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FATOS URGENTES ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DE FILOSOFIA E FILÓSOFOS DO ESTADO DE SÃO PAULO
APROFFESP
BOLETIM INFORMATIVO Nº 1 – 14 de março de 2015
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COMUNICADO
Em reunião realizada no dia 07/03/2015, a Diretoria aprovou dentre outros pontos a publicação de
um boletim “Fatos Urgentes”. Estamos solicitando ajuda dos colegas na divulgação desse boletim,
na sugestão de LOGO e na periodicidade do mesmo. Solicitamos que as coordenações regionais e
professores em geral encaminhem textos, informes de interesse coletivo para a Comunicação os
quais serão divulgados e postados no facebook, no nosso site e também enviados por email. O
objetivo é dinamizar e socializar as informações, bem como as manifestações dos colegas
dispersos pelo Estado de São Saulo.
Com saudações filosóficas,
atenciosamente
DIRETORIA DA APROFFESP
APROFFESP solicita participação no Foro Estadual de Educação
Ao Professor João Palma filho.
Vimos por meio deste solicitar nossa
participação no Foro Estadual de Educação,
como entidade representativa dos
professores de filosofia e filósofos do Estado
de são Paulo.
Sem mas.
Atenciosamente
Aldo Santos
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CARTA DE ALERTA E REPÚDIO Tem esta a finalidade chamar a atenção para
dois fatos graves que ocorreram nos últimos tempos e
que colocam em perigo a permanência das disciplinas
Filosofia e Sociologia no currículo do ensino médio e
que apontam para a desvalorização das ciências
humanas em geral.
Primeiramente, repudiamos o Projeto de Lei
N° 6.003/2013, do deputado federal, Izalci Lucas
Ferreira, do PSDB/DF, que propõe alterar os artigos 9,
35 e 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Nº 9.394/1996, de diretrizes e bases da
educação nacional, acabando com a obrigatoriedade do
ensino da Filosofia e da Sociologia como disciplinas no
currículo do Ensino Médio, aprovada que pela Lei
N°11.684/2008, depois de anos de lutas dos
professores em todo o Brasil!
Em seguida, vimos a Presidente da
República, Dilma Rousseff, durante a campanha, numa
entrevista no programa da Globo, “Bom dia Brasil”, em
22/09/2014, fazer uma declaração a respeito de futuras
alterações curriculares que deixou os educadores e
principalmente os professores de Filosofia muito
preocupados. Ao ser indagada pela repórter Ana Paula
Araújo sobre o baixo rendimento dos alunos nas últimas
séries do ensino fundamental e no ensino médio,
segundo as últimas pesquisas, a presidente defendeu a
necessidade de uma reforma curricular, dizendo que a
quantidade de “matérias” do EM é excessiva (doze) e
citou explicitamente as disciplinas Filosofia e Sociologia
como agravantes desse número.
Será que novamente os técnicos do Ministério
da Educação e secretarias estaduais tentarão resolver
os problemas da má qualidade do ensino com a retirada
da Filosofia ou da Sociologia do currículo, tornando-as
de novo o bode expiatório da incompetência pedagógica
e equívocos das políticas educacionais da União e dos
Estados? Iremos reeditar a Lei n° 5.692/71 da ditadura
militar?
Sabemos que os problemas da educação em
nosso país não se resumem na quantidade de
disciplinas no currículo, mas de concepção curricular, o
que supõe a discussão sobre os fundamentos teórico-
metodológicos da educação. E é claro que nós não
concordamos com as concepções tecnicistas
ou “neotecnicista” da educação, que contrapõem a
formação técnica à formação acadêmica, gerando essa
esquizofrenia dualista do sistema público de ensino, ora
enfatizando a preparação técnica para o “mercado de
trabalho”, ora enfatizando a preparação propedêutica
para a universidade, como se fossem coisas estanques
e antagônicas. O problema é outro e muito mais
embaixo!
Concordamos que deva haver uma reforma
profunda no ensino médio, envolvendo não somente os
conteúdos de ensino, mas as condições de trabalho dos
professores, a carreira, os salários, a formação docente,
a infraestrutura das escolas, o apoio, etc. Tirar ou
colocar disciplinas simplesmente não resolve os
problemas da má qualidade da educação brasileira. Se
assim fosse, quando a ditadura militar desobrigou as
escolas do ensino de Filosofia (Lei 5.692/71), a
educação teria melhorado em nosso país; ao contrário,
foi então que a qualidade piorou de forma vertiginosa,
principalmente pela degradação da carreira do
professor, sua péssima remuneração e formação
deficiente.
Portanto, a APROFFESP vem a público repudiar
toda reforma, federal ou estadual, que defenda o viés
tecnicista e tente retirar ou diminuir mais ainda a carga
horária de Filosofia, Sociologia ou qualquer disciplina
formativa do currículo do ensino médio; e conclamamos
todos os professores e educadores em geral para se
unirem em torno das bandeiras históricas que temos
defendido para uma real melhoria da qualidade da
educação pública em nosso país.
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Mês de empoderamento das Mulheres, nas ruas e nas lutas!”
Mais uma vez nos aproximamos aos 8 de março, dia da mulher. Coordenação Regional da
APROFFESP está organizando um mês de atividades, com debates e reflexões sobre o lugar
da mulher na sociedade de classe contemporânea. Sabe-se que a dominação masculina é
anterior ao modo de produção capitalista e ao longo do tempo ela foi responsável por silenciar à
mulher tanto na elaboração quanto na organização da vida social, é por isso que a francesa
Simone de Beauvoir classificou a mulher como o Segundo Sexo. Mesmo vivendo na França dos
anos cinquenta, numa condição de classe média, ela pode ver e viver a discriminação de gênero
daquela sociedade.
O processo histórico de opressão do sexo feminino pelo masculino anulou o papel da
mulher enquanto ser social em favor de uma dominação da sociedade patriarcal. Essa estrutura
de dominação é produto de uma construção social na qual contribuem os agentes específicos
do sexo masculino, os quais realizam diversas formas de violência favorecendo a mentalidade
de que eles têm maiores direitos do que as mulheres, sobretudo no que se refere a sua vida
privada.
