documento reservado

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POLÍTICA ECONOMIA EDUCAÇÃO AGRONEGÓCIO TURISMO SAÚDE SEGURANÇA TECNOLOGIA Durval Amaral, o homem forte do governo Richa. Tudo passa pelas suas mãos FORA DEROSSO Ato público reúne centenas de jovens que pedem a saída de Derosso DEUS NOS ACUDA Epidemia ou pandemia do crack: um problema exclusivo do Brasil Com a entrada de Gustavo Fruet no PDT, começa a briga pela Prefeitura de Curitiba Fruet x Ducci por Curitiba Fruet x Ducci por Curitiba REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 41 - SETEMBRO/2011 - R$ 10,00 www.documentoreservado.com.br

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POLÍTICA ECONOMIA EDUCAÇÃO AGRONEGÓCIO TURISMO SAÚDE SEGURANÇA TECNOLOGIA

Durval Amaral, o homem forte do governo

Richa. Tudo passa pelas suas mãos

FORA DEROSSOAto público reúne centenasde jovens que pedema saída de Derosso

DEUS NOS ACUDAEpidemia ou pandemiado crack: um problemaexclusivo do Brasil

Com a entrada de Gustavo Fruet no PDT,começa a briga pela Prefeitura de Curitiba

Fruet x Duccipor Curitiba

Fruet x Duccipor Curitiba

REVISTA DOCUMENTO RESERVADONº 41 - SETEMBRO/2011 - R$ 10,00www.documentoreservado.com.br

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Documento Reservado / Setembro 2011

Jornalista responsável e editor-chefePedro Ribeiro

RedaçãoNorma Corrêa, Pedro Ribeiro,e Lucian Haro

RevisãoNilza Batista Ferreira

ComercialJunior [email protected]

FotosShutterstock

IlustraçõesDavidson

Projeto Gráfico e DiagramaçãoGraf Digital

ImpressãoAjir Gráfica

Tiragem10.000 exemplaresImpresso em papel couché foscoLD 150 g, com verniz UV (capa)e couché fosco LD 90 g (miolo)

EndereçoRua João Negrão, n0. 731Cond. New York Building - 120. andar -sl. 1205 - CEP 80010-200 - Curitiba - PR

Telefones(41) 3322-5531 / 3203-5531

[email protected]

REVISTA DOCUMENTO RESERVADONº 41 - SETEMBRO/2011

expediente

Fim da novela.Fruet no PDT

editorial

Enfim desencarnou. O ex-deputado federal, Gustavo Fruet, assina fichano PDT de Osmar Dias e concorre à Prefeitura de Curitiba na esperança

de poder contar com o apoio do PT que esteve ao lado do ex-senador naeleição para o Governo do Estado. No início do mês de julho, Gustavo Fruetcomunicou seu desligamento do PSDB, sigla que integrava desde 2004. A partirda desfiliação, Gustavo iniciou o diálogo com siglas que publicamente mani-festaram intenção de tê-lo em seus quadros. Após esses dois meses de avalia-ções e diálogos, Gustavo comunicou sua filiação ao PDT.

Centenas de estudantes participaram do ato “Fora Derosso”, realizado dia28 de setembro nas ruas centrais de Curitiba. Na porta da Câmara de Vereado-res, os manifestantes gritaram palavras de ordem como “Derosso, largue o ossoe Fora Derosso”, e avisaram que este tipo de protesto teria continuidadedurante as reuniões da CPI do Derosso.

Médicos e estudantes de medicina de todo o Estado estiveram reunidos nofinal de setembro em Curitiba para um amplo debate sobre a questão do cracke o internamento de usuários da droga. O Conselho Regional de Medicinapromoveu um Seminário sobre Epidemia de Crack no Brasil, em Curitiba/PR,na sede do Conselho.

A intenção foi oferecer aos médicos melhor orientação no atendimento enos tratamentos a dependentes químicos do crack, incluindo crianças e ado-lescentes, já que a droga alcança características de epidemia e tem grandeimpacto nos indicadores de saúde, sociais e de segurança.

Na área do comércio, a revista Documento Reservado mostra reportagemespecial sobre o impostômetro que vem tirando o sono dos brasileiros. Acom-panhe também a questão da corrupção no País e a violência em Curitiba.

Um dos veículos de comunicação mais antigo, o rádio, continua vivocomo nunca. A repórter Lorena Malucelli Pelanda brinda os leitores com umareportagem sobre o rádio e quem está por trás dele.

Gabriela Gatti mostra, em sua coluna, as novidades que move o mundo dasociedade, enquanto o leitor pode acompanhar também uma agenda culturalrecheada de eventos, shows, exposições e teatro.

Boa leitura!

Pedro Ribeiro

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índice

20TÔ FORA!Em Curitiba, a reportagem da revistaDocumento Reservado foi ŕs ruas vero que os jovens pensam da política.Poucos se interessam pelo assunto.Desconhecimento total.

28NINGUÉM AGUENTAA carga tributária no Brasil năo parade crescer. Em 2010, cada brasileiropagou, em média, R$ 6.722 de im-postos. Em 10 anos, subtraiu R$ 1trilhăo da sociedade.

32PANDEMIAOs médicos de todo o País entram naguerra contra o crack. Em Curitiba, oConselho Regional de Medicina deba-te o assunto da droga e seu trata-mento que virou uma epidemia.

36AO DEUS DARÁA violęncia năo dá trégua. Em Curiti-ba, o número de assassinatos crescee a populaçăo está preocupada. En-quete revela que 935 das pessoasouvidas se sentem inseguras em Curi-tiba

44REGINA VOGUERegina Vogue, um exemplo de mu-lher. Saiu de casa aos 16 anos parase transformar em uma das mais aplau-didas atrizes do País. Hoje comemora51 anos de carreira

16FILTRO DO GOVERNOCabeça branca, como é conhecidono Palácio das Araucárias, DurvalAmaral, chefe da Casa Civil, vem setransformando no “homem forte dogoverno”. Tudo passa primeiro pelassuas măos.

08DESENCARNOUEnfim saiu da moita. O ex-deputadofederal, Gustavo Fruet, que deixou oPSDB por falta de espaço, assinouficha no PDT de Osmar Dias e vaidisputar a Prefeitura de Curitiba

06SINTONIA FINA

50COLUNA DA GABI

52AGENDA CULTURAL

54PERFILLuiz Alfredo Malucelli

14CARAS PINTADASSob o comando da CUT Curitiba, centenasde estudantes foram ŕs ruas para protestarcontra o presidente da Câmara de Vereado-res de Curitiba. Querem a saída de Derosso.

18OS PODERESEm Londrina, alunos de 12 a 14 anos, da redepública, estăo tendo aulas sobre cidadania,democracia e política. O objetivo é mostraraos jovens como funciona os poderes.

38MĂE CURITIBANAO Programa Măe Curitibana, da Prefeiturade Curitiba, foi premiado pela OrganizaçăoPan Americana de Saúde e Ministério daSaúde e vai concorrer em concurso interna-cional nos EUA

46COPA SEM GOSTOVem caindo assustadoramente o interesse pelapopulaçăo paranaense em relaçăo ŕ realizaçăoda Copa do Mundo em Curitiba. Está mais paraum evento turístico do que esportivo.

40O RÁDIOUm dos veículos de comunicaçăo mais anti-go, o rádio, continua soberano e encanta-dor. Basta lembrar que quando veio a TV,todos achavam que ele ia morrer. Que nada!

24ROUBALHEIRAPassam de R$ 54 bilhőes os desvios dedinheiro no Brasil. Isto significa 2,3% doPIB brasileiro em 2010. A corrupçăo conti-nua a todo vapor e será mais voraz com aCopa do Mundo.

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sintonia fina

Punhado de dólaresUm delegado da Polícia Civil paranaense recebe, em seu gabi-nete, dois cidadăos do alto comando do governo de RobertoRequiăo e se inicia um diálogo: Como faço para ter de volta osmeus dólares, roubados pela empregada? questiona o queixo-so. Essa soma é declarada, tem procedęncia? pergunta odelegado. É claro que năo! Responde. Entăo, nada possofazer! Resultado: pegaram a mulher, deram uma surra nela erecuperaram um pouco de dólares. Existe BO.

Falha conjuntaEm uma de suas viagens para o Mato Grosso, em visita aosboizinhos, o deputado estadual licenciado e chefe da Casa Civildo governo Beto Richa, Durval Amaral (DEM), passou a ob-servar um conjunto de móveis rústicos ŕ beira da rodovia. Umdia parou e foi conversar com o dono na tentativa de realizarnegócio. Conversa vai, conversa vem com a proprietária, Ama-

ral pediu o número do telefone celular para fazer uma oferta aos móveis. De bate pronto ouviu: “năotenho celular, porque é igual a político. Sempre que a gente precisa, ele falha”. Para um sorrisoamarelo do parlamentar paranaense.

A milícia vem aíDe repente, assaltar bares e restaurantesem Curitiba virou rotina dos malacos. Em 10dias, foram cinco assaltos. Preocupada coma onda, a Abrabar, entidade representativada categoria (dos empresários, é claro), pro-curou os deputados estaduais para relatar osúltimos fatos lamentáveis e solicitar provi-dęncias das autoridades responsáveis. Comosempre acontece no legislativo, marcaramuma reuniăo para discutir o assunto e achoque até hoje estăo se reunindo. E nada mais.Se năo houver um basta, logo teremos milíciaem Curitiba.

Reprovados

Continua o debate, seguido de polęmica, aquestăo sobre a legalidade da prova da OABque qualifica o bacharel em direito a exercera profissăo. O exame da OAB foi criado em1963 e em 1972, o ministro da Educaçăo,Jarbas Passarinho, extinguiu o exame, o que permitia que o estágio fosse feito nas pró-prias faculdades, que atestariam o aprovei-tamento do aluno para inscriçăo na OAB.Em 1994, um novo estatuto instituiu a exi-gęncia do exame para admissăo nos qua-dros da advocacia.O último exame da Or-dem, realizado no início deste ano, reprovou88, ou, 275% dos 106.891 bacharéis emdireito inscritos. Do total, 12.534 candida-tos foram aprovados, de acordo com aOAB. O índice de reprovaçăo da ediçăoanterior quase chegou a 90%.

Nada a declararNesta ediçăo da revista Documento Reservado, revelamos dados estatísticos sobre a onda deviolęncia e criminalidade no Paraná, em especial Curitiba e regiăo metropolitana. Na ediçăoanterior, fizemos uma reportagem falando sobre o programa Para-ná Seguro, lançado pelo governador Beto Richa. Tentamos, porvárias vezes, ouvir o secretário de segurança pública, Reinaldode Almeida Cesar e năo fomos atendidos. Nesta ediçăo, resolve-mos deixá-lo na sua comodidade e conforto, relatandoapenas o que pesquisamos.

Mau cheiroDe olho nas embarcaçőes que chegam ao Brasil, a Agęncia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),

divulgou um relatório indicando que cerca de 30% dos navios de cruzeiros que chegaram no país na

temporada 2010/2011 apresentaram problemas sanitários. As principais irregularidades encontradas nas

embarcaçőes estăo relacionadas ao controle da qualidade da água e ao armazenamento, ao preparo e ŕ

distribuiçăo de alimentos, o que pode aumentar a contaminaçăo pelo norovírus,

principal causador de diarreia. Já 70% das embarcaçőes que visitaram a costa

brasileira nessa temporada apresentaram condiçőes sanitárias satisfatórias para a

maioria dos itens inspecionados.

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PEDRO RIBEIRO

Engrossando o caldoSe a CPI que inves-tigará as denúnciasde corrupçăo naCâmara dos Verea-dores de Curitiba -CPI do Derosso –terminar em pizza,pelo menos maisdois convidados depeso participarăo daconfraria: o presi-dente da OAB – Pa-raná, José LúcioGlomb e o arcebis-po metropolitano deCuritiba, Dom Mo-acyr José Vitti, queestăo mobilizadosno movimento lide-rado pela oposiçăo.Engrossarăo a mesa, lideranças do movimento estudantil eos vereadores que estăo dando uma de “Joăo sem braço”.

Na área, sem goleiroA estrela do governador Beto Richa (PSDB),continua em alta. Sempre, com bola na pequenaárea e, de preferęncia, sem goleiro. É só empur-rar para as redes. Recente pesquisa de opiniăopública revelou que a popularidade e a aprova-çăo de Richa estăo nas alturas.Dos paranaen-ses, 72,4% aprovam a forma como o governa-dor conduz seu governo. O instituto ouviu 2.652pessoas em 80 municípios do Estado entre osdias 1.ș e 7 de setembro. A pesquisa mostraque a avaliaçăo de Beto é superior a da presi-

dente Dilma Rousseff. Enquanto o governador obteve 72,4% de aprovaçăo, apresidente ficou com 61,4%.

Os pobres de láEnfim, os americanos manifestarampreocupaçăo com os pobres do País.Comparado a nós, a porcentagem depobres no Brasil é imensamente mai-or: 15% da populaçăo nos EstadosUnidos é praticamente tręs vezesmais no Brasil (43% para ser preci-so). É claro que os pobres brasileirossăo muito mais pobres que os pobres norte-americanos. Lá, é pobre quem ganha nomáximo o equivalente a R$ 700. Aqui, R$ 140. A notícia boa é que a pobreza no Brasilvem sendo combatida com mais responsabilidade.

Sapatadas no NeyPor essa o deputado Ney Leprevost (PSD), năo esperava. Ao participar de entrevis-ta na rádio Band News, acabou recebendo uma saraivada de perguntas sobre sua

relaçăo com o funcionário da Assem-bléia Legislativa, Eduardo Carmona,que está sendo investigado pela Polí-cia Federal devido a sua participaçăona Oscip Iabras, que recebeu dinhei-ro público para gastar com festeręs.“Năo tenho nada com isso, se esqui-vou o jovem parlamentar depois devárias “sapatadas”.

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No mínimo, estranhoAlceo Maron, diretor-superintendente do Porto

de Paranaguá, poderá vir a ser felizproprietário de uma indenizaçăo

milionária da instituiçăo que dirige.Corre na Justiça, pedido de

indenizaçăo no valor de R$ 600 mil,em funçăo da publicaçăo, por parte

do ex-superintendente, EduardoRequiăo, do valor dos salários dos

funcionários. Coincidęncia ounăo o advogado da causa é,

também, pai de umfuncionário do Porto.

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Em seu discurso, Gustavo fez questão de lembrar a “excelente”votação que fez, em 2010, como candidato ao Senado e assegura queestá recomeçando sua vida política disposto a enfrentar o desafio dediscutir e trabalhar pelo futuro de Curitiba.

Aos poucos, o quadro político começaa ser delineado para as eleições do ano

que vem em Curitiba. As peças desse intrin-cado tabuleiro de xadrez que se transformoua política na Capital paranaense mostram mo-vimentos lentos, mas seguros na direção dedar um xeque-mate no ex-deputado GustavoFruet, que deixou o PSDB há quase três me-ses por encontrar dificuldades para “desen-rolar” a sua candidatura à Prefeitura de Curi-tiba no ninho tucano. A decisão de Gustavode mudar de partido e seguir com a intençãode disputar o Executivo, nas eleições do anoque vem, mexeu com o cenário político dacidade. Movimentando-se com “excesso” decautela, há meses Fruet dribla a curiosidadedo público e adia para os últimos dias docalendário eleitoral a sua decisão de se filiarao PDT, do ex-senador Osmar Dias, a quem o

ex-deputado parece ter se espelhado paratornar pública a sua decisão, acirrando acuriosidade e irritando muita gente pela de-mora do anúncio que, finalmente aconteceuno dia 28 de setembro, nas escadarias daUniversidade Federal do Paraná. Ali, falandopara um público não muito grande, mas nãomenos animado – a sua grande maioria com-posta por militantes do PDT – Fruet disseque “iniciava” a sua carreira política, agora,no PDT, o que todo mundo já esperava.

