dos negros servos embalava o sono suave e casto cântico divino, e pétalas de bênçãos envolviam...
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Dos negros servos embalava o sonosuave e casto cântico divino,
e pétalas de bênçãos envolviamo atormentado grupo peregrino.
Iam surgindo agora os milharais,o engenho, os eitos e as lamentações
que da senzala imunda ecoavam,assemelhando tristes cantochões.
E as brancas almas de uns escravos negrosdo solo recolhiam frescos pomosdas árvores caídos sobre a terra,local onde brilhavam policromos.
Um manjar santo foi então servidoaos negros que, famintos, se fartavame viu-se as muitas virulentas chagas
que nas bastardas almas se fechavam.
Seguindo-se a visão, a sombra imensatornou-se plenamente povoada.
Cantos e risos, danças e folguedos,festa da paz enfim recuperada.
Este era o sonho que Isabel sonhara,que tinha suas delícias só no amor,o mesmo amor do Verbo iluminado
do qual Jesus se fez o portador.
Pois todo sofredor que ao Pai imploralibertar-se-á da angústia venenosae alcançará, um dia, o reino santoonde não cresce a dor abominosa.
Nobre ou plebeu, dominador ou servo,o rico, o pobre, o desgraçado e o forte,no abismo da desgraça vertem pranto
porque ninguém conhece a lei da sorte.
Mas Isabel, feliz, ali sorria,das almas dos escravos circundada.
O dia da desonra se perderana sombra do passado desterrada.
E os seres à Isabel deram adeus,cantando suas canções em são folguedo;
contentes abrigaram-se no bosqueà sombra das ramagens do arvoredo.
Imagens: InternetMúsica: Ernesto Cortazar - The Sky
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