Apesar de viver o segundo decênio do século XXI, é comum encontrar nas Redes
Sociais, importante instituição midiática de nosso tempo, páginas machistas intituladas: “eu não
mereço mãe solteira” ou “eu não mereço mulher rodada”. Junto a isso, recentemente o
Deputado Bolsonaro em entrevista ao jornal gaúcho Zero Hora declarou que as empresas
devem pagar menos às mulheres, pois o cuidado com os filhos é de responsabilidade da
mulher. Temas como parto normal, cesárea, interrupção de gravidez, criminalização devido ao
aborto, salários diferentes entre homens e mulheres que ocupam a mesma função no mundo do
trabalho, reacendem o debate e mostram-nos que a mentalidade patriarcal tem se fortalecido,
colocando a mulher num lugar secundário na sociedade contemporânea.
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Neste sentido, importantes instituições como Igrejas e Escolas por meio do aparato do
Estado em sua dinâmica patriarcal-falocêntrica se uniram na difusão de um sistema misógino e
machista que privilegia os homens em detrimento das mulheres. Os registros históricos
comprovam que as mulheres são discriminadas há milênios, com sua presença anulada da
memória social. Mais uma vez é hora de voltarmos às ruas e reivindicarmos a construção de
outra realidade, outro mundo é possível para as mulheres. Nossa busca perpassa por denunciar
e combater toda violência contra a mulher que se expressa nas mais variadas formas:
psicológica, simbólica, patrimonial, institucional, sexual, física, moral.
Reconhecemos que nossa luta é global, o feminismo sempre se posicionou contra as
desigualdades sociais, contra o racismo, a homofobia e o machismo que combinados seguem
explorando a humanidade, fundamentalmente, as mulheres, velhos e crianças. É na trincheira
feminista que nos colocamos! Afinal, nestes tempos neoliberais de perda de direitos sociais e
acumulação de riquezas por parte de poucos, a luta feminista e socialista se põe de modo
contundente e urgente.
Essa utopia orienta a vida de quem não se afastou de sua essência humana, somente
assim avançaremos no rompimento às crises mundiais originadas do modo de produção
capitalista definitivamente responsável pela divisão da humanidade, radicalizada pela divisão
sexual do trabalho.
Nesse contexto, a coordenação Regional da Aproffesp convida você para participar das
atividades do “Mês de Luta da Mulher” que se iniciará no dia.../.../..., com a apresentação do
documentário Acorda Raymundo, ou o filme Alexandria (sugestão), seguido de debate e
finalizado com o Sarau de poesias e músicas em homenagem às mulheres.
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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
“A violência contra as mulheres
é uma manifestação de relações de poder
historicamente desiguais entre homens e mulheres
que conduzem à dominação e à discriminação
contra as mulheres pelos homens e impedem o
pleno avanço das mulheres” (Declaração sobre a
Eliminação da violência contra as mulheres,
Resolução da Assembleia Geral das Nações
Unidas, dezembro de 1993)
Na definição da Convenção de Belém do Pará
(Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência Contra a Mulher), adotada
pela Organização dos Estados Americanos (OEA),
em 1994, a violência contra a mulher é “qualquer
ato ou conduta baseada no gênero, que cause
morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou
psicológico à mulher, tanto na esfera pública como
na esfera privada”.
Estou sempre me perguntando: qual a razão de
tanta violência contra a mulher? De onde vêm
tantos motivos para tamanhas crueldades, que não
respeitam fronteiras entre classes sociais, grau de
escolaridade ou profissões?
Embora, muitas vezes, o álcool, as drogas
legais e ilegais, o ciúme e as separações sejam
apontados como fatores que desencadeiam a
violência contra a mulher, na raiz de tudo está a
maneira como a sociedade dá mais valor ao papel
masculino, o que acaba refletindo na educação de
meninos e meninas. A eles, incentivam a valorizar
a agressividade, a força física, a ação, a
dominação e a satisfação dos desejos, inclusive os
sexuais; a elas, a valorizar a beleza, a delicadeza,
a sedução, a submissão, a dependência, o
sentimentalismo, a passividade e o cuidado com os
outros.
Na escalada da violência contra a mulher,
apesar de leis que, teoricamente, visam coibir os
abusos e punir com rigor os agressores – como a
Lei Maria da Penha N. 11340, de 7 de agosto de
2006, por exemplo, e as Delegacias da Mulher -, a
violência contra ela é uma constante em nossa
sociedade e ganha destaque nas páginas policiais
dos veículos de comunicação de alcance nacional,
todos os dias. O que está faltando para que as leis
existentes sejam aplicadas e surtam um efeito
maior nesse trágico cenário da violência a mulher?
A mulher agredida ter coragem para denunciar,
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mas receber, de fato, a proteção do Estado; as
providências serem menos morosas, menos
burocráticas, as punições severas, não deixarem
espaço para a impunidade sobre esta violência? O
que mais está faltando fazer?
Além disso, temos que discutir e combater a
cultura da violência contra a mulher no seio da
própria família, onde os agressores são o pai, o
padrasto, o namorado ou parentes; discuti-la,
permanentemente, na escola, no âmbito dos
seguimentos religiosos, no mundo do trabalho, nos
movimentos sociais, nos sindicatos, nos debates do
parlamento, uma vez que essa violência perpassa
a nossa sociedade ao longo de sua história, para
além das leis que temos, das penas aplicadas,
desafiando a todos.
Por isso, insisto em perguntar: por que a
violência contra a mulher é algo tão forte e
constante em nossa sociedade, sem falar de outras
sociedades, em que também a situação é muito
grave também? Essa violência aterroriza, ganha as
ruas, afronta as leis, as autoridades constituídas,
porque são praticadas na calada na noite,
covardemente, ou à luz do dia, com disfarces
sofisticados ou não, para fugir das punições.
Esta análise que faço aqui é para que todos nós,
de alguma maneira, reflitamos, nos mobilizemos no
combate a esse monstro que apavora as mulheres,
atenta contra os Direitos Humanos, ceifa vidas em
todo o território nacional e parece nunca ter fim;
pelo contrário, está mais vivo do que nunca.
Será possível que essa situação vá continuar
do jeito que está? Não indignar a sociedade de tal
maneira que ela crie novos mecanismos mais
eficazes ainda para punir os agressores?
Infelizmente, o que a sociedade está fazendo
ainda é insuficiente para reverter esse quadro de
violência contra a mulher.
