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234
MIGUEL ÂNGELO GONÇALVES PESTANA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: TRANSIÇÃO PARA A VIDA ACTIVA Orientador: Doutor Professor Horácio Saraiva Escola Superior de Educação Almeida Garrett Lisboa 2011

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MIGUEL NGELO GONALVES PESTANA

DEFICINCIA INTELECTUAL: TRANSIO PARA A

VIDA ACTIVA

Orientador: Doutor Professor Horcio Saraiva

Escola Superior de Educao Almeida Garrett

Lisboa

2011

ii

MIGUEL NGELO GONALVES PESTANA

DEFICINCIA INTELECTUAL: TRANSIO PARA A

VIDA ACTIVA

Dissertao apresentada para a obteno do

Grau de Mestre em Educao Especial no

Mestrado em Educao Especial, conferido pela

Escola Superior de Educao Almeida Garrett.

Orientador: Doutor Professor Horcio

Saraiva

Escola Superior de Educao Almeida Garrett

Lisboa

2011

iii

Agradecimentos

Em primeiro lugar quero agradecer a minha esposa e filha pela fora e apoio

transmitidos ao longo deste processo, o qual sem elas no teria sido possvel.

Quero tambm agradecer ao Professor Doutor Horcio Saraiva por to bem me ter

orientado, mostrando-se sempre interessado e disponvel para me orientar no meu

trabalho, pela transmisso de conhecimento e pela presena sempre com uma palavra de

apoio.

Docente Especializada do STIFPEPD, Dr. Encarnao Pires, pela ajuda prestada nas

intervenes ou fora das mesmas; por estar sempre presente e por me ajudar no apoio

prestado aos alunos.

Dr. Natrcia Castro, coordenadora do CAP de Cmara de Lobos, pela

disponibilidade em fornecer alguns dados dos alunos.

Por fim, quero agradecer aos jovens que tornaram este processo rico em experincia e

aprendizagem.

O meu Muito Obrigado a Todos!

iv

Resumo

Nos dias de hoje, a luta contra a discriminao e o combate ao preconceito tm tido

grandes conquistas em diversas reas, assistindo-se a uma certa evoluo numa

sociedade com uma viso cada vez mais humana.

Os cidados portadores de deficincia, apesar de terem estado margem da sociedade

por muitos e longos anos, comeam a ter voz nas questes sociais e quotidianas.

Paralelamente, uma sociedade cada vez mais globalizada evoca a necessidade de uma

maior aposta na educao e formao dos cidados em prol de uma vida mais justa e

igualitria. Assim, as pessoas com deficincia devero, mais do que nunca, tentar

equipar-se e dotar-se de todo um conjunto de meios possveis que possibilitem o seu

xito profissional, bem como o sentimento de realizao pessoal e social no trabalho

que desempenham. Em virtude da importncia que se d no contexto actual transio

para a vida activa de jovens com deficincia pretende-se, com este projecto de

investigao, compreender, analisar e optimizar as reas de competncia adquiridas, em

aquisio e no adquiridas de um grupo de alunos com Deficincia Intelectual em

formao prtica em contexto de trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: Deficincia Intelectual, Transio para a Vida Activa, verificao de

Competncias.

v

Abstract

Nowadays, the fight against discrimination and prejudice has had great achievements in

several areas, while watching to a certain evolution in a society with a more and more

humane vision.

Citizens with disabilities, despite having been on the fringes of society for many

years, now begin to have a voice on social and everyday issues.

Simultaneously, an increasingly globalized society evokes the need for greater

investment in education and training of citizens towards a more just

and equalitarian life. Thus, people with disabilities should, more than ever, try to equip

and endow themselves with a whole range of possible means that allow for their

professional success, as well as the sense of personal and social fulfillment in work they

perform.

Due to the importance given in current context to the transition to active life of young

people with disabilities, it is intended, with this research project, to

understand, analyze and optimize the acquired, in acquisition and not acquired areas of

competence by a group of Students with Intellectual Disabilities in practical training at

workplace.

KEYWORDS: Intellectual Disability, Transition to Active Life, proofing of skills.

vi

ndice

1. Introduo ............................................................................................................................. 1

2. Caracterizao do meio ......................................................................................................... 4

2.1. Enquadramento Histrico .............................................................................................. 4

2.2. Enquadramento Geogrfico ........................................................................................... 5

2.3. Enquadramento Demogrfico ....................................................................................... 5

2.4. Enquadramento Econmico .......................................................................................... 6

2.5. Enquadramento Social .................................................................................................. 6

2.6. Sala de educao especial ............................................................................................. 6

3. Caracterizao geral dos alunos ............................................................................................ 8

4. O conceito de Deficincia intelectual .................................................................................. 22

5. Classificao da deficincia intelectual ............................................................................... 25

5.1. Limite ou bordeline ..................................................................................................... 27

5.2. Ligeiro ......................................................................................................................... 27

5.3. Moderado ou mdio .................................................................................................... 28

5.4. Severo ou grave ........................................................................................................... 28

5.5. Profundo ...................................................................................................................... 28

6. Instrumentos de avaliao da Deficincia Intelectual ......................................................... 31

7. Apoios Pessoa com Deficincia Intelectual ...................................................................... 34

8. Caractersticas das crianas com deficincia intelectual ..................................................... 37

8.1. rea Motora ................................................................................................................ 37

8.2. rea Cognitiva ............................................................................................................ 38

8.3. reas da Comunicao ................................................................................................ 38

8.4. rea Scio Educacional .............................................................................................. 39

9. Causas da deficincia intelectual ......................................................................................... 41

9.1. Leses antes do parto (Pr-Natais) .............................................................................. 41

9.2. Leses durante o parto (Perinatais) ............................................................................. 42

9.3. Leses aps o parto (Leses Ps-Natais) .................................................................... 42

10. A Deficincia Intelectual e o Comportamento Adaptativo ............................................. 44

11. Breve histria da educao de pessoas com deficincia intelectual ................................ 49

11.1. O caso Portugus ..................................................................................................... 56

vii

11.2. O Caso Da Regio Autnoma da Madeira .............................................................. 60

11.3. O percurso evolutivo da educao especial na Regio Autnoma da Madeira ....... 60

12. Integrao Profissional de Pessoas com Deficincia na Regio Autnoma da Madeira 62

12.1. Emprego Protegido .................................................................................................. 63

12.2. Centro Novas Oportunidades .................................................................................. 66

12.3. Empresa de Insero ................................................................................................ 69

12.4. Reestruturao dos Cursos de Formao Profissional ............................................. 71

13. STIFPEPD - Servio Tcnico de Integrao e Formao Profissional e Emprego

Protegido de Deficientes ............................................................................................................. 73

13.1. Historial ................................................................................................................... 73

13.2. Atribuies .............................................................................................................. 74

13.3. Objectivos................................................................................................................ 74

14. Deficincia Intelectual e a Transio para a vida activa .................................................. 76

15. O Emprego e a pessoa com Deficincia Intelectual ........................................................ 79

16. Comportamento Individual e Interpessoal no seio das Organizaes ............................. 83

17. As TIC nas Dificuldades Intelectuais e Desenvolvimentais ............................................ 87

18. Metodologia de investigao e anlise de dados ............................................................. 92

19. Tcnicas de recolha de dados .......................................................................................... 96

20. Tcnica de anlise de dado .............................................................................................. 98

21. Tratamento de Dados (fase I) .......................................................................................... 99

22. Estratgias/actividades de remediao .......................................................................... 114

22.1. rea de Linguagem e Comunicao ..................................................................... 114

22.2. rea de Matemtica para a Vida ........................................................................... 132

22.3. rea das TIC e de Cidadania e Empregabilidade .................................................. 138

23. Tratamento de Dados (fase II) ....................................................................................... 146

24. Concluso ...................................................................................................................... 168

Bibliografia ............................................................................................................................... 170

Anexos....................................................................................................................................... 177

Anexo I Grelha de verificao de competncias ................................................................ 178

Anexo II - Processo tripartido: diagnstico, classificao e sistema de apoios (AAMR, 1992)

............................................................................................................................................... 201

Anexo III - Exemplos de fichas de actividades prticas realizadas pelos alunos .................. 207

Anexo IV pedido de autorizao aos Encarregados de Educao ...................................... 220

viii

ndice de Tabelas

Tabela 1 - Processo Tripartido: diagnostico, classificao e sistema de apoios (AAMR, 1992) .. 25

Tabela 2 - Processo Tripartido: diagnostico, classificao e sistema de apoios (AAMR, 1992) .. 26

Tabela 3 - Processo Tripartido: diagnostico, classificao e sistema de apoios (AAMR, 1992) .. 26

Tabela 4 - graus de deficincia mental e respectivos grupos ..................................................... 27

Tabela 5 - Escalas de Desenvolvimento / Escalas de Funcionamento Intelectual ...................... 31

Tabela 6 - Escalas de Funcionamento Intelectual (WPPSI ou WISC) ........................................... 31

Tabela 7 - Classificao WISC III ................................................................................................. 32

Tabela 8 - escalas de comportamento adaptativo ECASVP e VINELAND .................................. 33

Tabela 9 - intensidades do apoio ................................................................................................ 35

