos consumidos foram substituídas por um quadro onde constavam
diversos tipos de alimentos, as pessoas foram perguntadas sobre a freqüência
de consumo daqueles alimentos, se tinham deixado de comer algum tipo de
alimento ali indicado e o motivo pelo qual o fizeram. Nesse sentido, a
substituição foi realizada porque nos permitiu um maior nível de detalhamento
para o objetivo proposto neste trabalho, mostrando quais os alimentos as
pessoas deixavam de consumir quando se sentiam inseguras quanto ao
abastecimento alimentar da família no futuro.
21
QUADRO 3.1: Inquérito de Segurança Alimentar. 1. Nos últimos 3 meses aconteceu de faltar alimento? Não ( ) Sim ( )___. Por quê? ( ) faltou de dinheiro ( ) Outro __________ 2. Nestes últimos 3 meses como você e sua família se alimentaram?
Item Nunca X/dia X/Semana X/Mês Se não comeu ou comeu pouco. Por quê?(*)
Arroz Feijão Carne Bovina Carne Suína Frango Ovo Leite Peixe Verduras /Legumes Frutas Frituras Macarrão Outros (**)
(*) (0) Caro demais; (1) Não gosta; (2) Não considera importante; (3) Outro - especificar (**) alimento não constante nesta lista 3. Nos últimos 3 meses faltou algum tipo de alimento que sua família está acostumada a consumir e que você considera importante? ( ) Sim. Por quê? ( ) caro demais ( ) religião ( ) regime ( ) outro motivo ________ 4. Nos últimos 3 meses foi necessário que algum adulto da casa reduzisse a quantidade de alimentos nas refeições ou pulassem refeições? ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Sim. Por quê? ( ) faltou dinheiro ( ) religião ( ) regime ( ) doença ( ) outros____________ 5. Nos últimos 3 meses você comeu menos do que achou que deveria? ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Sim. Por quê? ( ) faltou dinheiro ( ) religião ( ) regime ( ) doença ( ) outros______ 6. Nos últimos 3 meses alguma vez sentiu fome, mas não comeu porque não havia comida suficiente? ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Sim. Por quê? ( ) faltou dinheiro ( ) religião ( ) regime ( ) doença ( ) outros_________ 7. Nos últimos 3 meses o senhor perdeu peso? ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Sim. Por quê? ( ) faltou dinheiro ( ) religião ( ) regime ( ) doença ( ) outros____________ 8. Nos últimos 3 meses algum adulto da casa ficou um dia inteiro sem comer ou teve apenas uma refeição ao dia? ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Sim . Por quê? ( ) faltou dinheiro ( ) religião ( ) regime ( ) doença ( ) outros_____________
QUESTÕES APLICADAS APENAS A FAMÍLIAS QUE POSSUEM MENORES DE 19 ANOS 9. Nos últimos 3 meses foi necessário diminuir a quantidade de alimentos das refeições das crianças/adolescentes? ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Sim. Por quê? ( ) faltou dinheiro ( ) religião ( ) regime ( ) doença ( ) outros_____________ 10. Nos últimos 3 meses alguma vez foi necessário pular uma das refeições das crianças/adolescentes? ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Sim. Por quê? ( ) faltou dinheiro ( ) religião ( ) regime ( ) doença ( ) outros_____________ 11. Nos últimos 3 meses as crianças/adolescentes sentiram fome, mas não se alimentaram? ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Sim. Por quê? ( ) faltou dinheiro ( ) religião ( ) regime ( ) doença ( ) outros_____________ 12. Nos últimos 3 meses as crianças/adolescentes ficaram sem comer por um dia inteiro? ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Sim. Por quê? ( ) faltou dinheiro ( ) religião ( ) regime ( ) doença ( ) outros_____________ Fonte: adaptado de PNAD (2004).
Os parâmetros utilizados para classificação da insegurança alimentar
são apresentados no quadro 3.2, sendo que os pontos representam o número
de questões respondidas de maneira positiva para “faltou dinheiro” ou “caro
22
demais”. A questão 2 do inquérito de segurança alimentar, que possui um
quadro com diversos grupos de alimentos, foi computada da seguinte maneira:
um ponto se pelo menos um deles tivesse deixado de ser consumido devido à
falta de dinheiro.
QUADRO 3.2: Parâmetros para classificação da segurança alimentar. Parâmetros para classificação da segurança alimentar em famílias com
pelo menos um morador de menos de 18 anos de idade: Categorias Pontuação Segurança Alimentar 0 pontos Insegurança Alimentar Leve 1 a 3 pontos Insegurança Alimentar Moderada 4 a 7 pontos Insegurança Alimentar Grave 8 a 12 pontos
Parâmetros para classificação da segurança alimentar em famílias com somente moradores de 18 anos ou mais de idade:
Categorias Pontuação Segurança Alimentar 0 pontos Insegurança Alimentar Leve 1 a 2 pontos Insegurança Alimentar Moderada 3 a 5 pontos Insegurança Alimentar Grave 6 a 8 pontos Fonte: Oliveira (2010c). Modelo de mensuração da Segurança Nutricional
Com relação à segurança nutricional o IMC foi o método antropométrico
utilizado para a mensuração. Antropometria nutricional é a mensuração das
dimensões físicas, da composição bruta e das proporções do corpo humano.
As medidas antropométricas têm sido amplamente utilizadas para quantificar o
grau de desnutrição (ou sobrepeso) e para identificar as populações em risco
nutricional. Existem vários indicadores que podem ser usados para medir o
Estado nutricional, a OMS utiliza o Índice de Massa Corporal [IMC] [tabela
3.1.1] como principal indicador do Estado nutricional. O IMC é um índice
simples de peso para a altura que é comumente utilizado para classificar baixo
peso, sobrepeso e obesidade em adultos. É definido como o peso em
quilograma (kg) dividido pelo quadrado da altura em metros [kg/m2] (OMS,
2010).
Os métodos antropométricos são precisos, simples e os custos são
baixos em relação a outras técnicas. Além disso, permitem comparação ao
longo do tempo e entre países, devido à padronização das técnicas. O método
possui como desvantagem o fato de não medir a insegurança alimentar, mas
23
apenas a insegurança nutricional, pois as relações existentes entre os
conceitos nem sempre são diretas (SHETTY, 2002).
TABELA 3.1: Classificação internacional de subnutrição, sobrepeso e obesidade em adultos, de acordo com o IMC.
Classificação Índice de Massa Corporal
Baixo peso <18,50 Desnutrição severa <16,00
Desnutrição moderada 16.00 - 16.99 Desnutrição leve 17,00 - 18,49
Peso normal 18,50 - 24,99 Sobrepeso ≥ 25,00
Pré-obesidade 25,00 - 29,99 Obesidade ≥ 30,00
Obesidade Tipo I 30,00 - 34,99 Obesidade Tipo II 35,00 - 39,99 Obesidade Tipo III ≥40.00
Fonte: OMS (2010).
Método de Análise de Dados
A metodologia de análise de multivariada de dados escolhida foi a
Modelagem de Equações Estruturais (SEM), a qual é apontada por Hair-Junior
et. al. (2005) como o melhor método para a análise de dados quando se deseja
examinar a relação de dependência entre variáveis que possuem múltiplas
relações de dependência e independência. A SEM possui a habilidade de
analisar varias equações ao mesmo tempo e variáveis independentes em uma
equação podem ser independentes em outras.
Resultados: (In) Segurança Alimentar nos territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul - Diagnóstico Os resultados mostram que 73% da população não beneficiária do
programa Bolsa Família do governo federal, residente nos três territórios
CONSAD de Mato Grosso do Sul, estão em situação de segurança alimentar.
Os 27% restantes apresentam Estado de insegurança alimentar, sendo que
21% em Estado de insegurança alimentar leve, caracterizada preocupação das
famílias em ajustar os gastos com alimentação, como reduzir a variedade
devido ao alto custo; 4% estão em insegurança alimentar moderada, no qual o
mecanismo de ajuste dos gastos com alimentação à renda se dá pela
24
diminuição da ingestão de alimentos, com experimentação de fome pelos
adultos e, neste caso, as crianças costumam ser protegidas; 2% enfrentam
situação de insegurança alimentar grave, em que as crianças reduzem a
ingestão de alimentos e adultos podem passar até um dia inteiro sem comer
[Figura 3.2/tabela 3.2].
FIGURA 3.2: Distribuição percentual da população NÃO-beneficiada pelo Programa Bolsa Família nos territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul, segundo diferentes níveis de segurança alimentar.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Por outro lado, dentre a população beneficiada pelo programa Bolsa
Família, apenas 37,73% da população possuem segurança alimentar, ou seja,
a maioria (62%) desta população enfrenta situação de insegurança alimentar.
Dentre estes, 42,81% estão em Estado de insegurança alimentar leve, 13,71%
insegurança alimentar moderada e 5,75% insegurança alimentar grave [figura
3.3]. A tabela 3.3 mostra os percentuais de insegurança alimentar nos dois
grupos estudados (beneficiários do programa Bolsa Família e população em
geral, ou seja, não beneficiários do Bolsa Família).
25
FIGURA 3.3: Distribuição percentual da população beneficiada pelo Programa Bolsa Família nos territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul, segundo diferentes níveis de segurança alimentar.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
A tabela 3.2 mostra, ainda, que a segurança alimentar entre os não-
beneficiários do Bolsa Família nos territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul
é maior que a média brasileira (65,2%) e da Região Centro-Oeste (68,8%),
porém menor que a média de Mato Grosso do Sul (73,9%). Todavia, entre a
população beneficiária do programa Bolsa Família, o nível de segurança
alimentar (37,73%) é bem menor que a média nacional, regional e estadual,
tendo maiores índices de IA, tanto leve e moderada. Com relação a IA severa
entre os beneficiários do Bolsa Família (5,75%), o índice é maior que o regional
(4,7%) e estadual (5%), mas menor que o nacional (6,5%). Por outro lado, a
insegurança alimentar moderada e severa entre a população não-beneficiária
do programa Bolsa Família é menor nos territórios CONSAD de MS que no
Brasil, Centro-Oeste e Mato Grosso do Sul, sendo maiores os níveis de
insegurança alimentar leve.
26
TABELA 3.2: Comparação entre a segurança alimentar nos territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul (divididos em beneficiários e não-beneficiários do programa Bolsa Família), Brasil, Centro-Oeste e Mato Grosso do Sul.
Bolsa
Família*
Não Bolsa-
Família*
Total CONSAD
MS*
Brasil**
Centro-Oeste**
Mato Grosso do Sul**
Segurança Alimentar 37,73% 72,93% 55,71% 65,2% 68,8% 73,9%
Insegurança Alimentar Leve 42,81% 21,07% 31,71% 16% 16,2% 12,8%
Insegurança Alimentar Moderada
13,71% 4,21% 8,86% 12,3% 10,2% 8,3%
Insegurança Alimentar Severa
5,75% 1,78% 3,73% 6,5% 4,7% 5%
Total 48,92% 51,08% 100,0% 100% 100% 100% Fonte: Oliveira (2010c) * Dados da pesquisa; ** Dados da PNAD (2004).
A tabela 3.3 e a figura 3.4 mostram a segurança alimentar em cada
território CONSAD de MS, de forma separada. Podemos notar que o território
do Vale do Ivinhema (56,71% dos respondentes) apresentou maior índice de
segurança alimentar; o território tem maior percentual de famílias não
beneficiárias do programa Bolsa Família com segurança alimentar (77,54%) do
que o território de Iguatemi (71,36%) e Serra da Bodoquena (70,51%). O
território da Serra da Bodoquena apresentou o maior índice de insegurança
alimentar severa (4,37% dos respondentes), o maior índice relativo de
insegurança alimentar severa entre os beneficiários do programa Bolsa Família
(7,18%) foi o responsável por tal resultado.
TABELA 3.3: Percentual das famílias entrevistadas, beneficiárias e não-beneficiárias do Bolsa Família, segundo Estado de segurança alimentar, por território CONSAD de Mato Grosso do Sul.
Seg. alimentar
IA leve IA moderada
IA severa Total geral
Iguatemi 55,25% 32,00% 9,75% 3,00% 100,00% Não Bolsa Família 71,36% 23,47% 3,76% 1,41% 100,00%
Bolsa Família 36,90% 41,71% 16,58% 4,81% 100,00% Ivinhema 56,71% 31,65% 7,85% 3,80% 100,00%
Não Bolsa Família 77,54% 17,11% 3,21% 2,14% 100,00% Bolsa Família 37,98% 44,71% 12,02% 5,29% 100,00% Bodoquena 55,10% 31,55% 8,98% 4,37% 100,00%
Não Bolsa Família 70,51% 22,12% 5,53% 1,84% 100,00% Bolsa Família 37,95% 42,05% 12,82% 7,18% 100,00% Total geral 55,68% 31,73% 8,86% 3,73% 100,00%
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
27
71,4%
36,9%
77,5%
38,0%
70,5%
37,9%
23,5%
41,7%
17,1%
44,7%
22,1%
42,1%
3,8%
16,6%
3,2%
12,0%
5,5%
12,8%
1,4%
4,8%
2,1%
5,3%
1,8%
7,2%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
Não bolsa família
Bolsa Família
Não bolsa família
Bolsa Família
Não bolsa família
Bolsa Família
Iguatemi
Ivinhema
Bodoquena
Seg. alimentar
IA leve
IA moderada
IA severa
Figura 4 - Percentual das famílias entrevistadas, beneficiárias e não-beneficiárias do programa Bolsa Família, segundo estado de segurança alimentar, nos
território CONSAD de Iguatemi, Vale do Ivinhema e Serra da Bodoquena (Mato Grosso do Sul).
Fonte: elaborado pela autora com dados da pesquisa.
28
Quanto à insegurança nutricional nos territórios estudados, nota-se na
figura 3.5 que o excesso de peso, tanto sobrepeso quanto obesidade, é um
problema mais abrangente que aquele que o baixo peso. Enquanto a
desnutrição atinge, em média, 3,38% da população residente nos três
territórios CONSAD de MS, o sobrepeso atinge cerca de 31% e a obesidade
21%, ou seja, mais de metade da população está acima do peso. Nota-se que,
os territórios estudados possuem maiores índices de desnutrição e obesidade
que o índice nacional, 2,7% e 14,8%, respectivamente, dados da POF
2008/2009 (IBGE, 2010).
FIGURA 3.5: Índices de nutrição (desnutrição; peso normal; sobrepeso e obesidade) nos territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul.
Fonte: elaborado pela autora com dados da pesquisa. O território com o maior percentual de pessoas com sobrepeso (33,33%)
e obesas (24,58%) é a Serra da Bodoquena. Por outro lado, o território de
Iguatemi tem o maior índice de desnutrição (4,37%).
Análise dos construtos
Primeiramente, os dados coletados foram analisados utilizando-se
estatística descritiva, cujos resultados são mostrados na tabela 3.4. West,
Finch e Curran (1995) sugerem que uma curtose igual ou superior a 7 é
indicativa de não-normalidade dos dados. Nesse sentido, encontrou-se
29
distribuição não-normal para a variável renda familiar per capita, freqüência de
consumo de arroz e desnutrição. Como fator de correção para distribuição não-
normal, utilizou-se o bootstrapping, que consiste em um procedimento de
reamostragem no qual a amostra original é considerada para representar a
população, permitindo assumir que os dados da amostra se comportam como
os dados da população (HAIR-JUNIOR et al., 2005).
Para que seja realizado o bootstrapping o software AMOS requer que
não existam dados em branco ou missing datas (ARBUCKLE, 2007), neste
sentido, questionários contendo missing datas não foram analisados. No total,
1.000 questionários foram utilizados na análise de dados.
TABELA 3.4: Cálculo da normalidade e estatística descritiva.
Variável Mínimo Máximo Assimetria Média Desvio Padrão Curtose
Água 0 1 -3,39 0,93 0,25 9,764 Arroz 0 7 2,603 1,84 0,60 27,397
Autoconsumo 0 1 1,907 0,16 0,36 1,635 Bolsa Família 0 1 0,056 0,49 0,5 -1,997
Carne 0 7 1,466 1,59 1,03 4,625 CN_1 1 5 -0,669 3,27 1,29 -0,824 CN_2 1 5 -1,516 4,04 0,93 2,775 CN_3 1 5 -1,715 4,32 0,74 5,187
Desnutrição 0 1 5,06 0,04 0,18 23,608 Escolaridade 1 5 0,508 2,43 1,04 -0,373
Esgoto 0 1 1,09 0,26 0,43 -0,81 Frutas 0 5 1,872 0,67 0,68 5,547
Hortaliças 0 5 1,207 0,82 0,67 2,861 N°refeições 1 6 0,386 3,00 0,80 0,444 Obesidade 1 2 1,366 1,22 0,41 -0,134
Preço 1 5 -0,344 3,67 1,07 -0,513 Renda familiar percapita 14 3200 3,426 309,62 380,42 14,851
Sabor 1 5 -0,077 3,43 0,88 0,103 Saúde 1 5 -0,145 3,77 0,89 -0,483
Segurança Alimentar 0 3 1,216 0,61 0,79 0,901 Sobrepeso 1 3 0,474 1,75 0,79 -1,26
Multivariate 100,132 Fonte: Oliveira (2010c) com dados da pesquisa.
30
Em seguida, calculou-se o índice de confiabilidade de consistência
interna dos construtos e seus indicadores, utilizando o alfa de Crombach. De
acordo com Hair-Junior et al.(2005), índices de alfa de Crombach acima de 0,6
são aceitáveis em pesquisas exploratórias. Neste sentido, os resultados
alcançados foram considerados satisfatórios (quadro 3.3).
QUADRO 3.3: Alfa de Crombach da amostra - análise por construto. Construto Variáveis observáveis Alfa de
Crombach
Variáveis socioeconômicas Escolaridade 0,7909 Renda - Renda familiar per capita
Comportamento do
consumidor de alimentos
Preferências
Preço - Nível de importância dado ao preço no processo de escolha dos alimentos
0,6918 Sabor - Nível de importância dado ao sabor no Processo de escolha dos alimentos Saúde - Nível de importância dado à saudabilidade no processo de escolha dos alimentos
Hábitos de
consumo
N°refeições - Número de refeições/dia realizadas
0,6819 Frequência diária de consumo de arroz Frequência diária de consumo de carne Frequência diária de consumo de hortaliças Frequência diária de consumo de frutas
Conhecimento Nutricional
CN_1 - Considera importante comer várias vezes ao dia em pequenas quantidades
0,714 CN_2 - Considera importante ter uma alimentação variada CN_3 - Considera importante comer fruta e verdura
Acesso a saneamento básico Acesso à água encanada
0,6818 Acesso a esgoto
Fonte: Oliveira (2010c) com dados da pesquisa.
As técnicas de SEM nem sempre são apropriadas, e existem situações
em que técnicas de regressão de primeira geração são mais adequadas, como
no caso em que existe suspeita de não linearidade dos dados, pois o método
de SEM é capaz de detectar apenas relações lineares entre os dados (GEFEN;
STRAUB; BOUDREAU, 2000). Sendo assim, como a segurança nutricional
tem, teoricamente, uma relação não-linear com segurança alimentar em países
de renda alta (MAURO et al., 2008; WANG et al., 2007; HANSON; CHEN,
2007; GORDON-LARSEN et al., 2006; OKOSUN et al., 2006) e média alta
(OLIVEIRA et. al, 2010a; 2010b), como o Brasil, considerou-se necessário
explorar a relação entre as variáveis nos dados da pesquisa antes de incluí-la
31
no modelo. Para tanto, elaborou-se um gráfico com a distribuição de freqüência
entre as duas variáveis, seguido de um teste qui-quadrado, para avaliar a
significância de tal distribuição. O teste qui-quadrado foi considerado
significativo, com p-valor de 0,00, sendo que a figura 3.6 comprova a existência
de relação não-linear entre as variáveis; mais precisamente, os dados possuem
tendência polinomial, pois nota-se que famílias com insegurança alimentar têm
maior tendência tanto à desnutrição quanto à obesidade, devido à diminuição
da constância e da qualidade na alimentação.
FIGURA 3.6: Nível de segurança nutricional nos diferentes estágios de segurança alimentar.
Fonte: Oliveira (2010c) com dados da pesquisa.
Para análise de indicadores que possuem comportamento não-linear,
utilizando métodos que exigem relações lineares, como no caso da modelagem
de equações estruturais, Hair-Junior et al. (2005) sugerem transformar os
dados para tentar linearizar a associação. Para isso, a variável pode ser
subdividida de forma que cada parte apresente tendência linear. Sendo assim,
a variável segurança nutricional foi dividida em três (desnutrição, sobrepeso e
obesidade), a qual não foram identificadas no estudo como compondo o
mesmo construto.
Após o cálculo da consistência interna dos dados, realizou-se uma
análise fatorial confirmatória, discutida na próxima seção.
2,30%
45,07%
33,88%
18,75%
3,47%
43,93%
29,77%
22,83%
8,82%
44,12%
20,59%
26,47%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
50,00%
Desnutrição Peso Normal Sobrepeso Obesidade
Segurança alimentar Insegurança leveInsegurança moderada e severa Curva de tendência Polinomial
32
Análise Fatorial Confirmatória Nesta seção será realizada a análise da estrutura fatorial proposta na
seção anterior.
Estimação e Teste do Modelo
O método de estimação utilizado na análise de equações estruturais foi
o de máxima verossimilhança ou Maximum Likelihood. Este método assume
que as variáveis sejam contínuas. Este estudo utilizou-se tanto de variáveis
categóricas, como escala Likert e variáveis dummy. Porém, de acordo com
Byrne (2010), tais dados são categóricos de escala ordinal, sendo utilizados
como variáveis ordinais na estatística tradicional e em diversos estudos de
modelagem de equações estruturais (COUSINS et al., 2006; THEODORIDIS;
CHATZIPANAGIOTOU, 2009).
Como medida de análise da significância de cada parâmetro
especificado, o teste de razão crítica ou critical ratio (CR), obtido pela divisão
da estimativa não-padronizada do parâmetro dividida pelo seu erro padrão, foi
adotado. Para ser considerado significativo, o teste precisa ser, em módulo,
maior que 1,96, a um nível de significância de 0,05. Na tabela 3.5, pode-se
observar o CR; os resíduos padronizados (SE); os p-valores e a estimação dos
pesos de regressão padronizados (SR), que informam o quanto os parâmetros
endógenos dependem dos exógenos. Todos os índices foram considerados
significativos.
33
TABELA 3.5: Estimativa da análise fatorial confirmatória. Variáveis Construtos Estimação S.R SE CR P
Sabor <--- Preferências ,706 ,392 ,102 6,920 ,000 Hortaliças <--- Hábitos 1,000 ,507 Frutas <--- Hábitos 1,060 ,529 ,092 11,501 ,000 Carne <--- Hábitos ,692 ,227 ,146 4,748 ,000 N_refeições <--- Hábitos ,725 ,307 ,122 5,917 ,000 Arroz <--- Hábitos -,325 -,184 ,083 -3,901 ,000 cn_1 <--- Conhecimento nutricional 1,046 ,378 ,153 6,849 ,000 cn_2 <--- Conhecimento nutricional 1,144 ,570 ,164 6,972 ,000 Saúde <--- Preferências 1,000 ,553 Preço <--- Preferências 1,026 ,473 ,238 4,315 ,000 cn_3 <--- Conhecimento nutricional 1,000 ,625 Escolaridade <--- Variáveis socioeconomicas ,002 ,528 ,000 9,982 ,000 Renda <--- Variáveis socioeconomicas 1,000 ,613 Preço <--- Variáveis socioeconomicas -,003 -,647 ,000 -7,809 ,000 Água <--- Acesso a saneamento básico ,308 ,132 ,115 2,683 ,007 Esgoto <--- Acesso a saneamento básico 1,000 ,247 Fonte: Oliveira (2010c) com dados da pesquisa.
Além disso, foram analisadas a covariância e a correlação entre os
construtos e os indicadores estudados. Os resultados mostram que, a um nível
de significância de 0,05, todos os construtos estão correlacionados, com
exceção de “acesso a saneamento básico” e “preferências” (p-valor 0,788), o
que pode ser observado na tabela 3.6.
TABELA 3.6: Covariâncias e correlações entre os construtos analisados na pesquisa.
Variáveis Endógenas
Variáveis Exógenas Estimate SE C.R P Correlação
Hábitos <--> Variáveis Socioeconomicas 54,185 6,750 8,028 *** ,689
Hábitos <--> Conhecimento Nutricional ,051 ,011 4,714 *** ,324
Conhecimento Nutricional <--> Variáveis
Socioeconomicas 27,484 6,661 4,126 *** ,254
Preferências <--> Acesso a
saneamento básico
,003 ,009 ,269 ,788 ,047
Variáveis Socioeconomicas <-->
Acesso a saneamento
básico 12,925 4,000 3,232 ,001 ,512
Preferências <--> Variáveis Socioeconomicas 46,396 9,089 5,105 ,000 ,405
Preferências <--> Conhecimento Nutricional ,125 ,018 6,797 ,000 ,551
Preferências <--> Hábitos ,048 ,013 3,656 ,000 ,291
34
Hábitos <--> Acesso a
saneamento básico
,037 ,007 4,980 ,000 1,009
Conhecimento Nutricional <-->
Acesso a saneamento
básico ,015 ,008 1,992 ,046 ,303
ep2 <--> ep3 ,102 ,040 2,559 ,011 ,170 ecn3 <--> ecn1 -,121 ,039 -3,065 ,002 -,176 ecn1 <--> eh1 ,124 ,031 3,983 ,000 ,137 eh5 <--> eh4 ,126 ,019 6,446 ,000 ,382 eh2 <--> eh3 ,161 ,020 8,174 000 ,275 eh1 <--> eh2 ,071 ,014 4 ,919 ,000 ,161
Fonte: Oliveira (2010c) com dados da pesquisa.
Todavia, os construtos “acesso a saneamento básico” e “hábitos de
consumo” apresentam correlação maior que 1, sendo um indicativo de
multicolinearidade. Neste caso, Byrne (2010) e Hair-Junior et al. (2005)
sugerem que um dos construtos seja eliminado. O construto “acesso a
saneamento básico” é o único que possui variância não significativa, ou seja, a
população é relativamente homogênea no que diz respeito a acesso a água
encanada e esgoto, como mostra a tabela 3.7. Nesse sentido, optou-se por
retirar o referido construto da análise de relações causais, a ser realizada na
próxima seção.
TABELA 3.7: Variância dos construtos e indicadores.
Estimate SE C.R P
Preferências
,240 ,056 4,281 ***
Hábitos
,114 ,021 5,322 ***
Conhecimento_Nutricional
,215 ,037 5,820 ***
Variáveis_Socioeconomicas
45208,333 7685,790 5,882 ***
Acesso a_saneamento_básico
,010 ,012 ,837 ,403
ep2
,548 ,056 9,841 ***
ep3
,666 ,043 15,433 ***
ecn3
,335 ,035 9,623 ***
ecn2
,583 ,046 12,623 ***
ecn1
1,415 ,081 17,400 ***
eh5
,327 ,022 14,650 ***
eh4
,329 ,023 14,071 ***
evs1
,834 ,053 15,804 ***
ep1
,619 ,092 6,729 ***
eh1
,572 ,028 20,461 ***
eh2
,342 ,016 21,709 ***
35
eh3
,995 ,047 21,356 ***
evs2
99339,645 7533,850 13,186 ***
eas1
,063 ,003 20,907 ***
eas2
,183 ,014 13,177 ***
Fonte: Oliveira (2010c) com dados da pesquisa.
O modelo proposto na análise fatorial confirmatória foi considerado
adequado após a inclusão da variável preço (nível de importância dada ao
preço no processo de escolha dos alimentos) no construto “variáveis
socioeconômicas” (com um peso de regressão padronizado de 0,65), sendo
mantida também no construto “preferências”, ou seja, a variável preço passou a
ser considerada como compondo os dois fatores. Tal pratica é suportada
teoricamente, pois a modelagem de equações estruturais permite correlação
entre os fatores, como salientado por Byrne (2010).
Índices de ajuste da análise fatorial confirmatória
As medidas de ajuste absoluto do modelo revelam um CMIM (qui-
quadrado) de 159,39, com 73 graus de liberdade e uma relação entre Qui-
Quadrado e graus de liberdade (CMIN/DF) igual a 2,183, sendo que este valor
precisa ser menor do que 5 (SCHUMACKER; LOMAX, 2004), o valor
encontrado é satisfatório. O Índice de Ajuste do Modelo ou Goodness of Fit
Index (GFI) é o cálculo da discrepância entre a matriz de covariância da
amostra e a matriz de covariância do modelo proposto. O Adjusted Goodness
of Fit Index (AGFI) difere do GFI apenas porque ele é um índice ajustado pelo
número de graus de liberdade da amostra. Os índices variam entre zero e um,
sendo que os valores superiores a 0,90 são considerados satisfatórios para
Shevlin e Miles (1998) e Hair-Junior et al. (2005). Byrne (2010) e Hooper,
Coughlan e Mullen (2008) possuem uma opinião mais conservadora e
recomendam que o modelo seja aceito caso tenham GFI e AGFI superiores a
0,95. Sendo assim, os resultados obtidos neste estudo foram considerados
satisfatórios (quadro 3.4), mesmo de acordo os autores mais conservadores.
O Comparative Fit Index (CFI) e o Normed Fit Index (NFI) são medidas
comparativas entre o modelo hipotético e o modelo independente. O CFI difere
do NFI pelo fato do primeiro levar em consideração o tamanho da amostra.
36
Segundo Hair-Junior et al. (2005) o critério de aceite das medidas de ajuste
comparativas citadas são valores maiores que 0,90. O Root Mean Square error
of Aproximation (RMSEA) é considerado um dos critérios mais informativo no
que diz respeito à modelagem de equações estruturais. O índice leva em conta
o erro de aproximação da população. Brown (2009) e Byrne (2010) dizem que
RMSEA menores que 0,05 são sinais de excelente ajuste, sendo o valor
encontrado no estudo (0,038) considerado satisfatório.
QUADRO 3.4: Índices de adequabilidade do modelo - valores mínimos considerados satisfatórios e resultados encontrados neste estudo.
Tipo Índices Nível de Aceitação
Resultado Obtido
Medidas de Ajuste Absoluto
CMIM (Qui-Quadrado) Não definido 159,36 Graus de liberdade (DF) ≥ 1 73
CMIN/DF < 5 2,183 Goodness of Fit Index (GFI) 0,90 0,982
Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI)
0,90 0,968
Medidas de
Ajuste Comparativo
Comparative Fit Index (CFI) 0,90 0,947 Normed Fit Index (NFI) 0,90 0,916
Tucker Lewis Index (TLI) 0,90 0,919
Medidas de Ajuste
Parcimonioso
Root Mean Square error of Aproximation (RMSEA) < 0,05 0,038
Fonte: Oliveira (2010c) a partir de Hair-Junior et al. (2005) e de dados da pesquisa.
O modelo final da análise fatorial confirmatória é mostrado na figura 3.7.
37
Figura 3.7: Modelo final da análise fatorial confirmatória Fonte: elaborado pelos autores com dados da pesquisa.
Uma vez confirmados os construtos a serem utilizados na pesquisa, o
modelo estrutural ou modelo de “caminhos” será analisado a seguir.
38
Análise do modelo estrutural Após adaptados e confirmados os construtos e indicadores a serem
utilizados na análise de caminhos, realizou-se o teste das estruturas de
relações causais entre eles e as demais variáveis a serem investigadas na
pesquisa, de acordo com o modelo proposto teoricamente.
Estimação e teste do modelo estrutural
Todos os pesos de regressão foram considerados significativos a um
nível de 0,05, como apresentados na tabela 3.8. Também, todas as variâncias,
covariâncias, correlações, médias (means) e interceptos (intercepts)
pressupostos no modelo atingiram o nível de significância estabelecido.
TABELA 3.8: Estimativa do modelo estrutural de segurança alimentar e nutricional. Variáveis endógenas Variáveis exógenas Estimativa SR SE CR P (In)Segurança Alimentar <-- Variáveis_Socioeconômicas -,001 -,36 ,000 -6,934 ,000 Conhecimento_Nutricional <-- Variáveis_Socioeconômicas ,000 ,213 ,000 3,996 ,000 (In)Segurança Alimentar <-- Autoconsumo -,140 -,06 ,063 -2,243 ,025 (In)Segurança Alimentar <-- Bolsa Família ,251 ,159 ,061 4,124 ,000 Preferência <-- Conhecimento_Nutricional ,629 ,569 ,098 6,410 ,000 Hábitos de_Consumo <-- Conhecimento_Nutricional ,106 ,217 ,033 3,221 ,001 Hábitos de_Consumo <-- (In)Segurança Alimentar -,088 -,31 ,019 -4,659 ,000 Hábitos de_Consumo <-- Variáveis_Socioeconômicas ,000 ,443 ,000 4,843 ,000 N°refeições <-- Hábitos de_Consumo 1,000 ,279
desnutrição <-- (In)Segurança Alimentar ,027 ,116 ,007 3,707 ,000 obesidade <-- (In)Segurança Alimentar ,028 ,053 ,009 3,017 ,003 Escolaridade <-- Variáveis_Socioeconômicas ,002 ,459 ,000 10,661 ,000 cn_1 <-- Conhecimento_Nutricional 1,056 ,376 ,154 6,842 ,000 Arroz <-- Hábitos de_Consumo -,419 -,15 ,131 -3,185 ,001 Carne <-- Hábitos de_Consumo 1,167 ,253 ,249 4,691 ,000 Hortaliças <-- Hábitos de_Consumo 1,629 ,544 ,271 6,015 ,000 Frutas <-- Hábitos de_Consumo 1,690 ,555 ,280 6,044 ,000 sabor <-- Preferência ,687 ,393 ,106 6,491 ,000 preço <-- Preferência ,703 ,332 ,164 4,301 ,000 saúde <-- Preferência 1,000 ,570
cn_2 <-- Conhecimento_Nutricional 1,154 ,567 ,160 7,219 ,000 cn_3 <-- Conhecimento_Nutricional 1,000 ,616
Renda <-- Variáveis_Socioeconômicas 1,000 ,712
preço <-- Variáveis_Socioeconômicas -,002 -,50 ,000 -10,81 ,000 Fonte: Oliveira (2010c) com dados da pesquisa.
39
Depois de testada e confirmada a significância de cada relação
estabelecida, analisou-se a adequabilidade do modelo como um todo,
apresentado a seguir.
Índices de ajuste do modelo estrutural
O modelo final foi considerado adequado, de acordo com os critérios
apresentados no quadro 3.5.
QUADRO 3.5: Índices de adequabilidade do modelo - valores mínimos considerados satisfatórios e resultados encontrados neste estudo.
Índices de
adequabilidade do modelo
Nível de Aceitação
Resultado Obtido
Medidas de Ajuste Absoluto
CMIM (Qui-Quadrado) - 279,853 Graus de liberdade (DF) > 1 137
CMIN/DF < 5 2,043 Goodness of Fit Index
(GFI) > 0,90 0,972
Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) > 0,90 0,961
Medidas de Ajuste
Comparativo
Comparative Fit Index (CFI) > 0,90 0,955
Normed Fit Index (NFI) > 0,90 0,915 Tucker Lewis Index (TLI) > 0,90 0,944
Medidas de Ajuste
Parcimonioso Root Mean Square error of
Aproximation (RMSEA) < 0,05 0,032
Fonte: Oliveira (2010c) com base em Hair-Junior et al. (2005).
O modelo final pode ser contemplado na figura 3.8. Todas as hipóteses
deste estudo foram aceitas, com exceção da hipótese 5, que não pode ser
verificada devido à necessidade de exclusão do construto “acesso a
saneamento básico” da pesquisa, justificada acima.
40
QUADRO 3.6: Hipóteses deste estudo e resultados alcançados. Hipóteses Resultado
Hipótese 1
As variáveis socioeconômicas influenciam o comportamento do consumidor de alimentos Aceita
Hipótese 2
As variáveis socioeconômicas são determinantes da segurança alimentar. Aceita
Hipótese 3
A insegurança alimentar tem relação de causa efeito com a insegurança nutricional. Aceita
Hipótese 4
O acesso a serviços sociais impacta a segurança alimentar Aceita
Hipótese 5
O acesso a serviços de saneamento básico impacta a segurança alimentar e nutricional
Não verificada
Hipótese 6
O conhecimento nutricional impacta o comportamento de consumo de alimentos. Aceita
Hipótese 7
O autoconsumo impacta positivamente a segurança alimentar das famílias Aceita
Fonte: Oliveira (2010c) com dados da pesquisa.
41
Figura 3.8: Análise de caminhos e relações causais, utilizando modelagem de equações estruturais. Fonte: Oliveira (2010c) com dados da pesquisa.
42
Discussão dos resultados Esta seção objetiva avaliar se os resultados encontrados no presente
estudo permitem responder ao problema de pesquisa proposto. Nesse sentido,
retoma-se a questão de pesquisa desta dissertação:
“Quais as interações existentes entre o comportamento do consumidor, a
segurança alimentar e nutricional e variáveis socioeconômicas?”
Para tanto, avaliou-se as hipóteses inicialmente propostas, de acordo
com os resultados encontrados na pesquisa. Hipótese 1 - As variáveis socioeconômicas influenciam o comportamento do consumidor de alimentos
Os resultados confirmam que as variáveis socioeconômicas impactam o
comportamento de consumo de alimentos, inclusive no que diz respeito a
comportamentos considerados saudáveis. Encontrou-se que quanto maior é o
status socioeconômico, maior é o número de refeições diárias realizadas e a
frequência de consumo de alimentos como frutas e hortaliças. Os resultados
vão ao encontro do afirmado pela FAO (2008a) e Souza (2006).
Nota-se, portanto, que os pobres são flexíveis em suas decisões de
compra de alimentos quando o ambiente econômico muda, o que também foi
levantado por Leibtag e Kaufman (2003), Mackereth e Milner (2007), Darmon,
Ferguson, Briend (2006), Lima-Filho e Oliveira (2009) e Hoffman (2007).
Este resultado tem implicações sobre políticas públicas, pois confirma
que produtos com alta elasticidade renda agregada não são veículos eficientes
para subsídios, porque as famílias de renda alta consomem mais e, portanto,
seriam mais beneficiadas que famílias de baixa renda, como também
destacado por Timmer, Falcon e Pearson (1983).
Hipótese 2 - As variáveis socioeconômicas são determinantes da segurança alimentar
O modelo mostra que quanto maior a renda familiar per capita e a
escolaridade do chefe de família, menor a probabilidade de insegurança
alimentar. A estatística descritiva dos dados revela que a probabilidade de uma
família cujo chefe não possui escolaridade ou possui apenas o ensino primário
apresentar segurança alimentar é de menos de 50% (44,64% para não
43
escolarizados e 48,87% para pessoas que possuem apenas o ensino primário).
Por outro lado, em famílias cujo chefe tem ensino superior a probabilidade de
segurança alimentar é de 92,68% e 0,00% de insegurança alimentar moderada
ou severa.
Os resultados vão ao encontro dos estudos de Nord et al. (2008), Smith
(1998), Oliveira et.al. (2010b) e Feleke, Kilmer e Gladwin (2005) e mostram que
o investimento em educação e políticas de geração de emprego e renda
nesses municípios são fatores importantes para o aumento da SAN.
Hipótese 3 - A insegurança alimentar tem relação de causa efeito com a insegurança nutricional.
Nota-se que a insegurança alimentar exerce impacto sobre os hábitos
de consumo no que diz respeito às categorias de alimentos analisadas, pois
quanto menor é a freqüência de consumo, maior a insegurança alimentar.
Também podemos notar no modelo que conforme aumenta a insegurança
alimentar, aumenta o percentual de desnutridos; o mesmo acontece com o
percentual de obesos, que vai de 19,65% na população com segurança
alimentar para 26,87% na população com insegurança alimentar moderada e
severa. Os resultados revelam, ainda, que na população com insegurança
alimentar as diferenças entre os índices nutricionais tendem a se concentrar
nos extremos, tanto na desnutrição como na obesidade.
O dado de que a população com insegurança alimentar apresenta
maiores índices de obesidade e/ou desnutrição sugere a hipótese de que a
amplitude do IMC é maior nessas famílias. Sendo assim, para efeito
complementar calculou-se também a amplitude do IMC dentro de cada família,
ou seja, a diferença entre o menor e o maior IMC. Depois de efetuado o
cálculo, realizou-se a média da amplitude do IMC dentro de famílias com
diferentes níveis de segurança alimentar; as famílias com segurança alimentar
apresentam uma amplitude média de IMC de 5,80, com insegurança alimentar
leve 6,06, com insegurança alimentar moderada 6,67 e com insegurança
alimentar grave 6,98. Estes resultados confirmam a hipótese que a amplitude
média do IMC da família aumenta de acordo com o agravamento do Estado de
insegurança alimentar.
44
Sendo assim, este estudo confirma os resultados de diversos outros estudos
(GIBSON, 2003; SARLIO-LAHTEENKORVA; LAHELMA, 2001; MAURO et al.,
2008, WANG et al., 2007; HANSON; CHEN, 2007; GORDON-LARSEN et al.,
2006), que têm associado a insegurança nutricional leve com a obesidade e a
insegurança alimentar severa com a desnutrição.
A relação entre obesidade e baixo status socioeconômico revela que os
territórios estudados seguem a mesma tendência encontrada em países de
renda alta, como EUA (GORDON-LARSEN et al., 2006; OKOSUN et al., 2006;
ALBRIGTH et al., 2005; MOLNAR et al., 2004; BOVE; OLOSON, 2006;
ESTABROOKS et al., 2003), Canadá (JANSSEN et al., 2006), Austrália
(PROPER et al., 2007; DOLLMAN et al., 2007) e Nova Zelândia (METCALF et
al., 2007).
Em conformidade com Townsend et al. (2001) e Adams, Grummer-
Strawn e Chavez (2003), a explicação para o fato de famílias em situação de
insegurança alimentar serem mais propensas à obesidade e à desnutrição se
encontra no acesso inconsistente aos alimentos, caracterizado por períodos de
subconsumo seguidos de consumo excessivo, visto como forma de
compensação. Monteiro (2003) acrescenta, ainda, outra questão, que é o fato
de que população de baixa renda, mesmo tendo acesso ao alimento, tende a
economizar na compra mediante redução da qualidade e variedade, o que foi
confirmado neste estudo (hipótese 1), que incluiu orientação a preço como
variável socioeconômica.
Portanto, concluí-se que aumentar a segurança alimentar da população
é um fator importante para o aumento da segurança nutricional.
Hipótese 4 - O acesso a serviços sociais impacta a segurança alimentar
O acesso a serviços sociais, caracterizado no estudo como acesso a
benefícios do programa Bolsa Família, foi considerado relacionado à segurança
alimentar e nutricional. Porém, apesar do programa contribuir para o aumento
da renda, que contribui para o aumento da segurança alimentar, os resultados
mostram que a população assistida pelo programa Bolsa Família nos territórios
CONSAD tem um maior índice de insegurança alimentar que a população não-
beneficiária. Neste sentido, nota-se que o programa de auxílio financeiro do
45
governo federal não é suficiente para garantir a segurança alimentar dessas
famílias.
Hipótese 5 - O acesso a serviços de saneamento básico impacta a segurança alimentar e nutricional A hipótese não foi testada devido à multicolinearidade com o construto
“hábitos de consumo de alimentos” e à variância não significativa, que indica
certa homogeneidade da população amostrada no quesito.
Hipótese 6 - O conhecimento nutricional impacta o comportamento de consumo de alimentos.
O modelo mostra que as variáveis socioeconômicas impactam o
conhecimento nutricional, o qual, por sua vez, impacta o comportamento do
consumidor. Nesse sentido, percebe-se que o conhecimento que os indivíduos
possuem das variáveis nutricionais dos alimentos exerce influência sobre a
percepção que eles têm das variáveis relacionadas aos produtos alimentícios,
de forma a modificar seu comportamento. Os resultados encontrados vão ao
encontro das afirmações de Drichoutis, Lazaridis e Nayga (2007); Berg et al.,
(2002); Tepper, Choi e Naiga-Jr (1997); e Raghunathan, Naylor e Hoyer (2006).
Isso mostra que políticas a necessidade de política de informação que
tenham como objetivo conscientizar a população, principalmente a de baixa
renda e escolaridade, da necessidade de hábitos alimentares saudáveis.
Hipótese 7 - O autoconsumo impacta positivamente a segurança alimentar das famílias.
Os resultados sugerem que famílias que praticam autoconsumo têm
menor probabilidade de possuírem insegurança alimentar. Portanto, conclui-se
que a posse de hortas e/ou criação de animais aumenta a segurança alimentar
das famílias e sugere-se ao poder público políticas que estimulem as hortas
urbanas e a agricultura de subsistência para famílias de baixa renda. Os
resultados da pesquisa mostram que 84,11% não plantam ou criam animais
para consumo próprio e 15,89% o realizam.
Os resultados corroboram com outros estudos realizados no Brasil,
como o de Dombek (2006), que investigou o autoconsumo e segurança
46
alimentar em assentamentos rurais do Pontal do Paranapanema. Também,
estudos realizados em outros países do mundo têm chegado ao mesmo
resultado, como a análise de Watkinson e Makgetla (2002) e Human Science
Research Council (2004), na Africa do Sul.
47
4. INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Esta seção, 4, volta a discutir a questão da (in) segurança alimentar, nos
territórios dos Consórcios de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local de
Mato Grosso do Sul, porém com ênfase na questão nutricional e dos
desdobramentos da insegurança alimentar e nutricional em relação à saúde.
Da segurança a insegurança alimentar e nutricional A SAN passa pelos pré-requisitos: disponibilidade, acesso, consumo e
utilização biológico. A disponibilidade e acesso dizem respeito a existência de
alimentos e acesso aos mesmos, enquanto o consumo refere-se a aspectos
culturais e a utilização biológica a correta assimilação dos alimentos pelo
organismo. Um dos requisitos não atendidos resulta na insegurança alimentar e
nutricional. As discussões nesta seção são voltadas aos dois últimos aspectos
citados, consumo e utilização biológica.
Consumo alimentar é a caracterização qualitativa e quantitativa do tipo
de alimentação de um indivíduo, grupo ou população e está fortemente ligado a
fatores sócio-econômicos, culturais e religiosos, de acordo com as
características estruturais de cada população como a cultura, regionalidade,
condições produtivas, urbana e rural (GALEAZZI; BONVINO; LOURENÇO
et.al., 1996).
Segundo Vasconcelos (2007), estado nutricional é conceituado como a
condição de saúde de um indivíduo, influenciada pelo consumo e utilização de
nutrientes, identificada pela correlação de informações obtidas de estudos
físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos. De forma mais concisa, o MDS
(2006) afirma que o Estado nutricional, no plano individual ou biológico, resulta
do equilíbrio entre consumo alimentar e gasto energético do organismo. Se a
alimentação fornece mais energia do que a requerida pelo organismo, a
energia excedente é acumulada na forma de gordura corporal.
O alimento consumido em uma refeição é considerado uma dieta. A
alimentação é parte do nosso cotidiano e, talvez por isso, nem sempre recebe
os cuidados merecidos. Uma má alimentação traz graves danos á saúde. Tanto
o estilo de vida quanto os fatores culturais ou geográficos e a posição
socioeconômica de uma determinada região influem na escolha e elaboração
48
da dieta do ser humano e, portanto, no Estado nutricional de uma população. O
homem costuma escolher seus alimentos muito mais pelo prazer com a textura,
gosto, aroma aparência ou conveniência, e raras vezes pelo valor nutricional e
funcional do produto.
Para ser considerada nutritiva, a refeição deve apresentar as seguintes
características:a) Adequação: deve fornecer o suficiente de cada nutriente
essencial (carboidratos, proteínas e gorduras), fibra e energia; b) Equilíbrio:
deve respeitar o balanço entre todos os nutrientes; c) Controle calórico: deve
fornecer energia suficiente para manter o peso apropriado se possível
associado á prática de exercícios físicos. Não se deve comer mais do que o
corpo necessita; d) Moderação: deve ser composta de alimentos que não
sejam fonte em excesso de gordura, sal e açúcar e; e) Variedade: diariamente
selecionar alimentos diferentes, variar cores e qualidades de alimentos.
As recomendações para a população brasileira, segundo o Guia Alimentar
(2006), são baseadas em consumo energético médio de 2.000 calorias diárias.
Não se trata propriamente de uma recomendação, mas uma estimativa da
necessidade média de energia para uma população que é considerada
sedentária.
