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A fim de o ajudar a efectuar uma óptima gestão de recursos, o guia quinzenal Dicas Magazine Gestão proporciona conselhos práticos, indicando soluções para os mais variados problemas de ordem jurídica e financeira.TRANSCRIPT
MAGAZIN€
Neste momento, o PEC é uma das alternativas à insolvência. Este procedimento
poderá trazer algumas vantagens à empresa que se encontre em situação de pré-
insolvência, assim como aos seus credores.
AGENDA
A “Francal 2012 —
44.ª Feira
internacional da moda
em calçados e
acessórios” vai estar
presente de 26 a 29
de junho no Anhembi
Parque em São Paulo
(Brasil).
O prazo final para
entrega da declaração
de IRS é dia 31 de
maio.
ÍNDICE
1. DÍVIDAS Procedimento
Extrajudicial de
Conciliação
2. FROTA Amortização de
despesas com aquisição
3. SOCIEDADES Regime de
transparência fiscal
4. INTERNACIONAL Lucros
de offshores
5. SUBSÍDIOS Passes
escolares
6. VEÍCULOS Profissionais
liberais podem deduzir?
7. FATURAÇÃO Requisitos
legais
8. SUBSÍDIOS Baixa por
doença
Há alternativas à insolvência? Posso pedir um período de
carência? Que opções legais tenho?
GESTÃO GUIA 1
ANO 6 - 2012.05.23
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Insolvência Na maioria dos casos, a ação de insolvência leva inevitavelmente à
liquidação do património do devedor e, consequentemente, ao encerramento da
empresa em questão. O Código de Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE)
foi recentemente revisto, de modo a quebrar esta inevitabilidade, sendo o grande
objetivo desta revisão, a viabilização das empresas.
Há alternativa à insolvência? O Procedimento Extrajudicial de Conciliação (PEC),
encontra-se regulamentado na Resolução do Conselho de Ministros n.º 43/2011 de
25 de outubro, pode ser uma alternativa à insolvência. No entanto, tal procedimento
só se pode aplicar a pessoas coletivas e não a singulares.
Que empresas podem requerer o PEC? O PEC pode ser solicitado por empresas que
se encontrem em condições de requerer judicialmente a sua declaração de insol-
vência e por credores que tenham legitimidade para requerer a declaração de
insolvência da empresa devedora.
Condições Para requerer o PEC é necessário que se verifique que: i) os credores
chamados correspondam a mais de 50% do passivo da empresa; ii) a empresa
devedora prove que é economicamente viável e que está em situação de insolvên-
cia; iii) não foi ultrapassado o prazo de 60 dias, previsto pelo Código de Insolvência
e da Recuperação de Empresas para uma empresa apresentar insolvência, contados
da data do conhecimento da situação de insolvência.
Vantagens Em comparação com a situação de insolvência o PEC permite: i) suspen-
são do dever de apresentação à insolvência; ii) obtenção de benefícios fiscais; iii) a
possibilidade de conseguir um período de carência relativamente aos credores
particulares; iv) relativamente aos credores públicos, embora não concedam
carências de reembolso, podem aceitar uma redução dos juros vencidos e vincendos
(a Segurança Social e as Finanças podem aceitar o pagamento até 150 prestações).
Dica Conseguido o acordo, este aplica-se a todos os credores visto que embora só
participem 50% dos maiores credores do devedor, os demais credores também
acabam por ser participantes do PEC através do suprimento judicial.
Quem faz a mediação? O PEC é mediado pelo IAPMEI visando facilitar a concretiza-
ção de um acordo entre a empresa devedora e os seus credores mais significativos,
permitindo que a empresa devedora tenha viabilidade para continuar a laborar.
Consequentemente, compete a esta entidade promover as diligências e contactos
necessários entre empresa e credores, mediando reuniões, sugerindo propostas e
apresentando modelos negociais. Para o conseguir, o IAPMEI poderá requerer mais
esclarecimentos aos intervenientes, podendo até socorrer-se de especialistas
externos.
