DISTÚRBIOS ALIMENTARES EM ADOLESCENTES PRATICANTES
DE BALÉ E SUAS REPERCUSSÕES NUTRICIONAIS
Ana Cecília Maia Girão
Fortaleza - Ceará
2008
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA – VRPPG
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS
MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA
2
Ana Cecília Maia Girão
DISTÚRBIOS ALIMENTARES EM ADOLESCENTES PRATICANTES
DE BALÉ E SUAS REPERCUSSÕES NUTRICIONAIS
Ana Cecília Maia Girão
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Antônio Bruno da Silva
Fortaleza - Ceará
2008
3
FICHA CATALOGRÁFICA
_______________________________________________________________________
G516d Girão, Ana Cecília Maia.
Distúrbios alimentares em adolescentes praticantes de balé e suas
repercussões nutricionais / Ana Cecília Maia Girão. - 2008.
78f.
Cópia de computador.
Dissertação (mestrado) – Universidade de Fortaleza, 2008.
“Orientação : Prof. Dr. Carlos Antônio Bruno da Silva.”
1. Distúrbios alimentares. 2. Adolescentes - distúrbios alimentares. I. Título.
CDU 616.89-008.441.42
________________________________________________________________________
4
ANA CECÍLIA MAIA GIRÃO
DISTÚRBIOS ALIMENTARES EM ADOLESCENTES PRATICANTES
DE BALÉ E SUAS REPERCUSSÕES NUTRICIONAIS
Data da Aprovação: _________________________
GRUPO DE PESQUISA: EMAN (ENDOCRINOLOGIA, METABOLOGIA, ALIMENTOS E
NUTRIÇÂO)
LINHA DE PESQUISA: NUTRIÇÃO NAS RELAÇÕES SAÚDE-DOENÇA E NOS
DISTÚRBIOS ALIMENTARES
NÚCLEO TEMÁTICA: DISTÚRBIOS ALIMENTARES
Banca Examinadora
_____________________________________________________
Prof. Dr. Carlos Antônio Bruno da Silva
Orientador
_____________________________________________________
Profª.Drª. Helena Alves de Carvalho Sampaio
Examinador
_____________________________________________________
Prof. Dr. Fábio Gomes de Matos e Souza
Examinador
5
Devemos aproveitar o
alimento na medida em que
precisamos dele, fazendo
escolhas saudáveis e em
porções apropriadas,
lembrando que, ao fazê-lo,
honramos a Deus, que
escolheu nosso corpo para
seu templo
(1Co 6.19).
6
DEDICO ESTE TRABALHO
A DEUS sobre todas as coisas, pelo privilégio de me tornar sua
filha e poder desfrutar de todas as suas bênçãos - o
MESTRADO em SAÚDE COLETIVA é uma delas!
Ao meu marido Rony, por ser o maior incentivador de
mais uma etapa da minha carreira profissional!
A meu pai, Girão, e a minha mãe, Sueili, que sempre me
deram oportunidades ímpares de estudo!
A meu querido Orientador Prof. Dr. Carlos Bruno e sua Esposa
Fátima que, com sua dedicação, me proporcionaram segurança em
todas as etapas deste processo de aprendizagem!
A todos os professores do Mestrado em Saúde Coletiva, que
acreditaram no meu projeto e em especial à Professora Doutora
Raimundinha que, com todo o seu charme e carinho, consegue
monitorar e abraçar todos os alunos!
Aos amigos e colegas de sala que, com grande dedicação,
concederam o máximo de si pelos outros.
Obrigada!
7
“Grandes
realizações não são
feitas por impulso, mas
por uma soma de
pequenas realizações."