Não por causa do perfil de Gustavo quepoderia ser comparado a pedetistas, mas por-que o ex-vereador Jorge Bernardi “furou” ocompanheiro e anunciou, um dia antes, qualo partido que o ex-tucano havia escolhido, oPDT. Diz ele que foi “sem querer”. Aconteceque Bernardi estava animado e acabou convi-dando alguns jornalistas para participar “da

festa com o anúncio de Fruet, na Santos An-drade”. Pouco tempo depois, foi a vez do ex-senador Osmar Dias, que enviou para a sededo partido uma nota oficial de boas vindas aFruet. E, para fechar com chave de ouro, naPraça Santos Andrade, minutos antes de o ex-deputado chegar para falar, um pedetista anun-ciava ao microfone que “em breve GustavoFruet acabaria com o mistério e contaria qualo partido que ele escolheu. Estamos aqui paraprestigiar o momento da fala do ex-deputadoGustavo Fruet. Sabemos que este 28 de setem-bro se tornará um marco de transformaçõesimportantes para Curitiba e o Paraná”. A ansi-edade provocou a trapalhada e “estragou” oanúncio do neopedetista. Aliás, Gustavo estálevando a sério a sua decisão de mudar, aoassumir também o perfil crítico ácido e agres-sivo de pedetistas e dos partidos que gravitamem torno da agremiação, dando o tom do queserá a campanha eleitoral do ano que vem.

E foi nas escadarias da UFPr que Gustavobuscou imprimir um estilo sentimentalista àsua fala, embora com pitadas de agressivida-de, apesar de garantir que deixou o PSDB, masque não guarda mágoas nem rancor. Acontece

A

Um FruetUm Fruetmais agressivo

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NORMA CORRÊA

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Embora tenha sido “furado” por dois correligionários,o ex-deputado Gustavo Fruet anuncia, o que já não era segredo

para mais ninguém: sua filiação ao PDT,e assume o perfil partidário,disparando críticas e destilando veneno para todos os lados

>>

que foi na “Federal” que Fruet estudou Direitoe onde deu os primeiros passos na política aoconcorrer para a presidência do diretórioHugo Simas, de Direito. Foi ali também queestudaram seu pai, ex-prefeito de Curitiba,Maurício Fruet e seu avô. No entanto, o senti-mentalismo parou por aí. O anúncio da filia-ção ao PDT acabou se transformando em atopúblico, quando o ex-deputado destilou ve-neno contra quem considera seus adversári-os. O primeiro alvo da sua relação foi o atualprefeito Luciano Ducci (PSB), que Gustavoculpa pelo escândalo que se abateu sobre aCâmara de Curitiba, cujas denúncias atingemo seu presidente, vereador João Cláudio De-rosso (PSDB), que é acusado de supostas irre-gularidades nos contratos de publicidade daCasa. Fruet afirma que a crise na Câmara éresultado da política fisiológica na Prefeitu-ra, onde favores e cargos são usados em tro-ca de apoio político. “Há uma relação ‘sia-mesa’ entre a Prefeitura e a Câmara. Ducci eDerosso são hoje faces da mesma moeda. Abase que apoia o Derosso é a mesma queapoia a reeleição do prefeito”, disse o trans-figurado Fruet. Segundo ele, Curitiba nuncateve uma agenda negativa nacional tão gran-de como agora, e a Prefeitura tem responsa-bilidade sobre isso. “O recurso é público, odinheiro é do povo e é a Prefeitura quemrepassa à Câmara. A crise no Legislativo daCapital é fruto de práticas políticas fisiológi-cas que o Executivo utiliza para garantir mai-oria no Legislativo, em troca de favores ecargos”, dispara.

Em seu discurso, Gustavo fez questão delembrar a “excelente” votação que fez, em 2010,

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Sobre as eleições de 2012, falando como candidato, Gustavo disseque ainda é cedo para discutir alianças, mas confirmou que jáadiantou as conversas com dirigentes do PV, PCdoB, PT e outropartidos da base do Governo Federal.

como candidato ao Senado e assegura que estárecomeçando sua vida política disposto a en-frentar o desafio de discutir e trabalhar pelofuturo de Curitiba. Ele disse ainda que há es-gotamento do modelo de planejamento urba-no de meio século e afirmou que as denúnciasde manipulação de multas de trânsito e irre-gularidades nos contratos de operação de ra-dares, a falta de solução para o problema dadestinação do lixo, e a queda de qualidade notransporte público, como sintomas dessa in-capacidade da Prefeitura em dar resposta aosproblemas da cidade. “Curitiba hoje passa aideia de ser uma cidade como qualquer outra,

que perdeu a capacidade de ino-var”, frisa, aproveitando a

oportunidade para dizer que quer que a “cai-xa-preta” dos radares seja aberta, principal-mente o rompimento do contrato com aConsilux, que foi anunciado, “ninguém maisfalou nisso. Até hoje não se sabe o que acon-teceu, se houve ou não manipulação de mul-tas, se há ou não corrupção. Não há clare-za”, dispara. Embalado pelo tom alteradonas críticas, Fruet não perdoou sequer ogovernador Beto Richa (PSDB), a quem acu-sa de tomar “atitudes contra algumas expec-tativas”, depois de ter assumido o Poder. Efalou sobre o acordo “rompido por Richa”que, na campanha do ano passado, lhe ga-rantiu apoio para ser o candidato do PSDBà sucessão de Ducci. A atitude do governa-

dor, na opinião de Fruet, levou o PSDB a“viver o contraditório, abrindo mão da can-didatura própria, de espaço para o surgi-mento de novas lideranças, para apoiar umcandidato cujo partido, no plano nacional,é adversário, já que faz parte da base deapoio do governo de Dilma Rousseff ”.

Sobre as eleições de 2012, falando comocandidato, Gustavo disse que ainda é cedopara discutir alianças, mas confirmou que jáadiantou as conversas com dirigentes do PV,PCdoB, PT e outros partidos da base do Go-verno Federal, e que devem segui-lo, assimcomo foi com o ex-senador Osmar Dias, quan-do ele concorreu ao cargo no Palácio das Arau-cárias e perdeu para o tucano Beto Richa. No

O ex-deputado Gustavo Fruetanunciou, sem muito segredo, a

sua filiação ao PDT nasescadarias da Universidade

Federal do Paraná (UFPr), naPraça Santos Andrade

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PDT, além da garantia de ser candidato à Pre-feitura, Fruet terá o comando do diretório daCapital. Mas, ao lado de Fruet, corre acelera-do, pela reeleição, o atual prefeito LucianoDucci (PSB), que conta com apoio do gover-nador Beto Richa (PSDB), além das candidatu-ras, ainda especulativas, de Ratinho Júnior(PSC), Rafael Greca (PMDB) e, mais recente-mente, o deputado estadual Rasca Rodriguesaponta com a sua candidatura à Prefeitura deCuritiba pelo PV.

Nota oficial de Osmar Dias“Para nós, é um privilégio contar com

um companheiro que, ao longo de 12 anoscomo deputado federal, conquistou o reco-nhecimento dos eleitores, dos parlamenta-res, da imprensa e de toda a sociedade porseu trabalho competente e sério. Por suasinúmeras qualidades como homem públi-co, Gustavo Fruet filia-se ao PDT para ser onosso candidato a prefeito de Curitiba”.Estas são as palavras de boas vindas do ex-senador e presidente estadual do PDT, Os-mar Dias, que foi lida por Fruet no final dacoletiva à imprensa, no dia 28. No docu-mento, além de justificar a sua ausência emrazão de compromissos profissionais noBanco do Brasil, Osmar afirma que o parti-do está “honrado” com a filiação do ex-de-putado federal Gustavo Fruet, que garantenão se tratar de um projeto eleitoral, massim de um grupo que “se une para apresen-

tar um projeto de governo que seja do inte-resse de todos os curitibanos. E diz aindaque a trajetória de Fruet “é uma prova deque é possível fazer política com ética, comdecência, com respeito”.

Postura incoerenteTambém por meio de nota publicada no

jornal Gazeta do Povo, o prefeito de Curitiba,Luciano Ducci (PSB), pouco depois de ser ci-tado por Gustavo Fruet em praça pública, res-pondeu às críticas, lembrando que Fruet faziaparte do mesmo grupo político que ele até hápouco tempo. “Havia um ano, o Gustavo fre-quentava meu gabinete e me pedia que o acom-panhasse aos bairros na sua campanha ao Se-

nado, que eu apoiei e pela qual trabalhei demangas arregaçadas. Até o final do ano passa-do, a Eleonora, irmã do Gustavo, era minhasecretária da Educação. E uma boa secretá-ria”, diz a nota, para, mais adiante afirmar queFruet não estaria tendo um comportamentodigno de sua imagem pública. “Eu não seiqual é o momento emocional que o Gustavoestá vivendo, mas não reconheço nele e nassuas declarações a imagem pública que ele,durante tantos anos, alimentou”, disse.

Para nós, é um privilégio contar com um companheiro que, aolongo de 12 anos como deputado federal, conquistou oreconhecimento dos eleitores, dos parlamentares, da imprensae de toda a sociedade por seu trabalho competente e serio.Osmar Dias ”

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Fruet fez pesadas críticas ao prefeito Luciano Ducci, apesar de,

um dia terem dividido amesma trincheira

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No PSDBNo PSDB, os caciques apostavam que Fru-

et, de novo, se renderia às evidências, e queele desistiria de seu projeto pessoal em favorda candidatura de Ducci, aliado do grupo deRicha de longa data. Até então, no ninho tu-cano o silêncio reinou absoluto. Ninguémdizia abertamente que o PSDB manteria o seucompromisso acordado anteriormente comDucci e o PSB. Até que, o presidente da As-sembleia Legislativa, deputado Valdir Rosso-ni, confirmou o pacto do PSDB com o prefei-to. Rossoni disse que, no Paraná, haverá can-didatura tucana na maioria das cidades, comexceção de Curitiba, onde o partido tem com-promisso firmado com o prefeito LucianoDucci. Até então, o deputado Mauro Moraesera ferrenho defensor da candidatura pró-pria do partido à Prefeitura da Capital, masteve que se render às evidências. “Se posicio-nar contra é ser voto vencido”, admite Mora-es que, agora, defende que o candidato àvice-prefeito de Ducci seja indicado peloPSDB, desde que o nome seja “bom de voto”.Moraes acredita que o desenho do quadropolítico para as eleições do ano que vem temtraços fortes e que a “eleição será um páreoduro”, e não descarta a possibilidade de umsegundo turno, daí a necessidade de o candi-

dato do grupo “ser bom de voto” para poderenfrentar “e vencer” o que vem por aí. Se-gundo ele, o que se trabalha, agora, é naformação de um “chapão” para manter areeleição da bancada do partido na Câmarade Curitiba, que hoje conta com 14 verea-dores. Na opinião do deputado, essa deci-são foi tomada porque, sozinho, o PSDBcorre o risco de ter a bancada na Câmaradiminuída, murcha.

E as peças do xadrez começam a se mo-ver. Há seis meses sem presidente, a primeiramovimentação foi a escolha do presidentedo diretório do PSDB de Curitiba e da novacúpula do partido. Fernando Ghignone, pre-sidente da Sanepar, foi escolhido para co-mandar o diretório municipal provisório dopartido, e ainda não há definição de quandoa cúpula diretiva do partido será escolhidadefinitivamente.

Ghignone, porém, garante que isso vaiacontecer antes das eleições do ano que vem.Essa confusão toda aconteceu em razão daintervenção, pelo comando estadual do parti-do, em março, quando o então presidentemunicipal do PSDB, vereador João CláudioDerosso, presidente da Câmara, bateu de frente

Nem o governador Beto Richa foi poupado por Fruet das críticas ácidas

com Gustavo Fruet que pretendia colocar seunome como candidato à Prefeitura e encon-trou resistência em Derosso que defendia areeleição de Luciano Ducci. A intervenção erao remédio que, para alguns tucanos, deveriaacalmar os ânimos dos dois lados e encontrarum denominador comum e, assim, evitar uminevitável racha no partido. No entanto, omovimento da peça no tabuleiro de xadreznão deu os resultados esperados e, em julho,Fruet se desfiliou do PSDB. Somente agora,quase três meses depois, é que o PSDB daCapital começa a se reestruturar. Ao assumir ocomando do partido provisoriamente, Ghig-none disse que o primeiro passo é reorganizaras zonais, que estavam bem estruturadas antesda intervenção, cujo processo, segundo ele,deve ser rápido. Além de Ghignone, tambémcompõem o diretório municipal do PSDB, odeputado federal Fernando Francischini (pri-meiro vice-presidente); o vereador João doSuco (segundo vice-presidente); o deputadoestadual Mauro Moraes (secretário); o secretá-rio estadual de Saúde Michele Caputo Neto(tesoureiro), e os dois vogais, vereador Emer-son Prado e o chefe de gabinete da Casa Civil,José Carlos Campos Hidalgo.

Ex-vereador de Curitiba,Jorge Bernardi, “furou” Fruet,24 horas antes do anúncioda escolha pelo PDT

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ovens, com idade de 12 a 20 anos, a maioria com caras pintadas de verde e amarelo, foram os protagonistas de manifestação realizadana manhã desta quarta-feira (28), em Curitiba, para pedir o afastamentodo presidente da Câmara de Vereadores de Curitiba, João Cláudio De-rosso, envolvido em denúncias de irregularidades na distribuição derecursos na área de publicidade do legislativo da capital. Perto de 500pessoas participaram do ato promovido pela Central Única dos Traba-lhadores do Paraná (CUT-PR).

A partir das 9 horas, os jovens foram se aglomerando na PraçaSantos Andrade, no centro de Curitiba e de lá seguiram pela rua JoãoNegrão até a Avenida Visconde de Guarapuava, sede da Câmara deVereadores. Foram gritando palavras de ordem e carregando faixas comos dizeres: “Derosso, largue o osso” e “Fora Derosso”. Ao chegarem naCâmara, aproveitaram o momento em que um caminhão saía do estaci-onamento da Casa e entraram. Os funcionários não impediram o acessodo grupo ao local.

Apenas 30 estudantes puderam acompanhar a primeira reunião daCPI do Derosso, presidida pelo vereador Emerson Prado, do PSDB,mesmo partido que Derosso pertence. O ato contou com a participaçãode estudantes, sindicatos, Central Única dos Trabalhadores do Paraná,dos partidos políticos de oposição e da população em geral.

João Cláudio Derosso foi denunciado no Conselho de Ética daCâmara de Vereadores por irregularidades na contratação da empresaOficina de Notícias, de propriedade de sua esposa, a jornalista Cláudia

Queiroz. A agência de publicidade e comunicação recebeu da Câmara R$ 5,1 milhões de 2006 até iníciodeste ano, quando o contrato se encerrou.

Derosso também está sendo acusado de contratar irregularmente funcionários da AssembleiaLegislativa do estado, de nomear uma cunhada em seu gabinete e de ser responsável pelo jornalCâmara em Ação, que custou R$ 14 milhões, mas que aparentemente nunca foi impresso.

DA REDAÇÃOpolítica

Fora DerossoCentenas de jovens estudantes vão às ruas

de Curitiba para pedir o afastamento do presidenteda Câmara de Vereadores de Curitiba,

João Cláudio Derosso (PSDB).

Jovens, com caras pintadas deverde e amarelo fazem atocontra Derosso na Câmara de Curitiba

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Em Toledo, prefeito Luizăo apresentaPinhais como modelo de gestăo

Ŕ convite de lideranças políticas daregiăo sudoeste do Estado, o prefeitode Pinhais, Luizăo Goulart (PT) foi atéa cidade de Toledo no último sábado(24) para participar do seminário“Açőes de um governo Democrático”.Na ocasiăo, Luizăo apresentou algumasdas principais açőes que estăo proje-tando a atual administraçăo de Pinhaiscomo referęncia em gestăo. Tambémparticiparam do encontro os deputa-dos federais André Vargas (PT) e Mo-acir Micheleto (PMDB) e o deputadoestadual Elton Welter (PT).

Escola em Tempo Integral, investimen-tos em infraestrutura, reabertura doHospital e Maternidade, Guarda Muni-

cipal, Centro do Ido-so, melhorias no aten-dimento social e,principalmente, a im-plantaçăo do orça-mento participativo.Durante a apresen-taçăo, o prefeito dePinhais destacou al-gumas açőes que estăotransformando a cidade.

Para o prefeito, sua participaçăo noevento em Toledo demonstra o bom mo-mento que o município de Pinhais estávivendo e também o respeito da comu-nidade toledana pelas políticas públicasaplicadas na Regiăo Metropolitana deCuritiba. “É um grande prazer poder pas-

sar um pouco da nossa expe-rięncia. Toledo é uma bela ci-dade, que possui uma exce-lente arrecadaçăo, tem infra-estrutura de qualidade e,vejo que este grupo políticoestá muito bem interessa-

Prefeito Luizăo ao lado do deputado Elton Welter e do

empresário de Toledo, Beto Lunatti

Durante a apresentaçăo, o prefeito de Pinhais destacou algu-mas açőes que estăo transformando a cidade

do em discutir novas alternativas degestăo”, salientou.

