dissertaÇÃo_o mobiliário urbano e a calçada_tessarine

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU JOSÉ BENEDITO TESSARINE O MOBILIÁRIO URBANO E A CALÇADA São Paulo 2008

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  • UNIVERSIDADE SO JUDAS TADEU

    JOS BENEDITO TESSARINE

    O MOBILIRIO URBANO E A CALADA

    So Paulo

    2008

  • JOS BENEDITO TESSARINE

    O MOBILIRIO URBANO E A CALADA

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-Graduao Stricto Sensu em

    Arquitetura e Urbanismo da Universidade So

    Judas Tadeu, como requisito para obteno do

    grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo

    Orientadora: Prof. Dr. KTIA AZEVEDO TEIXEIRA

    Co-orientadora: Prof. Dr. MARTA VIEIRA BOGA

    So Paulo

    2008

  • Tessarine, Jos Benedito

    O Mobilirio urbano e a calada / Jos Benedito Tessarine. - So Paulo, 2008. 116 f. ; 30 cm

    Dissertao (mestrado) Universidade So Judas Tadeu, So Paulo, 2008. Orientador: Prof Dr Ktia Azevedo Teixeira.

    1. Mobilirio urbano. 2. Bancas de jornais e revistas. 3. Txis. I. Ttulo

    CDD- 711.4

    Ficha catalogrfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878

  • JOS BENEDITO TESSARINE

    O MOBILIRIO URBANO E A CALADA

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-Graduao Stricto Sensu em

    Arquitetura e Urbanismo da Universidade So

    Judas Tadeu, como requisito para obteno do

    grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo

    Aprovado em ____________ de 200__

    Orientadora: Prof. Dr. KTIA AZEVEDO TEIXEIRA

    Co-orientadora: Prof. Dr. MARTA VIEIRA BOGA

  • DEDICATRIA

    Ao meu filho Rafael.

    A minha companheira Rosane que partilhou e

    incentivou este trabalho durante sua realizao,

    sempre com muito otimismo, apoio e f.

  • AGRADECIMENTOS

    Gostaria de agradecer primeiramente a Universidade So Judas Tadeu por

    conceder a oportunidade de complementar meu aprendizado acadmico.

    A Prof. Dr. Ktia Azevedo Teixeira pela orientao durante toda a pesquisa e

    concepo desta dissertao.

    A Prof. Dr. Marta Vieira Boga pela co-orientao sempre presente.

    Aos professores Prof. Dr. Alexandre Emlio Lipai, Prof. Dr.Adilson Costa

    Macedo, Prof. Dr.Yopanan Conrado Pereira Rebello e Prof. Dr. Jos Ronald Moura de

    Santa Inez pela qualidade das matrias ministradas que foram fundamentais para a

    construo da pesquisa e anlise efetuadas no decorrer deste trabalho.

    Ao Prof. Arnaldo de Souza Cardoso, Diretor do LACCE, grande incentivador

    para o aperfeioamento acadmico.

  • RESUMO A presente dissertao tem como foco estudar o mobilirio urbano e as eventuais interferncias que ele provoca na caladas, bem como, de que forma as legislaes podem interferir favoravelmente no aproveitamento desse espao pblico, quando na implantao destes objetos. Para estudo foi escolhido especificamente um trecho importante do bairro de Higienpolis. Para fins ilustrativos a dissertao mostra alguns modelos, dentro da mesma tipologia, usados em outras cidades de outros pases, mostrando comparativamente o resultado de uma padronizao e a forma de comercializao deste mobilirio. O paralelo traado neste trabalho entre a aplicao do mobilirio urbano nestas diferentes cidades tende a acrescer as possibilidades de uso logstico e paisagstico, propondo o beneficio no uso e ocupao do espao para a populao. As anlises efetuadas ilustraro a ocupao da calada e utilidade do mobilirio nela incluso, bem como a problemtica que envolve esta instalao e conseqncias na circulao de pedestres pela ausncia de um estudo minucioso do ambiente a ser ocupado. Aspectos de relevncia urbana do trecho sero detalhados tambm para ilustrar o espao, onde sero apresentados, por exemplo, dados sobre a quantidade de bancas de jornal e pontos de txi ali localizados. Tambm sero abordadas as medidas elaboradas pelo poder pblico (cartilhas e leis) com o propsito de adequar a utilizao do espao, tornando-o apropriado ao ambiente urbano. Desta forma, a pesquisa e anlise permitiro apontar algumas das causas, bem como solues para os problemas identificados no trecho do bairro de Higienpolis, devido ao mau uso do espao e do mobilirio urbano. PALAVRAS-CHAVE: 1.Mobilirio Urbano - Ponto de Txi - So Paulo (SP) 2.Mobilirio Urbano - Banca de Jornal - So Paulo (SP) 3. Mobilirio Urbano - Caladas - Legislao - So Paulo (SP) I.Ttulo

  • ABSTRACT This dissertation focuses on studying the street furniture and any interference it causes to sidewalks, and how the laws can interfere favorably in the exploitation of public space, where the deployment of these objects. To study was specifically chosen an important stretch of the Higienpolis neighborhood. To support the search and illustrates it the dissertation shows some models within the same type, used in other countries, showing compared the result of a form of standardization and commercialization of this furniture. The parallel track in this work between the applications of street furniture in these different cities tends to increase the possibilities of use and logistics landscape, offering the benefit in the use and occupancy of space for the population. The analyses performed by graphics illustrate the occupation of the sidewalk and utility of the furniture even it, and the problems involving the installation and transit consequences of the absence of thorough analysis of the environment occupation. Aspects of relevance of the urban stretch also will be detailed to illustrate the space, which will be presented, for example, data on the amount of newspaper houses and taxi points located there. It also will show the measures drawn up by public authorities (books and laws) with the aim of adapting the use of space, making it appropriate to the urban environment. Thus, the research and analysis will point out some of the causes and solutions to problems identified in the Higienpolis neighborhood sentence due to the misuse of space and street furniture. KEY WORDS: 1. Urban Furniture Taxi Points - Sao Paulo (SP) 2. Urban Furniture -Newspaper Houses - Sao Paulo (SP) 3. Urban Furniture Sidewalk, Legislation I. Heading

  • Sumrio INTRODUO ...............................................................................................................12

    CAPITULO 1 - MOBILIRIO URBANO: DEFINIES ..................................................15

    1.1 Definies .........................................................................................................16

    1.1.1 Definio do Termo .................................................................................19

    1.2 Tipos Existentes................................................................................................20

    CAPTULO 2 - O MOBILIRIO URBANO E O ESPAO URBANO ...............................29

    2.1. Objeto de Estudo .................................................................................................29

    2.1.1 Ponto de Txi Definio...............................................................................30

    2.1.2 Bancas de Jornal ............................................................................................32

    2.2 Local de Estudo ....................................................................................................40

    2.3 Aspectos da Regio ..............................................................................................41

    CAPTULO 3 - LEVANTAMENTO E CARACTERIZAO DO MOBILIRIO NA REA

    SELECIONADA..............................................................................................................46

    3.1 Abrigo para Txi ou Ponto de Txi........................................................................51

    3.1.1 Localizao dos Abrigos e Identificao dos Tipos ........................................54

    3.1.2 Modelos Semelhantes Dentro da Mesma Tipologia.......................................56

    3.1.3 Modelos Semelhantes com Materiais Diferentes............................................57

    3.1.4 Modelos Diferentes Dentro da Mesma Tipologia ............................................59

    3.1.5 Aspectos Fsicos e a Relao com Entorno ...................................................61

    3.2 Bancas de Jornal ..................................................................................................67

    3.2.1 Localizao das Bancas de Jornal e Identificao dos Tipos .........................70

    3.2.2 Modelos Diferentes Dentro da Mesma Tipologia ........................................73

    3.2.3 Aspectos Fsicos e a Relao com o Entorno ................................................80

    CAPTULO 4 - ANLISE E DISCUSSO.......................................................................86

    CONSIDERAES FINAIS ...........................................................................................91

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA....................................................................................93

    ANEXO I.........................................................................................................................95

  • Sumrio de Figuras Figura 1 - Floreira localizada na Rua Baro de Tatu, So Paulo. Autor, 2007. .............21 Figura 2 - Nascer", Daisy Nasser, alumnio laqueado, Parque Buenos Aires, So Paulo.

    Autor, 2007. .............................................................................................................21 Figura 3 Floreira localizada na Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.....................21 Figura 4 - Chafariz localizado na Praa Buenos Aires, So Paulo. Autor, 2007. ...........21 Figura 5 - "Homenagem ao Tango", Roberto Vivas, bronze, Parque Buenos Aires, So

    Paulo. Autor, 2007. ..................................................................................................22 Figura 6 - Relgio pblico, Praa Esther Mesquita, So Paulo. Autor, 2007. ................22 Figura 7 Totens, Praa Buenos Aires, So Paulo. Autor, 2007...................................22 Figura 8 - Bancos, Praa Vila Boin, So Paulo. Autor, 2007.........................................23 Figura 9 - Brinquedos infantis, Praa Buenos Aires, So Paulo. Autor, 2007. ...............23 Figura 10 - Bancas de Flores, Curitiba. Fonte: www.cidadesdobrasil.com.br -

    Consultado em 01/05/2006......................................................................................24 Figura 11- Bancas de Jornal, Curitiba. Fonte: www.cidadesdobrasil.com.br - Consultado

    em 01/05/2006.........................................................................................................24 Figura 12 - Ponto de nibus, Av. 9 de julho, So Paulo. Fonte:

    www.cidadesdobrasil.com.br - Consultado em 01/05/2006 .....................................25 Figura 13 - Ponto de txi e telefone pblico, Rua Rio de Janeiro, So Paulo. Autor,

    2007.........................................................................................................................25 Figura 14 - Lixeira, Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. .........................................25 Figura 15 - Placa de sinalizao de transito, So Paulo. Autor, 2007............................32 Figura 16 - Ponto de nibus, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado em

    01/09/07...................................................................................................................35 Figura 17 - Projeto para Ponto de nibus, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado

    em 01/09/07.............................................................................................................35 Figura 18 - Equipamento instalado na Austrlia, registra a organizao dos planos: um

    plano de fundo paralelo guia da calada e um perpendicular, os quais so utilizados para fins publicitrios. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07..................................................................................................................................36

    Figura 19 - Na Nova Zelndia alteram os desenhos das estruturas e as cores, mas mantm a mesma ordem entre eles e dada a mesma funo aos planos. Fonte: www.adshel.com......................................................................................................37

    Figura 20 - No Rio de Janeiro, os desenhos dos perfis so tambm alterados, mas, assim como nos anteriores, os planos tm as mesmas relaes entre eles. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.............................................................37

    Figura 21 - Em Curitiba, as relaes entre os planos tambm no alteram, somente os desenhos dos perfis estruturais. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07..................................................................................................................................37

    Figura 22 - Banca de Jornal, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07...................................................................................................................38

    Figura 23 - Ponto de Txi, Curitiba. Fonte: www.adshel.com.........................................38 Figura 24 - Banca de Jornal situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.