Vincent van Gogh
8
RESUMO
A avaliação nutricional e o uso do Eating Atitudes Test (EAT-26) em indivíduos
expostos aos riscos alimentares têm se tornado uma importante ferramenta no
rastreamento de transtornos do comportamento alimentar, em especial a anorexia e
a bulimia nervosa. Então, analisar as repercussões nutricionais decorrentes de erros
alimentares crônicos em adolescentes praticantes de balé foi o objetivo desta
pesquisa. A identificação dos distúrbios de comportamento alimentar mediante
ferramentas e instrumentos apropriados tornou-se importante, especialmente por
meio de dados como peso, altura e dobras cutâneas, cálculo de índice de massa
corpórea e do percentual de gordura corporal e aplicação do EAT-26. Como
resultado, observou-se que as adolescentes tinham média de idade de
13,8±2,7anos. A média encontrada do percentual de gordura das adolescentes foi
de 20,9% (variando de 8,6 a 41,8%). Os dados antropométricos mostraram que
52,2% das adolescentes tinham IMC < 18,5; 28,9% apresentaram IMC acima de 22
kg/m2, e o restante 18,9% estavam com IMC na faixa de normalidade (entre 18,5 e
22 kg/m2). Já o questionário auto-aplicável revelou um rastreamento de casos
clínicos por meio do EAT-26 positivo em 16,6% das adolescentes. Os hábitos
alimentares cronicamente assumidos pela amostra de bailarinas estudada
repercutiram numa elevada prevalência de subnutrição. Em conclusão, tem-se que
estes dados poderão propiciar, em longo prazo, fator determinante para
repercussões nutricionais indesejadas, tais como: deficiência de crescimento e
desenvolvimento, alterações hormonais, dentre outros. Sendo assim, os resultados
encontrados neste estudo sugerem a presença de sintomas que caracterizam
alterações de padrão de comportamento alimentar, especialmente quando
associamos a avaliação nutricional, juntamente com os resultados positivos de EAT-
9
26, os quais podem ser úteis no rastreamento dos distúrbios de comportamento
alimentar. Dessa forma, ressalta-se a necessidade de avaliação e vigilância mais
criteriosa na existência de distúrbios alimentares e seus percussores no ambiente
esportivo, como forma de prevenção.
Palavras-chave: Adolescentes, EAT-26, praticantes de balé
10
ABSTRACT
The nutritional assessment and use of the Eating Attitudes Test (EAT-26) in
individuals exposed to food hazards have become an important tool in tracking the
eating disorders, particularly anorexia nervosa and bulimia. Then analyze the
nutritional repercussions arising from errors chronic food in adolescents practicing
ballet was the goal of this research. The identification of eating disorders through
appropriate tools and instruments have become important, especially through data
such as weight, height and skin folds, calculation of body mass index and body fat
percentage and application of EAT-26 . As a result it was found that adolescents
were female with an average age of 13.8 ± 2.7 years. The average percentage of fat
found in the adolescents was 20.9% (ranging from 8.6 to 41.8%). The data showed
that most adolescents (52,2%) was with BMI in 18,5, 28,9% sowed above 22 and
18,9% was with the IMC (between 18,5 e 22 kg/m2) n the range of normality. But the
self-administered questionnaire revealed a tracking of cases through the EAT-26
positive in 16.6% of adolescents. The diet chronically given by the sample of dancers
studied reflected a high prevalence of malnutrition. In conclusion we have that they
can provide data on long-term factor for nutritional unwanted effects, such as:
deficiency of growth and development, hormonal changes, among others. Therefore,
the results found in this study suggest the presence of symptoms that characterize
changes in the pattern of feeding behavior, especially when combining nutrition
assessment, together with the positive results of EAT-26, that may be useful in
screening of disturbances in eating habits. Thus, emphasizes the need for more
careful monitoring and evaluation in the existence of eating disorders and their
environment slapper in sports as a means of prevention.
Key-words: adolescents, EAT-26, practicing ballet
11
SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 12
2. OBJETIVOS 26
3. ARTIGO 1 29
3.1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 31
3.2 .MÉTODOS 33
3.3. RESULTADOS 37
3.4. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO 40
3.5. REFERÊNCIAS 39
4. ARTIGO 2 41
4.1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 47
4.2. MÉTODOS 50
4.3. RESULTADOS 52
4.4 DISCUSSÃO 54
4.5 CONCLUSÃO 58
4.6 REFERÊNCIAS 61
5. CONSIDERAÇÕES REFLEXIVAS 65
6. REFERÊNCIAS 71
7. APÊNDICES 74
8. ANEXO 78
12
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A anorexia e a bulimia nervosa, assim como a compulsão alimentar, que
ocorriam, particularmente, em adolescentes do sexo feminino, também passaram a
ser freqüentes em pessoas do sexo masculino, assim como no gênero feminino de
outras idades. Na década de 1990, esta ocorrência era vista em famílias de nível
socio-econômico médio (ganho médio de 10 a 20 salários mínimos), aparentemente
felizes e estáveis, porém com um padrão característico de conflitos não
solucionados (TROYSE, 1997). A busca pelo corpo perfeito, esbelto e leve pode
chegar a ser uma obsessão para muitas pessoas, que restringem a alimentação
diária e buscam dietas muitas vezes não adequadas aos seus biótipos (OLIVEIRA et
al, 2003).