O empresário Beto Lunatti disse queapesar de Toledo ser uma cidade bemestruturada, ainda faltam investimen-tos em políticas públicas de atendimen-to ŕ populaçăo. “Precisamos ter um go-verno mais comprometido com as pes-soas. Por isso acredito que esta expla-naçăo do prefeito Luizăo nos ajudou apensar um novo projeto para a cidade”,destacou. O Seminário “Açőes de umGoverno Democrático” contou com aparticipaçăo das lideranças municipaisdo PT, PMDB, PSC, PSDC, PDT e PR.

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urval Amaral, 51 anos, o cabeça bran-ca, como é chamado no Palácio das

Araucárias e nas bases políticas do seu parti-do, o Democratas, tem se fortalecido no go-verno Beto Richa (PSDB), pelo seu estilo con-ciliador e equilibrado no desenvolvimento desua função de chefe da Casa Civil, o centronervoso da política paranaense. Esse dom eleadquiriu ao longo de 20 anos como deputadoestadual e está colocando em prática agora,quando percebeu que seu gabinete acabou setransformando no pára-raios do Governo Es-tadual e do sistema político-partidário.

Tudo passa pela Casa Civil. Desde a sim-ples nomeação de uma copeira ou de ummotorista, a de um secretário de Estado oupresidente de uma empresa estatal, até volu-moso processo contendo documentos jurídi-cos sobre os contratos das concessionárias dosistema rodoviário estadual. “São dezenas deofícios e pedidos diários que temos que filtrá-los para não incorrermos em risco não apenasao governador Beto Richa, mas à populaçãoparanaense”, diz o secretário.

“Não estou na Casa Civil apenas paraatender esse ou aquele pedido político emuito menos para enrolar, dar tapinhas nascostas e empurrar com a barriga. Não é meuestilo. Sou responsável pelo processo buro-crático do governo e tenho que dar respos-

forte do governoCabeça branca, o Homem

tas rápidas ao governador, nem que, paraisso, desagrade esse ou aquele cidadão.Tudo que passa pela Casa Civil tem que serfiltrado, com parecer jurídico, para que nãohaja erros”, afirma.

Sua experiência como parlamentar o temcredenciado a agir conforme determina a lei.“Hoje, não podemos falhar, a imprensa e asociedade estão vigilantes, o que é extrema-mente importante para o crescimento e de-senvolvimento de uma nação”, diz. Segundoele, após o fim do regime democrático e arápida exigência de liberdade pela socieda-de, acabou criando um divisor entre o cida-dão e o político.

Amaral lamenta que, hoje, o político é oprincipal responsável por todas as mazelas queacontecem no País, desde as denúncias decorrupção até a queda de uma barreira. “An-tes, se o político era um mal necessário, hojeele passou a ser só um mal perante a socieda-de. Por isso é que devemos agir com clareza,transparência e honestidade nas nossas fun-ções dentro do governo para resgatar a credi-bilidade perdida há anos”.

Prova de seu lado conciliador foi dadarecentemente, quando todo o levantamen-to realizado por técnicos do governo, mos-trando a herança maldita, com rombo deR$ 4,5 bilhões, deixada pelo governo Ro-

berto Requião, foi, de uma forma ou deoutra, derrubado pelo Tribunal de Contasao aprovar, com ressalvas, as contas do go-verno anterior. No Palácio das Araucárias, adecisão do Tribunal de Contas caiu comouma bomba e a reação foi imediata e só nãofoi para as ruas, porque o chefe da CasaCivil agiu com rapidez e convenceu o go-verno a não reagir.

Para Durval Amaral, é preciso avaliar adecisão do Tribunal de Contas, principalmen-te nos quesitos de “ressalva”. “Não podemose não devemos sair criticando uma decisão,mesmo porque amanhã poderá ser a nossavez e aí, sim, queremos saber os motivos”,pondera. O secretário aposta numa adminis-tração sem ranço, com propostas para a soci-edade, pois é isso que deseja o governador,observou.

Natural de Londrina, o advogado e pecua-rista Durval Amaral tem planos para o futuro.E seu futuro está bem à sua frente. É só atra-vessar a rua e se instalar em um dos gabinetesde conselheiro do Tribunal de Contas do Esta-do. Acredita que após cumprir sua missãocomo um dos principais colaboradores dogovernador Beto Richa, será sua vez de colo-car seu nome para disputar uma vaga no Con-selho do Tribunal de Contas.

Como deputado estadual, eleito pela pri-

política

D

O chefe da Casa Civil do governo Beto Richa, Durval Amaral(DEM), vem se transformando em uma espécie de conciliador

e o homem do “filtro” das ações do Palácio das Araucárias

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PEDRO RIBEIRO

meira vez em 1990, Durval Amaral passoupor quase todas as estâncias do legislativoparanaense. Um de seus pronunciamentosna Assembléia Legislativa que chamou a aten-ção da sociedade paranaense foi quandousou da Tribuna da Casa para dizer que “Cu-ritiba está perplexa. O Paraná está perplexo.A sociedade paranaense se pergunta, a todomomento: como pode o cidadão que pagaseus impostos, paga seus tributos, que confiana sociedade, confia nos governos e nos go-vernantes, não pode ter a tranqüilidade de ira um banco retirar dinheiro e ir tranqüila-mente para sua casa? nós os, os cidadãos es-tamos muito perturbados, muito preocupa-dos com a situação da criminalidade no Esta-do do Paraná”.

Hoje, no Governo do Estado, DurvalAmaral voltou a manifestar essa mesma preo-cupação, fazendo a mesma pergunta: Por quea criminalidade está aumentando? A respos-ta, o próprio secretário deu ao explicar queo novo programa de segurança pública doEstado, o Paraná Seguro, vai modernizar aspolicias Civil e Militar e aumentar o efetivo,o que foi feito pelo governador Beto Richaque colocou mais dois mil homens nas ruas.Em resumo, falta policiais nas ruas das cida-des paranaenses.

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Não estou na CasaCivil para enrolar ouempurrar com abarriga. Estou paradar respostas aogovernador BetoRicha e à sociedade.Durval Amaral ”

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cidadania

ormar jovens críticos, conscientes eautônomos, são os objetivos do Pro-

jeto Piloto Cidadania e Política, que estásendo desenvolvido na cidade de Londri-na. O trabalho, que nesta fase de implanta-ção deve durar dois meses, está sendo rea-lizado com alunos da 6ª e 7ª séries do Cen-tro Educativo da Criança e Adolescente(Ceca). Entretanto, a intenção é ampliar aideia e levar às escolas da rede de ensinopúblico no início do próximo ano letivo.

O projeto tem enfoque educomunica-tivo e será desenvolvido em duas etapas:teórica e prática. Na primeira fase, que serárealizada no mês de setembro, as oficinascontarão com palestras, debates e seminá-

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Jornalista Elsa Caldeira realiza oficinasobre Democracia com os alunos

rios. Na segunda etapa, programada para omês de outubro, os alunos vão aprender so-bre a história do rádio, estilos de programas eas técnicas para a produção radiofônica.

“A idéia é colaborar para que alunos refli-tam sobre o papel da política em suas vidas.Mostraremos a função dos três poderes e in-centivando o debate sobre estes temas paraque eles se sintam sujeitos deste processo”,declarou o presidente da Câmara Municipalde Londrina e idealizador do projeto, verea-dor Gerson Araújo (PSDB).

A coordenadora do projeto, Elsa Caldei-ra, jornalista e especialista em ComunicaçãoPopular e Comunitária pela Universidade Es-tadual de Londrina (UEL), afirma que levar

política às escolas será relevante para formarcidadãos e mostrar a importância da política.Ela conta ainda que numa recente pesquisa,feita nos estados de Santa Catarina, Rio Gran-de do Sul e Paraná, foi identificado que 70%dos entrevistados desconheciam a função dostrês poderes e qual o papel de um deputadoestadual.

“Este projeto é importante porque vai opor-tunizar aos jovens a reflexão sobre temas quefazem parte do seu dia a dia. Estaremos mos-trando que a política está em toda parte: emcasa, na escola e na comunidade e por isso éimportante desenvolver ações políticas comética e seriedade”, destaca.

A diretora do Centro Educacional da Cri-ança e Adolescente, Cristina Pietrobom, é umadas principais incentivadoras do projeto. Se-gundo ela, a proposta vem ao encontro dafilosofia da escola.

“Este projeto reforça nossos conteúdospedagógicos voltados à formação da cidada-nia dos alunos. Será uma ação interdisciplinarcom a participação dos professores de filoso-fia, história e língua portuguesa. É um orgu-lho participar deste projeto em parceria coma Câmara de Londrina”, ressaltou a diretora.

Cidadania e políticanas escolas públicas

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FLÁVIA PRAZERES

Gerson Araujo faz palestra sobre o Papel dos três poderes

OficinasO trabalho teve início no dia 8 de setem-

bro. Os primeiros debates foram sobre as fun-ções de cada um dos três Poderes: Executivo,Legislativo e Judiciário. Além disso, foi feitauma abordagem sobre a história da CâmaraMunicipal de Londrina.” É importante conver-sar com os estudantes sobre estes temas. Mos-trar que a construção de escolas, postos desaúde, asfalto e limpeza, são funções da pre-feitura. Cabe aos vereadores a criação e apro-vação de leis e a fiscalização para que issoocorra. Os estudantes precisam saber destasquestões, pois eles representam o futuro”, ava-lia Araújo.

Após a palestra, os alunos participaram deum debate com o vereador, onde puderam tirarsuas dúvidas sobre o tema. “ Achei muito bomporque a política influencia a vida da gente.Temos de saber como funciona para cobrar o

dinheiro dos nossos impostos”,disse o aluno Gustavo Bortolanzade Andrade, da 6ª série.

O trabalho também utiliza re-cursos multimídia para explicarpolítica, inclusive a partir destaferramenta os alunos puderamconhecer todo o processo de re-democratização do país, desde ogoverno militar de João Figuei-redo, passando pelas Diretas Já,eleição e morte de Tancredo Ne-ves, movimento “Caras Pintadas”,Plano Real até os dias atuais.Ojornalista e colunista da área política, FábioSilveira, também participou do projeto, mi-nistrando aos alunos uma palestra sobre “Polí-tica e Sociedade”.

O projeto piloto na Escola Ceca será en-cerrado no início de novembro, quando os

alunos participarão de uma sessão da Câ-mara de Vereadores. Na oportunidade seráapresentado o programa de rádio produzi-do durante as oficinas. Em seguida, o mate-rial será postado no site oficial do Legislati-vo para acesso de toda a comunidade.

Foco é mostrar aos jovens a função dosTrês Poderes e incentivá-los ao debate

Oficinas educomunicativas sobrecidadania, democracia e políticavem sendo realizadas em Londrinacom alunos de 12 a 14 anos que,ao final, deverão produzirprograma de rádio sobre os temasabordados

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política

Asco pela

Jovens,entre 14 e 20anos, além dedespreparadosestão cadavez maisdescrentescom oprocessopolíticopartidário noBrasil e apenasrepudiam oscenários decorrupçãosem, contudo,entrar nodebate equestionar

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LUANA MEDEIROS

ão sei de nada e tenho raiva de quemsabe. O que sei é que os políticos são

todos uns ladrões e fico sabendo disso pelatelevisão”. O depoimento, de certa forma pe-sado, é do jovem Cleberson Pereira, de 17anos, estudante do ensino médio, residentena periferia de Curitiba. Mais algumas pergun-tas à este jovem, que responde de bate pronto,nos deixa indignados com a falta de conheci-mento político e noção de cidadania. Caroli-na Vieira, 14 anos, também estudante do ensi-no médio, confessa que não sabe para queserve um político. Pior: não sabe quaissão os Três Poderes do Brasil. Sobre opapel do político, disse que não temopinião, porque desconhece sua atu-ação. Esse é um quadro triste que re-vela o desconhecimento de grandeparte dos jovens que amanhã estarãodirigindo a Nação, ou em posto dedestaque dentro do poder público.

Mariana Giobbo, de 16 anos, re-vela que se interessou pela mobiliza-ção que ficou conhecida como “CarasPintadas”, que derrubou o presidente Fernan-do Collor de Mello. “Fui pesquisar na biblio-teca da minha escola e conversei com meu paisobre. Talvez, por isso, acompanho um poucoa política. Agora estou interessada no assuntoda Câmara dos Vereadores de Curitiba, embo-ra não tenha conhecimento apurado sobre oque está rolando lá. Só sei que é corrupção”,comentou. Sobre o movimento “Caras Pinta-das”, a colega de Mariana, Letícia Mendes, tam-bém de 16 anos, disse que também teve opor-tunidade de ver em jornais de televisão repri-sando “aqueles gatos” todos pintados carre-gando bandeiras e placas nas ruas. Hoje nãovejo ninguém fazendo protesto, a não ser estu-dantes em greve.

DesinteresseO que a reportagem da revista Documen-

to Reservado encontrou foi uma grande par-cela de jovens desiludidos com partidos e can-didatos. No Brasil, a cada dois anos temoseleições e quase 18 milhões dos eleitores têmentre 16 e 20 anos de idade. De acordo comdados da Unicef, a juventude brasileira consi-dera os partidos políticos importantes, masprefere não participar de uma legenda pornão gostar de política. Se compararmos a ju-ventude de hoje com a de décadas passadas,podemos observar que há, efetivamente, de-sinteresse dos jovens pela política. Com a ve-

locidade da comunicação, esses jovens, dealguma forma, acompanham o que aconteceem Brasília, só que o que fica gravado são osescândalos de corrupção, cassação de manda-tos . Miguel Soratto, de 20 anos, confessa quegosta de política e até já pensou em se candi-datar a vereador pelo município de Pinhais,mas desistiu da idéia.

Recente debate, na rádio CBN, entre osjornalistas e comentaristas, Cony, Xexeo eViviane Mosé, chamou a atenção o bloco emque divulgaram uma pesquisa de trabalho fei-ta com jovens, em que apontava que 59% de-les não possuem m partido político de prefe-rência e que 83% desses jovens acreditam queo poder político concentrado na mão de pou-cas pessoas é o grande problema. Na discus-são, destaque também para a cobrança dosadultos de que os jovens atualmente não são

engajados como antigamente, quando o temaera política e que só se interessam por outrosassuntos, principalmente aqueles na frente docomputador.

Para Cony, há um afastamento dos jovensdevido à corrupção e a desinformação. “Anti-gamente havia interesse. Os partidos políticose as igrejas tinham sua ala para jovens, entãohavia uma politização maior. Outro dia umjovem não sabia nem que foi o Collor ou oque significava impeachment. A política deBrasília, do Congresso Nacional, reflete o elei-

tor”. Viviane Mosé disse que há umdesgaste na política partidária.“Houve um período de oposiçãopor parte dos jovens, onde eleseram a favor de se opor contra ogoverno em uma determinada si-tuação que estava acontecendo. Acorrupção permanece e há um des-crédito por parte desses jovens napolítica partidária centralizada”.Para ela existe o descrédito, masnão há ausência de participação.

“Há o que autores no século XX chamavam demicropolítica, que é a atuação separadamen-te, em pequenos nichos”.

A socióloga e professora universitária, Eli-ane Basílio de Oliveira, observa que o que nãopode acontecer é continuarmos vivendo umglamour em relação aos movimentos estudan-tis da década de 1960, que foi marcada pelomovimento histórico da ditadura militar). Estadécada marcou como um movimento históri-co, onde tivemos a ditadura militar. Jovensengajados existiam, mas devemos lembrar quenão eram todos e sim, alguns grupos restri-tos.. “Atualmente os movimentos não tem amesma força, mas devemos lembrar que elesexistem. Se pararmos para analisar correta-mente vamos encontrar muitos jovens partici-pando ativamente da política, fazendo partede partidos políticos, de movimentos sociais

Acho tudo isso muitochato e não tenho paciência.Acredito que os políticos nãoestão nem ai para a verdadeirapolítica propriamente dita.Só pensam em dinheiro, o dinheiroque entra no bolso deles.Renata Ganem ”

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política

organizados, entre outros”. O que falta é umavisibilidade maior da sociedade quando osassuntos são os jovens na política.