    .................................................................................................................................40

  • Figura 25 - Higienpolis, detalhe, Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo, Quatro Rodas, Editora Abril, 2000. ..................................................................................................41

    Figura 26 Ponto de txi 1, situado no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007..................................................................................................................................43

    Figura 27 Ponto de txi 2, situado no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007..................................................................................................................................44

    Figura 28 Banca de Jornal 1, situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.........................................................................................................................44

    Figura 29 Banca de Jornal 2, situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.........................................................................................................................45

    Figura 30 - Imagem demonstrativa: faixa de servio, faixa livre e faixa de acesso. Autor, 2007.........................................................................................................................50

    Figura 31 - O Ponto de Txi aqui apresentado est sendo colocado como referncia de uma soluo possvel e adequada s normas de ocupao do passeio pblico.Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007 ..........................................................52

    Figura 32 - Ponto de Txi. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007...................................53 Figura 33 - Higienpolis, detalhe, Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo, Quatro Rodas,

    Editora Abril, 2000. ..................................................................................................54 Figura 34 Ponto de Txi. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007..................................55 Figura 35 - Rua Rio de Janeiro, So Paulo. Autor, 2007. ..............................................56 Figura 36 - Rua Veiga Filho prximo ao Hospital Samaritano, So Paulo. Autor, 2007.56 Figura 37 - Rua Veiga Filho, So Paulo. Autor, 2007.....................................................57 Figura 38 - Rua Jaguaribe, So Paulo. Autor, 2007.......................................................57 Figura 39 - Av. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007. ...................................................58 Figura 40 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. .....................................................58 Figura 41 - Rua Martinico Prado, So Paulo. Autor, 2007. ............................................59 Figura 42 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. .....................................................59 Figura 43 - Rua General Jardim, So Paulo. Autor, 2007. .............................................60 Figura 44 - Rua Maranho esquina com a Rua Sabar, So Paulo. Autor, 2007. .........63 Figura 45 - Foto demonstrativa. Autor, 2007. .................................................................64 Figura 46 Modelo. Autor, 2007. ...................................................................................65 Figura 47 Banca de Jornal situada Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. ..........66 Figura 48 - Avenida Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.............................................68 Figura 49 Banca da Rua Maranho esquina com a Rua Itamb, So Paulo. Autor,

    2007.........................................................................................................................69 Figura 50 - Higienpolis, detalhe, Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo, Quatro Rodas,

    Editora Abril, 2000. ..................................................................................................70 Figura 51 Modelo mais comum de Banca de Jornal. Higienpolis, So Paulo. Autor,

    2007.........................................................................................................................73 Figura 52 Modelo de estrutura para Banca de Jornal. Autor, 2007. ............................74 Figura 53 - Rua Albuquerque Lins, So Paulo. Autor, 2007...........................................74 Figura 54 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. ....................................................75 Figura 55 Rua Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007. .................................................75 Figura 56 Rua Martinico Prado, So Paulo. Autor, 2007............................................75 Figura 57 - Rua Maranho com Itamb, So Paulo. Autor, 2007...................................76 Figura 58 - Rua Maranho com Rua Bahia, So Paulo. Autor, 2007. ...........................77 Figura 59 - Rua Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007. ..................................................77

  • Figura 60 - Rua Maranho com Avenida Anglica, So Paulo. Autor, 2007. .................77 Figura 61 - Rua Rio de Janeiro, So Paulo. Autor, 2007. ..............................................78 Figura 62 - Esquina da Rua Higienpolis com Rua Sabar, So Paulo. Autor, 2007. ...79 Figura 63 - Rua Sabar, So Paulo. Autor, 2007. ..........................................................82 Figura 64 Perspectiva 1, Rua Martins Francisco, So Paulo. Autor, 2007..................83 Figura 65 Perspectiva 2, Rua Martins Francisco, So Paulo. Autor, 2007..................83 Figura 66 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. .....................................................84 Figura 67 - Rua Albuquerque Lins, So Paulo. Autor, 2007...........................................85 Figura 68 - Praa Esther Mesquita, So Paulo. Autor, 2007. .........................................87 Figura 69 Perspectiva de passagem, anterior ao Ponto de Txi e a Banca de Jornal

    situados Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.................................................88 Figura 70 - Perspectiva de passagem, posterior ao Ponto de Txi e a Banca de Jornal

    situados Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.................................................89

  • INTRODUO

    difcil precisar, quando apareceu sobre a face da terra, o que entendemos

    hoje como mobilirio urbano. O primeiro mvel pode ter sido uma esttua, um poste, um

    palanque improvisado que se tornou definitivo, um banco, uma praa, um chafariz,

    enfim, qualquer objeto que tenha ocupado um determinado espao, num determinado

    lugar pblico, com uma determinada funo para atender a necessidade de uma

    determinada comunidade, dando incio ento, histria do mobilirio urbano.

    Da mesma forma que no possvel datar corretamente quando surgiu a

    primeira pea do Mobilirio urbano, difcil tambm determinar onde ela estava

    assentada, poderia estar em uma praa, numa calada ou no meio da rua, sendo

    assim, impossvel saber qual era o seu grau de interferncia no local.

    Porm, o mundo evoluiu e toda a sua organizao foi transformada, a

    tecnologia se modernizou, as cidades cresceram, as distncias aumentaram, as

    possibilidades de comunicao se ampliaram e as exigncias quanto aos servios

    comearam a ser buscadas pelos cidados na mesma proporo. Com todas as

    transformaes ocorridas, surgiram novas necessidades, entre tantas, e de maneira

    generalizada, os servios rpidos, especialmente os que dependem da administrao

    pblica, que levou a busca de solues eficientes como as cabines telefnicas, caixas

    de correio, lixeiras, transporte urbano e outros. Paralelamente, o setor privado se coloca

    visvel prestando servio a comunidade, com as bancas de jornal, totens publicitrios e

    de informaes, pontos de txi, floriculturas, bancos personalizados, quiosques, caixas

    eletrnicos. Gradativamente, esses objetos e mobilirios so agregados s

    preocupaes dos setores pblicos, que passam a organizar e legislar sobre o seu uso

    e localizao.

    O tema proposto para o desenvolvimento desta pesquisa, focalizando o

    Mobilirio urbano, surgiu primeiramente pela interface que estabelece entre a

    Arquitetura e o Design. Com a arquitetura, a relao fundamental que o resultado de

    ambos o edifcio ou o mobilirio so objetos que interagem diretamente com o homem

  • 13

    e com o espao urbano. A relao com o design est marcada pela idia de objeto e de

    produto, que permitem os mais variados modelos os quais precisam e devem ser

    estudados e entendidos atravs de suas formas, funes e materiais.

    Uma vez definida a temtica geral e iniciados os estudos, o mundo do mobilirio

    urbano se apresentou to diversificado e to imenso, que foi necessrio estabelecer

    diversos contornos para a atuao, selecionando se como objetos de estudo, entre o

    vasto elenco de equipamentos, dois mobilirios de porte mais expressivo, o ponto de

    txi e bancas de jornal, que entre o vasto elenco de produtos so os que tm

    integralmente a interface entre o Design e Arquitetura.

    Mesmo definido os objetos de anlise, foi necessrio determinar com mais

    preciso a linha de estudo, devido grande diversidade de enfoques que se

    apresentaram. O estudo passou a ser dirigido para o mobilirio urbano em uma

    localizao especfica, as caladas, reunindo nesta escolha duas importantes

    condies: a localizao usual da maior quantidade dos equipamentos e a variedade de

    relaes - legais, de uso, de interferncia - que estabelecem com os pedestres e com o

    entorno, com o espao pblico. Quando se fala em caladas deslumbra-se um

    espao sem fim de discusso, pois este um elemento que existe em grande

    quantidade, necessrio e constante, acompanhando suas ruas. Para que os

    levantamentos e observaes fossem melhor viabilizados, o estudo foi direcionado para

    a cidade de So Paulo, mais precisamente a regio de Higienpolis, onde delimitou-se

    uma rea que envolve as ruas que contornam a Avenida Higienpolis, densamente

    habitada e que apresenta grande variedade e quantidade de mobilirio urbano.

    O trabalho foi desenvolvido em quatro captulos, onde so abordadas as

    principais questes para a compreenso das relaes dos mobilirios urbanos com o

    espao pblico.

    O primeiro captulo decorre na sua essncia do entendimento dos termos

    mobilirio urbano e equipamento urbano, os seus significados e suas aplicabilidades

    pelos mais variados segmentos pblicos e autores. Tem como intuito interar o leitor do

  • 14

    quanto grande o nmero de moblias existentes e sua importncia para a

    comunidade.

    O segundo captulo apresenta os equipamentos urbanos em questo; primeiramente uma amostragem para reconhecimento das suas formas e como esto

    sendo difundidos no mundo, passando para suas relaes com cidades brasileiras e

    rgos controladores existentes na cidade de So Paulo. Neste captulo defini-se o

    objeto de estudo apresentando de forma detalhada e justificada o local escolhido para

    anlise. Alm de expor os tipos analisados, avaliando o lado construtivo e esttico com

    suas variaes.

    Dando continuidade aos estudos, o capitulo trs apresenta o levantamento e

    caracterizao dos objetos existentes na regio selecionada. Sendo um estudo de caso,

    este levanta as legislaes vigentes na cidade de So Paulo e aponta as divergncias

    entre os objetos identificados na regio e as regras de implantao, fazendo tambm

    uma anlise mais especfica destes elementos quanto s interferncias no local e seu

    entorno.

    Fechando o trabalho, o quarto captulo, ilustrado com alguns exemplos

    concretos, apresenta uma anlise do quanto o Mobilirio urbano, escolhido para estudo,

    foi capaz de transformar um determinado espao em lugar. Com o auxlio de alguns

    textos de autores que trataram deste assunto, foi possvel fundamentar a leitura destes

    locais e focar a importncia destes elementos no espao pblico.