Nos tempos modernos, a cultura que valoriza a esbelteza reforça a
ocorrência destas síndromes e, segundo Bosi e Andrade (2004), a permanente
exposição do corpo imposta pelo modo de vida local funciona como estímulo
constante à busca do “corpo ideal” (padrão imposto pela sociedade moderna, na
qual a magreza é a principal característica), ou seja, aquele que atende à imagem
veiculada pela mídia a serviço da chamada “indústria da beleza”. Essa busca
desenfreada pelo corpo perfeito – considerada uma epidemia silenciosa que se
intensificou-se a partir da década de 1970 em diante – conduz a adoção dos
chamados comportamentos alimentares anormais e práticas inadequadas de
controle de peso. E, apesar destes transtornos alimentares terem início, em geral, na
adolescência, uma vez instalados, estes quadros são muito resistentes ao
13
tratamento, o que reforça a necessidade de intervenções de caráter preventivo,
voltadas, sobretudo, para os grupos de maior risco (FARIAS et al., 1999).
O culto à magreza está diretamente associado à imagem do poder, beleza e
mobilidade social, num contexto contraditório, haja vista que as indústrias de
alimentos hipercalóricos aumentam cada vez mais suas vendas, numa proporção
equivalente à das indústrias de alimentos diet e light. O ideal de corpo magro
(“perfeito”), preconizado pela sociedade e veiculado pelos meios de comunicação,
impõe-se como necessidade social, perpassando, hoje, todas as classes e
segmentos sociais. No Brasil, o problema atinge, sobretudo, a população feminina
adolescente e jovem adulta (BOSI e ANDRADE, 2004).
Segundo Cordás et al. (1998), no Brasil, estima-se que de 19 a 26% das
estudantes secundaristas referem sintomas bulímicos e ou comportamentos
alimentares restritivos. Os relatos mostram que este é um grave problema de saúde
pública, cujo diagnóstico precoce pode ser a principal ferramenta de tratamento e
acompanhamento da doença instalada. Especialmente quando se pensa que a
prevalência dos transtornos alimentares pode variar ao se considerar às síndromes
parciais, isto é, paciente que não apresenta a doença totalmente desenvolvida,
conforme os relatos de Habermas (1989).
A distorção da imagem corporal vem aumentando entre as mulheres jovens,
por serem mais influenciáveis por pressões da sociedade, da economia e da cultura
em relação aos padrões estéticos estabelecidos, compondo assim, o grupo de maior
índice de instalação dos transtornos alimentares – TCA (OLIVEIRA et al, 2003). O
balé com sua preocupação excessiva com a estética corporal podem promover em
seus praticantes transtornos alimentares como a Anorexia Nervosa e a Bulimia
14
Nervosa. A busca do perfeccionismo, alta expectativa, pressão por parte dos
instrutores e familiares e a instabilidade emocional podem levar aos transtornos
alimentares (SIMAS; GUIMARÃES, 2002). Acredita-se que para o bom desempenho
do esporte, a magreza seja fundamental. Estudos mostram atletas que praticam
esportes como balé, ginástica, natação e patinação, apresentam altos índices de
distúrbios alimentares, onde a Anorexia Nervosa é predominante (KATCH;
MCARDLE, 1996). Ou seja, a estreita relação entre imagem corporal e desempenho
físico faz com que as atletas sejam um grupo particularmente vulnerável à instalação
destes transtornos alimentares – no caso aqui estudado adolescentes praticantes de
balé.
São poucos, contudo os estudos que dimensionam o problema na
população sob risco, tanto em base populacional como em estudos institucionais. As
poucas evidências procedem de estudos clínicos cujas características não permitem
análises epidemiológicas que auxiliem a compreensão dos determinantes, propiciem
comparações com outros contextos sociais e orientem intervenções tal ocorre. A
diversidade e a severidade destes casos, bem como os sintomas relacionados às
diferentes modalidades dos transtornos alimentares, estão associadas, muitas
vezes, à ausência de intervenções preventivas e à quase inexistência de serviços
especializados no manejo interdisciplinar.
Na perspectiva de Bosi e Andrade (2004), as diversas alterações do
comportamento alimentar e as práticas inadequadas de controle de peso constituem,
hoje, não apenas um quadro relevante ao plano clínico-individual, mas, conforme
procuramos ressaltar, uma realidade emergente como questão de saúde coletiva.
Assim, muitas evidências sugerem que o tratamento nutricional por intermédio do
15
aconselhamento dietético e da educação nutricional promove a melhora no estado
de saúde global, apesar de alguns comportamentos alimentares, como a
perseverança da incompetência ao lidar com os alimentos. Desta forma, este estudo
visa identificar a ocorrência de distúrbios alimentares em adolescentes praticantes
de balé e suas principais repercussões nutricionais.
Por isso, torna-se necessário que mais estudos sejam feitos em grupos de
risco, no caso aqui apresentado, as adolescentes praticantes de balé. Grupo
especialmente escolhido, tendo em vista que o reflexo do corpo magro e esbelto é
muito presente nesta população. Especialmente quando lembramos que o
desempenho atlético, segundo os alguns professores de balé, pode estar
diretamente relacionado à menor quantidade de peso corporal possível.