Alimentos são produtos como frutas e legumes, verduras, carnes,
legumes, cereais, leite, ovos e seus derivados, entre outros. Os alimentos são
os responsáveis por fornecer nutrientes e energia ao corpo. Por sua vez,
nutrientes são substancias presentes nos alimentos, que o corpo precisa para
obter material necessário para sua própria manutenção (PALERMO, 2008).
Esses nutrientes são compostos de carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas
e os sais minerais, cada qual com uma importante função no desenvolvimento
e manutenção do organismo.
Para ter boa saúde é necessário comer variado, não muito, mas o
suficiente para garantir as atividades necessárias do dia-a-dia. Entretanto,
muitas vezes há disponibilidade de alimentos variados, mas por cultura, hábito
ou recomendação religiosa esses alimentos não são consumidos e a nutrição
não é a adequada, resultando em problemas como a Segurança Alimentar.
49
Educação alimentar A palavra educação significa o ato ou processo de educar ou qualquer
estágio desse processo. Paulo Freire acreditava ser algo mais. Ele afirmava
que o conhecimento é construído de forma integradora e interativa. Não é algo
pronto a ser apenas "apropriado" ou "socializado", que tem necessidade da
memorização.
Atualmente no Brasil, a saúde é influenciada por graves problemas de
fome e desnutrição, causados pela falta alimento. Ocorre também mortalidade
por enfermidades crônicas não-transmissíveis, causadas por alimentação
desbalanceada que independe das condições socioeconômicas (RAMALHO,
2000). Nesse contexto, a educação alimentar deve ser pensada como um
instrumento eficaz para evidenciar a importância da alimentação para a saúde
e os comprometimentos desta que poderão surgir de uma alimentação
inadequada (BRASIL, 1999).
A educação alimentar tem como objetivo construir uma alimentação
saudável, sem deixar de lado o que faz parte da cultura de cada indivíduo.
Educação alimentar deve ser valorizada em relação a reeducação alimentar,
porque o primeiro termo é mais constante, não derruba o que é feito pelo
indivíduo, apenas modifica algumas atitudes e valorizam outras. Educar no
âmbito da segurança alimentar e nutricional propicia conhecimentos e
habilidades que permitem às pessoas produzir, descobrir, selecionar e
consumir os alimentos de forma adequada, saudável e segura, assim como as
conscientizam quanto a práticas alimentares mais saudáveis, fortalece culturas
alimentares das diversas regiões do país e diminui o desperdício, por meio do
aproveitamento integral dos alimentos.
Doenças Crônicas não transmissíveis e outros fatores de risco relacionados ao Estado nutricional
Como se enfatizou, quando a alimentação é desbalanceada
nutricionalmente, ocorre Insegurança Alimentar, mesmo que haja abundancia
de comida. Entre as doenças e fatores de risco ligados a alimentação e
nutrição destacam-se: desnutrição, obesidade, diabetes, hipertensão, anemia,
e outras.
50
Desnutrição A desnutrição é uma deficiência de micronutrientes que pode coexistir no
mesmo domicílio com o excesso de peso e outras doenças crônicas não
transmissíveis. Caracteriza a transição nutricional que exige um modelo de
atenção à saúde (COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008). Segundo OMS (2000)
a desnutrição se desenvolve em fases. Primeiro ocorrem alterações na
concentração de nutrientes no sangue e nos tecidos, a seguir surgem
alterações nos níveis de enzimas, depois passa a ocorrer mal funcionamento
de órgãos e tecidos do corpo e então surgem sintomas de doença e pode
ocorrer a morte.
Hipernutrição Ao contrário da desnutrição, a hipernutrição ocorre pelo excesso de
nutrientes essenciais e pode ser o resultado da ingestão excessiva ou do uso
excessivo de vitaminas ou outros suplementos. Indivíduos com excesso de
peso ou obesidade são expostos ao consumo inadequado de alimentos. A
alimentação pobre de nutrientes, mas com alta densidade energética
proporcionada por açúcares, refrigerantes e alimentos com alto teor de gordura
é a causa da doença (PINHEIRO; CARVALHO, 2010).
Anemia
A anemia é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1992)
como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue encontra-se
abaixo do normal. Pode ser resultado da carência de um ou mais nutrientes
essenciais.
As gestantes são mais vulneráveis a deficiência de ferro devido às
variáveis como níveis de hemoglobina, peso ao inicio do acompanhamento pré-
natal, idade materna, numero de filhos anteriores e idade gestacional (DANI et
al., 2008). Segundo Azevedo et al. (2010) a anemia grave tem relevância
clínica, uma vez que contribui diretamente para a mortalidade entre mulheres e
crianças. A continuidade da suplementação é fundamental para a prevenção da
anemia grave.
As conseqüências da anemia dependem do grau de diminuição da
concentração da hemoglobina, manifestando-se nas formas mais brandas pela
51
diminuição da sensação de bem-estar e aumento da fadiga, afetando a
capacidade de trabalho, e nas formas mais graves, causando alterações do
comportamento psicológico e cansaço físico que pode chegar a insuficiência
respiratória e colapso do organismo (WHO, 1992).
Uma alimentação bem variada e rica em alimentos que naturalmente
possuem ferro e os enriquecidos ou fortificados com os nutrientes são formas
de evitar ou recuperar da anemia. As melhores fontes naturais de ferro são os
alimentos de origem animal, por possuírem um tipo de ferro melhor aproveitado
pelo organismo, tais como fígado e carne de qualquer animal (ARCANJO,
AMANCIO e BRAGA, 2009). Portanto, entre as ações básicas para prevenção
da anemia, destacam-se o controle das infecções parasitárias, a educação
sanitária associada a medidas de aumento do consumo de ferro, incluindo o
incentivo ao aleitamento materno, a fortificação de alimentos e a
suplementação medicamentosa (AZEVEDO et al., 2010). Uma vez instalada a
anemia, deve-se corrigir a doença com a reposição do estoque de ferro. O
sulfato ferroso é o sal mais indicado por sua boa absorção e baixo custo.
Diabetes
Monteiro et al. (2005) relatam a preocupação com as doenças crônicas
não transmissíveis, em especial a diabetes. Segundo os autores as transições
demográfica, nutricional e epidemiológica ocorridas determinaram um perfil de
risco em que doenças crônicas como o diabetes e a hipertensão assumiram
ônus crescente e preocupante. Ambas são condições prevalentes e
importantes problemas de saúde pública em todos os países,
independentemente de seu grau de desenvolvimento. Em 1995 foi estimado
que o diabetes mellitus atingia 4% da população adulta mundial e que, em
2025, atingirá 5,4% da população, o que equivalerá a aproximadamente 300
milhões de diabéticos. Ainda segundo King (1998) apud Monteiro et al. (2005) a
maior parte desse aumento se dará em países em desenvolvimento, onde se
acentuará o atual padrão de concentração de casos na faixa etária de 45-64
anos.
O diabetes mellitus é uma doença crônica, caracterizada pelo
comprometimento do metabolismo da glicose, cujo controle glicêmico
inadequado resulta no aparecimento das graves complicações caracterizadas
52
por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de
vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos
sangüíneos que reduzem a expectativa de vida e comprometem a qualidade de
vida do portador desta doença (BRASIL, 2007). Os sintomas são fadiga,
cansaço, sede e fome intensas, micção freqüente, sudorese, cefaléia,
palpitação, tremores e perda de peso. Apesar da excessiva fome, geralmente
os jovens e as crianças acometidos pela doença são magros (BRASIL, 2006).
O aumento da incidência de diabetes em termos mundiais tem sido
relacionado às modificações de estilo de vida que levam à obesidade, ao
sedentarismo e ao consumo de uma dieta rica em calorias e em gorduras
(NARAYAN, 2000 apud MONTEIRO et al. 2005).
Pessoas com excesso de peso ou história familiar de diabetes
apresentaram maiores riscos de ter diabetes ou tolerância diminuída à glicose. Para reverter o quadro da diabetes é necessário começar pela mudança
de estilo de vida, incluindo redução de peso, aumento da ingestão de fibras,
restrição energética moderada, restrição de gorduras, especialmente as
saturadas e aumento de atividade física regular (SARTORELLI; FRANCO,
2003).
Hipertensão A Hipertensão Arterial Sistêmica é uma doença crônica que gera
várias complicações cardiovasculares graves e altera o funcionamento de
órgãos importantes como rins, olhos (VERA; OLIVEIRA, 2009). Por não
apresentar sintoma e ser de evolução lenta, pode evoluir para doença arterial
coronariana, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica,
insuficiência renal e insuficiência cardíaca congestiva, dentre outras (TRAD et
al., 2010).
Para Vera e Oliveira, (2009) o nível de escolaridade influi diretamente na
aceitação das orientações acerca da patologia. Quanto mais baixa a
escolaridade, mais difícil se torna compreender o diagnóstico, a necessidade
da mudança de hábitos e seguir a orientação para medicação. Outros fatores
de risco são os hábitos tais como o consumo de bebida alcoólica, tabagismo,
histórico de hipertenso na família, obesidade, uso de sal em excesso na
53
alimentação, ser diabético, não se alimentar saudavelmente, ser afro-
descendente (LESSA, 2001).
O tratamento consiste em modificações no estilo de vida, com a redução
da quantidade ingerida de sal. Segundo Ferreira Filho et al. (2007), a pratica de
exercícios físicos apresenta efeitos positivos na qualidade de vida e é capaz de
reduzir os níveis de pressão artéria, desde que seja mantido de forma regular.
Obesidade Essa patologia tem se tornado freqüente mesmo em países em
desenvolvimento, nas quais persistem regiões e grupos sociais submetidos a
contextos de fome e desnutrição. Estudos apontam, inclusive para casos
simultâneos de desnutrição e de obesidade na mesma moradia (HONORATO
et al., 2010).
Para Petríbu, Cabral e Arruda (2009) os fatores de riscos nos últimos
30 anos destacam o tabagismo, a hipertensão arterial e a hipercolesterolemia
seguidos por diabetes, obesidade e a falta de atividades física.
Metodologia
Os dados do Questionário SAN foram organizados e analisados com
base nos índices:
Índice de mortalidade infantil: Foram obtidos de estatística oficial em âmbito mundial, nacional, regional, estadual e conforme cada município de cada CONSAD.
Índice de Desenvolvimento (peso, altura e idade) disponível na Questão II- Perfil Domiciliar do questionário SAN. Os dados disponíveis serão transformados em Indice de Desenvolvimento pela equação IMC: Peso atual\(altura)2
A partir dos valores obtidos são estabelecidos os seguintes pontos de corte:
• Adultos IMC <19,9 e >25,0 • Crianças (até 17 anos) somente o cálculo do IMC • Idosos (acima de 45 anos) IMC <18,5 e > ou =27
Número de refeições por dia: O ponto de corte são valores abaixo de 3 ou acima de 6 refeições. No entanto, o número de refeições sozinho não pode ser um parâmetro de segurança ou insegurança alimentar, pois este dado individual não diz se a família passa por necessidades por falta ou não de alimentos. Os valores de refeições diárias são relacionados somente a adultos e idosos.
54
Os índices obtidos foram cruzados com as demais questões e
comparados com índices equivalentes disponíveis na literatura e em dados
oficiais.
Índice de Mortalidade Infantil: Segundo a ONU (2010), a mortalidade infantil no Brasil caiu a uma taxa
anual de 4,8% de 1970 a 2010, enquanto a média anual de redução registrada
na análise de 187 países foi de 2,1%. É expressa em número de casos para
cada mil nascimentos vivos. Em 1970 era de 120,7 e caiu para 19,88 em 2010.
Mesmo assim pode ser considerada muito superior a dos países com o menor
índice de mortalidade como Islândia (2,6), Suécia (2,7) e Chipre (2,8). Na Itália,
o número é de 3,3, na Noruega de 3,4 e na França de 3,8. O Brasil também
perde em comparação com outros países em desenvolvimento, como o Chile
(6,48), Cuba (5,25), China (15,4), México (16,5), Colômbia (15,3) e Argentina
(12,8).
Em contrapartida, os países com o maior índice de mortalidade do
mundo são a Nigéria (168,7), Guiné-Bissau (158,6), Niger (161), Mali (161) e
Chade (114,4). As Tabelas 4.1, 4.2 e 4.3 apresentam os índices de mortalidade
infantil nos CONSAD de Mato Grosso do Sul.
TABELA 4.1: Taxa de mortalidade infantil nos municípios do CONSAD Bodoquena, MS.
Município Taxa de Mortalidade infantil População Óbitos/mil habitantes Habitantes
Jardim 11,47 24 174 Guia Lopes da laguna 14,78 10.407 Caracol 18,69 5.320 Porto Murtinho 22,22 15.527 Bodoquena 24,39 8.397 Bela Vista 24,64 23.726 Nioaque 5,21 15.693 Bonito 9,40 17.856 Fonte: IBGE (2008).
Os valores de taxa de mortalidade infantil do CONSAD Bodoquena
variam de 5,21 em Nioaque a 24,64 em Bela Vista que apresenta os maiores
índices. Embora altos os valores observados em Bela Vista estão abaixo dos
55
nacionais, mas acima dos índices da China (15,4), México (16,5), Colômbia
(15,3) e Argentina (12,8).
A Tabela 4.2 apresenta as taxas de mortalidade infantil do CONSAD
Iguatemi, mais elevados que os de Bodoquena, a não ser para o Município de
Sete Quedas. Seria importante estabelecer a causa de índices tão altos quanto
36 por mil em Paranhos.
TABELA 4.2: Taxa de mortalidade infantil nos municípios do CONSAD Iguatemi, MS.
Município Taxa de Mortalidade Infantil População Óbitos/mil habitantes Habitantes
Eldorado 11,81 12.421 Itaquiraí 11,95 17.603 Naviraí 13,60 45.627 Coronel Sapucaia 14,29 14.569 Iguatemi 14,87 15.222 Ponta Porã 18,57 75.941 Mundo Novo 24,05 16.506 Tacuru 27,15 9.554 Japorã 33,18 7.752 Paranhos 35,97 11.553 Sete Quedas 9,00 10.955 Fonte: IBGE (2008).
A Tabela 4.3 apresenta a taxa de mortalidade infantil do CONSAD Vale
do Ivinhema, com os menores valores médios entre os três CONSAD.
TABELA 4.3: Taxa de mortalidade infantil nos municípios do CONSAD Ivinhema, MS.
Municipio Taxa de Mortalidade Infantil População
Óbitos/mil habitantes Habitantes Batayporã Sem informação 10.885 Bataguassu 11,73 19.596 Taquarussu 17,24 3.165 Nova Andradina 5,76 45.916 Anaurilandia 7,63 8.697 Batayporã Sem informação 10.885 Bataguassu 11,73 19.596 Taquarussu 17,24 3.165 Nova Andradina 5,76 45.916 Anaurilandia 7,63 8.697 Batayporã Sem informação 10.885
Fonte: IBGE (2008).
56
Resultados da pesquisa A Tabela 4.4 apresenta os municípios com maior número de
entrevistados por região do CONSAD.
TABELA 4.4: Perfil dos amostrados por território CONSAD. Municípios (Região) Total Urbano (%) Rural (%)
CONSAD - Vale do Ivinhema 362 326 90,06 36 9,94 CONSAD - Iguatemi 232 195 84,05 37 15,95 CONSAD - Serra da Bodoquena 220 199 90,45 21 9,55
Número total de entrevistados (n=1.202)
O número amostral de entrevistados foi de 1.202, desses foram
aplicados 89,1% em zona urbana e 10,9% em zona rural. O percentual de
entrevistados da zona rural foi muito pequeno, o que prejudica qualquer
conclusão sobre os resultados obtidos. Observa-se que a distribuição de
entrevistados por município de cada CONSAD foi mais homogêneo. Considera-
se, portanto, que os resultados serão significativos apenas para a zona urbana.
Percepção dos entrevistados sobre SAN. Dos 1.202 inquéritos de SAN aplicados, 2.130 indivíduos foram medidos
e pesados. A Tabela 4.5 apresenta a relação de indivíduos adultos (de 19 a 60
anos), idosos (de 61 a 99 anos) e crianças (0 a 5 anos) e crianças (de 6 a 18
anos) em territórios CONSAD.
TABELA 4.5: Relação de indivíduos adultos (de 19 a 60 anos), idosos (de 61 a 99 anos) e crianças (0 a 5 anos) e crianças (de 6 a 18 anos) submetidos à puericultura em territórios CONSAD. Urbano Rural Total
Adultos (de 19 a 60 anos) 834 [47%](98,23%) 15 (1,77%) 849 (39,86%)
Idosos (de 61 a 99 anos) 195 [26%] 92,42%) 16 (7,58%) 211(9,91%)
Crianças (de 0 a 18 anos) 936 [53%] 87,48%) 134 (12,52%) 1070 (50,23%)
Total 1765 [100%]
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
A população avaliada na área urbana apresentou 47% de adultos, 26%
de idosos e 53% de crianças. Do total de crianças avaliadas, 287 ou 16%
57
tinham idade entre 0 e 5 anos de idade. A faixa etária para entrevistados da
zona rural foi muito pouco conclusiva, provavelmente pela baixa amostragem
analisada.
Durante o planejamento para avaliação antropométrica constava a
anotação da idade e peso chegando ao nível de precisão de meses e gramas
respectivamente, para correta avaliação de crianças e jovens adolescentes. Em
virtude de dificuldades na coleta de dados, tanto nas informações cedidas
pelos entrevistados quanto na dificuldade de mensuração de peso com
precisão necessária, houveram diversos pesquisadores não preencheram
adequadamente os campos.
Visando análise de dados fidedignos da realidade territorial, foram
desconsiderados os dados antropométricos de crianças e adolescentes de 0 a
17 anos e 11 meses por se tratarem de dados inseguros e foram considerados
apenas adultos e idosos na avaliação. Sabe-se que o sobrepeso predispõe
para problemas de saúde, como hipertensão, diabetes.
Doenças como diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial (HAS) são
classificadas como doenças crônicas não transmissíveis e são diretamente
relacionadas com quadros de insegurança alimentar e nutricional. O
surgimento dessas doenças em indivíduos jovens sugere sedentarismo e pré-
disposição genética, além de maus hábitos alimentares. Os dados preliminares foram obtidos de acordo com avaliação do Índice
de desenvolvimento, sendo utilizado o cálculo do IMC - Índice de massa
corpórea (peso/altura²). Foram determinados pontos de corte para adultos e
idosos, sendo que para indivíduos adultos eutróficos2 o (IMC entre 20 e 24,9),
adultos com baixo peso (IMC ≤ que 19,9) e adultos com sobrepeso (IMC ≥ 25).
Para avaliação de indivíduos idosos os pontos de corte foram: idosos eutróficos
(IMC entre 19 e 26,9), idosos com baixo peso (IMC ≤ 18,5) e idosos com
sobrepeso ≥ 27. Para crianças de 0 a 5 anos foi utilizada a tabela do NCHS-
National Center for Health Statistic e para crianças de 6 a 18 anos foi utilizado
o cálculo do IMC específico para cada idade. Por sua importância essa
avaliação será feita em seção específico.
2 Eutrófico: que está bem nutrido, dentro da normalidade.
58
A percepção da comunidade sobre o alimento é muito importante para
estabelecer as políticas necessárias para o setor.
Para estabelecer a origem da alimentação, que poderá também explicar
o caso de má alimentação, foi avaliada a origem dos alimentos disponíveis,
tanto na área rural como urbana.
Com relação à origem dos alimentos consumidos pelas famílias
entrevistadas, é relevante a observação de que aproximadamente 90% da
população obtêm seus alimentos através de compra, o que já não é muito
freqüente na população do meio rural, mas é mais comum na zona urbana.
Entretanto destaca-se o fácil acesso ao comercio de alimentos na região
urbana, o qual não é muito acessível para a população do meio rural. O
interessante é que mais de 85% da população urbana relatou que alguns
alimentos de sua mesa são advindos de ganho de parentes ou amigos, fato
esse que é o oposto do que acontece na população rural onde pouco mais de
11% dos entrevistados afirma o ganho de produtos para sua alimentação
(figura 4.1).
FIGURA 4.1: Forma de aquisição de alimentos entre a população do meio urbano e do meio rural.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
A resposta à questão formulada sobre qual o gasto mensal com
alimentos em diversos locais, a maioria dos entrevistados da região urbana
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
compra cria animais ganha horta/pomar outros
urbano
rural
59
(84,82%) afirmaram que não têm gastos com a feira livre, pois não têm o
costume de fazer compras na feira. Do total, 94% da mesma população
informou não adquirir alimentos em mercearias ou sacolões e 14,22% dos
entrevistados, totalizando 150 pessoas afirmaram gastar um total de R$ 200,00
no supermercado. Com relação à população rural os dados encontrados foram
de que 92% dos entrevistados não costumam comprar seus alimentos em
feiras livres e 97% não freqüentam sacolão ou quitanda, apenas 1,63% relatam
adquirir alguns alimentos em mercearias, o que pode ser considerado normal
uma vez que não é comum esse tipo de facilidade no meio rural. Um dado que
chama a atenção é de que 52,34% dos entrevistados afirmaram gastar entre
R$ 200,00 e R$ 300,00 em compras no supermercado. Trata-se de um alto
valor dispensado ao supermercado se considerado que a população do meio
rural tem mais acesso a vegetais e legumes, além de carnes e ovos se
comparados com a população urbana.
Sobre a existência de móveis e eletrodomésticos básicos de uma
residência 92% da população urbana e 58,46% da população rural relataram
possuir fogão a gás e 7,78% no meio urbano e 40,77% no meio rural disseram
utilizar o fogão à lenha no preparo de seus alimentos. Quando questionados
sobre a posse de telefone fixo apenas 18,37% e 3,88% no meio urbano e no
meio rural, respectivamente, confirmaram possuir o eletrônico, ao passo que
83% dos entrevistados no meio urbano e 78,46% no meio rural, afirmaram
possuir telefone celular.
Nas entrevistas realizadas com a população urbana foi possível identificar
que 92,62% possuem geladeira, 15,90% possui freezer de congelamento,
19,35% têm computador em sua residência e 35,49% possui carro ou moto.
Nos entrevistados rurais os dados foram 75,38% de posses de refrigerador,
31,54% possuem freezer, 2,31% possuem computador e 44,62% possuem
carro ou moto.
Observa-se, em relação aos resultados obtidos, que no meio urbano é
mais freqüente o uso de refrigerador ao freezer, diferentemente do que ocorre
no meio rural, onde a freqüência é maior de freezers, o que deve-se ao fato de
os habitantes rurais realizarem mais abates de animais para seu consumo para
um período maior de tempo, logo as carnes precisam durar mais tempo
congeladas do que sob refrigeração (figura 4.2).
60
O número de entrevistados que afirmou possuir algum meio de transporte
também foi maior no meio rural, provavelmente pela maior necessidade de
transporte das crianças e até mesmo dos produtos cultivados em seus lotes
para venda direta ou indireta na cidade.
FIGURA 4.2: Diferença de perfil quanto à posse entre a população rural e a população urbana.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Em relação aos itens básicos sanidade e de moradia, os resultados que
se destacam são a presença de lixo a céu aberto em quase a metade da
população entrevistada no meio rural, uma vez que não há coleta de lixo na
região, com possibilidade de diversos problemas para saúde dos moradores
(figura 4.3).
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Geladeira
Freezer
Computador
Carro/Moto
Rural
Urbana
61
FIGURA 4.3: Infra-estrutura de saneamento básico na população amostrada.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Um dos questionamentos feitos aos entrevistados que está relacionado
a segurança alimentar e consumo de alimentos como percepção foi o que
significava para eles comer saudável. Foram mencionadas frases que citavam
várias opções de alimentação saudável para que os entrevistados
respondessem qual o grau de importância segundo eles próprios á respeito do
comer saudável. Quando questionados sobre o que pensavam de comer
bastante, 44,58% de urbanos e 36,92% de rurais afirmaram não achar
importante como mostra a figura 4.4.
0 20 40 60 80 100
casa de alvenaria
casa de madeira
casa mista
esgoto
fossa negra
água encanada
poço
coleta de lixo
lixo a ceu aberto
banheiro interno
banheiro externo
privada interna
privada externa
Rural (%)
Urbano (%)
62
FIGURA 4.4: Percepção dos entrevistados sobre o a importância de se comer bastante para a saúde.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Outra pergunta feita aos entrevistados foi sobre a importância de comer
carne. Nesta questão 56,58% da população urbana e 60% da população rural
afirmaram entender o consumo de carne como importante, como mostra o
Figura 4.5.
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
não importante
pouco importante
indiferente importante muito importante
Urbano
Rural
63
FIGURA 4.5: Percepção dos entrevistados sobre a importância de comer carne em uma alimentação saudável.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
A Figura 4.5 demonstra que comer carne é uma muito importante e é
considerada importante para ambas as comunidades, com pequeno diferencial
para a comunidade rural, que como já foi considerado, come mais carne e
dispõe de criação para isso.
FIGURA 4.6: Percepção sobre comer saudável e o número de refeições por dia.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
não importante
pouco importante
indiferente importante muito importante
Urbano
Rural
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
não importante
pouco importante
indiferente importante muito importante
Urbano
Rural
64
A questão de comer saudável foi colocada de forma a que opinassem
sobre a importância de comer poucas ou várias vezes ao dia em pequenas
quantidades. Do total, 46,97% e 50% dos entrevistados no meio urbano e rural,
respectivamente, informaram acreditam ser importante para o comer saudável
a difisão das refeições em maior número, com menores quantidades, o que é
uma visão bem moderna da nutrição.
A mesma questão foi modificada para confirmar essa percepção. A
pergunta aos entrevistados foi se considerava como importante para comer
saudável ingerir várias vezes ao dia em grandes quantidades (figura 4.7).
FIGURA 4.7: Questionamento sobre o nível de importância de ingerir alimentos várias vezes ao dia em grandes quantidades para ser saudável.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Os resultados obtidos foram que 63,95% dos entrevistados da zona
urbana e 72,09% da zona rural consideravam que não era necessário comer
muito e varias vezes ao dia para ser saudável.
A visão moderna da nutrição associa uma alimentação saudável com um
prato colorido. Sobre a importância do consumo de um prato colorido, os
entrevistados concordaram (54,02% da população urbana e 55,47% da rural)
de que um prato variado e colorido é importante na refeição.
E sobre o que a população entende por comer saudável é a última
questão foi com relação ao consumo de frutas e verduras e a resposta da
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
não importante
pouco importante
indiferente importante muito importante
Urbano
Rural
65
população urbana e rural respectivamente 51,31% e 53,85% foi que o consumo
desses produtos é importante para uma alimentação saudável. A figura 4.8
apresenta o grau de importância que é dado pelos urbanos e rurais ao
consumo de frutas e verduras.
FIGURA 4.8: Percepção dos entrevistados sobre a relação entre comer saudável e o aspecto colorido do prato.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
O que foi possível observar é que com relação à alimentação saudável
tanto a população rural quanto a população urbana tem informação a respeito
de comer saudável, conseguem perceber a importância do consumo de
vegetais e frutas e de alimentos em pequena quantidade, são conscientes da
importância de um prato colorido e do consumo de carne.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
não importante
pouco importante
indiferente importante muito importante
Urbano
Rural
66
FIGURA 4.9: Comer saudável: Consumo de frutas e verduras.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Quando questionados a respeito dos cinco principais alimentos que não
podem faltar para a família às respostas foram para a população urbana arroz
(68,79%), feijão (68,44%), carne (43,55%), carne (17,91%) e leite (13,28%). E
para a população da zona rural os itens mais citados foram arroz (76,92%),
feijão (75,38%), carne (36,92%), verdura (21,88%) e mandioca (14,41%).
Através desses dados pode-se observar a importância que a população rural
resguarda para o consumo de verduras, o que nos sugere que essa população
possui um bom consumo de vegetais em virtude da cultura familiar.
Quando questionados sobre o número de refeições eram feitas por dia
51,21% dos entrevistados da zona urbana realizavam 3 refeições ao dia e
apenas 0,47% faziam 6 refeições diárias. Na população rural os dados
indicaram que 50,77% dos entrevistados realizavam 3 refeições e nenhum dos
entrevistados faz 6 refeições diárias.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
não importante
pouco importante
indiferente importante muito importante
Urbano
Rural
67
FIGURA 4.10: Número de refeições diárias na zona urbana e zona rural.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Considerações finais O número amostral de entrevistados, de 1.202, foi dividido em 89,1%
zona urbana e 10,9% zona rural. O percentual de entrevistados da zona rural
foi pequeno, o que pode prejudicar quaisquer conclusões sobre este segmento.
A população avaliada na área urbana apresentou 47% de adultos, 26%
de idosos e 53% de crianças. Do total de crianças avaliadas, 287 ou 16%
tinham idade entre 0 e 5 anos de idade. A maior prevalência de crianças com obesidade está compreendida na
faixa etária de 2,1 a 5,0 anos de idade com 71% dos casos e o menor índice
entre crianças com até 6 meses de idade com 6% dos casos. Observa-se, também, que o maior número de indivíduos com sobrepeso
situa-se na faixa etária compreendida entre 20 e 50 e, também, nesta faixa
etária houve o maior número de indivíduos hipertensos e diabéticos, assim
como observado na população rural.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
1 2 3 4 5 6
Urbana
Rural
68
5. CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL 5.1. FORMAÇÃO DO POVO
O continente americano foi descoberto por Cristóvão Colombo em 1492,
fazendo surgir entre Portugal e Espanha uma disputa pelas terras, que
culminou no tratado de Tordesilhas em 1494 visando dividir o território. No ano
de 1500, Pedro Álvares Cabral inicia a colonização portuguesa ao continente
que, posteriormente, seria conhecido como Brasil. Em 1524, Aleixo Garcia
consta nos registros históricos como sendo o primeiro português a entrar em
Mato Grosso do Sul. Partindo de Santa Catarina, atravessou a Serra de
Maracaju, desceu o rio Miranda e, pelo rio Paraguai, chegou a Assunção,
motivado pela busca de riquezas das minas do Peru (MS, 2010).
Segundo Esselin (2005), a história da colonização e conquista da bacia
platina e das regiões do médio e alto Paraguai está diretamente ligada à busca
das riquezas do Peru e a rivalidade lusa-espanhola. O uso de objetos de prata
entre os índios da região, obtidos através das relações econômicas que
mantinham com as populações incaicas, despertou a cobiça entre os primeiros
navegantes europeus que incursionavam por esses territórios. No ano de 1600,
os espanhóis resolveram pela fundação de uma pequena cidade em território
do atual Estado de Mato Grosso do Sul, o espaço selecionado localizava-se na
região banhada pelo rio Mbotetey na área compreendida atualmente pela bacia
hidrográfica dos rios Miranda e Aquidauana. A cidade recebeu o nome de
Santiago de Xerez, e ficou em meio a uma disputa pela mão-de-obra escrava
proveniente dos indígenas dominados. A cidade foi destruída em 1632 pelos
bandeirantes luso-paulistas.
Em 1718 nasceu o arraial de Forquilha, que transformaria mais tarde na
cidade de Cuiabá, em virtude da descoberta de ouro abundante junto ao rio
Coxipó-Mirim. Em 1719 foi fixado o primeiro núcleo no Mato Grosso do Sul,
com fixação dos primeiros homens brancos na região do Estado, em uma área
a caminho do arraial de Forquilha. Nos anos subseqüentes outros surgiram,
tais como Forte Coimbra (1775), Arraial de Nossa Senhora da Conceição de
Albuquerque (Ladário) em 1778, o presídio de Miranda, em 1797. As funções
eram tanto apoio aos viajantes que seguiam atrás do ouro de Cuiabá, quanto
para demarcar fronteiras portuguesas de possíveis ataques espanhóis.
69
Em 1862, o general Francisco Solano Lopez, herdeiro do governo
Paraguaio decidiu reivindicar territórios litigiosos dos argentinos e brasileiros e
no final de 1864 iniciou a invasão da capitania de Mato Grosso, destruindo
cidades como Nioaque, Miranda e Corumbá, que passaram a ser reconstruídas
apenas em 1870, com a vitória na guerra pela tríplice aliança formada por
Brasil, Argentina e Uruguai.
Em 1892 ocorreu a primeira tentativa de criar um novo Estado,
movimento liderado pelo Coronel João da Silva Barbosa. Durante o governo de
Getúlio Vargas (1930-1945) foi criado o programa “Marcha para Oeste”, com
objetivo de estimular um melhor aproveitamento da região Centro-oeste. Em
1932, com a revolução Constitucionalista, foi criado o Estado de Maracaju,
abrangendo quase todo o sul de Mato Grosso, sendo propugnada no mesmo
ano a sua autonomia. Em 1974 o governo federal, através da lei complementar
nº 20 estabelece a legislação para criação de novos Estados e territórios,
reacendendo a campanha pela autonomia da região. No dia 11 de outubro de
1977 o presidente Geisel assinava a lei complementar nº 31 criando o Estado
de Mato Grosso do Sul. A argumentação para criação de um novo Estado
pairava sobre dois aspectos: melhor eficácia administrativa e diferenciação
ecológica entre as duas áreas.
70
5.2. PATRIMÔNIO MATERIAL E IMATERIAL
Nesta seção serão expostos os conceitos de Patrimônio Cultural,
Material e Imaterial, bem como discutidos aspectos referentes aos territórios
CONSAD, incluindo formação do povo e principais patrimônios culturais. As
informações aqui trabalhadas possuem afinidade temática com o capítulo 9 -
Capital Social.
Patrimônio Cultural O que se constituí patrimônio cultural, segundo o IPHAN, são os
aspectos Arqueológico, Paisagístico, Etnográfico e Histórico; Belas Artes e das
Artes Aplicadas que se subdividem em dois grupos: Bens imóveis, como
núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos; e Bens Móveis, como os
acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivista, vídeográficos,
fotográficos e cinematográficos. Estas considerações podem abrigar de forma
adequada ao presente trabalho onde se procura definir a participação de todos
os setores e segmentos sociais. Segundo Almeida (2010) desde 2007 o IPHAN
retomou uma articulação para a definição compartilhada com governos
estaduais, municipais e sociedade civil das estratégias de preservação do
patrimônio cultural brasileiro tendo como objetivo o desenvolvimento social,
econômico e urbano para recolocar o patrimônio cultural na agenda estratégica
de todos os governos.
Patrimônio Material O patrimônio material é formado por um conjunto de bens culturais
classificados segundo sua natureza: histórico, belas artes, artes aplicadas e
arqueológico, paisagístico e etnográficos. Estão divididos em bens imóveis -
núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais - e
móveis - coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais,
bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.
Patrimônio Imaterial A Unesco (2006) define como Patrimônio Cultural Imaterial "as práticas,
representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os
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instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados -
que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem
como parte integrante de seu patrimônio cultural."
O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu
ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um
sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o
respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
Abrange as expressões culturais e tradições com respeito e veneração
às gerações anteriores. A forma de celebração religiosa, as festas e tipos de
danças, os causos e costumes praticados nos municípios têm nas tradições e
costumes dos paraguaios sua explicação. O patrimônio imaterial encontrado na
região ou nos municípios pesquisados são danças, festas, culinárias, contos,
casos, etc..
TERRITÓRIO CONSAD - SERRA DA BODOQUENA O território conta com uma população de 120.628 habitantes (IBGE,
2010), com IDH-M (2000) médio de 0,737. A formação do povo se deu,
principalmente, por: indígenas, paraguaios, gaúchos, paulistas, paranaenses e
mineiros.
Por fazer fronteira com o Paraguai, a influência daquele país é
importante, o que reflete na forma de produzir e consumir alimentos pelos
locais. É uma região importante também por abrigar não só nações indígenas
como também negros e imigrantes asiáticos, notadamente japoneses e sul-
coreanos.
A contextualização histórica faz uma referência à Guerra do Paraguai ou
a Guerra da Tríplice Aliança (conforme se referem os paraguaios), na década
de 1870. Este evento provocou uma série de dificuldades na fronteira com o
conseqüente fechamento da navegação pelo Rio Paraguai. Foi uma região
onde se produziu erva-mate para exportação para dezenas de países, com
especial atenção para a Companhia Mate Laranjeira, um empreendimento
argentino com Caarapó, na histórica fazenda Campanário.
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Patrimônio Material e Imaterial e aspectos marcantes do território A proximidade com o Paraguai faz dos municípios da região um espaço
onde o patrimônio cultural imaterial e material são acentuados de forma
expressiva com grande influência do país vizinho.
Um dos bens naturais da região na lista do patrimônio natural ou
ecológico, de grande expressão é o Rio Paraguai. Outros locais com beleza
natural e potencialidade para se tornarem Patrimônio Material são:
• Lagoa Azul (Bonito)
• Porto de Porto Murtinho (Porto Murtinho)
• Rio Apa / Complexo do Quartel (Bela Vista)
• Rio Miranda (Jardim, Guia Lopes da Laguna)
• Buraco das Araras (Jardim)
• Padaria Velha (Porto Murtinho) em processo de tombamento
• Prefeitura Velha (Porto Murtinho)
Como ponto forte observa-se que este território tem um ambiente natural
reconhecido mundialmente, o que tem despertado a atenção de turistas,
ecólogos, cientistas de várias partes do mundo, tornando esta região um
espaço singular. Entre os fatos históricos deste território, a Guerra do
Paraguai/Tríplice Aliança é um dos eventos mais importantes, pois marcou
definitivamente a ligação entre os habitantes de um lado e outro da fronteira. O
resultado disso foi o conhecido Ciclo Econômico da Erva-Mate produzido tanto
por brasileiros quanto por paraguaios.
Alguns pontos fracos que podem ser ressaltados são: falta de uma visão
governamental e empresarial dos recursos locais; grande distâncias entre as
comunidades; não formação de associações ou grupos de trabalho; baixa
geração de emprego e renda local; atividades empresariais locais não
favorecem a geração de mão-de-obra.
Entre os territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul este é o que
apresenta maior visibilidade de suas potencialidades, fora do setor da
agropecuária, a maior fonte de renda do Estado. Sua proximidade com o
Paraguai, aliado ao histórico episódio da Guerra do Paraguai, reconhecido
como único conflito bélico pelo qual o Brasil passou, provocou uma situação de
73
questões “não resolvidas” sobre posse de território nacional, o que permitiu
uma série de ilações que enveredaram pela cultura e pelo imaginário popular.
Uma das ricas conseqüências disto é a permanente lembrança de eventos que
reúnem os habitantes dos dois lados da fronteira, o que interfere até mesmo no
processo de reconhecimento de cidadania, uma vez que tanto de um lado e
outro são comuns as fortes ligações históricas e familiares.
Desta forma, se reconhece os nomes dos municípios invariavelmente
ligados com o episódio da guerra: Guia Lopes da Laguna, Porto Murtinho,
Nioaque, entre outras comunidades.
A grande influência cultural deste território vem da Igreja Católica a
ponto de haver uma série de coincidências de datas comemorativas tanto no
lado brasileiro quanto no paraguaio, onde se exibem as mais ricas influências
na culinária, música, e cultura comuns aos dois países. Alguns dos eventos
demonstram a influência da religião: Festa de São Geraldo, Festa de Santo
Afonso, São Sebastião, Nossa Senhora Aparecida, La Virgen de Caacupe,
festividades que se observam sobretudo no município de Bela Vista, cujo nome
tem seu correspondente do outro lado do Rio Apa, a Bella Vista Del Norte.
Uma referência direta a Porto Murtinho, na fronteira, é obrigatória pois
este município, além de receber forte influência do país vizinho, como se pode
observar pela grande festa da Virgen de Caacupe, tem também a festa do
Touro Candil, uma mistura de música, dança, folclore e religião. O município
também oferece a cada vez mais conhecida Festa do Peixe, quando centenas
de pescadores amadores e crianças adotam a prática do pesque e solte com
teor educativo e ecológico.
Outro município que se destaca neste CONSAD é Bonito, que já tem o
reconhecimento como um dos lugares mais procurados no Brasil por conta do
turismo contemplativo e ecológico. A comunidade local assumiu a tarefa de
conservar o meio ambiente, que é destino de grande fluxo de turistas de várias
partes do mundo. Em uma disputa pelos mesmos turistas, Bonito enfrenta a
concorrência do Município de Jardim, que oferece atrativos muito próximos ao
vizinho e tem despertado interesse. As festas são as mesmas e com grande
influência da religião e das datas históricas. Bonito tem um dos festivais
internacionais dos mais conhecidos atualmente, Festival de Inverno de Bonito.
74
O que também é comum neste território é a produção de carne através
da bovinocultura extensiva, uma atividade que tem seguido a tradição local de
pouca interferência no meio ambiente. Isto, no entanto, explica a quantidade de
festas e eventos culturais que privilegiam a prática da criação de gado nos
moldes mais tradicionais: rodeios, exposições, festa do laço, festa de peões,
festas juninas e exposições agropecuárias. Os pratos mais conhecidos e
procurados são à base de peixe de água doce e carne bovina.
TERRITÓRIO CONSAD - IGUATEMI O território CONSAD Iguatemi possui uma população de 241.500
habitantes (IBGE, 2010), com IDH-M (2000) de 0,713. A formação do povo se
deu, principalmente, por: gaúchos, paranaenses, índios (Nhandevás e Caiuás),
paulistas e nordestinos (em menor escala), japoneses, paraguaios e
portugueses.
Patrimônio Material e Imaterial e aspectos marcantes do território As principais manifestações são:
• Artesanato indígena (Kadiwéu)
• Festas locais
• Exposição Agropecuária (Exporã)
• Área de livre comércio (Shopping China)
• Miscigenação da cultura dos dois países (Brasil e Paraguai)
• Festas religiosas compartilhadas
• Gastronomia rica (chipa, sopa paraguaia, tereré)
• Gênero musicais: polca paraguaia, vanerão, Sertaneja/Romântica
• Grande diversidade de artistas: pintores, escultores e literatura regional
forte
• Bandas marciais
• Assentamentos coletivos rurais
Dentre os principais problemas relacionados ao território estão: imagem
de práticas ilícitas (narcotráfico e contrabando de armas); insegurança; conflito
de terras; grande número de acampamentos rurais coletivos em decorrência da
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expulsão de brasileiros do Paraguai (brasiguaios); e problemas de escoamento
de produção da agricultura familiar
É o maior território CONSAD de Mato Grosso do Sul, e é o que
apresenta uma das maiores e mais ricas influências culturais do Brasil, com
direta influência do Paraguai, e com alguma influência também da Bolívia.
Os nomes dos municípios neste território já podem indicar esta influência
- Coronel Sapucaia, Iguatemi, Tacuru, Naviraí, Ponta Porã, Japorã, Itaquiraí - a
partir do Tupi-Guarani.
São em sua maioria municípios de alto volume de produção
agropecuária e possuem festas de rodeio ou peão, festa do laço, festa caipira,
boi no rolete, além de diversas exposições agropecuárias.
Alguns destes municípios procuram se consolidar no reconhecimento de
seus produtos cada vez mais abundantes e com valor agregado que permitem
que façam festivais a partir deles. É o caso, por exemplo, de Eldorado e sua
festa da melancia (Iguatemi), a festa do leite (Tacuru) e a festa da mandioca e
do milho (Ponta Porã). Estes eventos são considerados festivais
gastronômicos e facilitam o reconhecimento dos respectivos municípios como
referência nos produtos que exibem, o que exige de seus habitantes uma
permanente melhora dos produtos, assim como a regular oferta deles para o
mercado local e regional.
A proximidade com o Paraguai faz da região um espaço internacional,
que permite o reconhecimento de um território onde se permite o comércio
internacional, a partir das condições existentes. Em Iguatemi, por exemplo, a
Festa da Colônia Paraguaia já é uma referência para a região onde são
expostos e consumidos dezenas e pratos comuns do outro lado da fronteira e
pelos próprios habitantes. Esta mesma festa tem seu correspondente no
município de Ponta Porã.
Entre os mais conhecidos pratos estão a sopa paraguaia, o locro, o
pucheiro, a galhetita, a chipa, o caburé. Alguns destes alimentos são feitos
para durar vários dias, para longas viagens como eram comuns há séculos, e
também supriam os recursos para conservação destes alimentos, como
geladeira ou algo próximo disto.
A região apresenta um quadro dos mais concorridos em termos de
festividades internacionais. Em Itaquiraí e Mundo Novo, a Festa das Nações é
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um dos grandes atrativos para produzir, exibir e consumir uma culinária comum
aos dois países vizinhos; a música que embala e anima os turistas é
invariavelmente a música paraguaia (polca), com a concorrência do gaúcho
vanerão e do correntino chamamé da Argentina.
O município de Ponta Porã se constitui em um pólo quase que exclusivo
de atrativos oferecidos aos turistas de toda a região. Seus eventos abarcam as
raízes culturais do território a partir dos alimentos e costumes, e incorporaram o
turismo de compra, na vizinha cidade de Pedro Juan Caballero, e outros
eventos como Pontaneta, Motor Cycle e Exposições cada vez mais
internacionais.
Este território apresenta ainda, uma das mais reconhecidas seqüências
de eventos relacionados com a religiosidade, muito forte no país vizinho.
Festas de Igreja, Festa do Padroeiro, Festa de São Cristóvão, Nossa Senhora,
Nuestra Señora de Caacupé, Folia de Reis, estão entre as mais conhecidas.
TERRITÓRIO CONSAD - VALE DO IVINHEMA
O território CONSAD Vale do Ivinhema conta com uma população de
88.368 habitantes (IBGE, 2010), com IDH-M (2000) de 0,731. A formação do
povo se deu, principalmente, por: indígenas (Xavantes, Kaiowá e Ofaié),
tchecos, espanhóis, gaúchos, paulistas, paranaenses e mineiros.
Patrimônio Material e Imaterial e aspectos marcantes do território
• Museus (Batayporã, Nova Andradina)
• Festas locais, tais como: Festival da Fanfarra; Festa da Padroeira
Imaculada Coração de Maria, Cantanova, Festinova, Exponan,
Porconeiro, Festa Nossa Senhora dos Navegantes
• Vocação leiteira
• Feira do produtor
• Aspecto cultural forte (artesanato, coral, fanfarras, incentivo a canção
popular, danças, Coral de Mãos, esporte, entre outras)
• Dança e comida típica da República Tcheca no município de Batayporã
• Assentamentos rurais coletivos com produção de alimentos
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As manifestações culturais no território CONSAD Vale do Ivinhema
refletem a natureza da economia da região: a influência da grande produção
pecuária bovina. Em todos os municípios foram citadas festas de rodeio como
os eventos mais comuns, juntamente com as festas do laço, outra modalidade
que lembra o tipo de atividade desenvolvida na região. Para completar,
também foi lembrada por vários entrevistados a festa do peão, em uma clara
referência aos trabalhadores do setor que cuidam dos serviços braçais exigidos
pela atividade.
O território apresenta, ainda, no município de Batayporã, uma das mais
vistosas manifestações culturais oriundas dos imigrantes da República Tcheca,
que estabeleceu as bases de uma comunidade que viria a se tornar em um
município da região. O nome Batayporã é uma junção de Bata, nome próprio,
Y, que quer dizer água em tupi-guarani, e Porã, que significa boa ou bonita. As
propriedades e bens da família Bata se tornaram parte do patrimônio cultural
do município.
A influência da religião no território é muito forte a tal ponto de várias
festas se tornarem motivo de grandes encontros na comunidade, resultando
em eventos como Nossa Senhora dos Navegantes, São João Batista, São
Sebastião. A festa mais citada entre os habitantes deste território foi a Festa do
Sereno, um evento que reune as famílias para encontros à noite, que acabou
se transformando em um evento que mobiliza toda a região. Cada vez mais
concorrida também é a Festa do Pastel, em uma clara alusão a natureza
gastronômica do evento.
Estes últimos eventos demonstram maior separação das atividades
ligadas à agropecuária, iniciativa própria da comunidade, possibilitando uma
maior autonomia cultural dos diversos setores sociais, oportunidades que
facilitam maior exposição de produtos à base de alimentos oriundos da
pequena produção. Isto também é o que movimenta as diversas Exposições
Agropecuárias nos municípios tais como Fejuna, Exponan e Expobata, que
estão entre as mais conhecidas.
78
6. CARACTERIZAÇÃO ESPACIAL 6.1. ASPECTOS FÍSICOS
Para analisar o território, é necessário conhecê-lo de todas as maneiras.