    Para completar o trabalho, apresentamos um texto que resume pontos

    importantes, levantados durante os estudos, os quais nos permitem ter uma noo geral

    da pesquisa, e tambm nos permitem apontar as possveis causas e solues para os

    problemas identificados, no Bairro de Higienpolis, com as implantaes do Mobilirio

    urbano.

  • 15

    CAPITULO 1 - MOBILIRIO URBANO: DEFINIES

    Como citado na introduo, difcil precisar qual foi e quando surgiu a primeira

    pea do mobilirio urbano na face da terra, o que sabemos, que ela surgiu por

    necessidade, e depois, outras tantas foram brotando pela terra, e sempre pelo mesmo

    motivo, por necessidade. Analisando separadamente podemos entender as

    necessidades especficas de cada uma. o que vamos fazer no decorrer do

    desenvolvimento deste trabalho.

    O termo Mobilirio urbano usado para identificar todos os objetos e pequenas

    construes que ocupam um espao sobre as caladas, atendendo um objetivo

    esttico, funcional ou a ambos. comum para alguns destes elementos, a presena de

    mais um objetivo, como ocorre com os monumentos, que representam uma

    homenagem a alguma personalidade ou memria de acontecimentos importantes na

    histria de uma cidade e que tambm passam a ser referncia para identificao do

    lugar.

    Alguns objetos surgem no meio pblico com a inteno de embelezar o local,

    como por exemplo s floreiras, as esculturas e os painis artsticos. Outros mobilirios

    esto vinculados prestao de servios, com caractersticas especficas que atendem

    as necessidades comuns de todo cidado urbano, como os quiosques para venda de

    flores, pontos de nibus, totens de informao, telefones pblicos, pontos de txi,

    lixeiras e bancas de jornal.

    Quando entendemos o significado das palavras Mobilirio urbano e

    identificamos a diversidade de objetos que elas representam, estendemos nossa

    imaginao para saber o quanto estes objetos participam de maneira silenciosa na

  • 16

    nossa vida e quantos so no mundo, considerando que toda e qualquer cidade ou

    comunidade existente na face da terra, possui um elemento atendendo as

    necessidades dos cidados.

    Devido importncia destes objetos e a presena constante dos mesmos em

    toda cidade, a partir de um determinado tempo da histria estes elementos comearam

    a ganhar a ateno das entidades pblicas, que so responsveis pelo espao pblico,

    no sentido de se criarem regras para decidir a localizao e a implantao dos mesmos.

    Estes objetos chamaram tambm a ateno de profissionais como os arquitetos,

    engenheiros e designers, que comearam a rever os desenhos, as funes e

    procuraram adequ-los melhor ao ambiente onde estavam instalados, surgindo com

    isso, nomenclaturas diferentes para fazer referncia ao mesmo objeto.

    1.1 Definies

    H mais de uma nomenclatura, tanto na linguagem coloquial quanto

    naquela mais acadmica para designar estes objetos. Encontramos definies

    nas legislaes, em manuais de implantao e em registros de normas

    tcnicas. Dependendo da fonte, tais objetos so tratados ora como Mobilirio

    Urbano ora como Equipamento Urbano e tambm como Elemento Urbano.

    A palavra moblia, no dicionrio1, aparece como sendo um conjunto de

    peas com funes especficas, que ocupa um determinado espao, com

    objetivo de atender determinadas necessidades dos usurios, podendo servir

    tambm como adorno, e o termo urbano, se refere ao que pertencente cidade. Como na rea de design freqente o uso da denominao de

    habitculo para equipamentos como, por exemplo, um ponto de nibus, a consulta foi estendida a este termo: Que define um tipo de mobilirio.

    Habitao pequena e singela. 1 Dicionrio Eletrnico Houaiss da Lngua Portuguesa . www.dicionariohouaiss.com.br, 05/5/2006.

  • 17

    No livro publicado em 1966, com o ttulo, Elementos urbanos, mobilirio y

    microarquitectura, de autoria de Joseph Maria Serra, arquiteto envolvido desde

    1988 em projetos de urbanizao para Barcelona Espanha, na introduo,

    Mrius Quintana Creus considera mais compreensvel a denominao

    elementos urbanos pois, apesar do termo mobilirio ser amplamente utilizado, sempre lhe pareceu inadequado porque em muitos casos, aparece com sentido

    de decorao, sendo que tais objetos so muito mais funcionais que

    simplesmente objeto de adorno. Estabelece-se, ento, neste ponto de vista,

    uma distino de importncia, que remete percepo e entendimento do

    contedo dos termos.

    Em outra fonte de consulta utilizada, o livro Mobilirio Urbano, de Claudia Mouth2 (1998), sntese do seu trabalho de dissertao de mestrado

    embora a autora no se detenha na definio dos termos, faz uma anlise

    isolada das peas do mobilirio urbano. Neste sentido, a partir do aspecto

    funcional, estabelece algumas categorias, identificando os objetos ora como

    elemento e ora como mobilirio, como podemos verificar na relao abaixo:

    Elementos decorativos esculturas e painis de prdios. Mobilirio de Servio Telefones pblicos, caixa de correios, latas de lixo,

    abrigos de nibus, banheiros pblicos e protetores de rvores.

    Mobilirio de Lazer Bancos de praa, mesas de jogos. Mobilirio de Comercializao Bancas de jornal, quiosques, barracas de

    vendedor ambulante e de flores, cadeiras de engraxate.

    Mobilirio de Sinalizao Placas de logradouros, placas informativas, placas de trnsito.

    2 MOURTH, Claudia Rocha - Mobilirio Urbano em Diferentes Cidades Brasileiras: Um estudo comparativo. So Paulo, FAU/USP, 1998 - Dissertao (Mestrado) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Estruturas ambientais Urbanas) -Universidade de So Paulo - FAPESP Fundao de Amparo a Pesquisa do Estado de So Paulo.

  • 18

    A ABNT, Associao Brasileira de Normas Tcnicas3, utiliza

    nomenclaturas diferentes para identificar os mesmos objetos, ou seja, na norma

    NBR 9283 de maro de 1986, utiliza o termo mobilirio urbano para definir que so: todos os objetos, elementos e pequenas construes integrantes da

    paisagem urbana, de natureza utilitria ou no, implantados mediante

    autorizao do poder pblico, em espaos pblicos e privados. Na NBR 9284

    de maro de 1986, ela faz referencia a mesma definio utilizando o termo

    equipamento urbano.

    Outras fontes utilizadas para a definio e conceituao destes termos

    foram pesquisadas nos rgos oficiais, em leis vigentes no municpio de So

    Paulo.

    Na Lei n 9.413 de Dez./1981, que dispe sobre o parcelamento do solo no Municpio, em seu primeiro captulo define equipamentos urbanos como sendo as instalaes de infra-estrutura urbana, tais como: equipamentos de

    abastecimento de gua, servios de esgoto, energia eltrica, coleta de guas

    fluviais, rede telefnica, gs canalizado, transporte de outros interesses pblico.

    Na Lei n 10.315 de Abr./1987 que dispe sobre a limpeza pblica do Municpio, no art.34 determina que proibido riscar, borrar, escrever e colar

    cartazes nos seguintes locais: rvores de logradouros pblicos; gradis

    parapeitos, viadutos, pontes, canais e tneis; postes de iluminao, placas

    indicativas do trnsito, hidrantes, caixas de correio, de telefone, de alarma de

    incndio e de coleta de lixo; guias de calamento, passeios e revestimentos de

    logradouros pblicos, e, bem assim, escadarias de edifcios pblicos ou

    particulares; outros equipamentos urbanos (grifo do autor).

    3 ABNT uma entidade de estudo e pesquisa que estabelece normas onde fixa as condies mnimas para produo e utilizao de equipamentos, execuo de obras relacionadas construo civil.

  • 19

    Segundo normas complementares Lei N 13.430 de 19 de setembro de 2002 do municpio de So Paulo, estabelece que: mobilirio urbano (grifo do autor) o conjunto de elementos, que podem ocupar o espao pblico,

    destinados a funes urbansticas de: circulao e transportes; ornamentao

    da paisagem e ambientao urbana; descanso e lazer; servios de utilidade

    pblica, comunicao e publicidade; atividade comercial; acessrios infra-

    estrutura, sendo implantados por agentes pblicos ou por ente privado

    autorizado pela municipalidade.

    Em setembro de 2006 foi assinada a Lei N 14.223 em que no artigo 6 define mobilirio urbano como um conjunto de elementos que podem ocupar o

    espao pblico, implantados direta e indiretamente, pela Administrao

    Municipal, com as seguintes funes urbansticas: (a) circulao de transportes;

    (b) ornamentao de paisagem e ambientao urbana; (c) descanso e lazer; (d)

    servios de utilidade pblica; (e) comunicao e publicidade; (f) atividade

    comercial; (g) acessrios infra-estrutura e mais recentemente, em 01/03/2007

    foi aprovada a Lei N 95/2007, que consolida a legislao sobre limpeza de imveis, onde na seo II, que trata da instalao do mobilirio urbano nos

    passeios, diz no artigo 11: So condies para instalao de mobilirio urbano

    nos passeios, conceituado como objetos que integram a paisagem urbana e

    tm natureza utilitria ou decorativa, tais como telefones pblicos, caixas de

    correio cestos de lixo, bancas de jornal, lixeiras, abrigos de nibus, placas de

    sinalizao e outros.

    1.1.1 Definio do Termo

    Com base nos levantamentos registrados acima, principalmente

    nas definies utilizadas pela ABNT Associao Brasileira de Normas

    Tcnicas, que uma entidade de referncia para os rgos pblicos,

    neste trabalho ser adotado o seguinte entendimento: todos os elementos,

  • 20

    objetos e pequenas construes autorizadas e colocadas disposio

    pblica, so considerados mobilirio e / ou equipamento urbano.

    1.2 Tipos Existentes

    Quando nos referimos a mobilirio urbano, estamos falando de um

    conjunto de mveis que fazem parte do meio urbano, porm, no estamos

    fazendo nenhuma meno sua forma ou a sua funo; Quando especificamos

    qualquer destas moblias, estamos associando a forma sua funo e nos

    referindo a um objeto conhecido do nosso repertrio, possvel de ser identificado

    e distinguido dentre os outros tantos espalhados pela cidade que cumprem

    funes diferentes. Estamos nos referindo aos tipos de moblias existentes no

    meio urbano. Os tipos esto diretamente associados funo, pois atendem a

    uma necessidade especfica e como existe a diversidade de moblias, podemos

    agrup-los para melhor entendimento.