1. 1. Distúrbios da alimentação: anorexia e bulimia
A anorexia e a bulimia são formas de desajustamento alimentar,
representando patologias que podem causar a morte. São comuns, porém, entre os
adolescentes, que apresentam estes comportamentos com o fim de buscar o corpo
que pensam não ter, algumas vezes influenciado pelos meios de comunicação, que
impõem um ideal de beleza (MORGAN et al, 2002).
Os pacientes desenvolvem hábitos alimentares bizarros e recusam-se a
comer. Eles podem perder 25% ou mais de seu peso corpóreo. Habitualmente,
exercitam-se vigorosamente, podem abusar de laxantes ou diuréticos e vomitam
voluntariamente para reduzir a energia que retêm em seu sistema. Sem intervenção,
o distúrbio pode progredir até a inanição, quando os sintomas se tornarão evidentes,
16
relata Morgan (2002). Entre eles, podem ser mencionados: amenorréia (interrupção
da menstruação), depleção dos depósitos de gordura corporal, enfraquecimento
muscular, descamação, pele seca, cabelo quebradiço, seco e fino, deterioração das
unhas, desidratação, diminuição da pressão arterial, edema, diminuição da
temperatura corporal, prisão de ventre e desconcertos do sono (DUNKER e
PHILIPPI, 2003).
Apesar dos transtornos alimentares terem sido descritos no século XIX,
ainda não se identificou, com clareza, a origem do problema, que pode ser
primariamente psicológico-físico, por meio de uma mudança da função hipotalâmica
hipofisária ou uma combinação de ambos. Consoante Cordás e cols. (2002),
defende-se o argumento de que esta disfunção pode resultar do estresse
psicogênico ou que possa ser secundária a desnutrição ou má nutrição que resulta
de uma dessas doenças.
Psicologicamente, os indivíduos com anorexia têm um medo anormal de se
tornarem obesos. Eles apresentam distorções da imagem corporal e de outras
percepções. Na maioria dos casos, nota-se que o seu início ocorre perda de peso
corporal, sendo conseqüência de uma patologia ou a inanição por falta de alimentos.
Quem nunca vivenciou um caso anoréxico acredita que o único fator que
desencadeia essa doença é o de que os indivíduos querem se sentir mais atraentes,
no sentido extremo do estético. Quando atingem, no entanto, esse processo
anorético o que menos interessa é ser atraente, preocupando-se, cada vez mais,
com os próprios sentimentos (BORGES et al., 2006).
Inicia-se tal fenômeno anorético por uma insistente insatisfação com a vida,
parecendo que, a perda de peso será a solução de todos os problemas. Por isso, o
17
público-alvo é de mulheres, muitas vezes no início da adolescência. Os homens
também são vítimas dessa doença, mesmo em número menor, e mais
freqüentemente, na adolescência ou adulto jovem (VILELA et al., 2004).
Segundo Honorato e cols. (2006), o tratamento desses distúrbios acontece
pela psicoterapia, de preferência, logo que diagnosticados, e pelo suporte nutricional
necessário para que o quadro de deficiência seja revertido, bem como para adaptar
o paciente à nova forma de alimentação. Como dificilmente notam a gravidade da
doença que conduzem, os anoréticos e bulímicos precisam de total apoio da família
ao longo de toda a vida, visto que cerca de 20% a 30% dos pacientes tratados terão
problemas vitalícios com regimes irracionais e receios à alimentação.
Os achados clássicos no exame físico tornaram-se uma limitação para a
pesquisa. Nesse caso, não consideramos no estudo estes sinais clínicos: pele seca,
hipotermia, bradicardia, hipotensão, bradipnéia e edema de membros. A gravidade
da desnutrição pode ser avaliada pelo índice de massa corpórea (IMC), obtido pela
divisão do peso pelo quadrado da altura (faixa de desnutrição inferior a 18 para
adultos). Já na bulimia nervosa, tipicamente, o paciente começa a sentir uma
vontade de comer incontrolável e, ao deparar-se com a geladeira, “devora” tudo.
Sente-se ansioso, culpado e com piora na auto-estima, o que o faz retornar à dieta,
às vezes de maneira mais intensa, por acreditar erroneamente que detém o controle
sobre esse processo (HAY, 2002).
As complicações clínicas dos transtornos alimentares são muitas. Os
portadores de desarranjos alimentares desenvolvem uma obsessão pela forma física
e, por conseguinte, uma relação doentia por comida. Passam a “... viver
18
exclusivamente em função da dieta, da comida, do peso e da forma corporal,
restringindo seu campo de interesse e isolando-se gradativamente” (HAY, 2002).