Tão importante quanto ter conhecimento dos recursos naturais a serem
explorados ou protegidos, é conhecer a trajetória histórica de sua ocupação
(ZEE-MS, 2005). A história do local pode ser percebida através da leitura da
trajetória dos diversos atores que povoam o território. Os ciclos econômicos e
políticos são importantes para contextualização e compreensão da formação e
dinâmica do processo socioeconômico do território. Contudo, tornar-se também
importante conhecer a formação física desse espaço. O acompanhamento
deste processo físico pode se dá através da observação dos aspectos
relacionados à geologia, geomorfologia, clima, vegetação, etc. A importância
dessas informações é enorme, pois não se pode fazer o planejamento de uso e
ocupação desse espaço, discutir questões relativas as potencialidades e
fragilidades sem ter conhecimento das características do solo, clima aptidão
agrícola etc.
Diante disto, vai-se de forma resumida apresentar algumas informações
sobre as características físicas das áreas dos CONSAD. Os dados foram
retirados do documento Macrozoneamento Geoambiental e do Atlas
Multirreferencial que foi elaborado pelo governo do Estado de Mato Grosso do
Sul.
Geologia
A estrutura geológica de Mato Grosso do Sul é formado por três
unidades geotectônicas distintas: a plataforma amazônica, o cinturão
metamórfico Paraguai-Araguaia e a bacia sedimentar do Paraná. Sobre essas
unidades visualizam-se dois conjuntos estruturais: o primeiro, mais antigo, com
dobras e falhas, está localizado em terrenos pré-cambrianos, e segundo, em
terrenos fanerozóicos, na bacia sedimentar do Paraná. Não ocorrem grandes
altitudes nas duas principais formações montanhosas, as serras da Bodoquena
e de Maracaju, que formam os divisores de águas das bacias do Paraguai e do
Paraná. As altitudes médias do Estado ficam entre 200 e 600 metros.
O planalto da bacia do Paraná ocupa toda a porção Leste do Estado.
Constitui a projeção do planalto Meridional, grande unidade de relevo que
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domina a região Sul do país. Apresenta extensas superfícies planas, com 400m
a 1.000m de altitude. A baixada do rio Paraguai domina a região Oeste, com
rupturas de declives ou relevos residuais, representados por escarpas (ladeiras
íngremes) e morrarias (série de morros).
Sua maior porção é formada por uma planície aluvial sujeita a
inundações periódicas, a planície do Pantanal, cujas altitudes oscilam entre
100 e 200m. Em meio à planície do Pantanal ocorrem alguns maciços isolados,
como o de Urucum, com 1.160m de altitude, próximo à cidade de Corumbá.
Solos
De acordo com o documento ZEE-MS (2005), a região compreendida
entre os dois divisores, das bacias hidrográficas e de afloramento das
formações geológicas, é formada por planaltos, serras e depressões que
compõem uma paisagem geomorfológica complexa, com diferentes paisagens
e aptidões agrícolas. No restante, paisagens predominantemente planas que
na bacia do rio Paraná se revelam em largo planalto com solos variados de
diversos graus de fertilidade e vulnerabilidade à erosão. As mais férteis, estão
no sul do Estado. Pelo mapa abaixo, pode-se perceber que na região sul
encontra-se a maior quantidade de solos com aptidão para lavoura.
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FIGURA 6.1.1: Solos de Mato Grosso do Sul.
Fonte: ZEE-MS (2005). Cobertura Vegetal
No que se refere a sua cobertura vegetal, o Estado de Mato Grosso do
Sul apresenta situações distintas. Já perdeu praticamente toda a cobertura
original na região correspondente ao Bioma Mata Atlântica, restando, segundo
dados obtidos em 2002, somente 22% de sua formação vegetal original. Pode-
se atribuir isso ao intenso aproveitamento econômico das madeiras das
florestas originais e pelas atividades decorrentes do chamado ciclo da erva-
mate, acontecido no Sul do Estado.
Em uma situação semelhante, porém com resultados estatisticamente
diferentes, a região correspondente ao Bioma do Cerrado Brasileiro mostra que
somente 32% da cobertura original vegetal ainda persiste.
Situação semelhante pode ser encontrada na região da Serra da
Bodoquena, onde altos percentuais de conservação vegetal também são
registrados. O território CONSAD Serra da Bodoquena se encontra na bacia do
alto Rio Paraguai, portanto, está situado no Bioma Pantanal. Os outros dois
estão na bacia do Paraná, portanto, em outro bioma.
81
FIGURA 6.1.2: Cobertura vegetal de Mato Grosso do Sul.
Fonte: ZEE-MS (2005). Clima
Na maior parte do território do Estado predomina o clima do tipo tropical,
com chuvas de verão e inverno seco, caracterizado por médias termométricas
que variam entre 26°C na baixada do Paraguai e 23°C no planalto. A
pluviosidade é de aproximadamente 1.500mm anuais. No extremo meridional
ocorre o clima tropical de altitude, em virtude de uma latitude um pouco mais
elevada e do relevo de planalto. A média térmica é pouco superior a 20°C, com
queda abaixo de 18°C no mês mais frio do ano. Recentemente essas médias
estão se alterando. Os invernos estão mais rigorosos e o verão mais intenso.
Ou seja, as temperaturas estão oscilando de maneira muito intensa nos
extremos.
82
6.2. ESTRUTURA FUNDIÁRIA Qualquer analise do processo de desenvolvimento de Mato Grosso do
Sul precisa ser precedida por um entendimento do marco teórico que explica as
transformações do capitalismo no campo. De acordo com Gorender (2004), o
domínio da terra significa dominar a própria economia.
A questão agrária tem despertado o interesse de vários pesquisadores
no Brasil (Rangel, 2000; Graziano Silva 1999; Abramovay, 1992), pois o tema é
fundamental para entender o processo de desenvolvimento do capitalismo
brasileiro, principalmente a partir de 1960. Ao discutir a problemática da
questão agrária, a questão da propriedade da terra e seu processo de uso e
ocupação surgem como temas importantes da analise.
Diante disso, analisar a estrutura fundiária de um território coloca-se
como essencial para compreender a lógica de reprodução e sustentação das
principais atividades econômicas desse espaço.
Para Amin (1977), entender a formação social de um espaço implica
compreender o processo de dominação de um modo de produção. E para
entender como o modo de produção se organiza é preciso conhecer além de
outras variáveis, a questão agrária. Para melhor analisar e perceber o
movimento da questão agrária, tornar-se fundamental analisar a estrutura
fundiária.
O traço essencial da estrutura fundiária brasileira é o caráter
concentrado da terra. Assim, quando se procura conhecer historicamente a
estrutura fundiária no país, a forma de distribuição e acesso a terra, verifica-se
que desde os primórdios da colonização essa distribuição foi desigual.
Diante dessa evidencia, pode-se afirmar que a distribuição territorial da
concentração fundiária no Brasil é desigual. Essa desigualdade é explicada
historicamente através dos momentos diferentes em que as regiões foram
sendo ocupadas economicamente. Portanto, conhecer como a terra está sendo
ocupada é essencial para avaliar como se estrutura produtivamente a região e,
principalmente como se organiza as relações de trabalho.
No campo das ações territoriais, a instalação dos Consórcios de
Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (CONSAD), constituiu-se numa
estratégia de cooperação entre o poder público e a sociedade civil voltados
para o fomento, o apoio logístico e a canalização de recursos para as
83
iniciativas territoriais, projetos e ações estruturantes, visando à geração de
emprego e renda com a garantia de segurança alimentar e desenvolvimento
local. O enfoque territorial implica um processo de desenvolvimento que
depende essencialmente dos recursos e potencialidades do próprio território.
Distribuídos em todos os estados brasileiros, os CONSAD - Consórcio
de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local - são uma política pública
que busca através de parcerias e cooperação, acabar com a fome e promover
o desenvolvimento das regiões. São iniciativas assim que aproximam o Brasil
da meta de garantir alimentação regular e de qualidade a todos. No Estado de
Mato Grosso do Sul, foram criados três CONSAD. São eles: Vale do Ivinhema,
Iguatemi e Serra da Bodoquena.
O CONSAD Serra da Bodoquena é constituído pelos municípios de: Bela
Vista Bodoquena, Bonito, Caracol, Guia Lopes da Laguna, Jardim, Porto
Murtinho e Nioaque. O CONSAD Iguatemi: Coronel Sapucaia, Eldorado,
Iguatemi, Itaquiraí, Japorã, Naviraí, Paranhos, Ponta Porã, Mundo Novo, Sete
Quedas, e Tacuru. E o CONSAD Vale do Ivinhema é composto por:
Anaurilândia, Bataguassu, Batayporã, Nova Andradina, e Taquarussu.
O CONSAD Serra da Bodoquena possui uma área de 40.346,7 km² e
uma densidade demográfica de 2,99 habitantes por km². O CONSAD Iguatemi
tem 20.392,2 km² de área e 11,8 habitantes por km², e o CONSAD Vale do
Ivinhema possui a menor área com 13.457,7 km² com 6,6 habitantes por km2.
Conceituação das características divulgadas Para analisar o processo de uso e ocupação da terra no território, faz-se
necessário apresentar as principais variáveis que serão trabalhadas. O IBGE
(1996) apresenta os principais conceitos destas variáveis com objetivo de
esclarecer ao leitor o que efetivamente se trata as mesmas. São elas:
Estabelecimento Considerou-se como estabelecimento agropecuário todo terreno de área contínua, independente do tamanho ou situação (urbana ou rural), formado de uma ou mais parcelas, subordinado a um único produtor, onde se processasse uma exploração agropecuária, ou seja: o cultivo do solo com culturas permanentes e temporárias, inclusive hortaliças e flores; a criação, recriação ou engorda de animais de grande e médio porte; a criação de pequenos animais; a silvicultura ou o reflorestamento; e a extração de produtos vegetais. Área total Compreendeu a totalidade das terras que formavam o estabelecimento, considerada a
84
situação existente na data do Censo. O estabelecimento cuja área se estendesse a mais de um município foi incluído por inteiro no município em que se achava localizada a respectiva sede ou, na falta desta, naquele em que se situasse a maior parte de sua área. Os dados referentes à área são apresentados em hectare, procedendo-se às conversões das várias unidades de superfície ainda em uso no território nacional. Condições legal das terras Investigou-se a constituição dos estabelecimentos, segundo a condição legal das terras, de acordo com a seguinte discriminação: próprias (inclusive por usufruto, foro e enfiteuse); arrendadas (mediante pagamento em quantia fixa em dinheiro ou cota-parte da produção); parceiros (mediante pagamento de parte da produção obtida - meia, terça, quarta, etc.); ocupadas (ocupadas a título gratuito, com ou sem consentimento do proprietário).
Produtor Considerou-se produtor a pessoa física ou jurídica que detivesse a responsabilidade da exploração do estabelecimento, quer fosse o mesmo constituído de terras próprias ou de propriedade de terceiros.Os produtores foram classificados em proprietário, arrendatário, parceiro e ocupante. Utilização das terras Áreas dos estabelecimentos, segundo a sua utilização, foram divididas nas seguintes categorias:
1. Lavouras permanentes- Compreendeu a área plantada ou em preparo para o plantio de culturas de longa duração, que após a colheita não necessitassem de novo plantio, produzindo por vários anos sucessivos. Foram incluídas nesta categoria as áreas ocupadas por viveiros de mudas de culturas permanentes.
2. Lavouras temporárias- Abrangeu as áreas plantadas ou em preparo para o plantio de culturas de curta duração (via de regra, menor que um ano) e que necessitassem, geralmente de novo plantio após cada colheita, incluíram-se também nesta categoria as áreas das plantas forrageiras destinadas ao corte.
3. Pastagens naturais- Constituídas pelas áreas destinadas ao pastoreio do gado, sem terem sido formadas mediante plantio, ainda que tenham recebido algum trato.
4. Pastagens plantadas- Abrangeu as áreas destinadas ao pastoreio e formadas mediante plantio.
5. Matas naturais- Formadas pelas áreas de matas e florestas naturais utilizadas para extração de produtos ou conservadas como reservas florestais.
6. Matas plantadas- Compreendeu as áreas plantadas ou em preparo para o plantio de essências florestais (acácia-negra, eucalipto, pinheiro, etc.), incluindo as áreas ocupadas com viveiros de mudas de essências florestais.
Fonte: IBGE Censo Agropecuário, 1996.
A análise do processo de uso e ocupação da terra será feita a partir da
observação destas variáveis (quadro 6.2.1). Para isto, será contemplado o
período de 1985, 1995 e 2006. Dessa forma, através destes três momentos
poderá se observar movimentos acerca desse processo que afeta a dinâmica
do desenvolvimento socioeconômico ambiental destas regiões.
85
QUADRO 6.2.1: Ocupação das terras nos territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul. OCUPAÇÃO DAS TERRAS
Localidade Variável (Hectares) 1985 1995 2006
Mato Grosso do Sul
Área de Lavouras Permanentes 28.470 16.218 60.745
Área de Lavouras Temporárias 1.874.436 1.367.494 1.943.374
Área de Pastagens Naturais 9.658.194 6.082.775 6.197.149
Área das Pastagens Plantadas 12.144.497 15.727.934 14.746.665
Área de Matas e Florestas Naturais 4.170.566 5.696.657 5.817.780
Área de Matas e Florestas Plantadas 454.230 181.083 101.822
Território CONSAD
Iguatemi
Área de Lavouras Permanentes 32.282 17.516 67.733
Área de Lavouras Temporárias 2.159.097 1.535.970 2.239.084
Área de Pastagens Naturais 9.811.390 6.170.986 6.425.423
Área das Pastagens Plantadas 13.312.248 17.045.963 15.670.977
Área de Matas e Florestas Naturais 4.371.549 5.920.270 6.046.641
Área de Matas e Florestas Plantadas 455.019 182.264 104.237
Território CONSAD Serra
da Bodoquena
Área de Lavouras Permanentes 1.659 970 3.069
Área de Lavouras Temporárias 97.238 45.624 39.224
Área de Pastagens Naturais 2.194 2.072 772.193
Área das Pastagens Plantadas 1.279.352 1.585.870 1.662.956
Área de Matas e Florestas Naturais 608.111 708.759 703.685
Área de Matas e Florestas Plantadas 814 224 662
Território CONSAD Vale do
Ivinhema
Área de Lavouras Permanentes 1.096 369 7.135
Área de Lavouras Temporárias 47.782 32.923 63.881
Área de Pastagens Naturais 855 762 249.139
Área das Pastagens Plantadas 659.524 960.347 573.532
Área de Matas e Florestas Naturais 212.250 266.250 152.008
Área de Matas e Florestas Plantadas 3.747 1.318 1.554
Fonte: IBGE (1985, 1995, 2006).
86
A área com pastagem plantada em Mato Grosso do Sul é a mais
representativa. Em 1985, 76,9% da área total em uso estavam ocupadas com
pastagens plantadas. Em 1995 foi 75% e em 2006 passou para 72,6%. Apesar
desse processo lento de queda do uso e ocupação das terras em Mato Grosso
do Sul com pastagens plantadas, os números mostram ainda que o Estado
depende enormemente da pecuária. A tendência observada é a de que as
áreas com pastagens naturais vem caindo e as áreas com pastagens plantadas
vem aumentando.
De maneira geral, observar-se que a ocupação da área com atividade
antrópica é marcante caracterizando que a pastagem plantada é quase que
exclusivamente utilizada para a criação de bovinos de corte e, em escala muito
reduzida, para bovinos de leite. A criação de bovinos para corte encontra-se
presente em quase todos os municípios do Estado.
Com um rebanho de 24,5 milhões de cabeça, Mato Grosso do Sul tem
uma densidade de 68 cabeças de boi por km². Isto significa 0,68 cabeças de
animal por hectare. Uma produtividade média muito baixa considerando a
importância e o tempo que a atividade possui na região.
As áreas com lavouras estão praticamente estagnadas, ou seja, eram
6,7% em 1995 e passou para 6,9% em 2006. Espera-se que os dados do
censo de 2010 tenham aumentado o uso de terras com lavoura no Mato
Grosso do Sul, tendo em vista o crescimento da atividade sucroalcooleira
nesses últimos anos. Matas e florestas vêm apresentando crescimento, pois
passou de 16,4% em 1985 para 20,5% em 2006. Isto talvez já seja fruto do
processo de reflorestamento observado nos últimos anos na região do bolsão
com a instalação de unidades de processamento.
CONSAD Serra da Bodoquena A região do CONSAD Serra da Bodoquena possui um processo um
pouco diferente do que foi observado para o estado de Mato Grosso do Sul.
Veja que a área com pastagem ocupava 64,4% em 1985, passando para
76,5% em 2006. Isto caracteriza um aumento relativamente grande ao longo
destes anos, denotando que a atividade pecuária de corte aumentou sua
importância econômica na região.
87
Com um rebanho de 2,6 milhões de cabeças, o CONSAD Serra da
Bodoquena tem uma densidade de 65,05 cabeças por Km², ou seja, 0,65
cabeças por hectare. Apesar da especialização no uso e ocupação de terras
com mais pastagem, a sua produtividade é menor do que foi observada no
Estado. Isto caracteriza o pouco uso de tecnologia na atividade, destacando
uma pecuária extensiva com pouco uso de capital e grande exploração do fator
terra.
Por outro lado, a ocupação com lavouras que era de 5,0% em 1985
passou para 1,3% em 2010. Isto mostra que atividades com lavoura na região
não é importante. Provavelmente, é uma região importadora de alimentos.
Áreas com Matas e Florestas também segue a mesma tendência observada
com a lavoura, ou seja, ocupava 30,6% da área total em 1985 e em 2006
chegou a 22,1%. Percebe-se pelos números que a região está se
especializando na atividade pecuária.
Os municípios deste CONSAD representam 3,8% do PIB de Mato
Grosso do Sul em 2006, enquanto a população representou 5,3% do total do
Estado para esse mesmo ano. Renda per capita média de R$ 8.222,00
considerada baixa, pois Porto Murtinho que possui uma renda de R$ 9.263,00
ocupa a quadragésima posição em Mato Grosso do Sul. Isto evidencia mais
uma vez que esse tipo de especialização não está proporcionando mudanças
significativas no processo de desenvolvimento da região.
A condição do produtor é bastante ilustrativa. Em Mato Grosso do Sul,
em 2006, 99,3% da área está nas mãos dos produtores e 75,3% no número de
estabelecimentos. Arrendatários representam 0,01% da área e 22,7% do
número de estabelecimentos. Considerando o CONSAD para o mesmo ano, os
números são os seguintes: 99,5% da área estão com os produtores e apenas
16,7 no número de estabelecimentos, enquanto que os arrendatários ficam
com apenas 0,6% da área e 0,2% do número de estabelecimentos.
Estes números mostram que existe uma grande concentração da área
nas mãos dos produtores, apesar de que estão concentrados em poucos
estabelecimentos. Por isso, a enorme média de área por estabelecimentos.
A distribuição de terras evidencia uma tendência que no longo prazo
poderá mudar a cara da região. Considerando inicialmente os dados para Mato
Grosso do Sul, constata-se que os números de estabelecimentos de 10 a 100
88
hectares estão aumentando. O mesmo para os estratos de 100 a 1.000
hectares. Para os estrados de mais de 1.000 hectares o processo é o inverso,
ou seja, estão reduzindo. Esse movimento também é observado para a região
do CONSAD. O que chama atenção é que a velocidade da mudança é maior
na região do CONSAD em comparação ao observado para Mato Grosso do Sul
para os estratos de até 1.000 hectares, enquanto é mais lento para os estratos
de maior tamanho.
A área média dos estabelecimentos rurais que era de 569,53 hectares
em 1985 passou para 463,39 em 2006 no Mato Grosso do Sul. Uma redução
de 18,62%. Por outro lado, a média de área dos estabelecimentos no CONSAD
Serra da Bodoquena foi de 825,9 hectares em 1985 passando para 535,86 em
2006, totalizando uma redução de 35,12% no período.
Isto talvez seja fruto da presença dos 21 projetos de assentamentos
existentes no território do CONSAD. Estes projetos ocupam uma área de
67.853,54 hectares, totalizando 2.652 famílias. Estes projetos ocupam uma
área de apenas 2% do território do CONSAD.
CONSAD Vale do Ivinhema A densidade média de bovinos por km² na região é de 97,71 cabeças.
Isto significa que são 0,97 cabeças por hectare. Denota uma média bem
superior ao que é observado em Mato Grosso do Sul.
A ocupação das áreas agrícolas no CONSAD Vale do Ivinhema não
acompanha o que foi observado em Mato Grosso do Sul. Enquanto em Mato
Grosso do Sul as áreas com pastagens diminuíram, no CONSAD Vale do
Ivinhema elas aumentaram. O mesmo ocorreu com Matas e Florestas, ou seja,
em Mato Grosso do Sul houve uma tendência de aumento dessas áreas. No
CONSAD o movimento foi inverso.
As explicações para isto devem ser buscadas no comportamento dos
indicadores econômicos, pois serão eles que ilustram a dinâmica econômica
que ocorreu na região durante esses anos de analises.
Apesar da diversificação econômica existente na região é notória a
importância da atividade pecuária bovina extensiva. O crescimento de
importância relativa de área com pastagens naturais confirma isto.
89
O movimento de ocupação de áreas com lavouras ocorre de forma mais
acentuada nas lavouras permanentes, o mesmo movimento observado para
Mato Grosso do Sul. Isto é fundamentalmente movimento da cultura da cana-
de açúcar e a instalação de usinas na região.
Contudo, é bom frisar que em termos absolutos, a área ocupada com
lavouras temporárias é bem superior do que as áreas ocupadas com lavouras
permanentes. Isto quer dizer que a cultura da cana ainda não é predominante
na região. A mandioca, milho e soja ainda têm maior representatividade em
termos de ocupação de área, portanto, de explicação do modelo de ocupação
da terra na região.
A área média dos estabelecimentos do CONSAD Vale do Ivinhema é
superior ao que foi observado para Mato Grosso do Sul. Enquanto no Estado
em 2006 tinha uma área média de 463,39 hectares por estabelecimento, o
CONSAD Vale do Ivinhema foi de 535,8 hectares por estabelecimento. Esses
números indicam que a cultura do boi ainda é muito presente na região. Mesmo
considerando as áreas com lavoura, a grande extensão de terras por
estabelecimento continua sendo realidade nesse espaço.
A condição do produtor em relação às terras não é muito diferente do
que é observado em Mato Grosso do Sul. Quase a totalidade da área esta com
os proprietários, apesar de que o número de estabelecimentos ter diminuído
muito. A presença de arrendatários em termos de área e número de
estabelecimentos é muito pequena. O mesmo para parceiros e ocupantes.
Esses números mostram que a titulação das terras não é um problema de
grande monta na região.
A distribuição de terras no CONSAD Iguatemi mostra o mesmo
movimento que foi observado para Mato Grosso do Sul, porém com variações
maiores. Isto significa que o processo de desconcentração de terras na região,
apesar de ainda ser enorme, ocorreu de forma mais rápida do que foi
observado para Mato Grosso do Sul.
As áreas com até 10 hectares praticamente não tiveram mudanças de
1985 a 2006. No extrato de 10 a 100 hectares, Mato Grosso do Sul tinha em
1985 2,1% passando para 2006 para 2,9%. Por outro lado, o CONSAD Vale do
Ivinhema em 1985 tinha 2,8% das áreas nesse extrato e passou para 2006 a
ter 7,6%.
90
No extrato de 100 a 1.000 hectares os números são os seguintes: Mato
Grosso do Sul tinha 17% em 1985 e o CONSAD Vale do Ivinhema 21,3%. Em
2006, Mato Grosso do Sul passou para 20% e o CONSAD Vale do Ivinhema
para 32,1%.
No extrato de mais de 1.000 hectares o movimento de redução também
é maior na área do CONSAD. Em 1985, Mato Grosso do Sul tinha 80% e
passou para 76%, enquanto o CONSAD tinha 75,5% e 59,9%
respectivamente.
Percebe-se pelos números que a concentração de terras na área do
CONSAD é menor. E o mais importante é que o processo de desconcentração
ocorre de maneira mais intensa nessa área. Apesar, da importância da
pecuária bovina, a desconcentração de terras esta em processo na região. A
velocidade da mudança fica por conta da dinâmica da principal atividade
econômica existente e da diversificação em termos de uso e ocupação da terra
que esta ocorrendo na região.
Na área do CONSAD Vale do Ivinhema são 17 projetos de
assentamentos rurais. São 103.079,63 hectares de terras distribuídas,
totalizando 3548 famílias. 6,5% da área total do CONSAD é destinada a
projetos de assentamentos. O Município de Nova Andradina se destaca, pois
12,5% do município é ocupado com projetos de assentamentos rurais coletivos.
CONSAD Iguatemi A densidade média de bovinos na região é de 79,37 cabeças por km².
Significa 0,79 cabeças por hectare. Apesar de baixo, é bem superior a média
do Estado que gira em torno de 0,68. São 16,18% a mais em termos de
produtividade do que mediamente ocorre em Mato Grosso do Sul.
A ocupação da terra agrícola no CONSAD Iguatemi tem o mesmo
movimento observado em Mato Grosso do Sul. As áreas com lavouras
permanecem relativamente estabilizadas, áreas com pastagens diminuindo e
áreas com matas e florestas aumentando.
O movimento de ocupação de áreas com lavouras ocorre de forma mais
acentuada nas lavouras permanentes, o mesmo movimento observado para
Mato Grosso do Sul. Provavelmente isto seja o movimento da cultura da cana-
de açúcar. Ocorre pequeno crescimento nas áreas com pastagens plantadas
91
em detrimento das áreas com pastagens naturais. Crescimento das áreas com
matas e florestas naturais, o que pode significar recuperação ou estancamento
do processo de uso de áreas com matas e florestas nativas.
A área média dos estabelecimentos do CONSAD Iguatemi é bem menor
do que foi observado para Mato Grosso do Sul. Enquanto no Estado em 2006
tinha uma área média de 463,39 hectares por estabelecimento, o CONSAD
Iguatemi foi de 178,12 hectares por estabelecimento. Esses números indicam
que , apesar do número relativamente alto, o CONSAD Iguatemi possui um
nível de concentração de terras bem inferior a média em Mato Grosso do Sul.
Os fatos que podem ajudar a explicar esses números e, mesmo o processo de
redução que é observado ao longo dos anos, pode ser o número de
assentamentos criados na região, a grande quantidade de índios e a própria
fronteira com o Paraguai.
A condição do produtor em relação às terras não é muito diferente do
que é observado em Mato Grosso do Sul. Praticamente a totalidade da área
esta com os proprietários, apesar de que o número de estabelecimentos ter
diminuído muito. A presença de arrendatários em termos de área e número de
estabelecimentos é muito pequena. O mesmo para parceiros e ocupantes.
Esses números mostram que a titulação das terras não é um problema de
grande monta na região.
A distribuição de terras no CONSAD Iguatemi mostra o mesmo
movimento que foi observado para Mato Grosso do Sul, porém com variações
maiores. Isto significa que o processo de desconcentração de terras na região
ocorreu com maior intensidade do que foi observado para Mato Grosso do Sul.
Enquanto as áreas com até 10 hectares aumentaram sua participação
no CONSAD Iguatemi de 1985 a 2006, em Mato Grosso do Sul ela ficaram
estáveis. No extrato de 10 a 100 hectares, Mato Grosso do Sul tinha em 1985
2,1% passando para 2006 para 2,9%. Por outro lado, o CONSAD Iguatemi em
1985 tinha 3,8% das áreas nesse extrato e passou para 2006 a ter 6,2%.
No extrato de 100 a 1.000 hectares os números são os seguintes: Mato
Grosso do Sul tinha 17% em 1985 e o CONSAD Iguatemi 17,6%. Em 2006,
Mato Grosso do Sul passou para 20% e o CONSAD Iguatemi para 23,9%.
92
No extrato de mais de 1.000 hectares o movimento de redução também
é maior na área do CONSAD. Em 1985, Mato Grosso do Sul tinha 80% e
passou para 76%, enquanto o CONSAD tinha 77,9% e 68,5% respectivamente.
Percebe-se pelos números que a concentração de terras na área do
CONSAD é menor. E o mais importante é que o processo de desconcentração
ocorre de maneira mais intensa nessa área.
Na área do CONSAD Iguatemi são 36 projetos de assentamentos rurais.
São 159.463,46 hectares de terras distribuídas, totalizando 8.846 famílias.
7,4% da área total do CONSAD é destinada a projetos de assentamentos. O
Município de Itaquirai e Japorã se destacam, pois 22,1% do município de
Itaquiraí é ocupado com projetos de assentamentos rurais, enquanto que
Japorã é 17,7%. Esses números ajudam a explicar o processo de
desconcentração de terras ocorrida na região, bem como a importância do
Estado na indução de políticas que promovam o processo de desenvolvimento
socioeconômico da região, integrando -a ao processo maior de inclusão de
pessoas e áreas consideradas pobres ao desenvolvimento do país.
Os pontos fracos encontrados na região foram alta concentração de
terras, predominância da bovinocultura de corte coma atividade motriz e, baixa
ocupação da terra com atividades ligadas a lavoura. Por fim, a sua localização.
Deve ser destacado que boa parte da região faz fronteira com o Paraguai. Os
piores índices de renda de Mato Grosso do Sul encontram-se nessa região,
com destaque os municípios de Japorã, Paranhos, Coronel Sapucaia e Sete
Quedas.Portanto, é uma região pobre cercado por pobres e índios.
Em contrapartida, os pontos fortes que merecem destaques são a
grande quantidade de área disponível e pouca explorada, a cultura acumulada
com projetos de assentamentos na região e, a densidade demográfica que esta
acima da média do Estado.
Considerações Finais Em termos de área, o CONSAD Serra da Bodoquena ocupa
aproximadamente 11,3% da área do estado de Mato Grosso do Sul. Vale do
Ivinhema com 3,8% e Iguatemi com 5,7%. Deve ser dito que o CONSAD
Iguatemi possui dois municípios que destoam do padrão da região. São eles
93
Ponta Porã e Naviraí. Se tirarmos esses dois municípios o CONSAD Iguatemi
ficaria com 3,3% da área do Estado.
Em termos de geração de renda, Vale do Ivinhema e Serra da
Bodoquena cada um representa 3,9% do PIB do Estado. Iguatemi com Ponta
Porã e Naviraí com 7,1%, mas sem a presença dos dois, a participação cai
para 3%.
Nota-se, portanto, que se tratam realmente de regiões pobres de um
Estado com pouca presença em termos de geração de renda no país. Mato
Grosso do Sul participa com apenas 1,3% da geração da renda nacional.
A presença do Estado nacional com projetos de fixação do homem no
campo, de melhoria das condições de vida no meio urbano deve ser prioritária.
Do contrario, as condições consideradas normais de uso e ocupação da terra
determinarão à dinâmica socioeconômica da mesma. A história nos tem
mostrado que essa dinâmica de uso e ocupação não inclui os menos
favorecidos, pelo contrário, é nociva ao processo de desenvolvimento
sustentável.
94
7. CARACTERIZAÇÃO SOCIAL 7.1. EDUCAÇÃO Serra da Bodoquena
O CONSAD Serra da Bodoquena é o que apresenta, na média, as
melhores taxas de alfabetização, se comparado aos outros CONSAD
analisados. Jardim é o município melhor ranqueando, com quase 90% das
pessoas alfabetizadas. Como pode ser visto no figura 3.4.1.1, Guia Lopes da
Laguna, Nioaque e Porto Murtinho oferecem as menores taxas (cerca de
84,3%), nível abaixo da média nacional, que é de 88,6%, segundo o MEC.
FIGURA 7.1.1: Taxa de alfabetização - CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: IBGE (2010).
Segundo dados do Ministério da Educação, com relação ao Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), é possível constatar que, na
média, os municípios do CONSAD Serra da Bodoquena obtiveram um índice
próximo de 4. O município de Caracol é o que apresenta o maior índice (4,5); é
também o único município que tem um índice superior a média nacional (que é
de 4,4). O município pior ranqueado é Nioque (3,7), como nota-se na figura
7.1.2.
88,7% 84,9%
88,9% 87,7%
84,3% 89,9%
84,3% 84,2%
80% 82% 84% 86% 88% 90% 92%
Bela Vista Bodoquena
Bonito Caracol
Guia Lopes da Laguna Jardim
Nioaque Porto Murtinho
95
FIGURA 7.1.2: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) - CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: Ministério da Educação (2009).
Ainda no CONSAD Serra da Bodoquena, com base nos dados
secundários disponibilizados pelo IBGE, é possível afirmar que existe uma
disponibilidade de 80 escolas de ensino fundamental e 26 escolas de ensino
médio; uma relação de uma escola para cada 1.104 habitantes. O total de
alunos matriculados no ensino fundamental é de 24.794, e no ensino médio é
de 4.186. Para ambos os ensinos há uma disponibilidade de 1.762 docentes,
uma relação de um docente para cada 66 habitantes.
No CONSAD Serra da Bodoquena apenas uma minoria dos
entrevistados, expressos por pouco mais de 3% do total, possuía algum tipo de
curso de nível superior. Dentre aqueles que não apresentavam ensino superior,
40% relatava a intenção de ingressar na faculdade, ao passo que os 60%
restantes alegaram algum tipo de empecilho para o início de um curso de nível
superior, como as questões inerentes à idade (55% do total de respostas); a
falta de dinheiro (16%) ou a falta de habilidades (13%), conforme nota-se na
tabela 7.1.1.
TABELA 7.1.1: Motivos pela falta de interesse em ingressar no ensino superior - CONSAD Serra da Bodoquena.
Justificativa Quantidade % do Total Não tem mais idade para estudar 134 55 Falta de dinheiro 39 16 Falta de habilidade 31 13 Não é importante 8 3 Outros 31 13 Total 243 100 Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
4,1 4,3
4,1 4,5
3,8 4,3
3,7 3,8
0 1 2 3 4 5
Bela Vista Bodoquena
Bonito Caracol
Guia Lopes da Laguna Jardim
Nioaque Porto Murtinho
96
Quanto ao nível de escolaridade de cada membro das famílias
investigadas (tabela 7.1.2), constatou-se que 31% deles não têm o Ensino
Primário Completo; ao passo que 14% não são sequer escolarizados e
alfabetizados. Os que apresentam Ensino Ginasial Completo representam 10%
do total, enquanto apenas 1% têm Ensino Médio Completo. Os que possuem
Ensino Superior também perfazem 1% do total da amostra pesquisada. É
pertinente ressaltar que nesses dados estão inclusos todos os membros da
família (inclusive crianças).
TABELA 7.1.2: Nível de escolaridade - CONSAD Serra da Bodoquena.
Escolaridade Quantidade % do Total Não escolarizado e não alfabetizado 216 14 Não escolarizado e alfabetizado 57 4 Ensino Primário Incompleto 489 31 Ensino Primário Completo 162 10 Ensino Ginasial Incompleto 383 24 Ensino Ginasial Completo 156 10 Ensino Médio Incompleto 62 4 Ensino Médio Completo 23 1 Superior 14 1 Pós-graduação 2 0 Não Sabe 3 0 Total 1567 100 Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Do total de entrevistados, pouco menos de 67% possuíam filhos em
idade escolar. Dentro deste grupo observou-se que, no que tange ao tempo
médio gasto pelas crianças para chegar à escola, 67% do total de
entrevistados com filhos em idade escolar alegaram que as crianças demoram
até 15 minutos para irem à aula, seguidos de pouco menos de 27% que
demoram até 30 minutos, de modo que as outras freqüências relativas
auferidas na pesquisa encontram-se na figura 7.1.3.
97
FIGURA 7.1.3: Tempo gasto pelas crianças/adolescentes para chegar à escola - CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Ainda no que se refere aos entrevistados que alegaram possuir filhos em
idade escolar, notou-se que, pouco menos de 34% relatou o acompanhamento
diário aos filhos no que tange às suas atividades escolares, seguidos de pouco
menos de 32% que externaram o acompanhamento mensal, além dos 22% que
acompanham os filhos semanalmente, de modo que aqueles que alegaram
raramente ou nunca acompanhar os filhos nas suas lides escolares perfazem
7% e 6% do total de entrevistados no grupo analisado, respectivamente,
conforme observa-se na síntese dos dados na figura 7.1.4.
FIGURA 7.1.4: Acompanhamento das atividades dos filhos na escola, pelos pais - CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
98
Vale do Ivinhema O CONSAD Vale do Ivinhema apresenta uma baixa taxa de
alfabetização, se confrontada com os indicadores brasileiros. Acima da média
brasileira está apenas Nova Andradina, com um índice de 89,2%, que perfaz o
município que apresenta ainda o maior IDH e o menor índice de pobreza da
região. Taquarussu aparece como o município menos alfabetizado da região
(80%). A figura 3.4.1.5 ilustra as taxas de alfabetização dos municípios do
referido CONSAD.
FIGURA 7.1.5: Taxa de alfabetização - CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: IBGE (2010).
Abordando os números do IDEB para os municípios do CONSAD Vale
do Ivinhema, é possível afirmar que apenas Nova Andradina possui um índice
superior ao observado nacionalmente. Bataguassu apresenta um índice igual
ao nacional, enquanto Taquarussu tem o pior índice dos municípios integrantes
desse CONSAD, conforme ilustra a figura 7.1.6.
83,7%
86,3%
83,7%
89,2%
80,0%
74% 76% 78% 80% 82% 84% 86% 88% 90%
Anaurilândia
Bataguassu
Batayporã
Nova Andradiana
Taquarussu
99
FIGURA 7.1.6: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) - CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Ministério da Educação (2009).
No que tange aos dados concernentes à disponibilidade de escolas e
docentes; bem como ao número de matrículas, o IBGE disponibiliza os
seguintes dados sobre esse território: existem 42 escolas de ensino
fundamental e 18 escolas de ensino médio, uma relação de uma escola para
cada 1.404 habitantes; 15.277 matrículas no ensino fundamental e 3.508 no
ensino médio; além de uma disponibilidade de 1.267 docentes, uma relação de
um docente para cada 66 habitantes.
No CONSAD Vale do Ivinhema, pouco menos de 5% dos entrevistados
tinham algum tipo de curso de nível superior. Dentre os 95% restantes que
alegaram não possuir ensino superior, 34% mostrou-se disposta a ingressar na
faculdade, ao passo que os 66% restantes relataram não possuir interesse em
ingressar no ensino superior por vários motivos, dentre os quais: não tem mais
idade para estudar (66% do total de citações dentre aqueles que não querem
ingressar no ensino superior); falta de dinheiro (14%); falta de habilidades (9%),
dentre outras questões, conforme nota-se na tabela 7.1.3.
TABELA 7.1.3: Motivos pela falta de interesse em ingressar no ensino superior - CONSAD Vale do Ivinhema.
Justificativa Quantidade % do Total Não tem mais idade para estudar 160 71 Falta de dinheiro 33 15 Falta habilidade 21 9 Não é importante 12 5 Outros 18 8 Total geral 226 100 Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
4,2
4,4
4,1
4,7
4
3,6 3,8 4 4,2 4,4 4,6 4,8
Anaurilândia
Bataguassu
Batayporã
Nova Andradiana
Taquarussu
100
Quanto ao nível de escolaridade dos membros da família, teve-se a
seguinte percepção: 11% dos membros da família não são nem escolarizados
nem alfabetizados; 27% possuem Ensino Primário incompleto, ao passo que,
apenas 7% completaram esse nível de escolaridade. Os que apresentam o
Ensino Ginasial Incompleto são expressos por 18% do total pesquisado, ao
passo que os que concluíram esse nível do processo escolar são 5%. Quanto
ao Ensino Médio, tem-se somente 9% de indivíduos que o completaram, de
modo que, no que se refere ao ensino superior, notam-se 4% que atingiram
esse nível escolar, conforme na tabela 7.1.4.
TABELA 7.1.4: Nível de escolaridade - CONSAD Vale do Ivinhema.
Escolaridade Quantidade % do Total Não escolarizado e não alfabetizado 159 11 Não escolarizado e alfabetizado 113 8 Ensino Primário Incompleto 386 27 Ensino Primário Completo 98 7 Ensino Ginasial Incompleto 258 18 Ensino Ginasial Completo 75 5 Ensino Médio Incompleto 144 10 Ensino Médio Completo 125 9 Superior 53 4 Pós-graduação 2 0 Não Sabe 3 0 Total 1.416 100 Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Do total entrevistado, pouco menos de 67% alegaram possuir filhos em
idade escolar. Destes indivíduos observou-se que, no que tange ao tempo
médio gasto pelas crianças/adolescentes para se deslocarem até a escola,
65% relatou um tempo estimado de até 15 minutos, seguidos de 26% de
citações atinentes a um tempo médio até 30 minutos, além de outras
observações, conforme nota-se na figura 7.1.7.
101
FIGURA 7.1.7: Tempo médio gasto pelas crianças/adolescentes para chegar à escola - CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Ainda no que se refere aos entrevistados que relataram possuir filhos em
idade escolar, constatou-se que cerca de 38% do total relatou que acompanha
as atividades de seus filhos na escola diariamente, seguidos de 31% que
alegaram acompanhar semanalmente e 16% que relegam acompanhamento
mensal, conforme nota-se na figura 7.1.8.
FIGURA 7.1.8: Acompanhamento das atividades dos filhos nas escolas, pelos pais - CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010). Iguatemi
No CONSAD Iguatemi, o município de Ponta Porã possui a maior taxa
de alfabetização, tanto entre os municípios da sua microrregião como entre
todos os municípios dos três CONSAD, com indicador igual a 90,5%. Além
disso, esse é o único município, desse CONSAD, que tem uma taxa de
102
alfabetização acima da média nacional. Japorã apresenta a menor taxa de
alfabetização, cerca de 70%, conforme elucidado na figura 7.1.9.
FIGURA 7.1.9: Taxa de alfabetização - CONSAD Iguatemi.
Fonte: IBGE (2010).
Analisando o IDEB dos municípios integrantes do CONSAD Iguatemi, é
possível verificar que na média eles apresentam um índice próximo de 4,1. O
município de Naviraí é o que apresenta o maior índice (4,8), tanto entre os
municípios da sua microrregião como entre todos os municípios dos três
CONSAD. Esse CONSAD abarca, também, o município com o pior índice dos
três CONSAD analisados: Japorã (3,2) (figura 7.1.10).
FIGURA 7.1.10: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) - CONSAD Iguatemi.
Fonte: Ministério da Educação (2009).
79,6%
83,0%
86,2%
82,5%
72,8%
86,0%
86,7%
78,0%
90,5%
81,1%
77,3%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Coronel Sapucaia Eldorado Iguatemi Itaquiraí
Japorã Mundo Novo
Naviraí Paranhos
Ponta Porã Sete Quedas
Tacuru
3,9 4 4
3,9 3,2
4,3 4,8
4,5 4,5
4,1 3,9
0 1 2 3 4 5 6
Coronel Sapucaia Eldorado Iguatemi Itaquiraí
Japorã Mundo Novo
Naviraí Paranhos
Ponta Porã Sete Quedas
Tacuru
103
Com base nos dados do IBGE, tem-se que existe uma disponibilidade de
111 escolas de ensino fundamental e 37 escolas de ensino médio, uma relação
de uma escola para cada 1.539 habitantes. Há também um total de 50.392
alunos matriculados no ensino fundamental e 9.575 matriculados no ensino
médio. A disponibilidade total de docentes é de 3.250, uma relação de um
docente para cada 70 habitantes. Os números absolutos, nesse CONSAD, são
elevados em relação aos outros CONSAD, devido ao fato de que,
comparativamente, sua população é bem maior. Mas a freqüência relativa
revela que a disponibilidade de escolas e docentes é menor nesse CONSAD
em relação aos outros.
No que tange ao CONSAD Iguatemi, 5% dos entrevistados relataram
possuir algum tipo de curso de nível superior. Dentre o restante dos indivíduos
que alegaram não possuir ensino superior, 43% mostrou-se disposta a
ingressar em uma faculdade, ao passo que os 57% restantes relataram vários
motivos para não retornar aos estudos, de tal modo que, dentre esses motivos,
os mais relevantes são: não tem mais idade para estudar (56% do total de
citações); falta de habilidades (16%); falta de dinheiro (12%), dentre outras
questões, conforme pode ser observado na tabela 7.1.5.
TABELA 7.1.5: Motivos pela falta de interesse em ingressar no ensino superior - CONSAD Iguatemi.
Justificativa Quantidade % do Total Não tem mais idade para estudar 122 65 Falta de habilidades 35 19 Falta de dinheiro 26 14 Não é importante 6 3 Outros 28 15 Total geral 189 100 Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
No que se refere ao nível de escolaridade de todos os membros da
família, verificou-se que 30% do total possuem apenas o Ensino Primário
Incompleto, enquanto os que não são nem escolarizados e nem alfabetizados
representam 14% do total. Os que têm o Ensino Ginasial Incompleto são 18%
do total, ao passo que apenas 9% possuem esse nível de escolaridade
completo. Apenas 6% dos membros da família apresentam Ensino Médio
Completo, e 3% possuem Ensino Superior, como pode ser observado na tabela
7.1.6.
104
TABELA 7.1.6: Nível de escolaridade - CONSAD Iguatemi.
Escolaridade Quantidade % do Total Não escolarizado e não alfabetizado 214 14 Não escolarizado e alfabetizado 99 7 Ensino Primário Incompleto 440 30 Ensino Primário Completo 138 9 Ensino Ginasial Incompleto 266 18 Ensino Ginasial Completo 69 5 Ensino Médio Incompleto 119 8 Ensino Médio Completo 87 6 Superior 52 3 Pós-graduação 5 0 Não Sabe 2 0 Total 1491 100 Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Do total de indivíduos entrevistado nos vários municípios deste
CONSAD, pouco mais de 67% do total alegou possuir filhos em idade escolar.
Deste grupo, no que tange ao tempo médio que as crianças/adolescentes
demoram para chegar à escola, nota-se uma freqüência relativa de 58% de
indivíduos que relataram um tempo médio de até 15 minutos, seguidos de 30%
que alegaram tempo estimado de até 30 minutos, além de outras freqüências,
conforme exposto na figura 7.1.11.
FIGURA 7.1.11: Tempo médio gasto pelas crianças/adolescentes para chegar à escola - CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Ainda no que se refere aos indivíduos que alegaram possuir filhos em
idade escolar, constatou-se que 38% deles acompanham diariamente seus
105
filhos em suas lides escolares, seguidos de 28% que relegam
acompanhamento semanal, além de 25% que dispensam acompanhamento
mensal, conforme nota-se na figura 7.1.12.
FIGURA 7.1.12: Acompanhamento das atividades dos filhos nas escolas, pelos pais - CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Panorama geral dos CONSAD quanto à educação Em âmbito geral, analisando conjuntamente os três CONSAD sul-mato-
grossenses, constatou-se que pouco mais de 4% do total geral de
entrevistados possui algum tipo de curso superior. Dentre aqueles que
relataram não possuir ensino superior, 39% demonstrou interesse em se dirigir
aos bancos universitários, ao passo que os 61% restantes alegaram vários
motivos para não cursar uma faculdade, dentre os quais: não tem mais idade
(59% do total de citações); falta de dinheiro (14%); falta de habilidades (12%),
além de outras questões, elucidadas na tabela 7.1.7.
TABELA 7.1.7: Motivos pela falta de interesse em ingressar no ensino superior - CONSAD sul-mato-grossenses.
Justificativa Quantidade % do Total Não tem mais idade para estudar 416 59 Falta de dinheiro 99 14 Falta de habilidades 87 12 Não é importante 26 4 Outros 77 11 Total geral 705 100 Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
106
Sendo assim, nos três CONSAD é maior o contingente de indivíduos que
não têm intenção de cursar uma faculdade comparativamente àqueles que têm
interesse nos cursos de nível superior, com os maiores percentuais de
desinteresse verificados no CONSAD Vale do Ivinhema e os menores índices
no CONSAD Iguatemi. Quanto aos motivos pela falta de interesse no ensino
superior, contatou-se que a idade é o elemento mais citado, ao lado da falta de
habilidades e da falta de dinheiro.
Em relação ao nível de escolaridade dos membros das famílias
concernente aos três CONSAD (tabela 7.1.8), observou-se que 13% do total
amostrado não são nem alfabetizados e nem escolarizados. Quanto àqueles
que apresentam Ensino Primário incompleto, observa-se que representam 29%
do total; seguidos de 20% que apresentam o Ensino Ginasial incompleto.
Somente 5% dos membros familiares possuem o Ensino Médio Completo, e
3% apresentam diploma de nível superior.
Nesse cenário geral, o CONSAD com o maior número de indivíduos que
apresentam apenas o Ensino Primário Incompleto é o CONSAD Serra da
Bodoquena, que também é o CONSAD que apresenta o menor percentual de
membros familiares com Ensino Médio Completo. O CONSAD Vale do
Ivinhema apresenta os melhores indicadores: o menor contingente de
indivíduos não escolarizados nem alfabetizados; além do maior percentual de
membros familiares com Ensino Médio Completo, bem como, o maior número
de pessoas com Ensino Superior.