Mas, quando essa realidade irá se modificar
para valer?
Ivo Lima
Professor de Filosofia e Escritor
Autor dos livros: Como agir com sabedoria para ser feliz A direção da vida: entre caminhos e descaminhos
Diretor de Políticas Pedagógicas da APROFFESP
E-mais: [email protected] Facebook: Ivo Lima
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Lembramos as mulheres na filosofia:
uma homenagem à coragem!
Experiências Filosóficas
08 de março - Dia Internacional da Mulher
Lembramos as mulheres na filosofia: uma homenagem à
coragem!
1. Antiguidade (Séc. XIII a.C.)
1.1 Enheduana, Suméria
2. Antiguidade
2.1 Lopamudra, Ïndia
2.2 Temistocléia, profetisa e mestre de Pitágoras
2.3 Melissa, pitagórica
2.4 Safo de Lesbos(VII-VI a. C), poetisa e educadora
cretense
2.5 Aristocleia (Século V a. C.) tida como tutora de
Pitágoras
2.6 Theano (546 a. C. -), pitagórica, matemática, esposa
de Pitágoras
2.7 Aspásia de Mileto (470-410 a. C.), interlocutora de
Sócrates
2.8 Diotima de Mantineia (427- 347 a C), sacerdotisa,
personagem de Platão no "Banquete", que teria iniciado
Sócrates no conhecimento do amor.
2.9 Axioteia de Filos (393 – 270 a C), discípula de Platão
2.10 Lasteneia, discípula de Platão
2.11 Hipárquia de Maroneia, mencionada por Diógenes
Laércio
2.12 Maria, a judia, ou Miriam (séc. I d C), viveu em
Alexandria, ligada à alquimia.
2.13 Hipátia de Alexandria (415 d C), exímia matemática
e filósofa neo-platônica, mestre na Escola de Alexandria,
vide "post" nos comentários.
2.14. Leontiona, filósofa epicurista, 300 a.C.
2.15. Edésia de Alexandria, séc. V a.C.
3. Idade Média(Séc. V - XIV)
3.1 Hildegard von Bingen (1098-1179), botânica e
mística de inspiração neo-platônica
3.2 Heloísa de Paráclito (1101-1164), abadessa e
escritora, interlocutora e grande amor de Pedro
Abelardo
3.3 Akka Mahadevi (1130-1160), poetisa e sábia hindu
3.4 Catalina de Siena (1347-1380)
3.5 Cristina de Pizan (1365-1431)
4. Idade Moderna(Séc. XV - XVIII)
4.1 Teresa de Jesus (de Ávila) (1515-1582)
4.2 Louise Labé (1524-1566), erudita voltada às
questões femininas
4.3 Oliva Sabuco (1525/30), pioneira em medicina
psicossomática, aponta para a relação entre filosofia,
cosmologia e medicina.
4.4 Mary Astell (1666-1731), pensadora de visão
feminista
4.5 Maria Gaetana Agnesi (1718-1799), linguista, filósofa
e matemática italiana
4.6 Mary Wollstonecraft (1739- 1797), educadora e
feminista
4.7 Olímpia de Gouges (1748-1793)
4.8 Harriet Taylor (1807 – 1858), filósofa e interlocutora
de Stuart Mill
5. Idade Contemporânea (Séc. XIX - XX)
5.1 Rosa de Luxemburgo (1871-1919)
5.2 Lou Andreas-Salomé (1861-1937), vide "post" nos
comentários
5.3 Edith Stein (1891-1942)
5.4 Maria Zambrano (1904-1991)
5.5 Hannah Arendt (1906-1975)
5.6 Simone de Beauvoir (1908-1986)
5.7 Angela Davis (1944)
5.8 Susanne Langer (1895-1985)
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5.9 Ayn Rand (1905-1982)
5.10 Sarah Kofman (1934–1994)
5.11 Julia Kristeva (1941)
5.12. Martha Nussbaum (1947)
5.13. Simone Weil (1909-1943), filósofa e mística
francesa.
5.14. Isabelle Stengers, filósofa e prêmio nobel de
química, teórica do caos.
5.15. Agnes Heller (1929)
Quem esquecemos?
Foto: Hipátia de Alexandria (Rachel Weisz), envergando
a túnica dos filósofos, no filme “Ágora”.
Mulheres notáveis citadas nos comentários: Marie Curie
(prêmio Nobel de física e de química), Emma Goldman
(ativista e escritora lituana), Michelle Perrot
(historiadora que trabalhou ao lado de Foucault,
trabalha por uma cultura de paz). Sem dúvida, a lista é
enorme, sendo que muitas mulheres trabalharam
anonimamente. Lembrando também que na
Antiguidade os "oráculos", as pitonisas, eram mulheres.
# DiadaMulher # DiaInternacionaldaMulher # Mulheresna
filosofia.
A metamorfose da Educação.
Há um fenômeno que, cada vez mais,
parece se naturalizar na educação, isto é, uma
metamorfose produzida pelos novos valores
daquilo que temos por educação.Os novos valores
parecem vir , também, de novas políticas de gestão
escolar.
Há que se entender a gestão escolar como
prática conduzida rumo a benefícios imediatos do
dia a dia de uma escola. Tal política se prima pela
ordem e pelo aspecto de uma organização que
mais parece de fachada do que qualquer outra
coisa, onde o que se tem como núcleo é a situação
de dentro de cada sala de aula.
A ordem tem como núcleo , uma desordem, um
caos. A fachada parece ser inspirada de ambientes
severos e até mesmo, quiçá, monásticos -
idealizados, de corredores vazios e apenas
funcionários e inspetores da escola circulando pelo
ambiente escolar. Eis aqui a política promovida
pela gestão escolar. Uma aparência de uma escola
que já não é mais uma escola.
