Cap. 3: ROI do Governo e as
Contas Públicas ©
1GE211: MACROECONOMIA II
© Equipa de Macroeconomia II, 2014/2015
Capítulo 3. Restrição Orçamental Intertemporal do Go verno e
as Contas Públicas
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
3.2. Estabilização Macroeconómica
3.3. A Restrição Orçamental do Governo
3.4. Equivalência Ricardiana
� Capítulo 7 do Burda e Wyplosz (2013).
� Capítulo 3 de Teixeira et al. (2014).
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia
Portuguesa
A. Funções económicas do Estado (breve revisão)
� Fornecer bens e serviços públicos;
� Realizar a distribuição secundária de rendimentos;
� Estabilização macroeconómica e regulação dos mercados.� Estabilização macroeconómica e regulação dos mercados.
�O sector público precisa de recolher receitas para
financiar as despesas inerentes ao cumprimento destas funções, estando sujeito à sua restrição orçamental.
3
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia
Portuguesa
B. Saldo Orçamental
• Saldo Orçamental Primário: diferença entre receitas e despesas, excluindo o serviço da dívida pública
ttt GTSOP −=� T = impostos (líquidos de subsídios pagos às empresas, impostos de capital e
transferências recebidas da EU) – TR (transferências para o sector privado, por exemplo subsídio de desemprego, pensões de reforma, benefícios de assistência social como o rendimento mínimo ou o subsídio de família, subsídios pagos às empresas).
� G = despesas em bens e serviços públicos (e.g., gastos em equipamentos hospitalares, vencimentos dos funcionários públicos, Investimento).
4
ttt GTSOP −=
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
– Se G>T, o sector público recorre a endividamento.
→ O sector público tem ainda de suportar os encargos do financiamento (juros de dívida pública).
– Saldo Orçamental SO (definido em termos reais):– Saldo Orçamental, SOt (definido em termos reais):
rG
= taxa de juro enfrentada pelo sector público;
D = dívida pública;
rG.D
t-1= juros de dívida pública.
5
1−⋅−−= tGttt DrGTSO
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
� A variação da dívida pública é igual ao saldo orçamental,mas de sinal contrário. Se as receitas forem inferiores àsdespesas, o Estado contrai mais dívida.
ttGttt DDrGTSO ∆−=⋅−−= −1
� O Saldo Orçamental reflete assim, a Capacidade ou
Necessidade de Financiamento do sector público:
6
{4444 34444 21
∑
=−=
−−−=−=
∑∑==
−−
−
fluxos
t
ojj
t
ojj
stock
t
tgtttt
ttt
orçamentalDéficeSOD
DrGTDD
SODD
).( 11
1
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
� SO = Poupança do Sector Público (Sg) +
+ Receitas de Capital –
– Despesas de Capital (inclui despesas de investimento público) =– Despesas de Capital (inclui despesas de investimento público) =
= CAP/NEC Financiamento do Sector Público
Sg = Receitas correntes – Despesas correntes = SO corrente
7
Fonte: Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional (Base 2011) 4º Trimestre de 2014, publicado em 26 de março 2015
59,555,2
51,8 51,0 50,353,4
56,258,7
62,0
67,4 69,2 68,471,7
83,6
96,2
111,1
124,8128,0 128,9
124,5 123,5
-4,7
-3,7
-4,4
-3-3,2
-4,8
-3,3
-4,4
-6,2 -6,2
-4,3
-3
-3,8
-7,4
-5,5
-4,9-4,6
-3,2
-2,8
-6
-4
-2
0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
-3.0
Dívida
pública
no PIB
(%)
Saldo
orçamental
no PIB (%)
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
51,0 50,3
-9,8
-11,2
-7,4
-12
-10
-8
0,0
20,0
40,0
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Dívida Pública (%PIB) DO (%PIB)
Dívida pública e défice orçamental em Portugal, 1996-2016Fonte: Teixeira et al. (2014) e AMECO (ver http://ec.europa.eu/economy_finance/ameco/user/serie/SelectSerie.cfm)
Desde 2009 Portugal está sob vigilância do Conselho Europeu no âmbito do ‘procedimento em caso de défice
excessivo’ (= > 3%) que deveria ter corrigido inicialmente até 2013, sendo, posteriormente, protelado até 2015.
