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Diagnóstico sobre a
Cultura empreendedora e Criatividade no Setor das Pedras Naturais Relatório de apresentação de resultados Projeto Stone Edge – na crista da pedra – 2014/2015 Desenvolvimento no âmbito do SIAC/COMPETE
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Diagnóstico sobre Cultura Empreendedora e Criatividade no
Sector das Pedras Naturais
Índice Geral Nota de abertura ................................................................................................................................................ 3 1 Enquadramento .......................................................................................................................................... 4 1.1 Enquadramento Conceptual ........................................................................................................ 4 1.2 Enquadramento do Relatório ...................................................................................................... 5
2 Diagnóstico cultura empreendedora e criatividade no sector das Pedras Naturais .... 7 2.1 Caraterização do Universo ........................................................................................................... 7 2.2 Empreendedorismo e cultura empreendedora ................................................................... 8 2.3 Criatividade e Inovação ............................................................................................................... 13 2.3.1 Objetivos Empresariais e Áreas Prioritárias ............................................................. 13 2.3.2 Iniciativas a Desenvolver e Técnicas a Utilizar ........................................................ 15
3 Notas conclusivas .................................................................................................................................... 19 Índice de Figuras Figura 1– Idade dos inquiridos ....................................................................................................................... 7 Figura 2– Região de Residência dos Inquiridos .................................................................................... 7 Figura 3– Situação Profissional dos inquiridos .................................................................................... 7 Figura 4 – Tipo de relacionamento com o sector dos Inquiridos .................................................. 7 Figura 5–– Significado de “ser empreendedor” .................................................................................... 9 Figura 6 – Percepção sobre “ser empreendedor no sector das Pedras Naturais” ................. 9 Figura 7– Fatores que dificultam o empreendedorismo no Sector das Pedras Naturais . 10 Figura 8 – Relevância dos aspetos que poderiam estimular a criatividade e o
empreendedorismo no Sector das Pedras Naturais ............................................................... 12 Figura 9 – Áreas essenciais para o desenvolvimento de um novo negocio ............................ 13 Figura 10– Objetivos Empresariais mais significativos para a utilização da criatividade14 Figura 11– – Áreas com mais necessidade de incorporação de criatividade como fator de
competitividade na Cadeia de Valor do Sector das Pedras Naturais .............................. 15 Figura 12– Iniciativas prioritárias a desenvolver pelas associações para promover a
criatividade e o empreendedorismo no sector das Pedras Naturais .............................. 16 Figura 13– Técnicas de criatividade que conhece ............................................................................. 17 Figura 14– Técnicas de criatividade que considera úteis para o desenvolvimento do
sector .......................................................................................................................................................... 18 Este relatório foi elaborado por Álvaro Cidrais e Isabel Beja -‐ GEOSTRATEGIA Com o acompanhamento de Célia Marques e Miguel Goulão -‐ ASSIMAGRA Lisboa, Fevereiro de 2015
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Nota de abertura O empreendedorismo é um tema inquestionável no desenvolvimento socioeconómico de um território ou setor de atividades. A competitividade depende em grande medida da capacidade empreendedora das empresas já instaladas e dos processos de criação de novos empreendimentos empresariais. Por outro lado, depende muito dos processos de criatividade que estão subjacentes à inovação nos negócios. Por este motivo, torna-‐se essencial perceber as condições de empreendedorismo (no ponto de vista de públicos diferentes, internos e externos ao sector da Pedra Natural). É com base nesta ambição, e com o sentido de perceber o que se pode fazer para desenvolver o setor, que nasce o diagnóstico que aqui se apresenta, sobre a forma de destaques conclusivos que poderão alimentar o conhecimento e a ação consciente no desenvolvimento do setor. Este diagnóstico é um dos produtos do projeto, desenvolvido no âmbito do programa COMPETE/SIAC, «Stone Edge» – Na Crista da Pedra, promovido pela ASSIMAGRA, focando as temáticas do empreendedorismo, da criatividade, da inovação, da competitividade e da internacionalização, que pretende ajudar a aumentar a competitividade das PME e do sector das Pedras Naturais através da promoção do empreendedorismo e da criatividade, da partilha e disseminação de competências chave de gestão, do desenvolvimento organizacional e da identificação e fomento de Boas Práticas de Gestão da Inovação. As conclusões recolhidas neste processo de exploração de informação concretizaram-‐se através da elaboração do Guia de Boas Práticas de Gestão da Inovação e do Guia de Boas Práticas de Empreendedorismo e Criatividade. Desde já, os seus autores e promotores gostariam de agradecer os contributos de todos os que participaram neste processo, através da resposta aos formulários, bem como da sua participação em encontros e tertúlias de criatividade e inovação ou noutros momentos de trabalho e debates sobre estes temas. Juntos, mais informados, poderemos concretizar um empreendedorismo mais denso, criativo e sustentável que contribua de forma decisiva para o desenvolvimento territorial.