A metamorfose inspirada por tal prática
produz novos personagens que ocupam lugares
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daqueles que, outrora como professores se eram
conhecidos. Cada vez mais o professor da lugar ao
guardador, aquele que guarda e que passa a ter a
função de auxílio na construção de fachadas de
ordem. Porém, o que guarda esse guardador, cujo
sentido, melancolicamente se assume? Não
poderia ser alunos, pois, alunos ou a figura do
aluno se perfaz e se fundamenta em sua relação
com o professor, porém, professor, é o que parece
não haver mais. Mas, afinal, se não são alunos, o
que guarda tal guardador? Guardam pessoas que
por sua vez, não querem ser guardadas. Pessoas
que estão onde estão por obrigação e que
desprezam tudo aquilo que lhes parecem chegar
de uma dada altura que, primeiramente, não
reconhecem e portanto, não lhes fazem qualquer
sentido e, também, pelas precárias situações
espaciais pelas quais estão submetidos. O choque
de ambientes e sua resultante tem como amparo o
guardador que é aquele que guarda, aquele que
tem o domínio sobre as saídas de sala de aula,
aquele que guarda o silêncio frente a seu triste
destino.
O ambiente familiar de cada aluno parece
chocar-se com o ambiente escolar que , através de
longos períodos, foram construídos verticalmente,
de cima para baixo, tornando a educação elitizada
e cheia de caprichos advindos de intenções, cujas
origens , nos parecem remeter a sentidos de
configuração que apostam em uma divisão social
entre os bem nascidos e os não bem nascidos. Aos
primeiros , escola, que de qualquer maneira, são
tradicionais e excludentes, pois, formam
gladiadores e alpinistas sociais da meritocracia,
pela qual, se torna a bandeira de um movimento
que produz adultos infantilizados e muitas vezes,
imbecis e agressivos. Quanto ao resto, a cópia da
cópia, que produz as aberrações sociais. A escola
que não é escola , o professor que não é professor
e finalmente o aluno que não é mais aluno.
A escola se torna uma espécie de depósito
humano, ou se quisermos ser mais gentis, creche,
"crechões" que aliviam os pais da presença de
filhos por períodos que se tornam moedas de voto
e ainda, o retrocesso que se instala e se mostra
pelo recuo da escola para creche,
concomitantemente ao recuo da adolescência para
estágios infantilizados e a grosseira e desagradável
insistência em sua permanência.
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Pátria que parece reproduzir na educação a
posição que ocupa perante a "dita" ordem mundial,
pátria emergente mas, ainda excluída das
importantes decisões e portanto, do ambiente
adulto ou das pátrias que se reconhecem como
emancipadas.
O que fazer? Participar disto como um
autômato que tem como função a reprodução em
detrimento a criação? Desligar-se desta situação?
Como diria Drumond em seu poema "Os ombros
suportam o mundo": alguns, achando bárbaro o
espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer -
porém , continua o poeta - Chegou um tempo em
que não adianta morrer.
Há que se admitir que a criação pode
ludibriar a reprodução, porém, com passos de
pombas, como nos inspira o filósofo Nietzsche,
silenciosos, mas que produzem ações que
caminham da simplicidade para a complexidade,
abandonando lentamente e sem estardalhaços a
estúpida reprodução. Aproveitando-se de um "dito"
religioso, quem tem olhos que veja, quem tem
ouvidos, que ouça,e finalmente , completaria, quem
tem bom senso, que o faça valer.
Anderson Araujo
ABREU E LIMA E A FILOSOFIA BRASILEIRA.
O General das massas é uma leitura
importante para os militantes brasileiros, pois trata-se de um personagem ainda desconhecido para a maioria da vanguarda e a população do nosso país. Tomei conhecimento através da publicação da editora expressão popular que traça a trajetória de um importante personagem brasileiro movido pelo sentimento e consciência internacionalista.
O presidente Hugo Chávez citou várias vezes o nome e exemplo do General Abreu e lima no lV Fórum social mundial em porto alegre, uma vez que no Brasil Abreu e Lima é um ilustre desconhecido, enquanto na Venezuela compõe o panteão dos Heróis da independência juntamente com Simóm Bolívar.
Foi fiel ao lado de Simóm Bolívar, tendo destacada competência militar na construção do projeto de integração e libertação regional, livre do julgo dos opressores e colonizadores. Podemos entender Abreu e lima em momentos distintos de sua atuação militante.
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Na juventude, na militância e com morte do pai José Ignácio Ribeiro de Abreu e Lima que nasceu em 6 de abril de 1794 na cidade de Recife, onde, ainda jovem assimilou o contexto das revoltas lideradas pelo seu pai, Padre Roma, advogado e uma das lideranças da revolução Pernambucana, Abreu toma novos rumos e se lança a luta revolucionária. Estudou latim, filosofia, retórica francesa e depois entra para a Academia Real Militar no Rio de Janeiro. Foi professor de matemática, Engenheiro, escritor, militar e militante político.Seu pai era militante e defensor da revolução Pernambucana, que dentre outros pontos, defendiam o fim da dominação colonial e pela instauração da via Republicana.
Abreu e Lima se encontrava preso na fortaleza de São Pedro em Salvador por envolvimento numa briga com oficiais portugueses. Ao solicitar permissão para ver seu pai que estava detido por conta de sua liderança junto revolução Pernambucana e sua atuação política de ampliação da revolução na Bahia, para seu espanto e indignação, Abreu e lima é obrigado assistir o fuzilamento do Pai no
largo da Pólvora, Salvador/Bahia, no dia 29 de março de 1817, aos 23 anos de idade. Depois de fugir da prisão em 1818 e com a proteção da maçonaria, ele e seu irmão fogem para os Estados Unidos.
Estabelece contatos políticos e ação internacionalista e nos estados Unidos entra em contato com inúmeras lideranças em luta pela independência da América Latina.
Diante da morte do pai, ele toma a histórica decisão de continuar lutando, e em 18 de fevereiro de 1819 escreve solicitando seu ingresso nas tropas do exército de Simon Bolívar.
Como jornalista, ele vai atacar as monarquias absolutistas, bem como defende a ruptura e a revolução social como condição necessária a libertação das tiranias em todos lugares e momentos históricos. Com sua participação militar, lidera e comanda batalhas triunfais e numa dessas batalhas é ferido no peito. Pela sua coragem e valentia é promovido à Tenente e depois a Coronel em 1823.
A marcha de Bolívar vai levar a organização e criação da república Grã-Colombiana, formada pela Venezuela, Nova Granada e Quito.
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Profundas divergências assolam a unidade com as disputas internas e conflitos de interesses e leituras divergentes sobre o processo revolucionário, levando a realização do Congresso do Panamá. Nesse congresso avançam no fortalecimento regional contra o ataque da Espanha, além de compromissos de preservar a paz no continente, a abolição da escravatura, além de adotarem outros mecanismos de defesa mútua, caracterizando-se esse momento como importante período de apelo e sentimento americano.