TABELA 7.1.8: Nível de escolaridade - CONSAD sul-mato-grossenses.
Escolaridade Quantidade % do Total Não escolarizado e não alfabetizado 589 13 Não escolarizado e alfabetizado 269 6 Ensino Primário Incompleto 1.315 29 Ensino Primário Completo 398 9 Ensino Ginasial Incompleto 907 20 Ensino Ginasial Completo 300 7 Ensino Médio Incompleto 325 7 Ensino Médio Completo 235 5 Superior 119 3 Pós-graduação 9 0 Não Sabe 8 0 Total 4.474 100 Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
107
Considerando ainda o total de questionários aplicados nos três CONSAD
de Mato Grosso do Sul, constatou-se que pouco menos de 67% dos
entrevistados alegaram possuir filhos em idade escolar. Deste grupo, 63%
relataram que seus filhos demoram até 15 minutos para chegar à escola,
seguidos de 27% que externou tempo médio de 30 minutos para que seus
filhos se desloquem à escola, além de 5% de observações atinentes aqueles
que demoram até 1h para estudar, conforme nota-se no figura abaixo, que
estabelece um comparativo dos três CONSAD, com a média geral de todos os
questionários aplicados (figura 7.1.13).
FIGURA 7.1.13: Tempo médio gasto pelas crianças/adolescentes para chegar à escola - CONSAD MS.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Na média, à ótica dos entrevistados, a grande maioria das crianças
demora até 30 minutos para chegar à escola, o que pode revelar a existência
de elementos e/ou infra-estruturas de acesso aos estabelecimentos de ensino.
Ainda no que se refere aos indivíduos que relataram possuir filhos em
idade escolar, constatou-se que 37% relegam acompanhamento diário às lides
escolares de seus filhos, seguidos de 27% que dispensam tal
acompanhamento semanalmente, além dos 25% que acompanham
mensalmente as atividades escolares, conforme nota-se na figura 7.1.14.
63%
27%
5% 2% 1% 1% 0%
10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
Até 15 min. Até 30 min. Até 1h De 1h a 2h De 3h a 4h Não sabe
Geral Bodoquena Ivinhema Iguatemi
108
FIGURA 7.1.14: Acompanhamento das atividades dos filhos nas escolas, pelos pais - CONSAD MS.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
37%
27%
25%
8%
3%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Todo dia
1 vez por semana
1 vez por mês
Raramente
Nunca
Iguatemi Ivinhema Bodoquena Geral
109
7.2. SAÚDE Serra da Bodoquena
O CONSAD Serra da Bodoquena é o que apresenta as menores taxas de
leitos/mil habitantes, segundo dados do IBGE. Os municípios com as maiores
taxas, Guia Lopes da Laguna e Bela Vista, têm apenas três leitos para cada mil
habitantes. Bonito, uma das cidades turísticas mais famosas do Brasil, tem a
pior relação entre leitos e habitantes, como pode ser observado na figura 7.2.1.
FIGURA 7.2.1: Leitos por mil habitantes - CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: IBGE (2010).
Em relação à disponibilidade de estabelecimentos de saúde à
população, é possível afirmar que o município de Bela Vista é o que tem o
maior número de estabelecimentos de saúde, representando 19% do total que
existe no CONSAD Serra da Bodoquena. O município de Caracol, em
contrapartida, apresenta o menor número de estabelecimentos de saúde (6%
do total). O município de Bodoquena é o que apresenta a melhor relação entre
habitantes/estabelecimentos de saúde, composta por um estabelecimento de
saúde para cada 817 habitantes. Em contrapartida, o município de Bonito
apresenta a pior relação, 2.159 habitantes por estabelecimento de saúde, como
nota-se na tabela 7.2.1.
2,8
2,6
1,6
2,6
3,1
2,3
2,5
2,1
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
Bela Vista
Bodoquena
Bonito
Caracol
Guia Lopes da Laguna
Jardim
Nioaque
Porto Murtinho
110
TABELA 7.2.1: Disponibilidade de estabelecimentos de saúde - CONSAD Serra da Bodoquena.
Cidades Hab. /
Estabelecimento de saúde
Número de estabelecimentos de
saúde % do Total
Bela Vista 1759 13 19 Bodoquena 817 10 14 Bonito 2159 8 11 Caracol 1274 4 6 Guia Lopes da Laguna
2042 5
7
Jardim 2122 11 16 Nioaque 1382 11 16 Porto Murtinho 1858 8 11 Total - 70 100 Fonte: IBGE (2010).
No CONSAD Serra da Bodoquena constatou-se que, no que tange ao
aparato do sistema de saúde, é maciça a utilização dos instrumentos públicos,
já que 86% dos entrevistados alegaram que procuram médicos públicos
quando apresentam algum tipo de problema de saúde. No extremo oposto,
apenas 14% procuram médicos privados quando estão doentes.
Surpreende a grande demanda por agentes de saúde e por farmácias
em casos de enfermidade, já que cada um obteve 77% de citações afirmativas.
Ademais, chama a atenção o percentual de indivíduos que procuram igrejas ou
benzedeiras quando estão doentes, expressos por 16% e 8% do total de
citações afirmativas em cada classe, respectivamente.
TABELA 7.2.2: Relação de onde os indivíduos costumam ir quando estão doentes - CONSAD Serra da Bodoquena.
Citações Médico Privado
(%)
Médico Público
(%)
Agente de Saúde
(%)
Igreja (%)
Farmácia (%)
Benzedeira (%)
Não 86 14 77 84 77 92 Sim 14 86 23 16 23 8
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Outro dado relevante ilustra que 47% dos entrevistados e/ou seus
familiares faz uso de plantas medicinais no tratamento de enfermidades. A
maioria dos indivíduos alegou que planta essas ervas (79% de citações
afirmativas); ao passo que 32% alegaram que as coletam na natureza. Apenas
5% disseram que compram essas plantas (tabela 7.2.3).
111
TABELA 7.2.3: Relação de como são adquiridas as plantas medicinais - CONSAD Serra da Bodoquena.
Citações Compradas (%)
Doadas (%)
Plantadas (%)
Coletadas (%)
Outros (%)
Não 95 74 21 68 100 Sim 5 26 79 32 0
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Agora, quando os indivíduos foram perguntados acerca de onde se faz
coleta de água para beber e cozinhar, obteve-se as seguintes respostas: 50%
coleta água do poço, ao passo que 38% recebem água encanada. Vale
ressaltar que 49% dos sujeitos pesquisados se encontravam em áreas
institucionalizadas, e 34% em assentamentos.
No que tange à existência de atendimento de saúde domiciliar, pouco mais
de 60% dos entrevistados respondeu positivamente à questão. Dentro deste
grupo, 22% dos respondentes alegaram ser beneficiários do Programa de
Saúde da Família (PSF), ao passo que 64% afirmaram participar do Programa
de Agente Comunitário (PAC).
Face à elevada importância do aparato público no sistema de saúde
oferecido à população, aferiu-se a percepção de qualidade por parte dos
indivíduos no que tange a esse serviço, nomeadamente no que se refere às
seguintes variáveis: tempo de atendimento; qualidade no atendimento;
estrutura física; disponibilidade de medicação; disponibilidade de profissionais;
além da variedade de especialidades médicas.
No que se refere ao tempo de atendimento nos estabelecimentos do
sistema público de saúde, observou-se que pouco mais de 50% dos
entrevistados consideram o atendimento ruim ou muito ruim, ao passo que 20%
o consideram regular. Dentre aqueles que percebem que o tempo de
atendimento é bom ou ótimo estão 24% e 4% do total entrevistado,
respectivamente, conforme nota-se na figura 7.2.2.
112
FIGURA 7.2.2: Percepção dos entrevistados quanto ao tempo de atendimento no sistema público de saúde - Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Em relação à qualidade do atendimento nos estabelecimentos do
sistema público de saúde, foi possível constatar que um pouco menos da
metade (46% do total de entrevistados) responderam que tal qualidade é boa,
24% acham o atendimento regular, 13% o consideraram ruim e 9% alegaram
que o atendimento é muito ruim. Apenas 8% dos entrevistados consideraram
tal variável como sendo ótima, conforme nota-se na figura 7.2.3.
FIGURA 7.2.3: Percepção dos entrevistados quanto à qualidade do atendimento no sistema público de saúde - Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Quanto à estrutura física dos estabelecimentos do sistema
governamental de saúde, mais da metade dos entrevistados relataram que a
113
consideram boa (56% do total pesquisado). Os que disseram que a estrutura
física é regular representam 19% e os que a consideraram ruim, cerca de 14%.
Os que alegaram que a estrutura física é ótima foram 6% dos entrevistados,
enquanto no extremo oposto, 5% disseram que acham muito ruim tal quesito.
Esses resultados podem ser visualizados na figura 7.2.4.
FIGURA 7.2.4: Percepção dos entrevistados quanto à estrutura física dos estabelecimentos no sistema público de saúde - Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Agora no que concerne à disponibilidade de medicação gratuita, 35% a
consideraram como sendo boa. Os que falaram que tal disponibilidade era
regular ou ruim representam, respectivamente, 26% e 22% do total pesquisado.
Apenas 6% consideraram ótima, enquanto 11% consideraram muito ruim
(figura 7.2.5).
114
FIGURA 7.2.5: Percepção dos entrevistados quanto à disponibilidade de medicação no sistema público de saúde - Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Referente à disponibilidade de profissionais de saúde pública, constatou-
se que 39% consideram tal variável como sendo boa, ao passo que 20% a
consideram regular e 22% alegam ser ruim. Aqueles que relataram que a
disponibilidade de profissionais é ótima perfazem 6% do total, ao passo que no
extremo oposto os que consideraram como sendo muito ruim representam
13%, conforme observa-se na figura 7.2.6.
FIGURA 7.2.6: Percepção dos entrevistados quanto à disponibilidade de profissionais no sistema público de saúde - Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Por fim, referente à variedade de especialidades médicas existentes na
rede pública de saúde, constatou-se que 25% a consideram boa, 19% alegam
ser regular, ao passo que a maioria (32%) relatam ser ruim. Dentre aqueles
115
que consideram muito ruim estão 22%, ao passo que, no extremo oposto,
estão 2% de indivíduos que consideram a variável em questão como sendo
ótima, conforme nota-se na figura 7.2.7.
FIGURA 7.2.7: Percepção dos entrevistados quanto à variedade de especialidades médicas no sistema público de saúde - Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010). Dadas essas percepções estruturais acerca do sistema público de
saúde, uma vez indagados se já deixaram de ser atendidos por falta de
profissionais de saúde, 40% dos entrevistados responderam afirmativamente à
questão. Independentemente, constatou-se que a maioria (20% do total de
citações) espera de 1h a 2h para ser atendido, seguidos de 17% que relataram
esperar mais de 4h, além de 16% que afirmaram esperar uma média de
apenas 30 minutos para o atendimento médico e de outros 16% que esperam
de 3h a 4h, conforme observa-se na figura 7.2.8.
116
FIGURA 7.2.8: Tempo médio de espera para o atendimento médico - Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010). No que tange ao tempo médio necessário para se deslocar ao centro de
saúde mais próximo, 59% alegaram que demoram até 15 minutos, seguidos de
28% que demoram até 30 minutos, além de 6% que demoram até 1h e de
outros 6% que demoram acima de 1h. Dentre aqueles que não sabem o tempo
médio e/ou não responderam, tem-se 2% do total de citações, conforme
explicitado na figura 7.2.9.
FIGURA 7.2.9: Tempo médio necessário para se deslocar ao centro de saúde mais próximo - Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010). Referente aos motivos pelos quais os entrevistados e familiares não vão
ao médico aferiu-se várias citações, dentre as mais expressivas: não fica
doente (66% do total de afirmações positivas nesta classe); falta de dinheiro
117
(18%); falta de confiança no sistema de saúde (10%), além de outras questões,
explicitadas na tabela 7.2.4.
TABELA 7.2.4: Motivos pelos quais os entrevistados e familiares não vão ao médico Serra da Bodoquena. Citações Falta de dinheiro
(%) Falta de confiança
(%) Religião
(%) Não fica doente
(%) Outro
(%) Não 82 90 99 34 94 Sim 18 10 1 66 6
Fonte: Dados da Pesquisa (2010). Agora, no que concerne às questões de saúde preventiva, constatou-se
que 47% dos entrevistados procuram centro de saúde ou médico mesmo
quando não estão doentes para poder prevenir problemas futuros, como
diabetes, hipertensão ou excesso de peso. Independentemente, 13% dos
indivíduos alegaram que possuem alguém do núcleo familiar com problemas de
diabetes, seguidos de 42% que relataram possuir familiares com hipertensão,
além de 12% que alegaram incidência de doenças cardiovasculares. Sendo
assim, nota-se que os problemas de saúde supracitados exigem
acompanhamentos mais freqüentes de médicos e, conseqüentemente,
demandam de forma mais incisiva as infra-estruturas de saúde dos municípios
(tabela 7.2.5).
TABELA 7.2.5: Problemas de saúde familiar dos entrevistados ou membros da família CONSAD Serra da Bodoquena.
Citações Diabetes (%)
Hipertensão (%)
Doenças cardiovasculares (%)
Não 87 58 88 Sim 13 42 12
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Ademais, constatou-se que 51% dos entrevistados (sejam eles próprios ou
seus familiares) são dependentes de remédios. Uma vez indagados sobre onde
adquirem tais medicamentos, a maioria (67% do total de pesquisados) alegou a
farmácia pública como fonte primordial, ao passo que o restante
(aproximadamente 33%) procura farmácias privadas. Isso revela, mais uma
vez, a importância do sistema público no aparato de saúde dos municípios
integrantes do CONSAD analisado.
Ainda no viés preventivo de saúde pública, 73% dos entrevistados
alegaram que possuem informações sobre como prevenir doenças, sendo tais
118
informações provenientes sobretudo das seguintes fontes: agentes de saúde
do PSF/PAC (55% de afirmações positivas nesta classe); televisão (44%);
profissionais especializados (15%); revistas/jornais (6%); além da internet (6%).
Por fim, no que se refere às informações sobre como se alimentar
corretamente, que influenciam direta ou indiretamente na saúde dos indivíduos,
60% dos entrevistados alegaram possuí-las, sendo que tais informações
resultam das seguintes fontes: televisão (43% de afirmações de positivas);
Agentes de saúde do PSF/PAC (37%); profissionais especializados (25%);
revistas/jornais (10%); além da internet (6%).
Vale do Ivinhema
No CONSAD Vale do Ivinhema nota-se um bom coeficiente no município
de Anaurilândia, aproximadamente cinco leitos para cada mil habitantes.
Apesar de Taquarussu possuir a maior taxa de mortalidade da região, sua
relação entre leitos e habitantes é boa (cerca de 4,5 leitos por mil habitantes).
Bataguassu, Nova Andradina e Batayporã apresentam os menores indicadores
(1,9; 2,4 e 2,8 respectivamente), como pode ser visualizado na figura 7.2.10.
FIGURA 7.2.10: Leitos por mil habitantes CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: IBGE (2010).
Em se tratando da disponibilidade de estabelecimentos de saúde à
população, o município de Nova Andradina é o que possui a maior infra-
estrutura, disponibilizando 44% do total de estabelecimentos de saúde do
CONSAD Vale do Ivinhema, mas possui a pior relação entre habitantes e
estabelecimentos de saúde (1.891 habitantes/estabelecimento de saúde). Do
5,3
1,9
2,8
2,4
4,5
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
Anaurilândia
Bataguassu
Batayporã
Nova Andradiana
Taquarussu
119
lado oposto, está o município de Taquarussu: possui o menor número de
estabelecimentos de saúde (10% do total), mas tem a melhor relação entre
habitantes e estabelecimentos de saúde (623 habitantes/estabelecimento),
como nota-se na 7.2.6.
TABELA 7.2.6: Disponibilidade de estabelecimentos de saúde CONSAD Vale do Ivinhema.
Cidades Hab. /
Estabelecimento de saúde
Número de estabelecimentos de
saúde % do Total
Anaurilândia 1397 6 12 Bataguassu 1869 10 19 Batayporá 1321 8 15 Nova Andradina 1891 23 44 Taquarussu 623 5 10 Total - 70 100 Fonte: IBGE (2010).
No caso CONSAD Vale do Ivinhema, assim como no CONSAD Serra da
Bodoquena, observou-se que a maioria da população vai a médicos públicos
quando se encontram enfermos, expressos por 88% de afirmações positivas
inerentes a essa indagação. Não obstante, tem-se 18% de indivíduos que
relataram ir a médicos privados quando estão doentes.
É preponderante, também, considerar que 26% dos entrevistados
disseram que procuram agentes de saúde quando estão doentes, e 21%
disseram que vão à farmácias. Constatou-se ainda que o percentual de
pessoas que procuram a igreja é considerável (cerca de 15% dos indivíduos).
Apenas 6% dos sujeitos pesquisados relataram que procuram benzedeiras
quando se encontram com algum tipo de enfermidade (tabela 7.2.7).
TABELA 7.2.7: Relação de onde os indivíduos costumam ir quando estão doentes CONSAD Vale do Ivinhema.
Citações Médico Privado
(%)
Médico Público
(%)
Agente de Saúde
(%)
Igreja (%)
Farmácia (%)
Benzedeira (%)
Não 82 12 74 85 79 94 Sim 18 88 26 15 21 6
Fonte: Dados da Pesquisa (2010). Outra consideração relevante aponta que 61% dos entrevistados alegaram
que algum membro da família faz uso de plantas medicinais no tratamento de
doenças. A maioria da população que as utiliza cultiva essas plantas (79% do
120
total de afirmações positivas nessa classe), e 24% disseram que as coletam.
Um percentual relativamente pequeno tem acesso a essas plantas através de
doações, conforme nota-se na tabela 7.2.8.
TABELA 7.2.8: Relação de como são adquiridas as plantas medicinais CONSAD Vale do Ivinhema.
Citações Compradas (%)
Doadas (%)
Plantadas (%)
Coletadas (%)
Outros (%)
Não 97 90 31 39 62 Sim 3 10 79 24 38
Fonte: Dados da Pesquisa (2010). Quando os entrevistados foram perguntados acerca de onde se faz coleta
de água para beber e cozinhar, obtiveram-se as seguintes respostas: 43%
recebem água encanada, enquanto 42% coletam água do poço. É necessário
observar que 95% dos entrevistados dessa região se encontravam em
assentamentos.
No que se refere ao atendimento de saúde domiciliar, quase 70% dos
entrevistados responderam que recebem esse tipo de atendimento. Desses,
39% disseram que são atendidos por meio do Programa de Saúde da Família
(PSF), enquanto 59% afirmaram participar do Programa de Agente Comunitário
(PAC).
Considerando-se a importância do serviço de saúde oferecido pelo sistema
público de saúde, observou-se a avaliação da população com relação às
seguintes questões: tempo de atendimento; qualidade no atendimento;
estrutura física; disponibilidade de medicação; disponibilidade de profissionais;
além da variedade de especialidades médicas.
Quando os entrevistados foram perguntados a respeito do tempo de
atendimento nos estabelecimentos do sistema público de saúde, eles avaliaram
do seguinte modo: 27% consideraram o tempo de atendimento bom; 26%
acharam que ele é muito ruim; enquanto 23% o consideram regular; as
pessoas que consideraram o tempo de atendimento ruim representam 21%;
apenas 3% disseram que acham o tempo de atendimento ótimo. Esses
resultados podem ser visualizados na figura 7.2.11.
121
FIGURA 7.2.11: Percepção dos entrevistados quanto ao tempo de atendimento no sistema público de saúde CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Referente à avaliação dos entrevistados com relação à qualidade do
atendimento nos estabelecimentos do sistema público de saúde, constatou-se
que 44% dos entrevistados consideraram boa a qualidade do atendimento. Os
que consideraram que o atendimento é regular perfazem 26%, enquanto os
que responderam que ele é ruim representam 15%. Apenas 5% consideraram
o atendimento ótimo e 11% acharam muito ruim, como se pode observar na
figura 7.2.12.
FIGURA 7.2.12: Percepção dos entrevistados quanto à qualidade do atendimento no sistema público de saúde CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Em relação à estrutura física dos estabelecimentos do sistema público
de saúde, os entrevistados avaliaram da seguinte forma: 52% consideraram
26%
21%
23%
27%
3%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
11%
15%
26%
44%
5%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
0% 10% 20% 30% 40% 50%
122
que os estabelecimentos têm uma boa estrutura física; 27% consideraram essa
estrutura regular; 12% consideraram ruim; enquanto 6% consideraram muito
ruim; apenas 6% dos entrevistados consideraram a estrutura ótima, conforme
observa-se na figura 7.2.13.
FIGURA 7.2.13: Percepção dos entrevistados quanto à estrutura física dos estabelecimentos no sistema público de saúde CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Através da avaliação dos entrevistados referente à disponibilidade de
medicação nos estabelecimentos do sistema público de saúde, é possível
afirmar que: 32% dos entrevistados consideraram que a disponibilidade de
medicação é boa; enquanto 26% consideraram ruim; a parcela de
entrevistados que avaliaram esse quesito como regular representa 24% do
total; 15% acharam a disponibilidade de medicamentos muito ruim; 3%
consideraram ótima, conforme nota-se na figura 7.2.14.
6%
12%
27%
52%
2%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
123
FIGURA 7.2.14: Percepção dos entrevistados quanto à disponibilidade de medicação no sistema público de saúde CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
No que se refere à disponibilidade de profissionais da saúde nos
estabelecimentos do sistema público de saúde, observa-se no figura 3.4.2.15
que a maioria dos entrevistados avaliou a disponibilidade como sendo boa,
representando 37% do total. Os entrevistados que avaliaram esse quesito
como sendo ruim ou regular representam a metade dos entrevistados; 11%
consideraram muito ruim e apenas 2% consideraram ótimo.
FIGURA 7.2.15: Percepção dos entrevistados quanto à disponibilidade de profissionais no sistema público de saúde CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
O último quesito avaliado pelos entrevistados no CONSAD Vale do
Ivinhema faz reverência à variedade de especialidades médicas nos
estabelecimento do sistema público de saúde. Como pode ser visualizado na
15%
26%
24%
32%
3%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
11%
25%
25%
37%
2%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
124
figura 7.2.16, apenas 1% dos entrevistados consideraram que a variedade de
especialidades médicas é ótima, ao passo que 37% dos entrevistados
avaliaram essa questão da saúde como ruim. Nessa avaliação, 27%
consideraram regular, 22% muito ruim e 17 % bom.
FIGURA 7.2.16: Percepção dos entrevistados quanto à variedade de especialidades médicas no sistema público de saúde CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Quando os entrevistados foram perguntados se já deixaram de ser
atendidos por falta de profissionais da saúde, observou-se que 41% do total de
entrevistados falaram que já deixaram de ser atendidos por profissionais da
saúde afirmaram que “sim”.
Concernente ao tempo de espera médio para a população ser atendida,
a figura abaixo ilustra que apenas 2% dos entrevistados relataram que o
atendimento é imediato. A maioria (quase 30% do total de entrevistados)
espera entre de 1h a 2h para ser atendidos. Além disso, os que esperaram de
3h a 4h correspondem a 19%, até 1h representam 18% do total e acima de 4h
são 15% dos entrevistados (figura 7.2.17).
22%
33%
27%
17%
1%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
125
FIGURA 7.2.17: Tempo médio de espera para o atendimento médico CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Em relação ao tempo necessário para se deslocar para o centro de
saúde mais próximo, foi possível constatar que mais da metade (58% dos
entrevistados) responderam que demoram até 15 minutos para chegarem ao
centro de saúde, 26% demoram até 30 minutos, 6% demoram até 1 hora e,
apenas, 4% demoram acima de 1 hora. O total de entrevistados 6% não
souberam responder, como se pode visualizar na figura 7.2.18.
FIGURA 7.2.18: Tempo médio necessário para se deslocar ao centro de saúde mais próximo CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
A respeito dos motivos pelos quais pelos quais os entrevistados e os
seus familiares não vão ao médico, 71% dos entrevistados alegaram que não
ficam doentes. A falta de dinheiro foi motivo para 23% dos entrevistados, ao
2%
6%
9%
18%
27%
19%
15%
4%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Imediato
Até 15 min
Até 30 min
Até 1 h
De 1h a 2h
De 3h a 4h
Acima de 4h
Não sei
58%
26%
6%
4%
6%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Até 15 min.
Até 30 min.
Até 1h
Acima de 1h
Não sei
126
passo que 9% alegaram falta de confiança e, apenas, 1% deu a religião como
motivo para não ir ao médico, como nota-se na tabela 7.2.9.
TABELA 7.2.9: Motivos pelos quais os entrevistados e familiares não vão ao médico CONSAD Vale do Ivinhema. Citações Falta de dinheiro
(%) Falta de confiança
(%) Religião
(%) Não fica doente
(%) Outro
(%) Não 77 91 99 29 97 Sim 23 9 1 71 3
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Agora, no que se refere à prevenção de doenças, verificou-se que
menos da metade da população (36% dos entrevistados) não busca um centro
de saúde ou médico com o objetivo de evitar doenças mesmo quando não está
doente, para poder prevenir problemas futuros. Quando foi perguntado se
alguém da casa possuía diabetes, hipertensão ou doenças cardiovasculares
constatou-se o seguinte resultado: 18% dos entrevistados responderam
positivamente para diabetes, 40% para hipertensão e 11% para doenças
cardiovasculares. Assim, como esses problemas de saúde necessitam de um
acompanhamento médico regular, procura-se de uma forma mais contundente
as infra-estruturas de saúde dos municípios (tabela 7.2.10).
TABELA 7.2.10: Problemas de saúde familiar dos entrevistados ou membros da família CONSAD Vale do Ivinhema.
Citações Diabetes (%)
Hipertensão (%)
Doenças cardiovasculares (%)
Não 82 60 89 Sim 18 40 11
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Quando indagados se alguém da família é dependente de remédios,
55% dos entrevistados responderam positivamente. Desses, metade (50% do
total de entrevistados) relatou que costuma adquirir esses remédios em
farmácias privadas, ao passo que 60% dos entrevistados disseram comprar
esses remédios em farmácias públicas. Ainda é possível perceber que, 10%
dos entrevistados buscam remédios, tanto em farmácia privadas como
farmácias públicas.
Ainda com relação à prevenção de doenças, 73% dos entrevistados
disseram que possuem informações sobre como prevenir enfermidades, essas
127
informações são provenientes principalmente dos agentes de saúde do
PSF/PAC (61%), da televisão (45%), dos profissionais especializados (17%),
das revistas ou jornais (12%) e da internet (7%).
Como último quesito a respeito da saúde, foi inquirido se os
entrevistados possuíam informações sobre como se alimentar corretamente,
59% dos entrevistados responderam que são informados, sendo que tais
informações resultam das seguintes fontes: televisão (51%); Agentes de saúde
do PSF/PAC (33%); profissionais especializados (22%); revistas/jornais (12%);
além da internet (8%).
Iguatemi
No CONSAD Iguatemi, os municípios de Ponta Porã, Japorã e Tacuru
apresentam menos de 2,5 leitos para cada mil habitantes, sendo que estes dois
últimos municípios possuem as menores populações dessa microrregião.
Tacuru possui apenas 0,2 leitos/mil habitantes e Japorã não dispõe de leitos.
Os municípios de Mundo Novo e Sete Quedas oferecem os maiores
indicadores, 5,6 e 4,1 respectivamente, como pode ser observado na figura
7.2.19.
FIGURA 7.2.19: Leitos por mil habitantes CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: IBGE (2010).
No que tange à disponibilidade de estabelecimentos de saúde à
população, o município de Naviraí é o que possui o maior número de
estabelecimentos (24% do total), enquanto os municípios de Japorã, Sete
Quedas e Tacuru possuem apenas 3% do total. O município de Eldorado é o
3,3 3,5
3,0 3,1
0,0 5,6
2,9 2,5
1,9 4,1
0,2
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
Coronel Sapucaia Eldorado Iguatemi Itaquiraí
Japorã Mundo Novo
Naviraí Paranhos
Ponta Porã Sete Quedas
Tacuru
128
que tem a melhor relação entre o número de habitantes e estabelecimentos de
saúde (1.326 habitantes/estabelecimento). Já o município de Coronel Sapucaia
apresenta a pior relação entre o número de habitantes e estabelecimentos de
saúde (2.796 habitantes/estabelecimento). Esses resultados podem ser
visualizados na tabela 7.2.11
TABELA 7.2.11: Disponibilidade de estabelecimentos de saúde - CONSAD Iguatemi.
Cidades Hab. /
Estabelecimento de saúde
Número de estabelecimentos de
saúde % do Total
Coronel Sapucaia 2796 5 4 Eldorado 1326 9 7 Iguatemi 1463 10 8 Itaquiraí 1692 10 8 Japorã 1841 4 3 Mundo Novo 1331 12 10 Naviraí 1496 29 24 Paranhos 1585 7 6 Ponta Porã 2579 28 23 Sete Quedas 2665 4 3 Tacuru 2389 4 3 Total - 122 100 Fonte: IBGE (2010).
No que tange ao CONSAD Iguatemi, quando os entrevistados foram
perguntados acerca de onde eles costumavam ir quando estavam com alguma
enfermidade, foi representativo o percentual de entrevistados que costumam ir
à médicos públicos (85% do total de alegações positivas nessa classe). Apenas
17% dos entrevistados procuram médicos privados.
Ainda é interessante ressaltar que 23% dos entrevistados relataram que
procuram a farmácia quando estão doentes e 21% procuram um agente de
saúde. Notou-se, também, que um percentual significativo procura a igreja
(14% das afirmações positivas nessa classe), enquanto 6% alegaram procurar
a benzedeira quando lhes foi indagado isso (tabela 7.2.12).
129
TABELA 7.2.12: Relação de onde os indivíduos costumam ir quando estão doentes - CONSAD Iguatemi.
Citações Médico Privado
(%)
Médico Público
(%)
Agente de Saúde
(%)
Igreja (%)
Farmácia (%)
Benzedeira (%)
Não 83 15 79 86 77 94 Sim 17 85 21 14 23 6
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Fato interessante refere-se a cerca de 64% dos entrevistados disseram
que alguém da residência faz uso de plantas medicinais. A maioria da
população obtém essas plantas através do cultivo (90% do total de afirmações
positivas nessa classe), outra parte é proveniente de coletas (23%) e doações
(21%) (tabela 7.2.13).
TABELA 7.2.13: Relação de como são adquiridas as plantas medicinais - CONSAD Iguatemi.
Citações Compradas (%)
Doadas (%)
Plantadas (%)
Coletadas (%)
Outros (%)
Não 100 79 10 68 98 Sim - 21 90 23 2
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Quando os entrevistados foram perguntados acerca de onde se faz
coleta de água para beber e cozinhar, obteve-se as seguintes respostas: 61%
coleta água do poço, ao passo que 34% recebem água encanada. É
interessante salientar que 90% dos entrevistados dessa região se encontravam
em assentamentos.
Quando os entrevistados foram questionados em relação à existência de
atendimento domiciliar, 70% dos entrevistados responderam positivamente à
questão. Dentro desse grupo, 24% dos entrevistados disseram que fazem parte
do Programa de Saúde da Família (PSF) e 67% afirmaram ser beneficiários do
Programa de Agente Comunitário (PAC).
Devido ao caráter preponderante do sistema público de saúde para a
população, como observado na tabela acima, examinou-se junto a população
questões pertinentes a qualidade do serviço prestado com relação à: tempo de
atendimento; qualidade no atendimento; estrutura física; disponibilidade de
medicação; disponibilidade de profissionais; além da variedade de
especialidades médicas.
130
Referente ao tempo de atendimento em estabelecimentos do serviço
público de saúde observou-se que mais de 95% da população entrevistada
considera o tempo de atendimento: bom (24%), regular (24%) ruim (24%) ou
muito ruim (23%). Apenas 5% do entrevistado avaliaram o tempo de
atendimento como sendo ótimo, como pode ser visualizado na figura 7.2.20.
FIGURA 7.2.20: Percepção dos entrevistados quanto ao tempo de atendimento no sistema público de saúde - CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Analisando a avaliação da população com relação à qualidade do
atendimento nos estabelecimentos do serviço público de saúde, verificou-se
que 48% consideraram boa a qualidade do atendimento, enquanto 21%
consideraram regular. Observou-se também que 16% avaliaram essa questão
como sendo ruim, 8 % como sendo muito ruim e 7% como sendo ótima,
conforme nota-se na figura 7.2.21.
23%
24%
24%
24%
5%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
131
FIGURA 7.2.21: Percepção dos entrevistados quanto à qualidade do atendimento no sistema público de saúde - CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
No que se refere à estrutura física dos estabelecimentos do serviço
público de saúde, registrou-se que o percentual de entrevistados que acham
que a estrutura física é boa corresponde a 51%; enquanto, apenas 14%
consideraram ruim. Verificou-se ainda que o percentual de pessoas que
consideram a estrutura física muito ruim é maior do que o percentual das
pessoas que consideraram esse item ótimo. Avaliaram a estrutura física como
regular 28% dos entrevistados. Esses resultados podem ser visualizados na
figura 7.2.22.
FIGURA 7.2.22: Percepção dos entrevistados quanto à estrutura física dos estabelecimentos no sistema público de saúde - CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
8%
16%
21%
48%
7%
0% 10% 20% 30% 40% 50%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
4%
14%
28%
51%
3%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
132
Quando os entrevistados foram perguntados a respeito da
disponibilidade de medicação nos estabelecimentos do serviço público de
saúde, a maioria dos entrevistados respondeu que acham a disponibilidade de
medicação boa (38% dos entrevistados), enquanto 22% consideraram ruim.
Cerca de 25% dos entrevistados consideraram regular; 8% avaliaram como
muito ruim e 6 % como ótima, conforme observa-se na figura 7.2.23.
FIGURA 7.2.23: Percepção dos entrevistados quanto à disponibilidade de medicação no sistema público de saúde - CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Ao analisar a avaliação da população com relação à disponibilidade de
profissionais nos estabelecimentos do serviço público de saúde, constatou-se
que pouco menos da metade dos entrevistados (cerca de 40%) consideraram a
disponibilidade de profissionais como sendo ótima; 24 % consideraram ruim.
Verificou-se, também, que 23% dos entrevistados falaram que a disponibilidade
de profissionais é regular; 10% falaram que é muito ruim e 3% que é ótima,
como pode ser observado na figura 7.2.24.
6%
22%
25%
38%
8%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
133
Figura 7.2.24: Percepção dos entrevistados quanto à disponibilidade de profissionais no sistema público de saúde - CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Quando os entrevistados foram perguntados acerca da variedade das
especialidades médicas nos estabelecimentos do SUS, apenas 1% dos
entrevistados respondeu que esse item era ótimo. Os outros 99% dos
entrevistados se distribuíram da seguinte maneira: 27% falaram que a
variedade de especialidades médicas era ruim; 16% responderam que era boa;
23% consideraram regular e 23%, também, consideraram muito ruim, como
nota-se na figura 7.2.25.
FIGURA 7.2.25: Percepção dos entrevistados quanto à variedade de especialidades médicas no sistema público de saúde - CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
10%
24%
23%
40%
3%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
23%
27%
23%
26%
1%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Muito ruim
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
134
Apresentadas essas percepções estruturais acerca do sistema público
de saúde, os entrevistados foram indagados se já deixaram de ser atendidos
por profissionais da saúde, 46% relataram que esse percalço já ocorreu.
Em relação ao tempo médio de espera por atendimento, observou-se
que a maioria dos entrevistados (28%) espera de 1h a 2h, seguidos de 21%
que relataram esperar de 3h a 4h. Do total de entrevistados 14% disseram que
esse tempo de espera é de 30 minutos, 12% falaram que é de até 1 hora, 6%
afirmaram esperar até 15 minutos e apenas 4% falaram que são atendidos
assim que chegam ao centro de saúde. Esses resultados podem ser observads
na figura 7.2.26.
FIGURA 7.2.26: Tempo médio de espera para o atendimento médico - CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Já no que se refere ao tempo médio necessário para se deslocar ao
centro de saúde mais próximo, 54% alegaram que demoram até 15 minutos,
seguidos de 27% que demoram até 30 minutos, além de 9% que demoram até
1h e 6% que demoram acima de 1h. Dentre aqueles que não sabem o tempo
médio e/ou não responderam, tem-se 2% do total de citações, conforme
explicitado na figura 7.2.27.
4%
6%
14%
12%
28%
21%
10%
5%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Imediato
Até 15 min
Até 30 min
Até 1 h
De 1h a 2h
De 3h a 4h
Acima de 4h
Não sei
135
FIGURA 7.2.27: Tempo médio necessário para se deslocar ao centro de saúde mais próximo - CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
No que é concernente aos motivos pelos quais os entrevistados e
familiares não vão ao médico, constatou-se os seguintes motivos: 66% dos
entrevistados alegaram que não ficam doentes; 18% disseram que não vão por
falta de dinheiro; 10% falaram que não confiam; 1% motivos religiosos; e 6%
alegaram outros motivos, como nota-se na tabela 7.2.14.
TABELA 7.2.14: Motivos pelos quais os entrevistados e familiares não vão ao médico - CONSAD Iguatemi. Citações Falta de dinheiro
(%) Falta de confiança
(%) Religião
(%) Não fica doente
(%) Outro
(%) Não 81 88 99 33 95 Sim 19 12 1 67 5
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Agora, no que diz respeito às questões de saúde preventiva, observou-se
37% dos entrevistados disseram que procuram o centro de saúde ou médico
mesmo não estando doente, para prevenir problemas futuros.
Independentemente, quando foi perguntado se alguém da casa possuía
diabetes, hipertensão ou doenças cardiovasculares constatou-se que 13% dos
entrevistados responderam positivamente para diabetes, 30% para hipertensão
e 13% para doenças cardiovasculares, como pode ser observado na tabela
7.2.15.
54%
27%
9%
6%
5%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Até 15 min.
Até 30 min.
Até 1h
Acima de 1h
Não sei
136
TABELA 7.2.15: Problemas de saúde familiar dos entrevistados ou membros da família CONSAD Iguatemi.
Citações Diabetes (%)
Hipertensão (%)
Doenças cardiovasculares (%)
Não 87 70 87 Sim 13 30 13
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Em relação à dependência remédios, averiguou-se que 46% do total de
entrevistados (sejam eles próprios ou seus familiares) são dependentes de
remédios. Quando foram questionados a respeito de onde adquirem tais
medicamentos constatou-se que a maioria dos entrevistados (68% do total de
citações) alegou a farmácia pública como fonte primordial, ao passo que 36%
procuram farmácias privadas. Assim, mais uma vez, é possível perceber o
caráter preponderante do sistema público no aparato de saúde dos municípios
integrantes dos CONSAD analisados. É possível, ainda, perceber que, 10%
dos entrevistados buscam remédios, tanto em farmácia privadas como
farmácias públicas.
Ainda considerando a saúde preventiva, verificou-se que 73% dos
entrevistados possuem informação acerca de como prevenir doenças. Quando
foram indagados a respeito de onde recebem tais informações eles
responderam da seguinte maneira: agentes de saúde do PSF/PAC (47% de
afirmações positivas); televisão (39%); profissionais especializados (18%);
revistas/jornais (5%); além da internet (3%).
Para finalizar, no que concerne às informações sobre como se alimentar
corretamente, que influenciam direta ou indiretamente na saúde dos indivíduos,
58% dos entrevistados alegaram possuir tais informações, sendo elas oriundas
das seguintes fontes: televisão (47%); Agentes de saúde do PSF/PAC (22%);
profissionais especializados (23%); revistas/jornais (8%); além da internet (3%).
Panorama geral dos CONSAD quanto à saúde
Considerando o quantitativo global de indivíduos entrevistados nos três
CONSAD sul-mato-grossenses, procedeu-se a uma análise conjunta de todos
os dados apurados acerca dos aspectos inerentes à saúde. Constatou-se, no
que se refere à utilização do sistema de saúde, que é maciço o uso do aparato
público, já que 86% dos entrevistados afirmaram procurar médicos públicos
137
quando estão doentes. No extremo oposto, tem-se apenas 16% de citações
positivas referentes àqueles que procuram médicos privados.
Surpreende o grande contingente de indivíduos que procuram agentes
de saúde quando se vêem enfermos (23% de citações positivas), seguidos
daqueles que procuram farmácias (22%), igrejas (15%) e benzedeiras (7%), o
que sugere, sobretudo nesses dois últimos casos, a prevalência de crendices
no trato de enfermidades dentre os indivíduos residentes nos municípios
constituintes dos CONSAD sul-mato-grossenses, o que pode denotar a
existência de expressões culturais típicas. As freqüências relativas auferidas na
pesquisa seguem na tabela 7.2.16.
TABELA 7.2.16: Relação de onde os indivíduos costumam ir quando estão doentes - CONSAD de MS.
Citações Gerais
Médico Privado
(%)
Médico Público
(%)
Agente de Saúde
(%) Igreja
(%) Farmácia
(%) Benzedeira
(%) Não 84 14 77 85 78 93 Sim 16 86 23 15 22 7
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Outro aspecto interessante mostrou que 60% dos entrevistados
afirmaram que alguém da residência faz uso de plantas medicinais. A maioria
da população obtém essas plantas através do cultivo (85% do total de
afirmações positivas), e um percentual significativo de entrevistados alegaram
que coletam essas plantas (44%). Apenas 2% do total da população
entrevistada compram plantas medicinais.
TABELA 7.2.17: Relação de como são adquiridas as plantas medicinais - CONSAD Iguatemi.
Citações Compradas (%)
Doadas (%)
Plantadas (%)
Coletadas (%)
Outros (%)
Não 98 82 15 66 99 Sim 2 18 85 44 1
Fonte: Dados da Pesquisa (2010). Ainda nesse mesmo questionário, quando os entrevistados foram
perguntados acerca de onde se faz coleta de água para beber e cozinhar,
notou-se a evidência das seguintes freqüências relativas: 59% coletam água do
poço, 34% recebem água encanada. É interessante salientar que 82% dos
entrevistados dessa região se encontravam em assentamentos.
138
No que tange à existência de atendimento de saúde domiciliar,
constatou-se que 69% dos entrevistados respondeu positivamente à questão.
Dentro deste grupo, 28% dos respondentes alegaram ser beneficiários do
Programa de Saúde da Família (PSF), ao passo que 63% afirmaram participar
do Programa de Agente Comunitário (PAC).
Referente aos aspectos estruturais do sistema público de saúde dos
CONSAD de Mato Grosso do Sul constatou-se que, no que tange ao tempo de
atendimento nos estabelecimentos de saúde, 25% dos entrevistados
consideram tal questão como muito ruim, seguidos de iguais 25% que julgam o
tempo de atendimento como sendo bom. Dentre aqueles que o consideram
ruim tem-se 24% do total de citações, ao passo que, no extremo oposto, tem-
se 4% de indivíduos que revelam que a variável em questão é ótima. A figura
7.2.28, que também traz um comparativo das observações gerais com as
observações dos CONSAD segmentadas, ilustra os percentuais levantados na
pesquisa:
FIGURA 7.2.28: Percepção dos entrevistados quanto ao tempo de atendimento no sistema público de saúde - CONSAD MS.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Em relação à qualidade do atendimento nos estabelecimentos do
sistema público de saúde, foi possível constatar que um pouco menos da
metade (46% do total de entrevistados) responderam que tal qualidade é boa,
24% acham o atendimento regular, 14% o consideraram ruim e 9% alegaram
139
que o atendimento é muito ruim. Apenas 6% dos entrevistados consideraram
tal variável como sendo ótima, conforme nota-se na figura 7.2.29.
FIGURA 7.2.29: Percepção dos entrevistados quanto à qualidade do atendimento no sistema público de saúde - CONSAD MS.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Quanto à estrutura física dos estabelecimentos do sistema
governamental de saúde localizados nos CONSAD sul-mato-grossenses, mais
da metade dos entrevistados relataram que a consideram boa (53% do total
pesquisado). Os que disseram que a estrutura física é regular representam
25% e os que a consideraram ruim, cerca de 13%. Os que alegaram que a
estrutura física é ótima foram 4% dos entrevistados, enquanto no extremo
oposto, 5% disseram que acham muito ruim tal quesito. Esses resultados
podem ser visualizados na figura 7.2.30.
140
FIGURA 7.2.30: Percepção dos entrevistados quanto à estrutura física dos estabelecimentos no sistema público de saúde - CONSAD MS.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Agora no que tange à disponibilidade de medicação gratuita, 35% a
consideraram como sendo boa. Os que falaram que tal disponibilidade era
regular ou ruim representam, respectivamente, 25% e 23% do total pesquisado.
Apenas 6% consideraram ótima, enquanto 11% consideraram muito ruim
(figura 7.2.31).
FIGURA 7.2.31: Percepção dos entrevistados quanto à disponibilidade de medicação no sistema público de saúde - CONSAD MS.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
141
Referente à disponibilidade de profissionais de saúde pública no
CONSAD de Mato Grosso do Sul constatou-se que 39% dos entrevistados
consideram tal variável como sendo boa, ao passo que 23% a consideram
regular e 24% alegam ser ruim. Aqueles que relataram que a disponibilidade de
profissionais é ótima perfazem 4% do total, ao passo que no extremo oposto os
que consideraram como sendo muito ruim representam 11%, conforme
observa-se na figura 7.2.32.
FIGURA 7.2.32: Percepção dos entrevistados quanto à disponibilidade de profissionais no sistema público de saúde - CONSAD MS.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010). Por derradeiro, referente à variedade de especialidades médicas
existentes na rede pública de saúde dos três CONSAD sul-mato-grossenses,
constatou-se que 23% a consideram boa, outros 23% alegam ser regular, ao
passo que a maioria (31%) relatam ser ruim. Dentre aqueles que consideram
muito ruim estão 22%, ao passo que, no extremo oposto, estão míseros 1% de
indivíduos que consideram a variável em questão como sendo ótima, conforme
nota-se na figura 7.2.33.
142
FIGURA 7.2.33: Percepção dos entrevistados quanto à variedade de especialidades médicas no sistema público de saúde - CONSAD MS.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Uma vez indagados se deixaram de receber atendimento médico por
falta de profissionais de saúde, 42% do total entrevistado respondeu
afirmativamente à questão. Independentemente, constatou-se que a maioria
(25% do total de citações) espera de 1h a 2h para ser atendido, seguidos de
18% que relataram esperar de 3h a 4h, além dos 14% que afirmam esperar
mais de 4h pelo atendimento médico. Dentre todos aqueles que são atendidos
em até 1h de espera (independentemente das várias classes da questão) estão
39% do total de citações, conforme percebe-se na figura 7.2.34.
143
FIGURA 7.2.34: Tempo médio de espera para o atendimento médico - CONSAD MS.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010). No que tange ao tempo médio necessário para se deslocar ao centro de
saúde mais próximo, 57% alegaram que demoram até 15 minutos, seguidos de
27% que demoram até 30 minutos, além de 7% que demoram até 1h e de
outros 5% que demoram acima de 1h. Dentre aqueles que não sabem o tempo
médio e/ou não responderam, tem-se 4% do total de citações, conforme
explicitado na figura 7.2.35.
FIGURA 7.2.35: Tempo médio necessário para se deslocar ao centro de saúde mais próximo - CONSAD MS.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
144
Referente aos motivos pelos quais os entrevistados e familiares não vão
ao médico aferiu-se várias citações, dentre as mais expressivas: não fica
doente (68% do total de afirmações positivas); falta de dinheiro (20%); falta de
confiança no sistema de saúde (10%), além de outras questões, explicitadas na
tabela 7.2.18.
TABELA 7.2.18: Motivos pelos quais os entrevistados e familiares não vão ao médico - CONSAD MS.
Citações Gerais
Falta de dinheiro
(%)
Falta de confiança
(%) Religião
(%)
Não fica doente
(%) Outro
(%) Não 80 90 99 32 95 Sim 20 10 1 68 5
Fonte: Dados da Pesquisa (2010). Agora, no que concerne às questões de saúde preventiva, constatou-se
que 40% dos entrevistados procuram centro de saúde ou médico mesmo
quando não estão doentes para poder prevenir problemas futuros, como
diabetes, hipertensão ou excesso de peso. Independentemente, 15% dos
indivíduos alegaram que possuem alguém do núcleo familiar com problemas de
diabetes, seguidos de 37% que relataram possuir familiares com hipertensão,
além de 12% que alegaram incidência de doenças cardiovasculares. A tabela
7.2.19 elucida as freqüências relativas auferidas.