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Cálculo de amortizações Para se efetuar o apuramento das amortizações é necessá-
rio aplicar uma taxa definida na tabela constante do Decreto Regulamentar n.º
25/2009, de 14 de setembro. Neste documento encontram-se as Tabelas Específicas
com aplicação a cada tipo de empresa (ex. empresas de eletricidade, gás e água) e
as Tabelas Gerais com aplicação genérica a todo o tipo de empresas (ex. serviços,
industria e comércio).
Qual a taxa a aplicar a uma viatura ligeira de passageiros? Para o tipo de ativo fixo
tangível (imobilizado corpóreo) que são os veículos automóveis ligeiros e mistos, o
código a utilizar é o 2375, constante das Tabelas Genéricas, com uma taxa de 25%.
Consequentemente, este ativo é amortizável em 4 anos, o que significa que ao fim
de 4 anos estará completamente amortizado do ponto de vista fiscal.
O que mudou? Ao nível de taxa, para os automóveis ligeiros, nada mudou, mas ao
nível dos limites fiscalmente aceites e do modo de relevar o ativo, a mudança fiscal
(ao nível do CIRC) foi grande. Até 2009, o artigo 33.º do CIRC (reintegrações e
amortizações não aceites como custo), na alínea e) do n.º 1, previa como limite o
valor de €29.927,87, referente ao preço de aquisição ou reavaliação. Desde 2010, o
artigo 34.º do CIRC (anterior 33.º) deixou de estabelecer limites, remetendo a
fixação desses limites para regulamentação em Portaria do Ministério das Finanças.
Quais os limites atuais? Os valores máximos de amortizações foram assim definidos
na Portaria n.º 467/2010, de 07 de julho, mas ao contrário do que acontecia até
aqui, esta prevê também a data de aquisição das viaturas a partir da qual tem
aplicação diferentes limites. Desta forma, os limites criados foram: €40.000 para
veículos adquiridos em 2010; €45.000 para veículos exclusivamente elétricos e
€30.000 para os demais, todos adquiridos em 2011; €50.000 para veículos exclusi-
vamente elétricos e €25.000 para os demais, todos adquiridos a partir de 2012.
Exemplo 1 Uma empresa adquiriu, em 2009, duas viaturas por €40.000 cada. Tendo
ambos os veículos um valor de aquisição de €40.000, do ponto de vista contabilísti-
co, a amortização seria de €10.000 (€40.000 x 25%) para cada. No entanto, como as
viaturas de 2009 têm um valor máximo de aquisição de €29.927,87, o valor máximo
anual de amortização seria de €7.481,97 (€29.927,87 x 25%). Pelo que, o diferencial
não aceite fiscalmente, a regularizar no Modelo 22, é de: €10.000 (relevado contabi-
listicamente) - €7.481,97 (máximo admissível fiscalmente) = €2.518,03.
Exemplo 1a A empresa anterior adquiriu outra viatura, não elétrica, em 2011 pelo
mesmo valor das anteriores, €40.000. Aplicando a taxa dos 25%, do ponto de vista
contabilístico seriam amortizados €10.000 (40.000 x 25%), mas do ponto de vista
fiscal, como o máximo aceite é de €30.000, o valor máximo anual de amortização
seria €7.500 (€30.000 x 25%), logo €2.500 (€10.000 - €7.500) não são aceites
fiscalmente. Em 2012, com os dados anteriores, teríamos duas realidades distintas
no que diz respeito às amortizações fiscais: as viaturas de 2009 teriam um valor
fiscalmente aceite de €7.481,97 cada e a viatura de 2011 teria um valor fiscalmente
aceite de €7.500.
As deduções fiscais das amortizações de viaturas sofreram
alguma alteração? Os limites de amortização com impacto
fiscal dependem do ano de aquisição?