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
Estatísticas do setor público em 2014 (%PIB)SOP – Saldo Orçamental Primário; SO – Saldo Orçamental; DP – Dívida Pública
Country SOP_2014 SO_2014 DP_2014
Belgium -0,1 -3,2 106,4Denmark 3,3 1,8 45,0Germany 2,2 0,4 74,2Ireland 0,1 -4,0 110,8Greece 1,7 -2,5 176,3
10Fonte: AMECO - http://ec.europa.eu/economy_finance/ameco/user/serie/ResultSerie.cfm
Greece 1,7 -2,5 176,3Spain -2,3 -5,6 98,3
France -2,1 -4,3 95,3Italy 1,6 -3,0 131,9
Netherlands -1,3 -2,8 69,5Portugal 0,4 -4,6 128,9
Sweden -1,4 -2,2 41,4United Kingdom -2,7 -5,4 88,7
European Union (27 countries) -0,4 -2,9 88,4Euro area (18 countries) 0,1 -2,6 94,5
Saldo Orçamental Saldo Orçamental Primário
(em % do PIB) -Previsões para
2015
In http://www.economist.com/blogs/graphicdetail/2015/02/european-economy-guide, acedido em 3 de abril de 2015
Saldo Orçamental (em % do PIB) -Previsões para
2015
In http://www.economist.com/blogs/graphicdetail/2015/02/european-economy-guide, acedido em 3 de abril de 2015
Dívida Pública (em % do PIB) -Previsões para
2015
In http://www.economist.com/blogs/graphicdetail/2015/02/european-economy-guide, acedido em 3 de abril de 2015
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
14Saldo Orçamental, 1996-2014Fonte: EUROPA - Economic and Financial Affairs - Indicators -AMECO database
Irlanda eixo
direita
Portugal
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
15Saldo Orçamental, 1996-2014Fonte: EUROPA - Economic and Financial Affairs - Indicators -AMECO database
40,0%
45,0%
50,0%
55,0%
30,0%
35,0%
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Despesas das AP em % PIB Receitas das AP em % PIB
Administrações Públicas: despesas e receitas, 1995-2014Fonte: Pordata
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
35,6% 36,3%36,2% 37,0% 37,6%
37,9%37,7%
39,4% 40,8% 41,1% 41,9% 43,4% 43,5% 43,5%44,1%
42,7%
44,9% 47,3% 47,8% 47,2%
10,4% 11,5% 13,2% 12,1% 11,7% 10,4% 11,4%9,5% 9,7% 9,8% 8,7% 7,6% 7,1% 6,3% 8,5%
10,3%
6,9% 4,7% 4,3% 4,2%
60%
70%
80%
90%
100%
Despesas com pessoal Consumo intermédio Juros
Transferências correntes Formação bruta de capital fixo Outras despesas de capital
Composição da Despesa pública Portuguesa Fonte: Pordata
29,2% 29,3% 29,9% 30,5% 31,2% 32,2% 31,4% 32,4% 31,6% 31,0% 31,1% 30,5% 29,5% 29,0% 27,9% 26,4% 25,7% 24,1% 24,8% 24,1%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
27,3% 26,5% 27,1%27,6% 26,4% 27,2% 28,2% 28,2% 29,2% 29,3% 29,6% 28,8% 27,8% 28,4%
30,5% 30,1% 29,0%27,7%
26,7% 27,1%
60%
70%
80%
90%
100%
Impostos sobre o rendimento e património Impostos sobre a produção e a importação Contribuições sociais
Vendas Outras receitas correntes Impostos de capital
Ajudas ao investimento Outras transferências de capital
Composição da Receita pública Portuguesa Fonte: Pordata
22,4% 23,5% 23,7% 23,0% 23,3% 24,4% 23,7% 22,9% 21,0% 21,0% 20,4% 20,8% 22,5% 22,8% 21,8% 21,5% 22,8% 21,9%25,8% 25,0%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Evolução da Carga fiscal em Portugal, 1995-2013 (em % do PIB)Fonte: INE, Destaque: Estatísticas das Receitas Fiscais 1995-2013 (15 de maio de 2014)
Carga fiscal: impostos e contribuições sociais efetivas cobrados pelas Administrações Públicas nacionais e pelas Instituições da UniãoEuropeia, num determinado ano (é expresso como uma % do PIB).