No caso da anorexia nervosa, em que a desnutrição fica muitas vezes
evidente, destacam-se como sinais clínicos: atrofia cerebral, catarata, degeneração
da retina, interrupção do ciclo menstrual, diminuição da libido, infertilidade, atraso ou
retardo no desenvolvimento puberal, constipação gastrintestinal, cálculo renal,
insuficiência renal, cáries dentárias, pele fria e pálida, queda de cabelo, calosidade
de dedos e mãos, edema pulmonar, desnutrição, parada cardíaca e morte. Já na
bulimia nervosa, também podem estar presentes alguns destes sintomas, exceto
dos que têm relação direta com baixa ingestão calórica ou desnutrição, mas se
evidenciam alterações relacionadas à disfunção hidroeletrolítica (APOLINÁRIO e
CLAUDINO, 2000).
Muitas das complicações causadas pelas irregularidades alimentares
surgem em decorrência do atraso do diagnóstico e do início da terapia, pois, muitos
pacientes escondem os sintomas e/ou recusam tratamento. A falta de informação
dos pais e da família sobre a doença, a negação da doença pelo paciente e, em
muitos casos, sua dependência emocional, pois tem a anorexia e/ou a bulimia como
estilo de vida e não como uma doença, são outros obstáculos para uma terapêutica
eficaz.
Infelizmente, apesar da gravidade de transtornos alimentares, ainda é tímida
a rede de atendimentos no Brasil. Segundo Ministério da Saúde não há estatísticas
oficiais nem programas ou políticas específicas nacionais voltadas para o tratamento
destes transtornos, onde a maioria dos serviços estão ligados às universidades
(ANDRADE E BOSI, 2003).
19
No Brasil, podem-se encontrar alguns postos de atendimento especializado
em transtornos alimentares nos espaços indicados na seguinte ilustração:
Grupo Significado Local
GATDA Grupo de Apoio e Tratamento dos Distúrbios Alimentares São Paulo
AMBULIM Ambulatório de Bulimia e TA* da Faculdade de Medicina USP São Paulo
PROATA Programa de Orientação e Assistência aos Pacientes com TA*
da UNIFESP
São Paulo
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Ribeirão Preto
Ambulatórios de TA* da Clínica de Psicologia da Faculdade de
Ciências Biológicas e de Saúde
Paraná
GEATA Grupo de Estudo e Assistência em TA* Rio Grande do Sul
NUTTRA Núcleo de TA* e Obesidade Rio de Janeiro
GOTA Ambulatório de Transtornos Alimentares do Instituto de
Diabetes
Rio de Janeiro
CETRATA Centro de Estudos e Tratamento em TA* Fortaleza - Ce
PRONUTRA Programa Interdisciplinar de Nutrição aos TA* e Obesidade Fortaleza - Ce
* Transtornos Alimentares
Isso mostra, como espressam Batista e Rissin (1993), a importância de uma
equipe multidisciplinar no tratamento dos transtornos alimentares (TA),
essencialmente, com a participação de um profissional nutricionista capacitado para
propor modificações do consumo, padrão e comportamento alimentares, aspectos
estes que estão profundamente alterados nos TA, além, é claro, dos diversos
profissionais que devem fazer parte da equipe - médicos, psiquiatras, psicólogos,
terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e outros. Especificamente acerca do
nutricionista, e absolutamente relevante à avaliação do estado nutricional como
ferramenta para o diagnóstico de inadequações alimentares.
20
1.2. Avaliação Nutricional
O estado nutricional trata-se de uma “condição de saúde de um indivíduo,
influenciado pelo consumo e utilização de nutrientes, identificada pela correlação de
informações obtidas de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos” (...)
“estado resultante do equilíbrio entre o suprimento de nutrientes de um lado e o
gasto do organismo do outro” (VASCONCELOS, 2007).
Registram-se três manifestações orgânicas importantes:
1) produzidas pelo equilíbrio entre consumo e necessidades nutricionais
(normalidade ou eutrofia);
2) originadas pela insuficiência quantitativa e/ou qualitativa de consumo de
alimentos/nutrientes (carências ou deficiências);
3) criadas pelo excesso ou desequilíbrio de consumo de alimentos/nutrientes
em relação às necessidades nutricionais (distúrbios nutricionais).
Com efeito, a elaboração de um conceito nutricional se compõe de um
conjunto de estudos e investigações mediante os quais são coletados dados,
medidas e informações que possibilitem a identificação das variações no estado
nutricional do indivíduo ou da população. Independentemente do nível de
determinação que está sendo investigado, esses dados serão a garantia de que os
parâmetros antropométricos e de saúde serão cumpridos.