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1 Enquadramento
1.1 Enquadramento Conceptual
Empreender é o acto de fazer acontecer!
Empreendedorismo pode ser a criação de algo inovador ou seja colocação em prática de novas ideias, que podem ser uma empresa, um produto, ou simplesmente um processo. O pressuposto base é fazer algo de diferente do que existe, ou fazê-‐lo de forma diferente. Empreendedorismo é também agregar valor, saber identificar oportunidades e transformá-‐las em negócios lucrativos.
O empreendedorismo é essencial na sociedade atual porque é através dele que as empresas procuram a inovação e a transformação de conhecimentos em novos produtos. Por esta ordem de razões o empreendedorismo potencia o crescimento e o desenvolvimento empresarial. Está fortemente relacionado com os conceitos de inovação e de criatividade, pois permite criar (gerar) riqueza novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados, novas formas de organização, etc.
Embora existam casos de boas práticas, na generalidade, o nível de empreendedorismo nacional permanece muito abaixo do praticado na Europa. Sinal de que há ainda um longo caminho a percorrer em termos de prioridade política e medidas concretas de fomento à iniciativa empresarial no país.
O apoio ao empreendedorismo qualificado e criativo e a potenciação de oportunidades de negócios mais avançadas é uma forte aposta no âmbito do Acordo de Parceria -‐ Portugal 2020, sendo apontado como um dos instrumentos de política capazes de fazer face aos constrangimentos do tecido empresarial Português no domínio da Competitividade e Internacionalização. Estes bloqueios prendem-‐se essencialmente com a especialização produtiva assente em atividades de reduzido valor acrescentado e baixa intensidade tecnológica e de conhecimento, bem como com as fracas competências e estratégias das empresas inerentes às fragilidades de qualificação dos empregadores e empregados e à sua reduzida propensão para estratégias de negocio mais sofisticadas, o que se traduz em insuficiente diferenciação e inovação dos modelos de negócio.
Por sua vez a criatividade é essencial ao empreendedorismo e ao empreendedor. A criatividade é a valorização de ideias para a sua transformação em inovação empresarial é um elemento fundamental para diferenciar as empresas e os seus produtos e serviços, constituindo-‐se como um fator competitivo essencial.
Ou seja o conceito de criatividade refere-‐se não só à criação da ideia mas também à sua concretização, ou seja, enquanto processo inovador, diz respeito à aplicação prática nos mercados.
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Definindo em maior medida o conceito de criatividade Richard Florida na sua obra “The rise of Creative Class” assinala as seguintes caraterísticas essenciais:
• Trata-‐se de uma faceta multidisciplinar das pessoas
• Implica diferentes aspetos do pensamento, hábitos e experiências
• É mais amplo do que a inovação tecnológica ou as inovações na gestão e na organização
• Sintetiza e reflete a convergência de diferentes áreas de conhecimento
• Inclui uma componente “subversiva” de mudança e ruptura com o anterior
• Manifesta-‐se de diferentes formas: criatividade tecnológica/inovação, criatividade económica (empreendedorismo) e criatividade artística e cultural
• Implica uma atitude proactiva em relação á mudança
De acordo com este autor a criatividade “é atualmente a fonte decisiva da vantagem competitiva”, uma vez que “as novas tecnologias, as novas industrias, a riqueza e a prosperidade, surgem dela”.