TABELA 7.2.19: Problemas de saúde familiar dos entrevistados ou membros da família - CONSAD MS.
Citações Gerais
Diabetes (%)
Hipertensão (%)
Doenças cardiovasculares (%)
Não 85 63 88 Sim 15 37 12
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Ademais, constatou-se que 51% dos entrevistados (sejam eles próprios
ou seus familiares) são dependentes de remédios. Uma vez indagados sobre
onde adquirem tais medicamentos, a maioria (65% do total de pesquisados)
alegou a farmácia pública como fonte primordial, ao passo que o restante
(aproximadamente 35%) procura farmácias privadas. Isso revela, mais uma
vez, a importância do sistema público no aparato de saúde dos municípios
integrantes dos CONSAD analisados.
145
Ainda no viés preventivo de saúde pública, 76% dos entrevistados
alegaram que possuem informações sobre como prevenir doenças, sendo tais
informações provenientes sobretudo das seguintes fontes: agentes de saúde
do PSF/PAC (54% de afirmações positivas); televisão (43%); profissionais
especializados (17%); revistas/jornais (8%); além da internet (5%).
Por fim, no que se refere às informações sobre como se alimentar
corretamente, que influenciam direta ou indiretamente na saúde dos indivíduos,
59% dos entrevistados alegaram possuí-las, sendo que tais informações
resultam das seguintes fontes: televisão (47% de afirmações de positivas);
Agentes de saúde do PSF/PAC (31%); profissionais especializados (23%);
revistas/jornais (10%); além da internet (6%).
146
8. CARACTERIZAÇÃO ECONOMICA 8.1. ASPECTOS GERAIS DA ECONOMIA DE MS
Mato Grosso do Sul é o 6º Estado em extensão territorial, com
357.124,96 km2, correspondente a 4,19% da área total do país e 22,23% do
Centro-Oeste. É dividido em 78 municípios, fazendo fronteira com os Estados
brasileiros de: São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso e Goiás; bem
como os países limítrofes: Paraguai e Bolívia. O Bioma Pantanal ocupa área
com 89.318 km2 no Estado, abrangendo nove municípios.
O Produto Interno Bruto (2006) de Mato Grosso do Sul atingiu 24,4
bilhões de reais, a uma taxa de crescimento de 5,20%, representando 1,03%
do total do PIB nacional. A taxa de crescimento é superior a nacional de 3,97%
no mesmo período. O Estado possui o 17º PIB e o 11º PIB per capita do país.
Na composição do PIB por setores é que se observa a relevância do setor
primário, que é responsável por 14,52% do PIB estadual, enquanto a média
nacional é de 5,47% (SEMAC, 2009).
De acordo com IBGE (2010), no Estado existe o predomínio de cidades
pequenas, sendo das 78 cidades, apenas 05 com mais de 50.000 habitantes,
estas abrigando 51,71% da população total do Estado. A população de Mato
Grosso do Sul estimada em 2009 é de 2.449.341 habitantes, que representa
1,28% da população brasileira.
Tem como destaques nacionais: 3º maior rebanho bovino; 3º produção
de casulo do bicho-da-seda; 4º produção de algodão herbáceo; 5º produção de
soja (IBGE, 2008). O Estado possui a maior reserva de calcário nacional, além
de enorme potencialidade turística. Também apresenta acentuado crescimento
nos mercados sucro-energético, papel e celulose, fertilizantes, minero-
siderúrgico, entre outros.
Os aspectos negativos a serem ressaltados são: falta de infra-estrutura
logística e de apoio a produção, baixo dinamismo econômico da região,
cadeias produtivas desestruturadas, concentração de terras e rendas, política
fiscal, constituem-se alguns dos desafios a serem superados para o
desenvolvimento do Estado (ZEE-MS, 2005).
147
8.2. PRODUÇÃO AGRÍCOLA E NÃO-AGRÍCOLA Essa seção aborda as principais produções agropecuárias de Mato
Grosso do Sul, e algumas atividades julgadas importantes para os produtores
dos territórios. Também são realizadas referencias sobre as atividades
econômicas dos territórios.
SOJA E MILHO A cultura da soja é a principal agricultura de Mato Grosso do Sul e
movimenta grande parte da economia estadual, com uma produção de
aproximadamente 4,9 milhões de toneladas. A produção de soja é intercalada
com a produção de milho ou outras culturas alternativas, no período de
entressafra. O milho representa a segunda maior produção em hectares e
toneladas, com uma produção de aproximadamente 3 milhões de toneladas
(IBGE, 2009). Soja e Milho juntos representaram cerca de 8 milhões de
toneladas e 2,6 milhões de hectares colhidos em 2007.
A principal microrregião de produção de soja e milho é Dourados. Esta
região possui 70% dos municípios com maior potencial de produção do Estado,
entre eles Aral Moreira, Caarapó, Dourados (segundo maior produtor de soja e
milho do Estado), Maracaju (maior produtor de soja e milho do Estado com
aproximadamente 900.00 ton.), Ponta Porã, Rio Brilhante e Sidrolândia (figura
8.2.1).
FIGURA 8.2.1: Principais municípios de Mato Grosso do Sul produtores de soja e milho, em 2007.
Fonte: Vilpoux (2008).
148
Os municípios com maior produção são os que possuem a maior
capacidade de armazenagem, com adição da capital Campo Grande (figura
8.2.2).
FIGURA 8.2.2: Principais municípios de Mato Grosso do Sul armazenadores de Soja e Milho, em 2007.
Fonte: baseado em dados da CONAB (2009).
GADO DE CORTE Além da soja e milho, a produção de gado de corte é a principal
atividade agropecuária do Estado. Mato Grosso do Sul possui características
climáticas e geográficas ideais para a produção de carne bovina: grande
extensão territorial, água em abundância, mão-de-obra fácil e solos onde há
tanto a possibilidade de agricultura quanto a criação a pastejo. Isto faz com que
o Estado seja hoje o segundo maior produtor da região Centro-Oeste e o
terceiro maior do Brasil em carne bovina.
Para a produção de carne é necessária a utilização de uma grande
extensão territorial, mesmo quando há a utilização do sistema de confinamento.
Esta necessidade torna os municípios de Corumbá e Ribas do Rio Pardo os
149
maiores produtores de gado do Estado, que juntos somam 2.937.432 cabeças
(IBGE, 2006) (Figura 8.2.3).
FIGURA 8.2.3: Principais municípios produtores de Bovinos no Mato Grosso do Sul, em 2007.
Fonte: baseado em dados da CONAB (2009).
A produção de bovinos, diferentemente da produção agrícola de grãos
necessita de poucas variáveis, apenas de uma área com mínimas condições
de solos para que as gramíneas desenvolvam-se facilmente e boas reservas
de água. A bovinocultura pode estar em uma área antes agrícola, enquanto
que para a produção de grãos é necessária uma escolha melhor das áreas, o
que demanda uma maior valorização das terras.
Mato Grosso do Sul possui 24 frigoríficos com IE (Inspeção Estadual)
realizada pela IAGRO (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e
Vegetal). Estas unidades juntas possuem a capacidade de abate de
aproximadamente 1.000 cabeças por dia. Outros 35 frigoríficos possuem o IF
(Inspeção Federal) realizada pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento). Estas unidades são especializadas em abate de bovinos.
150
A capacidade de abate em Mato Grosso do Sul atende à demanda da
produção rural, o que proporciona uma comodidade aos pecuaristas
possibilitando a produção dos bovinos o ano todo.
MANDIOCA
A produção de soja, milho e gado e corte é importante para Mato Grosso
do Sul, mas são mais adaptadas para grandes produtores. A agricultura familiar
necessita de outras soluções, entre elas a produção de leite, que será melhor
discutida ainda nesta seção, e a mandioca.
A figura 8.2.4 indica as principais regiões produtoras de mandioca do
Brasil. Entre elas, a região que vai do Oeste do Paraná até o Sudeste de Mato
Grosso do Sul aparece como a principal região produtora de mandioca
industrial, principalmente para produção de fécula de mandioca.
FIGURA 8.2.4: Distribuição geográfica de mandioca, nas meso-regiões do Brasil, em 2004/05.
Fonte:Vilpoux (2008).
151
No passado, a região Sudeste de Mato Grosso do Sul e Oeste do
Paraná foram grandes produtoras de farinha, mas esse encontram-se
atualmente em crise e o número de unidades de produção diminuiu muito
(figura 8.2.5). O desafio da região é o de manter sua posição de liderança no
setor de fécula.
FIGURA 8.2.5: Oportunidade de mercado para comercialização de farinha de mandioca no Brasil.
Fonte: Vilpoux (2006).
Além da grande concentração de mandioca industrial, a região Sudeste
de Mato Grosso do Sul e Oeste do Paraná são regiões do Brasil com a maior
concentração de fecularias de mandioca.
152
FIGURA 8.2.6: Localização e especificação das fecularias brasileiras, no ano de 2006.
CANA DE AÇUCAR Recentemente, a produção de cana de açúcar conheceu um grande
crescimento no estado, com a entrada de várias usinas. A figura 8.2.7 indica a
localização da produção no estado.
FIGURA 8.2.7: Principais municípios produtores de Cana-de-açúcar no Mato Grosso do Sul, no ano de 2007.
153
Mato Grosso do Sul possui 21 usinas em operação. Há mais 10
unidades em parte final de implantação.
O potencial de crescimento da produção no estado é bastante elevado,
com possibilidade de concorrência com a produção agrícola e de gado.
FIGURA 8.2.8: Mapa das usinas em Mato Grosso do Sul.
Fonte: SEPROTUR (2008).
SUÍNOS A Suinocultura no Estado de Mato Grosso do Sul abrange menos
municípios e regiões que a bovinocultura e a agricultura, devido a um custo
maior para sua implantação, pois os animais ficam em granjas que necessitam
de uma higienização adequada, alimentos no intervalo de tempo regular, micro
clima definido e a utilização de mão-de-obra capacitada.
Pela sua dependência por alimentos de baixo custo (soja e milho) e
capacidade de abastecimento durante todo o ciclo dos animais, a estratégia de
localização usada pelos produtores é de se estabelecer próximo as áreas
produtoras de grãos.
154
FIGURA 8.2.9: Principais municípios produtores de suínos no Estado de Mato Grosso do Sul, em 2007.
Com a exclusão de Campo Grande e Brasilândia, a produção de suínos
está localizada nas mesmas áreas que as de milho e soja.
Os abatedouros de suínos favorecem o aparecimento de novos
produtores, oferecendo maior garantia de compra para seus fornecedores.
Mato Grosso do Sul possui 13 frigoríficos com capacidade de abater suínos.
Apenas 5 são especializados no abate de suíno e são justamente localizados
nas regiões próximas à produção de animais.
AVES A exemplo da produção de carne suína, para a produção de frangos a
questão alimentícia depende fortemente de cereais. Como para a suinocultura,
os aviários encontram-se próximos as áreas de cultura de soja e milho.
155
FIGURA 8.2.10: Dez principais municípios produtores de frango no Estado de Mato Grosso do Sul, em 2007.
Sidrolândia é o principal produtor de aves para abate em frigoríficos.
Este município é situado na microrregião de Dourados e concentra cerca de
25% de toda a produção estadual, com aproximadamente 5,5 milhões de
cabeças (figura 8.2.10). Existem na região diversas granjas onde pequenos
produtores associam-se junto com a empresa da região SEARA/CARGILL, que
fornece a alimentação e os pintinhos para que se inicie a produção na
propriedade.
Existem em Mato Grosso do Sul seis abatedouros de aves, os dois
maiores são Seara Alimentos e Perdigão, situados respectivamente, em
Sidrolândia e Dourados e que são o primeiro e segundo maior produtor do
Estado com aproximadamente 36% das cabeças de aves de Mato Grosso do
Sul.
Estas empresas possuem redes de consumidores fortes, o que torna o
mercado de aves mais consolidado e seguro para os produtores que garantem
a venda para os abatedouros. Muitas vezes é assinado um contrato, onde os
produtores recebem o inicio de sua criação e depois fornecem os animais em
fase pronta de abate.
156
Análise da produção agropecuária nos territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul
O item anterior fez um breve panorama das principais atividades
agropecuárias de Mato Grosso do Sul, identificando as maiores regiões
produtoras. A partir desses dados, serão abordas as produções nos três
territórios CONSAD do Estado, incluindo as principais oportunidades de
produção.
Território CONSAD Iguatemi O quadro 8.2.1 indica que a produção de commodities (milho e soja) e
cana-de-açúcar são, de longe, as principais culturas do CONSAD e ocupavam
em 2008 a quase totalidade das áreas cultivadas da região. As percentagens
de todas as culturas do quadro 8.2.1 ultrapassam 100% em função de parte do
milho ser produzida na modalidade safrinha, cultivada na mesma área da soja.
Essas culturas possuem economias de escala e não são indicadas para
pequenos produtores.
QUADRO 8.2.1: Percentagens de ocupação de área das principais culturas nos municípios do CONSAD do Iguatemi, em 2008.
Cidades Soja Milho Mandioca Feijão Arroz Cana de Açúcar Outras
Coronel Sapucaia 71% 25% 3% 0% 0% 0% Algodão, Melancia,
Trigo
Eldorado 50% 34% 4% 1% 0% 6%
Abacaxi, Amendoim, Algodão, Mamona, Melancia, Melão, Trigo
Iguatemi 43% 25% 1% 0% 0% 30% Algodão, Girassol, Mamona, Trigo
Itaquiraí 33% 25% 3% 1% 0% 35% Algodão, Amendoim, Mamona, Melancia, Sorgo e Trigo
Japorã 54% 34% 6% 0% 1% 0% Algodão, Amendoim, Mamona, Melancia e Trigo
Mundo Novo 46% 43% 7% 1% 0% 0%
Abacaxi, Algodão, Mamona, Melancia, Tomate e Trigo
Naviraí 43% 34% 1% 1% 0% 18% Abacaxi, Algodão, Sorgo e trigo
157
Paranhos 53% 31% 9% 0% 2% 1% Abacaxi, Algodão, Amendoim, Melancia e Trigo
Ponta Porã 66% 26% 0% 1% 1% 0%
Algodão, Amendoim, Aveia, Girassol, Melancia, Sorgo, Tomate e Trigo
Sete Quedas 50% 38% 3% 1% 0% 0% Algodão, Amendoim,
Melancia e Trigo
Tacuru 62% 32% 4% 1% 0% 0% Algodão, Amendoim, Melancia e Trigo
Território -Iguatemi 64% 33% 2% 1% 0% 10% -
Fonte: SEMAC (2010).
Apesar de representar parte relevante da área cultivada nos municípios
do território CONSAD Iguatemi, a produção de milho e soja não chega a ser
quantitativamente relevante para o Estado. Apenas o município de Ponta Porã
se destaca.
A cana-de-açúcar, apesar de ocupar menor área, possui importância em
três municípios: Naviraí, Itaquiraí e Iguatemi, que aparecem entre os maiores
produtores estaduais. Nesses municípios, a cana-de-açúcar poderá concorrer
com a produção de gado e, principalmente, de mandioca, atividade reservada à
agricultura familiar.
A produção de mandioca e de feijão são as principais culturas
reservadas à agricultura familiar no Brasil. Apesar de representar menos de 5%
da área no CONSAD Iguatemi, por beneficiar essencialmente os pequenos
agricultores essas culturas possuem grande importância.
O CONSAD Iguatemi é o principal pólo de produção de mandioca
industrial em Mato Grosso do Sul, junto com o território CONSAD Vale do
Ivinhema. Os municípios de Mundo Novo, Sete Quedas, Tacuru, Amambaí,
Coronel Sapucaia, Ponta Porã, Itaquiraí e Naviraí possuem fecularias, o que
garantem a existência de um mercado privilegiado para os pequenos
produtores.
Além dessas culturas, evidenciam-se, também, muitas outras culturas
presentes na região, entre essas o algodão, trigo, sorgo e aveia, mas que
exigem economias de escala, portanto não recomendadas para pequenos
produtores.
158
As frutas e hortaliças (melancia, melão, abacaxi, tomate) dependem da
presença de um mercado consumidor, que no caso do CONSAD Iguatemi
poderia ser o município de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, ou
as principais cidades de Paraná. O aumento da área reservada a essas
culturas poderia ser uma oportunidade para os pequenos produtores da região.
No entanto, em função das distâncias, o interesse nessa atividade depende do
aumento da produção e da organização dos produtores para conseguir escala
na compra de insumo e redução nos custos de transporte.
A perecibilidade dessas culturas necessita de uma logística de
comercialização bem elaborada. Em paralelo, a grande quantidade de água
presente nos produtos significa a necessidade de otimizar o transporte,
principalmente em função das grandes distâncias com os mercado
consumidores. A cultura de amendoim poderia ser uma alternativa
interessante, pois é mais fácil de armazenar e transportar.
As culturas de mamona e girassol são altamente dependentes de um
programa governamental para o biodiesel, e, por enquanto, podem ser
consideradas como de alto risco para os produtores.
TABELA 8.2.1: Número de animais presentes nos municípios do CONSAD do Iguatemi, em 2008.
Cidade Bovinos Eqüinos Suínos Ovinos Aves(1)
Coronel Sapucaia 78.482 1.806 2.093 5.415 18
Eldorado 79.090 2.462 1.355 7.854 54
Iguatemi 285.795 4.703 1.837 6.584 26
Itaquiraí 207.940 3.807 5.205 2.537 32
Japorã 38.536 1.303 412 142 15
Mundo Novo 33.700 1.504 3.264 1.209 25
Naviraí 261.025 4.970 21.343 4.810 112
Paranhos 101.074 1.877 1.710 3.108 17
Ponta Porã 268.667 5.502 13.164 17.764 240
Sete Quedas 86.184 1.710 1.658 3.530 23
Tacuru 178.056 2.468 3.408 5.304 11
159
Território - Iguatemi 1.618.549 32.112 55.449 58.257 573
(1) (galinhas, galos, frangos (as) e pintos) - em mil cabeças
Fonte: SEMAC (2010).
A bovinocultura de corte é a principal atividade da região e aquela que
ocupa as maiores áreas. Essa atividade é essencialmente extensiva, reservada
a grandes proprietários e pouco intensiva em mão-de-obra.
Existe uma pequena produção de suínos na maioria dos municípios do
CONSAD, mas esta se encontra localizada essencialmente em pequenos
produtores para consumo próprio e comercialização, principalmente
clandestina, do excedente. Mesma coisa para a produção de aves, com
produção significativa apenas no município de Amambaí (tabela 8.2.1).
A produção em grande escala de aves e de suínos dependem da
presença de um abatedouro, o que não existe no território CONSAD Iguatemi.
Nesse caso parece difícil desenvolver a atividade na região. Em paralelo, a
produção de ovinos é ainda limitada à agricultura familiar, mas poderia
substituir nesse tipo de produtor, a criação de gado de corte, por necessitar de
áreas menores.
Foto 8.2.1: Criação de galinha caipira para auto-consumo
160
A produção de suínos e aves é ainda reservada essencialmente a
consumo próprio, com venda do excedente. No entanto, ao contrário de aves e
suínos, alguns frigoríficos vão buscar outros gêneros de animais a distâncias
maiores, eliminando a necessidade de uma unidade de processamento por
perto.
TABELA 8.2.2: Principais produtos oriundos da pecuária, nos municípios do CONSAD Iguatemi, em 2008.
Cidade Leite Lã Mel Ovos Casulo
Seda (mil litros) (kg) (kg) (mil dúzias) (kg)
Coronel Sapucaia 1.245 2.180 5.695 36 0
Eldorado 1.880 - 15.000 453 0
Iguatemi 9.558 2.331 5.000 49 0
Itaquiraí 14.731 - 10.000 66 70.972
Japorã 1.758 - 2.500 24 10.451
Mundo Novo 2.878 - 10.000 47 2.911
Naviraí 4.989 - 32.000 436 1.476
Paranhos 1.206 1.964 3.700 38 -
Ponta Porã 7.958 4.938 4.390 112 -
Sete Quedas 1.089 2.400 3.480 39 -
Tacuru 2.187 2.370 3.180 19 -
Território - Iguatemi 49.479 16.183 94.945 1.319 85.810
Fonte: SEMAC (2010).
O leite é o principal produto da agricultura familiar no estado e a principal
fonte geradora de renda.
No caso dos assentamentos, a área de pastagens para produção de
leite ocupa a maior parte das propriedades, podendo ocupar mais de um lote
em alguns casos.
Em Mato Grosso do Sul, pesquisa de Vilpoux (2008) indica que a
maioria dos assentados apresentava produção de leite em torno de 20 litros por
dia, mas foram encontrados alguns produtores com mais de 100 litros. A
produção diária de leite por vaca foi sempre inferior a 4 litros, produção muito
161
baixa e que denota uma ineficiência dos produtores. É importante ressaltar que
essa produção reflete a situação do período das entrevistas, no inicio do
inverno. Em relação ao período de verão, essa produção poderia dobrar,
alterando os resultados obtidos. No entanto, como o preço do leite costuma
diminuir no período de maior produção, o impacto sobre a renda dos
produtores deve ser limitado.
Nos assentamentos do CONSAD Iguatemi a quantidade de vacas por
hectare variam de 1,2 a 2, o que pode ser considerado alto para os padrões
brasileiros, inferior a um animal.
Pela sua grande importância, o leite deve ser incentivado no CONSAD
Iguatemi, buscando-se a melhoria da produtividade. A grande vantagem da
produção leiteira é a possibilidade de comercialização em grandes distâncias,
sem a necessidade de laticínio nos arredores. Os laticínios de Mato Grosso do
Sul costumam comprar o leite nas diferentes regiões de produção, não se
limitando aos produtores próximos, e os laticínios do Paraná buscam leite até
na parte central de Mato Grosso do Sul, o que permite uma grande
concorrência de preço (VILPOUX, 2008).
Território CONSAD Vale do Ivinhema Assim como para o território CONSAD Iguatemi, o milho, soja e cana-de-
açúcar são as principais culturas do CONSAD Vale do Ivinhema. Nesse
CONSAD a cana-de-açúcar possui uma importância ainda maior, ocupando o
segundo lugar, atrás da soja e é a primeira no município de Nova Andradina.
A importância da cana-de-açúcar pode ter conseqüências relevantes não
só sobre a bovinocultura de corte, mas também sobre a cultura de mandioca,
atividade reservada a pequenos produtores. É o caso do município de Nova
Andradina, em que está localizada uma grande unidade de processamento de
fécula, mas tem participação reduzida na produção dessa cultura.
162
QUADRO 8.2.2: Percentagens de ocupação de área das principais lavouras temporárias municípios do CONSAD Vale do Ivinhema, em 2008.
Cidades Soja Milho Mandioca Feijão Arroz Cana de Açúcar Outras
Anaurilândia 69% 23% 6% 1% 0% 0% -
Bataguassu 0% 0% 100% 0% 0% 0% -
Batayporã 52% 36% 4% 2% 1% 4% -
Nova Andradina 19% 14% 6% 1% 0% 60% Melancia
Taquarussu 43% 39% 2% 5% 0% 5% Amendoim e trigo
Território - Ivinhema 37% 25% 5% 2% 0% 30% -
Fonte: SEMAC (2010).
A presença de 100% da área cultivada ocupada por mandioca no
município de Bataguassu não significa que a produção é maior nesse
município, mas que a maioria das terras é ocupada por pecuária, ou culturas
perenes, como eucalipto. Ivinhema, Nova Andradina, Novo Horizonte do Sul e
Angélica são municípios onde existem fecularias e que produzem grandes
quantidades de mandioca.
A produção de feijão também pode ser uma alternativa complementar
para a agricultura familiar. Neste CONSAD, no entanto, a presença de outras
culturas é muito limitada, o que reduz as alternativas para os produtores.
TABELA 8.2.3: Número de animais presentes nos municípios do CONSAD - Vale do Ivinhema, em 2008.
Cidade Bovinos Eqüinos Suínos Ovinos Aves(1) Anaurilândia 283.890 5.360 3.130 7.460 21 Bataguassu 187.534 3.801 9.001 3.711 16 Batayporã 296.190 3.275 5.781 3.727 33 Nova Andradina 439.335 6.151 4.518 7.470 31
Taquarussu 108.020 1.860 1.751 1.740 12 Território - Ivinhema 1.314.969 20.447 24.181 24.108 113
(1) (galinhas, galos, frangos (as) e pintos) - em mil cabeças
Fonte: SEMAC (2010).
163
A produção de gado destina-se principalmente para carne (gado de
corte), sendo esta a principal atividade pecuária no território CONSAD Vale do
Ivinhema. A produção de suínos e aves é relativamente importante, mas é
basicamente destinada a consumo próprio, com venda esporádica dos
excedentes. Necessita de uma unidade de processamento perto para o
desenvolvimento da sua produção, ao contrário da produção de ovinos. A
proximidade desse território com o estado de São Paulo oferece a possibilidade
de desenvolver a produção de ovinos para o consumo nesse estado, cuja
demanda está em crescimento e a produção insuficiente para atender as
necessidades.
TABELA 8.2.4: Principais produtos oriundos da pecuária, nos municípios do CONSAD do Iguatemi, em 2008.
Fonte: SEMAC (2010).
Como no Iguatemi, no CONSAD Vale do Ivinhema o leite é a principal
fonte de renda da agricultura familiar, mas com produtividade baixa, inferior a 5
litros por vaca no período invernal e grande quantidade de animais por hectare.
A produção de lã é bastante limitada, com preços de mercado reduzido.
Essa produção poderia constituir apenas um complemento da criação de
ovinos para carne. No caso do mel, a produção também é pequena. O
consumo brasileiro é limitado e os principais mercados são os de exportação,
com necessidade de grande organização dos produtores para ganho de escala.
A região do CONSAD Vale do Ivinhema não possui vantagem comparativa
para esse produto, que não oferece grande oportunidade para o
desenvolvimento da agricultura familiar na região.
Cidade Leite Lã Mel Ovos (mil litros) (kg) (kg) (mil
dúzias) Anaurilândia 6.598 - 5.000 41 Bataguassu 9.393 608 6.591 31 Batayporã 3.607 119 1.173 55 Nova Andradina 8.039 11.500 - 81 Taquarussu 1.310 - 3.000 21 Ivinhema 28.947 12.227 15.764 229
164
Território CONSAD Serra da Bodoquena A análise da produção nos municípios do CONSAD Serra da Bodoquena
indica situação similar aos outros CONSAD do estado, com predominância da
cultura do milho e da soja. No entanto, diferente dos dois outros territórios, este
possuí poucas áreas de cana-de-açúcar, com a ausência de usinas na região.
O município de Porto Murtinho é o único da região com grande ocupação de
cana-de-açúcar, mas a quantidade produzida não é significativa para o Estado.
A cana-de-açúcar presente nessa região é principalmente destinada para a
alimentação de gado.
QUADRO 8.2.3: Percentagens de ocupação de área das principais culturas nos municípios do CONSAD Serra da Bodoquena, em 2008.
Cidades Soja Milho Mandioca Feijão Arroz Cana de Açucar Outras
Bela Vista 42% 49% 1% 0% 4% 0% Trigo Bodoquena 0% 11% 7% 13% 68% 1% Bonito 61% 30% 1% 1% 0% 0% Trigo Caracol 0% 40% 0% 12% 0% 0% Mamona Guia Lopes da Laguna 31% 22% 10% 9% 27% 2% Jardim 42% 49% 2% 0% 7% 0% Nioaque 7% 73% 7% 9% 1% 1% Porto Murtinho 0% 8% 6% 1% 65% 19% Serra da Bodoquena 46% 41% 2% 2% 5% 0% Fonte: SEMAC (2010).
Mandioca, feijão e arroz são culturas alternativas presentes na região.
No caso da mandioca não existem unidades de processamento neste território,
o que limita a extensão dessa produção. A mandioca presente na região é para
mesa, destinada, principalmente, ao consumo próprio. Nesse caso, a ausência
de mercados relevantes na região limita essa cultura.
A produção de arroz pode beneficiar-se da abundante presença de água
em alguns municípios, esses poderiam ser mais incentivados.
Não foram encontradas outras culturas significativas nos municípios do
CONSAD Serra da Bodoquena. É possível mencionar a presença de grande
quantidade de pomelos ou grapefruits (Citrus máxima) no município de Porto
Murtinho, o que poderia representar um mercado essencialmente para
165
produção de suco, pois a ocorrência de cancro cítrico na região impede a
comercialização in natura.
TABELA 8.2.5: Número de animais presentes nos municípios do CONSAD Serra da Bodoquena, em 2008.
Cidade Bovinos Equinos Suínos Ovinos Aves(1) Bela Vista 443.228 5.415 5.415 5.415 37 Bodoquena 158.310 3.501 3.031 5.020 33 Bonito 385.976 6.055 7.189 11.550 52 Caracol 256.050 3.265 2.810 11.730 24 Guia Lopes da Laguna 142.393 2.682 6.205 4.382 50 Jardim 201.400 2.897 3.447 4.900 24 Nioaque 381.840 6.312 9.090 11.116 110 Porto Murtinho 655.280 7.648 3.652 14.896 23 Serra da Bodoquena 2.624.477 37.775 40.839 69.009 353
(1) (galinhas, galos, frangos (as) e pintos) - em mil cabeças
Fonte: SEMAC (2010).
A exemplo do verificado nos outros dois CONSAD, a criação de gado de
corte aqui é a principal atividade pecuária na região. O município de Porto
Murtinho é um dos principais produtores do estado. A produção de ovinos se
destaca, ultrapassando a de suíno. Essa atividade oferece boas oportunidades
para a agricultura familiar e poderia ser incentivada, principalmente com a
diminuição da informalidade.
166
Foto 8.2.2: Frigorífico de abate de bovinos.
TABELA 8.2.6: Principais produtos oriundos da pecuária, nos municípios do CONSAD Serra da Bodoquena, em 2008.
Cidade Leite Lã Mel Ovos (mil
litros) (kg) (kg) (mil dúzias)
Bela Vista 5.552 5.963 3.770 103 Bodoquena 2.343 1.020 3.600 96 Bonito 4.723 5.900 3.450 213 Caracol 2.497 4.088 540 43 Guia Lopes da Laguna 3.298 1.688 4.752 110 Jardim 2.148 1.899 5.150 47 Nioaque 3.886 2.720 8.906 308 Porto Murtinho 3.630 3.800 488 70 Serra da Bodoquena 28.077 27.078 30.656 990
Fonte: SEMAC (2010).
O leite também é o principal produto dos municípios do CONSAD Serra
da Bodoquena, mas continua com os mesmos problemas com a produtividade
verificados nos outros CONSAD de Mato Grosso do Sul.
Ao contrário dos outros CONSAD, o mel possui grande potencial neste
território, apesar da pequena produção. Poderia se beneficiar da imagem ligada
ao Pantanal e à natureza, mas, mesmo assim, o crescimento da produção
passa pela reunião dos produtores em uma organização coletiva.
167
Atividades econômicas gerais
Território CONSAD Iguatemi A figura 8.2.11 indica a importância do setor de serviços nas riquezas
geradas nos municípios do CONSAD Iguatemi. Indústria processadora e
agropecuária vêm em seguida, com 16% cada.
FIGURA 8.2.11: Participação dos diferentes setores no PIB total do CONSAD - Iguatemi.
Fonte: IBGE (2007).
A presença de unidades processadoras é um fator relevante para o
crescimento da agropecuária, principalmente para a agricultura familiar.
Produtores de milho e soja podem comercializar seus produtos in natura (sem
transformação) em grandes distâncias, diretamente na safra ou após
armazenamento na região.
No caso da produção mais reservada à agricultura familiar, essa
possibilidade é mais restrita, pois a conservação in natura é limitada e o
transporte é mais caro, caso não só das frutas e hortaliças, como também da
mandioca. Nesse caso, o aumento da conservação e das distâncias de
comercialização passa pela presença de unidades de processamento, tais
como fecularias de mandioca, laticínios, frigoríficos, suco e de hortaliças
minimamente processados.
No caso de laticínios e abatedores de ovinos, a baixa de produção nos
estados do Sul e Sudeste aumenta a área geográfica de abastecimento das
168
empresas dessas regiões, beneficiando esse território CONSAD, mas essa
situação não é sustentável em longo prazo.
As unidades de processamento da região limitam-se essencialmente a
fecularias, usinas de açúcar e etanol e frigoríficos para bovinos, além de um
frigorífico para peixes no município de Mundo Novo. O aumento de unidades
de processamento é fator imprescindível para aumentar as opções de
produção na região.
A tabela 8.2.7 indica o número de pessoas ocupadas no setor formal, o
que explica a pouca importância da agropecuária, onde a maioria das pessoas
trabalha por conta própria ou no setor informal.
TABELA 8.2.7: Total de pessoas ocupadas, no ano de 2006.
Cidade Agropecuária Indústrias de transformação Comércio
Administração pública, defesa e seguridade
social Coronel Sapucaia 0% 28% 62% - Eldorado 0% 34% 32% 17% Iguatemi 1% 29% 35% 25% Itaquiraí 29% 19% 39% - Japorã 1% 4% 20% 76% Mundo Novo 1% 28% 32% 18% Naviraí 2% 45% 25% 14% Paranhos 9% 2% 28% 55% Ponta Porã 5% 9% 38% 23% Sete Quedas 3% 6% 43% 35% Tacuru 10% 5% 21% 61% Iguatemi 4% 38% 28% 17%
Fonte: IBGE (2006) - CNAE.
A administração pública representa participação elevada no total dos
empregos formais no CONSAD Iguatemi, o que indica a dificuldade na geração
de empregos privados na região.
Em relação às atividades identificadas por meio da aplicação do
Questionário SAN (ver capítulo 02), a maioria das pessoas era diarista, o que
pode significar precariedade nas relações de trabalho. No caso das mulheres, a
maoria das entrevistadas não possuia atividade remunerada, com pouco mais
de 20% das mulheres nessa situação e 15% dos homens.
169
FIGURA 8.2.12: Principais atividades das pessoas entrevistadas, em função do sexo, no CONSAD do Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Ao todo, 60% dos homens e 70% das mulheres podiam ser
considerados como em situação precária, sem remuneração ou como diarista.
FIGURA 8.2.13: Distribuição média dos salários entre as pessoas entrevistadas no CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
A precariedade das atividades traduz-se em salários relativamente
baixos, com mais de metade das pessoas entrevistadas declarando receber
menos de um salário mínimo por mês. Essa situação é um pouco melhor para
170
os entrevistados que não recebem bolsa família, mas mesmo assim é bastante
preocupante.
A educação é uma característica muito importante de uma população.
Quanto mais elevado o nível de escolaridade, maior é o seu potencial, com
possibilidade de renda mais elevada e de atividades com maior qualificação.
FIGURA 8.2.14: Perfil de educação dos entrevistados no CONSAD do Iguatemi, com separação entre homens, mulheres e filhos maiores de 16 anos.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
É possível identificar um nível maior de escolaridade nos filhos em
relação aos pais. Essa informação permite estimar que o nível de qualificação
da mão-de-obra está melhorando no território CONSAD Iguatemi, o que pode
facilitar a criação de unidades de processamento que necessitam de mão-de-
obra mais qualificada.
171
FIGURA 8.2.15: Distribuição da população por nível de educação, no Brasil em 2004.
Fonte: MDA (2006).
Quando se considera apenas os pais, homens ou mulheres, no
CONSAD Iguatemi, é possível verificar um nível de escolaridade similar aquele
registrados no meio rural nacional em 2004, enquanto o perfil dos filhos
assemelha-se mais aquele do meio urbano, com aumento do tempo de estudo.
FIGURA 8.2.16: Distribuição da faixa etária dos entrevistados no CONSAD do Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
172
A idade das pessoas é outro aspecto importante a ser considerado para
a identificação do potencial econômico de uma região. Pessoas entre 18 e 55
anos representam a força de trabalho atual, enquanto pessoas mais jovens
podem ser consideradas o potencial futuro de uma região. A figura 8.2.16
apresenta a distribuição da faixa etária dos entrevistados, para o CONSAD do
Iguatemi.
FIGURA 8.2.17: Comparação da distribuição etária no Brasil, na população rural nacional, ano 2000.
Fonte: IBGE (2010).
O perfil de idade no CONSAD Iguatemi é parecido com aquele indicado
pelo IBGE para o Brasil. No entanto, este CONSAD possui menor proporção de
jovens entre 19 e 35 anos, principalmente do sexo masculino, o que pode
significar um êxodo de pessoas dessa faixa etária para maiores centros
urbanos.
O território possui também mais homens de menos de 14 anos do que
mulheres, diferença essa sem explicação aparente.
Território CONSAD Vale do Ivinhema No CONSAD Vale do Ivinhema, o setor de serviços também está em
primeiro lugar, mas o setor industrial atinge 30% do PIB, sendo a maior
participação entre os três CONSAD pesquisados. Essa percentagem é muito
importante, pois significa a presença de maiores oportunidades para os
173
habitantes, com repercussões sobre as oportunidades de comercialização no
setor agropecuário (figura 8.2.18).
FIGURA 8.2.18: Participação dos diferentes setores no PIB total do CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: IBGE (2007).
Apesar da grande participação do setor industrial no PIB do CONSAD, a
percentagem de pessoas ocupadas na indústria processadora é similar aquela
do CONSAD Iguatemi. A situação é muito desigual entre os diferentes
municípios do território, com ausência de processadoras em Taquarussu e o
maior nível em Bataguassu.
TABELA 8.2.8: Total de pessoas ocupadas,no ano de 2006, por seções da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no CONSAD Vale do Ivinhema.
Cidade Agropec Indústria de transf. Comércio Alojamento
Alimentação
Transporte, armazenagem
e comunicações
Administração pública, defesa e
seguridade social
Anaurilândia 2% 7% 27% 1% 1% 52% Bataguassu 1% 54% 16% 4% 4% 15% Batayporã 6% 40% 22% 2% 3% 23% Nova Andradina 7% 28% 32% 2% 7% 13% Taquarussu 0% 0% 10% 0% 0% 90% Território - Ivinhema 5% 35% 26% 3% 6% 18%
Fonte: IBGE (2006).
174
A administração pública é importante, como no CONSAD Iguatemi, e é
praticamente o único emprego formal existente no município de Taquarussu
(tabela 8.2.8).
FIGURA 8.2.19: Principais atividades das pessoas entrevistadas, por sexo, no CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
A atividade de diaristas permanece como a mais importante, seguida, no
caso das mulheres, das pessoas sem atividades remuneradas. Ao todos, perto
de 60% da população entrevistada, tanto no caso dos homens quanto das
mulheres, encontram-se em situação classificada como de risco ou precária.
Mesmo com o salário médio um pouco mais alto no CONSAD Vale do
Ivinhema, em relação ao território Iguatemi, quase metade das pessoas
entrevistadas continua declarando uma renda inferior a meio salário mínimo,
situação que pode ser explicada pela grande quantidade de pessoas
desempregadas ou atuando como diaristas.
175
FIGURA 8.2.20: Distribuição média dos Salários entre as pessoas entrevistadas no CONSAD do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
O perfil de educação das pessoas entrevistadas no CONSAD Vale do
Ivinhema é similar aquele observado no do Iguatemi, com melhoria do nível de
escolaridade nas pessoas mais jovens (figura 8.2.21).
FIGURA 8.2.21: Perfil de educação dos entrevistados no CONSAD Vale do Ivinhema, com separação entre homens, mulheres e filhos maiores de 16 anos.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
O perfil de idade da população entrevistada é muito parecido entre o
CONSAD Iguatemi e Vale do Ivinhema, inclusive com a maior proporção de
crianças do sexo masculino do que feminino. No entanto, a proporção de
176
jovens entre 26 e 35 anos é maior no CONSAD Vale do Ivinhema, o que pode
significar maior proporção de força de trabalho na faixa etária ideal (figura
8.2.22).
FIGURA 8.2.22: Distribuição da faixa etária dos entrevistados no CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Território CONSAD Serra da Bodoquena
O setor de serviços é o mais importante na participação do PIB do
CONSAD Serra da Bodoquena. No entanto possui uma diferença em relação
aos dois outros territórios, pois a atividade industrial é reduzida e corresponde
a metade da agropecuária. A incipiência do setor industrial pode constituir um
freio no desenvolvimento dos municípios da região, principalmente na atividade
agropecuária, com ausência de opções de produção em função da falta de
possibilidade de industrialização (figura 8.2.23).
177
FIGURA 8.2.23: Participação dos diferentes setores no PIB total do CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: IBGE (2007).
Os dados referentes ao trabalho formal confirmam a ausência de
indústria processadora na região, que representa apenas 9% de empregos
formais. Com um terço de empregos, a região depende excessivamente do
setor público, o que pode inibir o desenvolvimento regional (tabela 8.2.9).
TABELA 8.2.9: Total de pessoas ocupadas, no ano de 2006, por seções da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no CONSAD Serra da Bodoquena.
Cidade Agropec. Indústria de transformação Comércio Alojamento
alimentação
Transporte, armazenagem comunicações
Administração pública, defesa e seguridade social
Bela Vista 4% 5% 27% 1% 4% 42% Bodoquena 9% 11% 23% 2% 2% 46% Bonito 4% 2% 28% 23% 7% 22% Caracol 9% 31% 49% 4% 2% 0% Guia Lopes da Laguna 0% 43% 36% 3% 1% 0%
Jardim 2% 5% 40% 3% 4% 24% Nioaque 4% 6% 31% 1% 3% 51% Porto Murtinho 13% 17% 14% 3% 2% 47%
Serra da Bodoquena 5% 9% 29% 7% 4% 32%
Fonte: IBGE (2006) CNAE.
Apesar da precariedade da situação na região, a proporção de
mensalistas na população do sexo masculino foi maior no CONSAD Serra da
Bodoquena do que nos outros dois. Essa situação pode ser explicada pela
grande proporção de funcionários públicos (figura 8.2.24).
178
A população masculina sem emprego é de 15%, sendo 25% da
população feminina, que possui mais de 40% de diaristas (figura 8.2.24).
FIGURA 8.2.24: Principais atividades das pessoas entrevistadas, em função do sexo, no CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Como era de se esperar a precariedade das atividades exercidas pelos
entrevistados se traduz por salários baixos, com mais de 50% dos
entrevistados ganhando menos de um salário mínimo, situação pior entre a
população que recebe o Bolsa Família, onde essa percentagem atinge mais de
65%.
O fato de grande parte da população formal trabalhar no setor público
poderia ter melhorado o nível médio dos salários encontrados, o que não foi
verificado (figura 8.2.25).
179
FIGURA 8.2.25: Distribuição média dos Salários entre as pessoas entrevistadas no CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Também neste CONSAD, o nível de educação dos filhos é maior que o
dos pais. No entanto, o índice foi bem inferior, com a proporção de jovens de
nível médio e superior muito baixa (figura 8.2.26).
FIGURA 8.2.26: Perfil de educação dos entrevistados no CONSAD Serra da Bodoquena, com separação entre homens, mulheres e filhos maiores de 16 anos.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
180
Enquanto os jovens dos CONSAD Iguatemi e Vale do Ivinhema
possuem o mesmo perfil que a média nacional para a população urbana, os
resultados para o território Serra da Bodoquena indicam um resultado similar a
média nacional no meio rural, o que confirma o perfil mais rural da região.
É possível perceber pequenas diferenças no perfil etário do CONSAD
Serra da Bodoquena em relação aos outros dois, principalmente para os
homens. A percentagem de habitantes com mais de 55 anos é levemente
superior e os jovens entre 26 e 55 anos representam percentagem inferior da
população. Esses dados podem indicar uma força de trabalho menor, com
êxodo para outras regiões com maiores oportunidades de emprego e renda
(figura 8.2.27).
FIGURA 8.2.27: Distribuição da faixa etária dos entrevistados no CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
181
8.3. LOGÍSTICA (PROCESSAMENTO E DISTRIBUIÇÃO) Aspectos gerais
Mato Grosso do Sul está dividido em dois eixos logísticos: a) Eixo Oeste-Leste: abrange as porções Norte e Oeste, tendo como cidades-pólos
Corumbá, Campo Grande e Três Lagoas com um município no CONSAD Serra
da Bodoquena; b) Eixo Norte-Sul: abrange as cidades de Coxim, Campo
Grande, Dourados (CONSAD Iguatemi).
FIGURA 8.3.1: Principais vias de comunicação que interligam o Estado de Mato Grosso do Sul.
Fonte: BLOGSPOT (2009).
Modal Rodoviário Apesar de ser o mais caro e de menor capacidade de transporte por
veículo, o modal rodoviário destaca-se pela sua forte diversidade de cargas,
possibilidade de rotas, quantidade transportada e rapidez. Da cidade de Mundo
Novo, cidade da divisa com o Paraná e município que pertence ao CONSAD
182
Iguatemi, até o porto de Paranaguá, no estado do Paraná, são
aproximadamente 760 km.
A maior parte da produção agropecuária de Mato Grosso do Sul, assim
como o fornecimento de insumos, prestação de serviço, transporte de
maquinários e transporte de pessoas utilizam o sistema rodoviário:
BR-163: corta o Mato Grosso do Sul no sentido norte-sul ligando os
estados da região Sul ao Norte do país. Essa estrada é a via de escoamento
natural do CONSAD Iguatemi;
BR-262: cruza o estado no sentido leste oeste ligando a Bolívia ao
estado de São Paulo. É o canal de escoamento para uma parte da produção da
Serra da Bodoquena;
BR-060: liga a cidade de Bela Vista (divisa com o Paraguai) ao
município de Chapadão do Sul (divisa com o Estado de Goiás), passando pelas
áreas de grande produção de alimento (Sidrolândia e Campo Grande). Essa
estrada pode servir rota de escoamento para o CONSAD Serra da Bodoquena,
com mudança para a BR-262 em Campo Grande e BR-267 em Jardim;
BR-267: liga Porto Murtinho (divisa com Paraguai), passando por
Maracaju e chegando até Presidente Epitácio, divisa com São Paulo. A BR-267
é outra possibilidade de escoamento para os CONSAD Serra da Bodoquena e
Vale do Ivinhema.
Condições das Rodovias Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes [CNT] de rodovias
federais em Mato Grosso do Sul, constatou que dos 3.733 km, em 608,5 km
(16,3%) é necessaria a redução da velocidade e 3.124,5 km (83,7%) não há
necessidade. Embora em melhor condição de velocidade que a média regional,
o estado de Mato Grosso do Sul apresenta uma situação um pouco abaixo da
média geral brasileira, onde apenas 12,5% das rodovias obrigam os motoristas
a diminiur de velocidade devido às condições da pista.
Analizando a influencia da pavimentação, sinalização e geometria das
rodovias, a CNT aplica notas e classificações para cada rodovia pesquisada
(tabela 8.3.1).
183
TABELA 8.3.1: Tabela demonstrando as rodovias pesquisadas existentes no Estado de Mato Grosso do Sul, suas notas e classificações.
Fonte: CNT (2007).
As principais rodovias usadas para o escoamento da produção dos
CONSAD de Mato Grosso do Sul conseguiram classificação regular pela CNT.
A BR-267, nos CONSAD Serra da Bodoquena e Vale do Ivinhema, é a estrada
avaliada com a pior nota.
Modal Ferroviário O sistema ferroviário brasileiro conta com 29.487 km de extensão,
distribuídos pelas regiões Sul, Sudeste e Nordeste e algumas partes do Centro-
Oeste e Norte (figura 3.5.2.2). Deste número, 28.143 km são concedidos para o
transporte de carga (BIANCHI, 2009).
FIGURA 8.3.2: Principais ferrovias existentes na região Centro-Sul do Brasil.
Fonte: Adaptado de CNT (2009).
184
O modal ferroviário em Mato Grosso do Sul é quase todo utilizado pelas
mineradoras presentes em Corumbá, transportando minério de ferro e outros
subprodutos. Por isso, não constitui uma alternativa para os produtores dos
CONSAD.
Modal Hidroviário Apesar do custo maior do transporte fluvial no Brasil em relação ao
transporte ferroviário, esse modal possui vantagens fundamentais sobre os
transportes ferroviário e o rodoviário (AHIPAR, 2008):
a) baixo custo de investimento e manutenção;
b) baixo consumo de energia;
c) grande capacidade de manejo de cargas nos portos;
d) grande capacidade de tração para percorrer grandes distâncias.
Hidrovia Paraguai-Paraná Com uma extensão de 3.442 km, a Hidrovia Paraguai-Paraná vai desde
o Porto de La Plata, na Argentina, até o Porto de Cáceres de Mato Grosso por
um lado, e Porto de São Simão (GO) e ao Porto de Pederneiras (SP), por outro
(figura 8.3.3).
185
FIGURA 8.3.3: Hidrovia Paraguai - Paraná e seus principais Portos.