Tabela 10 - comparao dos resultados da fase I e II ............................................................... 167

ix

ndice de Grficos

Grfico 1 - rea - Linguagem e Comunicao - Fase I ................................................................. 99

Grfico 2 - sub-rea - expresso oral - fase I ............................................................................... 99

Grfico 3 - sub-rea - leitura - fase I .......................................................................................... 100

Grfico 4 - sub-rea - expresso escrita - fase I ........................................................................ 100

Grfico 5 - sub-rea - linguagem no verbal - fase I ................................................................. 100

Grfico 6 - rea - tecnologias de informao e comunicao - fase I ....................................... 101

Grfico 7 - sub-rea - equipamento tecnolgico diverso - fase I .............................................. 101

Grfico 8 - sub-rea - operaes bsicas no computador - fase I ............................................. 101

Grfico 9 - sub-rea - programa de processamento de texto - fase I ....................................... 102

Grfico 10 - sub-rea - Internet e E-mail - fase I ....................................................................... 102

Grfico 11 - rea - matemtica para a vida - fase I ................................................................... 103

Grfico 12 - sub-rea - mtodos para processar a informao - fase I ..................................... 103

Grfico 13 - sub-rea - clculo - fase I ....................................................................................... 103

Grfico 14 - sub-rea - resultados e concluses - fase I ............................................................ 104

Grfico 15 - rea - cidadania e empregabilidade - fase I ........................................................... 105

Grfico 16 - sub-rea - independncia pessoal - cuidados pessoais (higiene) - fase I .............. 105

Grfico 17 - sub-rea - independncia pessoal - cuidados pessoais (vesturio) - fase I ........... 105

Grfico 18 - sub-rea - independncia pessoal - cuidados pessoais (alimentao) - fase I ...... 106

Grfico 19 - sub-rea - independncia pessoal - cuidados pessoais (nutrio) - fase I ............ 106

Grfico 20 - sub-rea - independncia pessoal - actividades de vida diria (confeco) - fase I

................................................................................................................................................... 106

Grfico 21 - sub-rea - independncia pessoal - actividades de vida diria (actividades caseiras)

- fase I ........................................................................................................................................ 107

Grfico 22 - independncia pessoal - actividades de vida diria (actividades compras) - fase I

................................................................................................................................................... 107

Grfico 23 - independncia pessoal - actividades de vida diria (mobilidade) - fase I ............. 107

Grfico 24 - sub-rea - independncia pessoal - actividades de vida diria (servios) - fase I . 108

Grfico 25 - sub-rea - independncia pessoal - cuidados pessoais (sade) - fase I ................ 108

Grfico 26 - sub-rea - independncia pessoal - educao para a sexualidade e afectos

(componente biolgica) - fase I ................................................................................................. 108

Grfico 27 - sub-rea - independncia pessoal - educao para a sexualidade e afectos

(comportamentos) fase I ........................................................................................................ 109

Grfico 28 - sub-rea - independncia pessoal - educao para a sexualidade e afectos

(anticoncepcionais) - fase I ........................................................................................................ 109

Grfico 29 - sub-rea - independncia pessoal - cuidados pessoais (segurana) - fase I ......... 109

Grfico 30 - sub-rea - higiene e segurana no trabalho - fase I .............................................. 110

Grfico 31 - sub-rea - responsabilidade e tica - fase I ........................................................... 110

Grfico 32 - sub-rea - relacionamento interpessoal - fase I .................................................... 110

Grfico 33 - sub-rea - trabalho em equipa/grupo - fase I ....................................................... 111

Grfico 34 - sub-rea - cultura organizacional - fase I............................................................... 111

file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947815file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947818file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947818file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947821file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947831

x

Grfico 35 - sub-rea - formao contnua - fase I .................................................................... 111

Grfico 36 - sub-rea - profisso e trabalho - fase I .................................................................. 112

Grfico 37 - sub-rea - desenvolvimento socioeconmico - fase I ........................................... 112

Grfico 38 - rea - linguagem e comunicao - fase II .............................................................. 146

Grfico 39 - sub-rea - expresso oral - fase II .......................................................................... 146

Grfico 40 - sub-rea - leitura - fase II ....................................................................................... 147

Grfico 41 - sub-rea - expresso escrita - fase II ..................................................................... 147

Grfico 42 - sub-rea - linguagem no verbal - fase II .............................................................. 147

Grfico 43 - rea - tecnologias de informao e comunicao - fase II .................................... 148

Grfico 44 - sub-rea - equipamento tecnolgico - fase II ........................................................ 148

Grfico 45 - sub-rea - operaes bsicas no computador - fase II .......................................... 148

Grfico 46 - sub-rea - programa de processamento de texto - fase II .................................... 149

Grfico 47 - sub-rea - Internet e E-mail - fase II ...................................................................... 149

Grfico 48 - rea - matemtica para a vida - fase II .................................................................. 150

Grfico 49 - sub-rea - mtodos para processar a informao - fase II .................................... 150

Grfico 50 - sub-rea - clculo - fase II ...................................................................................... 150

Grfico 51 - sub-rea - resultados e concluses - fase II ........................................................... 151

Grfico 52 - rea - cidadania e empregabilidade - fase II .......................................................... 152

Grfico 53 - sub-rea - independncia pessoal - cuidados pessoais (higiene) - fase II ............. 152

Grfico 54 - sub-rea - independncia pessoal - cuidados pessoais (vesturio) - fase II .......... 152

Grfico 55 - sub-rea - independncia pessoal - cuidados pessoais (alimentao) - fase II ..... 153

Grfico 56 - independncia pessoal - cuidados pessoais (nutrio) - fase II............................. 153

Grfico 57 - sub-rea - independncia pessoal - actividades de vida diria (confeco) - fase II

................................................................................................................................................... 153

Grfico 58 - sub-rea - independncia pessoal - actividades de vida diria (actividades caseiras)

- fase II ....................................................................................................................................... 154

Grfico 59 sub-rea - independncia pessoal - actividades de vida diria (actividades

compras) - fase II ....................................................................................................................... 154

Grfico 60 - sub-rea - independncia pessoal - actividades de vida diria (mobilidade) - fase II

................................................................................................................................................... 154

Grfico 61 - sub-rea - independncia pessoal - actividades de vida diria (servios) - fase II 155

Grfico 62 - sub-rea - independncia pessoal - cuidados pessoais (sade) - fase II ............... 155

Grfico 63 - sub-rea - independncia pessoal - educao para a sexualidade e afectos

(componente biolgica) - fase II ................................................................................................ 155

Grfico 64 - sub-rea - independncia pessoal - educao para a sexualidade e afectos

(comportamentos) - fase II ........................................................................................................ 156

Grfico 65 - sub-rea - independncia pessoal - educao para a sexualidade e afectos

(anticoncepcionais) - fase II ....................................................................................................... 156

Grfico 66 - sub-rea - independncia pessoal - cuidados pessoais (segurana) - fase II ........ 156

Grfico 67 - sub-rea - higiene e segurana no trabalho - fase II ............................................. 157

Grfico 68 - sub-rea - responsabilidade e tica - fase II .......................................................... 157

Grfico 69 - sub-rea - relacionamento interpessoal - fase II ................................................... 157

Grfico 70 - sub-rea - trabalho em equipa/grupo - fase II ...................................................... 158

Grfico 71 - sub-rea - cultura organizacional - fase II ............................................................. 158

file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947833file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947836file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947838file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947843file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947868file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947869

xi

Grfico 72 - sub-rea - formao contnua - fase II ................................................................... 158

Grfico 73 - sub-rea - profisso e trabalho - fase II ................................................................. 159

Grfico 74 - sub-rea - desenvolvimento socioeconmico - fase II .......................................... 159

file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947870file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947872

xii

ndice de Figuras

Figura 1 - Cmara de lobos ............................................................................................................ 4

Figura 2 - Sala de Educao Especial ............................................................................................. 7

Figura 3 - AAMR (1992) estrutura geral da definio de Deficincia Intelectual ........................ 44

Figura 4 - alunos num servio de restaurao (caf) ................................................................ 139

Figura 5 - alunos preparam lanche para idosos ........................................................................ 139

Figura 6 - alunos preparam lanche para idosos ........................................................................ 139

Figura 7 - alunos preparam lanche para idosos ........................................................................ 140

Figura 8 - alunos convivem com idosos .................................................................................... 140

Figura 9 - alunos convivem com idosos .................................................................................... 140

Figura 10 - aluno usa as TIC para aprender ............................................................................... 141

Figura 11 - aluno usa o processador de texto ........................................................................... 141

Figura 12 - aluno realiza fichas de trabalho .............................................................................. 141

Figura 13 - alunos realizam fichas de trabalho ......................................................................... 142

Figura 14 aluno numa exposio ............................................................................................ 142

Figura 15 - alunos numa exposio ........................................................................................... 142

Figura 16 - aluno observa horrio ............................................................................................. 143

Figura 17 - alunos utilizam multibanco ..................................................................................... 143

Figura 18 aluno simula o preenchimento do IRS .................................................................... 143

Figura 19 - alunos realizam uma visita de estudo ..................................................................... 144

Figura 20 - aluno vai piscina ................................................................................................... 144

Figura 21 - aluno v os preos dos produtos ............................................................................ 145

Figura 22 - aluno vai ao correio ................................................................................................. 145

file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947873file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947874file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947875file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947876file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947877file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947878file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947879file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947880file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947881file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947882file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947883file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947884file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947885file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947886file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947887file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947888file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947889file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947890file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947891file:///C:/Users/Miguel/Desktop/DISSERTAO%20final%20-%20Cpia.docx%23_Toc295947893

Miguel ngelo Gonalves Pestana Deficincia Intelectual : Transio para a vida activa

1 Escola Superior de Educao Almeida Garrett

1. Introduo

O Sol quando nasce para todos

com este princpio que a nossa sociedade deve lutar por um acesso ao mundo laboral

sem barreiras, e lutar igualmente para que todos consigam sem restries a sua

integrao no mercado de trabalho. O problema que existe na sociedade uma

mentalidade assistencialista e paternalista, que trata o deficiente como o coitadinho,

quando, na verdade, trata-se muito mais de procurar e dar oportunidades iguais para

todos. Por outro lado, a situao geral de crise um outro factor que contribui para que

pessoas com mais limitaes no consigam arranjar emprego (Cao, 1997).