21
Na visão de Vasconcelos (2007), o estado nutricional (que é uma variável
dependente – existe como produto ou resultado da influência de outras variáveis) é
um dos componentes da totalidade do processo social, em uma unidade
dialeticamente articulada. Por exemplo: a formulação de um índice antropométrico,
que consiste na combinação ou associação de uma ou mais medidas corporais com
a finalidade do estabelecimento de um diagnóstico nutricional.
A combinação de medidas corporais distintas tais como peso, estatura, idade
e sexo, possibilita a feitura de vários índices antropométricos: peso para idade (P/I);
estatura para idade (E/I); peso para estatura (P/E). Essas variáveis antropométricas
assumem a denominação dos indicadores do estado nutricional, quando, nas
medidas da dimensão do corpo, são incluídos elementos de comparação de
julgamento; ou seja, as escalas dos indicadores são determinados valores ou
parâmetros “considerados normais” que, quando comparados com valores inferiores
ou superiores, atestam a alta probabilidade de o individuo apresentar um problema
nutricional.
Avaliar e diagnosticar o estado nutricional de uma pessoa, consiste em utilizar
determinados procedimentos diagnósticos, com finalidade de confirmar a existência
de um processo mórbido nutricional, de identificar as causas prováveis que o
originam e de estabelecer as condutas terapêuticas adequadas.
A avaliação nutricional de populações reveste-se de certas especificidades:
a) parte do geral, de estrutural (organização social), utilizando-se prioritariamente
dos conhecimentos das ciências sociais; identifica o particular e descreve e explica o
individual;
22
b) possibilita, com maior eficiência, a explicação não apenas dos efeitos ou
conseqüências, mas também das relações causais (básicas, mediatas e imediatas)
dos processos nutricionais; e
c) permite intervenções adequadas não apenas no plano dos efeitos, mas,
sobretudo, no contexto de causas, uma vez que estas são direcionadas para grupos
populacionais ou para a população como um todo.
A atuação do nutricionista aufere caráter coletivo, na medida em que ele
identifica paulatinamente a área geográfica de sua abrangência: localiza as
residências dos seus pacientes; identifica as condições individuais, particulares e
gerais que determinam os problemas nutricionais dos mesmos; identifica e quantifica
a prevalência e a natureza dos problemas nutricionais; e identifica as alternativas
utilizadas na resolução desses problemas. A conduta dietoterápica de caráter
individual, aos poucos, assume um caráter coletivo. Por fim, a atuação não adota
apenas um caráter curativo, mas associa a esse um caráter de promoção e
proteção, no sentido de melhorar as condições alimentares e nutricionais de toda a
comunidade (VASCONCELOS, 2007).
1.3. Uso do EAT-26
Segundo a American Psychiatric Association, a prevalência de anorexia
nervosa varia cerca de 0,3 a 3,7% e a prevalência de bulimia nervosa é cerca de 1,1
a 1,4%, ambas na população jovem feminina. O sentimento de negação da própria
condição patológica, muitas vezes conseqüência de tabus em torno dos sintomas
dos transtornos alimentares, leva essas síndromes a se estenderem por um longo
23
período sem serem diagnosticadas, acarretando o aparecimento de co-morbidades e
agravos à saúde (MAGALHÃES e MENDONÇA, 2005).
Cordás e Neves (1999) relatam que, em razão da sua importância
epidemiológica, urge ampliar estes estudos com utilização de instrumentos
específicos para seu rastreamento, de forma que a intervenção e a prevenção atinja
um contingente populacional. Os questionários autopreenchíveis são recomendados
pela facilidade de administração, eficiência e economia no rastreamento de
transtornos alimentares na população. Apresenta propriedades psicométricas
adequadas e permite aos respondentes revelar um comportamento que, por
constrangimento, poderia deixá-los relutantes numa entrevista face a face com o
entrevistador.
O Eating Attitudes Test (EAT) ou Teste de Atitudes Alimentares (Anexo B),
desenvolvido por Garner e Garfinkel (1979), é um dos mais utilizados atualmente,
sendo um teste psicométrico utilizado em estudos com anorexia nervosa (AN), com
o objetivo de medir sintomas da síndrome de maneira mais rápida e fácil,
favorecendo, assim, a precocidade do diagnóstico e tratamento, evitando a evolução
da doença. Este instrumento foi validado pelos autores utilizando população
feminina do Canadá: pacientes com anorexia nervosa, jovens universitárias sem
história da doença alimentar ou psiquiátrica. A versão original do EAT (EAT-40)
constitui-se de 40 itens de múltipla escolha, sendo o resultado do teste, o somatório
dos valores atribuídos às questões, onde os autores estabeleceram o ponto de corte
de 30 pontos como sendo indicador positivo da possibilidade da existência de
distúrbio alimentar. Mais tarde, Garner et al (1982) propuseram a versão abreviada
(EAT-26) com 26 itens, validando e mantendo as correlações clínicas e
24
psicométricas, entre grupos de pacientes e sujeitos normais. O ponto de corte
estabelecido para esta nova forma foi de 21 pontos.