Fonte: AHIPAR (2008).
O eixo hidroviário Paraguai-Paraná tem sido utilizado como via de
comunicação interior do Continente Sul-Americano, atendendo o escoamento
de carga argentina, boliviana, paraguaia, uruguaia e brasileira, percorrendo
importantes áreas destes países integrantes do Mercosul (AHIPAR, 2008).
Com grande potencial hidroviário, formado pelos sistemas Araguaia-
Tocantins e Paraguai-Paraná e Tietê-Paraná, a Região Centro-Oeste não conta
com uma rede estruturada e eficiente de transporte hidroviário de carga da
produção agropecuária regional, tendo apenas dois portos fluviais de melhor
capacidade: Corumbá e Cáceres. As hidrovias ainda são incipientes e os
terminais portuários de baixa expressão, além de insuficientes frente à
produção da Região, com custos operacionais elevados que comprometem a
competitividade da agropecuária regional. As hidrovias regionais mais
importantes estão com nível de utilização muito baixo, em relação à sua efetiva
capacidade operacional (BRASIL, 2005).
186
O fluxo de mercadorias movimentadas no Terminal Hidroviário de Porto
Murtinho (tabela 8.3.2) é proveniente, principalmente, de Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, para o Brasil, e Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai. As
principais cargas movimentadas para exportação são açúcar, soja em grão,
soja peletizada (esmagada) e milho. Os principais produtos importados são
trigo, arroz e cimento. No entanto, as quantidades são incipientes em relação a
produção estadual.
TABELA 8.3.2: Cargas potenciais para exportação de Mato Grosso do Sul, no Terminal Hidroviário de Porto Murtinho, entre os anos de 2002 a 2003. Produtos Tonelada Origem - Município do MS
Carnes 1.000.000 toneladas
Guia Lopes - 40.000 Nioaque - 40.000 Anastácio - 25.000 Campo Grande - 80.000 Maracaju - 20.000 Sidrolândia - 40.000 Terenos - 15.000
Soja e milho 3.200.00 toneladas
Bonito - 26.000 Jardim - 7.000 Guia Lopes - 5.000 Boa Vista - 35.000 Corumbá - 7.000 Sidrolândia - 297.000 Maracaju - 460.000 Nova Alvorada - 56.000
Açúcar e etanol 200.000 toneladas
Sidrolândia - 45.000 Maracaju - 80.000 Rio Brilhante - 85.000 Laguna - 130.000 Ponta Porã - 360.000 Antonio João - 27.000 Aral Moreira - 195.000 Amambaí - 68.000
Farelo 1.200.000 toneladas Campo Grande - 530.000 Dourados - 650.000
Granito 2.000.000 toneladas Bonito - 1.000.000 Porto Murtinho - 1.000.000
Total 5.600.000 toneladas Municípios do MS Fonte: GODOY (2005).
187
Dados empíricos da logística nos territórios CONSAD Esta seção discorre sobre o escoamento da produção nos territórios
CONSAD, incluindo dados tais como: distâncias percorridas, tipos de estradas,
e opções logísticas disponíveis para os produtores. Para tanto, são utilizados
dados primários, obtidos a partir dos Questionários “Logística” e
“Pontencialidades”, e alguns dados secundários.
Território CONSAD Iguatemi Os produtores que não prestaram informações sobre a comercialização
são essencialmente aqueles cuja produção destina-se ao consumo próprio. A
comercialização dos produtos agropecuários no CONSAD Iguatemi ocorre,
para maioria das vezes, em uma distância inferior a 20 km. Perto de 80% dos
produtores são ausentes do mercado ou comercializam até uma distância de
50 km. Como a distância entre os municípios na região é igual ou superior a 50
km, essa informação leva a deduzir que os produtores dificilmente têm acesso
aos mercados dos outros municípios.
FIGURA 8.3.4: Distância percorrida até o cliente para a venda de produtos dos produtores entrevistados no CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
188
Não foram encontradas diferenças significativas entre os produtores com
e sem auxílio do Bolsa Família, apesar da proporção dos primeiros que
produzem apenas para consumo próprio ser maior.
A grande maioria dos produtores se utilizam apenas estradas de terra
para comercializar seus produtos, o que confirma a proximidade dos mercados.
FIGURA 8.3.5: Tipos de estradas utilizadas pelos produtores entrevistados, no CONSAD do Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Apesar de utilizar principalmente estradas de terra, os produtores do
CONSAD Iguatemi afirmaram que as estradas são na maioria boas ou
regulares (figura 8.3.6).
189
FIGURA 8.3.6: Avaliação do Estado das estradas pelos produtores entrevistados, no CONSAD Iguatemi.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Território CONSAD Vale do Ivinhema No território do CONSAD Vale do Ivinhema a maioria dos produtores
comercializa seus produtos em mercados próximos, menos de 50 km (figura
8.3.7). 38% dos produtores declararam não ter informações sobre distância de
comercialização, o que pode evidenciar que se concentram mais na produção
para consumo próprio, percentagem maior que para o CONSAD Iguatemi. FIGURA 8.3.7: Distância percorrida até o cliente para a comercialização dos produtores entrevistados no CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
190
Também aqui os produtores com Bolsa Família têm menos acesso ao
mercado, enquanto aqueles sem bolsa têm mais propensão em buscar
mercados em distâncias maiores.
As estradas de terra são a principal via de transporte utilizada, porém
muitos produtores utilizam-se, também, de vias pavimentadas (figura 8.3.8).
FIGURA 8.3.8: Tipos de estradas utilizadas pelos produtores entrevistados, no CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
A maioria dos produtores do CONSAD Vale do Ivinhema declarou que o
estado das pistas era bom ou razoável, mesmo assim um terço queixou-se das
estradas (figura 8.3.9).
FIGURA 8.3.9: Avaliação do Estado das estradas pelos produtores entrevistados, no CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
191
Território CONSAD Serra da Bodoquena O território CONSAD Serra da Bodoquena é o de maior proporção de
produtores “sem informações” sobre a comercialização, ou seja, produz para
consumo próprio. A quase totalidade dos outros produtores comercializa sua
produção em distâncias menores do que 50 km, ou seja, no âmbito do próprio
município, o que significa a ausência de intercâmbio entre os municípios do
CONSAD (figura 8.3.10).
Além da comercialização localizada, o CONSAD Serra da Bodoquena
tem como peculiaridade a não diferença entre produtores com e sem Bolsa
Família.
FIGURA 8.3.10: Distância percorrida até o cliente para a comercialização dos produtores entrevistados no CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
As estradas de terra continuam a principal via de transporte dos
produtos agrícolas, situação similar àquela encontrada nos outros territórios. A
diferença entre produtores com e sem Bolsa Família deve-se provavelmente, a
escolha dos entrevistados e não deve ser levada em consideradação (figura
8.3.11).
192
FIGURA 8.3.11: Tipos de estradas utilizadas pelos produtores entrevistados, no CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
A maioria dos entrevistados identificou as estradas como boas ou
regulares, sendo que um terço avaliou as vias como ruim ou muito ruim.
FIGURA 8.3.12: Avaliação do Estado das estradas pelos produtores entrevistados, no CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Escoamento da produção dos CONSAD de Mato Grosso do Sul
Soja e Milho: a produção estadual é enviada para outros Estados para
exportação (portos de Santos/SP e Paranaguá/PR) ou consumo interno,
193
principalmente no Paraná e em São Paulo. Para isso, é necessário um sistema
logístico de transporte eficiente e com baixo custo. O escoamento da produção de milho e soja no CONSAD Iguatemi pode
ser feito pela BR-163, que cruza o CONSAD vindo de Mato Grosso e permite o
transporte de commodities até o porto de Paranaguá/PR.
Gado de corte: a principal rodovia utilizada para o transporte, na cadeia
da carne, é a BR-262, pois abrange os dois maiores municípios de produção
bovina, Corumbá e Ribas do Rio Pardo, passando também por Campo Grande,
que possui a maioria dos processadores de carne e o maior mercado do
Estado. Outras vias possíveis e importantes para o escoamento da produção do
CONSAD Serra da Bodoquena são as BRs-267, de Porto Murtinho a
Bataguassu, com continuação para os Estados de São Paulo e Paraná, e a
BR-060, de Bela Vista até Campo Grande, com continuação na BR-262 em
direção a São Paulo.
Cana-de-açúcar: após realizada a colheita da cana-de-açúcar, o seu
transporte demanda rapidez e eficiência, pois a cana está sujeita a perda de
qualidade caso seja gasto muito tempo entre o transporte e o beneficiamento.
No Estado, as áreas de maior plantação estão próximas as usinas que
possuem o objetivo de produzir etanol e açúcar. A produção dos canaviais é totalmente transportada na modalidade
rodoviária. Por ser um produto perecível, após a colheita pode ocorrer à perda
de qualidade do teor de açúcar encontrado no colmo do vegetal caso a
distância entre a área produtora e a instalação da usina seja muito extensa. Por
este motivo as lavouras estão situadas em um raio de até 50 km.
Mandioca: a produção de mandioca deve estar localizado em um num
raio menor de 50 km na da fecularia, com necessidades similares às da cana-
de-açúcar.
194
Suínos: como os abatedouros estão localizados próximos aos
produtores, o sistema logístico utilizado na cadeia de carne suína é reduzido
nas duas primeiras etapas do transporte.
Depois do abate existe maior participação do sistema logístico, com
transporte até os consumidores de Mato Grosso do Sul e de outros estados,
além de exportação.
No caso dos CONSAD, as vias mais interessantes são a BR-163, para o
CONSAD Iguatemi, e a BR-267, para o CONSAD Vale do Ivinhema.
Aves: por ocorrer o transporte de animais vivos e as aves apresentarem
sensibilidade a grandes distâncias percorridas, em virtude do estresse, o
transporte das propriedades até os abatedouros deve ser curto e feito pelo
modal rodoviário. Após o abate, a carne branca é destinada ao mercado estadual,
nacional e internacional e utiliza as mesmas rodovias observadas para a carne
suína.
195
9. CAPITAL SOCIAL
O capital social de um povo indica o potencial de cooperação das
pessoas e de envolvimento na vida da comunidade, com participação em
atividades associativas, imprescindíveis para o desenvolvimento local. Como
foi encontrada uma situação similar nos três territórios CONSAD, os dados são
apresentados em conjunto.
A origem das pessoas é importante, pois indica diferença ou afinidade
cultural. No caso dos três territórios dos CONSAD de Mato Grosso do Sul, a
maioria das pessoas é originária do próprio Estado, mas com grandes
diferenças entre os territórios (figura 9.1). Enquanto o Serra da Bodoquena é
constituído essencialmente de pessoas originárias de Mato Grosso do Sul, o
Iguatemi possui grande proporção de individuos oriundos do Sul e o Vale do
Ivinhema do Sudeste, principalmente São Paulo. Existe também uma
comunidade nordestina significativa, com mais de 10% dos entrevistados, no
CONSAD Vale do Ivinhema.
FIGURA 9.1: Origem das pessoas entrevistadas nos três CONSAD de Mato Grosso do Sul.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Apesar de metade das pessoas entrevistadas ser de outros estados nos
territórios CONSAD Iguatemi e Vale do Ivinhema, a maioria mora em Mato
Grosso do Sul há mais de 10 anos, o que permite diminuir o impacto cultural.
196
FIGURA 9.2: Tempo de moradia em Mato Grosso do Sul, dos entrevistados.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Participação em atividades profissionais
A participação das pessoas na vida comunitária, por meio de
organizações profissionais, é um sinal da existência de capital social e de
envolvimento no desenvolvimento local. No entanto, como indicado na tabela
9.1 a quase totalidade dos entrevistados não possue envolvimento com esse
tipo de organização.
TABELA 9.1: Participação das pessoas entrevistadas em organizações profissionais.
Associação comercial
Associação profissional
Associação rural Cooperativa Sindicato
Iguatemi 1,5% 1,5% 3,8% 1,5% 4,0% Ivinhema 1,0% 0,8% 2,0% 1,5% 6,1% Bodoquena 3,4% 2,4% 6,3% 3,4% 6,3%
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Participação em atividades sociais A grande quantidade de pessoas entrevistadas não trabalhar ou possuir
apenas atividades como diarista pode explicar a baixa participação em
organizações profissionais. No entanto, quando se verifica a participação em
197
outro tipo de organização, constata-se a falta total de envolvimento dos
entrevistados, até mesmo em associações esportivas.
De modo geral, o CONSAD Serra da Bodoquena possui um
envolvimento um pouco maior em associações não-comerciais, o que pode ser
explicado pela grande presença de ONGs nessa região, muitas vezes ligadas
ao meio ambiente.
A maior participação foi encontrada no viés ajuda humanitária, o que
poderia explicar a presença importante de igreja e instituições de ensino.
Mesmo assim, as percentagens de pessoas envolvidas não passam de 10%.
TABELA 9.2: Participação das pessoas entrevistadas em organizações não profissionais.
Ajuda humanitária
Associação ambiental
Associação de
moradores
clube desportivo
Clube cultural /
recreativo
Instituição de ensino
Iguatemi 6,3% 0,5% 4,5% 1,0% 2,0% 4,3% Ivinhema 4,8% 1,0% 4,1% 1,5% 2,3% 1,5% Bodoquena 8,0% 4,6% 7,5% 3,9% 5,8% 8,8% Fonte: Dados da Pesquisa (2010). Vínculos com organizações de formação (sistema 5 S)
Vínculos com algumas das organizações do Sistema 5S poderiam
significar a vontade das pessoas de uma melhor formação com o objetivo de
obter um emprego melhor ou começar um negócio próprio. No entanto, a
proporção de pessoas que já teve contato com uma das organizações descritas
é próxima de zero.
Mesmo no CONSAD Serra da Bodoquena, onde o Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural [SENAR] possui um programa em andamento, a
proporção de entrevistados que já teve contato com esse organismo foi inferior
a 5% (tabela 9.3).
TABELA 9.3: Contato das pessoas entrevistadas em algumas das organizações do sistema 5 S.
Sebrae Senai Senar Sesc Sesi Iguatemi 0,0% 1,3% 1,3% 0,5% 0,3% Ivinhema 0,5% 1,5% 1,0% 0,0% 0,0% Bodoquena 1,5% 4,1% 5,1% 1,5% 0,2%
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
198
Outros fatores de capital social Atividades educativas ou recreativas podem favorecer também. Além da
educação, o relacionamento com outras pessoas, pode ser considerado um
tipo de capital social. Nesse caso, conforme a figura 9.3, a única atividade que
pode ser considerada como representativa é a freqüência de utilização das
praças públicas, principalmente no CONSAD Serra da Bodoquena. Essa
atividade pode significar contatos entre amigos, mas possui um efeito limitado
sobre o capital social da região.
FIGURA 9.3: Freqüência de utilização de lugares públicos.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
A importância das praças públicas é confirmada pelos dados que
indicam as principais opções de lazer que faltam nos CONSAD. Além dos
parques e praças, cinema e centros comerciais foram as opções mais citadas,
atividades com nenhum efeito sobre capital social, ao contrário das quadras
poliesportivas, que facilitam a prática de esportes coletivos (figura 9.4).
199
FIGURA 9.4: Principais opções de lazer citadas como faltando nos diferentes CONSAD.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
A participação em festas comunitárias pode também facilitar o
desenvolvimento de capital social, principalmente quando as pessoas possuem
participação ativa na organização destas. Como para as outras atividades que
favorecem o desenvolvimento de um capital social, a maioria das pessoas não
se envolvem nas festas típicas regionais, apesar da existencias delas. A
maioria dos entrevistados declarou apenas freqüênta-las (figura 9.5).
200
FIGURA 9.5: Existência de festas típicas, participação da organização e freqüentação, nos CONSAD de Mato Grosso do Sul.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
O único fator agregador da maior proporção da população é a religião,
com elevada participação dos entrevistados. Nesse caso, as religiões católicas
e evangélicas poderiam ser fatores de agregação das atividades das
comunidades visitadas (figura 9.6).
FIGURA 9.6: Participação dos entrevistados dos CONSAD de Mato Grosso do Sul a algum tipo de religião.
Fontes: Dados da pesquisa (2010).
201
Cerca de 60% dos entrevistados vão na missa pelo menos uma vez por
semana e 80% até uma vez por mês. Esses dados confirmam o potencial de
agregação da religião, único fator encontrado como fortalecedor de capital
social (figura 9.7).
FIGURA 9.7: Freqüência de participação em missas, dos entrevistados nos CONSAD de Mato Grosso do Sul.
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Em suma, a observação de um fraco capital social nos territórios dificulta
a organização de produtores, situação exigida para seu fortalecimento.
Em compensação, a grande freqüência a igrejas pode ser considerada
como um fator positivo, capaz de agregar os produtores em associações ou
cooperativas.
Essa situação deve ser explorada nesse caso, uma das recomendações
seria a realização de um trabalho de organização dos produtores com a
colaboração das diferentes doutrinas religiosas existentes nos municípios do
CONSAD.
202
10. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL
10.1. RELAÇÃO DAS FAMÍLIAS COM O MEIO AMBIENTE Conforme já descrito nos aspectos espaciais e econômicos deste
documento, os territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul abarcam parte do
Bioma Pantanal, possuindo potencialidades turísticas e um forte apelo à
conservação ambiental. É uma região de baixa densidade demográfica e é de
fundamental relevância as atividades relacionadas à agropecuária, ou seja,
uma área predominantemente rural.
Nos questionários “Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)” e
“Potencialidades” foram abordadas questões relacionadas à temática
ambiental, privilegiando a percepção das populações inquiridas, população
territorial (probabilisticamente) e população rural (não probabilístico),
respectivamente. Apesar das entrevistas aplicadas pelo questionário
“potencialidades” não apresentarem representatividade estatística, sua
validade enquanto percepção não pode ser desprezada.
Foi questionado aos entrevistados o conhecimento sobre o período da
piracema, que na língua Tupi significa “saída dos peixes para desova”, e
restringe a pesca e a comercialização visando à proteção da reserva
pesqueira. A defesa da Piracema foi determinada pela Lei Federal n° 7.679, de
23 de novembro de 1988, e o período é estabelecido anualmente pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis [IBAMA]. Foi
detectado um alto nível de conhecimento a mesma (81%).
Também foram inquiridos sobre a existência de mata fechada e/ou
reserva legal próxima a seus domicílios. 51,3% dos entrevistados, residentes
de áreas rurais, afirmaram não existir, 2,7% não sabiam afirmar e 46%
declaram existir. Esses dados são preocupantes, uma vez que, por lei, todo
assentamento da reforma agrária, assim como toda propriedade rural, deve ter
definido em sua área os espaços a serem preservados: reserva legal (20% da
área total do imóvel) e áreas de preservação permanente (margens de cursos
d'água e de nascentes/matas ciliares, áreas com inclinação acentuada, topo de
morros, entre outros). Notícia recente, datada de outubro de 2010, dá conta da
destinação de 2,3 milhões de reais a preservação ambiental em 12 projetos de
assentamentos da reforma agrária de Mato Grosso do Sul, evidência de que
203
este problema já faz parte da agenda do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária [INCRA].
Outra afirmação preocupante tange na questão da utilização de madeira
na região em que os entrevistados residem. 28% dos entrevistados disseram
que utilizam madeira. Os entrevistados do território CONSAD Serra da
Bodoquena são os que mais realizam essa prática, (34,5%), seguidos do
território Vale do Ivinhema (28,8%) e Iguatemi (24,6%). O destino da utilização
desta madeira também foi questionado, obtendo-se: 44,4% utilizam-na para
cozinhar, 41,3% para construção, 34,9% para encabar ferramentas, 29% para
horta, 20,7% para outros fins. 48,7% declararam ainda faltar madeira no local,
enquanto 36,2% afirmaram não faltar. A destinação da madeira na região é
assunto merecedor de novos estudos. Apesar de não realizadas perguntas
especificas sobre a atividade carvoeira na região, próximo a estrada e no
interior dos assentamentos foram encontrados fornos para carvão (foto 10.1.1).
Foto 10.1.1: Fornos carvoeiros às margens da rodovia MS-395, entre Anaurilândia e Bataguassu
Referente à disponibilidade de água durante o ano, independente da
forma, 37,7% declararam que falta água em alguma época do ano, 32,9%
afirmaram faltar água no verão, enquanto 24,3% declararam faltar água no
inverno. Este resultado surpreende, uma vez que usualmente os períodos de
204
Verão são considerados chuvosos e os de Inverno secos, contrariando a
percepção declarada. Uma hipótese para tal resultado pode estar
fundamentada na demanda que aumenta significativamente no verão, e poços
de utilização coletiva, típico do perfil do público-alvo que respondeu a esse
questionamento, podem não suprir adequadamente a demanda (foto 10.1.2).
Foto 10.1.2: Poço coletivo do PA Bela Manhã em Taquarussu/MS
Houve também perguntas que abordaram a percepção quanto a
mudança na quantidade de animais e plantas típicas na região. 42,7% dos
entrevistados declaram perceber mudanças, enquanto 57,3% não. As
principais mudanças declaradas pelos entrevistados: aumento da temperatura
(31,6%); redução no número de animais (25%); menor número de árvores
(6,6%).
O destino de resíduos sólidos, assunto que será melhor discutido em
seção posterior, foi incluído nas perguntas de percepção quanto ao destino das
garrafas PET (polietileno tereftalato). Usualmente estas são as embalagens
utilizadas na comercialização de refrigerantes e outros produtos
industrializados e representam um grave problema ambiental. Foi declarado
por 56% dos entrevistados o hábito de reutilizar o recipiente, 20% declararam
descartá-los e 4% vendê-las. O reaproveitamento dos vasilhames por um
205
elevado número de entrevistados é um bom indicador. Uma hipótese possível
de ser verificada em pesquisas futuras é a utilização das embalagens para
comercialização de leite e combustíveis, bem como para o armazenamento de
água e outros líquidos.
10.2. USO DO SOLO
A presente seção tem o objetivo de analisar normas técnicas e legais
para uso adequado e ocupação do território, compatibilizando, de forma
sustentável, as atividades econômicas, a conservação ambiental e a justa
distribuição dos benefícios sociais. Isso significa, especificamente, sublinhar a
sua função de ordenação da ocupação do solo no sentido de evitar ou, pelo
menos, contribuir para as ações corretivas e preventivas contra possíveis
problemas ambientais, proporcionando o desenvolvimento sustentável das
cidades.
A análise foi baseada no Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado
de Mato Grosso do Sul (ZEE/MS, 2007). É ligado à concepção de
desenvolvimento sustentável que se pode definir o ZEE como sendo um
instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente utilizado na
implantação de planos, de obras e atividades públicas e privadas. Desse modo,
o documento estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados
a assegurar a qualidade ambiental dos recursos hídricos e do solo e a
conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a
melhoria das condições de vida da população (BRASIL, 2002).
De acordo Paula e Sales (2007), a sustentabilidade ambiental necessita
de uma organização do território para haver prevenção contra os problemas
ambientais causados pela ocupação desordenada dos municípios. Nesse caso,
o ZEE aparece como a premissa básica para identificar potencialidades e
limitações ecológicas, econômicas e sociais, considerando os impactos diretos
e indiretos para a sociedade, caso não esteja preparada para enfrentar
possíveis problemas ambientais. Na ótica da sustentabilidade, o instrumento de
ordenação de território orienta a conservação dos recursos naturais com
critérios, garantindo a oferta destes para as gerações futuras, após ser
206
submetido à ampla participação e negociação com os diversos atores
envolvidos no processo.
A matriz metodológica no ZEE/MS envolve a geração de três cartas
integradas: uma carta temática da vulnerabilidade natural (plenamente
retratada pela metodologia GEO3), outra carta temática sobre a potencialidade
socioeconômica do território e uma última que subsidie a gestão do território
baseada nos diversos níveis de sustentabilidade existentes.
Conforme o ZEE/MS, carta de potencialidades, construída mediante a
utilização de dados secundários, consolida quatro dimensões, especialmente
aquelas produzidas pelas condições de pressão e impactos: Humana,
Produtiva, Institucional e Natural.
Os potenciais natural, institucional, produtivo e humano, devem, assim
como na carta de vulnerabilidade natural, estabelecer parâmetros que possam
representar três níveis de potencialidades:
QUADRO 10.2.1: Níveis de potencialidades referentes as condições de pressões e impactos humanos, produtivos, institucionais e naturais.
Nível Relações Valor Indicativo
Alto Alta potencialidade sócio-econômica (requer nível de investimento reduzido para alto nível de retorno social, natural e produtivo)
1 A
Médio Média potencialidade (requer alto nível de investimento e alta possibilidade de retorno social e nível de retorno produtivo e natural incerto)
2 B
Baixo Baixa potencialidade (requer alto nível de investimento com baixa possibilidade de retorno social, natural e retorno produtivo incerto)
3 C
Fonte: ZEE/MS (2007).
A síntese da vulnerabilidade natural e da potencialidade social fornecerá
condições de classificar as zonas baseado no seguinte esquema proposto por
Becker e Egler (1996) (quadro 10.2.2).
3 O desígnio principal da Matriz GEO é avaliar especificamente como os diversos processos de urbanização e ocupação do solo pressiona o meio ambiente natural, através da análise dos fatores que pressionam os recursos naturais e os ecossistemas, e as conseqüências que provocam quanto (i) ao Estado do meio ambiente, (ii) aos impactos na qualidade de vida e (iii) às respostas dos agentes públicos, privados e sociais aos problemas gerados.
207
QUADRO 10.2.2: Classificação das zonas propostas por Becker e Egler (1996). Áreas Produtivas:
Consolidação - áreas já consolidadas em termos de uso de solo e que são atualmente
utilizadas para o desenvolvimento humano, inclusive com capacidade para ampliação.
Expansão - áreas com nível de vulnerabilidade suportável, o que permite vislumbrar a
expansão de atividades para o desenvolvimento econômico de forma estratégica e
programada.
Áreas Críticas:
Recuperação - devido a sua vulnerabilidade e/ou o uso indiscriminado do seu solo
requer um processo de recuperação de sua natureza, associada a dois fatores
distintos e interligados: a recuperação da natureza degradada e sua grande
potencialidade socioeconômica.
Preservação - áreas que devido a sua alta vulnerabilidade requerem atenção
especial: tanto para o uso restrito de seus recursos naturais quanto para a restrição
das atividades econômicas; a intenção é preservar sua condição de uso do solo e de
sua biodiversidade.
Fonte: Becker e Egler (1996).
Será definida em cada território a condição do uso do solo dentro de três
perspectivas: uso recomendado, uso recomendado sob manejo especial e não
recomendado, como é demonstrado no quadro 10.2.3.
QUADRO 10.2.3: Perpectivas de condição do uso do solo.
Área Condição Especificação
Zonas A, B,...Z Recomendado
Atividades que histórica, cultural, econômica e tecnicamente sejam suportáveis pelo ambiente naturais, significando reduzida perda de solos, do potencial hídrico e da biodiversidade além da emissão de reduzidos fatores poluentes.
- Restrito
Usos de atividades econômicas que sustentem um desenvolvimento econômico e social substantivo, de interesse estratégico para o Estado e para o município, e que tenha limites claros de atuação devido a condição da fragilidade ambiental.
208
- Impróprio Atividades que, na atualidade, consolidam alto nível de impacto sobre o meio ambiente e/ou atividades de retorno sócio-econômico incerto.
Fonte: Elaborado pela pesquisa.
TERRITÓRIO CONSAD VALE DO IVINHEMA
Os municípios participantes do CONSAD Vale do Ivinhema são:
Batayporã, Taquarussu, Anaurilândia, Bataguassu e Nova Andradina. A
identidade dessa região é considerada rural e localiza-se no Leste de Mato
Grosso do Sul, próximo aos estados de São Paulo e Paraná. Esta região
encontra-se totalmente no Bioma Cerrado, apresentando suas mais diversas
fisionomias. Além disso, é possível observar margeando os cursos d’água,
Formações Pioneiras de Influência Fluvial, extensas áreas de silvicultura de
eucalipto e pequenos fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual Aluvial
às margens dos córregos e rios, e Floresta Estacional Semidecidual
Submontana.
Embora esta Zona apresente fortes pressões antrópicas 13,39% são
áreas protegidas, destaque se faz para o Parque Estadual das Várzeas do Rio
Ivinhema, estratégico para a conservação da biodiversidade da região.
Apresenta, ainda, a APA Federal Ilhas e Várzeas do Rio Paraná, APA
Municipal do Córrego Guariroba, APA Municipal Bacia Sucuriú, APA Municipal
das Nascentes do Rio Sucuriu, APA Municipal do Lageado, APA Municipal do
Rio Anhandui, APA Municipal do Rio Vacaria, APA Sub Bacia do Rio Ivinhema
Angélica, RPPN Cabeceira do Mimoso, RPPN Cachoeira Branca, RPPN
Douradinho, Parque Estadual da Mata Segredo, Parque Estadual do Prosa,
Parque Municipal Pombo, RPPN Ponte de Pedra, RPPN UFMS e RPPN Vista
Alegre.
Com referência a seus recursos hídricos, compreende toda a Bacia do
rio Verde e Bacia do rio Pardo, parte da área da Bacia do rio Sucuriú ao norte,
e parte da Bacia do Ivinhema ao sul. Nessa Zona, há o sistema Aqüífero Bauru,
um dos mais importantes aqüíferos de MS. É responsável pelo escoamento
regional das águas subterrâneas para os rios Pardo, Verde e Sucuriú, e de rios
menores nas Bacias dos rios Quitéria e Santana. Ao longo do rio Paraná e
seus afluentes há muitas áreas de várzeas que são consideradas como
209
potenciais áreas de recarga do aqüífero, portanto de grande vulnerabilidade
ambiental.
Diretrizes de Uso do Solo Gerais
Por se tratar de uma Zona de Expansão recomendam-se atividades de
agricultura consorciada com a pecuária semi-extensiva, agroindústria,
industrialização em geral. A presença de grandes vazios demográficos e baixas
produção evidencia a necessidade de infra-estrutura urbana, rural e de
transporte para indução de novos arranjos produtivos.
Considerando a fragilidade do solo de grande parte desta Zona,
associado ao potencial de hidroenergia, fica evidente a necessidade de
atenção especial quanto à ocupação de fundos de vale e atividades que
possam expor os solos a intempéries e formação de processos erosivos.
Assim, as atividades a serem desenvolvidas devem priorizar a manutenção da
vegetação nativa, o uso racional e preservação de recursos hídricos e
restauração ecológica de áreas de preservação permanente e cabeceiras de
rios.
Específicas a) Recomendadas
• Agropecuária consorciada com a silvicultura
• Para culturas de alta capacidade de rendimento recomenda-se a
utilização da agricultura mecanizada com alta tecnologia, especialmente
a silvicultura produtora de madeira para móveis, celulose e energia
(etanol).
• Consórcio rotativo da pecuária extensiva ou semi-extensiva com a
agricultura mecanizada produtora de grãos, possibilitando o rodízio de
utilização da terra evitando o desgaste e a redução da capacidade
produtiva.
• Incentivo à implantação ou fortalecimento de atividades produtivas
alternativas, de âmbito local ou regional, tais como criação de pequenos
animais, piscicultura, avicultura, fruticultura e pecuária leiteira,
210
b) Recomendadas sob manejo especial
• Implantação de empreendimentos agroindustriais em áreas de aluviões
recentes (áreas próximas a várzeas e rios).
• Ampliação da pecuária extensiva não consorciada com a produção
agrícola.
• Utilização artesanal racional de áreas de fundo de vale para produção
de cerâmica.
• Aproveitamento econômico da flora nativa mediante manejo
(extrativismo sustentável).
c) Não Recomendada
• Implantação de empreendimentos de carvoejamento com
aproveitamento da vegetação nativa
• Quaisquer atividades agropastoris sem adoção de técnicas apropriadas
para conservação do solo e respectivo monitoramento
Em função dessa faixa de fronteira pode-se identificar um possível eixo
de desenvolvimento da energia se estendendo até a cidade de Nova
Andradina. As características de tal área decorrem de pequena população
urbana, atividades econômicas diversificadas e descontinuadas e
predominância de pecuária extensiva. Esse eixo de desenvolvimento da
energia visa, sobretudo, articular a ocupação territorial com o adequado
desenvolvimento urbano e social das cidades da região impactada, entre elas
alguns municípios do CONSAD, como Bataguassu e Nova Andradina, e
incorporar à dinâmica produtiva vasta porção de terras agrícolas, compostas de
pastagens degradadas e solo de baixa aptidão agrícola. O setor que mais
contribui para a formação do PIB municipal é o setor terciário, com exceção
dos municípios de Nova Andradina e Bataguassu em que o setor secundário
tem maior representatividade na formação do PIB municipal. Tal área pode ser
considerada como uma zona de recuperação ambiental, pois trata-se de um
terreno frágil com grande utilização atual da pecuária extensiva com agressões
as matas ciliares. As atividades recomendadas para essa área são
agropecuárias em áreas de interflúvios, criação de pequenos animais,
211
piscicultura, avicultura, fruticultura, pecuária leiteira, horticultura orgânica,
floricultura e apicultura.
TERRITÓRIO CONSAD SERRA DA BODOQUENA Em relação ao território da Serra da Bodoquena, os municípios
participantes do CONSAD são Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Caracol, Guia
Lopes da Laguna, Jardim, Nioaque e Porto Murtinho. Nesses municípios é
relevante separar as diretrizes e usos do solo por município, decorrente das
características de formação dos mesmos.
Caracol e Porto Murtinho formam uma zona conhecida como Zona do
Chaco Brasileiro, onde residem aproximadamente 20 mil habitantes. Esta
região é considerada instável, além de possuir um nível de baixo para médio
em termos de produção da riqueza e utilização das terras. A maior parte das
terras dessa zona é de áreas de pastagens naturais, contudo, na direção leste
da zona é possível encontrar terras com aptidão regular que podem possibilitar
pastagens plantadas. Um fator importante é a presença da parte mais
significativa de vegetação Chaquenha do Brasil com alto grau de preservação.
O que esta zona apresenta, sobretudo, é aptidão para permanecer com a
atividade da pecuária extensiva com a utilização de plantas nativas como o
buriti e a bocaiúva para a produção de bicombustíveis. Uma recomendação
importante é para que não seja implantado empreendimentos e atividades
industriais, uma vez que causam significativos impactos ambientais ao terreno,
como um todo, e, em especial, à vegetação Chaquenha.
Por outro lado, Bela Vista, Guia Lopes da Laguna, Jardim e Nioaque
fazem parte da Zona Depressão do Miranda. Tem o agravante de ser uma
região formadora da Planície Pantaneira de grande vulnerabilidade. Esta
condição desmobiliza investimentos impactantes, ainda mais quando se
observa a baixa capacidade de coesão de suas terras, ou seja, a
vulnerabilidade se apresenta com mais vigor do que a condição intergrades.
Diretrizes e Uso do Solo Geral
A fragilidade do terreno e a sua vizinhança com a Planície Pantaneira
faz desta zona quase uma seqüência da Zona de Proteção da Planície
212
Pantaneira, significando que grande parte do que se aplica naquela zona
também se aplica nesta, com exceção de que a ondulação mais suave do
terreno pode abrandar seus impactos. Neste aspecto, devem-se apoiar
medidas que reduzam os impactos ambientais através do instrumento de
Pagamento por Serviços Ambientais, como mecanismos de compensação
econômica para proprietários de terras que conservem os recursos naturais
acima das obrigações impostas pela legislação, principalmente no que se
refere à manutenção de formações vegetais primárias, o uso racional e
preservação de recursos hídricos e o combate aos processos erosivos e de
carregamento fluvial de sedimentos.
Específicas Recomendados
• Atividade de pecuária extensiva e semi-extensiva com aprimoramento
tecnológico capaz de sustentar a prática de recria e engorda, e
silvicultura direcionada para a produção de biocombustíveis utilizando
plantas nativas.
• Incentivo à implantação ou fortalecimento de atividades produtivas
alternativas, de âmbito local ou regional, tais como criação de pequenos
animais, piscicultura, avicultura, fruticultura, pecuária leiteira, horticultura
orgânica, floricultura, apicultura, artesanato e similares para geração de
renda de pequenos e médios produtores.
• Projetos de utilização do turismo ecológico (das águas), rural,
histórico/cultural e de compras consorciado à condição fronteiriça de
Bela Vista e Porto Murtinho.
• Implantação de empreendimentos de silvicultura no eixo de
desenvolvimento estabelecido.
• Aproveitamento econômico da fauna nativa mediante manejo
• Aproveitamento de flora nativa com valor econômico (extrativismo
sustentável).
Restritos
• Silvicultura direcionada a produção de móveis e energia.
213
• Expansão da agricultura intensiva nas áreas adjacentes da Zona da
Planície Pantaneira.
Impróprios
• Implantação de empreendimentos de carvoejamento com aproveitando
da vegetação.
• Instalação de empreendimentos e atividades que alterem a moldura do
terreno e o regime hídrico dos rios da planície pantaneira.
• Implantação de empreendimentos de produção de agroenergia.
Os municípios de Bonito e Bodoquena se situam na região da Serra da
Bodoquena. Observa-se que o nível de degradação ambiental é reduzida nesta
Zona. Há presença de recursos hídricos em bom Estado de conservação, em
termos quantitativos e qualitativos, o que faz desta Zona, conforme a teoria da
ecodinâmica, uma Zona de intergrades. Também, verifica-se um nível de
potencialidade elevado quanto à produção de riqueza e à utilização imediata
das terras, considerada entre média para alta fertilidade.
Encontra-se nesta zona uma das maiores áreas de Floresta Estacional
Decidual Submontana do Estado, localizada entre os municípios de Bonito e
Bodoquena, representando um dos maiores remanescentes da Floresta
Atlântica de Mato Grosso do Sul. Esta região comporta uma beleza natural com
significativo grau de preservação, uma vez que as atividades econômicas desta
zona, pecuária e turismo apresentam um nível suportável de agressão
ambiental.
Diretrizes e Uso do Solo - Bonito e Bodoquena Geral
Trata-se de uma região com particular beleza natural e com bom nível
de preservação, denotando que as atividades econômicas presentes nesta
Zona (pecuária extensiva e turismo) apresentam um grau de agressão
ambiental suportável, consolidando sua participação.
Há a presença de terras férteis e com capacidade para suportar maiores
investimentos, tanto da agricultura quanto na pecuária, mas, também, nas
reservas de mármores de grande qualidade ali existentes.
214
Recomenda-se a regularização fundiária do Parque Nacional da Serra da
Bodoquena, bem como realizar estudos para criação e/ou ampliação de áreas
de conservação e preservação.
Específicas Recomendados
• Implantação de empreendimentos e atividades voltados ao ecoturismo.
• Fortalecer o município de Bonito como Destino Indutor de Turismo, em
conformidade com o enquadramento feito pelo Ministério do Turismo,
ressaltando-se o potencial do município de Bodoquena para essa
atividade.
• Aprimoramento tecnológico da pecuária com melhoria do rebanho, em
consórcio com outras atividades produtivas de base tecnológica mais
avançada (ex. pecuária + silvicultura).
Restritos
• Implantação de projetos e empreendimentos de aqüicultura, conforme
normas a serem discutidas pelos respectivos Comitês de Bacias e
aprovadas pelas agências ambientais.
• Aproveitamento da flora nativa com valor econômico (extrativismo
sustentável) .
• Implantação de projetos e empreendimentos de aqüicultura, conforme
normas a serem discutidos pelos respectivos Comitês de Bacias e
aprovados pelas agências ambientais.
Impróprios
• Empreendimentos de carvoejamento com aproveitamento de matéria
prima oriunda da silvicultura, ou aproveitamento de material lenhoso
nativo.
• Implantação de empreendimentos de produção de agroenergia.
215
TERRITÓRIO CONSAD IGUATEMI Em relação ao CONSAD Iguatemi, os municípios participantes foram
Naviraí, Iguatemi, Eldorado, Mundo Novo, Japorã, Tacuru, Itaquiraí, Paranhos,
Sete Quedas, Coronel Sapucaia e Ponta Porã. Assim como foi feito nos
municípios do CONSAD Serra da Bodoquena, nesses municípios é relevante
separar as diretrizes e usos do solo por município, decorrente das
características de formação dos mesmos.
O município de Ponta Porã está incluso na chamada Zona Serra de
Maracaju, a qual é tratada como uma zona consolidada. Possui uma grande
faixa de terras com alta capacidade de coesão e maturidade aliada a um relevo
plano com poucas ondulações, o que permite a utilização geral dos solos com
relativa intensidade tanto para a agricultura quanto para a pecuária
Uma importante recomendação volta-se para as terras agricultáveis na
produção de grãos com alta capacidade de rendimento, mas, para isso,
necessita-se ampliar a mecanização da agricultura com investimento em
tecnologia sem grande reestruturação da estrutura fundiária existente. Outra
recomendação é em relação ao consórcio rotativo da pecuária extensiva ou
semi-extensiva com a agricultura mecanizada produtora de grãos, o que
possibilita o rodízio de terra e evita o desgaste produtivo.
Diretrizes de Uso do Solo para Ponta Porã Gerais
Por se tratar de uma Zona Consolidada faz-se necessário o
fortalecimento da estrutura urbana, em especial dos Pólos de Ligação,
qualificando a sua infra-estrutura, equipamentos públicos e serviços básicos,
visando aperfeiçoar a sua funcionalidade como irradiadora de serviços e
dinamizadora do desenvolvimento regional.
Trata-se de uma Zona de terras de boa e regular aptidão agrícola
historicamente produtora de alimentos com alta tecnologia, devendo, portanto,
priorizar a manutenção desta vocação.
Deve-se observar que é uma região com grande desenvoltura
econômica no campo, provocando ao longo da história um intenso
desmatamento com grande prejuízo as matas ali existentes, em especial a
Mata de Dourados exuberante até o final dos anos sessenta do século
216
passado. Tal desmatamento tem provocado um desaparecimento continuado
do Bioma do Cerrado e comprometendo com poluição (ainda controlada) vários
corpos d´água, inclusive suas nascentes.
Neste sentido, é necessário ter um cuidado especial para com as matas
ciliares, várzeas e fragmentos de vegetação nativa existentes. Igual cuidado
deve ser dispensado com a utilização de agrotóxicos nas lavouras.
Específicas a) Recomendados
• Implantação e fortalecimento de atividades produtivas alternativas, de
âmbito local e regional, com capacidade de impulsionar a pequena
propriedade pastoril e assentamentos rurais.
• Aumento sustentável da produtividade da agricultura e da agroindústria.
• Consórcio rotativo da pecuária com a agricultura mecanizada produtora
de grãos, possibilitando o rodízio de utilização da terra evitando a
redução da capacidade produtiva.
• Considerando a região de fronteira, como zona de alta vigilância para o
controle de zoonose, recomenda-se a utilização destas terras para
silvicultura, principalmente de espécies nativas (exemplo da erva-mate)
e para o fortalecimento da indústria moveleira e construção civil.
• Fortalecer a estrutura urbana do Pólo de Ligação de Ponta Porã,
qualificando sua infra-estrutura, equipamentos públicos e serviços
básicos, visando criar condições para seu funcionamento como
irradiador de serviços, destino turístico e dinamizador de políticas
transfronteiriças com o Paraguai, em conjunto com os municípios da
linha de fronteira da Zona Iguatemi.
b) Recomendados sob manejo especial
• Ampliação da pecuária extensiva não consorciada com a produção
agrícola.
• Piscicultura.
• Aproveitamento de fauna e flora nativa com valor econômico.
217
c) Impróprios
• Pecuária extensiva na zona de alta vigilância sanitária ao longo da
fronteira com o Paraguai.
Demais municípios
Os demais municípios encontram-se inseridos principalmente no Bioma
da Mata Atlântica com diversas fisionomias, profundamente antropizadas,
restando hoje, apenas fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual e
Floresta Estacional Semidecidual Aluvial. Além disso, é possível observar,
também, pequenas manchas de Cerrado.
Com relação às áreas protegidas destaque se faz para as extensas
áreas da APA Intermunicipal da Bacia do Rio Iguatemi e da APA Federal Ilhas
e Várzeas do Rio Paraná que representam 45% do total de áreas protegidas
desta zona (52,14%). Além destas, encontram-se, ainda, APA Municipal da
Bacia do Rio Amambai, APA Municipal do Rio Vacaria, APA Municipal
Microbacia Rio Dourados, APA Municipal Microbacia do Rio Dourados e
Brilhante, RPPN B.longalê (Fazenda Floresta Negra), APA Sub Bacia do Rio
Ivinhema. Angélica, Parque Estadual Várzeas Rio Ivinhema e Parque Nacional
da Ilha Grande. A Zona Iguatemi abrange toda Bacia do rio Iguatemi, e parte
das Bacias do rio Amambaí e rio Ivinhema, onde há a maior concentração de
demanda pelo uso da água de MS para a dessedentação animal (uso
predominante), a irrigação e o abastecimento urbano. Os recursos hídricos
dessa região recebem grande carga de poluentes de efluentes industriais, do
carreamento de sedimentos oriundos dos processos erosivos e de defensivos
agrícolas.
Diretrizes de Uso do Solo Gerais
Recomendam-se as atividades econômicas que observem as condições
naturais e a tradição histórica regional, fortemente vinculada ao extrativismo
vegetal, ou seja, que propiciem em seus ciclos produtivos a agregação de
processos que promovam a recuperação de partes do Bioma Mata Atlântica.
Por se tratar de uma Zona de Recuperação/Expansão, recomenda-se
atividades de agricultura consorciada com a pecuária semi-extensiva,
218
agroindústria, industrialização em geral, além da silvicultura, inclusive de
espécies nativas, a exemplo da erva mate, bem como a utilização da madeira
para indústria moveleira e construção.
No que se refere à dinamização da atividade econômica de fronteira,
recomenda-se a indução de forte articulação com o Pólo de Ligação de Ponta
Porã, principal ponto de comunicação e comércio do Estado com o Paraguai,
para o organização e hierarquização das cidades do CONSAD Iguatemi e seu
fortalecimento interurbano e de racionalização de serviços públicos e
viabilização de infra-estrutura pública.
Específicas a) Recomendados
• Implantação de silvicultura consorciada com a pecuária semi-extensiva
(de corte ou de leite) e/ou a agricultura produtora de alimentos,
ressalvados os cuidados pertinentes à vigilância sanitária ao longo da
fronteira.
• Implantação ou fortalecimento de atividades produtivas de âmbito local
e regional com capacidade para o criatório de pequenos animais e
agricultura de pequeno porte.
• Considerando a região de fronteira, como Zona de Alta Vigilância para o
controle de zoonoses, recomenda-se a utilização destas terras para
silvicultura, bem como a implantação de uma agricultura produtora de
biocombustíveis.
• Implantação e implementação de agroindústrias.
b) Recomendados sob manejo especial
• Piscicultura.
• Aproveitamento de fauna e flora nativa com valor econômico.
c) Não Recomendados
• Quaisquer atividades agropastoris sem adoção de técnicas apropriadas
para conservação do solo e respectivo monitoramento.
• Pecuária extensiva não consorciada com agricultura e silvicultura.
219
• Pecuária extensiva na Zona de Alta Vigilância sanitária ao longo da
fronteira.
10.3. POLUIÇÃO: LIXO E PRODUÇÃO DE RESÍDUOS
Toda atividade produtiva impacta duplamente no meio ambiente: por um
lado, requer o uso contínuo dos recursos naturais, por outro, acarreta geração
indiscriminada de resíduos. Resíduos sólidos resultam de atividades industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos os resíduos provenientes do tratamento de água e equipamentos de
controle de poluição (ABNT, 2004).
O gerenciamento inadequado desses resíduos pode resultar em riscos
para a qualidade de vida das comunidades, criando, ao mesmo tempo,
problemas de saúde pública e se transformando em fator de degradação do
meio ambiente, além, é claro, dos aspectos social, estético, econômico e
administrativo envolvidos. O crescimento demográfico, a mudança ou a criação
de novos hábitos, a melhoria do nível de vida, o desenvolvimento industrial e
uma série de outros fatores são responsáveis por alterações nas
características dos resíduos, contribuindo para agravar o problema de sua
destinação final.
O objetivo desta parte do trabalho é analisar como é realizado o
descarte do lixo nos territórios CONSAD de MS, assim como verificar quais as
ações as ações realizadas nos municípios para mitigar os problemas
relacionados aos resíduos sólidos. Inicialmente serão mostrados os resultados
do setor urbano e, posteriormente, do setor rural.
Setor Urbano Foi levantado junto aos entrevistados se havia coleta de lixo por parte da
prefeitura na sua cidade (no seu respectivo território). Os resultados são
mostrados na tabela 10.3.1.