Para a socióloga,o assunto sobre políticaentre os jovens exige reflexões, pois são váriasas mudanças, principalmente a partir dos anos90. A mudança política é um marco, princi-palmente após o surgimento das políticas ne-oliberais, estrategistas internacionais. Em suaopinião, são três os principais motivos destagrande virada: a individualidade, o consumis-mo e a descrença. Eliane disse que a socieda-de atual incita a individualidade. “Podemosnos deparar, inclusive, com muitas propagan-das políticas dizendo: “faça você mesmo, vocêé o responsável pelo seu sucesso, você deter-mina o seu fracasso, você pode mudar o mun-do, tudo depende só de você... Esse apelo émuito forte, em especial na política”. Porém,a educação também contribui para isso.“Quando dei aula na rede pública, pude par-ticipar de congresso financiado pelo BancoMundial em que diziam que se o governonão fazia nada para melhorar a educação, oimportante era você estar cumprindo o seupapel, você estar fazendo a sua parte”. Nova-mente surge o discurso com a desmoraliza-ção da ação coletiva.

Falha na comunicaçãoGrande parte das reclamações, em rela-

ção à divulgação de temas políticos, está nofato de que a maioria das veiculações políticas

na mídia tem uma linguagem truncada, comjargões que pouco atraem e informam os jo-vens. “Eu acho que o Brasil sofre de uma ca-rência por programas informativos de políti-ca. Se isso já acontece nos programas voltadosao público adulto, se formos parar para pen-sar nos programas para os jovens então, a situ-ação só piora. São muito ruins ou não existemprogramas informativos de política com umalinguagem atual, diferenciada, que possa atra-ir os jovens ao tema”, concluiu Henrique Bo-nacin, (22 anos), estudante universitário.Diego Henrique da Silva, 21 anos, estudantede jornalismo, é engajado no assunto. Elepossui um trabalho de conclusão de curso(www.ndanaweb.blogspot.com/2011/09/va-mos-falar-de-politica-sem-te-encher-o.html)voltado para esse tema, juntamente com suacolega Carla Rocha. “Em relação à aborda-gem da política na TV, acredito que é precisouma linguagem específica para a juventude.Para os jovens, uma entrevistinha meia-bocafeita às pressas na bancada de um telejornalpode parecer menos atraente do que assistirao pessoal do CQC fazendo perguntas maisirreverentes e diretas para os políticos”, enfa-tiza Diego.

“Eu não entendo absolutamente nada,nada mesmo de política, me sinto muito igno-rante quando esse é o tema”, diz Silvana Lima,24 anos, estudante de marketing. “Acho tudoisso muito chato e não tenho paciência. Acre-dito que os políticos não estão nem aí para averdadeira política propriamente dita, só paradinheiro, o dinheiro que entra no bolso de-les”, fulmina Renata Ganem, estudante de le-tras, 24 anos. A socióloga Eliane afirma queessa é outra questão, onde a descrença porparte da população gera uma situação de apa-tia e não incentiva o jovem a se envolver, oque nos leva a ouvir sempre que “política échato, é só corrupção”.

Dentro do universo da comunicação, asredes sociais tem contribuído para a infor-mação dos jovens também sobre política e,principalmente, sobre o que acontece noPaís, em especial no plano do Governo Fede-ral. O estudante Diego lembra que a Internetnão é só para bater papo ou para saber maisa respeito da vida dos amigos. Trata-se deuma ferramenta muito utilizada pelos jovenspara opinar sobre os mais diversos assuntos.“A juventude também fica indignada quandovê o país carregado de tanta corrupção na

política. Não estamos desligadosdos grandes debates sociais, oque acontece é que esses deba-tes acontecem em novos espa-ços, não apenas nas ruas. Nassalas de aula, nos coletivos decomunicação, na mesa do bar,no banco da praça, no twitter,em fóruns de discussão de sitese até no Facebook! Tem genteque torce o nariz para a inter-net; dizem que ela faz o jovemficar acomodado... Mas isso é

pura generalização; não é todo jovem queusa a internet desse jeito. Ela também é umaferramenta e ajuda a galera a se interessarpor política”.

Antigamente havia interesse.Os partidos políticos e as igrejastinham sua ala para jovense havia uma politização maior.Outro dia um jovem não sabianem quem foi o Collor ouo que significava impeachment.Carlos Heitor Cony ”

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comportamento

CORRUPÇÃO

Estudo da Fiesp mostra que a roubalheira emnosso país, concluindo que os desvios giramentre R$ 50,8 bilhões e R$ 84,5 bilhõespor ano, algo em torno de 1,4% a 2,3% doPIB brasileiro em 2010

Oportunidade faz o ladrão

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DA REDAÇÃO

oi um fiasco a marcha contra a corrup-ção realizada dia 20 de setembro no Rio

de Janeiro. Nem mesmo com a praia de Copa-cabana amanhecer com 594 vassouras finca-das na areia em sinal de protesto contra odesvio de verbas públicas, o público compa-receu para o movimento de protesto. Organi-zada pelo movimento “Todos juntos contra aCorrupção”, a manifestação frustrou a expec-tativa de público que reuniu pouco mais de2.500 pessoas. Eram esperadas mais de 30 mil.

De qualquer forma, o Teatro Municipal ea escadaria da Câmara Municipal foram toma-dos por manifestantes que levaram faixas, car-tazes e até se fantasiaram para reforçar o pro-testo. As principais bandeiras do movimentoatacavam o voto secreto no Congresso, cobra-vam maior transparência da União e, princi-palmente, exigiam a aceleração da tramitaçãodo projeto que transforma em crimes hedion-dos os delitos de concussão, corrupção ativa epassiva. Durante as três horas de manifesto,quatro livros foram disponibilizados para co-lher assinaturas favoráveis à proposta.

Desonestidade no Custo BrasilA corrupção, na análise do jornalista Gil

Castello Branco, impressiona pelos númerose vale ser publicada neste espaço. O BancoMundial estima que US$ 1 trilhão por anosejam tragados pelos corruptos. O valorcorresponde a 1,6% do PIB mundial em 2010(US$ 63 trilhões), superando em 43% o gasto

dos Estados Unidos com armamentos (US$ 698bilhões). Paradoxalmente, a Organização dasNações Unidas para Agricultura e Alimentação(FAO) considera que US$ 30 bilhões por anosão suficientes para acabar com a fome dequase um bilhão de pessoas no planeta. As-sim, tal como no Brasil, “faxina mundial” emfavor da moralidade poderia eliminar a misé-ria. Pura utopia.

Na realidade, a quantificação dos malfei-tos é difícil, pela óbvia ausência de recibos enotas fiscais. No entanto, recentemente, a Fe-deração das Indústrias do Estado de São Paulo(Fiesp) divulgou estudo sobre o impacto daroubalheira em nosso país, concluindo queos desvios giram entre R$ 50,8 bilhões e R$84,5 bilhões por ano, algo em torno de 1,4% a2,3% do PIB brasileiro em 2010.

Na hipótese otimista, tomando-se o extre-mo inferior do intervalo, o montante deR$ 50,8 bilhões é equivalente às ações conclu-ídas entre 2007 e 2010 no setor de logística doPrograma de Aceleração do Crescimento (PAC).Em outras palavras, em cenário fictício de umano sem corrupção, o país teria recursos paraduplicar as obras realizadas nos últimos qua-tro anos em rodovias, ferrovias, marinha mer-cante, aeroportos, portos e hidrovias.

Na área social, com R$ 50,8 bilhões po-deriam ser construídas 918 mil casas popula-res do programa Minha Casa, Minha Vida ou57.600 escolas para as séries iniciais do ensi-no fundamental. É evidente, portanto, a imen- >>

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sa participação da desonestidade no chama-do Custo Brasil.

Os cálculos realizados pela Fiesp derivamda pesquisa sobre o Índice de Percepção daCorrupção, realizada pela ONG Transparên-cia Internacional. Desde 1995, a entidade atri-bui notas de 0 a 10 aos países mais ou menoscorruptos, respectivamente. Ao longo desses16 anos, a nota média do Brasil foi 3,65. Em2009 e 2010, a nota 3,70 aproximou-se do valormédio, demonstrando que nas últimas déca-das a situação é estável. Em resumo, há anosestamos sendo reprovados nessa matéria.

Recentemente, o jornal “Folha de S.Paulo”divulgou interessante estudo do economistada Fundação Getúlio Vargas Marcos Fernan-des da Silva, contabilizando os desvios de re-cursos federais descobertos no período de 2002a 2008. A soma de R$ 40 bilhões, apurada pe-los órgãos de controle, obviamente não incluio que permaneceu desconhecido, além dasfalcatruas nos estados e municípios. Assim, éapenas a ponta do iceberg.

O diagnóstico sobre as causas da corrup-ção brasileira é quase unânime. A coloniza-ção de 300 anos é o componente histórico.Outros pontos fundamentais são a imunida-de parlamentar, o sigilo bancário excessivo,a falta de transparência das contas públicas,

comportamento

a elevada quantidade de funções comissio-nadas, os critérios para nomeação de juízes eministros de tribunais superiores, o foro pri-vilegiado para autoridades, os financiamen-tos de campanhas eleitorais, as emendas par-lamentares e a morosidade da Justiça. Essesaspectos, em conjunto ou individualmente,levam à impunidade.

Esfregando as mãosApesar do consenso quanto aos focos que

realimentam as fraudes, cerca de 70 projetosde lei estão engavetados no Congresso Nacio-nal. Versam sobre a responsabilização crimi-nal das empresas corruptoras, criação de obri-gações para as instituições financeiras, san-

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ções aplicáveis aos servidores no caso de enri-quecimento ilícito, dentre outros temas rele-vantes. Enquanto isso, foi votada a absolviçãoda deputada Jaqueline Roriz.

No Brasil, a oportunidade faz o ladrão.Com a proximidade da Copa de 2014 e dosJogos Olímpicos de 2016, a bola da vez são asobras nos estádios e de mobilidade urbana,além dos cursos de capacitação. Somente paraa Copa já estão previstos investimentos deR$23,9 bilhões, valor que vai crescer. A possi-bilidade de a corrupção aumentar nos próxi-mos anos é enorme. Afinal, em nosso país,realizar obra de grande porte sem risco dedesvio de recursos é missão quase impossível.É tarefa para o Criador.

A corrupção, impressiona pelosnúmeros. O Banco Mundial estimaque US$ 1 trilhão por ano sejamtragados pelos corruptos.Gil Castello Branco ”

Marcha contra a corrupção realizada dia 20 de setembro no Rio de Janeiro

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economia

que você faria hoje com R$ 6.722? Poisessa foi a média que cada brasileiro

pagou de impostos só em 2010, cerca de milreais a mais do que foi pago em 2009. A contaé do Instituto Brasileiro de Planejamento Tri-butário (IBPT), que soma ano a ano a arreca-dação das três esferas dos governos federal,estadual e municipal. Neste cálculo estão in-clusos todos os valores recolhidos a título detributos (impostos, taxas e contribuições), in-cluindo multas, juros e correções monetári-as. Em 2011, o montante arrecadado pelamáquina pública bateu novo recorde e che-gou à cifra de R$ 1 trilhão, 35 dias maiscedo do que no ano passado. No acumula-do da última década, oaumento da carga tri-butária brasi leirasubtraiu R$ 1,85 tri-lhão da sociedade.

Para quem ainda não se deu conta do im-pacto que os impostos têm no bolso do con-sumidor, eles representam, por exemplo, 48%da conta de energia elétrica, 21% do que épago na banana e 33% do preço do saco defeijão. O índice pode ser ainda maior em be-bidas alcoólicas e artigos importados comoperfumes e vídeo games. A tradicional cacha-ça de cana-de-açúcar tem uma das taxas maisaltas e carrega 81% de tributos, enquanto quenos consoles de jogos eletrônicos a carga podechegar a 72%. “É o mesmo que dizer que umvídeo game que custa, hoje, R$ 1.600,00 pode-ria ser vendido por R$ 446,00”, explica a advo-gada tributarista do IBPT, Letícia Mary Fernan-des do Amaral.

Como funcionaSegundo ela, o sistema tributário é basi-

camente um conjunto de leis (sendo a maior

delas a Constituição Nacional), normas e re-gulamentos que disciplinam as espécies tri-butárias, sua forma de incidência, bem comotodas as obrigações formais ou deveres le-gais a serem cumpridos pelos contribuintesou responsáveis pelo seu pagamento. “Emtese, os impostos têm como objetivo captarrecursos para que a União possa custear suasatividades, assim como seus gastos com edu-cação, saúde, segurança, saneamento, mo-radia e outros serviços prestados à popula-ção, o que revela que o sistema nacionalestá muito longe de ser o ideal “ afirmou aadvogada.

O brasileiro é o cidadão que mais pagaimpostos e o que recebe os piores serviçospúblicos em troca. A conclusão é do “Estudosobre Carga Tributária / PIB x IDH”, realiza-do pelo IBPT, que compara informações de30 países com a maior arrecadação tributária

do mundo em relação ao retornode benefícios à população. Atual-mente, o contribuinte paga 63 ti-pos diferentes de taxas.

A babá Raquel Rodrigues ficousurpresa ao saber da quantidade deimpostos que paga sobre os servi-ços de primeira necessidade. “Nãosabia que era tanto imposto. Na ver-dade é só na conta de luz, que apa-

que não que não IMP STOS

O agravante é que essesrecursos não foramaplicados adequadamente,no sentido de proporcionarserviços públicos dequalidade à população.João Eloi Olenike ”

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LUCIAN HARO

Em 10 anos, aumento da carga tributáriabrasileira subtraiu R$ 1,85 trilhão da sociedade.

País é o último na lista de índice de retorno dos impostosà população entre os 30 que mais arrecadam

rece o valor escrito, que a gente vê que pagamuito mais do que consome”, disse ela. Astaxas cobradas sobre os itens de alimenta-ção, como frutas, verduras e grãos, tambémdesagradaram a consumidora. “O arroz e ofeijão não poderiam ter tantos impostos, nãoé certo”, afirmou.

E a mordida no bolso do consumidor sóaumenta com o passar do tempo. Outra pes-quisa do IBPT mostra que a carga tributáriabrasileira cresceu significativamente em 2010,atingindo 35,04% do PIB do país. O estudorevela, também, que em relação ao PIB, ofisco subiu cinco pontos percentuais nos úl-timos dez anos, passando de 30,03% no ano2000 para 35,13% em 2011. Isso explicaria tam-bém, o fato do trilhão ter chegado mais cedoneste ano.

Gargalo da arrecadaçãoConforme o levantamento, a arrecadação

federal apresentou crescimento nominal de

R$ 137,13 bilhões (18,05%), no período, en-quanto que a dos estados passou a R$ 50,77bilhões (+ 17,51%) e os tributos municipaisaumentaram 14,27% em termos nominais (7,14bilhões). Para o presidente do IBPT, João EloiOlenike, nos últimos dez anos os governosretiraram da sociedade brasileira R$ 1,85 tri-lhão a mais do que a riqueza gerada no País.“O agravante é que esses recursos não foramaplicados adequadamente, no sentido de pro-porcionar serviços públicos de qualidade à

população. Todos nósprecisamos cobrar da adminis-tração pública uma redução imediata da car-ga tributária, com a diminuição das alíquotasdos principais tributos, medidas que venhama ‘desafogar’ os cidadãos brasileiros, que es-tão no seu limite de capacidade de pagamentode tributos”, disse ele.

Há quem defenda, inclusive, a instituiçãode um regime de Federalismo Pleno no país,onde haja autonomia integral dos estados e >>

Brasileiros já pagaram R$ 1 trilhãoO impostômetro da Associaçăo Comercial de Săo Paulo (ACSP) atingiu recentemente a marca deR$ 1 trilhăo, arrecadados desde o começo do ano, no país. O painel eletrônico calcula o valorarrecadado pela Uniăo, estados e municípios e desta vez, a cifra foi alcançada 35 dias mais cedodo que no ano passado. De acordo com a entidade, o montante seria suficiente para pagar mais de1,8 bilhăo de salários mínimos, comprar 4,8 bilhőes de cestas básicas, construir 45 milhőes decasas populares, 10 milhőes de quilômetros de redes de esgoto ou fornecer medicamentos paratoda a populaçăo brasileira por 445 meses.

acabam mais acabam mais

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economia

municípios. O Instituto Federalista (IF) acre-dita que é grande o gargalo da arrecadação deimpostos brasileiros referente às etapas paraprodução de qualquer artigo por aqui, quetornam o processo muito mais caro. O movi-mento apresenta, ainda, uma possível soluçãopara o problema e sustenta que se fossem tri-butados apenas o valor final de cada produto,

Como reverter a situação?

os preços cairiam pela metade. Aumentaria,também, o po-der de compra do país e detodos os brasileiros. Uma distribuição maisjusta dos valores arrecadados, na qual a maiorparte ficasse nos municípios, outra parte paraos estados e somente a menor parcela fosseenviada ao governo central, também é defen-dida pelo instituto.