� Observa-se que a maior parte dos países apresenta um saldoorçamental que é, normalmente, deficitário, o que pode serconsequência do objetivo de Estabilização Macroeconómica:
� Agentes económicos têm preferência por níveis de consumoestáveis (alisamento do consumo) ⇒ Isto também acontece
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
20
estáveis (alisamento do consumo) ⇒ Isto também acontecerelativamente aos bens e serviços públicos ⇒ Manutenção ou
agravamento das despesas correntes numa recessão.
� A manutenção ou agravamento das receitas via impostos,penalizaria proporcionalmente mais o rendimento em fases derecessão ⇒ os impostos são normalmente estabelecidos emproporção ao rendimento ⇒ Redução das receitas correntes
numa recessão.
Para além de políticas ativas de estabilização também existem osestabilizadores automáticos:
� Algumas rubricas do SO reagem, automaticamente (sematuação ativa das autoridades), à situação conjuntural deforma a reduzir a amplitude das flutuações cíclicas.
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
21
forma a reduzir a amplitude das flutuações cíclicas.
� Exemplos típicos são os impostos (nomeadamente impostosdiretos sobre o rendimento) e o subsídio de desemprego.
Défices tendem a aumentar nas fases de recessão e a diminuir nas fases de expansão.
Tendência para a acumulação de défices orçamentais:
� Existem eleições periódicas, pelo que há um adiamento contínuo sobre qualGoverno vai recair o ajustamento.
� Efeito miopia dos eleitores: os benefícios de um défice “hoje” são claros e visíveispara os eleitores, enquanto o custo associado aos impostos a cobrar “amanhã” é distante, não totalmente conhecido e excessivamente penalizado pelo factor desconto.
� A geração que vai pagar a dívida (mais jovem ou ainda inexistente) muitas vezes
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
A geração que vai pagar a dívida (mais jovem ou ainda inexistente) muitas vezesnão é a geração relevante para maximizar os votos, ie, não tem representatividade
política.
� Quanto menores as probabilidades de re-eleição, maior a tentação de acelerar o
crescimento dos gastos públicos em períodos de pré-campanha e durante a campanha eleitoral - não é o Governo actual que vai “herdar” os problemas por elegerados…
� acumulação de dívida pública �Necessidade de regras que equilibrem os custos “futuros” e benefícios
“presentes” de um défice orçamental ⇒ P.E.C. ⇒ Pacto Orçamental
O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC):
Objectivo:
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia
Portuguesa
� Salvaguardar a solidez das finanças públicas:
� estabilidade de preços
� forte crescimento sustentável � criação de emprego.
23
O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC):
Regras:
� Um Estado-membro da UE não pode incorrer num défice
orçamental superior ao valor de referência de 3% do PIB do
ano correspondente.
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
ano correspondente.
� O rácio da dívida pública no PIB deverá ser inferior ao valor
de referência de 60% do PIB ou deverá encontrar-se em
diminuição significativa e estar a aproximar-se, de forma
satisfatória, do valor de referência.
24
O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC):
Objectivo de médio prazo: posições orçamentais (saldo
estrutural ajustado de medidas temporárias) próximas do
equilíbrio ou excedentárias.
Componentes:
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
Componentes:
� Procedimentos relativos aos défices excessivos (procedimentos e
prazos, avaliações e sanções, grosso modo) – componente correctiva
(corrective arm).