220
TABELA 10.3.1: Existência de coleta de lixo nos territórios CONSAD de MS, 2010.
CONSAD AMOSTRA NÃO SIM
Iguatemi
Bolsa Família 20.32% 79.68% Não Bolsa 15.25% 84.75% Total 18.36% 81.64%
Serra da Bodoquena
Bolsa Família 11.86% 88.14% Não Bolsa 8.40% 91.60% Total 10.54% 89.46%
Vale do Ivinhema
Bolsa Família 10.10% 89.90% Não Bolsa 10.67% 89.33% Total 10.25% 89.75%
Total geral 13.10% 86.90%
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Os resultados mostram que a maior parte das cidades são assistidas por
coleta de lixo. O CONSAD Iguatemi é o que apresenta a menor oferta desse
tipo de serviço, segundo os entrevistados. É importante observar que para os
que recebem ou não Bolsa Família os valores se mostram muito próximos.
Foto 10.3.1: Coleta seletiva na cidade de Taquarussu/MS.
Com intuito de saber se os entrevistados deixavam o lixo em local
adequado, perguntou-se se o local onde os mesmos depositavam o lixo era a
céu aberto. Os resultados estão na tabela 10.3.2.
221
TABELA 10.3.2: Deixam o lixo a céu aberto nos territórios CONSAD de MS, 2010.
CONSAD AMOSTRA NÃO SIM
Iguatemi
Bolsa Família 78.61% 21.39% Não Bolsa 88.98% 11.02% Total 82.62% 17.38%
Serra da Bodoquena
Bolsa Família 79.27% 20.73% Não Bolsa 82.35% 17.65% Total 80.45% 19.55%
Vale do Ivinhema
Bolsa Família 86.06% 13.94% Não Bolsa 84.00% 16.00% Total 85.51% 14.49%
Total geral 82.78% 17.22%
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Ainda existe uma parte da população dos CONSAD que deixam o lixo a
céu aberto, fato que mostra a necessidade do setor publico fazer uma forte
campanha de educação ambiental sobre o problema que isso acarreta à
população. Pois sabe-se que a deposiçao de resíduos a céu aberto é uma
forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza
pela simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio
ambiente ou à saúde pública.
Foto 10.3.2: Destinação de lixo na cidade de Taquarusso/MS próximo a área urbana do município.
222
Setor rural O lixo rural é o resíduo da atividade agropecuária podendo conter, em
sua composição, materiais particulares à produção, como defensivos, restos de
culturas, dejetos animais etc.
Em propriedades onde há produção animal, a disposição inapropriada
dos dejetos também pode trazer problemas, como a contaminação da água por
falta de tratamento adequado, sobretudo na suinocultura.
Os resultados mostram que a maior parte do lixo gerado nos territórios é
queimado (tabela 10.3.3).
TABELA 10.3.3: Destino final dado ao lixo nos territórios CONSAD de MS, 2010.
CONSAD AMOSTRA Descartar -
terrenos baldios
Outro Queimar Recolhido
pela prefeitura
Separação seletiva (para reciclagem)
Iguatemi
Bolsa Família 15.38% 7.69% 69.23% 7.69% 0.00% Não Bolsa 7.32% 17.07% 63.41% 9.76% 2.44% Total 10.45% 13.43% 65.67% 8.96% 1.49%
Serra da Bodoquena
Bolsa Família 21.43% 0.00% 71.43% 7.14% 0.00% Não Bolsa 12.50% 12.50% 50.00% 25.00% 0.00% Total 16.67% 6.67% 60.00% 16.67% 0.00%
Vale do Ivinhema
Bolsa Família 8.33% 4.17% 75.00% 8.33% 4.17% Não Bolsa 0.00% 20.00% 60.00% 16.00% 4.00% Total 4.08% 12.24% 67.35% 12.24% 4.08%
Total Geral
9.59% 11.64% 65.07% 11.64% 2.05%
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Quase dois terços do lixo é queimado, e pouco mais de 10% é recolhido
pelo poder público. Segundo especialistas, o uso de soterramento ou
queimadas na eliminação do lixo deve ser evitado devido aos seus impactos
negativos à produção e ao ambiente. Ao se enterrar o lixo sem critérios de
seleção, por exemplo, pode ocorrer a contaminação de lençóis freáticos e do
solo, danificando a qualidade de bens fundamentais à produção agrícola. Já a
queimada, além de poder gerar incêndios, aumenta a emissão de gases
tóxicos na atmosfera.
O resultado acima corroboram com os dados do IBGE de 2000 que
apontam que a coleta pública de lixo atingia apenas 13,3% dos domicílios
rurais do País. Em 1991, 31,6% do total de lixo produzido na zona rural foi
enterrado ou queimado (IBGE, 2006). Esse percentual subiu para 52,5% em
223
2000, evidenciando a magnitude do problema da eliminação do lixo nas
propriedades rurais (IBGE, 2006). Sem o atendimento necessário, muitos
produtores buscam outras formas para eliminar o lixo de suas propriedades, na
maioria das vezes inadequadas (Martini; Costa; Boteon, 2006).
Gestão Ambiental: a visão dos gestores municipais
Com o objetivo de avaliar os problemas e as ações municipais de
sustentabilidade e gestão ambiental, foram realizadas entrevistas com os
gestores municipais responsáveis pela gestão ambiental nos municípios.
Os principais entraves apontados pelos entrevistados foram:
• Ausência de aterro municipal (excluindo a cidade de Bonito)
• Destinação do lixo urbano
• Falta de consciência e educação pela população
• Ocupação ilegal da área nas margens dos rios
• Desmatamento da mata ciliar
• Ausência de fiscalização
• Uso inadequado do solo
• Falta de saneamento.
Entre as principais ações implementadas pelos municípios podem ser citadas:
• Coleta seletiva (somente no município de Bonito)
• Projetos de criação de aterros sanitários e leis ambientais municipais
mais rígidas
• Programas de recuperação de microbacias (Ivinhema e Iguatemi)
• Doação de mudas de árvores para reconstituição de matas ciliares
224
11. CARACTERIZAÇÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL: AMBIENTE DAS INSTITUIÇÕES Base teórica: ambiente das instituições
Autores como Veblen, Commons, Galbraith e Hurst entenderam que o
funcionamento do sistema econômico e, em especial, a organização das
corporações não é neutro em relação ao ambiente institucional. Esta vertente
do pensamento, muito embora tenha ficado à margem da teoria econômica
neoclássica, influenciou profundamente a teoria das organizações e as teorias
que relacionam as organizações com o ambiente. Só mais recentemente nota-
se o início de convergência entre a teoria econômica e o institucionalismo,
desta vez conduzida por autores ligados à nova economia institucional, onde se
destaca nas décadas de 1970, 1980 e 1990, a obra de Oliver Williamson, como
uma seqüência do trabalho de Ronald Coase e, também, o trabalho do Prêmio
Nobel Douglass North (ZYLBERSZTAJN, 1995).
Segundo North (1990), instituições são as regras do jogo em uma
sociedade, ou mais formalmente, são as restrições humanamente
desenvolvidas que moldam a interação humana. Em conseqüência, definem os
incentivos da estrutura da interação humana, seja esta política, social ou
econômica. As mudanças institucionais representam a forma como a sociedade
evolui em suas regras e, portanto, suas interações, sendo aspecto chave para
sua compreensão as mudanças históricas.
As instituições reduzem incertezas fornecendo uma estrutura para a vida
cotidiana. As organizações, que podem ser políticas, econômicas, sociais ou
educacionais, interagem com o ambiente institucional criando estratégias para
melhor adequar-se às regras, conseqüentemente são influenciadas e
influenciam as mudanças no ambiente institucional. De acordo com Cardoso
(2006), para um clima de investimento em novos negócios são essenciais as
instituições que protegem as empresas dos políticos, as firmas pequenas das
grandes e os novos investimentos dos interesses estabelecidos. Segundo a
autora, economistas do Banco Mundial estudaram diversos países entre 1960 e
2000, e países com políticas macroeconômicas inadequadas (tais como
inflação muito alta, taxas de câmbio sobrevalorizadas e déficits fiscais)
cresceram mais lentamente que países com políticas macroeconômicas
225
adequadas. O estudo constata que tais políticas ruins não se tratam de
escolhas erradas, mas de um ambiente institucional desestruturado. Foram
comparados também os países cuja colonização se deu nos moldes de
exploração em relação aos países colonizados, observando-se que a parte
mais significativa da divergência do desenvolvimento aconteceu entre os anos
1750 e 1900, período em que países com instituições mais eficientes
conseguiram tirar maior proveito do crescimento gerado pela revolução
industrial.
Instituições desestruturadas geram incertezas afetando negativamente a
economia no que diz respeito a custos de transação e produção, que,
juntamente com a tecnologia empregada, compõem o custo total.
A importância de se estudar e diagnosticar ambientes institucionais
reside na identificação de atores que os compõem e aspectos que dificultam ou
facilitam as interações, reduzindo incertezas e, conseqüentemente,
estimulando um ambiente propício à produção, visando crescimento e
desenvolvimento econômico sustentável.
Formação dos territórios CONSAD e aspectos político-econômicos O território brasileiro é desigual, tendo regiões muito ricas enquanto
outras são pobres. Mostra disso foi uma pesquisa do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), de 2003, que apontou
municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em todos os
Estados brasileiros. Com esse mapeamento, o MDS passou a construir
institucionalidades capazes de mediar conflitos e agregar esforços para
reorganizar esses territórios visando à inclusão social. Assim, foram criados os
Territórios de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (CONSAD),
formados por consórcios privados (ONGs) de municípios. Há no Brasil 40
territórios, englobando 585 municípios e uma população de mais de 11 milhões
de habitantes. O objetivo desses territórios é fortalecer e ampliar as ações de
segurança alimentar e desenvolvimento local (BRASIL, 2010).
O perfil de municípios que compõem os territórios CONSAD de Mato
Grosso do Sul, via de regra, são: a) municípios pequenos, com menos de
25.000 habitantes; b) baixo nível de industrialização, predominando setores
primários e terciários; c) níveis de desenvolvimento humano (IDH-M) inferiores
226
a média estadual; d) concentração de renda e fundiária; e) pífia participação na
composição do produto interno bruto estadual. Existem municípios que
destoam do perfil geral, tal como o caso de Nova Andradina, Naviraí e Ponta
Porã.
Entre os 10 piores IDH-M (2000) do estado, oito municípios estão
incluídos nos territórios CONSAD, são eles por ordem crescente: Japorã,
Tacuru, Paranhos, Porto Murtinho, Batayporã, Taquarussu, Bodoquena e
Eldorado. Os índices de desenvolvimento nestas cidades equiparam-se aos
indicadores médios encontrados em países tais como Uzbequistão,
Tadjiquistão e Namíbia.
De acordo com Sacco dos Anjos e Caldas (2009), os CONSAD
constituem-se em uma nova institucionalidade, que congrega em torno de si
agentes públicos e privados, orientados à elaboração de programas de
desenvolvimento local, combate à fome e à insegurança alimentar. Quanto
mais estruturados e organizados forem os conselhos e os consórcios, maior
será o acesso a recursos provenientes do Governo Federal para promoção de
ações estruturantes.
Plano da pesquisa Com a finalidade de atender ao diagnóstico do ambiente das instituições
foram a campo, entre os meses de fevereiro e março de 2010, durante 15 dias,
uma equipe de seis pesquisadores, entre graduandos e pós-graduandos, que
percorreram os 24 (vinte e quatro) municípios que compõem os territórios
CONSAD aplicando 105 (cento e cinco) entrevistas semi-estruturadas entre os
representantes dos poderes públicos locais.
O roteiro de entrevista institucional foi elaborado como um instrumento
para coleta de dados com questões abertas, onde a percepção de relevância
do pesquisador e do entrevistado são fundamentais direcionar os dados
expostos. O objetivo deste instrumento foi identificar e obter informações sobre
quais ações e projetos existem, tanto na esfera local quanto territorial, tendo
como foco o desenvolvimento local e a segurança alimentar e nutricional, em
conseqüência são verificados também aspectos inter-relacionais entre os
diversos atores que compõem o território, sobre ótica privilegiada do poder
público.
227
Alguns fatores dificultaram a realização dos trabalhos, entre eles
podemos citar a jornada de trabalho reduzida nos municípios que só atendiam
pelo período matutino sob alegação de economia de recursos. A crise
econômica mundial e a diminuição do repasse de verbas federais foi o motivo
alegado para tal prática. Outro fator relevante foi à insegurança e desinteresse
dos representantes do poder público em participar de uma pesquisa realizada
por uma Universidade.
O ambiente das instituições é discutido nesta seção em seis sub-itens:
formação institucional, normas e regulamentos, linhas de financiamento,
fitossanidade, programas governamentais, assistência técnica.
Formação instituicional
Os municípios destes territórios, em geral, consolidaram-se como tais
politicamente entre os anos de 1877 e 1992, conforme quadros 3.7.1.1, 3.7.1.2
e 3.7.1.3. Observa-se que a institucionalização da região começou a acontecer
após o término da guerra do Paraguai, em 1870. Outro aspecto relevante é que
das 24 cidades que compõem o território, 33,3% destes foram elevados a
condição de cidade após a divisão do Estado, de Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul, sendo possível observar uma estruturação política e institucional
relativamente recente, uma vez que o Estado foi dividido em 1977, ou seja, há
apenas 33 anos.
Os municípios de Nioaque e Porto Murtinho surgiram com base em
entrepostos portuários, sendo o primeiro caminho intermediário entre Mato
Grosso e Paraná e o segundo para escoar a erva-mate produzida na região. O
município de Bela Vista foi criado a partir de um posto militar na região,
destruído durante a guerra do Paraguai. A povoação das regiões de Jardim e
Guia Lopes da Laguna iniciaram-se como apoio a construção de uma estrada,
e os demais municípios, Bodoquena, Bonito e Caracol, formaram-se através de
fazendas existentes e ocupação de colonização (quadro 11.1).
228
QUADRO 11.1: Formação institucional dos municípios que compõem o território CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: Elaborado pela pesquisa com base na SEMAC (2009).
No território CONSAD Vale do Ivinhema, a ocupação se deu
predominante a partir da década de 1930. As cidades de Bataguassu e
Batayporã surgiram através de loteamento realizado pela empresa Cia. Viação
São Paulo, de Mato Grosso. As cidades de Anaurilândia e Nova Andradina
tiveram origem em loteamentos, o primeiro do povoado “Água Amarela” e o
segundo das fazendas Primavera e Baile. O último município do território,
Taquarussu, é o mais recente, surgiu em virtude de um grande número de
pequenas propriedades rurais que existiam na região, formando os alicerces de
um povoado (quadro 11.2).
QUADRO 11.2: Formação institucional dos municípios que compõem o território CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: Elaborado pela pesquisa com base na SEMAC (2009).
O último dos territórios, com 11 cidades, faz fronteira com o Paraguai,
além dos estados de São Paulo e Paraná. Observa-se que seis cidades foram
Cidade Território Consad
Distância da capital (km)
Elevação a distrido (lei e ano)
Elevação a cidade (lei e ano) Área (km2)
Densidade Demográfica
(hab/km2)
Bela Vista Serra da Bodoquena 268 Resolução N.º 255 de
10.04.1900Lei N.º 02 de 03.10.1908
4.896 4,85
Bodoquena Serra da Bodoquena 216 Resolução N.º 2.079
de 14.12.1963Lei N.º 87 de 13.05.1980
2.507 3,35
Bonito Serra da Bodoquena 205 Lei N.º 693 de
11.06.1915Lei N.º 145 de
02.10.19484.934 3,62
Caracol Serra da Bodoquena 302 Lei N.º 659 de
20.06.1914Lei N.º 1.971 de
14.11.19632.939 1,81
Guia Lopes da Laguna Serra da Bodoquena 190 Lei N.º 140 de
30.09.1948 Lei N.º 678 de
11.12.19531.210 8,60
Jardim Serra da Bodoquena 193 Lei N.º 119 de
13.09.1948 Lei N.º 677 de
11.12.19532.202 10,98
Nioaque Serra da Bodoquena 145 Lei N.º 506 de
24.05.1877Decreto N.º 23 de
18.07.18903.924 4,00
Porto Murtinho Serra da Bodoquena 363 Resolução N.º 225 de
10.04.1900Lei N.º 560 de
20.09.191117.735 0,88
Cidade Território Consad
Distância da capital (km)
Elevação a distrido (lei e ano)
Elevação a cidade (lei e ano) Área (km2)
Densidade Demográfica
(hab/km2)
Anaurilândia Vale do Ivinhema 367 - Lei N.° 1.948 de
11.11.19633.396 2,56
Bataguassu Ivinhema 330 Resolução N.º 611 de 10.07.1952
Lei N.° 683 de 11.12.1953 2.417 8,11
Bataiporã Ivinhema 302 - Lei N.º 1.967 de 12.11.1963
1.828 5,95
Nova Andradina Ivinhema 288 - Lei N.º 1.189 de 20.12.1958 4.776 9,61
Taquarussu Ivinhema 318 Lei N.º 3.708 de 24.05.1976
Lei N.º 76 de 12.05.1980 1.041 3,04
229
elevadas após a divisão do então Mato Grosso, fazendo deste território o mais
recentemente organizado; um exemplo disso é Japorã, elevada a cidade em
1992. As cidades de Coronel Sapucaia, Tacuru e Ponta Porã surgiram
baseadas na produção de erva-mate (ilex paraguaiensis), as primeiras duas
como produtoras e a última como entreposto para proteger os carreteiros que
transportavam o produto dos “quatreros” paraguaios. Itaquiraí, Mundo Novo,
Sete Quedas e Naviraí tiveram como bases projetos de colonização. Em
Itaquiraí houve a doação de terras para imigrantes. Mundo Novo e Sete
Quedas surgiram oriundas de projetos do Governo Federal e a cidade de
Naviraí, de projeto da empresa Colonizadora Vera Cruz Mato Grosso Ltda.
Iguatemi surgiu sobre as ruínas de um entreposto militar destruído na Guerra
contra o Paraguai. Eldorado teve sua povoação induzida por grandes
proprietários de terras locais. Os municípios mais recentes, Paranhos e Japorã,
foram elevados a cidades pelos governadores Marcelo Miranda e Pedro
Pedrossian, em um contexto mais recente, como alternativa para melhorar a
eficiência administrativa da região (quadro 11.3).
QUADRO 11.3: Formação institucional dos municípios que compõem o território CONSAD Iguatemi.
Fonte: Elaborado pela pesquisa com base na SEMAC (2009).
O contexto histórico na formação dos municípios, e, por conseqüente,
dos territórios, demonstra alguns elementos que explicam a baixa densidade
Cidade Território Consad
Distância da capital (km)
Elevação a distrido (lei e ano)
Elevação a cidade (lei e ano) Área (km2)
Densidade Demográfica
(hab/km2)
Coronel Sapucaia Iguatemi 327 - Lei N.º 632 de 1985 1.029 14,16
Eldorado Iguatemi 373 Lei N.º 1.117 de 17.11.1958
Lei N.º 73.692 de 13.05.1976
1.018 12,20
Iguatemi Iguatemi 360 Lei N.º 7.161 de 14.10.1948
Lei N.º 1.951 de 11.11.1963
2.947 5,17
Itaquiraí Iguatemi 340 Lei N.º 2.111 de 26.12.1963
Lei N.º 75 de 12.05.1980
2.064 8,53
Japorã Iguatemi 384 - Lei N.º 1.266 de 30.04.1992
420 18,46
Mundo Novo Iguatemi 390 Lei N.º 2.063 de 14.11.1963
Lei N.º 3.693 de 13.07.1976
479 34,46
Naviraí Iguatemi 295 Lei N.º 1.195 de 25.12.1958
Lei N.º 1.944 de 11.11.1963
3.194 14,29
Paranhos Iguatemi 392 - Lei N.º 77 de 17.11.1987
1.302 8,87
Ponta Porã Iguatemi 258 - Lei N.º 617 de 18.07.1912
5.329 14,25
Sete Quedas Iguatemi 394 Lei N.º 3.765 de 30.06.1976
Lei N.º 73 de 12.05.1980
826 13,26
Tacuru Iguatemi 357 Lei N.º 1.166 de 20.11.1958
Lei N.º 72 de 13.05.1980
1.785 5,35
230
demográfica e a relevância da atividade econômica baseada na agropecuária.
A predominância de terras baratas e grandes propriedades isoladas moldaram
suas vocações e contribuíram também para estabelecer suas limitações.
Normas e regulamentos De acordo com Azevedo (1997), regulamentar é impor regras ao jogo
econômico. Sendo assim, essas regras fazem parte do conjunto de instituições
que formam um determinado ambiente institucional. Para entender o papel e os
limites da regulamentação é interessante estudar as contribuições da teoria
econômica ao entendimento dessas regras do jogo, ou mais especificamente, a
Nova Economia Institucional (NEI).
Dentro da organização política brasileira destacam-se três níveis de
poder: o central, representado pela União; os regionais, representado pelos
Estados membros; e os locais, representados pelos municípios. De acordo com
Ferraz (1988), o mérito da distribuição de poder reside na salvaguarda contra
concentrações indevidas de poder político, que se bem equilibrados
possibilitam maior eficiência à ação governamental nos diferentes níveis de
poder. A autora destaca, ainda, que quanto maior a proximidade da gestão,
maior a probabilidade do poder ser exercido de forma democrática.
É importante ressaltar a supremacia da Constituição Federal, da qual as
outras leis e regras se submetem. Observa-se, porém, que não existe relação
hierárquica, uma vez que a competência de cada ente transita em sua esfera
determinada na própria Constituição.
Conforme Moraes (2004), o princípio geral que norteia a repartição de
competência do Estado Federal é o da predominância do interesse, sendo
alocada a União o interesse geral, Estados-Membros o interesse regional e aos
municípios o interesse local. Especificamente aos municípios cabem as
competências administrativas que, dentre elas, pode-se citar: instituir e
arrecadar tributos de sua competência; criar, organizar e suprimir distritos;
organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
serviços públicos de interesse local (exemplo: transporte coletivo local e
iluminação pública); manter, com a cooperação técnica e financeira da União e
Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental, bem
como atendimento a saúde da população; promover adequado ordenamento
231
territorial; promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local. Ao
município cabe ainda, legislar sobre competência genérica em virtude da
predominância do interesse local; estabelecimento de um Plano Diretor;
hipóteses descritas na Constituição Federal, artigos 30, III a IX e 144, § 8º; e
competência quanto a suplementar legislação federal ou estadual, sem
contrariá-la, mas adaptando suas lacunas as peculiaridades das necessidades
do local.
Por entender os grupos de municípios dessas regiões como menos
desenvolvidos, o Governo Federal, assumindo suas responsabilidades para
garantia da igualdade de condições e acessos de toda sua população, incluiu
os municípios em programas que os privilegiam no acesso a recursos federais,
tais como Territórios da Cidadania e os próprios CONSADs, foco deste
trabalho.
A equipe de pesquisa institucional possuía como objetivo verificar como
se estruturava o poder público com ações que visassem o desenvolvimento
local e a segurança alimentar. Visando esse objetivo não foram levadas em
consideração apenas as declarações feitas, mas, também, o contexto
relacional observado.
Os pesquisadores responsáveis pelas entrevistas institucionais por
vezes solicitaram as leis orgânicas municipais em algumas localidades, sendo
observação reincidente que em alguns locais afirmara-se não possuir tal
documento, ou que o mesmo estaria disponível na Internet, sem, entretanto, tal
informação ser verídica. Quando entregues as leis orgânicas tratavam-se de
documentos desatualizados, tal fato pode evidenciar que as localidades
possuem carência na organização e conhecimento das ações legisladas na
cidade.
Outra constatação relevante feita durante as visitas às secretarias
municipais, principalmente as Secretarias de Assistência Social, foi o alto nível
de movimentação da população do município buscando auxilio em questões
privadas, bem como cadastrar-se ou regularizar a situação como beneficiário
de programas do governo federal, tais como Bolsa Família e Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). Tal vinculação com a secretaria
municipal, apesar de atender ao principio constitucional da eficiência, pois se
utiliza da estrutura administrativa municipal existente para distribuir os
232
recursos, gera como efeito colateral a apropriação dos méritos políticos dos
programas federais pelas prefeituras.
Durante as entrevistas houve relatos recorrentes de um baixo nível de
associativismo entre a sociedade civil, descrita nas entrevistas como
dependentes do protagonismo do poder público para desenvolver ações. Por
outro lado, os representantes do Poder Público Municipal, mesmo que
inconscientemente, parecem preservar tais laços por interesses políticos.
Alguns dados podem ilustrar tal situação; por exemplo, nas últimas quatro
eleições para Prefeituras, apenas em três cidades não houveram reeleições.
Vale destacar que 15 dos 24 municípios pesquisado estão no segundo
mandato consecutivo da autoridade máxima do executivo municipal.
São poucas ações inovadoras municipais em termos de criação de
normas e regulamentos favoráveis ao desenvolvimento local e segurança
alimentar. Entre as mais relevantes merecem ser citados o município de
Naviraí que consolidou sua função de gestor ambiental através do decreto
10.600/2001, com a assinatura de um termo de cooperação entre a prefeitura e
o Estado de MS, que viabiliza o município a emissão do Licenciamento
Ambiental de empreendimentos nos limites do seu território, permitindo maior
celeridade nos interesses da cidade. Também a Lei nº 810, de 8 de junho de
2009, criada pelo município de Nova Andradina, cuja finalidade é permitir que a
Prefeitura Municipal possa criar um programa de fomento às organizações
associativas de produtores rurais
A transparência e publicidade das ações oriundas das gestões
municipais, bem como balanços de desempenho, tanto administrativo quanto
legislativo, consistem em lacunas a serem preenchidas e desafios para
superação. Conclui-se que, em geral, os poderes públicos municipais não
apresentam um ambiente hostil ao desenvolvimento, porém não apresentam
pró-atividade, sendo, predominantemente, passivos.
Linhas de Financiamento As linhas de financiamento e crédito são fundamentais para proporcionar
um ambiente receptivo ao crescimento das atividades econômicas e, por
conseqüência, o desenvolvimento.
233
Das 24 cidades do território, 4 não possuem agências bancárias; Japorã,
Paranhos, Taquarussu e Caracol. Os moradores e produtores dessas
localidades realizam transações nas agências dos correios ou nas cidades
vizinhas. O Banco do Brasil atende dezoito cidades, seguido de bancos
comerciais que contemplam 10 cidades e a Caixa Econômica Federal, nos 4
maiores municípios.
Na pesquisa foi detectada como linha de crédito privilegiada a
dinamização da região o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar). A agricultura familiar e os assentados são atendidos por
meio de condições especiais de crédito mediante cumprimento de alguns
requisitos e apresentação de um projeto produtivo. São várias linhas de
financiamento para outros públicos-alvos: Investimento Agropecuário, FCO
Rural (que atende exclusivamente a Região Centro-Oeste), PRONAMP
(Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), PROGER (Programa
de Geração de Emprego e Renda), BNDS (Banco Nacional do
Desenvolvimento), entre outras.
Também foi constatada a presença do Banco da Gente, criado pelo
Governo do Estado em 1999, como uma instituição de microcrédito, pessoa
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, classificada como uma OSCIP
(Organização de Sociedade Civil de Interesse Público).
Desvinculada dos governos federais e estaduais, foi verificada também
ação municipal inovadora na cidade de Nova Andradina. A Lei Municipal nº
810, de 08 de junho de 2009, criou uma linha de crédito para fomento às
organizações associativas de produtores rurais em condições especiais com
recursos do tesouro municipal.
Conclui-se que o crédito rural encontra diversas opções, essas, porém,
vinculadas aos projetos produtivos elaborados pelas organizações de
assistência técnica. Existe deficiência no acesso ao micro-crédito para
empreendimentos urbanos. A assimetria de informações, bem como trâmites
burocráticos existentes, faz com que parte dos empreendedores que
necessitam captar o crédito acreditem que esse é inexistente e inacessível.
234
Fitossanidade Na esfera federal, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
(MAPA) é responsável por: política agrícola (produção, comercialização,
abastecimento, armazenagem e indicadores de preços mínimos); produção e
fomento agropecuário; mercado, comercialização e abastecimento
agropecuário; informação agrícola, defesa sanitária (animal e vegetal);
fiscalização dos insumos agropecuários; classificação e inspeção de produtos
de origem animal e vegetal; pesquisa tecnológica, agrometeorologia,
cooperativismo e associativismo rural; eletrificação rural; assistência técnica e
extensão rural. Vinculado ao órgão estão Embrapa, Delegacias Federais da
Agricultura, Conab, entre outros.
No âmbito estadual, destaca-se a Agência Estadual de Defesa Sanitária
Animal e Vegetal (Iagro), criada pelo Decreto-Lei nº 9, de 1º de janeiro de 1979,
sob a denominação de Departamento de Inspeção e Defesa Agropecuária de
Mato Grosso do Sul (Iagro). É uma entidade da administração pública indireta,
autarquia, vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário da
Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo [SEPROTUR] e por ela
supervisionada, com personalidade jurídica de direito público, patrimônio
próprio, autonomia técnica, administrativa e financeira. Sua área de atuação é:
promoção, manutenção e recuperação da saúde animal e vegetal, a qualidade
de seus produtos e subprodutos por meio da defesa sanitária animal e vegetal,
o controle, a fiscalização e a inspeção dos produtos e subprodutos de origem
agropecuária, a fiscalização de insumos agropecuários e das atividades de
biossegurança, para assegurar a saúde humana.
Nos municípios ainda atuam, sobre as particularidades do local, as casas
legislativas e secretarias. Na pesquisa não foram detectadas problemas ou
soluções diferenciadas, predominando as normas e organizações federais e
estaduais.
Entre os problemas que merecem destaque na área de fitossanidade são:
a) Ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizifungo. Foi
detectado pela primeira vez no Brasil nas safras 2001/2002, afeta 13 Estados e
o distrito federal, incluindo o Mato Grosso do Sul. A praga causa diminuição da
produtividade e aumento dos custos operacionais em virtude dos defensivos
utilizados para seu combate; b) Febre Aftosa, doença viral que de fácil
235
propagação que causa febre e vesículas na boca, narinas, focinho, tetas e pés
dos animais de casco fendido. O seu principal impacto é econômico, uma vez
que inúmeros países possuem barreiras não-tarifárias a regiões não
protegidas.
Esses problemas fitossanitários têm impactos relevantes na região
proporcionais à importância dos rebanhos animais e da produção e
comercialização de soja para economia do Estado. A região, por fazer fronteira
com o Paraguai, tem suas ações mitigadoras, tais como vazio sanitário
(estabelecido na Lei nº 3.333, publicada em 22 de dezembro de 2006 no Diário
Oficial Estadual) e vacinação, dificultadas. É pertinente recordar que o último
foco de febre aftosa detectado no Brasil aconteceu no Mato Grosso do Sul.
A dependência econômica da região em poucas atividades econômicas, e
estas ainda sujeitas a riscos externos, deveriam ser desestimuladas. O
estimulo a diversificação produtiva é uma opção.
Políticas governamentais Em 2003, no início do governo Lula, foi criada a Secretaria de
Desenvolvimento Territorial [SDT], dentro do Ministério do Desenvolvimento
Agrário [MDA], para reorientar a estratégia das políticas de desenvolvimento
rural em uma perspectiva intermunicipal. Esta estratégia tem como foco a
abordagem territorial e já estava presente no Plano Nacional de
Desenvolvimento Sustentável (1º PNDRS), idealizado em 2002 pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Rural [CNDR] (ORTEGA et al, 2009).
No contexto dessa proposta territorial, seria permitida uma maior
capacidade de interlocução entre os poderes públicos e os atores sociais mais
organizados, compromissados e sintonizados em torno da elaboração de
projetos de desenvolvimento rural. Além disso, a partir dessa proposta
conseguir-se-ia maior articulação dos diferentes níveis do governo e das
organizações da sociedade em torno de um pacto territorial.
Começaram a ser criados, em 2003, os Consórcios Intermunicipais de
Desenvolvimento Rural Sustentável (os Territórios Rurais). Atualmente são 164
TRs em funcionamento, abrangendo 2.500 municípios em todo o Brasil, que
reúnem 28,57% da população brasileira e 73,27% das famílias assentadas pela
236
Reforma Agrária, bem como 58,45% dos agricultores familiares (MDA SIT,
2010).
Em 2008 o Governo Federal lançou o Programa Territórios da Cidadania,
que tem como objetivo principal promover e acelerar a superação da pobreza,
das desigualdades sociais no meio rural por meio de ações integradas. Os
Territórios da Cidadania são oriundos dos Territórios Rurais, observando-se
alguns critérios como menores Índices de Desenvolvimento Humano territorial,
maior concentração dos beneficiários do Programa Bolsa Família, maior
concentração de agricultores familiares, assentamentos da reforma agrária e
baixo dinamismo econômico (MDS, 2008).
São Territórios Rurais (TRs) e simultaneamente Territórios da Cidadania
(TCs) dezenove dos vinte quatro municípios dos CONSAD. Observa-se uma
sobreposição de políticas cujas finalidades convergem. Os quadros 11.4, 11.5
e 11.6 destacam os municípios, os programas que incidem sobre os mesmos, e
a demanda social que existe nas localidades.
QUADRO 11.4: Programas governamentais de desenvolvimento que abrangem os municípios do território CONSAD Vale do Ivinhema.
Fonte: MDS, MDA e SIT/MDA.
Enquanto todos os municípios do território CONSAD Vale do Ivinhema
coincidem com o território da Cidadania Vale do Ivinhema, dois dos municípios
do território CONSAD Serra da Bodoquena não fazem parte do Território da
Cidadania “Da Reforma/MS”; Caracol e Porto Murtinho (quadro 11.4 e 11.5).
AgricultoresFamiliares(1)
FamíliasAssentadas(2)
Pescadores TerrasIndígenas
TerrasQuilombolas
Anaurilândia Vale do Ivinhema Vale do Ivinhema - MS
Vale do Ivinhema - MS 314 305 8 0 0
Bataguassu Vale do Ivinhema Vale do Ivinhema - MS
Vale do Ivinhema - MS 545 557 1 0 0
Bataiporã Vale do Ivinhema Vale do Ivinhema - MS
Vale do Ivinhema - MS 504 222 7 0 0
Nova Andradina Vale do Ivinhema Vale do Ivinhema - MS
Vale do Ivinhema - MS 1.908 1.823 15 0 0
Taquarussu Vale do Ivinhema Vale do Ivinhema - MS
Vale do Ivinhema - MS 155 113 1 0 0
Cidade Território Consad Território Rural (TR)
Território da Cidadania (TC)
Demanda Social
237
QUADRO 11.5: Programas governamentais de desenvolvimento que abrangem os municípios do território CONSAD Serra da Bodoquena.
Fonte: MDS, MDA e SIT/MDA.
Os municípios do território CONSAD Iguatemi coincidem com o território
da Cidadania “Cone Sul/MS”, com excessão de: Coronel Sapucaia, Paranhos e
Ponta Porã (quadro 11.6). QUADRO 11.6: Programas governamentais de desenvolvimento que abrangem os municípios do território CONSAD Iguatemi.
Fonte: MDS, MDA e SIT/MDA.
A pulverização de esforços, tanto deliberativos, administrativos e
financeiros, não leva a ganhos para os territórios, pelo contrário, leva a uma
complexidade não benéfica a ação. Evidência disto é a falta de conhecimento
AgricultoresFamiliares(1)
FamíliasAssentadas(2)
Pescadores TerrasIndígenas
TerrasQuilombolas
Bela Vista Serra da Bodoquena Da reforma - MS Da reforma - MS 562 461 3 1 0
Bodoquena Serra da Bodoquena Da reforma - MS Da reforma - MS 511 294 1 0 0
Bonito Serra da Bodoquena Da reforma - MS Da reforma - MS 432 184 151 0 0
Caracol Serra da Bodoquena - - - - - - -
Guia Lopes da Laguna
Serra da Bodoquena Da reforma - MS Da reforma - MS 410 215 4 0 0
Jardim Serra da Bodoquena Da reforma - MS Da reforma - MS 192 86 0 0 0
Nioaque Serra da Bodoquena Da reforma - MS Da reforma - MS 1489 1493 6 1 2
Porto Murtinho Serra da Bodoquena - - - - - - -
Território Consad Território Rural (TR)
Território da Cidadania (TC)
Demanda SocialCidade
AgricultoresFamiliares(1)
FamíliasAssentadas(2)
Pescadores TerrasIndígenas
TerrasQuilombolas
Coronel Sapucaia Iguatemi - - - - - - -
Eldorado Iguatemi Cone Sul - MS Cone Sul - MS 322 186 11 1 0
Iguatemi Iguatemi Cone Sul - MS Cone Sul - MS 567 423 0 1 0
Itaquiraí Iguatemi Cone Sul - MS Cone Sul - MS 1634 2540 4 0 0
Japorã Iguatemi Cone Sul - MS Cone Sul - MS 604 688 0 1 0
Mundo Novo Iguatemi Cone Sul - MS Cone Sul - MS 528 83 27 0 0
Naviraí Iguatemi Cone Sul - MS Cone Sul - MS 239 114 41 0 0
Paranhos Iguatemi - - - - - - -
Ponta Porã Iguatemi - - - - - - -
Sete Quedas Iguatemi Cone Sul - MS Cone Sul - MS 154 0 0 1 0
Tacuru Iguatemi Cone Sul - MS Cone Sul - MS 124 524 0 2 0
Cidade Território Consad Território Rural (TR)
Território da Cidadania (TC)
Demanda Social
238
dos entrevistados sobre o que é e como funcionam os CONSAD e CONSEAS.
Também houveram relatos críticos quanto a existência de um grande número
de Conselhos, que, segundo um entrevistado, se fosse participar de todas
reuniões não teria condições de exercer suas atividades de expediente. São
alguns exemplos de Conselhos: Conselho de Cultura, Conselho de Serviços
Social, Conselho de Alimentação Escolar, Conselho Municipal de
Desenvolvimento Rural, Conselho Municipal de Erradicação do Trabalho
Infantil, Conselho de Assistência Social, entre outros.
Apesar de sabido o avanço democrático de políticas estilo bottow-up, e a
oportunidade de aproximar o controle social e a participação da população no
desenvolvimento de políticas, esse modelo deve ser simplificado e melhor
divulgado para tornar-se eficiente.
Foi questionado participantes do poder público sobre projetos e
programas incidentes sobre os territórios que privilegiam a promoção do
desenvolvimento local e segurança alimentar. O quadro 11.7 resume os
programas citados como sendo os mais relevantes.
QUADRO 11.7: Os programas citados como sendo os mais relevantes dnas cidades pesquisadas e as suas respectivas esferas de articulação.
Governo Federal Governo Estadual Territorial e Local
→ Bolsa Família; → PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil; → PAIF/CRAS/CREAS → Merenda Escolar → Assentamentos da reforma agrária
→ Vale Renda → Vale Universidade → Vale Universidade Indígena
→ Pastoral da Criança → Hortas ou Lavouras Comunitárias → Restaurantes Comunitários → Mini Usinas de Leite → Apicultura regional → Projetos sócio-produtivos em Panificação e Malharias → Projeto PAIS (produção agroecológica integrada e sustentável)
Fonte: Elaborado pela pesquisa.
Observou-se, de forma geral, maior relevância e impacto nos territórios de
programas articulados pelo Governo Federal, dentre eles os citados durante as
entrevistas: Bolsa Família, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
239
(PETI), PAIF/CRAS/CREAS e Merenda escolar. Foi incluído o programa de
Reforma Agrária, que apesar de pouco citado como ação do Governo Federal,
possui relevância significativa dentro do contexto dos territórios.
O programa estadual mais citado foi o Vale Renda, programa não
inovador que segue os mesmos moldes da Bolsa Família. Quando
questionadas as secretarias municipais sobre a relevância do programa, era
explicado que a relação de beneficiados não era gerida pelos mesmos,
diferente do programa federal, explicando a menor publicidade em torno do
programa. Também foram encontradas referencias breves sobre os programas:
Vale Universidade e Vale Universidade Indígena (concorrente dos programas
federais de bolsas de estudos e financiamento pelo FIES). A Fundação do
Trabalho de Mato Grosso do Sul - Funtrab, que tem por objetivo integrar as
ações de atendimento aos trabalhadores e empregadores, favorecendo a
inclusão social através do trabalho, não foi nenhuma vez citada na pesquisa,
evidência da pouca relevância da Fundação nas cidades dos territórios
CONSAD.
Os programas municipais, como os estaduais, de forma geral, também
não apresentaram grandes aspectos inovadores, aparecendo como reedições
de outros programas com certas particulares. Podemos citar entre eles o Frente
Emergencial de Auxílio ao Desemprego, programa de transferência de renda
condicionada existente na cidade de Bonito. Também foram encontrados
inúmeros programas assistencialistas, como a distribuição de leite e cestas
básicas.
A pesquisa detectou também inúmeros projetos de capacitação
desenvolvidos no âmbito das municipalidades, porém, tal como o teoria de
análise de política pública, garbage can,as soluções parecem não ser
detidamente analisadas e essas dependeriam do leque de soluções que os
policy makers possuiriam no momento. Souza (2006) resume, as soluções
procuram os problemas. Prova disso são os cursos de capacitação e geração
de renda pautados predominantemente no artesanato, corte e costura,
cabeleireiro, secretariado entre outros.
Foram encontrados também projetos pseudo-territoriais. A pesquisa
chama de pseudo, pois na verdade são projetos replicados nas diversas
municipalidades componentes dos territórios, não tendo uma convergência real
240
para o desenvolvimento local, exemplo disso são as hortas comunitárias.
Dentre os programas mais promissores, estão os ligados a apicultura e as mini-
usinas de leite, apesar de ainda enfrentarem problemas que serão melhor
discutidas nesta seção.
QUADRO 11.8: Os programas mais relevantes detectados, descrição básica e resultados alcançados por território.
Programa Descrição Básica Resultados nos CONSAD
→ Bolsa Família
Programa de transferência direta de renda condicionada do Governo Federal. Faz parte do programa Fome Zero e tem objetivo assegurar o direito humano à alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional e contribuindo para a conquista da cidadania pela população mais vulnerável à fome. O principal critério para seleção das famílias é renda familiar e inscrição no Cadastro Único gerido pelos municípios.
Vale do Ivinhema - Atendeu 6.310 pessoas de janeiro a setembro de 2010. Considerando-se famílias, foram beneficiadas 22,16% do total de pessoas do território. Serra da Bodoquena - Atendeu 10.747 pessoas de janeiro a setembro de 2010. Considerando-se famílias, foram beneficiadas 27,51% do total de pessoas do território. Iguatemi - Atendeu 19.935 pessoas de janeiro a setembro de 2010. Considerando-se famílias, foram beneficiadas 26% do total de pessoas do território.
→ Assentamentos da reforma agrária
Política de reforma agrária e realização do ordenamento fundiário nacional, atendendo aos princípios de justiça social, desenvolvimento rural sustentável e aumento de produção.
Vale do Ivinhema - Atende 5 dos 5 municípios do território. Contempla 3.548 famílias e aproximadamente 12,46% da população total do território. Serra da Bodoquena - Atende 6 dos 8 municípios do território. Contempla 2.728 famílias e aproximadamente 6,98% da população total do território. Iguatemi - Atende 9 dos 11 municípios do território. Contempla 6.128 famílias e aproximadamente 7,99% da população do território.
→ Pastoral da Criança
A Pastoral da Criança é uma sociedade civil de direito privado, de natureza filantrópica, sem fins econômicos, com atuação em nível nacional. As ações da Pastoral da Criança são voltadas a promoção do desenvolvimento infantil e a melhoria da qualidade de vida através do trabalho voluntário. Atende 19 das 24 cidades que compõem os territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul.
Vale do Ivinhema - Atendeu no primeiro semestre de 2010 no território 1.636 crianças de 0 à 6 anos, com cuidados básicos, orientação e acompanhamento, além de outras ações voltadas as famílias. Serra da Bodoquena - Atendeu no primeiro semestre de 2010 no território 856 crianças de 0 à 6 anos, com cuidados básicos, orientação e acompanhamento, além de outras ações voltadas as famílias. Iguatemi - Atendeu no primeiro semestre de 2010 no território 2.215 crianças de 0 à 6 anos, com cuidados básicos, orientação e acompanhamento, além de outras ações voltadas as famílias.
→ Hortas ou Lavouras Comunitárias
Projeto inspirado nas hortas urbanas idealizadas nos textos fundamentais do Fome Zero. Tem como objetivo subsistência das famílias, educação alimentar e geração de renda a partir dos excedentes produzidos. O público alvo geralmente definido são pessoas
Vale do Ivinhema - Foi detectado em 3 das 5 cidades do território. Apresenta resultados diferenciados em cada uma das cidades. Serra da Bodoquena - Foi detectado em 4 das 8 cidades do território. Apresenta resultados diferenciados em cada uma das cidades.
241
participantes de programas sociais, tais como Bolsa Família e PETI.
Iguatemi - Foi detectada nas entrevista uma horta municipal em Sete Quedas. Também hortas comunitárias em Ponta Porã.
→ Apicultura regional
O objetivo do projeto é incentivar a expansão da apicultura, a preservação ambiental, garantir alternativa para diversificação da produção, oferecendo à população um produto de comprovada qualidade nutricional e promover a geração de renda às famílias vulnerabilizadas sócio-economicamente, dessa maneira combater a pobreza e reduzir os efeitos da desigualdade social.
Serra da Bodoquena - Detectado uma “Casa do Mel” em Jardim, segundo entrevistado verba do MDA. Iguatemi - Foi detectado durante as entrevistas referencias sobre o projeto de apicultura regional em 06 dos 11 municípios que compõem o território. O projeto contempla treinamento, doação de kits e equipamentos para beneficiamento.
→ Projetos sócio-produtivos em Panificação e Malharias
Organizar, implantar e definir estratégias de sustentabilidade a 8 (oito) empreendimentos sócio-produtivos, em oito municípios integrantes do CONSAD-Iguatemi, para geração de renda para as famílias em situação de vulnerabilidade social, preferencialmente àquelas que participem dos programas de transferência de renda dos governos federal e estadual. Houveram duas vertentes, as Padarias Comunitárias e as Malharias.
Iguatemi - Segundo projeto entregue, beneficia 8 cidades. Nas entrevistas os representantes do poder público o citaram apenas 6 cidades.
Fonte: Elaborado pela pesquisa.
Alguns aspectos merecem maior discussão além do exposto no quadro
11.8. O programa Bolsa Família é o mais abrangente e com maiores impactos,
tanto sobre a segurança alimentar quanto na dinamização das economias
locais, uma vez que os municípios são pequenos. É considerada uma ação
emergencial. Dois aspectos foram levantados entre os entrevistados sobre o
programa: I) Em cidades com fronteira seca, como é o caso de Ponta Porã, o
beneficio a economia da cidade é neutralizado uma vez que a maior parte dos
beneficiados utiliza o recurso no Paraguai. Foi sugerido algum mecanismo de
proteção, como um cartão de débito passível de utilização somente em cidades
brasileiras; II) Existe uma competição entre programas, tais como o PETI e
Bolsa Família, fazendo com que muitas famílias desistissem do primeiro para
ter acesso ao segundo.
A Pastoral da Criança é um projeto muito bem estruturado, com ações em
múltiplas dimensões, pois segundo a pastoral, a melhor forma de proteger a
criança é desenvolver a família. Atua com ações complementares tais como:
alfabetização de jovens e adultos, brinquedos e brincadeiras, controle social
das políticas públicas, alimentação e hortas caseiras, comunicação popular e
capacitação para o trabalho. Existe um elemento fortalecedor do capital social,
242
o aspecto religioso. O material didático do programa e a integração dos grupos
com uma estrutura de apoio nacional contribuem para o sucesso das ações.
As Hortas ou Lavouras Comunitárias são programas idealizados para
atender simultaneamente a questão alimentar e gerar renda. Tiveram
diferentes desempenhos nas diversas regiões beneficiadas. Entre as dinâmicas
comumente encontradas, algumas merecem ser destacadas: I) falta de perfil
dos contemplados pelos programas para o trabalho comunitário e a própria
atividade agrícola, cujos resultados não são imediatos, mas dependem de
ciclos biológicos; II) falta de lideranças, gerando dependência do protagonismo
de outrem (Prefeitura, Agraer, entre outros); III) ausência de assistência técnica
freqüente. Em diversas Hortas Comunitárias que a pesquisa tentou visitar as
atividades estavam paradas, alegando-se período de calor, e em uma horta
específica, na região fronteiriça, a horta foi dividida em lotes individuais e
quando visitada apenas paraguaios trabalhavam no local. Os projetos de hortas
comunitárias provavelmente serão substituídos pelo PAIS (Produção
Agroecológica Integrada e Sustentável), que atribui maior ênfase a tecnologia,
uma grande promessa citada em quase todos os municípios visitados.