A insuficiente capacidade de gerar empreendedorismo de qualidade e de potenciar as oportunidades de negócio mais dinâmicas e em domínios de inovação, limita assim o ritmo de elevação da competitividade das PME, sendo esta uma das insuficiências detetadas no sector das Pedras Naturas, razão pela qual se optou por desenvolver um projeto capaz de potenciar o desenvolvimento desta vertente no sector.
1.2 Enquadramento do Relatório
O “Diagnóstico sobre Cultura Empreendedora e Criatividade no Sector das Pedras Naturais” cujos principais resultados aqui apresentamos, é parte integrante do Projeto “Stone Edge”, que assenta numa candidatura da ASSIMAGRA ao SIAC (sistema de Incentivo a Ações Coletivas) do COMPETE.
O “Stone Edge” tem como objetivo criar condições para o aumento da competitividade das PME e do sector das Pedras Naturais através da promoção do empreendedorismo e da criatividade, da partilha e disseminação de competências chave de gestão, do desenvolvimento organizacional e da identificação e fomento de Boas Práticas de Gestão da Inovação.
Enquadrado neste objetivo central foram definidas três atividades estruturantes:
1. Apoio na apropriação e utilização de competências chave de competitividade e desenvolvimento organizacional
2. Fomento de Boas Práticas de Gestão da Inovação
3. Promoção do empreendedorismo e criatividade em públicos-‐alvo específicos para promover o valor acrescentado das empresas”
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A atividade “Promoção do empreendedorismo e criatividade em públicos-‐alvo específicos para promover o valor acrescentado das empresas” foi constituída por várias ações que tiveram por objetivo gerar condições de desenvolvimento de processos criativos, inovadores e empreendedores, capazes promover uma subida na cadeia de valor das empresas, envolvendo públicos alvo específicos, nomeadamente jovens do sistema universitário.
Tratando-‐se de um sector tradicional da economia portuguesa, que apresenta alguma inércia à inovação, torna-‐se essencial dinamizá-‐lo através da integração de recém licenciados e da partilha de novas ideias que surjam de dentro e de fora do sector, reforçando a atitude e as competências empreendedoras.
O Diagnóstico sobre Cultura Empreendedora e Criatividade no Sector das Pedras Naturais, cujas principais conclusões aqui apresentamos, procura perceber qual a perspetiva dos stakeholders, sobre áreas de atuação e iniciativas prioritárias para o aumento da criatividade e cultura empreendedora no sector,
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2 Diagnóstico cultura empreendedora e criatividade no sector das Pedras Naturais
2.1 Caraterização do Universo
De forma a aprofundar o conhecimento sobre a perspetiva de stakhoders acerca da “cultura empreendedora e criatividade no sector das Pedras Naturais” foram efetuados 30 inquéritos e 10 entrevistas a um conjunto de pessoas que se move em torno do sector, caraterizadas de acordo com os gráficos que se seguem.
Figura 1– Idade dos inquiridos Figura 2– Região de Residência dos Inquiridos
Figura 3– Situação Profissional dos inquiridos Figura 4 – Tipo de relacionamento com o sector dos Inquiridos
Como se pôde constatar obteve-‐se um universo diversificado, que se caracterizado da seguinte forma:
-‐ Idades compreendidas entre os 25 e os 59 anos, embora com maior realce para o grupo 40-‐49 que correspondem a pessoas com uma maior ancoragem ao mercado de trabalho. Por género existem 50% do sexo masculino e 50% feminino, conseguindo-‐se atingir diversas sensibilidades.
12%$
19%$
50%$
19%$
25(29$ 30(40$ 40(49$ 50(59$
38%$42%$
12%$8%$
ALENTEJO$ LISBOA$ CENTRO$ NORTE$
12%$
4%$
23%$
54%$
4%$
Estudante$
Trabalhador$estudante$
Empresário$
Empregado$por$conta$de$outrém$
Desempregado$
12%$
8%$
12%$
12%$
23%$
8%$
8%$
19%$
Estudante$$arquit.,$eng.$e$design$
Construtor$
Arquiteto$
Arquiteto/Universitário$
Universitário/inves=gador$
Designer$
Associação$empresarial$regional$
Proje=stas/consultores$
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-‐ Prevalência de pessoas oriundas de Lisboa e do Alentejo, embora também se abranja o Centro e o Norte.