� Programas de Estabilidade (UEM) e Programas de Conv ergência
(EU extra UEM) – componente de vigilância multilateral ( preventive
arm). 25
O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC):
Condições para que o carácter excessivo do défice seja considerado excepcional e temporário:quando resulte de
• Circunstância excepcional (devido a factores exógenos) não controlável pelo Estado-membro
em causa e que tenha um impacto significativo na situação das finanças públicas ou
• Recessão económica grave (= redução anual do PIB real de, pelo menos, 2%; passível deavaliação entre 0.75% e 2%)
• É considerado temporário se as previsões orçamentais da Comissão indicarem um déficeabaixo do valor de referência, uma vez cessada a circunstância excepcional ou a recessão
3.1. Factos sobre as Contas Públicas na Economia Portuguesa
abaixo do valor de referência, uma vez cessada a circunstância excepcional ou a recessãograve
Revisão de Março de 2005 (entre outros…)
– redefinição de recessão grave: crescimento negativo do PIB ou período prolongado comcrescimento do PIB efectivo abaixo do crescimento do PIB potencial
– alargamento dos prazos de correcção associados ao procedimento de défices excessivos
– MTOs diferenciados consoante nível de dívida, crescimento potencial, ritmo deenvelhecimento da população, …
– ajustamentos mínimos anuais para os MTOs e para correcção dos défices (e sensível ao ciclo)26
Financiamento dos défices
• O Estado obtém financiamento por duas vias:
- Emissão de dívida pública, adquirida pelo sector privado;
- Emissão de moeda, mais precisamente, emissão de base monetária
3.2. Estabilização Macroeconómica
- Emissão de moeda, mais precisamente, emissão de base monetária
por parte do Banco Central, por contrapartida de crédito direto ao
sector público ou aquisição de títulos de dívida pública.
27
1. Evolução/dinâmica da dívida pública
3.2. Estabilização Macroeconómica
1)( −⋅+−=∆=− tgtttt DrTGDSO
� Para a estabilização absoluta da dívida (ΔD=0)
28
� Para a estabilização absoluta da dívida (ΔD=0)
1
1 0)(0
−
−
⋅=−
=⋅+−⇔=∆
tgtt
tgttt
DrGT
DrTGD
3.2. Estabilização Macroeconómica
2. Evolução/dinâmica da dívida pública
( )y
D
D
Y
Y
D
D
YDY
D−∆=∆−∆=
∆
/
29
( )y
D
DrTGy
D
D
YDY
D
DrTGD
t
tgttt
tgttt
t
−⋅+−
=−∆=∆
⋅+−=∆
−
−
−
− 1
1
1
)(
/
)(
1
3.2. Estabilização Macroeconómica
� Estabilização relativa da dívida:
( )
tgtt
ttgttt
tgtt
DyrGT
DyDrTGyD
DrTG
YDY
D
1
111
1
)(
)(0)(
0/
−
−−−
−
⋅−=−
⋅+⋅−=−⇔=−⋅+−
=∆
30
t
tg
t
tt
tgtt
Y
Dyr
Y
GT
relativostermosem
DyrGT
1
1
)(
)(
−
−
⋅−=−
⋅−=−
� Se y>rg: o equilíbrio orçamental primário é suficiente para diminuir o rácio da dívida.
� Se rg>y o processo pode ser explosivo. Porém o peso do SO primário no PIB
necessário para estabilizar o rácio da dívida é menor do que aquele necessário para
estabilizar D.
3.2. Estabilização Macroeconómica Exercício
31
%46.18.7202.0
%2
,,
1 +=⋅=⋅=−
=
−
t
Pt
gt
tt
g
Y
Dr
Y
GT
rparapúblicadívidaa
absolutostermosemrestabilizaPara
%36.08.72)025.002.0()(
%5.2%2
%8.72
,,
1 −=⋅−=⋅−=−
==
−
t
Pt
gt
tt
g
Y
Dyr
Y
GT
yer
paraempúblicadívidaa
relativostermosemrestabilizaPara
Evolução/dinâmica da dívida pública (revisão Macro I):
1
1
1
1
11
)(
)1(
1.)(
)1(
1
.)(
t
t
t
tg
t
tt
t
t
t
t
ttgtttt
yr
Y
Aj
yY
Dr
Y
TG
yY
D
Y
D
AjDrTGDD
−
−
−
−
−−
−−
±+
+−
++
=
±+−+=
3.2. Estabilização Macroeconómica
Ajt: o ajustamento “stock-fluxo” refere-se a operações que são contabilizados na
dívida, sem afectar o SO. Inclui a acumulação de activos financeiros, alterações
no valor da dívida denominada em moeda estrangeira e outros ajustamentos
estatísticos.