O Brasil por ser colônia de Portugal não participou dessa manifestação latino-americana por seus compromissos com a metrópoles a serviço dos interesses comerciais da Inglaterra.
Em 1827 os conflitos e interesses ameaçam a unidade e mesmo tentando unificar na condição de governador, Bolívar é vítima de um atentado e em 1831 a Grã-Colombia, após a morte de Bolívar, é dividida em três repúblicas: “Venezuela, Equador e Colômbia, à qual se integrava o Panamá”.
Fiel ao sonho de libertação latino-americana e ao grande libertador Simom Bolívar, em 1831 o patenteado General
Abreu e Lima é expulso com outros militares estrangeiros e retornam ao Brasil após 12 anos de lutas e resistências. Contradição ou fidelidade a unidade sonhada
Ao retornar ao Brasil, diferente do país que tinha deixado, existiam várias rebeliões e conflitos em relação ao poder central.
No Brasil, contrário ao que pregava na luta pela república da Grã-Colômbia, se filiou ao partido Caramuru, defensor da monarquia e da família real. Transportou para o país o sentimento e ação de unidade que lutou até o fim ao lado de Simom Bolívar.Essa unidade para ele se materializava na monarquia através da família real, caracterizando dessa forma uma contradição de projetos em curto tempo de existência.
Evaristo da Veiga, Januário da Cunha Barbosa, desferiram fortes ataques a esse comportamento monarquista, questionaram inclusive o título de general de forma depreciativa. Como bom escritor, Abreu e Lima reafirma o título de “General das massas” como também as inúmeras contribuições concretas e títulos de libertador da Venezuela, da nova-
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Granada, sempre tendo como causa a liberdade e a independência da América.
Além de se envolver com outras polêmicas com o deputado Antonio Ferreira França que era favorável a revogação do regime monárquico, escreveu um significativo relato de história do Brasil, sendo refutado a partir do parecer de Francisco Adolfo de Varnhagem. Essa polêmica final expõe o debate sobre a independência ou não do Brasil de Portugal.
Enquanto Francisco Adolfo de Varnhagem defendia um império luso-brasileiro, voltado a civilizar a América do sul, essa postura diferenciava de Abreu e lima que buscava entender o Brasil e seus conflitos internos do que mirar e olhar para a Europa.
A memória da revolução é retomada Ao se sentir cansado, doente e sem
recursos financeiros, retorna ao Recife, depois de quase três décadas e lá mais uma vez retoma as manifestações que estão acontecendo com a Revolução Praieira de 1848 à 1850 .
Em 1817 tinha acontecido a Revolução Pernambucana, cujas cicatrizes ainda estavam abertas pelos episódios e memórias históricas e mais uma vez a
ousadia revolucionária é despertada no General das Massas. A pauta é semelhante a defendida na revolução Pernambucana, como o voto livre e universal, a liberdade de imprensa, a abolição do trabalho escravo e a proclamação da República, dentre outras.
Em 1848, ano da publicação do manifesto comunista de Marx e Engels, mais uma vez, o General Abreu e Lima, juntamente com o capitão Pedro Ivo Veloso da Silveira, Antonio Borges da Fonseca e Joaquim Nunes Machado com o apoio e participação dos praieiros iniciam a revolução contra o governo da província, que se alastrou a partir de Olinda pela Zona da Mata Pernambucana. Um dos pontos de partida de Abreu e lima era a busca da unidade.
Foi assim ao solicitar o ingresso no exército de Bolívar, buscando e lutando pela unidade da America do sul, foi assim na defesa do Brasil mesmo no período da monarquia e da família real e no federalismo contido no manifesto ao mundo no dia 1° e maio de 1849, onde defendia o voto livre e universal, o federalismo, a independência dos poderes constituídos, a liberdade de imprensa, o
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trabalho como garantia, dentre outros pontos.
Mesmo marchando sobre Recife com cerca de 2.5 mil combatentes, a revolução praieira que defendia a divisão das riquezas foi derrotada. Nas relações econômicas o pais passa a viver um novo ciclo de exportadora do café.
Com o novo ciclo de expansão a classe dominante institui a primeira lei da terra em 1850, dificultando ainda mais a vida do povo do campo e da cidade.
O General das massas foi condenado à prisão perpetua em 1850 sob a acusação de comandar a revolução e deveria ser preso em Fernando de Noronha, não fosse a intervenção de Nabuco Araujo, pai de Joaquim Nabuco, marcante advogado e defensor do fim da escravidão Socialismo de novo tipo?
Já debilitado pelas sucessivas lutas e derrotas desenvolveu ação de saúde pública atendendo os empobrecidos com atendimento homeopático em um consultório na sua casa. Enfrentou os debates propondo medidas de desportuguesar o país, excluindo-os dos poderes, diversificar a igreja, criando universidades, priorizando as atividades
de expansão do Brasil pelos próprios brasileiros.
O debate sobre o socialismo foi apresentado através de um livro escrito por Abreu e lima, intitulado O Socialismo, publicado em 1855, onde para ele o socialismo era como uma evolução natural que não dependia da vontade e do enfrentamento dos homens e mulheres. Mesmo tido como um socialista utópico, ele já criticava os utópicos Saint-Simon, Fourier e Owen, qualificando-os de sectários. O socialismo para ele era uma grande família, formada por uma única raça, pela religião cristã tendo como símbolo a cruz.
Para aprofundar as contradições em relação a proposta de Marx, ele difere e afirma que socialismo não tem nada a ver com comunismo, pois a propriedade privada e a família são instituições divinas e não poderiam ser discutidas. Republica de Platão
Mais uma vez tenta transportar para o mundo do poder político as ideias do filosofo grego Platão que é considerado por Abreu e Lima como uma divindade socialista. Para ele a metodologia usada
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por Platão não poderia ser comparado a outro homem, pois Platão propõe em sua república uma espécie de paz universal.
Embora seu pensamento seja um mesclado do pensamento cristão com princípios medievais, ele certamente tinha contato com o pensamento europeu, com o iluminismo e liberais e com os enunciados de Marx e Engels, além de conter elementos do positivismo bastante presente nos ciclo intelectuais desse período.