-‐ A situação profissional mais significativa são os empregados por conta de outrem, embora também existam empresários/empregados por conta própria, estudantes e desempregados (estes em menor número).
-‐ O tipo de relacionamento com o sector é bastante diversificado e repartido havendo universitários/investigadores, projetistas/consultores, estudantes -‐ de engenharia, arquitetura e design, arquitetos, construtores, designers e membros de outras associações regionais.
2.2 Empreendedorismo e cultura empreendedora
O empreendedorismo é um conceito que tem evoluido ao longo das décadas, sendo atualmente muito mais do que ter um negócio próprio. É um estilo de vida e uma forma de estar.
Trata-‐se de uma designação atualmente muito utilizada, dada a sua importância para a criação de emprego, geração de riqueza e desenvolvimento empresarial, muito embora nem sempre bem compreendido. Para inicio de questionionário fomos tentar perceber quais os principais conceitos ligados a “ser empreendedor”, na perspetiva dos inquiridos, tendo sido solicitado para apontarem as três opções que consideravam mais adequadas, de um conjunto de oito pré-‐selecionado.
Os inquiridos foram muito claros sobre os principais aspetos a considerar, tendo-‐se salientado três:
-‐ Criatividade e Inovação (85% de respostas) -‐ Desafio e Oportunidade (77% de respostas) -‐ Criação de Valor (54% de respostas)
Embora de forma um tanto ou quanto simplista, pelo padrão de respostas podemos considerar que, na prespetiva dos entrevistados, ser empreendedor implica um elevado nível de criatividade e inovação, capacidade de aceitar desafios e transformar ideias em oportunidades e de gerar algo de novo (criação de valor), tendo em consideração os riscos e incertezas (embora estes tenham sido menos considerados).
Verifica-‐se assim uma percepção que se aproxima dos conceitos mais modernos nos quais para ser empreendedor é essencial ser inovador e criativo, embora não chegue. É fundamental a aplicação prática e a utilidade para o dia a dia de quem a usa (criação de valor).
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Figura 5–– Significado de “ser empreendedor”
Relativamente à percepção sobre “ser empreendedor no sector das Pedras” manifestada pela concordância e/ou discordância de um conjunto de afirmações realça-‐se a convicção dominante que:
-‐ “O sector das Pedra Naturais é desafiante para empreender em várias áreas de negócio”, o que é uma boa notícia já que significa uma predisposição positiva daqueles que gravitam à volta do setor, não obstante ser uma atividade por vezes mal compreendido e interpretado.
-‐ “ O sector das Pedras Naturais tem grande margem de desenvolvimento em design e inovação” o que de certa forma se relaciona com a afirmação de cima, dado que existe uma enorme margem de progressão e desenvolvimento das empresas e do setor, através da incorporação de novas ideias de negócio – que podem ser produtos, processos ou formas de organização, entre outros.
Figura 6 – Percepção sobre “ser empreendedor no sector das Pedras Naturais”
23%$
77%$
19%$
85%$
54%$
4%$ 0%$ 0%$
Risco$e$$Incerteza$
Desafio$e$Oportunidade$
Ambição$e$Conquista$
CriaEvidade$e$Inovação$
Criação$de$$valor$
Negociação$ PresKgio$ Perda$de$tempo$
0%# 20%# 40%# 60%# 80%# 100%#
Setor#conservador#e#pouco#cria7vo#
Setor#é7camente#pouco#responsável#
Setor#desafiante#para#empreendeder##
Setor#com#grande#margem#de#desenv.#em#design#e#inovação#
Conheço#pessoas#que#inves7ram#nos#úl7mos#2#anos#
Concordo# Discordo# #Não#sabe#
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Das outras respostas há ainda a considerar que:
-‐ Cerca de 60% dos inquiridos consideram que o Sector das Pedras Naturais é conservador e pouco criativo, o que resulta da constatação que de uma forma geral as empresas andam todas a fazer o mesmo, oferecendo ao mercado produtos iguais, cuja diferenciação acontece muitas vezes apenas pela designação do material (pedra de origem), havendo portanto uma enorme margem de desenvolvimento em design e inovação.