{
""""
1
1
1
1
)1(
)()(
fluxostockoajustament
t
t
snowballefeito
g
t
t
primáriodéfice
t
tt
t
t
t
t
Y
Aj
y
yr
Y
D
Y
TG
Y
D
Y
D
−
−
−
−
− ±+−
+−
=−443442143421
32
Exemplo simplificado:
� Horizonte temporal de 2 períodos: período 1 = “Presente”;
período 2 = “Futuro”.
� O SP pode realizar despesas em bens e serviços em ambos os períodos: G1,G2
� O SP pode recolher impostos (líquidos de subsídios e transferências) em
3.3. A Restrição Orçamental do Governo
� O SP pode recolher impostos (líquidos de subsídios e transferências) em ambos os períodos: T1, T2.
� Inexistência de dívida pública herdada de períodos anteriores: D0 = 0.
� O sector público pode conseguir obter crédito a uma taxa de juro inferior à cobrada aos particulares (r
G < r) por:
� O seu risco de falência ser inferior;
� Publicar as suas contas, sendo assim menores os custos demonitorização das suas condições de solvabilidade.
Período 1: T1+D1=G1
Período 2: T2=G2+D1(1+rG)
Consolidando para o presente:
1
)1(
1112
12
11G
G
GG
TG
r
rD
r
GG
r
TDT
++
++
+=+
++
3.3. A Restrição Orçamental do Governo
ou
Défice orçamental futuro
Défice orçamental presente
)1()1(
11
1212
21
21
GG
GG
rGTrTG
r
TT
r
GG
+−++=+
+=+
+
)()1(
)1()(
1122
1122
TGrTG
rTGGT
G
G
−⋅+−=−+⋅−=−
D0: dívida “herdada” do período anterior (avaliada a preços de hoje)
Período 1: T1+D1=G1+D0
Período 2: T2=G2+D1(1+rG)
Consolidando para o presente: ( )( ) ( )11
1
)1(
11
01122
1201
211
−+++−=−
++
++
++=+
++
GG
G
G
GG
GT
rDrTGGT
r
rD
r
GDG
r
TDT
3.3. A Restrição Orçamental do Governo
A soma da dívida inicial e do valor presente dos défices primários tem de ser igual a zero:
( )
( ) 01
1
22011
22011
=+
−++−
+−
=+−
G
G
r
TGDTG
r
GTDTG
01
)( 22110 =
+−
+−+Gr
TGTGD
Graficamente, a restrição orçamental limita os défices do sector público àregião abaixo da linha orçamental.
)1()()1( 11022 GG rTGrDTG +⋅−−+⋅−=−Com dívida herdada (linha a vermelho no gráfico):
3.3. A Restrição Orçamental do Governo
)1()1( 102 GG rSOrDSO +⋅−+⋅=
11022 GG
Sem dívida herdada (linha a preto no gráfico):
• Ignorando a existência da empresa:
ROI do governo:
• ROI do sector privado com estado:
Período 1:
gg r
TT
r
GG
++=
++
112
12
1
STCY ++=
3.3. A Restrição Orçamental do Governo
Período 1:
Período 2:
vem
1111 STCY ++= 2212 )1( TCrSY +=++
r
CC
r
TYTY
++=
+−
+−11
21
2211
• Consolidando a ROI do sector privado e do sector público e admitindo r=r
G:
r
TT
r
GG
++=
++
112
12
1
CC
TYTY +=
−+− 2
122
11
(1)
(2)
3.3. A Restrição Orçamental do Governo
Substituindo (1) em (2):
Reescrevendo vem:
rC
rTY
++=
++−
112
122
11 (2)
r
GYGY
r
CC
+−
+−=+
+1
)(1
2211
21
r
YY
r
GCGC
++=
++
++11
21
2211
r
YY
r
GCGC
++=
++
++11
21
2211
3.3. A Restrição Orçamental do Governo
Valor presente do gasto interno total Valor presente dos
rendimentos internos
A. Efeitos de uma alteração nos impostos no modelo Keynesiano:
� ↓ impostos ⇒ ↑ rendimento disponível ⇒ ↑ consumo ⇒ ↑ procura privada ⇒ ↑ produto; ou seja, um défice orçamental (potenciado pela redução de impostos) conduz a um aumento da procura privada em bens e serviços e a um correspondente aumento do
3.4 Equivalência Ricardiana
privada em bens e serviços e a um correspondente aumento do produto.