Veja o impacto dosimpostos no

bolso do consumidor:48% da conta deenergia elétrica,

21% do que é pagona banana e 33% dopreço do saco de feijão

A população precisaexigir dos governantesque promovam alteraçãode leis que permitam aredução da altíssimacarga tributária.Letícia do Amaral ”

Ainda de acordo com Letícia do Amaral, umaprimeira forma de reduzir a pesada carga deimpostos no Brasil é por meio da alteraçăo dalegislaçăo, o que exige uma grande mobilizaçăonacional. “A populaçăo precisa exigir dos go-vernantes que promovam alteraçăo de leis quepermitam a reduçăo da altíssima carga tributá-ria (ex.: reduçăo da alíquota de tributos comoPIS, COFINS, IPI e ICMS em produtos e servi-ços de maior necessidade da populaçăo; altera-çăo da incidęncia do tributo sobre ele mesmo;reduçăo da burocracia relativa ŕs obrigaçőesformais”, disse ela.

Já para os empresários de todos os portes eramos de atuaçăo, atualmente está se falandoe recomendando a chamada Governança Tribu-tária, que permite uma ampla análise, coorde-naçăo e revisăo de todos os procedimentostributários adotados pela empresa.

Dessa forma, é possível fazer com que onegócio se torne mais eficiente, organizado e

lucrativo, por meio de alteraçőes procedimentaislegais, morais e éticas que permitam reduzir o cus-to tributário da empresa.

“Dentro da Governança Tributária está inseridoo conhecido planejamento tributário, que sempredeve ser realizado obedecendo-se os estritos pa-drőes da legalidade, moral e ética igualmente”,completa a advogada.

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saúde

Epidemia ou pandemia,um problema brasileiro

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CRACK

Ao acender luz vermelha dentro da área médica, oConselho Regional de Medicina do Paraná abre discussão

sobre a epidemia do crack no Brasil e a questão do tratamento

ara discutir e colocar na mesa um dos problemas que mais vem crescendo no Brasil, o consumo de drogas e ocrack como carro-chefe, o Conselho Regional de Medicina do Paraná realizou, dias 23 e 24 de setembro, em

Curitiba, o seminário “Epidemia de Crack no Brasil”. Três especialistas nacionais, os psiquiatras Ronaldo Laranjeiras,Marcelo Ribeiro de Araújo e Marco Antonio Bessa, alertaram a sociedade sobre a dependência química em crianças eadolescentes e criticaram a falta de uma política do Governo Federal na questão do tratamento dos usuários.

No encontro foram apresentadas as “Diretrizes Gerais Médicas para Assistência Integral ao Usuário do Crack”,elaboradas pelo Conselho Federal de Medicina com objetivo de disseminar entre os médicos informações úteis paratratamento da dependência. O Seminário sobre epidemia de crack no Brasil faz parte do Projeto de Educação MédicaContinuada do CRM-PR, é gratuito e dirigido exclusivamente para médicos.

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PEDRO RIBEIRO

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Embora o Governo Federal tenha lançado,em 2010, o Plano Integrado de Enfrentamento aoCrack e outras Drogas, com o anúncio de inves-timentos da ordem de R$ 410 milhões em açõesde saúde, prevenção ao uso de drogas, assistên-cia e repressão ao tráfico em todo o País, osmédicos insistem na polêmica do tratamento.

Em xeque, o tratamentoCom o avanço da droga mais devastadora

de que se tem conhecimento, o crack, colo-cou em xeque a eficácia dos modelos de aten-dimento assistenciais e de saúde e vem provo-cando uma nova discussão entre as entidadese organismos envolvidos direta e indiretamentena recuperação dos dependentes químicos.Até quando esperar que os usuários decidamreceber tratamento? Esta foi uma das princi-pais perguntas do encontro.

A denominada internação compulsória -quando os drogados são levados a tratamentocontra a sua vontade - já vem sendo concedi-da pelo Judiciário em algumas cidades. Hoje,a cada dia, em qualquer cidade do país, chegaao menos um pedido de internação forçada -na verdade, um grito de socorro de pais impo-tentes diante do vício que a droga provoca.

Maria Aparecida, empregada doméstica emuma residência no bairro do Batel, em Curiti-ba, chora ao relatar que a filha, de 13 anos deidade, é dependente do crack. “Não consigotrabalhar direito, já internei a menina váriasvezes e não vejo uma solução. Não sei o quefaço”, relata. Maury (Maninho), residente nobairro do Cajuru, começou com crack aos 16anos e hoje, aos 23, está à beira da morte. Ospais, de baixa renda, não conseguem adminis-trar a situação.

Em qualquer cidade do Estado, tanto nasperiferias como nos centros, o problema é omesmo. Consumo de crack e famílias e maisfamílias impotentes sem luz para resolver oproblema de seus filhos.

Diagnóstico de vida e morteO presidente do Conselho Federal de Me-

dicina, médico Roberto Dávila relata que quan-do se trata do crack, 1/3 dos usuários morrem(85% destes por causas violentas), outros 1/3permanecem com deficiências crônicas e per-das cognitivas, e somente 1/3 dos usuários securam. Diante deste desastroso quadro, alertano sentido de que todos, governo e sociedadecivil, precisam estar envolvidos nesta luta.

Crítico voraz da política antidrogas noPaís,o coordenador do Instituto Nacional dePolíticas do Álcool e Drogas do CNPq e mem-bro do Conselho Gestor da Unidade de Pes-quisas em Álcool e Drogas (UNIAD) da Uni-versidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Ro-naldo Ramos Laranjeira, disse que não acredi-ta no Plano Integrado de Enfrentamento aoCrack e outras Drogas, do Governo Federal.Segundo ele, os Centros de Atenção Psicosso-cial (Caps) não estão preparados para atenderos viciados em crack. “A recaída é o grandedesafio. Não é um tratamento simples ou paraamadores”, afirma.

Fenômeno bem brasileiroLaranjeiras revela que o crack surgiu no

Brasil no início dos anos 1990 e que, de lá paracá, não houve nenhuma política pública ca-paz de combater a disseminação da droga. Ocrack virou uma pandemia e não é um fenô-meno mundial. É um fenômeno bem brasilei-ro, porque os governos – especialmente o fi-

nal do governo Fernando Henrique Cardoso etodo o governo Lula – ficaram só observandoa evolução do crack, quer seja no Ministérioda Saúde ou na Secretaria Nacional de Políti-cas sobre Drogas (Senad).

Ao discordar das propostas do Plano Integra-do, Laranjeiras sustenta que algumas das propos-tas são incongruentes e inconsistentes. “Eu abso-lutamente não acredito em consultórios de rua,um dos pilares desse programa. Se eu não tivessedinheiro e meu filho estivesse na rua usandocrack, gostaria que o Estado me protegesse e,primeiro, oferecesse internação, tirando o garo-to da rua mesmo contra a sua vontade. Não sepode esquecer que um terço dos usuários decrack morre nos primeiros quatro ou cinco anos,e o consultório de rua fica oferecendo Band-aid,novalgina e pomadinha para os lábios queima-dos pelo crack. O cara está precisando de umaUnidade de Tratamento Intensivo (UTI).

Internação e pós-internaçãoPara o psiquiatra, a internação dá um pe-

ríodo de estabilidade mental e psiquiátrica àpessoa. É o começo do tratamento. Também éimportante haver um sistema de pós-interna-ção, como as moradias assistidas, onde a pes-soa possa ficar um período maior e recons-truir a vida, voltar a estudar e a trabalhar, nãoestando necessariamente internada, masem um ambiente protegido. Isso porque, na

1/3 dos usuários morrem,outros 1/3 permanecem comdeficiências crônicas eperdas cognitivas, esomente 1/3 dosusuários se curam.Roberto Dávila ”

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saúde

maior parte das vezes, a família do usuário decrack está muito desgastada e não tem condi-ções de recebê-lo de volta. Além disso, seriapreciso criar uma parceria com os grupos deautoajuda, como os Narcóticos Anônimos.Hoje, quem mais atende os usuários de crack,em números, são os Narcóticos Anônimos egrupos como o Amor-Exigente. Eles atendemcem vezes mais que os Caps, sem nenhumcusto, pois é um trabalho voluntário.

O psiquiatra Marcelo Ribeiro de Araújo,pesquisador da UNIAD/UNIFESP, mostrou, noencontro, a evolução e histórico do consumode crack e das políticas públicas para substân-cias psicoativas. A intenção do médico, que éum dos organizadores do livro “Tratamentodo Usuário de Crack”, foi apresentar um pla-no de enfrentamento para a dependência dadroga, pois acredita que o usuário de crackprecisa de um serviço de tratamento especi-alizado e devidamente equipado.

Avanço nos grandes centrosSegundo Araújo, o crack apareceu na peri-

feria leste de São Paulo por volta de 1989, seespalhando para outras regiões da cidade aolongo dos anos noventa. Logo chegou a PortoAlegre e demais cidades sulinas. Para se ter umaidéia, não se ouvia falar da substância em estu-dos epidemiológicos com meninos de rua emSP, RJ, BH e Porto Alegre antes dessa data. Hoje,a maior parte dos meninos teve ao menos umaexperiência com a droga. Além disso, nos últi-mos anos, estudos com meninos de rua, estu-dantes e domiciliares realizados pelo Centro deEstudos Brasileiros sobre Drogas Psicotrópicas(Cebrid - Unifesp) tem demonstrado que a subs-tância avançou nos grandes centros do Nordes-te, mantendo-se estável nos grandes centros doSul e Sudeste. A mídia leiga, por seu turno, temapontado para um aumento do consumo nasmédias e pequenas cidades, bem como para achegada do crack no Rio de Janeiro, a partir deacordos entre o PCC e Comando Vermelho. Acapital fluminense era tradicionalmente consi-

derada livre da droga, por oposição do tráficolocal. Esse parece ser o panorama atual.

Sobre uma efetiva epidemia do crack, Araú-jo diz que é difícil falar em epidemia, conside-rando o que esse termo quer dizer tecnicamen-te. Genericamente, fala-se em “epidemia” deuma droga quando o surgimento da mesma oude um modo específico de consumí-la atingeproporções que acabam chamando a atençãoda população, da mídia e dos sistemas de vigi-lância em saúde. Deve-se considerar também atolerância cultural à substância em questão -por exemplo, um aumento de consumo demaconha em um balneário durante as férias deverão chama menos a atenção da mídia e dasautoridades, do que um aumento de consumode crack em uma cidade média. No caso especí-fico do crack, temos notado aumentos em algu-mas regiões (padrão epidêmico) e estabilidadeem outras (padrão endêmico).

Fama de forte e barataComo o crack, de fato, possui essa fama de

droga forte e barata, ele chama mais atençãodas pessoas com menos poder aquisitivo. ParaAraújo, na realidade, se considerássemos ape-nas a concentração de cocaína no crack e naapresentação refinada (“pó”) não existe dife-rença de preço. No entanto, o crack possui apre-sentações para o varejo mais baratas (pedraspequenas, lascas etc.), o que a princípio torna adroga mais acessível. No entanto, o usuário decrack tende a consumir mais do que o de coca-ína refinada, gastando mais no final. Dentro daevolução do consumo, há um grupo de usuári-os que acaba migrando para o crack por estartolerante aos efeitos da cocaína cheirada. Tam-bém há aqueles que buscam o crack como al-ternativa financeira à cocaína refinada. Ambasas situações, porém, não são regras. A maioria

dos usuários se interessa também pela culturaassociada ao consumo dessa droga. Dessemodo, o fato de ser mais barata (em tese) emais forte, não a torna mais ou menos atraente.

Na opinião de Araújo, o usuário de crackprecisa de um serviço de tratamento especi-alizado e devidamente equipado. A incidênciade um segundo transtorno psiquiátrico entreos usuários que buscam ajuda é alta; quasesempre possuem problemas psicossociais.Além disso, a adesão desses pacientes ao trata-mento é incrivelmente baixa. Desse modo, faz-se necessário a constituição de equipe inter-disciplinar experiente e capacitada, capaz delhes oferecer um atendimento intensivo e ade-quado às particularidades de cada um deles,contemplando suas reais necessidades de cui-dados médicos gerais, de apoio psicológico efamiliar, bem como de reinserção social.

Infância e adolescênciaO segundo secretário da Diretoria do CRM-

PR, Marco Antonio Bessa, que também é doutorpelo Programa de Pós-Graduação em psiquia-tria pela Universidade Federal de São Paulo (UNI-FESP), finalizou o seminário ministrando pales-tra sobre “Dependência de Crack na infância ena adolescência”. Com trabalhos na área, Bessadestacou dados de sua tese a respeito do sub-relato e fatores correlacionados ao uso de dro-gas em adolescentes grávidas.

O crack virou uma pandemia e não é um fenômenomundial. É um fenômeno bem brasileiro, porque osgovernos ficaram só observando a evolução do crack.Ronaldo Laranjeiras ”

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segurança

Curitibaviolentaonda de violência e criminalidade vemaumentando a níveis assustadores no

Paraná, em especial na capital, Curitiba e re-gião metropolitana. Este ano 1.250 pessoas

foram assassinadas no Estado e somente nomês de agosto houve 140 homicídios, 10 con-frontos com a polícia e três latrocínios, totali-zando 153 mortes, sendo 143 homens e 10

mulheres, na grande Curitiba. Os números sãode pesquisa realizada pelo jornalista MarceloVellinho, dos jornais Tribuna do Paraná e OEstado do Paraná, com levantamentos feitos

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PEDRO RIBEIRO

Violência em Curitiba e região metropolitanaextrapola todas as estatísticas de

segurança e não combina com o perfilda cidade de primeiro mundo

no Programa 190 e de relatórios do InstitutoMédico Legal, além de informações nas pró-prias delegacias.

Diante deste quadro, os veículos de co-municação realizaram umaenquete sobre as ações doGoverno do Estado em re-lação à segurança públicano Paraná. 50% das pesso-as ouvidas disseram que asegurança pública no go-verno Beto Richa piorou,40% relataram que conti-nua igual ao governo ante-rior e apenas 19% observa-ram melhoria. O municí-pio da região metropolitana mais violentoficou por conta de Colombo, com 39%, se-guido de São José dos Pinhais, 24% e Almi-rante Tamandaré, 19%. Em relação à confia-bilidade na polícia paranaense, 76% disse-ram que não confiam e 23% confiam. O quemais chama a atenção é que 93% das pessoasnão se sentem seguras.

Preocupado com o crescente número daviolência no estado, o governador Beto Richalançou o programa Paraná Seguro e somentenuma ação de fim de semana, a Operação Vidareuniu 600 policiais militares em ações osten-sivas, blitze e cumprimentos de mandados debusca e apreensão. Entre a sexta-feira, do dia16 e domingo,dia 18 de setembro, a PolíciaMilitar abordou 4.690 pessoas, 2.492 veículos,

oito coletivos e 44 táxis; 25 suspeitos foramencaminhados à delegacias.

O comandante-geral da PM, coronel Mar-cos Scheremeta comemorou a operação, afir-

mando que os objetivos foram atingidos, pois“queríamos uma mobilização grande, comtoda a Curitiba sendo observada, sabendoque haveria policiais militares nas ruas”. “Esta

Queríamos umamobilização grande, comtoda a Curitiba sendoobservada, sabendoque haveria policiaismilitares nas ruas.Coronel Marcos Scheremeta ”

é uma das ações de reforço no policiamentodeterminadas pelo plano de segurança Para-ná Seguro do Governo do Estado”, afirmou ocoronel Júlio Ozga Nóbrega, subcomandan-

te-geral da PM.Apesar dessa mobiliza-

ção, a Secretaria de Segu-rança Pública do Estadonão consegue deter a ondade assaltos a bares e res-taurantes de Curitiba. Em15 dias, foram roubadossete estabelecimentos, in-forma Fábio Aguayo, pre-sidente da Abrabar. Preo-cupado com os roubos, a

entidade foi buscar ajuda na AssembléiaLegislativa, cujos parlamentares manifesta-ram total apoio na cobrança de ações dogoverno.

Enquete mostra que

93% das pessoasouvidas não se sentemseguras em Curitiba

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saúde

MãesCuritibanas

O Mãe Curitibana é pioneiro no Brasilna organização da atenção materno-infantil.