-‐ Mais de 2/3 discordam da afirmação que o “sector é eticamente pouco responsável” .
Não obstante a quase unanimidade do universo de estudo sobre o elevado potencial de desenvolvimento de empreendedorismo no sector, a verdade é que são percepcionados entraves à capacidade de inovar e de empreender, sobressaindo dois fatores que se relacionam com a cultura empresarial vigente:
-‐ Empresas “fechadas” e muito voltadas sobre si (85% concordam com a afirmação)
-‐ Fraca cultura empreendedora (referido por 77% dos inquiridos)
Pela elevada percepção quanto ao “fechamento” das empresas de Pedras Naturais, torna-‐se evidente a necessidade de desenvolver processos de informação sistemática a arquitetos, engenheiros, construtores e outros prescritores sobre o sector, as empresas, os produtos e as características e virtudes da Pedra Natural.
Figura 7– Fatores que dificultam o empreendedorismo no Sector das Pedras Naturais
0%# 20%# 40%# 60%# 80%# 100%#
Empresas#fechadas#e#muito#voltadas#sobre#si#
Fraca#cultura#empreendedora#
Escassez#de#mecanismos#de#es>mulo#
Dificuldade#de#acesso#a##financiamento#
Desconhecimento#geral#sobre#o#setor#
Setor#muito#especifico#e#pouco#caCvante#
Sector#que#exige#invesCmentos#muito#avultados#
Sector#com#baixo#pres>gio#social#
Sector#tradicional#com#tendência#para#desaparecer#
Concordo# Discordo# Não#sabe#
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Embora com menos significado seguem-‐se três aspetos que se relacionam com entraves de índole económico-‐financeira:
-‐ Sector que exige investimentos muito avultados (54% dos inquiridos concordam)
-‐ Escassez de mecanismos de estímulo (42%)
-‐ Dificuldade de acesso a financiamento (35%)
Existem ainda 38% dos inquiridos que atribuem as dificuldades de empreendedorismo a um desconhecimento geral sobre o sector, o que se relaciona com problemas de comunicação e de abertura à sociedade civil.
Não obstante o evidente “fechamento” do sector sobre si próprio, a convicção dominante é que se trata de uma atividade cativante e com potencial de desenvolvimento, que se expressa na avaliação das seguintes afirmações:
-‐ Sector tradicional com tendência para desaparecer (apenas 12% concorda com esta afirmação)
-‐ Sector muito específico e pouco cativante (19% concordam)
Por sua vez apenas 27% considera que se trata de um sector com baixo prestígio social.
Quando questionados sobre a importância que conferem a um conjunto de ações, pré-‐definidas, que poderiam estimular a criatividade e empreendedorismo os inquiridos foram unânimes quanto à necessidade de desenvolver as atividades propostas, dado que todas elas foram consideradas como relevantes por mais de 80% do universo de estudo.
Apesar da relevância conferida a todas as iniciativas, destaca-‐se a unanimidade sobre a importância do aumento de ligação com as Universidades (100% considera muito relevante). Nesta perspetiva o desenvolvimento de um ecossistema empreendedor no sector deverá passar por uma ligação mais estreita entre as empresas e o sistema universitário, com o apoio, acompanhamento e facilitação das entidades de interface do sector e das próprias universidades, muitas das quais possuem centros de empreendedorismo, incubadoras de ‘spin-‐offs’ e ‘start-‐ups’ e promovem concursos de ideias e de talentos.
Existem depois três outras iniciativas referidas por mais de 90% dos inquiridos como muito relevantes:
-‐ Desenvolvimento de projetos entre empresas diferentes ligadas ao sector da construção e do design (96% considera muito relevante)
-‐ Desenvolvimento de iniciativas e redes de carácter cooperativo entre empresas do sector (92% considera muito relevante)
-‐ Qualificação da imagem da pedra assente na utilização criativa e intensa de soluções de design (92% considera muito relevante)
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Estas respostas reforçam a importância da promoção da cooperação empresarial e da aposta no design para o desenvolvimento da inovação, criatividade e empreendedorismo no sector.