É preciso aprofundar o conhecimento e debater sobre as ideias motivadoras de sua ação revolucionaria, num primeiro momento com o apoio da maçonaria, sua fidelidade ao liberador Simom Bolívar que também era maçônico, depois sua defesa da monarquia e da família real, da revolução praieira, da solidariedade para com os pobres como as receitas de medicamentos homeopatas, a defesa do “socialismo cristão” a retomada dos ideais da republica de Platão, num contexto de mudanças estabelecidas com as ciências sociais explicando a mecânica do capitalismo emergente na Europa e da influência do positivismo Frances interna e externamente.
Polêmicas até a morte.
Isolado, pobre e muito doente, aos 75 enfrentava, dentro de seus limites, os debates e provocações de toda ordem. Como liberal religioso defendia que os protestantes tinham o direito de ler, estudar e divulgar sua bíblia, levando-o a mais um confronto com monsenhor Joaquim Pinto de Campos e, não recuando em suas ideias, o mesmo foi impedido de ser enterrado em 1869 no cemitério de Recife, sendo, portanto enterrado no cemitério dos Ingleses em Santo Amaro, uma vez que esse cemitério era considerado território internacional. Contrariando tudo isso, numa placa em seu túmulo está escrito: “Aqui jaz o cidadão brasileiro general José Inácio de Abreu e lima, propugnador esforçado da liberdade de consciência” No livro Abreu e Lima, General das Massas, página 65 está explicitado:
“Finalmente, toda sua trajetória é motivada pela capacidade de indignação e inquietação diante das injustiças. Foram assim, desde o fuzilamento de seu pai, que lhe imprimia os ideais revolucionários
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e o motivará, mais tarde, a seguir para a Venezuela e ingressar no exército Libertador. Da mesma maneira, de volta ao Brasil, não deixou de denunciar as desigualdades e injustiças do segundo reinado, somando-se a revolução Praieira”.
É nesse contexto filosófico que devemos estudar sua obra e ação, pois, mesmo reproduzindo ideias e pensamentos de outras experiências vividas, certamente ele procura imprimir elementos de sua observação e ação cotidiana, mormente, a sua proposta de poder político comprometido com a transformação da sociedade em que vivemos.
Aldo Santos: Presidente da Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo.
Referência Bibliográfica: (Angelo Diogo Mazin,Miguel Enrique Stedile-1.ed,Abreu e lima- General das massas--São Paulo:expressão popular,2006).
MOVIMENTO EM DEFESA DAS CIÊNCIAS HUMANAS
Segue ata da nossa última reunião.
Ata da reunião de nosso encontro do
Movimento em Defesa das Ciências Humanas, do dia 28 de fevereiro de 2015 na Casa do Professor, escrita pelos
Professor Ivo Lima dos Santos – Professor de Filosofia e Diretor de Políticas Pedagógicas da APROFFESP e Cristiane
Gandolfi – membro do Movimento em Defesa das Ciências Humanas.
Dando continuidade aos debates em torno da Reforma do Ensino Médio, que tramita no Congresso Nacional, através dos trabalhos já realizados, tendo como relator o Deputado Federal reeleito do PT-MG, Reginaldo Lopes, um grupo de professores do Estado de São Paulo , através de encaminhamentos da APROFFESP, APEOESP E SINDICATO DOS SOCIÓLOGOS , se encontraram novamente para debaterem o PL substitutivo ao PL 6840/13, cujo tema é a Reforma do Ensino Médio. 1. A professora Cristiane Gandolfi, da
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Faculdade Metodista do Grande ABC, apresentou as alterações que o PL 6840/13 sofreu graças a mobilização de várias entidades, entre outras: ANPED / CEDES. Essas trouxeram contribuições relativas ao Projeto na medida que não desconsideram a historicidade e cultura da educação formal via unidade escolar e buscam a melhoria do Ensino Médio. Elas formam um grupo de entidades que sedia o Movimento em Defesa do Ensino Médio, o qual apresentou o documento que se tornou base do substitutivo. Foi realizada a audiência com o Ministro Henrique Paim, em 13/12/14, em Brasília, fato fundamental na constituição da contra-proposta ao PL 6840/13 em questão.
2. O ministro Cid Gomes, ao propor a reforma do Ensino Médio, aponta claramente para interesses que dizem respeito a uma escola de tempo integral em dialogo com o Ensino Médio profissionalizante. Nós, sociedade civil organizada, devemos questionar: que modelo de escola é esse? Como fazer isso em um prazo curto de tempo, sem contar com a participação dos educadores de forma ampla e de entidades representativas da educação?
Na escola em que você trabalha, que seus filhos estudam, que você dirige, o tema Projeto de Lei 6840/13 já se enraizou no cotidiano de debates e vida escolar?
Nesse sentido, é que está posto o debate que estamos relatando. Além de chamar a atenção dos professores de todas as áreas, sobre o procedimento do MEC diante dessa reforma, é muito interessante que intelectuais comecem escrever sobre os caminhos e descaminhos do Ensino Médio diante do PL 6840/13 na sociedade contemporânea brasileira.
É preciso debater junto e apontar aspectos problemáticos que comprometem o papel da escola. Importante lembrar que ela não é uma Ong, com todo o respeito conferido à Educação Não-Formal, importante estaca educativa de nossa sociedade. Entendemos que tanto a Educação Formal (escola) quanto a Não-formal (Ongs, entidades, terceiro setor) são fundamentais na formação das novas gerações, contudo, uma não deve substituir a outra. Entendemos inclusive que deve haver uma verba obrigatória, um financiamento para a Educação Não-
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formal via Terceiro Setor, tal como há para a Formal, fato conquistado pelas lutas e mobilizações dos educadores sobretudo nas décadas de setenta e oitenta do século XX. Ali se conquistou uma verba obrigatória para a Política Social de maior enraizamento social, visto que o direito à educação é direito de todos. No entanto, a não centralidade da verba obrigatória para os insumos básicos da educação tem produzido muita precarização nesta Política social, visto que sequer o magistério tem sido valorizado quando cotejado as demais profissões de nível superior do mercado de trabalho.