Se tiverem ferramentas para trabalhar e condies humanas adequadas, os deficientes

so to bons ou melhores profissionais. So mais empenhados, e por muitas vezes tm

amor camisola e trabalham mais.

O sucesso da formao e da integrao profissional deste tipo de populao depende

para alm da vontade e empenho do formando e do envolvimento dos tcnicos, da

sensibilizao e abertura do tecido empresarial. Torna-se, por isso, imperativo

desenvolver todo o tipo de esforos e estratgias no sentido de continuar a integrar

jovens com deficincia e/ou necessidades educativas especiais em projectos formativos

que vo ao encontro das suas necessidades, como tambm, das necessidades do

mercado de trabalho.

A globalizao, o aumento do desemprego, as exigncias laborais, a crise econmica

no so apenas temas dos rgos de comunicao social, so uma realidade pela qual os

nossos jovens tambm passam. com esta realidade que vivemos. Hoje, a seleco tem

que ser cada vez mais exigente nos objectivos e nos pressupostos profissionais. Esta

exigncia tem que ser sentida pelos nossos formandos, tm que sentir que o mundo

laboral a interaco de vrios factores: a responsabilidade, a motivao, o empenho,

os hbitos e regras de trabalho, etc. Os nossos empresrios no podem olhar para as

pessoas com deficincia como pessoas sem capacidades, mas sim como indivduos

capazes de realizarem as mais variadas tarefas. nesta realidade que se sente como

Miguel ngelo Gonalves Pestana Deficincia Intelectual : Transio para a vida activa

2 Escola Superior de Educao Almeida Garrett

difcil seleccionar, formar, educar, avaliar e integrar os nossos jovens. Temos que

pensar nas pessoas com Necessidades Educativas Especiais. Estas pessoas necessitam,

para alm de medidas, programas, estratgias e metodologias diferenciadas, de um

acompanhamento permanente por parte de todos os tcnicos de Educao Especial, sem

excepo. Dado que cada caso um caso, com todas as suas especificidades,

capacidades e limitaes, meio envolvente, valores, etc., torna-se necessrio ajudar

cada um dos jovens com NE a construir o seu projecto de vida num processo to

complexo como o da transio para a vida activa.

O presente Estudo de Caso acerca da Deficincia intelectual insere-se no mbito da

Dissertao de Mestrado em Educao Especial da responsabilidade do Instituto

Superior de Cincias e Administrao (ISCIA) e da Escola Superior de Educao

Almeida Garrett (ESEAG).

Comear-se- por fazer uma breve caracterizao do meio envolvente dos alunos

(anlise demogrfica, econmica e social) e logo aps apresentar-se- uma descrio

geral dos alunos onde se far uma breve caracterizao da problemtica dos alunos, as

suas reas fortes e reas fracas, o seu grau de autonomia, antecedentes relevantes e

percurso escolar que compreende a histria compreensiva, histria do desenvolvimento

e o percurso escolar do aluno, baseados nos documentos inseridos do processo

individual do aluno e nos documentos constantes do processo do Centro de Apoio

Psicopedaggico (CAP) de Cmara de Lobos.

Seguidamente, numa fundamentao terica sobre a temtica, far-se- uma breve

abordagem ao conceito de deficincia intelectual, classificao da deficincia

intelectual, instrumentos de avaliao da deficincia intelectual, apoios pessoa com

deficincia intelectual, caractersticas das crianas com deficincia intelectual, causas da

deficincia intelectual, deficincia Intelectual e Comportamento Adaptativo, breve

histria da educao de pessoas com deficincia intelectual, o percurso evolutivo da

educao especial na regio autnoma da madeira, integrao profissional de pessoas

com deficincia na regio autnoma da madeira, deficincia intelectual e a transio

para a vida activa, o emprego e a pessoa com deficincia intelectual.

Ulteriormente, os ltimos pontos da Dissertao de Mestrado correspondem a

metodologia de investigao e anlise de dados, tcnicas de recolha de dados, tcnica de

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anlise de dados, tratamento de dados I (pr actividades remediao), estratgias de

remediao na rea de Linguagem e Comunicao, na rea de Matemtica para a Vida,

na rea de TIC e Cidadania e Empregabilidade, tratamento de dados II (ps actividades

remediao).

Para terminar, teceu-se algumas consideraes acerca da dissertao, onde se retira

algumas concluses, com as devidas fundamentaes.

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Figura 1 - Cmara de lobos

2. Caracterizao do meio

2.1.Enquadramento Histrico

O concelho de Cmara de Lobos foi criado por Portaria

de 25 de Maio de 1835, tendo a sua instalao ocorrido

no dia 4 de Outubro do mesmo ano. Inicialmente

formado pelas freguesias de Cmara de Lobos, do Curral

das Freiras, do Estreito de Cmara de Lobos e do

Campanrio, ento pertencentes ao concelho do Funchal,

at ser atingida a sua actual constituio, vrias

alteraes entretanto viriam a ocorrer. Assim, a 24 de

Julho de 1848, s quatro freguesias iniciais, juntar-se-ia

uma outra, a freguesia da Quinta Grande, surgida na

sequncia do desmembramento de alguns stios das

freguesias do Campanrio e de Cmara de Lobos,

ficando assim o concelho acrescido em mais uma

freguesia, ainda que mantendo a mesma rea territorial.

A 6 de Maio 1914, perde a freguesia do Campanrio que integrada no novo concelho

da Ribeira Brava e a 5 de Julho de 1996 criada uma nova freguesia, denominada de

Jardim da Serra, constituda a partir da desagregao de alguns stios da zona alta da

freguesia do Estreito de Cmara de Lobos. Como consequncia, a partir desta data, o

concelho de Cmara de Lobos, passa a ser constitudo pela freguesia de Cmara de

Lobos, criado por volta de 1430; pela freguesia do Estreito de Cmara de Lobos, criada

por volta de 1509; pela freguesia do Curral das Freiras criada a 17 de Maro de 1790;

pela freguesia da Quinta Grande, criada a 24 de Julho de 1848 e pela freguesia do

Jardim da Serra criada, a 5 de Julho de 1996.

Durante este percurso ainda haver a destacar a elevao, a 15 de Setembro de 1994, da

freguesia do Estreito de Cmara de Lobos categoria de vila e a elevao, em 3 de

Agosto de 1996, da vila de Cmara de Lobos categoria de cidade.

http://www.concelhodecamaradelobos.com/criacao_freguesia_jardim.htmlhttp://www.concelhodecamaradelobos.com/dicionario/vila_estreito_camara_lobos.htmlhttp://www.concelhodecamaradelobos.com/dicionario/cidade_camara_lobos.html

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2.2.Enquadramento Geogrfico

O concelho de Cmara de Lobos possui uma superfcie total de 52,37 km2, ocupando a

freguesia de Cmara de Lobos 7,87 km2; a freguesia do Estreito e do Jardim da Serra

15,24 km2; a freguesia do Curral das Freiras 25,07 km

2 e a freguesia da Quinta Grande

4,19 km2.

limitado a leste pelo concelho do Funchal, a oeste pelo concelho da Ribeira Brava, a

norte pelos concelhos de Santana e So Vicente e a sul pelo oceano Atlntico,

exceptuando-se num entanto uma parte da Quinta Grande, onde a Faj dos Padres

pertencente ao concelho da Ribeira Brava se interpe entre esta e o mar.

2.3.Enquadramento Demogrfico

Cmara de Lobos um concelho com um crescimento populacional elevado

apresentando um quantitativo populacional relativamente jovem, embora, e como na

maioria do pas, se possa prever que no futuro estes valores venham a baixar. Segundo o

ultimo censo, a populao residente no concelho de 35.150. A populao residente a

frequentar o ensino de 8.813.

A sua densidade populacional de 601,03 habitantes por km2 e a sua populao

aquela que na Regio Autnoma da Madeira apresenta o mais baixo ndice de

envelhecimento, 22,7%.