    A ABNT classifica tanto o mobilirio urbano (NBR 9283) como os

    equipamentos urbanos (NBR 9284) por categorias e subcategorias, segundo

    funo predominante. Este procedimento, que tambm foi adotado por Mourth

    (1998) e por Serra (1996), seguido neste trabalho, permitindo a seguinte

    identificao:

    Tipo decorativo: so as floreiras, chafarizes e esculturas.

  • 21

    Figura 1 - Floreira localizada na Rua

    Baro de Tatu, So Paulo. Autor, 2007.

    Figura 2 - Nascer", Daisy Nasser, alumnio laqueado, Parque Buenos

    Aires, So Paulo. Autor, 2007.

    Figura 3 Floreira localizada na Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.

    Figura 4 - Chafariz localizado na Praa Buenos Aires, So Paulo. Autor, 2007.

  • 22

    Figura 5 - "Homenagem ao Tango", Roberto Vivas, bronze, Parque Buenos Aires, So Paulo.

    Autor, 2007.

    Tipo informativo: so os elementos de sinalizao, totens, relgios pblicos.

    Figura 6 - Relgio pblico, Praa

    Esther Mesquita, So Paulo. Autor, 2007.

    Figura 7 Totens, Praa Buenos Aires, So

    Paulo. Autor, 2007.

  • 23

    Tipo para lazer: so os bancos e brinquedos infantis localizados em parques e praas.

    Figura 8 - Bancos, Praa Vila Boin, So Paulo. Autor, 2007.

    Figura 9 - Brinquedos infantis, Praa Buenos Aires, So Paulo. Autor, 2007.

    Tipo comercial: so as bancas de jornal e bancas de flores.

  • 24

    Figura 10 - Bancas de Flores, Curitiba. Fonte: www.cidadesdobrasil.com.br - Consultado em

    01/05/2006.

    Figura 11- Bancas de Jornal, Curitiba. Fonte: www.cidadesdobrasil.com.br - Consultado em

    01/05/2006.

    Tipo pblico: so as lixeiras, telefones, postos policiais, pontos de nibus e pontos de txi:

  • 25

    Figura 12 - Ponto de nibus, Av. 9 de julho, So Paulo. Fonte: www.cidadesdobrasil.com.br

    - Consultado em 01/05/2006

    Figura 13 - Ponto de txi e telefone pblico, Rua Rio de Janeiro, So Paulo. Autor, 2007.

    Figura 14 - Lixeira, Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.

  • 26

    As fotos apresentadas neste captulo ilustram, para maior entendimento, a

    classificao dos tipos de Mobilirio urbano, porm, naturalmente, o nmero de

    elementos que podem ser classificados muito superior aos apresentados aqui.

    A ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas, na norma NBR

    92834 de maro de 1986, em sua classificao, relaciona as moblias em

    categorias e subcategorias da seguinte forma:

    1.1 - Circulao e Transporte.

    1.2 - Cultura e Religio.

    1.3 - Esporte e Lazer.

    1.4 -Infra-estrutura (Sistema de comunicaes; Sistema de energia;

    Sistema de iluminao pblica; Sistema de saneamento.).

    1.5 - Segurana pblica e Proteo.

    1.6 - Abrigo.

    1.7 -Comrcio.

    1.8 - Informao e comunicao visual.

    1.9 - Ornamentao da paisagem e ambientao urbana.

    1.1 Circulao e transporte: Abrigo para ponto de nibus, acesso ao metr, acostamento para paradas em geral, bicicletrio, calada,

    elemento condicionador de trfego (quebra mola, canteiro central,

    outros), espelho parablico, parqumetro, passagem subterrnea,

    passarela, pavimentao, pequeno ancoradouro (trapiche, cais, per),

    rampa, escadaria, semforo, sinalizao horizontal.

    1.2 Cultura e religio: Arquibancada e palanque, coreto, cruzeiro, escultura, estaturia, estao de via sacra, marco, mastro, monumento,

    mural, obelisco, oratrio, painel, pira, plataforma, palco, placa

    comemorativa.

    4 NBR 9283 - Trata do conceito e definio sobre Mobilirio Urbano

  • 27

    1.3 Esporte e lazer: Aparelho de televiso coletivo, brinquedo, churrasqueira, mesa, assentos, parque de diverso, playground,

    quadras de esporte.

    1.4 Infra-estrutura: Sistema de comunicaes: Caixa de correio, cabine telefnica, orelho, entrada de galeria telefnica, tampo, posteao,

    fiao, torre, antena.

    o Sistema de energia: Entrada de galeria de gs, tampo, entrada de galeria de luz e fora, tampo, posteao, fiao, torre, respiradouro.

    o Sistema de Iluminao pblica: Luminria, poste de luz, fiao. o Sistema de saneamento: Bebedouro, bica, chafariz, fonte, tanque,

    entrada de galeria de guas, tampo, grade, tampa, outras

    vedaes, lixeira, respiradouro, sanitrio pblico.

    1.5 Segurana Pblica e Proteo: Balaustrada, cabine (policial e vigia), defensa, frade, grade, gradil, guarita, hidrante, muro, mureta, cerca,

    posto salva-vidas.

    1.6 Abrigo: Abrigo, refgio, caramancho, pavilho, prgula, quiosque. 1.7 Comrcio: Banca, barraca, carrocinha, trailer. 1.8 Informao e comunicao visual: Posto, cabine, anncios (cartaz,

    letreiro, painel, placa, faixa), relgio, relgio-termmetro eletrnico,

    sinalizao (placa de logradouro e de informao).

    1.9 Ornamentao da paisagem e Ambientao urbana: Arborizao, bancos, assentos, calado, canteiro, chafariz, fonte, escultura, esttua,

    espelho dgua, jardineira, vaso, mirante, obelisco, queda d gua.

    Uma outra caracterstica que diferencia os tipos e que pode ser aqui

    acrescentada foi identificada a partir da nossa observao: existem, entre as

    moblias urbanas, aquelas em que os usurios tm uma permanncia temporria,

    quando do equipamento fazem uso, e outras, em que os usurios tm uma

    permanncia constante quando dele tambm fazem uso.

  • 28

    Foram considerados equipamentos com permanncia temporria os

    pontos de nibus e as cabines telefnicas, uma vez que, no caso dos pontos de

    nibus, os usurios so passageiros que tem o seu tempo de permanncia

    determinado pela passagem do nibus e, no caso das cabines telefnicas, o

    tempo do usurio determinado pela durao da conversa, e esta - quando no

    interrompida pela vontade prpria - determinada pela durao do carto que

    habilita o uso do aparelho.

    Por outro lado, podem ser entendidos como equipamentos com

    permanncia constante as bancas de jornal e os pontos de txi. No primeiro

    caso, a prpria forma de comercializao, onde h troca de mercadoria por

    dinheiro, a configurao do equipamento e a forma como ficam expostos os

    produtos comercializveis (jornal, revistas), so condies que tornam

    indispensvel a presena de uma pessoa para controle das operaes,

    caracterizando assim a banca de jornal como um local de permanncia

    constante, enquanto, temporariamente, ficam os consumidores. Em relao ao

    ponto de txi, como um equipamento pertencente a um grupo de pessoas,

    comum a presena de um ou mais proprietrios no seu habitculo, espera de

    passageiros, observando assim, a permanncia constante de pelo menos um

    elemento no local de trabalho.

  • 29

    CAPTULO 2 - O MOBILIRIO URBANO E O ESPAO URBANO

    Como j sabemos, o mobilirio ou equipamento urbano implantado numa

    cidade pode ser visto como um elemento de decorao, e traz consigo a funo que o

    identifica e o qualifica como um prestador de servio comunidade, tornando-se assim

    imprescindvel no meio urbano. Decorativo ou no, est sempre vinculado a uma

    necessidade do cidado. Alm disso, todo equipamento urbano, para justificar sua

    existncia, necessita da ao do homem e assim como um simples banco de praa, as

    bancas de jornal, os pontos de nibus e os pontos de txi, so elementos de interao

    plena entre o usurio e o objeto, exigindo tambm que seu desenvolvimento seja pleno,

    levando em considerao aspectos antopomtricos, ergonmicos, funcionais e

    construtivos.

    2.1. Objeto de Estudo

    Independente da localizao geogrfica dos mobilirios urbanos - praas,

    parques e caladas - eles demandam as mesmas atenes em relao ao

    contexto em que se inserem. So encontradas em praas, parques e caladas

    da maioria das cidades existentes no mundo. Entretanto, para esta pesquisa, os

    equipamentos de maior porte passam a ser mais interessante porque as relaes

    que estabelecem com o espao urbano podem ser melhores e mais facilmente

    percebidas. Considerando isto, foram selecionados como objeto de estudo dois

    elementos - o abrigo para txi, mais conhecido como ponto de txi e a banca de

    jornal.

    O trabalho prope estudar seus aspectos formais, construtivos, funcionais

    e suas relaes com a ocupao do espao, mais especificamente os

    localizados nas caladas, levando em considerao as legislaes vigentes que

  • 30

    controlam sua implantao. Segundo Gordon Cullen, Quando olhamos uma

    coisa vemos por acrscimo uma quantidade de outras coisas.5 Esta afirmao

    refora a necessidade de que os elementos devam ser implantados no espao

    pblico considerandose as possveis interferncias do mobilirio na circulao

    de pedestres, na identidade do local e na paisagem.

    2.1.1 Ponto de Txi Definio

    Todos ns encontramos com facilidade este mobilirio mesmo

    porque a maioria deles identificada por uma placa escrita Ponto de

    Txi ou ento o reconhecimento ocorre pela quantidade de carros

    brancos, que cor oficial dos txis na cidade de So Paulo, parados a

    beira da calada e em frente ao chamado ponto de txi.

    A prefeitura de So Paulo, para fins de aplicao da Lei N 14.2236,

    no captulo 03, artigo 22, inciso 21, define abrigo para txi como

    instalaes de proteo contra as intempries, destinados a proteo dos

    usurios do sistema regular de txis, devendo, em sua concepo, definir

    os locais para veiculao de publicidade e painis informativos referentes

    ao sistema de transporte e sua integrao com o metropolitano.