Como bem sabemos, a escola trabalha com Ciência, Cultura, Trabalho e Tecnologia, tal como se põe nas Diretrizes Curriculares do Ensino Médio. Por isso, o movimento em defesa da reforma do ensino médio faz a defesa de uma escola pública de qualidade para os filhos da classe trabalhadora, fato que nos põe em acordo e aponta o somar de nossos esforços em defesa de outra escola de Ensino Médio.
3. Outro destaque do debate foi a relação entre a proposta de currículo do ensino médio feita pelas entidades
acadêmicas e da sociedade civil sob o crivo do PNE, visto que este destina o período de 2 anos para que haja um amplo debate junto a comunidade escolar/sociedade civil organizada sobre o Currículo do Ensino Médio. É interessante que o Substitutivo valoriza mais a Base comum do Currículo do que os eixos transversais ditos no PL 6840/13, fato que nos põe em acordo. Ele mantém a carga horária de 1400 horas, conforme artigo 24 da LDB 9394/96, inciso VIII e ao mesmo tempo chama atenção para os eixos do PNE que devem dialogar com o novo texto escrito, na medida em que a Reforma do Ensino Médio deve considerar as diretrizes, objetivos, metas e estratégias do Plano Nacional de Educação ( Lei 13.005/14). Já o artigo 36 da LDB 9394/96 mantém as quatro áreas do conhecimento: I. Linguagens; II. Matemática; III. Ciência da Natureza e IV. Humanas. Ou seja, está idêntico ao PL 6840/13. Mas no PL 6840/13 temos o Profissionalizante como quinto eixo, ainda não temos acumulo de leitura que clareie qual o lugar deste quinto eixo na Reforma.
Outro questionamento levantado
nesse debate é o seguinte: “Devemos,
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também, perguntar aos estudantes o que eles acham do Ensino Médio. Deverá haver uma sintonia entre esse movimento que defenda os interesses da educação e os próprios estudantes, frisa Aldo
Santos”, presidente da APROFFESP. O filósofo Aldo Santos chama atenção para o fato de que sem a participação dos estudantes e a valorização da formação educativa dos professores para além das certificações, não avançaremos na finalidade da atividade-fim da educação básica. Professor é intelectual e precisa se ver e ser tratado como tal. Aldo ainda exemplificou com a escuta aos estudantes no Encontro Estadual de professores de Filosofia do Estado de São Paulo, realizado em agosto de 2014, pela APROFFESP, onde muitos deles apresentaram trabalhos/comunicações no Encontro.
E, por fim, seguindo o debate, a diretora de escola da rede municipal de São Bernardo do Campo e educadora comprometida com o chão da escola, Cida Santos, chamou a atenção sobre a importância dos alunos, dos professores, dos pais e dos diretores, tomarem parte desse debate sobre esta reforma. Falou de sua experiência em debates passados que diziam respeito ao Plano Nacional de
Educação e os encaminhamentos no Estado de São Paulo. Ela defendeu com veemência que temos necessidade de conhecermos o conteúdo desse projeto, debatermos para que consigamos aproveitar as brechas para propor mudanças significativas. Ressaltou, ainda, as 20 metas do Plano atual, as 11 estratégias, a necessidade das articulações políticas, em vista de fazer valer os reais interesses da educação e dos educadores. Levantou-se, também, porque não se investe em um ensino médio de qualidade, e faz-se o mesmo com a qualificação técnicas dos jovens, investindo em escolas técnicas que realmente cumpram com esse papel. Daí a urgência desse debate para fazer a correção de rota do projeto de lei 6840/14 o qual apresenta a reforma do Ensino Médio. Do encontro levantamos alguns temas de debate essenciais:
1. Fazer a discussão sobre o currículo; como ampliar a carga horária de 800 para 1400 horas na estrutura precarizada que temos em diversas escolas? Como superar a precarização da base material das escolas bem como de muitas relações interpessoais impactadas pela precarização humana/social. Vale
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lembrar que a lei 11.738/01( lei do Piso nacional do professor ainda não foi universalizada no Brasil).
2. Que Ensino Profissionalizante está se propondo? Em que medida se relacionará com o Ensino Médio, última etapa da Educação Básica, portanto de caráter universalizante, de base comum curricular pois favorece um currículo orientado pela Ciência, Cultura, Trabalho e Tecnologia. Vale lembrar que o Ensino Médio não é modalidade de educação profissionalizante, dialogam, mas são diferentes.
3. O professor João Palma discorreu sobre o Fórum Estadual da Educação, o historicizou e apresentou suas preocupações educativas com a Educação Básica. O Fórum Estadual de Educação foi constituído em 1983, por meio da ação do governo Franco Montoro. Atualmente, o professor Palma vem coordenando o Fórum e está sob a tarefa de mobilizar a sociedade civil do Estado de São Paulo para a escrita do Plano Estadual de Educação. Palma sublinhou que este trabalho é árduo e exige mobilização de todos os seguimentos da educação, somente assim teremos saltos qualitativos na direção da concretização de uma
proposta educacional adequada à realidade e aos desafios que estão postos em nosso estado. Nesse trabalho, segundo Palma, realizou-se um diagnóstico, levando-se em conta: 1- Valorização do magistério; 2- Financiamentos para a educação; e 3- Gestão democrática. Os trabalhos continuam e os objetivos precisam ser perseguidos com afinco para se concretizar os objetivos.
4. Francisco Gretter divulgou o mais recente Boletim da APROFFESP e fez a denúncia sobre a violência da PM, ao invadir uma escola estadual localizada na zona Oeste da cidade de São Paulo, onde infelizmente um professor foi agredido.
5. Por fim, o sociólogo Silvio representando o Sindicato dos Sociologos, falou sobre as dificuldades que temos para mobilizar a categoria dos professores, mesmo quando apresentamos novas propostas para a educação. Devido o desinteresse desse governo que temos, que simplesmente engaveta os projetos e as coisas não avançam. Aponta que devemos nos articular de maneira muito forte, para romper com essa realidade que enfrentamos no Estado de São Paulo e
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daí, frisa a importância das manifestações nas ruas, o envolvimento dos sindicatos e de outras entidades que possam se somar aos educadores. E conclui: a política do governo estadual em vigência é muito clara: destruir a carreira do magistério, precarizando cada vez mais as escolas e o trabalho dos educadores, tendo sempre por objeto o dividir a categoria para governar. Portanto, não há uma saída mágica, mas é a luta que vai possibilitar vislumbrar outro horizonte para a educação, porque esse quadro que temos é caótico.Neste ponto houve a breve discussão sobre Escola de Tempo integral pois o companheiro Tarcísio lembrou que a classe trabalhadora necessita de uma escola de tempo integral, pois essa tem sofrido com a precarização do trabalho e necessidade de uma instituição que se responsabilize pelas novas gerações no momento em que os trabalhadores estão em seus postos de trabalho. Este tema é extremamente concreto mas certamente produzirá no movimento muito debate a frente, pois há diversas opiniões sobre tempo pedagógico integral e o tempo cronológico em questão, necessário à classe trabalhadora.