A populao activa do concelho de Cmara de Lobos de 10.986 habitantes, sendo de

10.125 o de empregados, dos quais 7.326 (72,35%) so do sexo masculino e 2.799

(27,65) do sexo feminino. O sector de actividade primria ocupa 2.153 homens e 150

mulheres; o sector de actividade secundria 3.045 homens e 961 mulheres e o sector

tercirio 2.128 homens e 1.688 mulheres.

Em termos de culto religioso, a populao do concelho de Cmara de Lobos, a exemplo

de toda a Madeira profundamente religiosa e professa, na sua quase totalidade a

religio catlica.

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2.4.Enquadramento Econmico

A actividade mais caracterstica da freguesia a agricultura, onde a horticultura e a

fruticultura, atravs da produo de cerejas (nico local de produo na Regio) e pros,

assume papel de destaque. O nmero total de exploraes agrcolas, segundo dados do

INE de 686. A actividade comercial tambm importante, que advm do facto de ser

desta freguesia a maior parte dos comerciantes ambulantes de fruta regional. Outras

actividades como construo civil e servios ocupam grande nmero de habitantes.

Relativamente a outras actividades que compem o tecido econmico tradicional do

concelho, h a destacar a indstria dos curtumes, da confeco de botas regionais e da

extraco e transformao de pedra de cantaria. Hoje, o municpio est mais virado para

os servios, assumindo o turismo um papel determinante neste captulo, na medida que

cada vez mais o motor da economia regional.

2.5.Enquadramento Social

O concelho de Cmara de Lobos e, em particular a sua sede, possui vrios bairros

sociais, reflexo no s dos grandes problemas sociais que ao longo dos anos

caracterizaram esta populao, mas tambm devido sua grande densidade

populacional. sua populao e, em particular sua classe piscatria, so dados trs

eptetos, considerados, no entanto, depreciativos: o de pesquito, o de xavelha e o de

charnota. O termo pesquito uma forma depreciativa de querer dizer o mesmo que

pescador. Charnota o nome que os pescadores de Cmara de Lobos costumavam dar

aos chernes pequenos, espcie de peixe onde eram hbeis a pescar. O epteto de

xavelha, que mais conhecido e tambm mais depreciativo tem uma origem no

completamente esclarecida, ainda, mais frequentemente se o associe denominao de

um barco caracterstico desta localidade.

2.6.Sala de educao especial

Caracteriza-se neste trabalho, de uma forma muito sucinta, a sala de Educao Especial

da Escola Bsica dos 2 e 3 Ciclos do Estreito de Cmara de Lobos onde se realizaram

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Figura 2 - Sala de Educao Especial

algumas das actividades desenvolvidas com os alunos,

nomeadamente na rea de competncia de Linguagem

e Comunicao e Matemtica para a Vida (anexo). A

sala de Educao Especial relativamente ampla, bem

mobilada e com um computador. Aqui trabalham dois

professores de Educao Especial a tempo inteiro.

Estes professores, para alm do acompanhamento aos

alunos com NE, participam nos conselhos de turma e

orientam os docentes na forma como actuar em relao

aos alunos que acompanham.

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3. Caracterizao geral dos alunos

ANA

Caracterizao da problemtica da aluna: Deficincia Intelectual Moderada.

reas fortes: Motricidade Global, coordenao culo-manual, autonomia na rea dos

cuidados pessoais com a higiene pessoal

reas fracas: expresso verbal, expresso escrita, ateno concentrao, memoria,

hbitos de trabalho, relaes interpessoais/socializao, comportamentos de risco.

Grau de autonomia: Autnoma na higiene e alimentao. Sabe tomar a camioneta para

a Formao de Base e para o estgio. Sabe ver horas. Escreve o seu nome. Copia

qualquer palavra ou frase. L e escreve palavras e frases simples. Conhece o euro. Faz

operaes do dia-a-dia.

Antecedentes relevantes: Histria clnica com duas quedas muito graves aos dois e aos

trs anos de idade com internamentos em estado de coma (trs dias e quinze dias

respectivamente)

Em Junho de 2005 suspeitou-se que a menor teria sido vtima de abuso sexual, o que foi

comunicado comisso de proteco de Jovens e crianas em risco e ao ministrio

publico.

Ana est integrada num agregado familiar onde predomina violncia domstica. O pai

alcolico e agride a filha com alguma frequncia. Segundo a menor, j tentou outro tipo

de contacto, que a me, at muito recentemente, no se opunha com medo do marido.

Financeiramente, o suporte desta famlia o salrio da me, que tenta suprir as

necessidades e apoiar a filha: comprou os culos da filha, ministra-lhes os

anticonceptivos e vai ao centro de sade e escola quando lhe pedido.

Percurso escolar: Ana foi inscrita na Educao Especial a 10/03/2000. Passou a

primeira infncia em Jersey e em Itlia onde ingressou na pr-escola com cinco anos.

Aos seis anos, foi matriculada. No primeiro ano em Cmara de Lobos, tendo

frequentado, ao longo do ciclo, quatro escolas diferentes, conforme mudava de casa.

Sofreu vrias retenes por no conseguir acompanhar os programas escolares, para em

2006/2007 ser encaminhada para um Currculo Especifico Individual, que em

Miguel ngelo Gonalves Pestana Deficincia Intelectual : Transio para a vida activa

9 Escola Superior de Educao Almeida Garrett

2007/2008 e 2008/2009, continuou a usufruir. A Ana beneficiou de acompanhamento

psicolgico, Apoio Pedaggico Personalizado e apoios pontuais da Segurana Social.

Em 2009/2010 a aluna foi inscrita no curso de auxiliar de limpeza no STIFPEPD.

BRUNO

Caracterizao da problemtica do aluno: Deficincia Intelectual Moderada

reas fortes: Motricidade global

reas fracas: - reas curriculares, autonomia Pessoal e Social (sem capacidade de

iniciativa, socializao (o aluno bastante tmido e muito pouco comunicativo)

Grau de autonomia: Autnomo na higiene e alimentao. Sabe tomar a camioneta para

a Formao de Base e para o estgio. Sabe ver horas. Escreve o seu nome. Copia

qualquer palavra ou frase. L e escreve palavras e frases simples. Conhece o euro. Faz

operaes do dia-a-dia.

Antecedentes relevantes: Pertence a um agregado familiar de nvel socioeconmico

mdio. O pai pedreiro e a me domstica. o segundo elemento duma fratria de trs

elementos.

O Bruno est inscrito na Educao Especial desde o ano lectivo de 1994/95, por ser

portador de um dfice cognitivo com repercusses negativas nas reas acadmicas e ao

nvel da interaco social. O Bruno revela baixa capacidade intelectual, dificuldades na

passagem da concretizao para a abstraco ao nvel dos conceitos aprendidos e

interiorizao dos mesmos e falta de iniciativa e autonomia pessoal. A par destes

obstculos, o Bruno apresenta tambm como rea fraca a motricidade fina.

Para alm destas dificuldades, e apesar dos progressos constatados a nvel de interaco

social, quer com os seus colegas, quer com os seus professores ao longo deste ano

lectivo, o Bruno continua a demonstrar problemas de socializao; bastante

introvertido e pouco comunicativo. No obstante um aluno bem comportado e

educado.

O Bruno esteve a ser acompanhado por um Psiclogo do Centro de Sade do Carmo

mas deixou de comparecer s sesses, pelo que foi lhe concedida alta.

Percurso escolar: Tem tido frequncias repetidas ao longo do seu percurso escolar.

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Frequentou uma turma de currculos alternativos no 2 Ciclo. O aluno frequentou com

sucesso o 10 ano. A professora da Educao Especial, com o apoio da Directora de

Turma e da Assistncia Social do Centro de Apoio Psicopedaggico de Cmara de

Lobos, apresentou Encarregada de Educao e ao Bruno, as vrias possibilidades de

cursos de formao em algumas escolas profissionais. O aluno inscreveu-se na escola

Profissional de Hotelaria e Turismo. Na impossibilidade de o aluno ingressar nesta

instituio, o Bruno inscreveu-se em 2010/2011 no curso de Reparao de automveis

no STIFPEPD.

CARLOS

Caracterizao da problemtica do aluno: Deficincia Intelectual Moderada

reas fortes: socializao, motricidade e autonomia pessoal.

reas fracas: perturbaes graves na leitura e escrita, compreenso, clculo e

raciocnio, memria, ateno/concentrao, emocional e autonomia pessoal.

Grau de autonomia: Carlos um aluno instvel emocionalmente. Tem fracos

momentos de concentrao e ateno. Mesmo na sua vida do dia-a-dia, desorienta-se.

organizado e tem uma caligrafia legvel. No contexto sala de aula tem adquirido maior

capacidade de compreenso e realizao das tarefas. Cpia palavras e frases. Associa

palavras imagem. L e escrevendo palavras muito simples e frases, mas no escreve

textos. A compreenso e interpretao dos contedos est a um nvel muito bsico. No

entanto, gosta de colabora nas actividades. No falta aos apoios. Precisa de ser

trabalhado a leitura e a escrita, bem como compreenso do vocabulrio em estudo e a

sistematizao dos contedos. Em 2009/2010, apesar das suas graves dificuldades

permanentes de aprendizagem, o aluno tornou-se mais autnomo a nvel das actividades

acadmicas. Foi mais participativo e empenhado nas tarefas escolares. O seu poder de

ateno/concentrao melhorou, bem como a responsabilidade. J consegue estar mais

tempo concentrado numa tarefa. Tornou-se mais autnomo ao nvel da sua vida social e

pessoal. O aluno revelou um bom comportamento, uma pontualidade satisfatria e

registou um razovel ndice de assiduidade s aulas de apoio. O aluno realizou todas as

actividades propostas com algum empenho e interesse. No domnio scio-afectivo o

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11 Escola Superior de Educao Almeida Garrett

Carlos um aluno emocionalmente instvel e pouco autnomo nas actividades do dia-a-

dia. Por vezes, revela comportamentos de medo e ansiedade para com os adultos.