    Segundo a ADETAX7, as empresas operadoras de frota de txi em

    So Paulo tiveram sua regulamentao em 1969, atravs da Lei N 7.329.

    Esta lei, chamada pelos taxistas de Lei dos Txis, foi criada para

    regulamentar esta atividade, caracterizada como transporte de interesse

    5 CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana - Editora: Edies 70: Portugal, 1961.(p.10). 6 Lei N 14.223, de 26/09/06, dispe sobre a ordenao dos elementos que compem a paisagem urbana do Municpio de So Paulo. 7 ADETAX Associao da Empresas de Txi de Frota do Municpio de So Paulo. Fonte: www. adetax. com.br. Consulta: 23/09/2007.

  • 31

    pblico. Tambm segundo a Adetax a profisso de taxista existe em So

    Paulo desde 1902. No final da dcada de 1950 e incio da dcada de 1960

    muitos motoristas tinham mais de um txi, alguns com 10 ou 15 carros, j

    constituindo uma pequena frota. Na poca poucas pessoas possuam

    automveis, tornando o txi um meio de transporte muito requisitado, tanto

    que os motoristas trabalhavam em dois turnos, dividindo o mesmo veculo,

    um trabalhava durante o dia e o outro durante a noite. No prazo de cinco

    anos de vigncia da lei, surgiram 237 empresas de Txi, majoritariamente

    micro empresas familiares. Cinco anos depois restavam 130 e atualmente

    so 58 empresas.

    Atualmente, a quantidade de txis em So Paulo uma das maiores

    do mundo. Esto inscritos na cidade 32766 txis, nmero inferior apenas

    ao da frota da cidade do Mxico que possui 36000 unidades, superando

    portanto outras grandes metrpoles como Londres, Paris, Nova York,

    Buenos Aires. A explicao do porque desta quantidade pode ser

    deduzida, por exemplo, a partir das informaes da Prefeitura do

    Municpio de So Paulo8 sobre o movimento que ocorre nos dois

    aeroportos da cidade, Congonhas e Cumbica: so 8,7 milhes de

    desembarques por ano, sem contar os nmeros de pessoas que circulam

    pelos terminais rodovirios. Esta circunstncia, somada s necessidades

    de transporte rpido, deficincia dos transportes coletivos (nibus e

    metr) e distncia entre os vrios centros comerciais existentes, explica

    o nmero de profissionais envolvidos com esta atividade, e que

    justamente para melhor atenderem a demanda, posicionam-se prximos a

    locais de grande concentrao de pessoas como shoppings, escolas,

    cinemas, hotis e hospitais.

    Os pontos de txi atualmente so distribudos atravs de sorteio

    realizados pela Secretaria Municipal de Transporte da prefeitura de So

    8 Informao obtida atravs do site Portal da Cidade, www.prefeitura.sp.gov.br, acessado 15/8/2007.

  • 32

    Paulo. Segundo reportagem publicada pela ADETAX9, a prefeitura de So

    Paulo, no ano de 2005, ofereceu 4195 vagas em pontos de txi. Como

    procedimento bsico, a prefeitura localiza as reas com demanda,

    procede a um levantamento para identificar a capacidade fsica em cada

    local (nmero de vagas) e realiza o sorteio. O ponto, uma vez definido,

    recebe uma placa de identificao, que o situa como rea exclusiva para

    estacionamento de txi, um nmero de registro e a especificao da

    quantidade de vagas. A placa fixada em um poste alocado beira da

    calada, como mostra a Figura 15:

    Figura 15 - Placa de sinalizao de transito, So Paulo. Autor, 2007.

    2.1.2 Bancas de Jornal

    Ao contrrio do mobilirio urbano, a denominao banca de jornal

    parece no oferecer qualquer controvrsia.

    9 ADETAX. SORTEIO DE PONTOS. Inscries abertas! Frotas de Taxis auxiliam Taxistas. Notcias. 2005. http://www.adetax.com.br/not_frm.asp?not_id=98. acessado em 12/04/2007

  • 33

    A Lei N 14.223 de 26/09/2006 apresenta uma relao de elementos

    considerados mobilirio urbano, e se refere Banca de Jornal, sem se

    ater a uma definio especfica. O mesmo ocorre em relao a uma outra

    fonte oficial, a Lei N 10.072 de 09/06/86,10 no artigo 1: A instalao de

    bancas destinadas venda de livros culturais, jornais e revistas novas,

    bem como destes mesmos peridicos usados, em logradouros pblicos,

    somente se dar perante permisso de uso, em locais designados

    previamente pelo Executivo, na forma da Lei.

    As referncias idia de Banca de Jornal - elemento indispensvel

    hoje no cotidiano das cidades - existem h muito tempo; Uma delas11

    relata que a profisso de jornaleiro surgiu no fim do sculo XIX e incio do

    sculo XX, quando ento os jornaleiros, a cavalo ou a p, levavam as

    notcias do dia ao pblico. Todas as manhs, com sol ou chuva, garotos e

    adultos iam para as ruas centrais das principais cidades e ofereciam

    jornais aos leitores, de mo em mo. No decorrer do tempo, foram

    surgindo as bancas especializadas na venda de jornais e revistas.

    Neste sentido, a denominao que usualmente utilizada parece

    bastante adequada: no dicionrio Houaiss, o termo banca definido como

    sendo mesa rstica ou improvisada, geralmente, um estrado sobre

    cavaletes, em que feirantes, mercadistas, camels etc. expem suas

    mercadorias. Como se pode constatar, este conceito aplicado nos

    mercados e nas feiras livres existentes nas cidades. O outro termo, jornal,

    segundo a etimologia, significa livro de registros de atos, livro de preces

    para uso cotidiano dos clritos. Assim, entende-se que as bancas

    surgiram a partir de um tablado que era usado para expor diversas

    mercadorias, passando a ser utilizada tambm para expor jornais e,

    10 Esta Lei dispe sobre a instalao de bancas de jornal e revistas em logradouros pblicos, e d outras posies. 11 Jornaleironline do jornal O Estado, http://www.jornaleironline.com.br/oesp/va/jol/Index0.htm, acessado em : 20/07/2007.

  • 34

    posteriormente, pela necessidade de proteger os produtos contra as

    intempries, agregou-se banca alguma forma de cobertura.

    Justamente por ser um mobilirio bastante necessrio comunidade,

    as bancas de jornal so um produto de grande procura pelas entidades

    pblicas e privadas, provocando uma demanda significativa, o que fez

    com que surgissem no mundo, principalmente na Europa, empresas que

    se tornaram especializadas no desenvolvimento, comercializao e

    implantao desses produtos, como a Clear Channel Adshel12 na

    Inglaterra, a Cemusa na Espanha e a JCDecaux Design na Frana.

    O desenvolvimento de novos modelos no mercado de Equipamentos

    Urbano acompanhou o surgimento de novos materiais e de novas

    tecnologias desenvolvidas pelas indstrias no mundo inteiro, permitindo

    assim, que o desenho concebido na Inglaterra pudesse ser reproduzido

    fielmente em qualquer pas de interesse. Os produtos desenhados por

    estas empresas, seguem uma linguagem padronizada, porm, para que

    sejam adequados aos diferentes espaos onde sero implantados,

    permitem alteraes, efetuadas dentro de determinados limites, de

    maneira que no haja descaracterizao da sua configurao inicial.

    Assim, por exemplo, com o intuito de adequar o design e a

    funcionalidade das peas s caractersticas da cidade, a empresa Clear

    Channel Adshel, contratou um arquiteto brasileiro13 para desenvolver

    equipamentos exclusivos para o mobilirio local (Figura 16). Porm,

    quando observamos o resultado e o comparamos com outro produto da

    mesma tipologia, desenhado pela Adshel para outro pas, encontramos 12 A Clear Channel Adshel uma das maiores empresas do mundo no desenvolvimento de mobilirio urbano para mdia exterior. Atua em 50 pases dos cinco continentes, entre eles o Brasil. Alm de Curitiba e Rio de Janeiro, tem seus produtos em outras 11 cidades, como Niteri, Americana, ABC, Campinas, Jundia, Piracicaba, Ribeiro Preto, So Carlos, So Jos do Rio Preto, So Paulo e Sorocaba, conforme o prprio site divulga. 13 O arquiteto contratado foi Manoel Coelho de Curitiba.Fonte: www.adshel.com.Consultado em 01/09/07.

  • 35

    apenas diferenas pouco significativas, relacionadas s posies dos

    painis, s cores e aos detalhes decorativos das estruturas, mantendo a

    mesma configurao proposta no desenho original (Figura 17) 14.

    Figura 16 - Ponto de Txi, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.

    Figura 17 - Projeto para Ponto de nibus, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado

    em 01/09/07.

    14 O modelo original foi desenhado para Clear Channel / Adsel, pelo arquiteto norte americano Richard Mier. Fonte: www.adshel.com, consultado em 01/09/07.

  • 36

    O modelo desenvolvido originalmente prope a confeco de

    estruturas leves construdas em alumnio extrudado, e a cobertura em

    policarbonato, com opo ainda de chapas lisas galvanizadas, como

    mostram as figuras acima. O desenho estabelece um painel plano no

    fundo, paralelo guia da calada e um outro painel em uma das laterais,

    fixado perpendicularmente ao plano do fundo. Todos os painis so

    utilizados para divulgao publicitria. Em alguns casos, no interior do

    mobilirio colocado um apoio ou um assento para descanso do usurio.

    Com o intuito de demonstrar o que foi apontado anteriormente as

    fotos a seguir documentam a difuso globalizada de um modelo padro

    para estes equipamentos: o abrigo para nibus, implantado na Austrlia

    (Figura18) apresenta a mesma configurao do abrigo implantado na

    Novazelndia apresenta a mesma configurao do abrigo implantado na

    Nova Zelndia (Figura 19) que semelhante ao abrigo implantado no Rio

    de Janeiro (Figura 20), que tambm semelhante ao abrigo de Curitiba

    (Figura 21).

    Figura 18 - Equipamento instalado na Austrlia, registra a organizao dos planos: um plano de fundo paralelo guia da calada e um perpendicular, os quais so utilizados

    para fins publicitrios. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.

  • 37

    Figura 19 - Na Nova Zelndia alteram os desenhos das estruturas e as cores, mas mantm a mesma ordem entre eles e dada a mesma funo aos planos. Fonte:

    www.adshel.com.