Começou a funcionar em 8 de março de1999 e inspirou ações semelhantes

prefeito de Curitiba, Luciano Ducci,recebeu no último dia 23, em Brasília,

o prêmio de melhor experiência municipalcom o programa Mãe Curitibana. A premia-ção é da Organização Pan Americana de Saúdee do Ministério da Saúde e certificou Curitibacomo laboratório mundial de programas naárea de maternidade segura. A capital do Para-ná vai agora representar o Brasil na fase conti-nental do concurso em Washington/EUA.

O certificado foi entregue ao prefeito pelodiretor do Ministério da Saúde, Dario Pasche.“Esse prêmio me deixa muito feliz porque oprograma, implantado há 12 anos, é reconhe-cido pelos curitibanos e é modelo nacionalpara outras cidades e estados. E o mais impor-tante, fez com que Curitiba tenha a menortaxa de mortalidade infantil entre as capitaisbrasileiras”, disse Ducci.

O concurso da Opas faz parte de uma es-tratégia da Organização Mundial de Saúde paramobilizar os países para cumprir os 10 objeti-vos do desenvolvimento do milênio na área

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DA REDAÇÃO

da saúde. “Temos que desenvolver um movi-mento de intercâmbio e informações para in-corporar o tema saúde da mulher e da criançana agenda política e pública”, afirmou MatildeMadaleno, da OMS.

Na premiação, Ducci destacou que o pro-grama reduziu para um dígito a mortalidadeinfantil e já atendeu 200 mil mães e crianças.“O Mãe Curitibana garante o melhor pré-natalque uma gestante pode ter e com a participa-ção do seu companheiro, além de atenção aoparto e pós-parto e programa de planejamen-to familiar. O reconhecimento é resultado daeficiente rede de unidades de saúde e hospi-tais integrantes do programa e suas equipesmultiprofissionais”, disse.

A melhor experiência estadual na área foida comissão perinatal do governo de BeloHorizonte. “O programa Mãe Curitibana ser-viu de inspiração para nós, fizemos um traba-lho mais modesto, não nas proporções deCuritiba, mas felizmente estamos tendo resul-tados positivos”, disse Sonia Lanski, coorde-nadora do programa na secretaria de saúde dacapital mineira.

O Mãe Curitibana é pioneiro no Brasil naorganização da atenção materno-infantil. Co-meçou a funcionar em 8 de março de 1999 einspirou ações semelhantes. O Mãe Coruja(Pernambuco), Mãe Paulistana (município deSão Paulo) e, mais recentemente, o Rede Ce-gonha, lançado em março pela presidenteDilma Rousseff.

A iniciativa se baseia no vínculo que seestabelece com a mulher, assim que ela rece-be o resultado positivo para gravidez. A partirdaí, ela e o bebê são acompanhados pelo sis-tema público de saúde de Curitiba durantetoda a gravidez até 40 dias após o nascimento.Passado esse tempo, a mulher recebe alta doMãe Curitibana e a criança é automaticamentevinculada ao Programa do Lactente.

Atenção integralDesde a criação, 200 mil mulheres e seus

bebês foram acompanhados pelo programa.Cerca de 85% das gestantes vinculam-se até o4º mês de gestação e apenas 13% são diagnos-ticadas como de médio ou alto risco. Quase70% dos partos – que representam cerca de60% das gestantes da cidade - são normais.

No ano passado, 89,6% das pacientes vin-cularam-se no início da gravidez e puderamfazer sete ou mais consultas de pré-natal. No

período, foram ofertadas 22.657 consultas con-tra 17.100 em 1998 – ano anterior à implanta-ção do programa. Na época, 66,4% fizeramsete consultas ou mais. Nesse período tambémcaiu o número de gestantes com menos de 20anos de idade. Enquanto em 1998 19,8% dasmães tinham menos de 20 anos, essa taxa caiupara 14,2% em 2010.

O programa contribui, de forma significa-tiva, na redução da mortalidade infantil ematerna. De 1998 para 2009 a mortalidade in-fantil caiu de 16,64 por 1000 nascidos vivospara 8,97 / 1000. O dado de 2010, preliminar, éidêntico ao do ano anterior e coloca Curitibana posição de cidade com o menor indicadorentre as capitais.

A redução da mortalidade materna tam-bém merece destaque. De 60,5 por 100 milnascidos vivos entre 1994 a 1999 e de 43,9 por100 mil entre 2000 e 2005, o indicador desceupara 38,6 por 100 mil nos últimos 5 anos.

O prefeito Luciano Ducci e orepresentante do Ministério da

Saúde, Dario Pasche, na premiaçãode Curitiba em Brasília

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tecnologia

Mesmo com tantas tecnologias, o rádio,um dos veículos de comunicação

mais antigo, continua eficiente e encantador

om dia, olá ouvintes... Oi, oi gente que-rida. Seja na frequência AM ou FM é

assim que começa o dia de muitas pessoasque gostam de ouvir rádio. São emissoras paratodos os estilos, vão de musicais, religiosas,até mesmo as de notícias, que caíram nogosto de muitos curitibanos. O objetivo tam-bém é bem variado, tem ouvinte que quer sedistrair com uma boa música, outros quequerem se manter informados e até aquelesque têm o rádio como uma companhia. Umdos veículos de comunicação mais antigo,ainda é eficiente e rápido, principalmente emrelação à propagação da informação e alcan-ce maior no número de pessoas.

A história do rádio no Brasil começou apartir de 1922 e depois de tanto tempo, eleainda continua ativo e faz parte da vida demuitos brasileiros. Mesmo com a criação denovas tecnologias que divulgam a informação,o rádio não perdeu o seu espaço e em algunscasos, com a popularização da internet, prin-cipalmente das redes sociais, vem ajudar ainteração com o público. O jornalista Luiz Ri-beiro divide o trabalho entre a televisão Ban-deirantes e a rádio BandNews FM. Há 25 anostrabalha em rádio e há pouco menos de doisanos utiliza as redes sociais como mais umaferramenta profissional. “As redes, se bem uti-lizadas, podem ser grandes aliadas no traba-

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Nas ondasdo rádio

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LORENA MALUCELLI PELANDA

lho de comunicação em qualquer veículo. Norádio, entendo que é mais importante ainda.Geralmente coloco um post em que sugirouma discussão, para saber a opinião do ou-vinte e levar ao ar. Assim consigo trazer o mem-bro dessa rede social para engrossar a audiên-cia da rádio”, explica Ribeiro.

InteratividadeMas a boa e velha

interação pessoalainda existe, princi-palmente quando se

trata de uma rádioAM. Isso porque a

programação exige muito mais contato pesso-al. É o ouvinte que procura emprego, relacio-namentos amorosos, ajuda, e por aí vai. Commais de 35 anos de carreira, Edmar Colpani,divide a apresentação do programa de entre-tenimento “Tarde total”, na Rádio Banda B.“Comecei a trabalhar em rádio como uma brin-cadeira. Fui operador de som de um progra-ma paroquial, e quando o padre não ia apre-sentar, aproveitava para falar ao microfone”,relembra Colpani. A partir daí, ele seguiucarreira como radialista e tem feito muito su-cesso com os ouvintes. “Tenho um contatomuito direto com eles. Muitos vão até a emis-sora e pedem autógrafo, me sinto um artista.O rádio é mágico e o ouvinte fica interessado

em saber como é a pessoa que está falando dooutro lado do equipamento. Tem muita genteque me reconhece de longe, só pela voz”, co-menta Colpani.

Rádio e suas paixõesRenato Gaúcho é considerado pelos ou-

vintes como o Rei do Rádio em Curitiba. Há25 anos comanda um programa na Rádio Cai-obá e é um dos donos da maior audiência doestado. Ele é criador de programas, dentre osquais se destacam previsão astrológica, as crô-nicas e mensagens que lê diariamente, e ashistórias de amor narradas na seção “A Músicada Minha Vida”. Repercussão que Renato nãoimaginava ter. “Quando começa alguma coisa,a gente tem sonhos e quase nenhuma certeza.Eu sonhava fazer sucesso, ter muitos ouvintes,mas certeza que isso ia acontecer, não”, dizRenato.

Para manter a fama não é só necessário tertalento, e sim muita dedicação. “Trabalho odia todo – cinco horas no ar, mais cinco ouseis na frente do computador, preparando oprograma do dia seguinte. Pela dimensão queganhou o meu trabalho, acho até que recebopoucas cobranças. Claro que sempre tem al-

Luiz Ribeiro, da BandNews,trabalha há mais de 25 anosem rádio

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Comecei a trabalhar emrádio como uma brincadeira.Fui operador de som de umprograma paroquial, e quandoo padre não ia apresentar,aproveitava para falarao microfone.Edmar Colpani ”

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guém dizendo que você não devia falar talcoisa, ou que devia fazer aquilo de uma outraforma, mas, no meu caso, não é muito fre-quente. Quando acontece, levo em considera-ção e não hesito em mudar, se for o caso”,explica Renato Gaúcho, ao ser questionadosobre a cobrança dos ouvintes.

Quanto ao futuro do rádio, Renato Gaú-cho acredita que ele sempre vai existir e difi-cilmente perderá espaço. “O rádio já foi diag-nosticado como doente terminal, especialmen-te quando surgiu a televisão. No entanto, lá sevai mais de meio século, e o rádio continuavivo. Acho que o rádio vai durar para sempre,

cultura

pois é um veículo extraordinário, capaz demexer com a imaginação das pessoas e fazê-las sonhar como nenhum outro veículo é ca-paz”, finaliza.

Inventando para inovar

Mesmo antigo, o rádio cresce ainda mais einova para se manter interessante para o pú-blico. A grande responsável é a criatividadedos profissionais que trabalham no meio.Exemplos não faltam. O mais recente é o cres-cimento de rádios de notícias, que já caíramno gosto do curitibano. CBN e BandNews FMsão as principais emissoras quando se fala emradiojornalismo em Curitiba, mas mesmo as-sim, o perfil de cada uma tem diferenças. ACBN mantém um padrão mais tradicional em

dar uma notícia, já a BandNews busca maisinteração com o público, e consequentemen-te mais dinamismo na hora de repassar a in-formação. São duas boas opções que o ouvin-te tem a total liberdade de escolher.

Palanque eleitoralA popularidade que o rádio proporciona

é uma excelente oportunidade para os profis-sionais que trabalham no veículo e querementrar na vida política. Um bom exemplo des-sa força é o radialista Luiz Carlos Martins. Pro-prietário da Banda B, Luiz Carlos já foi verea-dor, deputado, e deve se manter na vida públi-ca por muito mais tempo. Em seu programadiário nas manhãs curitibanas, a voz do radia-lista é a de um conselheiro, amigo e em algunscasos ponto de referência para o ouvinte. Ca-racterísticas de um profissional de rádio desucesso, que contribuem para o desenvolvi-mento na política. Mas o radialista EdmarColpani, que também trabalha na mesmaemissora, acredita que para ser político é ne-cessário muito mais do que falar em rádio. “Aprova disso é que na última eleição poucos

radialistas se deram bem. O ouvintepode gostar da pessoa como locuto-ra, mas quando se candidata preci-sa ter boas propostas. Tenho muitosamigos com muita audiência, quese candidataram, mas quando abri-ram as urnas, se decepcionaram eviram que o povo não se interes-sou”, afirma.

Quando começa alguma coisa,a gente tem sonhos e quasenenhuma certeza. Eu sonhavafazer sucesso, ter muitosouvintes, mas certezade isso ia acontecer, não.Renato Gaúcho ”

Curitiba no arCuritiba tem em média 50 emisso-

ras de rádios, tanto nas ondas AM ouFM. A rádio Clube Paranaense, fundada em

1924, foi a terceira emissora a ser criada noBrasil. A primeira a transmitir futebol no país.Em 1976, entra no ar a Transamérica, pri-

meira rádio FM estéreo de Curitiba. Aprogramaçăo era gravada, com mú-

sicas internacionais.

Quando chegou a televisão, o rádio foidiagnosticado comodoente terminal.

E está aí, hoje, vivo como nunca

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cultura

A dona do

Regina Voguecomemora 51 anosde carreira combiografia e novoespetáculo teatralque conta boa parteda sua história

uerer um passado. Esse era o princi-pal objetivo da atriz Regina Vogue,quando era mais jovem e nem pensa-

va no reconhecimento artístico que tem hoje.A história da catarinense começou com

muitas dificuldades, uma delas foi a saída decasa, aos 16 anos, contra a vontade dos pais,para realizar o principal sonho: o de ser atriz.Passou pelo circo, teatro de pavilhão e atémesmo atuou por algum tempo como tourei-ra. “Meus pais não aceitaram a minha saída decasa, já que naquela época as mulheres nãotinham tanta independência. Nada é impossí-vel e tem que ter vontade de buscar o quedeseja. Minha teoria é: não sei, me ensina, queaprendo”, conta a atriz.

Mas foi em Curitiba que a artista construiuboa parte da sua carreira. Já são 51 anos demuitas histórias, dificuldades, alegrias e apren-dizados. As bodas de ouro de profissão tam-bém são marcadas com muitas conquistas.“Não sou de me apegar ao passado, mas quan-do era pequena foi diferente. Quando ouviafalar sobre o passado, sempre repetia e diziaque queria ter um”, relembra.

Regina tem um teatro que leva o seu nome,e fica dentro do shopping Estação, um dosprincipais de Curitiba. O espaço inauguradoem 2004 é mantido com a ajuda dos dois fi-lhos: Adriano, que é produtor e o apoio efeti-

TEATRO

Cena do espetáculo “Regina, no centro da liça”

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LORENA MALUCELLI PELANDA

A Cia Regina Vogue já produziu mais de 35 espetáculosinfantis e é referência neste segmento. O Teatro Regina Vogue já

recebeu mais de 164 espetáculos e 134 mil pessoas.

vo no processo burocrático do teatro e Maurí-cio, que é diretor, ator e bailarino.

Cada ano de carreira a atriz comemora dealguma forma e neste ano é bem diferente.“Este ano está sendo bem badalado. Vou lan-çar minha biografia, mas já estou em cartazcom uma peça adaptada, que se chama ‘Regi-na, no Centro da Liça’. É uma forma do públi-co me conhecer melhor e também aprendercom meus problemas”, comenta Regina.

O espetáculo e também o livro contam atrajetória da atriz, que nasceu em Santa Catari-na, morou em Porto Alegre e veio viver emCuritiba. A atriz Maureen Miranda, que inter-preta Regina Vogue no palco, passa ainda maisveracidade na história, já que as característi-cas físicas das duas são bem semelhantes. “Nãofaço da minha vida uma tragédia, apesar deter passado por muitas dificuldades para che-gar onde cheguei. Ser reconhecida não é fácil,principalmente na capital paranaense. Pareciauma estrangeira. Hoje me sinto privilegiada”,afirma a catarinense. A montagem teatral nãotem tantos detalhes, diferente do livro queaborda mais fases da vida da artista.

O nome da biografia foi escolhido com

muita atenção. “Liça significa discutir, resol-ver as coisas. Minha vida é assim. Temos queenfrentar os perigos e seguir em frente. Avida é uma metáfora, o mundo também”,explica a atriz.

Na história de vida de Regina Vogue jásão tantos momentos e papéis interpretados,que ela destaca apenas um que tem gostadomais. “Este momento está sendo o melhor.Estou muito feliz e sinto muito gratificadapor estar indo tão longe, principalmente de-pois de tantos problemas. Hoje, quando olhopara trás e vejo as vitórias, conquistadas comtanto esforço, só tenho a agradecer”, finalizaa atriz que é considerada uma das mais im-portantes do Paraná.

Exemplo de talento Com tantas histórias, Regina Vogue é

exemplo de profissionalismo para muitosatores que já seguem a carreira ou até mes-mo pensam em atuar nos palcos. “ReginaVogue é uma das nossas Divas, uma das ra-inhas do nosso teatro e temos muito, sem-

pre, o que aplaudir e agradecer. Uma histó-ria mágica, cheia de coloridos, cuidados,no entanto, construído com muito suor, dig-nidade, muito trabalho e muita emoção, queserve como modelo”, explica o ator e pro-dutor Dimas Bueno.

Essa é a mesma opinião de muitas pessoasque compõem o cenário artístico paranaense.O ator Claudio Castro diz que a Regina Voguerepresenta um marco, principalmente por ain-da atuar na cidade. “As primeiras peças queassisti foram dela. Ela sempre faz o comentá-rio no final da montagem para falar da suapaixão por teatro infantil. Regina é uma refe-rência paranaense”, elogia Castro, que atuadesde 1993 nos palcos da cidade.