Manifesta atitudes de baixa auto - estima e auto -conceito. A sua capacidade de

ateno/compreenso muito limitada. Na Linguagem expressiva, capaz de contar as

suas vivncias de uma forma compreensiva. No entanto, usa por vezes o seu discurso

pouco compreensivo e sem nexo. Apresenta um vocabulrio muito limitado para a sua

idade. tmido ao expor o seu pensamento. Precisa de ser motivado e acarinhado. Na

Linguagem compreensiva tem dificuldade em compreende e interpretar ordens, tarefas

simples e instrues verbais muito simples. Tem dificuldade em seguir

compreensivamente textos orais expositivos de carcter muito bsico. Esquece

facilmente as instrues e orientaes.

Revela graves dificuldades na compreenso de conceitos abstractos, complexos e pouco

vivenciados. Est muito ligado ao seu quotidiano. Tem graves dificuldades em assimilar

a mdio e a longo prazo a informao ouvida ou lida dos contedos. Tem dificuldade

em abstrair o seu pensamento e aplicar a outras situaes. Tem dificuldade em emitir

juzos de valor e tirar concluses. Revela dificuldade a extrair a informao dos

contedos programticos para o ensino normal. Na leitura l de forma silabada palavras

e textos com vocabulrio muito bsico. Nem compreender o que l e tem dificuldade na

interpretao. Tem dificuldade em emitir juzos de valor e tirar concluses. Tem fraco

poder de abstraco e memorizao. Na escrita, no domnio da escrita, escreve palavras

e frases muito simples com uma, duas e trs slabas. No compreende a organizao

textual. Tem dificuldade em compreender as regras ortogrficas da lngua materna. Tem

dificuldade em aplicar a pontuao e compreender a semntica das palavras. Tem fraca

capacidade para compreender a sintaxe das palavras. Apresenta dificuldades acentuadas

ao nvel do processamento fonolgico, a velocidade da leitura bastante lenta para a

idade, a leitura silbica, decifratria, hesitante, sem ritmo, com bastantes correces e

erros de antecipao, omite ou adiciona letras e slabas (ex.: famosa-fama; livro-livo),

faz confuso entre letras, slabas ou palavras com diferenas subtis de grafia ou de som

(a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; m-n; v-u; f-v; ch-j; p-t; v-z,...), confuso entre letras, slabas ou

palavras com grafia similar, mas com diferente orientao no espao (b-d;d-p;b-q;a-

e;...), inverses parciais ou totais de slabas ou palavras (ai-ia; per-pre; sal-las),

substituio de palavras por outras de estrutura similar, porm com significado diferente

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12 Escola Superior de Educao Almeida Garrett

(saltou-salvou;cubido-bicudo;...), substituio de palavras inteiras por outras

semanticamente vizinhas, problemas na compreenso semntica e na anlise

compreensiva de textos lidos, dificuldades em exprimir as suas ideias e pensamentos em

palavras, dificuldades na memria auditiva imediata, dificuldade em perceber as

sinalizaes grficas (pargrafos, travesso, pontuao e acentuao), dificuldade no

uso de coordenao/subordinao das oraes, textos muito reduzidos, aglutinao ou

separao indevida das palavras. Tem dificuldade em compreender e aplicar a sintaxe

das palavras. Na Matemtica, o aluno calcula somas e diferenas bsicas (sem

transporte nem emprstimo) e conhece o dinheiro. capaz de resolver situaes

problemticas muito simples do seu quotidiano. Tem conhecimentos at a centena e

milhar, mas mesmo a este nvel tem dificuldade em fazer a leitura escrita dos mesmos.

Apresenta muitas dificuldades nas actividades que apelam ao raciocnio e na resoluo

de situaes problemticas com maior grau de complexidade.

Antecedentes relevantes: Carlo vive num ambiente familiar humilde, mas estruturado.

o filho mais novo do casal e tem trs irms mais velhas e adultas e um irmo que se

encontra institucionalizado na Sagrada Famlia, por apresentar problemas do foro

mental. A figura paterna no exerce qualquer profisso devido a problemas

psiquitricos. No entanto capaz e com ajuda fazer tarefas do dia-a-dia. A figura

materna empregada domstica. A me muito responsvel pela educao do seu

educando.

Percurso escolar: O aluno, Iniciou o seu percurso escolar na Pr escolar em

2000/2001. Iniciou o 1 ano de escolaridade em 2001/2002 Ficou retido um ano no

primeiro ano de escolaridade; um ano no segundo ano de escolaridade; um ano no

terceiro ano de escolaridade. Desde o seu primeiro ano de escolaridade, beneficiou de

medidas de Educao Especial, devido s suas graves dificuldades nas aprendizagens

acadmicas. Desde essa altura, tem vindo a ser seguido pelo mdico neurologista do

Centro Hospitalar do Funchal. At ento teve a tomar ritalina. A partir deste ano lectivo

deixo de tomar ritalina, devido ao seu problema mental. Em 2010/2011 foi inscrito no

curso de reparador de automveis no STIFPEPD.

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CARLOS MIGUEL

Caracterizao da problemtica do aluno: Deficincia Intelectual Moderada

reas fortes: Socializao, Percepo auditiva

reas fracas: Motricidade fina (que compromete a sua caligrafia), leitura (ainda no

sabe ler, o que compromete a aquisio de conhecimentos), aritmtica (desconhece

conceitos bsicos), Ateno/Concentrao

Grau de autonomia: O Carlos um aluno que apresenta graves dificuldades ao nvel

do seu funcionamento intelectual o que tem contribudo para um grau de dificuldade

muito elevado em diversas reas. O Carlos manifesta elevadas dificuldades nas

seguintes reas, mesmo tendo como base um currculo do segundo ano de escolaridade

na disciplina de Lngua Portuguesa e Matemtica. O aluno apresenta dificuldade em

reconhecer e identificar as diferentes letras do alfabeto, dificuldade em associar a letra

ao som correspondente, dificuldade em ler ditongos e palavras monossilbicas, grande

dificuldade em ler palavras simples at duas slabas, dificuldade em escrever as

diferentes letras do alfabeto, dificuldade em juntar letras para formar palavras

monossilbicas dificuldade em copiar frases simples, grande dificuldade em escrever

palavras simples e textos curtos e simples, dificuldade em identificar nmeros

complexos, grande dificuldade em compreender histrias ouvidas ou observadas fruto

do pobre vocabulrio apresentado pelo aluno e pelo seu raciocnio pouco organizado,

grande dificuldade em compreender a realidade de forma global, percebendo-a

episodicamente, grande dificuldade em comunicar as suas ideias e pensamentos de

forma correcta, fruto do fraco vocabulrio apresentado pelo aluno assim como pelo seu

raciocnio pouco organizado, dificuldade em comunicar uma resposta planeada,

reflectida e coerente, grande dificuldade em manter a ateno e concentrao nas tarefas

propostas, dificuldade em consciencializar-se da necessidade de se esforar para

melhorar o seu desempenho, dificuldade em consciencializar-se da existncia de outros

pontos de vista, dificuldade em estabelecer relaes de interaco e cooperao

adequadas com os seus pares, dificuldade em estabelecer relaes diferenciadas com os

adultos, dificuldade em compreender tcnicas especficas da jardinagem.

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14 Escola Superior de Educao Almeida Garrett

Antecedentes relevantes: O Carlos o terceiro elemento de uma fratria de trs filhos.

A famlia apresenta carncias financeiras. O Carlos apresenta um diagnstico mdico de

Deficincia Intelectual Moderada estando o seu desenvolvimento comprometido em

todas as reas. Apresenta tambm um dfice de ateno acentuado. O Carlos apresenta

graves dificuldades de aprendizagem em todas as reas acadmicas.

Percurso escolar: Frequentou o pr-escolar durante dois anos. Frequentou o primeiro

ano durante trs anos. Frequentou o segundo, terceiro e quarto ano para acompanhar o

grupo. Durante o quarto ano o aluno usufruiu de um currculo alternativo adaptado s

suas necessidades. No quarto ano foi desenvolvida a actividade funcional do aluno, isto

, o aluno colaborou em tarefas dirias determinadas de acordo com os seus interesses.