    Figura 20 - No Rio de Janeiro, os desenhos dos perfis so tambm alterados, mas, assim como nos anteriores, os planos tm as mesmas relaes entre eles. Fonte:

    www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.

    Figura 21 - Em Curitiba, as relaes entre os planos tambm no alteram, somente os

    desenhos dos perfis estruturais. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.

  • 38

    Com a inteno de dar mais aplicabilidade estrutura desenvolvida,

    o desenho permite que ela seja adaptada para outros fins, como exemplo

    para uma banca de jornal ou ainda para um ponto de txi, como

    demonstram as fotos do mobilirio implantado em Curitiba.

    Figura 22 - Banca de Jornal, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.

    Figura 23 - Ponto de Txi, Curitiba. Fonte: www.adshel.com.

    As empresas envolvidas com a produo destes mobilirios (citadas

    anteriormente), por serem voltadas venda de espaos publicitrios,

    desenvolveram os mesmos com o intuito de obter, como resultados,

    planos visveis tanto para os usurios destes objetos como para os

    transeuntes. Estes planos so utilizados para divulgao dos produtos dos

  • 39

    seus clientes e, por isso mesmo, os modelos desenvolvidos se

    apresentam necessariamente com a mesma configurao, que baseada

    na organizao destes planos, ficando estabelecida uma linguagem

    comum a qualquer lugar onde so implantados. Muitas vezes, pela prpria

    rigidez do desenho e pelas prprias necessidades, este mobilirio

    instalado desconsiderando as condies urbansticas e culturais do local.

    Em So Paulo encontramos uma situao semelhante quando

    observamos alguns desses equipamentos implantados nas caladas: facilmente constatado que no houve nenhuma preocupao com o

    entorno do objeto. Por outro lado, quando comparamos a forma de

    comercializao destes objetos aqui, esta diverge de forma substancial

    daquela realizada em outros pases e at mesmo em outras cidades

    brasileiras. Apesar de ser a maior e mais rica cidade do pas, em So

    Paulo muitos destes produtos so encomendados a empresas no

    especializadas na fabricao destes elementos; so muitas vezes

    serralherias que, com base em um modelo existente, se limitam a

    reproduzir a forma, sem conhecimento das necessidades do produto ou

    das necessidades dos usurios.

    Os consumidores destes produtos, por sua vez, so diferentes

    grupos formados por particulares, desvinculados de qualquer entidade

    administrativa. Eles se organizam e decidem, com critrios prprios o que

    desejam obter como cobertura, sem ter qualquer orientao de um rgo

    superior ou de um profissional, como um arquiteto ou designer,

    obedecendo apenas a algumas regras dimensionais para a implantao

    sobre a calada. Neste sentido as bancas de jornal e os pontos de txi so

    exemplos conhecidos encontrados na cidade de So Paulo, que so

    idealizados, construdos e instalados pelos seus donos sem que um

    estudo do objeto e cuidados com o local fossem exigidos, inexistindo

    tambm qualquer relao formal entre eles, como demonstra a foto

  • 40

    abaixo, onde aparece em primeiro plano uma banca de jornal e em

    segundo plano um ponto de txi15.

    Figura 24 - Banca de Jornal situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.

    2.2 Local de Estudo

    Como o objeto de estudo trata da ocupao e das interferncias destes

    elementos no espao urbano, mais especificamente sobre os passeios, foi

    escolhida uma regio localizada dentro da cidade de So Paulo que, com a

    maior concentrao de populao do pas e a grande extenso da rea

    urbanizada, apresenta conseqentemente um nmero alto de mobilirio em geral

    e, em particular, daqueles que so objeto deste estudo. A rea selecionada

    compreende a Avenida Higienpolis e as ruas que esto imediatamente ao seu

    entorno; composto por doze quadras e o permetro constitudo por oito ruas,

    que so as ruas Maranho, Rio de Janeiro, Veiga Filho, incio da Rua Jaguaribe,

    trecho da Rua Martim Francisco, trecho da Rua Marques de Itu, parte da Rua

    15 Equipamentos localizados na Rua Martinico Prado, prximos a Avenida Anglica.

  • 41

    Veridiana e parte da Rua Itamb, conforme demonstra mapa abaixo16 mostrando

    tambm a localizao dos pontos de txi e das bancas de jornal:

    Figura 25 - Higienpolis, detalhe, Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo, Quatro Rodas, Editora

    Abril, 2000.

    2.3 Aspectos da Regio

    A escolha da regio est pautada no significado do bairro, dentro da

    capital paulista: , historicamente, um dos bairros mais tradicionais de So Paulo,

    com grande densidade populacional e alta concentrao de edifcios de alto

    padro, condies que favorecem a demanda para os mobilirios escolhidos.

    16 Mapa retirado do Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo - Quatro Rodas, Editora Abril.2000.

  • 42

    No interior do bairro, ainda encontramos antigos casares que registram

    seu nascimento, misturados com edifcios de habitao mais modernos que

    ilustram o seu desenvolvimento. Muitos dos prdios significativos esto

    vinculados, hoje, rea de educao e de servios especializados, atraindo

    diariamente populao de outras regies. Nesse sentido, entre as mais antigas

    construes, encontramos a Vila Penteado, erguida em 1903, doada

    posteriormente ao governo do estado, e onde hoje funcionam os cursos de ps-

    graduao da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, pertencente

    Universidade de So Paulo, FAUUSP. Ainda no mbito da educao, esto

    presentes no bairro algumas das escolas mais tradicionais da cidade, como a

    Universidade Mackenzie, o Colgio Rio Branco e o Colgio Sion. Ainda nas

    proximidades, localiza-se o Museu de Arte Brasileira, que pertencente FAAP -

    Fundao Armando lvares Penteado, onde funcionam tambm vrias cursos de

    nvel superior. Alm disso, uma regio que concentra uma grande diversidade

    de casas comerciais especializadas, trs supermercados e um shopping center,

    denominado Espao Higienpolis.

    No campo da sade, o bairro dispe de dois hospitais, o Hospital

    Samaritano e a Santa Casa de Misericrdia, contando ainda, nessa rea, com

    variadas especialidades laboratoriais e clnicas mdicas, concentradas

    principalmente nos edifcios localizados na Avenida Anglica e Rua Itacolomi.

    Com uma infra-estrutura completa e populao de alto poder aquisitivo,

    tambm se verifica no bairro, relativamente ao conjunto da cidade, um melhor

    padro de urbanizao e de servios pblicos, em correspondncia maior

    qualidade dos edifcios: caladas mais amplas, arborizao pblica farta,

    servios de limpeza de ruas mais constantes, reas ajardinadas e uma grande

    diversidade de equipamentos urbanos instalados na regio: lixeiras, canteiros,

    caixas de correio, floreiras, pontos telefnicos, bancos, bancas de jornal, pontos

    de nibus, abrigos para txi e outros.

  • 43

    Embora o bairro como um todo e, portanto, a rea interna selecionada

    para estudo, apresente um padro de urbanizao e de cuidado superior

    maioria da cidade, foram encontrados a partir do levantamento realizado, uma

    grande quantidade de mobilirio com solues construtivas diversificadas,

    improvisaes, variaes na utilizao dos materiais, nas cores e nas estruturas

    e, pelo resultado se constata grande flexibilidade - ou ausncia - de critrio das

    implantaes em relao ao espao pblico. Essas alteraes aconteceram por

    que o desenvolvimento e as implantaes destes equipamentos foram feitos

    pelos prprios proprietrios que, alm de no terem uma formao profissional

    que os capacite para considerar as relaes desses objetos entre si e com o

    entorno, tambm no recebem qualquer orientao das entidades pblicas neste

    sentido.

    Nas fotos abaixo temos a comparao entre dois produtos pertencentes

    ao mesmo grupo tipolgico, os quais, embora estejam localizados na mesma

    regio apresentam-se com linguagem completamente distinta, confirmando a

    inexistncia de preocupao pblica, neste sentido:

    Pontos de Txi

    Figura 26 Ponto de txi 1, situado no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.

  • 44

    Figura 27 Ponto de txi 2, situado no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.

    Bancas de Jornal

    Figura 28 Banca de Jornal 1, situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.

  • 45

    Figura 29 Banca de Jornal 2, situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.

    notvel a diferena, dentro do espao da cidade, quando encontramos

    equipamentos que contemplam a idia de conjunto e que, pelo melhor resultado

    de sua implantao relativamente cidade, deixam transparecer a presena de

    ordenamentos e critrios oriundos do poder pblico. Este o caso, no Brasil, dos

    mobilirios implantados no Rio de Janeiro e em Curitiba, por exemplo, que foram

    concebidos no s para atender as necessidades do usurio, mas tambm com

    a clara inteno de se obter uma linguagem padronizada e coerente, e cuja

    localizao e implantao esto subordinadas s regras vigentes para ocupao

    do espao. H nestas situaes - ainda raras no pas a preocupao do poder

    pblico em criar regulamentos e exigncias que visam diminuir os conflitos

    habituais entre o mobilirio e o trnsito de pedestres, o mobilirio e o local, o

    mobilirio e a paisagem da regio.

    Considerando o aspecto funcional dos dois tipos escolhidos para estudo -

    ponto de txi e banca de jornal - e caracterizando-os como mobilirios habitveis,

    algumas variveis sero analisadas detalhadamente no prximo capitulo:

    acessibilidade, visualizao, localizao, ocupao no espao, iluminao e

    conforto.

  • 46

    CAPTULO 3 - LEVANTAMENTO E CARACTERIZAO DO MOBILIRIO NA REA SELECIONADA

    Esta dissertao tem como um dos objetivos avaliar as possveis interferncias,

    de determinadas moblias instaladas numa determinada regio escolhida na cidade de

    So Paulo. As moblias selecionadas para estudo so as bancas de jornal e os pontos

    de txi, que esto localizados e implantados nas caladas das ruas que circundam a

    Avenida Higienpolis.

    Este estudo poderia se estender aos mais variados tipos do mobilirio

    encontrado na regio e tambm contemplar estes mesmos objetos em outras

    localizaes, como por exemplo, os implantados nas praas.