Figura 8 – Relevância dos aspetos que poderiam estimular a criatividade e o empreendedorismo no Sector das Pedras Naturais
No que respeita às áreas essenciais para o desenvolvimento de um novo negocio, foram identificados três intervenções essenciais:
-‐ Design (73%)
-‐ Marketing (58%)
-‐ Engenharia e Tecnologia (50%)
Num contexto em que se verifica uma concentração excessiva no segmento da cadeia produtiva de menor valor acrescentado sobressai a importância da inserção estratégica do design como ferramenta essencial de geração de valor e inovação e de distinção entre concorrentes.
0%# 10%#20%#30%#40%#50%#60%#70%#80%#90%#100%#
Inicia2vas#e#redes#cooperação#entre#empresas#
do#sector#
Plataformas#de#incubação#e#projetos#de#
empreendedorismo#
Aumento#de#exposição#e#conhecimento#sobre#o#
setor#
Aumento#da#ligação#com#universidades#
Proj.#entre#empresas#diferentes#ligadas#à#
construção#e#design#
Qualificação#da#imagem#da#Pedra#Natural#
assente#na#cria2vidade#e#design#
#Nada#relevante# #Pouco#relevante# Relevante# Não#sabe#
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Figura 9 – Áreas essenciais para o desenvolvimento de um novo negocio
2.3 Criatividade e Inovação
2.3.1 Objetivos Empresariais e Áreas Prioritárias
As empresas globais, mais criativas e inovadoras, integram a criatividade na sua cultura organizacional, sendo caraterizadas por uma utilização sistemática de perspetivas e técnicas criativas, que permitem alimentar o processo contínuo de inovação e criação de ideias e distinguirem-‐se da concorrência.
Por sua vez, a criatividade deve ser alargada a toda a cadeia de valor e à cultura empresarial. A criatividade deve ampliar-‐se não só nas áreas paras as quais existe mais propensão (como I&D e Marketing), como também para a produção, administração e gestão, recursos humanos e sobretudo a Direção.
Sabendo que a maioria das empresas de Pedras Naturais ainda não se encontra neste estádio, de integração permanente, dinâmica e sistemática de processos de criatividade, questionámos os stakeholders sobre quais os objetivos empresariais para os quais a criatividade poderá ser importante no sector das Pedras naturais, podendo-‐se retirar as conclusões que se seguem:
- A criatividade foi considerada muito importante e/ou importante para a generalidade dos objetivos propostos, o que evidencia a sua relevância para as diferentes áreas do desenvolvimento empresarial.
- O maior destaque foi conferido ao objetivo de “Atingir novos nichos de mercado” (88,5% considera muito importante), o que evidencia a relevância da criatividade para o desenvolvimento de novos processos e produtos, capazes de posicionar a oferta noutro segmento de mercado, complementar aos produtos normalizados, o que de certa forma se relaciona com o terceiro objetivo mais referenciado “criar novos produtos e sérvios de maior valor acrescentado” (77% considera muito importante).
0%# 10%# 20%# 30%# 40%# 50%# 60%# 70%# 80%#
Gestão#contabilidade#e#finanças#
Rec#Humanos#
MarkeBng#
Vendas/mercado#
Design#
Engenharia#e#Tecnologia#
Outros#
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- Sobressai ainda o objetivo de “criar novas formas de cooperar em inovação e I&D”, referenciado por 81% dos inquiridos como muito importante, denotando-‐se a importância de gerar redes colaborativas de aprendizagem e inovação (entre empresas, entidades de interface, universidades e centros de formação) como forma de promover a inovação, a criatividade e a I&D.