O facto de se encontrar determinado bem numa das Tabelas Específicas, não faz com
que se deva recorrer automaticamente a esse código. O bem a amortizar deve estar
contido na área específica da empresa em questão, caso contrário, tem que se
recorrer a uma das alíneas das Tabelas Genéricas.
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FROTA
PAG. 3 www.dicasmagazine.com
Regime de transparência fiscal O regime de transparência fiscal, que se encontra
previsto no CIRC, imputa aos sócios de certas sociedades a matéria coletável da
mesma, determinada de acordo com as regras do IRC. A matéria coletável é integra-
da no rendimento tributável desses sócios em IRS e IRC, consoante o caso.
Quem pode usufruir? Podem ser abrangidas pelo regime de transparência fiscal as
sociedades: civis não constituídas sob forma comercial; de profissionais; de simples
administração de bens, cuja maioria do capital social pertença, direta ou indireta-
mente, durante mais de 183 dias do exercício social, a um grupo familiar, ou cujo
capital social pertença, em qualquer dia do exercício social, a um número de sócios
não superior a cinco e nenhum deles seja pessoa coletiva de direito público.
O que é uma sociedade de profissionais? Para o efeito da aplicação do regime de
transparência fiscal, uma sociedade de profissionais tem de ser constituída para o
exercício de uma única atividade profissional constante da lista anexa do artigo
151.º do CIRS, sendo que todos os sócios tem de ser profissionais dessa atividade e
exercer efetivamente essa atividade na sociedade.
Atenção Nesta situação, todos os sócios, quando considerados individualmente,
ficam abrangidos pela categoria dos rendimentos de trabalho independente (cat. B).
O que é uma sociedade de simples administração de bens? Uma sociedade de
simples administração de bens limita a sua atividade à administração de bens ou
valores mantidos como reserva ou para fruição ou compra de prédios para a
habitação dos seus sócios. Também se classifica deste modo a sociedade que,
conjuntamente exerça outras atividades e cujos rendimentos relativos a esses bens,
valores ou prédios atinjam, na média dos últimos 3 anos, mais de 50% da média,
durante o mesmo período, da totalidade dos seus rendimentos.
CASO APRESENTADO
No caso exposto é importante serem todos familiares? Uma vez que a atividade
exercida é a medicina, pois é uma clínica médica, não é importante que os sócios
sejam todos familiares. Os grupos familiares só relevam para o regime de transpa-
rência fiscal no caso das sociedades de simples administração de bens.
A clínica médica pode ser considerada como uma sociedade de profissionais? Para
que possa ser sociedade de profissionais a clínica tem de preencher três condições:
i) a sua atividade estar prevista na lista anexa ao artigo 151.º do CIRS; ii) todos os
sócios sejam profissionais dessa atividade, neste caso, todos médicos; iii) todos os
sócios exerçam essa atividade na sociedade. No caso apresentado, das três condi-
ções apenas a primeira é preenchida, pois o sócio farmacêutico não tem a mesma
atividade profissional (porque não é médico) e obviamente, não exerce tal ativida-
de na sociedade.
Não estamos abrangidos!? Visto não se encontrarem preenchidas todas as condi-
ções necessárias, esta sociedade não está abrangida pelo regime de transparência
fiscal.
Temos uma clínica médica com quatro sócios familiares: três
médicos e um farmacêutico. É verdade que com esta composição
a empresa não paga IRC, cabendo isso aos sócios?
As sociedades abrangidas pelo regime de transparência fiscal não pagam IRC mas
estão sujeitas às tributações autónomas das despesas não documentadas, despesas
de representação, encargos com viaturas e despesas com ajudas de custo tal como as
outras sociedades.
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As sociedades no
regime de
transparência fiscal
não pagam IRC,
incidindo a tributação
sobre o rendimento
dos respetivos sócios,
mesmo que não tenha
havido distribuição de
lucros.
Um grupo familiar é
constituído por
pessoas unidas por
vínculo conjugal ou
adoção e de
parentesco ou
afinidade na linha reta
ou colateral até ao
quarto grau, inclusive.