    Com o recurso do pavimento que identifica e demarca, as caladas j era um

    elemento conhecido de diversos povos tribais, e superfcie que definiam

    correspondiam atividades de importncia a execuo dos rituais religiosos e dos rituais

    de poder. Desde h muito seu significado est ligado idia de percurso pavimentado,

    destinado aos pedestres e , sem dvida, nos dias atuais, um elemento que pode

    informar sobre as relaes de cuidado dos governantes com os espaos destinados

    circulao da populao, expondo o nvel de civilidade de uma cidade, de um pas.

    Segundo Yzigi,17 O espao de circulao legitimamente pblico (YZIGI,

    2000:341), vem, portanto, do reconhecimento da importncia do papel da calada como

    elemento urbano, da forte relao que existe entre o pedestre e ela, e tambm da forte

    relao de uso entre o pedestre e os servios oferecidos por pontos de txi e bancas

    17 YZIGI, Eduardo. O Mundo das Caladas.So Paulo:Humanitas / FFLCH / USP, Imprensa Oficial do Estado, 2000.

  • 47

    de jornal, a escolha da mesma como o espao preferencial, onde sero estudadas e

    analisadas as relaes dos mobilirios em questo, nesta pesquisa.

    Como de se presumir, porm, um mobilirio mal posicionado ou super

    dimensionado em relao calada, acaba limitando o curso e criando um fator de

    impedncia18. Neste sentido, estes mesmos objetos, observados pelo aspecto formal e

    por suas relaes com o entorno, podem criar interferncias desde o grande

    estreitamento da circulao prioritria do pedestre, ao prejuzo em relao a vistas mais

    agradveis, com a ocultao parcial do jardim de um prdio, que originalmente foi

    pensado, enquanto projeto, para ser visto por todos os lados, como uma rea de

    embelezamento, receptiva aos moradores, visitantes e agradvel ao transeunte.

    Nessa mesma linha de raciocnio, Gordon Cullen, nos alerta para uma evidente

    realidade: Quando olhamos uma coisa vemos por acrscimo uma quantidade de outras

    coisas (CULLEN, 1961:10), e de fato assim que acontece, muitas vezes, no

    cotidiano, quando nos deparamos com um desses objetos em nosso caminho.

    Refletindo sobre esta afirmao e aplicando o conceito a uma determinada banca de

    jornal, por exemplo, podermos imaginar que aquele habitculo contm a histria do

    universo, a vida de pessoas contadas em pginas, festas e tragdias dividindo o

    mesmo espao, enfim, podemos imaginar que ali uma fonte inesgotvel de

    informaes. E quando olhamos novamente a mesma banca de jornal, vamos ver

    outras coisas como um elemento slido que tem uma configurao, que composto por

    inmeros materiais, que tem volume, que ocupa um lugar sobre a calada, que obstrui a

    paisagem e que tambm um obstculo que nos obriga a mudar a trajetria para

    continuarmos o nosso caminho. De maneira diferente acontece com o abrigo para txi

    que, por ter uma estrutura menor e ser um elemento vazado, no obstrui tanto a viso,

    porm, quando olhamos este mesmo objeto que ocupa um espao sobre a calada e

    participa de uma rea que contem outras inmeras informaes, ele pode estar se

    18 Fator de impedncia: elementos ou condies que pode interferir no fluxo de pedestres, tais como mobilirio urbano, entrada de edificaes junto ao alinhamento, vitrines junto ao alinhamento, vegetaes, postes de sinalizao.(Decreto N 45.904 de 19 de maio de 2005).

  • 48

    contrapondo a estas informaes, causando um desconforto visual e descaracterizando

    o lugar onde est situado.

    Segundo Arnheim19, Para fins da vida cotidiana, o ver essencialmente um

    meio de orientao prtica de determinar com os prprios olhos que uma certa coisa

    est presente em um certo lugar e que est fazendo uma certa coisa. (ARNHEIM,

    2002: 35). Ressalta, portanto, a importncia da percepo e referncia visual, para o

    habitante, no cotidiano de uma cidade.

    Quando andamos pelas ruas e caladas, passamos constantemente por certas

    coisas - como o autor se refere - que so estes objetos e que esto fazendo alguma

    coisa, mas muitas vezes no os percebemos como objetos teis, vitais ao nosso cotidiano, pois nos acostumamos a v-los como mais um obstculo do qual temos que

    nos desviar e fazemos isso automaticamente. Porm, quando precisamos us-los,

    imediatamente procuramos identificar aqueles mais prximos, que buscado na

    expectativa de que eles cumpram a funo a que se destinam, como os telefones

    pblicos - conhecidos por orelhes - as caixas de correio, as lixeiras, os pontos de

    nibus, os pontos de txi e outros. De um modo geral, raramente nos detemos para

    observar estes elementos e avali-los quanto a sua acessibilidade, o seu manuseio, a

    forma, os materiais utilizados, o estado de conservao, a localizao, a relao que

    estabelecem com o contexto imediato, e muito menos pensamos se ele est

    devidamente legalizado, atendendo as exigncias formais das legislaes que ordenam

    a ocupao do passeio pblico.

    nessa tica que vamos desenvolver este capitulo, e para melhor

    entendimento do prosseguimento do trabalho, se faz necessrio apontar previamente

    algumas definies relativas padronizao dos passeios pblicos do Municpio de So

    Paulo, e que constam no Decreto N 45.904, de 19 de maio de 2005.

    19 Rudolf Arnheim pertenceu ao Departamento de Estudos Visuais e Ambientais da Universidade de Harvard Cambridge.

  • 49

    Faixa Livre: rea do passeio, via ou rota destinada exclusivamente circulao de pedestres, desobstruda de mobilirio urbano ou outras

    interferncias.

    A faixa livre a rea destinada exclusivamente livre circulao de

    pedestres, desprovida de obstculos, equipamentos urbanos ou de infra-

    estrutura, mobilirio, vegetao, floreiras, rebaixamento de guias para

    acesso de veculos ou qualquer outro tipo de interferncia permanente ou

    temporria.

    Faixa de servio: rea do passeio destinada colocao de objetos e elementos de mobilirio urbano, alm de pequenas construes de

    natureza utilitria ou no, cuja implantao ocorre mediante a autorizao

    do Poder Pblico.

    A faixa de servio, localizada em posio adjacente guia, dever ter, no

    mnimo, 75cm (setenta e cinco centmetros) e ser destinada instalao

    de equipamentos e mobilirio urbano, vegetao e a outras

    interferncias existentes nos passeios, tais como tampas de inspeo,

    grelhas de exausto e de drenagem das concessionrias de infra-

    estrutura, lixeiras, postes de sinalizao, iluminao pblica e eletricidade.

    Faixa de acesso: a rea destinada acomodao das interferncias resultantes da implantao, do uso e da ocupao das edificaes

    existentes na via pblica, autorizados pelo rgo competente, de forma a

    no interferir na faixa livre, sendo recomendvel para passeios com mais

    de 2m (dois metros).

  • 50

    Figura 30 - Imagem demonstrativa: faixa de servio, faixa livre e faixa de acesso. Autor,

    2007.

    Fatores de impedncia: elementos ou condies que podem interferir no fluxo de pedestres, tais como mobilirio urbano, entrada de edificaes

    junto ao alinhamento, vitrines junto ao alinhamento, vegetao, postes de

    sinalizao.

    Paisagem urbana: caracterstica visual determinada por elementos como estruturas, edificaes, vegetao, vias de trfego, espaos livres

    pblicos, mobilirio urbano, dentre outros componentes naturais ou

    construdos pelo homem.

    Passeio Pblico: parte da via pblica, normalmente segregada e em nvel diferente, destinada circulao de qualquer pessoa, independente

    de idade, estatura, limitao de mobilidade ou percepo, com autonomia

    e segurana, bem como implantao de mobilirio urbano,

  • 51

    equipamentos de infra-estrutura, vegetao, sinalizao e outros fins

    previstos em leis especficas.

    Passeio: (definio adotada pelo Cdigo de Trnsito Brasileiro - CTB): parte da calada ou da pista de rolamento, separada no ltimo caso, por

    pintura ou elemento fsico separador, livre de interferncias, destinada

    circulao exclusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.

    Pedestre: pessoa que anda ou est a p, em cadeira de rodas ou conduzindo bicicleta na qual no esteja montada.

    Face ao estado geral de descuido das caladas da cidade e desordem em

    termos de implantao que os mobilirios geralmente significam, bastante necessria

    a regulamentao que o recente decreto traz. Esse conjunto de definies,

    particularmente aquelas vinculadas ao conceito de prejuzo ao fluxo de pedestres e ao

    ordenamento da ocupao nas caladas sero utilizadas como critrio de anlise.

    3.1 Abrigo para Txi ou Ponto de Txi

    So Paulo a cidade que tem a segunda maior frota de txi do mundo,

    sendo superada apenas pela cidade do Mxico. Neste contexto, o bairro de

    Higienpolis, uma regio de grande densidade habitacional e com alto poder

    aquisitivo, somado a infra-estrutura existente, com setor de comercio e de

    servios bastante ativo, torna-se uma regio atraente para o profissional do txi,

    que busca trabalhar em locais prximos as escolas, hospitais, supermercados,

    prdios comerciais e outros.

    Dentro do levantamento feito sobre estes equipamentos, encontramos

    dois modelos de ponto de txi, os quais, esto fora da rea demarcada para

    estudo, porm, ilustram de uma forma bem clara o que podemos entender como

  • 52

    obedincia e desobedincia s legislaes vigentes na cidade de So Paulo, que

    um dos pontos de anlise que ser observado durante o desenvolvimento

    deste captulo. A Figura 31, a seguir, demonstra um caso de obedincia:

    Figura 31 - O Ponto de Txi aqui apresentado est sendo colocado como referncia de uma soluo possvel e adequada s normas de ocupao do passeio pblico.Higienpolis, So

    Paulo. Autor, 2007

    Segundo a Lei N 14.223, de setembro de 200620, no artigo 21, inciso V, do captulo III, pargrafo nico. A instalao do mobilirio urbano nos passeios

    pblicos dever necessariamente observar uma faixa de circulao de, no

    mnimo, metade de sua largura, nunca inferior a 1,50m (um metro e cinqenta

    centmetros)... Com base nesta lei e observando a fotografia, deparamos com

    uma calada, que tem a largura de 1,60m (um metro e sessenta centmetros) na

    qual no caberia qualquer construo nos moldes de outros pontos que

    encontramos instalados na cidade. A soluo de identificar o ponto, apenas com

    um poste e uma caixa para telefone, satisfaz as regras e as necessidades dos

    motoristas, os quais usam seus prprios veculos como abrigo.