As 26 questões são divididas em três escalas ou fatores obtidas com análise
fatorial, cujos conceitos e números estão a seguir: (i) Escala de Dieta (D) – itens nº
1, 6, 7, 10, 11, 12, 14, 16, 17, 22, 23, 24 e 25 - reflete uma recusa patológica a
comidas de alto valor calórico e preocupação intensa com a forma física; (ii) Escala
de Bulimia e Preocupação com os Alimentos (B) – itens nº 3, 4, 9, 18, 21 e 26 -
refere-se a episódios de ingestão compulsiva dos alimentos, seguidos de vômitos e
outros comportamentos para evitar o ganho de peso; (iii) Escala de Controle Oral
(CO) – itens nº 2, 5, 8, 13, 15, 19 e 20 - demonstra o auto-controle em relação aos
alimentos e reconhece forças sociais no ambiente que estimulam a ingestão
alimentar.
Cada questão, dividida em três escalas do tipo Likert, apresenta seis opções
de resposta, conferindo-se pontos de zero a três, dependendo da escolha (sempre
igual a três pontos, muitas vezes igual a dois pontos; às vezes igual a um ponto,
poucas vezes igual a zero ponto, quase nunca igual a zero ponto e nunca igual a
zero ponto. Só questão que apresenta pontos em ordem invertida é a 25, sendo que,
para respostas mais sintomáticas, como sempre, muitas vezes e às vezes, não são
dados pontos, e para as opções poucas, quase nunca e nunca, são conferidos um,
dois e três pontos respectivamente.
Para os autores do EAT-26, um resultado maior do que 21 pontos indicam um
teste positivo e o entrevistado poderá ser incluído em grupo de risco, passando por
entrevista clínica para averiguar se os critérios diagnósticos são preenchidos
(GARNER; GARFINKEL, 1979; GARNER; OLISTED; POLIVY,1983).
25
Segundo Cordás e Neves (1999), o EAT-26 foi traduzido, no mínimo, para
sete línguas, inclusive português, e é talvez o instrumento de transtorno alimentar
mais frequentemente utilizado, sendo, por isso, descrito como “instrumento mais
popular para identificar o padrão associado a AN”.
O questionário autopreenchível apesar de extenso, quando respondido em
sua totalidade pela população em estudo, sugere clareza de linguagem e
compreensão dos itens. Porém, sugere-se uma adequação no processo de aferição
no âmbito da estabilidade e equivalência das informações colhidas, com resultados
de confiabilidade satisfatórios.
26
2. OBJETIVOS
2.1. Geral:
Identificar os principais erros alimentares cometidos pelas adolescentes
praticantes de balé e suas possíveis repercussões nutricionais
2.2. Específicos:
2.2.1. Avaliar o estado nutricional das adolescentes estudadas
2.2.2. Rastrear a tendência ao desenvolvimento de distúrbios alimentares
anorexia e bulimia nervosa através da aplicação do EAT-26
27
3. ARTIGO 1
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E USO DO EAT-26 EM UM GRUPO DE
ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO PRATICANTES DE BALÉ.
1) Titulo Abreviado: Avaliação nutricional e uso do EAT-26.
2) Autores
Ana C. M. Girão, mestranda em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza
Email: [email protected]
Possui cadastro na Plataforma Lattes do CNPq
(http://lattes.cnpq.br/8576446732393081)
Carlos A. B. da Silva, doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília
(2000).
Email: [email protected]
Possui cadastro na Plataforma Lattes do CNPq
(http://lattes.cnpq.br/7505856827379763)
3) Contribuição especifica de cada autor para o estudo
1. Coleta, tabulação, análise e escrito de manuscrito
2. Análise dos dados, escrita de manuscrito, correções finais
4) Autor responsável pela correspondência
Carlos Antônio Bruno da Silva
28
Universidade de Fortaleza, Diretoria do Centro de Ciências da Saúde, Núcleo de
Pesquisa do CCS.
Av. Washington Soares, 1321- Bloco c - Sala C07 - Edson Queiroz - 60811-905
Fortaleza, CE - Brasil - Caixa-Postal: 1258
Telefone: (85) 3477 3204 Ramal: 3204 Fax: (85) 3257 5057
URL da Homepage: htpp://www.unifor.br e email: [email protected]
4) Autor responsável pelos contatos pré-publicação
Carlos Antônio Bruno da Silva
Universidade de Fortaleza, Mestrado de Saúde Coletiva
Av. Washington Soares, 1321- Bloco S – Sala S11
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5) Fonte financiadora: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (FUNCAP)
Palavras chaves: praticantes de balé, avaliação nutricional, eat-26.