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SOCIEDADES
Imputação de lucros São imputados aos sujeitos passivos residentes em território
português os lucros obtidos por entidades não residentes sujeitas a regime fiscal
mais favorável, sempre que esses residentes em território nacional tenham, direta
ou indiretamente, mesmo que através de mandatário, fiduciário ou interposta
pessoa, pelo menos 25% das partes de capital, direitos de voto ou direitos sobre os
rendimentos ou os elementos patrimoniais dessas entidades. Se o capital da
entidade não residente for detido em mais de 50% por sócios residentes em
Portugal, basta que um tenha 10% nas condições acima descritas para que possam
ser-lhe imputados os lucros dessa entidade.
Atenção Esta imputação de lucros já se encontrava prevista mas o OE 2012 adicio-
nou a previsão da possibilidade de interposição de mandatários, fiduciários ou
outras pessoas na detenção da participação.
Onde declarar? A imputação dos lucros da entidade não residente deve ser feita no
quadro 07 do Modelo 22, acrescendo ao lucro tributável do sujeito passivo residen-
te. Essa imputação deve fazer-se no período de tributação do sujeito passivo de IRC
que inclua o termo do período de tributação da entidade não residente. O montante
imputado deve corresponder ao produto da percentagem detida direta ou indireta-
mente, mesmo através de mandatário, fiduciário ou interposta pessoa, pelo total de
lucros da entidade não residente deduzido do montante do imposto sobre o
rendimento incidente sobre esses lucros ou rendimentos a que houver lugar de
acordo com o regime fiscal aplicável no Estado de residência dessa entidade.
Exemplo Uma sociedade residente em Portugal detém 15% de uma entidade
sediada nas ilhas Palau e dois outros sócios residentes, pessoas singulares, detêm
indiretamente, através de interpostas pessoas, o capital restante. O lucro apurado
em 2011 foi de €100.000, não havendo lugar ao pagamento de qualquer imposto
nas ilhas Palau. Neste caso, a sociedade residente deve acrescer €15.000 no dito
quadro 07.
É obrigatório imputar imposto? Para que não haja lugar à obrigação de imputação
do imposto das sociedades não residentes é preciso que, cumulativamente:
1. os lucros da entidade não residente provenham em mais de 75% de atividade
agrícola ou industrial no território onde está estabelecida, ou, sendo atividade
comercial, não tenha como intervenientes residentes no território português ou
tendo-os, seja dirigida predominantemente ao mercado do território onde está
estabelecida;
2. a atividade principal da entidade não residente não consista na realização de
operações próprias da atividade bancária, operações relativas à atividade
seguradora quando os bens ou pessoas segurados não se situem no território
onde a entidade esteja estabelecida, operações relativas a partes de capital ou
outros valores mobiliários, a direitos da propriedade intelectual ou industrial, à
prestação de informações respeitantes a uma experiência adquirida no sector
industrial, comercial ou científico ou à prestação de assistência técnica, ou
locação de bens, exceto de bens imóveis situados no território de residência.
O OE 2012 reforçou as medidas de controle sobre os
rendimentos obtidos por offshores? E quanto à tributação?
Esta imputação de lucros não é aplicável quando a entidade não residente esteja
sediada em Estado membro da UE ou do Espaço Económico Europeu, desde que o
sujeito passivo demonstre que a sociedade foi constituída e funciona por razões
económicas válidas.
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Já entrou em vigor o
Orçamento Retificativo
(Conselho de Ministros,
29 de março de 2012),
que limita a €1.000 os
pagamentos em
dinheiro que envolvam
relações comerciais
entre empresas e/ou
empresários em nome
individual.
Na prática, sempre que o
serviço exceder os
€1.000 o pagamento
terá de ser efetuado por
transferência bancária,
cheque nominativo ou
débito direto.
Esta alteração do limite
de €9.700 para €1.000
tem como objetivo
aumentar a
transparência, levando a
que a identificação do
destinatário do
pagamento seja mais
frequente.