Dimas Bueno é atore produtor teatral

Para Claudio Castro, Regina Vogueé um marco no teatro paranaense

A peça é uma adaptação da biografia da atriz,que deve ser lançada neste ano

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esporte

ATRÁS DA COPA

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m Levantamento feito pelo Instituto Pa-raná Pesquisas de junho deste ano,

mostrou um cenário de rejeição que a Copado Mundo Fifa de 2014 sofre em Curitiba. Umano antes, a amostragem apontava que maisde 84% dos curitibanos eram a favor do Mun-dial no quintal de casa. Em 2011, a realidadedemonstra que 66,5% apoiam a competiçãomais importante do futebol mundial. O quedisparou foi o desinteresse, a aversão. No pri-meiro semestre de 2010, menos de 10% doscuritibanos eram contrários à Copa do Mun-do. 12 meses depois, esse número bateu nacasa dos 30%.

Em 1950, Curitiba também foi sede de jo-gos da Copa do Mundo. E um dos moradoresda cidade fez questão de correr atrás do Mun-dial. O diálogo remete à distante Palmas. Eramseis horas da manhã, o sol ainda não havianascido na cidade mais fria do Brasil. Seis tam-bém era a marca abaixo de zero da dilataçãodo mercúrio em um velho termômetro pen-durado na parede do alpendre. Estamos a 378km da capital paranaense, onde a temperaturanão está muito mais quente neste 15 de julhode 1950. A 1.219 km, rumo ao Norte, mais

precisamente no Rio de Janeiro, destino daeminente viagem, as coisas não deveriamestar tão geladas. Embora, apenas o ambi-ente que envolvia o dia seguinte e aquelelugar, deixassem as coisas para lá de quen-tes, e a temperatura no sudeste do país,muito além do zero.

Altino Gubert coloca uma de suas melho-res roupas para ir ao aeroporto. A roupa pesa-da é característica da época. Para minimizar origor do frio da pacata cidade paranaense, ovestuário elegante começa numa engomadaceroula, até culminar num belo chapéu arru-mado de véspera. Aquela cer-tamente não era a vestimentade todos os dias. Afinal, aque-le não era um dia como qual-quer outro.

Jogos pela TVEssa disposição não é mais tão recorrente.

O Paraná Pesquisa mostrou, no ano passado,que quase 75% dos curitibanos não acredita-vam que os ingressos teriam preços acessíveisà população. O que leva a uma imediata ana-logia de que grande parte dos curitibanos vaiapostar na televisão para acompanhar a Copado Mundo. Seja como for,há um ano atrás nin-guém era ingênuo de acreditar que algum jogomais importante aconteceria na Arena da Bai-xada, o estádio Joaquim Américo. Mais de 30%pensava que Curitiba devia receber, no máxi-

Seleção do Brasil,Copa 1950

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CLEVERSON DIAS BRAVO E FÁBIO MANDRYK FERREIRA

Um curitibano, Seu Altino Gubert, colocou sua melhor roupa,traje de inverno, típico dos moradores do Sul do País, e foi atrás

da Copa do Mundo no Rio de Janeiro há mais de 50 anos.

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mo, disputas da fase de grupos do Mundial.Desse ponto de vista, a saída é mesmo ir atrásda Copa do Mundo, sobretudo, se for atrás dadecisão do título mundial.

O título que não era só importante por-que Seu Altino estava indo ver a final in loco.A Copa do Mundo de 1950 era a primeira de-pois da interrupção de 12 anos dos Mundiais,necessária para manter a integridade, física eprincipalmente psicológica, dos atletas duranteo período da Segunda Guerra Mundial. Esseconflito originou-se devido às incursões deAdolf Hitler, iniciado na Alemanha nazista atésua derrocada final para o “General Inverno”,nas cadeias montanhosas da Rússia. Aquela,afinal, era até então a única Copa do Mundorealizada em solo tupiniquim. Jamais uma se-leção nacional havia chegado tão longe.

Era inimaginável que o troféu Jules Rimetnão trocasse a segurança da sede da Federazi-one Italiana Giuoco Cálcio – FIGC campeã,sob a batuta do fascismo de Benito Mussolini,no já distante 1938 –, e tivesse como novodestino A CBD (Confederação Brasileira deDesportos, atual CBF – Confederação Brasi-leira de Futebol. Aquele era o enredo dos so-nhos de mais de 50 milhões de brasileiros,entre os quais Seu Altino, além de João Have-lange; para quem não liga o nome à pessoa,personalidade que empresta sua graça para oestádio Engenhão, em Engenho de Dentro, no

Rio de Janeiro, e aquelaaltura homem forte daCBD. A Copa de 1950estava sendo realizadano país das Garotas deIpanema devido à faltade condições dos paíseseuropeus, afetados pelalonga guerra. A bem su-cedida candidatura úni-ca trouxe a esperança devencer aquela competição. Como se já nãohouvesse de sobra.

Movimentação turísticaHoje em dia, o que uma Copa do Mundo

traz mesmo, são turistas. Levantamento daFundação Getúlio Vargas, divulgado pelo Mi-nistério do Turismo em julho, estima quepelo menos 500 mil pessoas virão para Curi-tiba, por ocasião do Mundial de 2014. Estedado representa uma verdadeira “inflação”de visitantes. A média mensal (o torneio deseleções é disputado no intervalo de 30 dias)de turistas em Curitiba será de cerca de 280mil pessoas. Para a presidente do InstitutoMunicipal de Turismo, Juliana Vosnika “aCopa é uma grande oportunidade para mos-trar aos visitantes que Curitiba está prepara-da para receber a todos”.

A cada momento em que seu Altino se

aproximava do local da grande final, seu cora-ção se aquecia. Não por menos, afinal, já naescala do vôo para o Rio de Janeiro, feita emSão Paulo, foi abordado pela aeromoça, queao olhar um requintado senhor de “pulôver,camiseta, sobretudo e capote”, questionou: “Deonde é que o senhor vem?” Talvez Palmas nãofosse tão fria como o Rio de Janeiro é quente.Naquele tempo, o avião no Rio de Janeiro sódescia no Santos-Dumont, no centro da cida-de. A vista proporcionada daquela janela eraalgo digno de ser inesquecível: “Foi a primei-ra vez no Rio. Para mim, foi um espetáculo. Eucheguei à noite. Naquele tempo os aviões eramos tais... talvez nunca mais veja”.

Em tempos de Copa do Mundo, os aero-portos são um dos temas mais representati-vos. E o país que vai receber o torneio em2014 ficou boquiaberto quando o Ipea (Insti-tuto de Pesquisa Econômica Aplicada), em abril

Seleção do Uruguai, Copa 1950

Hoje, o interesse pelo maior campeonato defutebol do Planeta é bem diferente

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esporte

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deste ano, cravou que nove dos 13 aeropor-tos brasileiros que vão receber investimen-tos para modernização e aumento de capa-cidade, não ficariam prontos a tempo. ParaCuritiba, o Instituto, baseado no tempo mé-dio de uma obra de infraestrutura de trans-porte de grande porte no Brasil, acenou que“se tudo der certo”, a reformapode ficar pronta em junho de2014, mês de inicio do Mundi-al. O cenário atual das obrasno Afonso Pena, localizado naRegião Metropolitana da Capi-tal, aponta para outro caminho.A ampliação do sistema de pá-tios e restauração da pista depouso deve ficar pronta até abril de 2012.

E a ampliação do terminal de passagei-ros, e do sistema viário, deve ser entregueem outubro de 2013. O investimento totalsupera os 84 milhões de reais. De acordocom a Infraero, em 2014 a demanda vai serde mais de 7,5 milhões de passageiros porano. Com as reformas, a capacidade do ter-minal vai passar dos atuais 8 milhões, para14,5 milhões de passageiros.

Ingresso para a finalSeu Altino conta que “na guerra, tinha um

primo, que até tem o nome de uma rua”. ARua Dorival Almir Zagonel, que fica no bairroPrado Velho, em Curitiba, a quatro minutosdo Centro, faz menção a um dos expedicioná-rios brasileiros. “E lá fez amizade com um ra-

paz do Rio de Janeiro, Gutenberg Maiorano;ele era do escalão médio da prefeitura”. Aca-bada a guerra, o primo de Seu Altino, Zago-nel, trouxe Maiorano para conhecer Curitiba,e também a família dele. “E ele esteve aqui enós o pajeamos por aí, todo mundo foi muitoatencioso com ele”. Já naquele mês de julhode 1950, o primo de Zagonel esteve no Rio deJaneiro, e por sorte guardava consigo o ende-reço do ex-pracinha brasileiro, e de um cole-ga que estudou com ele no ginásio [equiva-lente ao atual ensino fundamental]. “O Osval-do Andrade era moreno, alto, um grande jo-gador de basquete, depois jogou no Flamen-go, e era da polícia, que hoje é a Polícia Fede-ral, aquela tal polícia do Getúlio Vargas”. NaCidade Maravilhosa, Seu Altino foi à sede dapolícia, e encontrou Maiorano. Naquele dia

ele ganhou um grande presente por ter sidocortês com o visitante, anos antes: o ingressopara o setor especial da grande final da Copado Mundo, no grandioso Maracanã. “Eu nãopaguei nada, fui à parte social, na cadeira,aquelas coisas”.

Por falar em segurança, este é um dos le-gados que o poder público pro-mete deixar à população de Cu-ritiba. A prefeitura do municí-pio prevê instalar 450 câmerasno sistema de segurança até aCopa do Mundo, em 2014. Ain-da este ano, serão pelo menos115 câmeras para monitorar agrande Curitiba. Atualmente, o

monitoramento é feito por meio de 89 câme-ras. O secretário para Assuntos da Copa, Má-rio Celso Cunha, também acena para a açãointegrada das Polícias Militar, Civil, Federal,Corpo de Bombeiros e Guardas Municipal ePolícia Científica. Em audiência na Câmara deVereadores, na segunda quinzena de setem-bro, o secretário especial tratou destes e deoutros temas, por solicitação da Comissão daCopa, na Casa. Falou, por exemplo, dos 700mil empregos que o Mundial vai gerar, até 2014,em todo o país. E citou, ainda, a preparaçãodos voluntários, destacados para trabalhar naCopa. O grupo começa a ser preparado no anoque vem. O ponto nevrálgico, por outro lado, éo que apontou o levantamento da Paraná Pes-quisa, no ano passado. Quase 61% dos curitiba-nos demonstraram, na oportunidade, que nãogostariam de se voluntariar. Curiosamente, maisde 4% respondeu que ‘depende’. Quem sabepreocupado com o incentivo...

Nação eufóricaIncentivo que era mais que suficiente em

1950. A euforia da final contra o Uruguai, noMaracanã, tomou conta da nação, em especialna então capital do país, o Rio de Janeiro, que

Altino Remy Gubert, eradentista, e morreu aos92 anos, no dia 5 dejaneiro de 2011

A Copa de 1950 estava sendo

realizada no país das Garotas de Ipanema

devido à falta de condiçõesdos países europeus, afetados

pela longa guerra.

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sediaria a mais importante partida que a sele-ção de futebol já havia disputado. “Foi o mai-or evento esportivo da época”, afirma Seu Al-tino; devidamente trajado com terno e grava-ta, em direção ao estádio. O que não era umprivilégio seu, mas praticamente um unifor-me, como o branco que envolvia o símboloda extinta CBD, na camisa dos jogadores bra-sileiros, e que carregava a esperança e o moti-vo de tanta ansiedade. Ao lado, em frente, eatrás de Seu Altino, contavam-se “207 mil pes-soas mais ou menos”.

A Fifa registra o maior público da sua his-tória com 173.850 presentes, entre os torcedo-res pagantes, no Maracanã. Ainda que a expec-tativa de pelo menos 30 mil “inadimplentes”nas arquibancadas, seja um número jamaisdesmentido oficialmente. Os portões se abri-ram às oito horas daquela manhã nublada esem cor como uma foto de época, exatas setehoras antes do primeiro apito do árbitro in-glês George Reader; ao meio-dia já não havia espaço no es-tádio. O clima de “já ganhou”tomou de assalto a tudo e atodos, uma lição engolida àsduras penas. O jornal carioca“A Noite” estampou na véspe-ra :”Estes são os campeões domundo”. Lamentavelmente,não se pode dizer que errampor inteiro. Um trauma dolorido, o silênciopós-jogo fez feridas nos ouvidos alheios.

Tristeza a parte, ganhar ou perder é umdetalhe no futebol. E uma Copa merece umavisão mais ampla. Perspectiva que foi trazidapelo jornalista Simon Kuper e o economistaStefan Szymanski. No livro Soccernomics, pu-blicado no ano passado em português, elesrelatam que nenhum país que organizou umaCopa do Mundo, em todos os tempos, ficoumais rico, ou obteve algum lucro, financeira-mente falando. Por outro lado, os dois apon-

tam que a população des-ses países ficou mais felizdurante os 30 dias da dis-puta do Mundial. E emcerta medida, isso é fun-damental para a auto-es-tima da população. Nolivro, eles indicam que énesse particular que os go-vernos devem apostar todasas suas fichas.

O chamado “tento do silêncio”,e que deu o título para os uruguaios,saiu dos pés ligeiros do ponta Ghiggia. Umcoadjuvante de respeito, e nem uma linha amais. Fato é que aos 34 minutos do segundotempo, a inominável figura foi à linha de fun-do, em tabela com Júlio Perez, pela direita, erefugou ao cruzamento. Esse lance, ele já ha-via feito na bola passada com açúcar e comafeto ao elegante Schiaffino, que empatou o

jogo. Agora Ghiggia preferiu assumir a res-ponsabilidade e bater em gol. A bola capri-chosamente passou num espaço genital entreo goleiro brasileiro Barbosa e a trave esquer-da. Um lance desenhado na cabeça mesmo dequem não viu.

Silêncio absoluto“Aí depois do segundo gol você escutava

um mosquito voar lá. Foi desespero, uma coi-sa medonha para os brasileiros”. Conta-se hoje,quase seis décadas depois, que o silêncio se

fez ouvir. A mul-tidão, incrédula, descia as escadarias doMaracanã derrotada. Olhos ao chão, numamarcha fúnebre. O título foi um ente queridoque acaba de nascer, mas falece antes de teralta. A lenda registra que se ouvia o andararrastado dos homens que saíam do estádio e

que acreditaram estar pres-tes a acordar à uma nova na-ção, a história sendo feita,mas não se deram conta deque a história só se escrevecom o crivo do tempo.Como ensina o escritor in-glês Charles Dickens “cadafracasso ensina ao homemalgo que aprender”.

Se o título se dissipou com o Brasil, umprêmio de consolo esperava Seu Altino, nal-gum lugar daquela cidade. “Nós fomos parauma boate, em Copacabana. Fomos lá paradançar,entre outras coisas”. Uma noite queprometia ser longa. “Aí teve um sorteio de umjantar, e nós estávamos numa mesa x, númerotal” e seu Altino, acompanhado de um amigocuritibano, “ganhou o jantar”. No fim, a via-gem de volta foi com as mãos abanando, sema taça. Mas não haveria de ser com a barriga ebolsos vazios...

O chamado “tento do silêncio”, e que deu o título

para os uruguaios, saiu dos pés ligeiros do pontaGhiggia. Um coadjuvante de respeito, e nem uma linha a

mais. Fato é que aos 34 minutos dosegundo tempo, a inominável figura foi à

linha de fundo, em tabela com Júlio Perez,

pela direita, e refugou ao cruzamento.

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social

O DJ curitibano Paulo Antonio abriua pista da festa preview da

Creamfields, no último dia 17, emCuritiba. Entre as diversas vitóriasao longo dos 12 anos de carreira, o

músico conquistou o pręmio CoolAwards, na categoria “DJ

Revelaçăo’’, em 2007.

O atelię FamosoBrigadeiro dos empresá-rios Leandro Blazkowski

e Caroline Costa, e amarca Godę Design de

Dayane Kalinowski eJean Gouvęa foram

inauguradas no dia 27,em coquetel no Salăo All

Seasons do HotelBourbon, em Curitiba.