� Como 0 < PmgC < 1, a poupança privada aumenta menos do que o correspondente ao corte fiscal (redução da poupança pública) ⇒∆(Spriv + Sg) < 0 ⇒ ↓ SBN.
A. Efeitos de uma alteração nos impostos no modelo Keynesiano:
� ↓ SBN, mantendo-se o investimento planeado ⇒ ↑ taxa juro real ⇒investimento planeado (e efectivo) diminui (crowding out), comprometendo-se o ritmo e o nível de acumulação do capital e do produto no longo prazo.
3.4 Equivalência Ricardiana
� Mas numa pequena economia aberta, num regime de câmbios flexíveis e na presença de uma elevada mobilidade de capitais, a pressão para ↑ taxa juro real ⇒ entrada de capitais ⇒ apreciação da moeda nacional ⇒deterioração da balança comercial ⇒ deterioração da balança corrente ⇒↑ Sext; ou seja, a manutenção do investimento planeado pode gerar um aumento da poupança externa ⇒ ocorrência de défices gémeos: Sg < 0 ⇒Sext > 0 (Balança Corrente < 0).
B. Princípio da Equivalência Ricardiana (PER) ou Proposição Ricardo-Barro: alterações nos impostos não têm impacto na atividade económica.
(original de D. Ricardo, séc. XIX e retomado por R. Barro em 1974)
O impacto da actividade fiscal do governo é determinado pelo valor actual das
suas despesas. Dado este último, o perfil inter-temporal dos impostos, função
3.4 Equivalência Ricardiana
suas despesas. Dado este último, o perfil inter-temporal dos impostos, função
dos défices públicos contraídos, não produz qualquer efeito de primeira ordem
na economia.
Dadas as despesas públicas (G1, G2), o perfil intertemporal dos impostos (T1, T2) não afeta a riqueza privada e, portanto, não tem impacto na atividade económica.
C. Justificação:
� Para um determinado nível de despesas públicas, qualquer alteração nos impostos implica uma alteração equivalente no défice orçamental, e logo na dívida pública.
� Aumentos na dívida pública implicam aumentos nos impostos futuros, quando for necessário pagar essa dívida.
3.4 Equivalência Ricardiana
quando for necessário pagar essa dívida.
� Agentes económicos racionais vão aumentar a sua poupança no presente para poder pagar os impostos futuros adicionais.
� Quaisquer aumentos de rendimento disponível resultantes de reduções dos impostos serão utilizados para aumentar a poupança e não o consumo.
� A emissão de dívida pública é “equivalente” a impostos.
Ou seja,
� Sendo o valor actualizado de G constante, uma ↓ T1 ⇒ ↓ Sg e ↑ equivalente deSpriv, devido ao aumento futuro de T ⇒ não se altera a SBN ⇒ SBN não dependedo perfil intertemporal dos impostos:
Spriv = Y1 – T1 – C1Sg = T1 – G1 ⇔⇔⇔⇔
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44
Sg = T1 – G1
⇔ SBN = Spriv + Sg = Y1 – C1 – G1
� Mantendo-se SBN não existem pressões para a alteração da taxa de juro real ⇒inexistência de efeito crowding-out sobre o investimento.
� Como ↑ Spriv = ↓ Sg ⇒ não há alterações ao nível da Sext ⇒ não há déficesgémeos
Conclusões opostas às do modelo Keynesiano
( )
++−++=++
⇔+−+−=++
rT
Tr
YY
rC
C
rTY
TYr
CC
111
112
12
12
1
2211
21
O P.E.R. e a R.O.I. da nação:
� R.O. intertemporal do sector privado (sem investimento):
3.4 Equivalência Ricardiana
45
gg rT
Tr
GG ++=++
112
12
1
+++ rrr 111 111
� R.O. intertemporal do sector público:
( ) ( )r
YY
r
GCGC
++=
++++
112
122
11
� Supondo r = rg, a R.O.I. da nação será:
verifica-se oP.E.R.