PAG. 4/8
INTERNACIONAL
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Legislação Atualmente existem duas tipologias de passes para estudantes com 50%
de desconto sobre o preço base. A criação desses passes foi materializada pela
publicação do Decreto-Lei n.º 186/2008 para o passe [email protected] destinado a
aos estudantes do ensino não superior que tenham entre os 4 e 18 anos, e do
Decreto-Lei n.º 203/2009 para o passe [email protected] destinado a subsidiar os
estudantes que andem no ensino superior que tenham até 23 anos de idade.
A quem é dado o subsídio? Neste âmbito, existindo, por diploma legal, um desconto
de 50% sobre o produto vendido a determinados consumidores, as entidades
vendedoras têm que ser ressarcidas desse montante. Desta forma, compensando
financeiramente essas entidades pelos descontos de 50% dados aos estudantes, o
Estado atribuí um subsídio às empresas de transporte coletivo que o efetuem.
Como é calculado esse subsídio? Nos termos das Portarias n.º 982-A/2009 e n.º 982-
B/2009, os operadores de transporte são compensados em função dos descontos
dados, tendo em conta o preço pago pelo cliente e o que seria pago pelo passe
correspondente de tarifa inteira, ou de criança/estudante com desconto. Para
controlo destes descontos, a empresa de transporte deverá ter um registo informáti-
co com os passes de estudantes adquiridos no âmbito destes programas, ficando
esse registo disponível para controlo da entidade competente.
Dica Os pagamentos dos subsídios são efetuados mensalmente a cada operador.
Tributação A tributação das subvenções está prevista no artigo 16.º, n.º 5 do CIVA,
que estabelece que o valor tributável das transmissões de bens e das prestações de
serviços sujeitas a imposto inclui as subvenções diretamente conexas com o preço
de cada operação, considerando como tais as que são estabelecidas em função do
número de unidades transmitidas ou do volume dos serviços prestados e sejam
fixadas anteriormente à realização das operações.
Que subvenções estão abrangidas? O fisco considera que ficam abrangidas por esta
categoria de subvenções as indemnizações compensatórias destinadas a compensar,
por razões sociais ou derivadas de um sector económico, os baixos preços de venda
praticados (preços inferiores à normal rentabilidade da empresa subvencionada),
desde que, bem entendido, sejam estabelecidas com referência ao preço ou às
quantidades transmitidas.
Este subsídio é tributado em sede de IVA? No caso em concreto parece estar em
causa um subsídio de compensação de baixos preços praticados que será atribuído
em função dos descontos concedidos, ou seja, em função dos passes para estudan-
tes emitidos nos termos da legislação mencionada. Por consequência, e como
explicado anteriormente, o referido subsídio estará efetivamente sujeito a tributa-
ção em IVA nos termos da alínea c) do n.º 5 do artigo 16.º do CIVA.
Liquidação Como as compensações financeiras relativamente à venda destes passes
se referem à prestação de serviços continuados, sendo o respetivo cálculo e
pagamento feito mensalmente, o IVA deve ser liquidado também mensalmente com
base nesses apuramentos.
A nossa empresa de transporte de passageiros recebe subsídio
do Governo por só cobrar metade do valor do passe aos
estudantes com declaração da escola. Esse subsídio tem IVA?
Para que o estudante possa requerer o desconto tem de entregar, à empresa de
transportes subsidiada, o formulário para declaração de matrícula ou o formulário
para declaração de inscrição devidamente preenchido pela entidade de ensino não
superior ou superior, respetivamente.
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Os formulários a
entregar para requerer
desconto nos passes
4_18 e passes sub23
encontram-se
disponíveis na página
de internet do
Instituto da
Mobilidade e dos
Transportes
Terrestres.
Para efetuar o seu
download só tem de
visitar a página
www.imtt.pt e no
menu à esquerda
selecionar
FORMULÁRIOS >
PASSES 4_18 E SUB23.