Realizou diariamente as seguintes tarefas: conduo do livro de ponto a todos os

docentes; apoio na hora das refeies; transmisso verbal de recados; pintura de

paredes, cartazes; jardinagem; apoio na limpeza e arrumao; catalogao de livros;

organizao de espaos. Em 2007/2008 foi matriculado no quinto ano numa turma de

Percursos Curriculares Alternativos continuando na mesma turma em 2008/2009. Em

2009/2010 o aluno frequentou uma turma de Percursos Curriculares Alternativos no

stimo ano, tendo ficado aprovado. Em 2010/2011 o aluno foi inscrito no curso de

Jardinagem no STIFPEPD.

CECLIA

Caracterizao da problemtica da aluna: Deficincia Intelectual Moderada

reas fortes: Socializao

reas fracas: Linguagem expressiva, comunicao escrita e oral, leitura, organizao e

matemtica (regras de operacionalizao, raciocnio dedutivo)

Grau de autonomia: Autnoma na higiene e alimentao. Sabe tomar a camioneta para

a Formao de Base e para o estgio. Sabe ver as horas. Escreve o seu nome. Copia

palavra e frases simples. L e escreve palavras e frases simples. Conhece o euro.

Antecedentes relevantes: A aluna proveniente de uma famlia desestruturada, com

carncias sociais e com um nvel econmico muito baixo. O agregado familiar desta

constitudo por um irmo e av, existindo um relacionamento muito forte com a av que

praticamente a criou/educou. A aluna esteve retida trs anos no primeiro ano. Tem uma

Miguel ngelo Gonalves Pestana Deficincia Intelectual : Transio para a vida activa

15 Escola Superior de Educao Almeida Garrett

evoluo muito lenta, esquecendo-se de tudo o que foi ensinado e continua a demonstrar

muitas dificuldades na leitura, escrita e operaes numricas. Transitou para o quinto

ano devido socializao e idade.

Percurso escolar: A aluna est inscrita na Educao Especial por apresentar imensas

dificuldades na aprendizagem, tendo a sua transio escolar sido efectuada devido

idade e socializao. Tambm apresenta epilepsia degenerativa, com muitas ausncias

e com algumas crises, mas acompanhada pela Pedopsiquiatria do Centro Hospitalar do

Funchal.

A aluna revelou desde o incio do seu percurso escolar grandes dificuldades. Conhece e

l algumas palavras, no interpreta, usa frases curtas, tem um perodo de ateno

reduzido, fraco raciocnio e clculo mental. Esta discente, algumas vezes, no tem muita

vontade para trabalhar, exigindo, deste modo, uma maior ateno por parte dos

professores. Em 2009/2010 a aluna usufruiu de um Currculo Especifico Individual com

uma experincia pr-profissional em cozinha. Em 2010/2011, a discente foi inscrita no

curso de Auxiliar de Cozinha no STIFPEPD.

JOS FILIPE

Caracterizao da problemtica do aluno: Deficincia Intelectual Moderada. Teve

um traumatismo craniano

reas fortes: - Psicomotricidade, autonomia Pessoal (extremamente responsvel pelos

seus deveres)

reas fracas: - Comunicao oral, comunicao escrita (bastante comprometida),

autonomia Pessoal (contexto da vida diria)

Grau de autonomia: Autnomo na higiene e alimentao. Sabe tomar a camioneta para

a Formao de Base e para o estgio. Sabe ver as horas. Escreve o seu nome. Copia

qualquer palavra ou frase. L e escreve palavras e frases simples. Conhece o euro num

contexto simples. No que se refere linguagem expressiva, o aluno narra vivncias do

dia-a-dia, transmite um recado simples e d um ttulo ao texto. Todavia tem dificuldade

em recontar uma histria com suporte visual com lgica, bem como tem dificuldade em

articular correctamente as palavras e a expressar-se com correco morfolgica e

sintctica. Quanto rea da psicomotricidade, na subrea do esquema corporal,

Miguel ngelo Gonalves Pestana Deficincia Intelectual : Transio para a vida activa

16 Escola Superior de Educao Almeida Garrett

identifica partes do corpo em si e no corpo do outro, nomeia as diferentes partes do

corpo, mas tem alguma dificuldade em recompor um boneco dividido em 11, 7 ou 5

partes (puzzle). Na subrea da orientao espacial, executa grafismos simples e

complexos, mas tem dificuldade em reproduzir figuras geomtricas simples e

combinadas por transposio. Na subrea da orientao temporal, distingue

passado/presente/futuro, tem noo de fim-de-semana, discrimina e nomeia os dias da

semana, relata acontecimentos vividos em sequncia, organiza histrias em gravuras,

sabe em sequncia as aulas que tem nos dias da semana e conta aspectos da sua vida

com sequncia. Porm, tem dificuldade em recontar uma histria simples ordenada

cronologicamente. Na rea perceptiva, na subrea da percepo visual, identifica

objectos e imagens, completa figuras, identifica diferenas e semelhanas entre duas

imagens. Todavia, tem dificuldade em compreender o que falta em figuras semelhantes

e reorganizar de memria, por ordem, objectos apresentados ou retirados de um

conjunto bem como tem dificuldade em desenhar de memria sequncias de grafismos

observados. Quanto motricidade fina, apresenta algumas dificuldades em pintar

imagens dentro do limite definido. Alm disso, quando copia palavras, apresenta uma

letra um pouco irregular e de grande tamanho.

No que concerne rea acadmica da leitura, apresenta uma leitura silabada com

alguma dificuldade em pronunciar as palavras. Por vezes, omite letras e palavras e tem

dificuldade em articular alguns sons. Relativamente escrita, copia frases e textos

correctamente. Contudo, tem dificuldade em fazer a pontuao correcta, em completar

pequenos textos, em responder a questionrios simples, em escrever textos dialogados

com correco ou pequenas histrias com coerncia, em escrever frases com

concordncia morfossintctica. No que toca Matemtica, conhece os algarismos e

discrimina os numerais, ordena nmeros atendendo ordem de grandeza, calcula

mentalmente operaes simples, se bem que, muitas vezes, conta pelos dedos. Tem

dificuldade em ler um nmero por ordens ou por classes, em subtrair com emprstimo,

em somar com transporte e em fazer a diviso. Apresentou, tambm, dificuldade em

manipular as notas e moedas de euro. No entanto, com o decorrer do tempo, o aluno

progrediu e comeou a saber contar e utilizar o dinheiro adequado para cada situao.

Quanto ao comportamento, o Filipe um aluno que evoluiu ao longo do ano. E

autnomo na sua vida diria, uma vez que caminha e alimenta-se sozinho. Durante as

Miguel ngelo Gonalves Pestana Deficincia Intelectual : Transio para a vida activa

17 Escola Superior de Educao Almeida Garrett

aulas de apoio, revelou-se um aluno assduo, pontual, responsvel, empenhado e

respeitador. Manifestou interesse em executar todas as tarefas propostas e demonstrou

interesse em aprofundar, cada vez mais, os seus conhecimentos. Apesar de ter

conhecimento das suas limitaes, o Filipe empenhou-se muito, ao longo deste ano,

participou nos Jogos Especiais (como praticante de natao) e fez um portflio referente

jardinagem com pesquisas realizadas na Internet.

Antecedentes relevantes: Pertence a um meio socioeconmico de nvel baixo. O pai

agricultor e a me domstica. o elemento mais novo duma fratria de 3 elementos.

Percurso escolar: O aluno teve frequncias repetidas no 1 Ciclo. Em 2006/2007

frequentou um currculo alternativo com caractersticas funcionais (com reduo parcial

do currculo). Em 2007/2008, j no oitavo ano frequentou um currculo alternativo com

caractersticas funcionais (com reduo parcial do currculo). O aluno frequentou uma

experincia pr-profissional na rea da jardinagem. O Filipe frequentou todas as

disciplinas excepto Ingls, Histria, Geografia, Fsico-Qumica, Francs e Cincias. O

aluno continua a participar nos Jogos Especiais, como praticante da modalidade de

natao. Relativamente experincia profissional, o aluno Jos Filipe Pita Henriques

continuou a desempenhar a sua funo de jardineiro, com muito interesse e dedicao.

Nos tempos livres, tem procurado documentar-se mais sobre a jardinagem, sobre os

nomes e espcies de flores e est a pensar criar um portflio. Neste perodo, a docente

continuou a trabalhar a leitura e interpretao de textos, funcionamento da lngua,

exerccios de ortografia, ordenao de frases, reconto de histrias, concluso de textos e

reforo das reas curriculares. Concedeu, tambm, algum tempo aprendizagem de

contedos funcionais como a elaborao do curriculum vitae. A docente abordou

contedos mais funcionais conducentes vida prtica. Assim sendo, o aluno aprendeu a

redigir uma carta, a preencher um envelope, a manusear os trocos, a enviar cartas

registadas, passar cheques e utilizar o multibanco para fazer pagamentos ou

levantamentos. Em 2010/2011 o aluno Jos Filipe foi encaminhado para o STIFPEPD

fim de ser inscrito num curso de Jardinagem.

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FILIPE

Caracterizao da problemtica do aluno: Deficincia Intelectual Moderada.