Figura 10– Objetivos Empresariais mais significativos para a utilização da criatividade
Evidenciando coerência entre as respostas, as três áreas selecionadas como mais importantes para a incorporação de criatividade foram:
- O design de produtos e serviços - O desenvolvimento de parcerias e cooperação - Marketing, comunicação e vendas
0%# 10%# 20%# 30%# 40%# 50%# 60%# 70%# 80%# 90%#100%#
Melhorar#a#gestão#dos#ciclos#de#produção#e#de#produto#
Aumentar#margens#lucro#
Aumentar#valor#dos#produtos#e#serviços#existentes#
Desenvolver#novas#tecnologias#de#produção#
Desenvolver#novas#formulas#de#distribuição#de#produtos#
Melhorar#saFsfação#dos#clientes#
Criar#modelos#de#gestão#mais#flexível#
Criar##sistemas#de#moFvação#e#avaliação#de#desempenho#
Alargar#mercado#de#consumidores#potenciais#
Criar#novos#produtos#e#serviços#com#valor#acrescentado#
Criar#novas#formas#de#cooper#em#inovação#e#I&D#
AFngir#novos#nichos#de#mercado#
Muito#importante# Importate# Nada#importante# Não#sabe#
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Figura 11– – Áreas com mais necessidade de incorporação de criatividade como fator de competitividade na Cadeia de Valor do Sector das Pedras Naturais
2.3.2 Iniciativas a Desenvolver e Técnicas a Utilizar
A adoção de técnicas e dinâmicas criativas por parte das empresas não é fácil, porque estas muitas vezes encontram dificuldades ou desconhecem o modo de como adotar uma cultura que favoreça a criatividade, pelo que as entidades de interface, nomeadamente as associações empresarias, poderão ter um forte papel indutor e orientador.
Quando questionados sobre as iniciativas que consideravam mais importantes para serem desenvolvidas pelas associações empresariais de forma a promover a criatividade e o empreendedorismo, a generalidade das iniciativas propostas foi considerada muito importante ou importante, o que diz bem da necessidade de desenvolver intervenções direcionadas para a criatividade e empreendedorismo.
De acordo com os stakeholders entrevistados destacam-‐se com considerações como muito importantes acima dos 60%, quatro ações:
- Informação e formação técnica de prescritores - Criação do centro internacional de inovação - Criação de nichos de ideias e negócios - Visitas internacionais de benchmarking
65%$
50%$
46%$
42%$
42%$
35%$
31%$
23%$
12%$
12%$
4%$
0%$
Design$de$produtos$e$serviços$
Desenvolvimento$de$parcerias$e$cooperação$
Marke?ng,$comunicação$e$vendas$
Arquitetura$e$design$
Desmantelamento,$reciclagem$e$reu?lização$de$pedra$
I&D$de$base$cienGfica$e$tecnológica$
Formação,$aprendizagem$e$gestão$do$conhecimento$
Aplicação$e$manutenção$de$pedras$noe$ediLcios$e$esp.$publico$
Conceção$e$desenvolvimento$de$modelos$de$gestão$
Engenharia$e$tecnololgia$de$transformação$
Engenharia$e$tecnololgia$de$extração$
Logis?ca$de$armazenamento,$transporte$e$distribuição$
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Figura 12– Iniciativas prioritárias a desenvolver pelas associações para promover a criatividade e o empreendedorismo no sector das Pedras Naturais
Por sua vez desenvolver a criatividade, quer num individuo, quer num grupo, quer numa equipa ou numa organização é desenvolver a capacidade de um sistema produzir novas ideias ou combinações de ideias ou dar respostas inesperadas, originais, úteis e satisfatórias face a uma situação.
Existe um conjunto alargado de ferramentas e técnicas que facilitam o trabalho da geração de ideias dentro da empresa, que podem ser utilizadas num sentido mais geral ou ter um carácter mais específico em função de necessidades específicas a que se queira responder.
A utilização destas técnicas, conjugada com um ambiente empresarial favorável, deverá ser capazes de gerar ideias que se convertem em projetos e, por sua vez, em produtos inovadores.
O brainstorming ou chuva de ideias é a técnica mais conhecida pelos inquiridos. É uma técnica básica e facilmente utilizada, que consiste em anotar num quadro as ideias surgidas de maneira não sistematizada num grupo de pessoas para que depois possam discuti-‐las e selecionar uma delas, sendo que grande parte das técnicas de criatividade são baseadas nesta ferramenta.
Existe depois outro conjunto de ferramentas também bastante referenciadas como as reuniões de diagnóstico de problemas, as reuniões de avaliação de projeto ou o desenho de árvore de problemas.