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SUBSÍDIOS
Dedução Em principio, para efeitos do apuramento do imposto, os sujeitos passivos
de IVA podem deduzir, ao imposto incidente sobre as operações tributáveis que
fizeram, o IVA devido/pago pela aquisição de bens e serviços a outros sujeitos
passivos.
Condicionantes No entanto, só é dedutível o imposto devido ou pago: i) que seja
mencionado em faturas e documentos equivalentes passados em forma legal e que
estejam em nome e na posse do sujeito passivo; ii) que tenha incidido sobre bens
ou serviços adquiridos, importados ou utilizados pelo sujeito passivo para a realiza-
ção de transmissões de bens e prestações de serviços sujeitas a imposto e dele não
isentas.
Dica No caso das importações, o imposto deve ser mencionado no recibo de
pagamento de IVA que faz parte das declarações de importação.
Exclusões O artigo 21.º do CIVA exclui do direito à dedução, total ou parcialmente,
certas despesas com veículos, combustíveis, despesas de transporte e alimentação,
ainda que essas despesas estejam suportadas por documentos em forma legal e
digam respeito a bens e serviços utilizados para a realização de transmissões de
bens ou prestações de serviços sujeitas a imposto e não isentas. Desta forma, exclui
-se do direito à dedução o imposto contido nas despesas relativas à aquisição,
fabrico ou importação, à locação, à utilização, à transformação e reparação de
viaturas de turismo, de barcos de recreio, helicópteros, aviões, motos e motociclos.
Viaturas de turismo A lei considera viatura de turismo qualquer veículo automóvel,
com inclusão do reboque, que, pelo seu tipo de construção e equipamento, não seja
destinado unicamente ao transporte de mercadorias ou a uma utilização com
carácter agrícola, comercial ou industrial ou que, sendo misto ou de transporte de
passageiros, não tenha mais de nove lugares, com inclusão do condutor.
Então pode-se deduzir o IVA de um veículo de mercadorias? De uma leitura a
contrario sensu da definição fiscal de viatura de turismo parece concluir-se que,
regra geral, um veículo ligeiro de mercadorias, como tal identificado no livrete, não
é uma viatura de turismo sendo possível deduzir o IVA das despesas dessa viatura.
Qual é a interpretação do fisco? O fisco considera que não basta que um veículo
seja classificado no livrete como veículo de mercadorias para afastar a exclusão do
direito à dedução. Segundo o mesmo, é sempre necessário que, para além da
classificação constante do livrete, a conexão da utilização da viatura de mercadorias
com o tipo de operações tributáveis praticadas pelo sujeito passivo.
E quanto aos profissionais liberais? Sendo a atividade desenvolvida a de profissio-
nal liberal, existe um risco fiscal significativo na dedução do IVA de despesas
relacionadas com o veículo ligeiro de mercadorias. Com efeito, em informação
vinculativa sancionada com Despacho de 25 de março de 2009 (Processo D051
2009030), o fisco considerou não haver relação entre a atividade de TOC e o uso de
veículo de mercadorias, declarando não se poder deduzir o IVA de veículos de
mercadorias no caso de certas atividades de índole liberal.
Sou profissional liberal e tenho um veículo ligeiro de
mercadorias que uso nas deslocações necessárias da minha
atividade. Posso deduzir o IVA das despesas desse veículo?
Só se deve proceder à dedução do IVA de veículos ligeiros de mercadorias, utilizados
por profissionais liberais, se se estiver em condições de demonstrar a existência de
uma conexão entre a utilização do veículo e a atividade desenvolvida.
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O Decreto-Lei n.º
65/2012, de 15 de
março, veio estabelecer
o regime jurídico de
proteção social, na
eventualidade de
desemprego, para os
trabalhadores
independentes que
prestem serviços a uma
entidade contratante da
qual dependem
economicamente.
O principal objetivo
deste documento legal é
estender aos
trabalhadores
independentes a
proteção no desemprego
da qual já usufruem os
trabalhadores por conta
de outrem.