Apresenta surdez ligeira no ouvido esquerdo

reas fortes: Motricidade

reas fracas: Linguagem e comunicao, leitura e escrita, clculo, scio-afectiva e

emocional, comportamento, ateno/concentrao

Grau de autonomia: Um pouco autnomo na higiene e alimentao. Sabe tomar a

camioneta para a Formao de Base e para o estgio. Sabe ver horas. Escreve o seu

nome. Copia palavra ou frase simples. Conhece o euro. Revela instabilidade emocional

e comportamental. Apresenta perodos de ateno muito limitados. Revelou dificuldade

na execuo de conceitos que se prendiam com a actividade acadmica. Manifestou

maior aptido para a actividade prtica. No domnio scio-afectivo um aluno alegre.

Por vezes adopta comportamentos de apatia para com os pares e adultos. muito

infantil em certos aspectos do seu comportamento, reflectindo pouca conscincia dos

seus actos. imaturo. Manifesta atitudes de baixa auto - estima e auto - conceito.

Revela falta de ateno/concentrao. Na Linguagem expressiva expressa de forma

compreensiva as suas vivncias e opinies. Apresenta um vocabulrio pouco rico para a

sua idade com expresses abreviadas - Discurso compreensivo, mas pouco rico em

contedo. Na Linguagem compreensiva compreende e interpreta ordens, tarefas simples

e instrues verbais simples. Revela dificuldade na compreenso de conceitos abstractos

e complexos. Est muito ligado s suas vivncias. Nem sempre assimila a informao

ouvida ou lida dos contedos no vivenciados. Tem dificuldade em abstrair o seu

pensamento e aplic-lo a outras situaes. Na Leitura l de forma silabada palavras simples.

Tem dificuldade em compreender o que l e no relaciona os factos. Tem fraca capacidade de

compreenso e interpretao. Tem fraco poder de abstraco e memorizao.

Na escrita tem graves lacunas na produo de frases ou textos. pouco imaginativo e

escreve frases com pouca sequncia lgica. D muitos erros ortogrficos. Tem

dificuldade em compreende e aplicar a sintaxe das palavras. Nem sempre aplica de

forma adequada a pontuao. Na Matemtica, o aluno calcula somas e diferenas, com

nmeros simples. No entanto, revela dificuldade nas actividades que apelam ao

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raciocnio. Revela dificuldade na resoluo de situaes problemticas. Conhece o

dinheiro.

Antecedentes relevantes: - vive num ambiente familiar muito instvel e deficitrio a

todos os nveis. o mais velho de uma fratria de cinco. Vivem com a av e so

abrangidos pelo rendimento mnimo. A me demonstra preocupao pela educao do

filho. O pai vive em parte incerta. Teve meningite aos 14 meses de idade o que lhe

afectou a parte cognitiva.

Percurso escolar: O aluno beneficiou de interveno precoce, frequentou o pr-escolar

durante dois anos e iniciou o primeiro ano de escolaridade aos 6 anos de idade. Teve

trs retenes no 1 Ciclo. Beneficiou de apoio especial, desde o incio do seu percurso

escolar, devido s grandes dificuldades de aprendizagem que apresentava e

instabilidade emocional. Teve apoio de terapia da fala durante dois anos. Em 2010/2011

foi inscrito no curso de Auxiliar de Cozinha no STIFPEPD.

RUI

Caracterizao da problemtica do aluno: Deficincia Intelectual Ligeira

reas fortes: socializao, autnomo na sua vida diria, motricidade

reas fracas: Compreenso, raciocnio e clculo, leitura e escrita, emocional

Grau de autonomia: Tem um discurso verbal compreensivo, mas pouco rico em

contedo, compreende os contedos orais e escritos num contexto muito simples, lento

na compreenso das tarefas complexas, lento na resoluo das tarefas complexas,

funciona com frases simples, apresenta uma compreenso verbal melhor que a escrita,

persistente, mas necessita de muito reforo positivo, apresenta curtos perodos de

ateno, no retm a informao de imediato;

Antecedentes relevantes: O Rui vive com uma famlia de fracos recursos a nvel

econmico. Os pais separados. Vive com uma irm, a me, tios e avs. A relao pai

e filho muito perturbada. Mantm uma boa relao com a me.

Percurso escolar: O aluno no frequentou o Jardim de Infncia, frequentou a pr-

escola. Iniciou o primeiro ciclo aos seis anos. O aluno teve algumas retenes no

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primeiro ciclo e uma reteno no segundo ciclo. O Rui beneficiou do apoio da Educao

Especial desde o incio do seu percurso escolar. Tambm foi orientado durante algum

tempo pelos servios de psicologia. Em 2010/2011 foi inscrito no curso de reparador de

automveis no STIFPEPD.

TIAGO

Caracterizao da problemtica do aluno: Deficincia Intelectual Moderada.

reas fortes: O aluno revela autonomia na sua vida diria, motricidade, socializao.

reas fracas: Graves perturbaes na leitura e escrita, na compreenso, no raciocnio e

a nvel emocional.

Grau de autonomia: Autnomo na higiene e alimentao. Sabe tomar a camioneta para

a Formao de Base e para o estgio. Sabe ver horas. Escreve o seu nome. Copia

palavra ou frase. L e escreve palavras muito bsicas. Conhece o euro. Faz operaes do

dia-a-dia. Sabe as funes bsicas do computador. Tiago um aluno que colabora com

os pares. Estabelece uma boa relao com os colegas e adultos. sossegado e respeita

as regras de sala de aula. Expressar o seu pensamento de uma forma muito limitada. O

seu poder de ateno/ concentrao limitado. Revela imaturidade e insegurana ao

expor as suas ideias.

Linguagem Expressiva - Expressa de forma compreensiva as suas vivncias e opinies.

Apresenta um vocabulrio pouco rico e elaborado para a sua idade. No revela

problemas articulatrios. Tem dificuldades em se expressar num contexto mais

alargado.

Na Linguagem compreensiva: compreende e interpreta ordens, tarefas simples e

instrues verbais simples. Segue compreensivamente textos orais expositivos de

carcter muito simples quando lidos pelo adulto.

Revela dificuldade na compreenso de conceitos abstractos. Revela fraca flexibilidade

cognitiva, fraca capacidade de memorizar e assimilar a informao dos contedos

complexos. Est muito ligado s vivncias do meio onde vive. Tem dificuldade em

compreender e interpretar questes sozinho. No domnio da leitura, l ditongos e

consoantes. L palavras simples de uma slaba e duas slabas. Tem dificuldade em

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sistematizar e aplicar os casos de leitura. Faz uma leitura silabada de frases e textos.

Est ao nvel de um segundo ano de escolaridade.

No l palavras com maior grau de complexidade. Nem sempre compreende o que l e

interpreta. No domnio da escrita, o seu desempenho elementar reduzindo-se a

pequenas frases e pequenos textos. Usa vocabulrio pouco elaborado para a sua idade.

No aplica as tcnicas bsicas da organizao textual, nem as regras gramaticais.

No compreender as regras ortogrficas da lngua materna. Revela dificuldade em

elaborar de forma clara e correcta o seu pensamento, mas capaz de transcrever

palavras e frases do impresso para manuscrito, legendar gravuras, ordenar frases

simples, associar palavras imagem, fazer jogos de palavras e produzir frases simples.

Calcula soma e diferenas de carcter simples e que se prendam com o seu quotidiano.

Faz leitura de nmeros at o milhar. Ordena nmeros. Compe e decompe nmeros.

Resolve situaes problemticas de carcter simples. Tem dificuldade em aplicar e

discriminar conceitos temporais. Tem dificuldade no raciocnio.

Antecedentes relevantes: Vive com os pais. uma famlia de fracos recursos, mas

estruturada. A me preocupa-se pelo seu educando.

Percurso escolar: O Tiago frequentou o pr-escolar. Iniciou o primeiro Ciclo aos seis

anos de idade. Repetiu o primeiro ano de escolaridade duas vezes e uma vez o segundo

ano. Beneficiou de Apoio Especial devido ao dfice no domnio cognitivo, da as graves

dificuldades de aprendizagem que manifestou ao longo do seu percurso escolar. Em

2008/2009, apesar das suas graves dificudades permanentes de aprendizagem, o aluno

tornou-se mais autnomo a nvel das actividades acadmicas e mais participativo.

Revelou maior empenho nas tarefas escolares. O seu poder de ateno/concentrao

melhorou, bem como a responsabilidade. A nvel da autonomia, revelou maior

dinamismo e compreenso pelas tarefas pessoais do seu dia a dia. Em 2009/2010 o

aluno revelou um bom comportamento, uma pontualidade satisfatria e registou um

bom ndice de assiduidade s aulas. O aluno realizou todas as actividades propostas com

empenho e interesse. O aluno socivel e meigo. Colabora com os pares e adultos.

espontneo. No entanto, quando o contedo escrito tem receios em expor o seu

pensamento. Revelou dificuldade em adaptar-se as novas situaes. O seu poder de

concentrao e ateno limitado. Foi proposto que o aluno fosse encaminhado para o

STIFPEPD. Em 2010/2011, o aluno foi inscrito no curso de Jardinagem do STIFPEPD.

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4. O conceito de Deficincia intelectual

Se difcil encontrar um critrio uniforme (ou que rena, pelo menos, grande consenso)

para definir o conceito de deficincia, no menos difcil definir o conceito de

deficincia intelectual. Muitas reas entre elas a Medicina, a Psicologia, Servios

Sociais e educao vm se preocupando com crianas e adultos deficientes mentais, e

cada uma delas v a condio a partir de sua prpria perspectiva.