As mini-usinas de leite, cuja infra-estrutura para pasteurização,
armazenamento resfriado e embalagem é disponibilizada para cooperativas,
representa uma das ações com potencial, apesar deste restrito aos assentados
e pequenos produtores, excluindo a demanda social urbana. Uma das mini-
usinas visitadas, no município de Nova Andradina, encontrava-se fechada em
virtude da falta de licenciamento da vigilância sanitária. A mesma constatação
foi feita na “Casa do mel”, em Ponta Porã. O simples fornecimento de
máquinas e equipamentos de forma alguma garante o sucesso do
empreendimento, esses deveriam se vincular de forma compulsória a um
processo de incubação e acompanhamento.
As malharias e panificadoras comunitárias, provenientes do projeto
CONSAD em Ação idealizado pela instituição do território de Iguatemi,
inicialmente visavam à criação de empreendimentos sócio-produtivos. Os
projetos contemplavam a aquisição de equipamentos, financiadas pelo MDS
através do CONSAD, e as contrapartidas municipais geralmente consistem em
prédios e suas respectivas manutenções. Em algumas cidades, o projeto não
estava funcionando, ou seja, os equipamentos foram utilizados somente para
243
qualificação, não dando andamento ao programa. Inúmeras dificuldades foram
relatadas, entre elas a falta de organização dos beneficiados para assumir o
protagonismo dos empreendimentos. O modelo deve ser repensado, a tutela,
ou incubação do negócio, conforme sugerido para as Mini-Usinas de Leite,
deverá ser acrescida por período suficiente para a internalização do
empreendimento pelos beneficiados.
Um dos programas mais citados como provedores de segurança
alimentar e desenvolvimento local foi o Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE). O programa, vinculado ao Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA), beneficia tanto as crianças da educação infantil, fundamental,
indígenas e quilombolas, quanto os agricultores familiares através da geração
de renda e acesso a um mercado protegido. Os recursos são oriundos do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em convênio com
municípios e estados, desde que esses cumpram alguns requisitos. Em alguns
municípios dos territórios pesquisados os representantes do poder público
citavam o programa, porém, não sabiam informar se o programa já funcionava
nas escolas municipais por falta de atendimento aos requisitos burocráticos.
Um relato dado a pesquisa foi digno de atenção. Um dos contatos
entrevistados declarou que a prefeitura não possuía interesse em projetos
oriundos dos Consórcios pelos motivos: a) burocracia excessiva e demora na
liberação dos recursos; b) necessidade de contrapartida municipal; c)
pequenos valores liberados e; d) fiscalização excessiva da destinação dos
recursos. A reclamação sobre burocracia e demora apareceram em várias
entrevistas, entretanto, a afirmação de optar por não obter recursos nestas
condições, apesar de isolada, demonstra que existe uma fragilidade no
sistema, seja na esfera municipal, por conta da falta de infra-estrutura, ou na
federal, por excessos burocráticos, mas que de alguma forma deve ser
investigada e repensada. Assistência técnica, extensão e pesquisa
A principal organização de assistência técnica e extensão rural que
atende as cidades que compõem os territórios CONSAD de Mato Grosso do
Sul é a AGRAER (Agência de Extensão Rural e Desenvolvimento Agrário),
criada pela Lei Estadual nº 3.345, de 22 de dezembro de 2006. Surgiu
244
resultante da transformação do Instituto de Desenvolvimento Agrário e
Extensão Rural de Mato Grosso do Sul [IDATERRA], criado pela Lei nº 2.152
de 26 de outubro de 2000.
QUADRO 11.9: Organizações de assistência técnica, extensão e pesquisa que atendem os municípios do território CONSAD Vale do Ivinhema.
Cidade Órgão Endereço Mais próximo
Anaurilândia AGRAER Rua Uruguaiana, 1.422 -
Bataguassu AGRAER Rua: Brasilândia, 49 -
Batayporã AGRAER Rua Jair Abranches Mella, 1.406 -
Nova Andradina AGRAER Rua: Melvin Jones, 1432 -
Taquarussu AGRAER Rua: Professora Anair Rodrigues Nogueira, s/nº 10
-
Fonte: Elaborado pela pesquisa.
A autarquia estadual é vinculada à Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do
Turismo [SEPROTUR]. Possui 23 escritórios nas 24 cidades pesquisadas. A
única cidade que não possui uma unidade é Jardim, porém esta é atendida
pela unidade de Guia Lopes da Laguna, distancia inferior a 7 quilômetros. Os
quadros 11.9, 11.10 e 11.11 trazem os endereços das unidades nas
respectivas cidades pesquisadas.
QUADRO 11.10: Organizações de assistência técnica, extensão e pesquisa que atendem os municípios do território CONSAD Serra da Bodoquena.
Cidade Órgão Endereço Mais próximo
Bela Vista AGRAER Rua Duque de Caxias, 1.799 - Centro -
Bodoquena AGRAER Rua Manoel de Pinho, 149 -
Bonito AGRAER Av Belinha, 428 - Vila Donária -
245
Caracol AGRAER Rua Libindo Ferreira Leite s/n -
Guia Lopes da Laguna AGRAER Av Gal. Câmara, 963, Vila Planalto -
Jardim AGRAER - Guia Lopes da Laguna - 6,3 km
Nioaque AGRAER Rua: 1º de março, 636 - Centro -
Porto Murtinho AGRAER Rua Dr. Correa 737- fundos - Centro -
Fonte: Elaborado pela pesquisa.
Apesar da abrangência de atuação da Agência, durante as visitas e
entrevistas percebeu-se que os recursos são racionados. Recursos humanos
especializados e veículos foram os mais citados. Também se observou que os
recursos que existem estão sendo utilizados prioritariamente para elaboração
de projetos para acessar os créditos provenientes do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
QUADRO 11.11: Organizações de assistência técnica, extensão e pesquisa que atendem os municípios do território CONSAD Iguatemi.
Cidade Órgão Endereço Mais próximo
Coronel Sapucaia AGRAER Rua Batista Terra, 18 -
Eldorado AGRAER Rua Spartac Astolfi, 1.123 -
Iguatemi AGRAER Av. Laudelino Peixoto, 2.192 -
Itaquiraí AGRAER Rua Nova Andradina nº 1150 -
Japorã AGRAER Rua Dourados, 339 -
Mundo Novo AGRAER Av. J.K, 341 -
Naviraí AGRAER Rua Timbiras, 65 -
Paranhos AGRAER Av. Marechal Dutra - 1.854 -
Ponta Porã AGRAER Rua Tiradentes 798 - Centro -
Sete Quedas AGRAER Rua Rui Barbosa, 660 -
Tacuru AGRAER Rua Izidora Vilhalva, 529 -
Fonte: Elaborado pela pesquisa.
246
Quanto a instituições de pesquisa, o estado de MS conta com três
unidades da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), são
elas: Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS); Embrapa Gado e Corte
(Campo Grande/MS) e Embrapa Pantanal (Corumbá/MS). Não foram
detectados nas entrevistas uma articulação ativa dos Municípios e das regiões
com a Embrapa, porém, a existência das unidades temáticas demonstra que as
potencialidades naturais do estado estão sendo alvo de pesquisa e
desenvolvimento de tecnologias.
Também observou-se, entre os assentados da Federação dos
Trabalhadores na Agricultura do Estado do MS [FETAGRI MS] a existência de
uma organização de assistência técnica privada, a CRESCER (Criança,
Esporte, Cultura, Educação e Recreação). A pesquisa visitou um dos
escritórios da organização em Ponta Porã, dentro do assentamento Itamarati II.
Em municípios mais estruturados, em que as secretarias da agricultura ou
desenvolvimento econômico contavam com equipe técnica, também foi
relatado serviços de apoio técnico aos produtores locais.
Conclui-se que a assistência técnica produtiva existe apesar das
dificuldades de acessa-la e limitações dos recursos destas. Programas de
aproximação dos produtores e dos extensionistas deveriam ser estimulados,
estabelecendo-se um calendário de visitas periódicas a produtores e
assentamentos independente da solicitação por parte dos mesmos,
fortalecendo assim a percepção de “presença” e “disponibilidade” de tal
serviço.
247
12. CARACTERIZAÇÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL: AMBIENTE DAS ORGANIZAÇÕES Base teórica: ambiente das organizações
O debate sobre a competência das organizações e o papel das
instituições no desenvolvimento de projetos que garantam a sustentabilidade
dos territórios rurais é bastante pertinente. As organizações de apoio, públicas
ou privadas, são constantemente colocadas como elementos primordiais ao
desenvolvimento, seja através da indução, fomento, coordenação ou
implantação de ações específicas.
O processo de desenvolvimento sustentável deve ser visto como um
esforço essencialmente cultural e, como tal, é fundamental considerar as
especificidades territoriais neste processo. Soluções efetivas devem ser
obtidas a partir de diálogo e negociação entre os diversos atores, respeitando-
se a autonomia das dinâmicas locais em curso. A adoção de ações autoritárias
e paternalistas são normalmente fadadas ao insucesso pelo não
comprometimento dos atores envolvidos. Essa situação é, muitas vezes,
decorrente da falta de identidade dos atores com as soluções propostas, as
quais não demonstram coesão com os seus valores, hábitos e convenções.
Dentro de um novo contexto de desenvolvimento cabe discutir quais os
problemas enfrentados pelas organizações de apoio nesse processo e qual o
papel destas em função das novas exigências dos ambientes rurais,
especialmente aqueles voltados à produção familiar com todas as suas
especificidades culturais, sociais e econômicas.
É preciso observar o papel dos ambientes organizacional e institucional
na complexa estrutura de relações econômicas, sociais e políticas
estabelecidas entre os diversos agentes territoriais. De fato, as organizações
devem surgir, serem alteradas ou se transformarem de acordo com as
necessidades de seus agentes ao longo do tempo.
Segundo Saes (2000) as organizações são grupos de indivíduos que
têm interesses comuns, julgam que as ações individuais desorganizadas são
menos eficientes que a ação coletiva destinada a contemplar seus interesses e
atuam, sob certas circunstâncias, de maneira coordenada.
248
A razão de ser das organizações pode ser descrita como a maximização
de determinadas funções, objetivo dentre o conjunto de oportunidades
permitidas pela estrutura institucional da sociedade. Dentre as organizações
econômicas encontra-se num extremo a firma, cujo poder de fiat (em latim,
faça-se) é exercido, e por isso um caso especial de organização. No outro
extremo, tem-se as agências governamentais que detêm o poder coercitivo.
Caminhando de um extremo para outro aparecem as associações de interesse
privado, cuja principal característica é voluntarismo. Os associados unem-se
em busca de um interesse comum, objetivando ao mesmo tempo atender aos
seus interesses particulares (auto-interesse) (SAES, 2000).
Ainda segundo Saes (2000), são diversos os motivos que justificam a
existência das organizações: a) contribuir para a provisão de bens públicos
(não- exclusivos e não-rivais) ou coletivos (somente os membros é que têm
acesso); b) fazer valer as regras do jogo, formais ou informais; c) modificar a
alocação de recursos por intermédio de mecanismo de mercado; d) surgir a
partir de economias de escala (ex. cooperativas); e) solucionar conflitos (ex.
arbitragem).
Exemplos destas organizações são: associações, cooperativas, fóruns,
parcerias entre agentes produtores (ex. produtores e fornecedores de insumos,
produtores e indústria), os órgãos federal, estadual e municipal, além de
núcleos de pesquisa voltados à ciência, à tecnologia e à capacitação de
recursos humanos, entre outros. Cada qual com seu determinado estágio de
desenvolvimento.
Para North (1994), as organizações políticas e econômicas de uma nação
e seus empresários tomam decisões que determinam o desempenho
econômico, sendo limitadas pelo arcabouço institucional vigente e pelos
construtos mentais que orientam a forma pela qual processam as informações
que recebem.
Segundo North (1993), se as instituições são as regras do jogo, as
organizações são os jogadores. Assim, a trajetória das mudanças depende,
portanto, do interesse das organizações, dos agentes envolvidos. Essa
trajetória pode enfraquecer organizações antigas e possibilitar o surgimento de
novas com interesses distintos (NORTH, 1994).
249
Isto implica na existência de instituições que possibilitem a ampliação de
oportunidades que promovam as organizações necessárias, com ampla
capacidade de adaptação. A mudança nas instituições depende das mudanças
nas suas organizações ou na criação de novas organizações que atendam aos
interesses dos agentes.
As transformações iniciadas na década de 1980 do século passado, que
resultaram em uma abertura comercial e progressivo desmantelamento do
aparelho estatal de políticas públicas, são consideradas por Farina e
Zylbersztajn (1994) como um momento de ruptura e surgimento de novas
estruturas institucionais, conseqüentemente resultando na mudança ou
surgimento de novas organizações, onde as responsabilidades do Estado
foram sendo transferidas para o setor privado ou para determinadas
associações. Eles afirmam que as associações privadas podem assumir
determinadas funções de provedoras de bens e serviços que desfrutam de
características de bens públicos (coletivos) e agir como coordenadores do
mercado. Por outro lado, existem custos associados às formas de organização
que podem tornar os processos de tomada de decisão morosos e custosos,
nem sempre mais eficientes do que a própria burocracia estatal (FARINA;
ZYLBERSZTAJN, 1994).
Continua com o Estado a importante função de coordenador de disputas,
organizador da atividade produtiva, estruturador e regulador de instituições,
organizador do aparato institucional legal e elemento regulador dos agentes.
Zylbersztajn (2003) escreve que, para cumprir tal papel, o Estado deve estar
aparelhado devidamente, o que nem sempre ocorre.
Estudos diagnósticos (MATOS; TSUJI, 2002) apontam para alguns
fatores críticos que permeiam as organizações públicas voltadas ao setor
agropecuário e rural, e que acabam por resultar em ações equivocadas de
fortalecimento da agricultura familiar. Dentre esses destacam-se: a) A baixa
adaptabilidade das organizações: as organizações executoras de políticas
públicas, incluindo aquelas voltadas à extensão rural, apresentam baixa
agilidade em ajustar-se às mudanças no ambiente e nos instrumentos de
desenvolvimento rural, tornando-se defasadas para a implementação de novas
orientações políticas, econômicas e sociais. Este fato tende a gerar
inconsistências entre os objetivos institucionais e os recursos operacionais
250
disponíveis à execução dessas políticas; b) A alta variedade organizacional: a
existência de várias entidades e programas que atendem ao setor rural acaba
por confundir os usuários. O excesso de opções dificulta o estabelecimento de
relações freqüentes entre os atores, não contribuindo para o desenvolvimento
de sentimentos de confiança mútua. A incerteza é um elemento que dificulta as
transações ao aumentar a percepção de risco. Esse aspecto torna-se mais
crítico quando os atores envolvidos possuem dificuldade de acesso ao
conhecimento formal. Este aspecto, entendido como dispersão institucional,
também acarreta na perda de representatividade, ou liderança, das entidades
públicas do setor rural, abrindo espaços para a atuação de organizações locais
e especialmente comprometidas com as demandas das comunidades rurais; c)
Redundância de ações e dispersão de recursos: cada organização trabalha
com sistemas próprios de identificação de usuários, prioridade de populações,
objetivo e enfoque das ações. Esta co-existência de sistemas diversos, e até
mesmo redundantes em alguns casos, apresenta-se ineficiente na utilização
dos recursos públicos e pouco confiável perante seus usuários, os quais se
sentem confusos diante de tantas ações isoladas e sem sinergias; d)
Deficiência na gestão de conhecimento já adquirido: os sistemas de
planejamento, acompanhamento e avaliação de programas públicos
apresentam-se pouco eficientes na utilização de conhecimentos adquiridos em
experiências anteriores. Isto deve-se, em parte, ao fato de que as organizações
públicas são normalmente afetadas por gestões voluntariosas e direcionadas à
resultados no curto prazo, o que colabora com a falta de continuidade das
ações públicas e, conseqüentemente, com o desgaste das relações
profissionais e da imagem pública perante seus usuários.
De fato, muitas organizações extensionistas rurais encontram-se
deficitárias em recursos físicos e humanos necessários e suficientes ao
atendimento efetivo das demandas dos empreendimentos rurais da agricultura
familiar. As deficiências não são apenas de caráter quantitativo, mas também
qualitativos no sentido de falta de competências específicas em determinadas
áreas ainda tidas como secundárias ao desenvolvimento da agricultura familiar.
Enquadram-se nesse contexto, as áreas da sociologia, antropologia, educação
e, até mesmo, gestão.
251
Plano da pesquisa A pesquisa referente ao diagnóstico do ambiente das organizações, com
foco na segurança alimentar e nutricional, classifica-se como qualitativa. É uma
pesquisa exploratória, baseada na coleta de dados primários e secundários. Os
dados primários foram obtidos por meio de entrevistas calcadas na aplicação
de questionário estruturado (Ambiente das Organizações) com base em
variáveis de interesse. As pessoas entrevistadas foram as que poderiam
melhor responder as questões em nome da organização ou, em alguns casos,
aquelas que estivessem disponíveis no momento da visita.
As dimensões/variáveis investigadas, bem como as origens de captação
de dados empíricos estão relacionadas no quadro 12.1.
QUADRO 12.1: Dimensões, variáveis e fontes de dados empíricos.
Dimensões Variáveis Questões do questionário
Características gerais segundo as unidades locais
Abrangência da atuação; objetivos; áreas de atuação; público-alvo; recursos operacionais
1 a 7
Identificação de governanças locais
Presença de agente coordenador local 8
Relacionamento inteorganizacional
Relações com outras organizações 13
Conhecimento sobre DL e SAN
Conhecimento sobre SAN Conhecimento sobre DL Ações desenvolvidas
9 a 12
Conhecimento sobre CONSAD
Conhecimento do CONSAD Participação no CONSAD 14 a 16
Envolvimento da sociedade Participação em organizações Interesse em participar Percepção de benefícios
SAN - 161 a 176
Fonte: Elaborado pela pesquisa
O universo dessa seção da pesquisa é representado por todas as
organizações atuantes nos três territórios CONSAD de MS. A amostragem foi
intencional, por conveniência, consistindo nas organizações presentes nos
municípios que integram os territórios, cuja pesquisa previu como
representantes de alguma articulação regional ou possível correlação com as
temáticas segurança alimentar e nutricional e desenvolvimentos local.
252
Os resultados fundamentam-se em 133 entrevistas, assim distribuídas:
Território CONSAD - Iguatemi: 64 organizações; Vale do Ivinhema: 22
organizações; Serra da Bodoquena: 47 organizações.
A seguir serão apresentados os principais aspectos identificados como
relevantes à pesquisa, obtidos a partir de entrevistas realizadas junto aos
representantes de organizações presentes no território. Cabe salientar que os
resultados foram baseados em opiniões das pessoas entrevistadas, as quais
por fazerem parte das organizações em questão, foram consideradas aptas a
participar. Na análise não foi possível avaliar o grau de representatividade do
entrevistado na organização.
Resultados: ambiente das organizações Território CONSAD Iguatemi
Verificou-se que as principais organizações atuantes no território,
associadas à extensão rural, vigilância sanitária, crédito e capacitação,
demonstraram saber da existência dos CONSAD, porém sem um
conhecimento efetivo de sua atuação. Apenas os representantes municipais da
organização estadual de extensão rural disseram conhecer ações do CONSAD,
sendo que dois destes afirmaram ter uma participação efetiva. As
organizações de caráter coletivo, notadamente, as representações de classe e
as associações de produtores, em geral, afirmaram conhecer o CONSAD,
porém algumas apresentaram total desconhecimento.
Algumas organizações entrevistadas mais diretamente ligadas a
sociedade civil não demonstraram conhecimento sobre CONSAD, mesmo
atuando especialmente no combate às deficiências sociais, como a dificuldade
de acesso a alimentos ou à educação.
De fato, percebe-se que o CONSAD ainda não é efetivamente uma
organização bem conhecida pelas organizações locais, ainda não se
apresentando como uma iniciativa institucionalizada no meio local.
Quanto a temática SAN, verificou-se que poucas organizações possuem
clareza sobre o assunto. Algumas ações já em andamento, cujos propósitos
são coerentes com a SAN, são normalmente identificadas apenas como ações
de desenvolvimento local. Em síntese, os conceitos ainda apresentam-se
confusos e até totalmente desconhecidos por grande parte das organizações.
253
Quanto ao reconhecimento, por parte do ambiente organizacional, de
algum agente coordenador de ações locais de desenvolvimento local no âmbito
do território, verificou-se que não existe um consenso quanto a isso. Mesmo no
âmbito municipal não foi possível identificar a presença de uma organização
reconhecida pela maioria dos agentes locais.
Com relação a participação da sociedade civil em organizações
coletivas, verificou-se que, em geral, esta é muito baixa, existindo inclusive
desinteresse em participar. Este fato pode estar associado a baixa percepção
dos benefícios que podem ser obtidos ao participar de iniciativas coletivas.
Organizações de caráter educacional e religioso foram citadas com um pouco
mais de freqüência como sendo freqüentadas pela sociedade.
Território CONSAD Vale do Ivinhema Verificou-se que as organizações associadas à extensão rural e ao
crédito, demonstraram saber da existência do CONSAD, inclusive conhecendo
e participando de ações. No entanto, os representantes locais da organização
estadual responsável pela vigilância sanitária não demonstraram possuir um
conhecimento efetivo sobre o CONSAD. As organizações de caráter coletivo,
notadamente, as representações de classe e as associações de produtores,
em geral, afirmaram conhecer o CONSAD, apenas uma delas afirmou
participar de ações.
De fato, percebe-se que o CONSAD é razoavelmente conhecido pelas
principais organizações presentes no território, notadamente aquelas
diretamente ligadas às questões rurais. No entanto, organizações ligadas às
outras atividades locais, de caráter mais urbano, ainda não possuem um
conhecimento satisfatório sobre o CONSAD.
Quanto a temática SAN, verificou-se que poucas organizações possuem
clareza sobre o assunto. Algumas ações já em andamento, cujos propósitos
são coerentes com a SAN, são normalmente identificadas apenas como ações
de desenvolvimento local. Em síntese, os conceitos ainda apresentam-se
confusos.
Quanto ao reconhecimento, por parte do ambiente organizacional, de
algum agente coordenador de ações locais de desenvolvimento local no âmbito
do território, verificou-se que não existe um consenso quanto a isso. Mesmo no
254
âmbito municipal não foi possível identificar a presença de uma organização
reconhecida pela maioria dos agentes locais.
Com relação a participação da sociedade civil em organizações
coletivas, verificou-se que, em geral, esta é muito baixa, existindo inclusive
desinteresse em participar. Este fato pode estar associado a baixa percepção
dos benefícios que podem ser obtidos ao participar de iniciativas coletivas.
Organizações de caráter educacional e religioso foram citadas com um pouco
mais de freqüência como sendo freqüentadas pela sociedade.
Território CONSAD Serra da Bodoquena Verificou-se que as organizações atuantes no território associadas à
extensão rural e ao crédito, demonstraram saber da existência do CONSAD,
inclusive conhecendo e participando de ações. No entanto, os representantes
locais da organização estadual responsável pela vigilância sanitária não
demonstraram possuir um conhecimento efetivo sobre o CONSAD. As
organizações de caráter coletivo, notadamente, as representações de classe e
as associações de produtores, em geral, demonstraram baixo conhecimento
sobre o CONSAD.
Outras organizações voltadas às questões sociais e culturais, não
demonstraram conhecimento sobre CONSAD. Neste território identificou-se
uma organização, em particular, que atua especificamente na aquisição e
agregação de valor aos produtos da agricultura familiar, participando do
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Quanto a temática SAN, verificou-se que poucas organizações possuem
clareza sobre o assunto. Algumas ações já em andamento, cujos propósitos
são coerentes com a SAN, são normalmente identificadas apenas como ações
de desenvolvimento local. Em síntese, os conceitos ainda apresentam-se
confusos.
Quanto ao reconhecimento, por parte do ambiente organizacional, de
algum agente coordenador de ações locais de desenvolvimento local no âmbito
do território, verificou-se que não existe um consenso quanto a isso. Mesmo no
âmbito municipal não foi possível identificar a presença de uma organização
reconhecida pela maioria dos agentes locais.
255
Com relação a participação da sociedade civil em organizações
coletivas, verificou-se que, em geral, esta é muito baixa, existindo inclusive
desinteresse em participar. Este fato pode estar associado a baixa percepção
dos benefícios que podem ser obtidos ao participar de iniciativas coletivas.
Organizações de caráter educacional e religioso foram citadas com um pouco
mais de freqüência como sendo freqüentadas pela sociedade.
256
13. POTENCIALIDADES E DIFICULDADES
A pesquisa desenvolvida teve como diretriz possuir um caráter
estratégico e aplicado, não se restringindo a deliberação acadêmica, para
tanto, optou-se por incluir no trabalho um capítulo inspirado na já consagrada
Análise SWOT- Strenghts, Weaknesses, Opportunities, Threats, ou,
devidamente traduzido - Pontos fortes, Pontos fracos, Oportunidades e
Ameaças.
Visando homogeneizar conceitualmente as expressões, o entendimento
da pesquisa está sintetizado no quadro 13.1.
QUADRO 13.1: Conceitos de Pontos Fortes e Fracos, Oportunidades e Ameaças.
Pontos Fortes Vantagens internas dos territórios CONSAD em relação ao Estado e território Nacional.
Pontos Fracos Desvantagens internas dos territórios CONSAD em relação ao Estado e território Nacional
Oportunidades Caráter mais relacionado ao potencial. Aspectos positivos que podem aumentar a vantagem competitiva dos territórios.
Ameaças Caráter mais relacionado ao potencial. Aspectos negativos que podem comprometer a vantagem competitiva dos territórios.
Fonte: Elaborado pela pesquisa
Todas as áreas temáticas do diagnóstico tiveram, através de discussões
mediadas nas Oficinas de Trabalho Internas e Externas, os Pontos Fortes e
Fracos, Ameaças e Oportunidades levantadas. Este capítulo é breve, sendo as
discussões destinadas ao segundo documento que compõem essa pesquisa, o
Plano de Desenvolvimento Territorial.
257
Pesquisa e Procedimentos metodológicos
PONTOS FORTES OPORTUNIDADES Comuns aos territórios → Diversidade de instrumentos de coleta de dados e consolidação de um amplo banco de dados. → A amostragem probabilística do questionário SAN permitiu inferir o resultado com 95% de confiança e margem de erro de 5% a realidade do território. → Mobilização de duas instituições de ensino (UFMS e UCDB), bem como apoio das municipalidades.
Comuns aos territórios → Amplo Banco de Dados possibilitando produção acadêmica diversificada sobre variados assuntos, possibilitando aumento das informações existentes sobre os territórios. → Dados gerados apoiando pesquisas futuras em áreas correlatas.
PONTOS FRACOS AMEAÇAS Comuns aos territórios → Territórios com grandes dimensões - 24 municípios, que abrangem um universo de 450.496 habitantes (IBGE, 2010), em 74.198 km2. → Diversidade política / cada municipalidade apresenta uma estrutura hierárquica diversa, dificultando a solicitação de informações e apoio. → Bancos de dados tanto do CadÚnico quanto dos registros imobiliários desatualizados, gerando esforço extra. → Falta de identificação das ruas e bairros, dificuldade de locomoção com as equipes da pesquisa. → Horários de trabalho reduzido na maioria das Prefeituras Municipais.
Comuns aos territórios → Não foram identificadas ameaças.
Histórico-cultural
PONTOS FORTES OPORTUNIDADES Comuns aos territórios → Existência de festas e culturas locais. → Rica cultura local com grande aproximação do Paraguai e Bolívia, incluindo gastronomia. → Potencialidade para turismo histórico com base na Guerra do Paraguai e Ciclo da Erva-Mate. Território CONSAD Iguatemi → Potencialidade para turismo de compras, incluindo área de livre comércio (Ponta Porã).
Comuns aos territórios → Potencialidades para o turismo (negócios, lazer, cultural e ecológico), elaborando-se rotas turísticas e fortalecendo serviços de apoio: alimentação e hospedagem. → Copa do mundo e olimpíadas, oportunizando a divulgação das potencialidades turísticas dos territórios para além do mercado turístico brasileiro.
258
Território CONSAD Serra da Bodoquena → Bioma Pantanal e potencialidade para turismo ecológico principalmente nos municípios de Bonito, Bodoquena e Jardim.
PONTOS FRACOS AMEAÇAS Comuns aos territórios → Grandes distâncias territoriais, dificultando a composição de rotas turísticas comuns. → Falta de infra-estrutura e planejamento territorial. → Imagem negativa resultante do narcotráfico, contrabando e outros crimes na região de fronteira.
Comuns aos territórios → Municípios dentro dos territórios com menor potencial turísticos. → Conflitos de terras, incluindo indígenas e brasiguaios. → Aumento de atividades econômicas não coerentes com o turismo, tais como cana-de-açucar e usinas, bem como bovinocultura de corte e frigoríficos.
Espacial
PONTOS FORTES OPORTUNIDADES Comuns aos territórios → Grande área disponível para ocupação em atividades diversas. → Presença do Bioma Pantanal. → Conhecimento acumulado nos diversos projetos de assentamentos da reforma agrária. Território CONSAD Vale do Ivinhema → Proximidade com mercados já consolidados: Paraná e São Paulo.
Comuns aos territórios → Programas governamentais que reconhecem peculiaridades da região, tais como: reforma agrária, CONSAD, Territórios da Cidadania.
PONTOS FRACOS AMEAÇAS Comuns aos territórios → Estrutura fundiária concentrada baseada em atividades de pouca produtividade, tais como bovinocultura de corte extensiva. Pouco aproveitamento com lavouras, e nestas, pouca diversificação (pautada na soja e milho). → Infra-estrutura para atender a vocação econômica do território, agronegócio, é deficiente: estradas, armazenamento, entre outras. → Elevado número de pessoas em demanda social: indígenas, assentados, pescadores, indigentes e pobres.
Comuns aos territórios → Implantação de atividades incompatíveis com o Bioma Pantanal. → Aumento da preocupação com a sustentabilidade ambiental em detrimento da sustentabilidade social e econômica.
259
Educação
PONTOS FORTES OPORTUNIDADES Comuns aos territórios → Maior parte dos entrevistados declarou baixo tempo de deslocamento da sua residência até a escola. → Relativo acompanhamento parental na educação dos seus filhos.
Comuns aos territórios → Ampliação dos mecanismos básicos de alfabetização nos territórios, dentre os quais pode-se citar: o fomento à Educação de Jovens e Adultos (EJA); além da aproximação da relação escola/aluno, aproveitando as sinergias resultantes da participação dos pais na vida escolar dos filhos. → Fomento ao ensino técnico nos territórios face à alegação de impossibilidades/desinteresse de se dirigir ao ensino superior.
PONTOS FRACOS AMEAÇAS Comuns aos territórios → Grande número de municípios com taxas de alfabetização inferiores a média nacional. → Grande número de municípios com índice IDEB inferiores a média nacional. → Baixo nível de escolarização dos membros dos núcleos familiares entrevistados. → Baixo interesse dos entrevistados em ingressar no ensino superior (acima de 57%).
Comuns aos territórios → Não foram identificadas ameaças.
Saúde
PONTOS FORTES OPORTUNIDADES Comuns aos territórios → Maior parte dos entrevistados declarou baixo tempo de deslocamento da sua residência até o posto de saúde. → Maior parte dos entrevistados declarou receber algum tipo de atendimento de saúde nos domicílios (agentes de saúde ou PSF). → Maioria dos entrevistados alegaram possuir informações sobre como prevenir doenças, além de saber sobre como se alimentar corretamente.
Comuns aos territórios → Melhoria na qualidade de serviços do SUS avaliados negativamente pelos entrevistados, principalmente na disponibilidade de especialidades médicas nos estabelecimentos de saúde e tempo de espera por atendimento.
PONTOS FRACOS AMEAÇAS Comuns aos territórios → Constatação de “crendices” e “informalidades” no tratamento de doenças. → Considerável número de indivíduos que utilizam-se de plantas medicinais no tratamento de enfermidades.
Comuns aos territórios → Proximidade com outros países em situação precária (Paraguai e Bolívia) em relação à saúde muitas vezes faz com que os cidadãos estrangeiros venham utilizar-se do SUS brasileiro.
260
→ Considerável número de indivíduos que utilizam-se de água não tratada. → Alto nível de percepções negativa quanto ao Sistema Único de Saúde e elevado tempo de atendimento. Território CONSAD Iguatemi → Cidades do território não dispõem de leitos hospitalares (Japorã). Território CONSAD Serra da Bodoquena → Baixo quantitativo de leitos hospitalares por habitante.
Segurança Alimentar e Nutricional
PONTOS FORTES OPORTUNIDADES Comuns aos territórios → Produção e autoconsumo: a posse de hortas e/ou criação de animais, presente em 15,9% das famílias entrevistadas, aumenta a probabilidade da família apresentar segurança alimentar.
Comuns aos territórios → Criação de hortas urbanas e agricultura de subsistência para famílias de baixa renda; → Ampliação do programa de Produção Agroecológica Integrada e Sustentada (PAIS); → Investimento em educação formal;
PONTOS FRACOS AMEAÇAS Comuns aos territórios → O alto índice de insegurança alimentar na população assistida pelo programa bolsa família nos territórios CONSAD mostra que o programa de auxílio financeiro do governo federal, embora tenha ajudado a aumentar o acesso a alimentos, não é suficiente para garantir a segurança alimentar dessas famílias. → A baixa escolaridade da população residente nos territórios CONSAD, menor que a média nacional, aumenta a probabilidade desta população apresentar insegurança alimentar, pois a escolaridade está diretamente associada à segurança alimentar. → 25% da população realizam menos de três refeições diárias, ou seja, não fazem o mínimo de refeições recomendado pelo Ministério da Saúde. A situação se agrava de acordo com o estágio de insegurança alimentar.
Comuns aos territórios → A insegurança alimentar tem afetado o índice nutricional das famílias, fazendo com que famílias com insegurança alimentar tendam a ter maiores índices de obesidade e desnutrição, muitas vezes os dois coincidindo na mesma família. Tal convergência de situações nutricionais opostas dentro de um mesmo agregado familiar pode dificultar o desenvolvimento de políticas públicas, exigindo também análise de como se dá a distribuição de alimentos no nível intra-família; → A concentração dos índices nutricionais das famílias com insegurança alimentar nos extremos (desnutrição/obesidade) faz com que essas famílias tenham maior probabilidade de apresentarem problemas de saúde decorrentes da má-nutrição, acarretando em maiores gastos com saúde pública.
261
Econômico
PONTOS FORTES OPORTUNIDADES Território CONSAD Iguatemi → Grande pólo de produção de mandioca industrial em nível nacional, com unidades de processamento na maioria dos municípios da região, que beneficiam a agricultura familiar. → Grande diversidade de culturas na região, com destaque para frutas e hortaliças (melancia, melão, abacaxi, tomate). O aumento da área reservada a essas culturas poderia ser uma oportunidade para os pequenos produtores da região, na condição de melhorar a organização dos produtores. → Muitas empresas agroalimentares, em setores variados, tais como fecularias, usinas de açúcar e etanol, frigoríficos para bovinos e peixes, laticínios. Território CONSAD Vale do Ivinhema → Grande polo de produção de mandioca industrial em nível nacional, com unidades de processamento na maioria dos municípios da região, que beneficiam a agricultura familiar. → Maior participação do setor industrial entre os territórios, o que significa a presença de maiores oportunidades para os habitantes, com repercussões sobre as oportunidades de comercialização no setor agropecuário. → Grande proporção de jovens entre 26 e 35 anos, o que representa uma força de trabalho com faixa etária ideal. Território CONSAD Serra da Bodoquena → Poucas áreas de cana de açúcar, com a ausência de usinas na região. O município de Porto Murtinho já estabeleceu uma campanha de plantio de cana para alimentação animal. → Produção significativa de arroz, que poderia beneficiar-se da presença abundante de água em alguns municípios da região.
Comuns aos territórios → Produção de ovinos limitada, mas com real potencial na região, por já existir produtores e a região ser localizada perto de grandes centros de consumo, com falta de produto. → Criação de Frigorificos para abate de suínos e aves em nicho (caipiras), fortalecendo a agricultura familiar. Território CONSAD Serra da Bodoquena → Presença de grande quantidade de pomelos na região de Porto Murtinho, o que poderia representar um mercado essencialmente para produção de suco. → Grande potencial de produção de mel, com possibilidade de se beneficiar da imagem ligada ao Pantanal e a natureza.
PONTOS FRACOS AMEAÇAS Comuns aos territórios → Necessidade de buscar clientes em distâncias maiores, o que pode prejudicar a produção de produtos perecíveis, como frutas e hortaliças. → Precariedade das atividades, com salários baixos.
Comuns aos territórios → Dependência de poucas atividades produtivas: bovinocultura de corte, cana-de-açúcar, leite. Uma praga ou doença que afete tais atividades gera impactos tremendos na região.
262
→ Falta de frigoríficos para expansão das produções de suínos e frangos, atividades que podem permitir a geração de renda na agricultura familiar. → Baixa produtividade da pecuária leiteira, principal atividade da agricultura familiar. Território CONSAD Iguatemi → Crescimento da cana de açúcar, principalmente nos municípios de Naviraí, Itaquirai e Iguatemi, com possíveis consequências sobre a agricultura familiar, principalmente através a produção de mandioca. → Pequena proporção de jovens entre 19 e 35 anos, o que reduz a força de trabalho. Território CONSAD Vale do Ivinhema → Crescimento da cana de açúcar nos municípios produtores de mandioca, com possíveis consequências sobre esse setor e, por consequência, sobre a agricultura familiar. → Pouca variedade de culturas, ao contrário do Iguatemi, o que reduz as alternativas para os produtores. Território CONSAD Serra da Bodoquena → Não possui fecularias, o que impede a produção de mandioca industrial, uma das principais fontes de renda da agricultura familiar nos outros CONSAD. → A mandioca presente na região é para mesa, destinada principalmente ao consumo próprio. Nesse caso, a ausência de mercados limite a extensão dessa cultura. → Pouca variedade de culturas, o que reduz as alternativas para os produtores. → Atividade industrial reduzida o que pode constituir um freio muito grande no desenvolvimento dos municípios da região, principalmente na atividade agropecuária, com ausência de opções de produção em função da falta de possibilidade de industrialização. → Grande dependência do setor público na geração de empregos. → Maior percentagem de habitantes com mais de 55 anos e menor taxa de jovens entre 26 e 55 anos.
263
Ambiental
PONTOS FORTES OPORTUNIDADES Comuns aos territórios → Gestores públicos preocupados com a gestão de resíduos (projetos de criação de aterros sanitários e leis ambientais municipais mais rígidas). Território CONSAD Vale do Ivinhema → Potencialidade para exploração de silvicultura e agroenergia. → Recursos hídricos abundantes para aproveitamento econômico (piscicultura e irrigação). Território CONSAD Serra da Bodoquena → Terras férteis e com capacidade para suportar maiores investimentos, tanto da agricultura quanto na pecuária (principalmente Bonito e Bodoquena). → Flora nativa com grande potencial econômico. Território CONSAD Iguatemi → Terras férteis e com capacidade para suportar agricultura mecanizada de alta tecnologia e produtividade.
Comuns aos territórios → Possibilidades de aproveitamento de materiais orgânicos provenientes do lixo (via coleta seletiva). → Aumento da pressão externa maior com relação a proteção ambiental. → Projetos de recuperação de microbacias (Ivinhema e Iguatemi). Território CONSAD Vale do Ivinhema → Melhoria da infra-estrutura urbana poderia induzir empreendimentos de maior porte. → Possibilidade de parcerias com empresas de grande porte (energia) para o desenvolvimento de ações de proteção ambiental. Território CONSAD Serra da Bodoquena → Incentivo à implantação ou fortalecimento de atividades produtivas alternativas, de âmbito local ou regional, tais como criação de pequenos animais,, fruticultura, pecuária leiteira, horticultura orgânica, floricultura, apicultura, artesanato e similares para geração de renda de pequenos e médios produtores. → Aproveitamento da flora nativa com valor econômico (extrativismo sustentável). Território CONSAD Iguatemi → Aptidão das terras para silvicultura bem como, a implantação de uma agricultura produtora de biocombustíveis. → Incentivo à implantação ou fortalecimento de atividades produtivas alternativas (fruticultura e horticultura), de âmbito local ou regional, tais como criação de pequenos animais e pecuária leiteira para geração de renda de pequenos e médios produtores. → Produção agropecuária com possibilidade de consolidação da cadeia produtiva e verticalização. → Recebimento de ICMS ecológico.
PONTOS FRACOS AMEAÇAS Comuns aos territórios → Falta de políticas de gestão de resíduos.
Comuns aos territórios → Poluição dos ambientes naturais (principalmente água e solo).
264
→ Ausência de leis mais rígidas. Território CONSAD Vale do Ivinhema → Fragilidade do solo: atividades agropastoris sem adoção de técnicas apropriadas para conservação do solo. → Baixa produtividade agropecuária e pouca diversificação na produção. Território CONSAD Serra da Bodoquena → Restrição a Agricultura mecanizada com intensa, principalmente com utilização de sistemas de irrigação. Território CONSAD Iguatemi → Baixa produtividade agropecuária e pouca diversificação na produção. → Restrição a pecuária extensiva na Zona de Alta Vigilância sanitária ao longo da fronteira.
→ Áreas de preservação permanente degradadas (matas ciliares). Território CONSAD Vale do Ivinhema → Manejo inadequado dos recursos naturais. Território CONSAD Serra da Bodoquena → Empreendimentos para produção de agroenergia. → Pressão na exploração recursos naturais. Território CONSAD Iguatemi → Manejo inadequado dos recursos naturais.
Ambiente das Instituições
PONTOS FORTES OPORTUNIDADES Comuns aos territórios → Prefeituras municipais possuem, em sua maioria, gerencias e secretarias com conhecimento e ação afim da temática SAN e DL. → Variadas alternativas de microcrédito e crédito. → Escritórios estaduais de assistência técnica presentes em 100% dos municípios.
Comuns aos territórios → Programas federais que reconhecem a diferenciação da região e estabelecem linhas privilegiadas de financiamento e de obtenção de recursos. → Terras baratas e externalidades positivas - atratividade turística da região (espaço para o desenvolvimento). → Localização próxima a: SP/PR/Paraguai.
PONTOS FRACOS AMEAÇAS Comuns aos territórios → Existência de poucas ações municipais inovadoras. → Baixa politização, associativismo e cooperativismo na maior parte da população. → Tema Desenvolvimento Local, SAN, CONSAD e programas não estão adequadamente difundidos. → Assistência técnica deficitária em alguns aspectos. → Falta de treinamento e qualificação dos envolvidos nos conselhos.
Comuns aos territórios → Visibilidade ambiental prejudica desenvolvimento de atividades produtivas (ex. questão Cana-de-açucar). → Fronteira seca com Paraguai fragiliza atividades produtivas que podem ser afetadas por políticas de fitosanidade. → Mão-de-obra desqualificada e política fiscal. → Baixo dinamismo econômico da região / dependência de poucas atividades. → Mobilização e articulação política para acessar programas federais ainda não “enraizadas”.
265
Ambiente das Organizações
PONTOS FORTES OPORTUNIDADES Comuns aos territórios → Existência de capilaridade das organizações na sociedade, isto é, presença razoável de organizações atuantes no meio local. → Potencial de articulação da sociedade relativo às ações de desenvolvimento local. → Interesse em participar das ações do CONSAD. → Diversidade de objetivos/ações. → Presença de ações assistencialistas e/ou filantrópicas (condições mínimas de sobrevivência).
Comuns aos territórios → Reconhecimento das organizações pela sociedade. → Existência de incentivos públicos. → Possibilidade de criação de redes de cooperação entre as organizações (desde que haja governança). → Ambiente regulatório favorável ao desenvolvimento das organizações coletivas. → Disponibilidade de capacitação dos agentes das organizações.
PONTOS FRACOS AMEAÇAS Comuns aos territórios → Baixo conhecimento do CONSAD e de suas ações. → Baixa compreensão da temática SAN. → Falta de disseminação do conceito SAN intra-organização. → Infra-estrutura de suporte precária.
Comuns aos territórios → Falta de coordenação das ações das organizações. → Baixa divulgação do CONSAD. → Baixa participação da sociedade em organizações coletivas. → Desinteresse da sociedade em participar de organizações coletivas. → Baixa percepção dos benefícios das organizações. → Presença de ações assistencialistas e/ou filantrópicas (condições mínimas de sobrevivência).
266
14. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este primeiro documento elaborado para atender à pesquisa, o
“Diagnóstico dos Territórios CONSAD de Mato Grosso do Sul”, utilizou-se de
pesquisa multidisciplinar nas áreas: histórico-cultural, espacial, social,
econômica, ambiental e político-institucional. Para tanto, foram utilizados dados
primários, através de cinco instrumentos de coleta de dados aplicados em vinte
quatro municípios, e dados secundários disponíveis.
O desenvolvimento do projeto foi desafiador e altamente motivador. A
grande extensão territorial e dificuldades de deslocamento, bem como os
problemas pontuais encontrados no decorrer da pesquisa, eram superados
quando nossos pesquisadores eram recebidos pelos entrevistados com um
sorriso no rosto e esperança de que nossos esforços pudessem melhorar a
realidade local.
O trabalho constatou uma rica cultura arraigada na influência do país
vizinho (Paraguai), com traços religiosos fortes e uma grande influência dos
costumes da vida rural. O isolamento da região, que passou a ser ocupada
predominantemente a partir da década de 1930, tornou a mesma pouco
povoada e com baixa densidade demográfica, e atraiu atividades produtivas
que, predominantemente, procuram terras baratas, tais como bovinocultura de
corte extensiva e, mais recentemente, a cana-de-açucar. Apesar da rica
cultura, constatou-se um baixo capital social entre a população, ou seja, pouco
potencial associativista, dificultando ações que mobilizem a sociedade civil.
A agricultura familiar sobrevive na região utilizando-se das mais diversas
estratégias entre as grandes propriedades com cana-de-açucar, soja e milho.
Plantam mandioca e cuidam do gado leiteiro, valendo-se da pluriatividade para
sustentar sua propriedade, contrariando a lógica capitalista de procurar o mais
lucrativo. Os mercados locais, que poderiam ser melhor explorados, são
pequenos e não possuem hábitos alimentares diversificados, o que dificulta
ainda mais a produção destes. Entretanto, neste horizonte reside à esperança,
zonas mais industrializadas, tais como as encontradas no território CONSAD
Vale do Ivinhema, facilitam a integração destes produtores aos mercados, e o
apoio governamental referente ao PAA também surge como uma promessa. A
267
industrialização difusa e o crescimento econômico destas regiões acabam por
ser integradores.
Os beneficiários do programa Bolsa Família possuem menores índices
de segurança alimentar (37,73%) do que a população não-beneficiária (73%).
Isso acontece principalmente por esta população possuir menor renda e
escolaridade do que a população em geral; a Segurança Alimentar e
Nutricional – SAN – possui relação direta com tais variáveis socioeconômicas.
Por sua vez, os índices de insegurança alimentar impactam a insegurança
nutricional das famílias, pois famílias que não possuem acesso à alimentação
de qualidade, em quantidade suficiente e com regularidade, tendem a ter
maiores índices de desnutrição e de obesidade.
Reconhecendo o sub-desenvolvimento, bem como características
peculiares aos mesmos que os definem como território, o governo federal
instituiu os Consórcios de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local -
CONSAD. Buscava através destes mobilizar o poder público local e sociedade
civil em torno da questão SAN e desenvolvimento local. Através de um
mecanismo democrático, dá espaço aos atores locais para propor as soluções
aos problemas. A iniciativa apoiou-se em um grupo de pessoas que de maneira
altruísta discutiam o tema e travavam batalhas muitas vezes sem apoio dos
poderes públicos locais. Apesar do esforço, o reconhecimento do trabalho
destes encontra-se relegado da maior parte da sociedade.
O próximo documento, parte integrante deste trabalho, contém o plano
de desenvolvimento dos territórios, o qual privilegia a procura de soluções à
questão da insegurança alimentar e nutricional e o desenvolvimento local e
direcionando a formulação de políticas públicas e estratégias e ações de
combate à insegurança alimentar e nutricional.
268
15. REFERÊNCIAS
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