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VEÍCULOS
PAG. 7 www.dicasmagazine.com
Tem de existir fatura e esta legalmente elaborada! O artigo 19.º do CIVA não deixa
margem para dúvidas informando que só é dedutível o imposto mencionado em
fatura ou documento equivalente. O n.º 6 do mesmo artigo acrescenta que tais
documentos têm forçosamente de cumprir com os requisitos do artigo 36.º do CIVA,
para que sejam legalmente considerados.
Que requisitos são esses? O n.º 5 do artigo 36.º do CIVA indica os requisitos para
que uma fatura seja considerada como legalmente emitida. Segundo este, o
documento deve ter obrigatoriamente a data e a sua emissão têm de obedecer a
numeração sequencial, ou seja, nunca se pode emitir documentos com data anterior
a outro documento emitido previamente.
Exemplo Se a fatura n.º 200 é de 01 de maio de 2012, a n.º 201 tem de ter data
igual ou posterior, nunca anterior.
Elementos das faturas Para além dos elementos de carácter identificativo dos
intervenientes, como sejam os nomes ou designações sociais, sede ou domicílio
fiscal e os números de identificação fiscal (NIF) do fornecedor ou prestador de
serviço e cliente, ainda devem constar da fatura as quantidades e as designações
usuais dos bens ou serviços em causa com a indicação da taxa do IVA aplicável.
Deverá ser também referido o preço líquido de IVA e o montante de imposto. No
caso de se tratar de bens ou serviços transmitidos por retalhistas, não há a necessi-
dade de evidenciar a base e o imposto, bastando apenas o preço final, com inclusão
do imposto e a taxa aplicável (art. 39.º CIVA). Nos casos de isenção é necessário
identificar a razão da não liquidação do imposto (alin. e), n.º 5, art. 36.º CIVA).
Dica Segundo o Oficio-Circulado n.º 30091/2006 de 05 de abril, o recurso a abrevia-
turas, devido à complexidade ou extensão do nome dos intervenientes, é aceite
como procedimento legal.
Esses dados são obrigatórios nas faturas de combustível? O Decreto-Lei n.º 521/85
de 31 de dezembro de 1985, no seu artigo 4.º prevê que, nos casos das faturas de
combustível não há necessidade de evidenciar o IVA. Posteriormente, o Oficio n.º
12354 dos Serviços do IVA, de 12 de fevereiro de 1988, estabeleceu que são
também dispensáveis nesses documentos todos os elementos referentes ao
adquirente, desde que tenha o NIF e a matrícula do veículo abastecido.
O fornecedor não vai entregar o IVA! Não se pode deduzir o imposto quando haja
conhecimento que o fornecedor não dispõe de adequada estrutura comercial para a
atividade declarada. Isto significa que, se o adquirente souber que o fornecedor não
quer entregar o IVA recebido ao Estado, então, não o pode deduzir.
Mas como é que eu posso ter essa informação? Não são raras as situações de
empresas que cessam a atividade e continuam a laborar, emitindo faturas com IVA
que não chega aos cofres do Estado. Tal ato poderá trazer dissabores aos clientes
que a elas recorrem e que deduzem o IVA das suas faturas. Para que tal não
aconteça, antes de qualquer transação, o adquirente deverá verificar o NIF do
fornecedor.
Quais são os requisitos a observar para que possa deduzir o IVA
de certa fatura? E se o meu fornecedor não pretender entregar
o imposto aos cofres do Estado?
É necessário cumprir com todos os formalismos referidos no artigo 36.º do CIVA para
que se possa exercer o direito à dedução do IVA presente em determinada fatura.
Contudo, as Finanças aceitam, em termos de identificação dos intervenientes na
fatura, que se possam usar abreviaturas no nome da empresa e que as faturas de
combustível possam conter apenas o NIF e a matrícula do veículo abastecido.