A definio de deficincia intelectual ainda hoje um campo em que divergem autores

e organismos cientficos, embora existam pontos de convergncia.

O I Congresso Mundial sobre o Futuro da Educao Especial, em 1978, sob o patrocnio

do Council for Excepcional Children (CEC) aprovou a seguinte definio proposta pelo

Comit para a deficincia intelectual: A deficincia intelectual refere-se a um

funcionamento cognitivo geral inferior mdia, independentemente da etiologia,

manifestando-se durante o perodo de desenvolvimento, o qual de uma severidade tal

que marcadamente limita a capacidade do indivduo para aprender e, consequentemente,

para tomar decises lgicas, fazer escolhas e julgamentos e limita tambm a sua

capacidade de autocontrolo e de relao com o envolvimento." No mesmo congresso foi

aprovada uma definio de criana deficiente como sendo "a criana que se desvia da

mdia ou da criana normal em: caractersticas mentais; aptides sensoriais;

caractersticas neuromusculares e corporais; comportamento emocional e social:

aptides de comunicao, e mltiplas deficincias, at ao ponto de justificar e requerer a

modificao das prticas educacionais ou a criao de servios de educao especial no

sentido de desenvolver ao mximo as suas capacidades" (Fonseca, 1989: 29).

A deficincia intelectual refere-se a limitaes substanciais no funcionamento actual.

Caracteriza-se por um funcionamento intelectual significativamente abaixo da mdia,

existindo concomitantemente limitaes em duas ou mais das seguintes reas do

comportamento adaptativo: comunicao, cuidados pessoais, vida domstica, aptides

sociais, sade e segurana, conhecimentos acadmicos, uso dos recursos da

comunidade, auto-direco, lazer e trabalho. Por funcionamento adaptativo entende-se o

modo como a pessoa enfrenta as exigncias da vida e o grau em que experimenta uma

certa independncia pessoal compatvel com a sua faixa etria, bem como o grau de

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bagagem sociocultural do contexto comunitrio no qual se insere. O funcionamento

adaptativo da pessoa pode ser influenciado por vrios factores, incluindo educao,

motivao, caractersticas de personalidade e oportunidades sociais e vocacionais. A

deficincia intelectual manifesta-se antes dos 18 anos.

De acordo com Andreas Rett (1996), Para o diagnstico da deficincia intelectual

essencial considerar os seguintes pontos:

1 - Uma avaliao vlida tem em conta a diversidade cultural e lingustica, assim como

diferentes formas de comunicao e padres comportamentais.

2 - As limitaes nas capacidades de adaptao ocorrem no contexto ambiental

caracterstico do sujeito e seus pares, que condiciona as necessidades individuais de

apoio.

3 - As limitaes adaptativas especficas em algumas reas coexistem, muitas vezes,

com aspectos fortes noutras ou em outras capacidades da pessoa.

4- Com os apoios apropriados e durante o tempo necessrio, o funcionamento da pessoa

com deficincia melhorar.

Esta definio difere em certos pontos de anteriores definies formuladas a partir de

1959, nomeadamente:

- especifica reas de adaptao.

- acentua a relao entre limitaes intelectuais e comportamento adaptativo.

- acentua a importncia das influncias ambientais no funcionamento intelectual e no

comportamento adaptativo.

- acentua a importncia da intensidade dos apoios necessrios para melhorar o

funcionamento na comunidade.

Na definio de 1992, as limitaes funcionais so vistas como o resultado da

interaco entre as capacidades intelectuais (inteligncia e estratgias de adaptao) e as

exigncias do meio onde a pessoa vive (casa, escola, trabalho, comunidade,).

As necessidades de apoio tm relao directa com as limitaes no funcionamento,

sendo certo que a presena ou ausncia de apoios influenciam o funcionamento.

A nfase que se coloca na influncia do ambiente a maior novidade desta definio. A

(AAMR, 1992) estabeleceu que os bons ambientes tm 3 caractersticas fundamentais:

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1 - Proporcionam oportunidades que podem facilitar:

- uma crescente satisfao com a sua prpria vida

- um sentimento de amor, afeio e pertena que provm de relaes amorosas ou de

amizade

- uma sensao de segurana que advm da capacidade de decidir os seus actos e do

controlo sobre o prprio meio

- um alargamento das oportunidades de escolha e controlo

2 - Proporcionam bem-estar, onde os factores importantes so:

- fsicos: - sade e segurana pessoal

- materiais: - conforto material e segurana financeira

- sociais: - actividades cvicas e comunitrias

- estimulao intelectual

- trabalho que seja til, interessante e recompensador

- lazer e recreao numa perspectiva de obteno de prazer.

3 - Promovem estabilidade, previsibilidade e controlo.

A estabilidade do meio uma condio importante, mas, ao mesmo tempo, deve existir

variabilidade na intensidade dos apoios.

Ter oportunidades, bem-estar e estabilidade contribui seguramente para melhorar o

funcionamento da pessoa. Quanto melhor for o funcionamento da pessoa na sua

comunidade maior ser o reconhecimento da qualidade da pessoa como cidado igual

aos outros na sociedade.

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5. Classificao da deficincia intelectual

So trs os passos inerentes ao processo de identificao da DM: diagnstico,

classificao e determinao dos apoios adequados e as necessidades individuais.

Os critrios seguintes permitem ento um sistema de diagnstico, sendo necessrio que

os sujeitos se encontrem dentro dos limites fixados pela definio apresentada no incio

deste captulo, objectivando-se a ampliao da conceptualizao da DM evitando-se a

utilizao e confiana exclusiva do valor do QI (AAMR, 1992).

Passo 1 Diagnstico da Deficincia Intelectual

Determina elegibilidade para apoios. diagnosticada a deficincia

Intelectual se:

Dimenso I:

Habilidades

Intelectuais

Funcionais

Adaptativas

1. O funcionamento intelectual do indivduo

aproximadamente de 70/75 ou menor;

2. Existirem dfices significativos em duas ou mais reas de

skills adaptativos;

3. Se manifestar at aos 18 anos de idade

Tabela 1 - Processo Tripartido: diagnostico, classificao e sistema de apoios (AAMR, 1992)

Passo 2 Classificao e Descrio

Identifica reas fortes e fracas e a necessidade de apoios

Dimenso II:

Consideraes

psicolgicas e

emocionais

Dimenso III:

Consideraes fsicas,

sade e etiologia

1. Descreve as reas fortes e fracas com referncia s

consideraes psicolgicas/emocionais.

2. Descreve o estado geral de sade individual e indica as

condies de etiologia.

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Dimenso IV:

Consideraes do

envolvimento

3. Descreve a colocao do individuo no envolvimento e o

ambiente ptimo que melhor facilita o seu crescimento e

desenvolvimento contnuo.

Tabela 2 - Processo Tripartido: diagnostico, classificao e sistema de apoios (AAMR, 1992)

Passo 3 Perfil e intensidade dos apoios necessrios. Identifica

apoios necessrios

Identifica o tipo e a intensidade dos apoios necessrios para cada

uma das quatro dimenses:

Dimenso I:

Dimenso II:

Dimenso III:

Dimenso IV:

Funcionamento intelectual e habilidades adaptativas

Consideraes psicolgicas e emocionais

Consideraes fsicas, de sade e etiolgicas

Consideraes envolvimentais

Tabela 3 - Processo Tripartido: diagnostico, classificao e sistema de apoios (AAMR, 1992)

Existem diferentes correntes para determinar o grau da deficincia intelectual, mas as

tcnicas psicomtricas so as mais utilizadas medindo o Q. I. para a classificao de

cada grau.

De acordo com a Associao Americana para a Deficincia Intelectual e com

Organizao Mundial de Sade (cit. por Bautista, 1997) o resultado do teste de Q.I.

traduz-se em cinco graus de deficincia intelectual e distribuem-se em grupos:

COEFICIENTE

INTELECTUAL

DENOMINAO NVEL COGNITIVO

SEGUNDO PIAGET

IDADE MENTAL

CORRESPONDENTE

QI - 70-79

Limite ou bordeline

Estdio das

Operaes

Concretas

13

QI - 50-69

Ligeiro Estdio das

Operaes

Concretas

8-12

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QI - 35-49

Moderado ou Mdio

Estdio Pr-

operacional

3-7

QI - 20-34

Severo ou Grave

Estdio Sensrio-

Motor

0-2 Anos

QI - Inferior a 20

Profundo

Estdio Sensrio-

Motor

0-2 Anos

Tabela 4 - graus de deficincia mental e respectivos grupos

5.1.Limite ou bordeline

Recentemente introduzido na classificao no rene, ainda, consenso entre os

diferentes autores sobre se deveria ou no fazer parte dela. Crianas que se enquadrem

neste nvel, no se pode dizer, que apresentem deficincias mentais porque so crianas

com muitas possibilidades, revelando apenas um ligeiro atraso nas aprendizagens ou

algumas dificuldades concretas. Crianas de ambientes socioculturais desfavorecidos

podem ser aqui includas, assim como as crianas com carncias afectivas, de famlias

monoparentais, entre outras, que apresentam desfasamentos