    20 Esta Lei dispe sobre a ordenao dos elementos que compe a paisagem urbana nos Municpio de So Paulo.

  • 53

    Tambm em relao ao Decreto21 N 45.904, de 19 de maio de 2005, a

    localizao do ponto, atende as normas vigentes, pois est posicionado dentro

    da faixa de servio, que define, conforme artigo 48, da seo IV, que Os

    equipamentos aflorados, quiosques e lixeiras, papeleiras, caixas de correio,

    bancos, dispositivos de ventilao, cmaras aterradas, sinalizao de trnsito e

    dispositivos controladores de trnsito, postes de rede de energia eltrica e

    abrigos de nibus devero ser instalados exclusivamente na faixa de servio.

    Contrariamente ao exemplo apresentado, temos um caso de

    desobedincia, como mostra a figura abaixo. Neste exemplo, mesmo deixando

    a faixa livre desobstruda, sua estrutura esta ocupando a faixa de acesso e o

    conjunto como um todo est ocupando quase 100% do passeio, caracterizando

    um fator de impedncia, principalmente quando o mobilirio est ocupado pelos

    seus proprietrios.

    Figura 32 - Ponto de Txi. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.

    21 Este Decreto trata da padronizao dos passeios pblicos do Municpio de So Paulo.

  • 54

    3.1.1 Localizao dos Abrigos e Identificao dos Tipos

    A regio de Higienpolis est incrustada entre os bairros de Santa

    Ceclia, Pacaembu e Consolao. Para melhor visualizao da localizao

    da rea de estudo e dos pontos de txi, adotamos um mapa e indicamos

    nele, por meio de cores, as quadras e as ruas que compem esta rea.

    No levantamento realizado dentro do permetro de estudo, foram

    identificados treze abrigos para txi, que esto localizados no mapa

    (Figura 33). Este total um nmero expressivo, considerando a pequena

    dimenso da rea e revela, sem dvida, a forte demanda que o bairro gera

    para este meio de transporte.

    Figura 33 - Higienpolis, detalhe, Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo, Quatro Rodas,

    Editora Abril, 2000.

  • 55

    Dentro da tipologia identificada como abrigo para txi, encontramos

    alguns modelos de abrigo que nos permite agrup-los conforme sua

    composio. Um modelo adotado para a maioria dos pontos de txi tem

    uma estrutura composta de duas colunas confeccionadas com perfil de

    seo retangular em chapa de ao, sendo que cada coluna possui no

    extremo superior um reforo metlico para fixao de um tubo cilndrico

    que fica perpendicular coluna. Unindo estas estruturas pelos extremos

    dos tubos cilndricos, so usados dois perfis de seo retangular, nos

    quais so fixados os arcos metlicos que vo compor o teto do habitculo.

    A forrao de lona vinlica, translcida e reforada com trama de fibra de

    vidro, moldada por tenso sobre os arcos. Sobre o teto e paralelo s

    colunas, so fixadas placas de ferro com informaes sobre o ponto de

    txi, como o nmero do telefone existente no local e a categoria de txi

    que atende o ponto, como mostra a figura abaixo:

    Faixa livre175cm

    Faixa de acesso45cm

    Faixa de servio180cm

    Tubo metlico deseo retangular

    Tubo metlicocilndrico

    Reforo defixao

    Figura 34 Ponto de Txi. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.

  • 56

    3.1.2 Modelos Semelhantes Dentro da Mesma Tipologia

    Encontramos na regio de Higienpolis outros pontos de txi com uma

    composio semelhante mostrada na fotografia anterior, porm, com

    algumas alteraes, como a posio das colunas em relao ao teto,

    forma e localizao dos armrios para telefone e pertences, a quantidade

    de assentos e aplicao de cores.

    Figura 35 - Rua Rio de Janeiro, So Paulo. Autor, 2007.

    Figura 36 - Rua Veiga Filho prximo ao Hospital Samaritano, So Paulo. Autor, 2007.

  • 57

    Figura 37 - Rua Veiga Filho, So Paulo. Autor, 2007.

    Figura 38 - Rua Jaguaribe, So Paulo. Autor, 2007.

    3.1.3 Modelos Semelhantes com Materiais Diferentes

    Tratando ainda de modelos existentes na regio de Higienpolis que

    fazem parte da mesma famlia tipolgica, encontramos alguns abrigos

    semelhantes aos apresentados anteriormente, porm distintos na

    aplicabilidade do material usado. Os anteriores apresentam uma estrutura

    metlica, enquanto estes modelos utilizam madeira, como mostram os

    exemplos abaixo. Os trs exemplos apresentam a mesma soluo: duas

  • 58

    colunas esto centralizadas em relao ao teto. No topo de cada uma,

    est afixada uma travessa, posicionada perpendicularmente coluna; as

    travessas sustentam duas teras, formando a estrutura de sustentao da

    cobertura, composta por duas telhas onduladas de cimento amianto.

    Estes modelos divergem tambm nos tipos de assentos existentes.

    Nos modelos anteriores os assentos so articulveis, estampados em de

    chapa metlica, unidas uma a outra, por dois perfis de ao de seo

    retangular, enquanto neste modelo o assento feito de viga de madeira,

    fixada entre as duas colunas.

    Figura 39 - Av. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.

    Figura 40 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.

  • 59

    Figura 41 - Rua Martinico Prado, So Paulo. Autor, 2007.

    3.1.4 Modelos Diferentes Dentro da Mesma Tipologia

    Como j mencionado em pargrafos anteriores, a falta de orientao

    dos governantes municipais em relao implantao destes

    equipamentos instalados nos passeios pblicos, deu margem ao

    surgimento dos mais variados modelos de abrigo para txi, provocando

    uma divergncia na relao visual entre os elementos que pertencem

    mesma tipologia, como tambm, na relao do modelo com seu entorno,

    como mostram as figuras abaixo.

    Figura 42 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.

  • 60

    Este abrigo construdo em chapa metlica possui uma estrutura igual

    a outros modelos, porm, foram colocados em suas laterais, painis em

    policarbonato alveolado, translcidos, com encabeamentos laterais que

    funcionam como molduras. Este fechamento criou um volume nas

    propores de uma banca de jornal, que, comparado com outros

    equipamentos da mesma tipologia, localizados na mesma regio, fica

    desvinculado dos padres de linguagem aqui apresentados.

    Outro exemplo de diferena de modelo entre a mesma tipologia

    vemos na figura abaixo:

    Figura 43 - Rua General Jardim, So Paulo. Autor, 2007.

    A principal diferena deste abrigo est na estrutura que composta

    por quatro colunas, sendo que cada coluna confeccionada com duas

    vigas de madeira. O fato de ter quatro colunas faz com que duas delas

    fiquem posicionadas no centro da calada, criando um obstculo para o

    pedestre.

    A cobertura deste abrigo tambm apresenta uma soluo divergente,

    quando comparada com os outros abrigos. Ela feita em telha de cimento

    amianto do modelo conhecido por 'canaleto', que, pela sua configurao

  • 61

    usada para vencer vos livres bem maiores do que o proposto nesta

    estrutura, enquanto, nos outros modelos, os materiais e a forma so mais

    compatveis com as dimenses apresentadas.

    3.1.5 Aspectos Fsicos e a Relao com Entorno

    Atravs dos registros apresentados, os abrigos para txi apresentam

    vrios pontos comuns entre eles. A estrutura formada por colunas nas

    laterais, que sustentam suas coberturas, que ora so em arcos metlicos

    com lona vinlica e ora aparecem planas com telhas de amianto.

    Todos os abrigos possuem assentos, mas a soluo alterada

    conforme o material utilizado, ou seja, se o modelo utiliza a madeira, o

    assento resolvido com uma viga nica apoiada nas colunas; se a opo

    chapa metlica, os assentos so individuais, tambm em chapa de ao,

    moldados por estampagem e fixos em perfis de ferro, articulados em eixos

    apoiados nas colunas. Todos os abrigos possuem uma caixa metlica,

    que abriga e protege o telefone do posto, assim como outros produtos de

    uso dos taxistas.

    Esto implantados sobre as caladas e, mais especificamente,

    ocupam a rea externa das mesmas; o decreto22 n 45.904, define esta

    rea como faixa de servio, e nela permitida a instalao de

    equipamentos urbanos, como floreiras, pontos telefnicos, lixeiras, caixas

    de correio, bancas de jornal e abrigos para txi.

    22 Este decreto n 45.904 de 19 de maio de 2005 regulamenta o artigo 6 da Lei n 13.885, de 25 de agosto de 2004, no que se refere padronizao dos passeios pblicos do Municpio de So Paulo.

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    Apesar da existncia de regras claras para a implantao desses

    equipamentos, nem todos foram ou so instalados conforme as

    legislaes vigentes.

    Encontramos, na lei n 13.885 de 25 de agosto de 2004, na seo II do captulo VIII, um conjunto de itens que demonstram os cuidados que os

    rgos pblicos tem com os pedestres e com a implantao do mobilirio

    urbano na cidade de So Paulo. Relacionamos alguns para ajudar na

    avaliao destes elementos quanto a sua ocupao nos passeios da

    cidade de So Paulo.

    O artigo 52 diz que Os mobilirios urbanos dentro da via pblica,

    sero instalados respeitando as seguintes condies, de acordo com o

    Anexo III integrante deste decreto:

    I - preservao da visibilidade entre motoristas e pedestres.

    II - nenhum mobilirio dever ser instalado nas esquinas, exceto

    sinalizao viria, placas com nomes de logradouros, postes de fiao e

    hidrantes.

    III - devero ser instalados em locais em que no intervenham na

    travessia de pedestres.

    IV - os equipamentos de pequeno porte, como telefones pblicos, caixas

    de correio e lixeiras devero ser instalados distncia mnima de 5m

    (cinco metros) do bordo do alinhamento da via transversal.

    V - os equipamentos de grande porte, tais como abrigos de nibus,

    bancas de jornal e quiosques devero ser implantados , no mnimo, 15m

    (quinze metros) de distncia do bordo do alinhamento da via transversal.

    Um outro artigo, o de n 14, considera que:

    Para garantir a segurana do pedestre nas travessias e do condutor do

    automvel nas converses, as esquinas devero estar livres de

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    interferncias visuais ou fsicas at a distncia de 5m (cinco metros) a

    partir da borda do alinhamento da via transversal.

    Apesar da existncia de legislao reguladora, co