BATAVO INAUGURA A FRÍSIAO governador Beto Richa participou no último dia 15 ao ladodo presidente da Batavo Cooperativa Agroindustrial, RenatoJoăo de Castro Greidanus, da inauguraçăo da Frísia, novafábrica para processamento de leite da cooperativa. Aunidade vai gerar 85 empregos diretos e 500 indiretos, cominvestimentos de R$ 60 milhőes. A nova unidade vaiproduzir 400 mil litros de leite por dia e está localizada ŕsmargens da PR 151, entre os municípios de Ponta Grossa eCarambeí, nos Campos Gerais.

NOVIDADES NO CRYSTALTradicional para a vizinhança do Batel e para consumidores exigentes e de

bom gosto, o Shopping Crystal Plaza inaugurou neste męs, grandes marcaspara seus clientes. A centenária botica Granado oferece produtos mais

tradicionais e os lançamentos da marca com a originalidade da “pharmácia”do século XIX. As grandes marcar internacionais de óculos de sol podem

ser encontrados na 1ș loja do Sul do país da Sunglass Hut. A marca norte-americana Calvin Klein Jeans amplia a loja para um espaço de quase 100

m˛, onde săo encontradas as novidades exclusivas da marca.

JOIAS NA PASSARELAA Joalheria Aristides Class, da empresária Hilda Dias Machado,realizou na quarta-feira (28), no Taboo Lounge & Bar, um luxuosodesfile para mostrar aos convidados vips a coleçăo primavera /verăo: “Joias e Rendas do Brasil” - composta por 40 peças entreanéis, brincos e colares em ouro e pedras brasileiras. O eventoproduzido por Elaine Caús, contou com a brilhante presença da atrizIsadora Ribeiro.

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por GABI GATTI

[email protected]

LIBRES Y LOCOS

Está em exposiçăo até o dia 20 de novembro

na Galeria Endossa a mostra Libres y Locos

- resultado do curso Liberdade Fotográfica e

Fotografia de Cidades da Escola Portfolio.

As 60 imagens foram produzidas pelo fotó-

grafo e curador da mostra Nilo Biazzetto

Neto e por 14 alunos em Montevidéu, Bue-

nos Aires e Colônia Del Sacramento.

SPACE IBIZA EM BCConsiderado por 10 pręmios o melhor clubede música eletrônica do mundo, o espanholSpace Ibiza, vai instalar na vizinha praia deBalneário Camboriú, em Santa Catarina, aterceira franquia do grupo. O lançamento doempreendimento é no dia 11 de outubro, noParador Beach Club, e a inauguraçăo da casaestá prevista para o segundo semestre de

GUIA QUATRO RODAS

O Vindouro Vinhos e Bistrô confirmou a exce-

lęncia no atendimento e na cozinha ao garantir

uma estrela no Guia 4 Rodas, ediçăo de 2012.

Os proprietários Silvana Fetter e Eliseu Fernan-

des receberam o pręmio na noite do dia 26,

durante a cerimônia realizada em Săo Paulo.

Seme Raad Filho, diretor da Incorporadora Mo-narca; Vitor Wjuniski, sócio-diretor da Constru-tora Stuhlberger; e a atriz Maria Fernanda Cândi-do no evento de apresentaçăo do City CentroCívico, na última quarta-feira, 14.

Em comemoraçăo aos 18 anos os diretores da lojaProcorrer Alexandre, Rosinha e Roberto Grupen-macher realizaram no dia 22, o Procorrer RunningFashion - primeiro desfile dedicado ŕ moda daspistas de corrida. Além dos empresários, está nafoto a esposa de Roberto, Marisol Grupenmacher.

1 É BOM... 3 SÃO DEMAIS!Quando o trio sul brasileiro de música eletrônica Life is a Loop assume as pick upsde uma festa năo há quem fique parado. A mistura de música eletrônica epercussăo fizeram com que os DJs Leozinho e Fabrício Peçanha e o percussionis-ta Rodrigo Paciornik fossem internacionalmente reconhecidos. Há nove anos nacena eletrônica mundial, com apresentaçőes pela Europa, os músicos foram osúnicos representantes do Sul do país que tocaram no mega festival Rock in Rio.O trio também foi uma das principais atraçőes da festa de preview da Creamfi-elds – considerado o mais importante festival de música eletrônica do mundo -realizada no último dia 17, no Centro de Eventos FIEP, em Curitiba, pela casanoturna Liqüe. Mais de tręs mil pessoas passaram pela festa. O line up interna-cional ficou por conta dos DJs o alemăo Tom Novy e o Uruguaio Southmen.

CONSUMO CONSCIENTEOs arquitetos Francisca Cury e Léo Pletz licenciados em Curitiba da 5Ș Mostra Morar Mais porMenos “O chique que cabe no bolso”, confirmam que é possível criar ambientes elegantes esofisticados utilizando materiais reaproveitados para contribuir com a preservaçăo ambiental. Os55 ambientes săo assinados por mais de 70 profissionais e estăo abertos a visitaçăo entre os dias6 de outubro e 15 de novembro, em um imóvel de 3.000 m˛, na Rua Kellers, no bairro Săo Francisco.

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Exposições

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De Valentim a ValentimAté 13 de novembro, o Museu Oscar Niemayer abriga a exposiçăo “De Valentim a Valentim”. A mostra reúne obras de célebresescultores brasileiros como Valentim da Fonseca e Silva, Rodolfo Bernardelli, Victor Brecheret e Rubem Valentim, entre outros. Aexposiçăo apresenta um panorama da história da escultura nacional entre os séculos XVIII e XX. Informaçőes: (41) 3350-4400.

Da Materialidade Ao VazioAté 18 de novembro, o jardim externo Museu Oscar Niemayer recebe a exposiçăo “Da Materialidade Ao Vazio”, do artista plástico Márcio Prado. A mostra faz parte do projeto Desinstalaçăo, e conta com um cubo formado por outros 4.096 cubos maciços de cerâmica refratária. Cada um dos cubos foirecoberto com um esmalte cerâmico que, após seis semanas, será fragmentado em outras 64 partes, gerando módulos de 64 unidades. Os módulos serăodeslocados gradualmente para alguns pontos de Curitiba. Informaçőes: (41) 3350-4400.

Gaspar Gasparian – Um FotógrafoAté 20 de novembro, a exposiçăo “Gaspar Gasparian – Um Fotógrafo” pode ser vista no Museu Oscar Niemayer. A mostra é composta por139 fotografias de Gaspar Gasparian (1899-1966). O fotógrafo paulistano se tornou um dos grandes nomes da fotografia brasileira e senotabilizou por clicar em preto e branco. Informaçőes: (41) 3350-4400.

Curitiba(nós)Até dia 4 de dezembro, a Casa Romário Martins abriga a exposiçăo “Curitiba(nós)”. A mostra, ao mesmo tempo em que traz dados atuaisde Curitiba, revela a diversidade de sua gente, sua música, suas cores, sua culinária, sua arquitetura, entre outros aspectos da vida nacapital paranaense. A exposiçăo está dividida em cinco seçőes: O Espaço Multicultural, destinado a mostrar a diversidade cultural;

O espaço Dados Atuais procura definir quem é o curitibano, quem forma a populaçăo curitibana de hoje e quais os atrativos econômicos e turísticos que fazema cidade atual; O espaço Traga sua cidade, onde o público tem a oportunidade de interagir; A Cabine do lambe-lambe é o espaço montado no centro da CasaRomário Martins dotado de um microcomputador e uma webcam. Nele, os visitantes poderăo acessar o blog Curitiba(nós), www.curitiba-nos.blogspot.com,deixar recados e gravar uma mensagem em vídeo, respondendo a uma questăo básica: o que é ser curitibano?; A seçăo Roteiros permite ver a cidade por outrosângulos e perceber a transformaçăo e os contrastes da paisagem. Informaçőes: (41) 3321-3255.

Mulheres do Acervo MONO Museu Oscar Niemayer abriga por tempo indeterminado a exposiçăo “Mulheres do Acervo MON”. A mostra é composta por 59trabalhos, que reflete sobre a eternidade da temática feminina. A representaçăo da mulher é explorada em diversos momentos daHistória da Arte, desde a Pré-história, com a Vęnus de Willendorf, passando pelas musas do Renascimento até as figuras inovadoras das“Demoiselles d’Avignon”, de Picasso. Entre os artistas que compőem a exposiçăo, destacam-se Iberę Camargo, Torres Garcia, DiCavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, Letícia Marquez e a paranaense Helena Wong. Informaçőes: (41) 3350-4400.

Seance – As Algemas de HoudiniAté 23 de outubro, o espetáculo “Seance – As Algemas de Houdini” fica em cartaz no Espaço Dois. A peça é ambientada em 1969. Uma psiquiatra, um padre,uma médium e um mágico estăo reunidos por causa de um homem misterioso. Durante a trama, eles văo descobrir que estăo no centro de tortura de um paísde regime ditatorial năo identificado. Informaçőes: (41) 3362-6224.

Projeto Perfume – Balé Teatro GuaíraNo dia 25, o Guairinha recebe mais uma vez o “Projeto Perfume – Balé Teatro Guaíra”. O Projeto propőe aliar o processo decriaçăo de coreografias e debates com especialistas em dança. No programa será apresentada a obra “Treze Gestos de UmCorpo”, criada em 1986 pela coreógrafa portuguesa Olga Roriz, e o processo de criaçăo da obra “Coreografias paraAmbientes Preparados – CPAP”, que mescla coreografia com captaçăo e projeçăo de imagens em tempo real. Informaçőes:(41) 3304-7900.

Labutaria com Marco LuqueNos dias 28, 29 e 30 de outubro, o ator Marco Luque apresenta seu espetáculo “Labutaria”, no Grande Auditório do Teatro Positivo. Informaçőes: (41) 3315-0808.

TPM – Terapia Para MulheresAté 29 de outubro, o espetáculo “TPM – Terapia Para Mulheres” fica em cartaz no Teatro Joăo Luiz Fiani. A peça fala do universo feminino contemporâneo:as neuroses, as dúvidas, os hormônios, os relacionamentos em pleno século 21, onde tudo parece estar a um passo do próximo colapso. Informaçőes: (41)3224-4986.

A História de Todas as HistóriasAté 30 de outubro, o espetáculo “A História de Todas as Histórias” fica em cartaz no Teatro Regina Vogue. Na peça, Arlequim, Pulcinella, Doutor e Colombinasăo quatro amigos que estăo buscando o “homem que năo está”. Para completar essa missăo, o quarteto terá que passar por diversas provaçőes e por mundosdesconhecidos. Informaçőes: (41) 2101-8292.

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Erasmo CarlosNo dia 15, o cantor Erasmo Carlos apresenta noGrande Auditório do Teatro Positivo o show desua nova turnę “Sexo & Rock’n Roll”. Informa-çőes: (41) 3315-0808.

MotorockerTambém no dia 15, a banda Motorocker se apre-senta no Moinho Eventos. O evento tambémmarca o lançamento da cerveja Motorocker.Informaçőes: (41) 3315-0808.

Geminis Bee GeesNo dia 16, o grupo argentino Geminis BeeGees realiza única apresentaçăo no Guairăo. In-formaçőes: (41) 3304-7900.

TităsNo dia 29, a banda Tităs se apresenta no CuritibaMaster Hall. Informaçőes: (41) 3315-0808.

Pearl JamNo dia 9 de novembro, a banda de rock norte-americana Pearl Jam realiza única apresentaçăoque comemora seus 20 anos de carreira, no Está-dio Durival Britto e Silva. Informaçőes: (41) 4003-5588.

Zezé di Camargo e LucianoNos dias 27 e 28, a dupla sertaneja Zezé di Ca-margo e Luciano se apresenta no Guairăo. Infor-maçőes: (41) 3304-7900.

Chapeuzinho Vermelho em Técnica Phantom Até 29 de outubro, o espetáculo “Chapeuzinho Vermelho em Técnica Phantom” fica em cartaz no Teatro Joăo LuizFiani. A clássica história infantil ganha nova versăo com a técnica Phantom, que mescla măos e rosto dos atores acorpo de bonecos. Informaçőes: (41) 3224-4986.

Se Essa Rua Fosse MinhaAté 30 de outubro, o Teatro Paulo Autran recebe o espetáculo “Se Essa Rua Fosse Minha”. Todos os domingos, “Teresinha de Jesus”, “Pai Francisco” e “AlecrimDourado” se reúnem na rua onde moram para brincar. O público é convidado a interagir participando de jogos e brincadeiras do folclore brasileiro. Enquantobrincam, os personagens refletem sobre a vida e a experięncia de crescer. Informaçőes: (41) 3232-1571.

As CabeleireirasAté 30 de outubro, o espetáculo “As Cabeleireiras” fica em cartaz no Teatro Paulo Autran. A peça fala sobre mulheres que fazem do salăo de beleza umverdadeiro confessionário. Nany é a dona de um salăo localizado no bairro Tatuquara que está ŕ beira da falęncia. Seu marido fugiu com todo dinheiro que tinhae com sua ajudante, Dália, que é um travesti. Arrependida, Dália volta e, no meio de toda confusăo, surge Geovana, uma cliente solitária que encontra no salăoum refúgio. Informaçőes: (41) 3224-4986.

Ir e RirAté 2 de dezembro, o Curitiba Comedy Club recebe toda sexta-feira o stand-up “Ir e Rir”, com os humoristas Elder Kloster, Fagner Zadra, Fernando Kadlu eMarcio Ramos. Informaçőes: (41) 3018-0474.

Que Zona É Essa?Até 29 de dezembro, o espetáculo “Que Zona É Essa?” fica em cartaz no Teatro Lala Schneider. Diversos humoristas se revezam no palco e apresentam um showque mescla stand-up, personagens, piadas encenadas e paródias musicais. O roteiro muda a cada semana e o show ganha novos convidados. Informaçőes: (41)3232-4499.

Reel Big Fish e GoldfingerNo dia 21, as bandas de ska punk Reel Big Fish eGoldfinger se apresentam no Moinho Eventos.Informaçőes: (41) 3315-0808.

SaxonNo dia 23, a banda de heavy metal britânicaSaxon realiza única apresentaçăo no CuritibaMaster Hall. Informaçőes: (41) 3315-0808.

DanielNo dia 22, o cantor Daniel apresenta no ClubeCuritibano o show de sua nova turnę “Pra SerFeliz”. Atualmente, o músico promove o CD“Raízes”, lançado em 2010. Informaçőes: (41)3315-0808.

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Malu, o pavãoMalu, o pavão

perfil

osso personagem dessa edição da re-vista Documento Reservado chama-se

Luiz Alfredo Malucelli. O Malu, como é conhe-cido e carinhosamente chamado pelos ami-gos, é uma dessas pessoas com quem vocêpassa horas conversando e o assunto nunca seesgota. Ele é tudo, ou faz tudo. Foi radialista,é jornalista, foi fotógrafo e publicitário. Hoje,além de ser tudo isso, é um dos mais renoma-dos chef de cozinha do Paraná e vem fazendoescola, dentro e fora de casa. Em casa, seufilho, o também jornalista e publicitário, AldoMalucelli, é um cozinheiro de mão cheia. Sóexagera no coentro.

São centenas de receitas, meia dúzia delivros, seminários, congressos, encontros econfrarias. Malu é, hoje, referência para nósparanaenses não apenas como chef, mascomo o cidadão que promoveu nossa cidade

em nível nacional e mundial, com suas cria-tivas campanhas na época em que dirigia aárea comercial da RPC, ou RPCOM. Lembrode uma reportagem que fiz com o Malu sobreo Natal de Curitiba e confesso que nunca viuma pessoa tão dedicada e empolgada comum projeto.

Ouso escrever algumas linhas sobre oMalu, porque o conheço e tive várias oportu-nidades de privar de sua conversa, principal-mente em Morretes. Sempre de bom humor,nunca ouvi nenhuma maldade de sua boca,pelo contrário, é um conciliador e amigo detodo mundo. Mostra ser dono de extraordi-nária memória quando fala de amigos da “an-tiga”, com nome, sobrenome, e seguido deuma história ou piada. São essas históriasque conta semanalmente nas páginas da Ga-zeta do Povo.

Um exemplar pai de família e avô coruja.Volta e meia vemos aparecer em uma de suascrônicas uma pequena piada ou história deum de seus mais de 10 netos. Poucos sabem,mas vou contar aqui. O Malu é vaidoso, aoponto do amigo, o também jornalista, CelsoNascimento, o chamar de Pavão. Ele gosta.

Pedro Ribeiro

N

Fora de casa, um pelotão de pessoas já passouem volta do fogão onde Malu está cozinhando, pe-dindo uma dica aqui e outra ali. Eu mesmo já fui umdesses, embora não tenha tido sucesso nessa arte.

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