D. Críticas ao (falhas do) Princípio da Equivalência Ricardiana:
1) Horizontes de planeamento mais curtos que o prazo da dívida: os indivíduos que beneficiam da redução de impostos podem não ser os que pagam a dívida. Porém,
� A maior parte da dívida pública tem prazos mais curtos que a vida dos
3.4 Equivalência Ricardiana
� A maior parte da dívida pública tem prazos mais curtos que a vida dos indivíduos.
� Princípio do legado inter-geracional activo (mantém válido o PER): os indivíduos preocupam-se com as gerações futuras.
2) Na presença de crescimento populacional, a redução fiscal no presente é superior, em termos per capita, ao aumento futuro, que será dividido entre um maior número de pessoas. Assim, a riqueza das famílias aumenta, aumentando também o consumo e o produto.
D. Críticas ao (falhas do) Princípio da Equivalência Ricardiana:
3) Efeitos de distorção associados aos impostos: os impostos têm efeitos de distorção sobre a economia porque os agentes reagem de forma a contrariar os efeitos fiscais.
4) Mercados de crédito imperfeitos - existência de restrições ao crédito / de liquidez:
3.4 Equivalência Ricardiana
� Restrição total ao crédito
� Restrição parcial ao crédito
� Taxa de juro crescente com o nível do endividamento
� Taxas de juro diferentes para diferentes agentes
Um défice público, i.e., o agravamento da dívida pública, permite que o sector público se endivide “em vez” dos particulares, aumentando o bem-estar social ⇒ a redução dos impostos alivia as restrições ao crédito.
� R.O.I. da nação com rg ≠ r :
( ) ( )
+−
−++−+−=++
rrr
TGrGY
GYr
CC g
111 1122
112
1
� Caso típico rg < r :
� Riqueza das famílias aumenta com o montante do défice público e com a
D. Críticas ao (falhas do) Princípio da Equivalência Ricardiana
3.4 Equivalência Ricardiana
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� Riqueza das famílias aumenta com o montante do défice público e com adiferença das taxas de juro ⇒ É vantajoso para a nação que seja o sectorpúblico a endividar-se.
Incorrendo num défice (G1-T1) o Estado endivida-se à taxa rg ⇒ no período 2 o Estadocobra às famílias o montante (G1-T1) (1+rg) ⇒ equivale a conceder um empréstimo àsfamílias à taxa rg ⇒ como a taxa de juro do sector privado é maior (r > rg), isso significaum ganho para as famílias.
As famílias podem “aproveitar” o excedente de rendimento gerado pela diminuição dosimpostos e: (i) aplicá-lo à taxa r ou (ii) deixar de pedir emprestado aquele montante à taxar ⇒ logo, o ganho depende do montante do défice e da diferença das taxas de juro.
E. Evidência empírica:
� Observa-se uma relação de causalidade unidireccional entre défice e taxa de juro de longo prazo � não verificação empírica do PER.
� Choques na dívida pública afectam negativamente os preços, produto e taxas de juro (EUA) � não verificação do PER para os EUA.
� A evidência empírica é mista quanto à validação do PER em países em desenvolvimento: existem estudos que suportam a validade do PER para países
3.4 Equivalência Ricardiana
desenvolvimento: existem estudos que suportam a validade do PER para países com rácios elevados de défice e de dívida pública no PIB (na maioria, em desenvolvimento) e a sua não validade para países com melhores performances orçamentais (países desenvolvidos)
�O princípio da equivalência ricardiana não se verifica tal como a teoria o prevê, mas a evidência empírica sugere que o impacto na actividade económica de alterações nos impostos pode ser menor do que o previsto pelo modelo keynesiano.
� Evidência de curto prazo é normalmente menos favorável ao PER porque demora tempo até que os agentes consigam interiorizar a natureza permanente da dívida.