6. Professora Cristiane sugeriu
constituirmos 3 frentes de atuação: primeiramente levar este debate para o maior número de escolas possível, debater o PL 6840/13 nos HTPCs, iniciar com as escolas ali presentes. Passar vídeos sobre as falas de Cid Gomes e dos parlamentares, apresentar os Power-points explicativos postos na página do facebook grupo em defesa das ciências humanas. Em segundo lugar, constituir uma ação parlamentar com os deputados votados pelos participantes do movimento em defesa das ciências humanas, buscar apoio parlamentar para que o PL 6840/13 seja revogado. E, em terceiro lugar, paralelamente, deve-se horizontar uma ação popular de rua que enfrente a proposta do governo tomando as ruas da capital de São Paulo em oposição ao PL na medida em que este não representa o chão da escola. Na reunião ficou claro que temos muitos pontos em acordo com o Projeto de Lei Substitutivo ao Pl 6840/13 e na próxima reunião debateremos com quais pontos somamos e quais deles nos distanciamos, sempre na perspectiva de somar nossas ações, produzindo consensos.
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7. A professora Erika propôs que na
próxima reunião seja constituída uma Carta do Movimento para todos os Deputados Federais, logo, a reunião deverá ter este ponto de pauta, bem como encaminhamentos a respeito da difusão da carta na sociedade política e civil.
A data da próxima reunião é 28 de março, às 9:00 horas da manhã, na Casa do Professor.
São Paulo, 28 de março de 2015.
Comissão organizadora dos eventos.
CONVITE
CAFÉ FILOSÓFICO
Exibição e debate sobre o Alexandria.
Dia: 21 de março
Horário: 18 horas Local: Subsede APEOESP São Bernardo do Campo
A DIRETORIA DA APROFFESP
Presidente: Aldo Josias dos Santos - São Bernardo
do Campo
Vice-Presidente: Francisco Gretter – Lapa
Tesoureiro: Anízio Batista de Oliveira-Centro sul
Primeiro tesoureiro: Francisco Venâncio Feitosa-
Taboão da Serra
Secretário: José de Jesus Costa - Osasco
Primeiro secretário: Marcos Silva - Santo André
Diretor de Comunicação e Propaganda:
José Carlos Carneiro dos Santos- SBcampo
Diretor Adjunto de Comunicação e Propaganda:
André Sapanos- Mauá
Diretor de Políticas Pedagógicas: Ivo Lima dos
Santos - Zona Norte
Diretor Adjunto de Políticas Pedagógicas: Aldo
Xavier Monteiro-Taboão da Serra
Diretor de Relações Institucionais: Rita Diniz - Salto
Diretor Adjunto de relações Institucionais: Eduardo
de Carvalho-Osasco
Diretor de Relações Sociais e Movimentos
Sindicais: Nayara Navarro- SBCampo
Diretor Adjunto de Relações Sociais e Movimentos
Sindicais: Cícero Rodrigues- Zona Sul
Diretor Organizativo da Capital: Alba Valéria -
Itaquera
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Diretor Adjunto Organizativo da Capital: Rubens
Roque e Souza - Zona Sul
Diretor Organizativo da Grande São Paulo: Gilmar
Soares- Santo André
Diretor Adjunto Organizativo da Grande São Paulo:
Antonio Élson Oliveira- Guarulhos
Diretor Adjunto Organizativo da Grande São Paulo:
Valmir João Schmitt-Osasco
Diretor Organizativo do Interior: Ademir Alves de
Lima, (Vale do Paraíba)
Diretor Adjunto Organizativo do Interior: Gabriel
Bistafa (Sorocaba e região)
Diretor Adjunto Organizativo do Interior: Maria
Lucia B.V. de Brito (Região Metropolitana de
Campinas)
Diretor Adjunto Organizativo do Interior: Antonio
Fernando Capellari, Jaú.
Diretor de relações Acadêmicas: Hugo Allan,
Professor da rede Estadual e da Universidade
Metodista.
DIRETORIA DE BASE DA APROFFESP
Yoshinori Miura - Vale do Ribeira
Wilson Cristovan- Presidente Prudente
Fernando Henrique de Paula- Ourinhos
Marcelle Pereira Bernardo- Guarulhos
Creuza lima da Silva- Taboão, Itapecerica e Embu
Miguel Moreira da Silva – Osasco
Alexandra Sousa Barros- Diadema
André Aparecido da Silva Barbosa- Avaré
Adilson Nogueira Soares- Ipiranga
Aline Rodrigues Teixeira- Campinas
Hécio Peres Filho- Região Leste 4
Wellington Cruz- São Bernardo do Campo
Victor Henrique Neri da Mata- Lapa-
Adeval Santos-Zona Norte da Capital
Adriano Soares da Silva- Sumaré/Hortolândia
Amauriso Umbelino da Silva – Itapevi
Carlete Diana Nery de Oliveira Lanza- Salto e
Região
Luis Carlos Antoniazzi – Jaù
Vanderlei Nunes Junior- Mogi Mirim
Marcos Rogério Muniz- Penápolis
Osmar Francisco de Almeida- Itaquera
Fernando F. de Oliveira- Santo André
Elton Silva Santana-Itaquaquecetuba
Sandra Braga Freire- Carapicuiba
Simone Suelene- Taubaté
Humberto Almeida Pereira-Caragatatuba
Edson Genaro Maciel-Araçatuba
Álvaro Augusto dias Junior- Mogi das Cruzes
Fábia Cristina Hildebrand Pastori- Pirassununga
Jorge Julio Ide- Zona Sul
Emanoel Ferreira da Silva Lima- Carapicuiba
Fábio P. Mendes - Região de Pindamonhangaba
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