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Para verificar se
determinada empresa
se encontra em
atividade identifique,
na pagina de internet
ec.europa.eu/
taxation_customs/
vies/, o país e o
respetivo NIF da
empresa, também
conhecido por número
de IVA, e clique em
VERIFICAR.
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FATURAÇÃO
Subsídio de doença O subsídio de doença é uma prestação pecuniária atribuída para
compensar a perda de remuneração, resultante do facto do trabalhador estar
impedido temporariamente, por motivo de doença. Cabe à Segurança Social efetuar
o pagamento deste subsídio ao funcionário que está em baixa médica.
Certificação de doença O subsídio de doença só pode ser atribuído mediante
apresentação de Certificado de Incapacidade Temporária por Estado de Doença
(CIT). A doença tem assim que ser certificada em impresso próprio emitido pelos
serviços de saúde competentes do Serviço Nacional de Saúde, com exceção dos
serviços de urgência, confirmando a incapacidade do beneficiário e a natureza da
mesma, indicando também se se trata de uma baixa inicial ou de uma prorrogação
desta.
Atenção O CIT tem de ser enviado à Segurança Social no prazo de 5 dias úteis a
contar da data em que é emitido.
Requisitos Os trabalhadores por conta de outrem para terem direito a este subsídio
para além de terem de apresentar o CIT, têm de simultaneamente: i) ter trabalhado
e descontado durante 6 meses para a Segurança Social ou outro sistema de prote-
ção social que assegure um subsídio em caso de doença; ter trabalhado pelo menos
12 dias nos primeiros 4 meses dos últimos 6 anteriores à baixa.
Período de concessão O subsídio de doença é atribuído pelos períodos máximos de:
1.095 dias a trabalhadores por conta de outrem, trabalhadores marítimos e vigias
nacionais que trabalhem em barcos de empresas estrangeiras; 365 dias a trabalha-
dores independentes (a recibo verde ou empresários em nome individual) e bolsei-
ros de investigação científica.
Cessação do pagamento O pagamento do subsídio de doença cessa quando:
● for atingido o termo do período constante do CIT (vulgo baixa médica);
● durante o período de incapacidade tenha sido declarada a não subsistência da
doença pelos serviços de saúde competentes ou pela comissão de reavaliação;
● o beneficiário tenha retomado o exercício da atividade profissional, por se
considerar apto;
● o beneficiário tenha trabalhado durante a baixa, mesmo que não haja provas de
ter sido pago;
● o beneficiário não tiver apresentado justificação atendível para a ausência da
residência, ou falta a exame médico para que tenha sido convocado.
Subsídios de Natal e férias As prestações compensatórias relativas ao pagamento
dos subsídios de Natal e de férias só serão pagas pela Segurança Social se o
beneficiário, em consequência de doença subsidiada, não tenha direito ou os
mesmos não lhe tenham sido pagos pela entidade empregadora de acordo com o
estabelecido em regulamentação coletiva de trabalho ou outra fonte de direito
laboral.
Quanto tempo pode estar um funcionário em baixa por doença?
Cabe à minha empresa ou à Segurança Social efetuar o
pagamento do subsídio ao funcionário?
Relativamente à baixa de um trabalhador por conta de outrem, a Segurança Social é
obrigada a pagar o respetivo subsídio durante a totalidade do tempo de baixa fixado
pelo médico assistente, se este período não for superior aos 1.095 dias previstos na
lei.
DICAS MAGAZINE
GESTÃO
ANO 6 N.º 1
2012.05.23
WWW.DMEDITORES.COM
Responsáveis editoriais:
Tânia Marques, Gisela Franco
(coloque-nos a sua questão para
Colab oradores pr inc ipa is : Henrique Nunes (Advogado), Sara Quaresma (Jurista), Lino Bailão (Revisor Oficial de Contas), Susana Machado (Jurista), Pedro Cruz (Consultor Fiscal), Nádia Marques (Jornalista) , Amélia Bailão (Advogada), Carlos Rosado (Técnico
Oficial de Contas)
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