0%# 10%# 20%# 30%# 40%# 50%# 60%# 70%# 80%# 90%# 100%#
Informação#e#formação#técnica#de#prescritores#
Criação#do#centro#internacional#de#inovação#
Criação#de#nichos#de#ideias#e#negocócios#
Vistas#internacionais#de#benchmarking#
Criação#de#Plataforma#digital#de#colaboraHva#
Realização#de#Tertúlias#criaHvas#de#"design"#
Realização#de#seminários#e#palestras#sobre#inovação#
Criação#de#Escola#Superior#de#Pedra#Natural#
Concurso#de#ideias#e#de#negócios#
Realização#de#feira#anual#de#criaHvidade#empresarial#
Dinamização#de#Conselhos#Regionais#de#CriaHvidade#
Muito#importante# Importante# #Nada#importante# Não#sabe#
17
Figura 13– Técnicas de criatividade que conhece
Quanto à utilidade destas ferramentas para o desenvolvimento do sector, aquelas que foram consideradas mais significativas são as reuniões de diagnóstico de problemas, as reuniões de criatividade intra-‐empresa e o brainstorming criativo.
0%# 20%# 40%# 60%# 80%# 100%#
Oficinas#de#Metaplan#
Sessões#de#seis#chapéus#intra<empresa#
Jogos#de#desempenho#de#papeis#
Sessões#de#geração#de#ideias#por#analogias#
Sessões#de#"contadores#de#histórias"#
Encontros#Fpo#"world#café"#
Jogos#e#simuladores#de#computador#
Reuniões#de#Qualidade#intra<empresa#
Conceção#coleFva#de#mapas#mentais#
Oficina#de#escrita#e#desenhos#criaFvos#
Ateliê#de#Design#Thinking#
Reuniões#de#criaFvidade#intra<empresa#
Desenho#de#árvore#de#problemas#
Reuniões#de#avaliação#de#projeto#
Reuniões#de#diagnósFco#de#problemas#
Brainstorming#criaFvo#
Conhece# Não#Conhece# Não#responde#
18
Figura 14– Técnicas de criatividade que considera úteis para o desenvolvimento do sector
0%# 20%# 40%# 60%# 80%# 100%#
Oficinas#de#Metaplan#
Sessões#de#seis#chapéus#intra<empresa#
Jogos#de#desempenho#de#papeis#
Sessões#de#"contadores#de#histórias"#
Jogos#e#simuladores#de#computador#
Conceção#coleFva#de#mapas#mentais#
Encontros#Fpo#"world#café"#
Oficina#de#escrita#e#desenhos#criaFvos#
Sessões#de#geração#de#ideias#por#analogias#
Reuniões#de#Qualidade#intra<empresa#
Reuniões#de#avaliação#de#projeto#
Ateliê#de#Design#Thinking#
Desenho#de#árvore#de#problemas#
Brainstorming#criaFvo#
Reuniões#de#criaFvidade#intra<empresa#
Reuniões#de#diagnósFco#de#problemas#
ÚFl# Não#úFl# Não#aplicável#pq#não#conhece#
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3 Notas conclusivas O setor atravessa uma crise de reestruturação e transformação nas práticas de gestão, num sistema de concorrência global mais intenso e exigente. Deste modo, necessita de uma nova abordagem de empreendedorismo e inovação. O empreendedorismo é visto de modo diferenciado por parte dos diversos públicos inquiridos. Na perspectiva externa, o setor é considerado conservador. Na perspetiva interna, tem um amplo espaço de desenvolvimento através da incorporação de novos empresários, novos modelos de gestão e de novas ferramentas de criatividade. As articulações externas, com outros setores, outras empresas e as entidades do sistema científico (universidades, politécnicos e estruturas de interface e transferência de conhecimento/tecnologia diversas) são consideradas um elemento chave da adaptação do setor aos novos desafios da atualidade. A densificação e modernização da cadeia de valor, transformando-‐se numa economia colaborativa de criação de valor é outro elemento fundamental para o desenvolvimento do sistema empresarial. A utilização do Marketing, do Design, das ferramentas de Criatividade e as novas ferramentas de gestão da informação e do conhecimento foram também considerados elementos fundamentais da inovação e criação de competitividade estrutural neste setor. Estas conclusões foram transportas na forma de sugestões e elementos chave para os guias desenvolvidos no âmbito deste projeto, designadamente, no Guia de Boas Práticas de Gestão da Inovação e no Guia de Boas Práticas de Empreendedorismo e Criatividade.