29
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E USO DO EAT-26 EM UM GRUPO DE
ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO PRATICANTES DE BALÉ.
RESUMO
A avaliação nutricional e o uso do Eating Atitudes Test (EAT-26) em indivíduos
expostos aos riscos alimentares tornaram-se uma importante ferramenta no
rastreamento de transtornos do comportamento alimentar, em especial, a anorexia e
a bulimia nervosa.
Objetivo: utilizar o estado nutricional e o EAT-26 como instrumento de rastreamento
de indivíduos suscetíveis ao desenvolvimento de anorexia e bulimia nervosa
(FREITAS et al., 2002).
Método: foram entrevistadas e avaliadas 90 adolescentes praticantes de balé, com
idade entre dez e 19 anos, em uma academia de balé de Fortaleza-CE. Os dados
antropométricos, como peso, altura, índice de massa corpórea (IMC) e percentual de
gordura, foram investigados. A avaliação de atitudes e comportamentos
relacionados com a alimentação e o controle de peso foi realizada pelo EAT-26.
Resultados: a média encontrada do percentual de gordura das adolescentes foi de
20,9% (variando de 8,6 a 41,8%). Os dados antropométricos mostraram que 52,2%
das adolescentes tinham IMC < 18,5; 28,9% apresentaram IMC acima de 22 kg/m2,
e o restante 18,9% estavam com IMC na faixa de normalidade (entre 18,5 e 22
kg/m2). Já o questionário auto-aplicável revelou um rastreamento de casos clínicos
por meio do EAT-26 positivo em 16,6% das adolescentes.
30
Conclusão: sabendo que as bailarinas constituem freqüentemente um grupo de
risco para o desenvolvimento dos distúrbios de comportamento alimentar, conclui-se
que a associação da avaliação nutricional com os resultados positivos de EAT-26 foi
útil no rastreamento dos casos.
Descritores: praticantes de balé, avaliação nutricional, EAT-26.
31
1. Introdução
As desordens alimentares, como anorexia e bulimia nervosa são doenças
crônicas definidas como distúrbios da alimentação e de comportamentos
inadequados de controle de peso (HO et al. 2006).
Os distúrbios da alimentação estão prevalentes em diversos grupos de risco e
estão relacionados especialmente às atividades que dependem da imagem corporal
(atores e atrizes, modelos, praticantes de balé etc.). A mídia exerce intensiva
influência sobre a imagem corporal, com efeitos nem sempre positivos,
especialmente para os grupos de risco anteriormente citados.
Alguns adolescentes não se sentem preparados para enfrentar as mudanças
físicas e psicológicas que lhes são impostas pelo crescimento físico e
desenvolvimento psicoemocional. Muitas vezes, isolam-se e prolongam sua infância,
apresentando problemas alimentares. A comida, muitas vezes, passa a ser um elo
de prazer com o mundo e, em outros casos, uma forma de mascarar seus
sentimentos (GABRIELLE et al, 2006).
Nesse caso, a anorexia nervosa (AN), descrita pela primeira vez em 1667
(HABERMAS,1989), é uma doença que leva à inanição, com excessiva perda de
peso (auto-imposta) e com grandes desgastes físicos e psicológicos. Além disso, a
anorexia nervosa tem associações marcantes com a desnutrição, desequilíbrio de
eletrólitos, amenorréia e disfunções hormonais, além da perda de gordura corporal.
Já a bulimia nervosa (BN) é um transtorno com característica predominantemente de
orgia alimentar, que significa ingestão incontrolável, muita rápida, dos alimentos, em
32
um curto espaço de tempo e em quantidade exacerbadas. As complicações clínicas
mais freqüentes estão relacionadas principalmente ao distúrbio hidroeletrolítico.
Segundo Borges et al (2006), a literatura não atribui fatores de risco
singulares para o desenvolvimento destes distúrbios alimentares, porém existem
aqueles mais evidentes dentre os quais se destacam: histórico de má conduta
alimentar na família, conflitos familiares, aversão a muitos alimentos, ingestão
reduzida de calorias, prática de atividade física excessiva.
Ainda em relação aos fatores de risco, identificam-se alguns instrumentos de
coleta de dados importantes como forma de rastreamento de transtornos do
comportamento alimentar como o Eating Attitudes Test (EAT-26), inicialmente usado
como teste para identificar anorexia nervosa, tendo rapidamente se tornado o teste
mais aplicado em disfunções alimentares em geral (GARNER e GARFINKEL, 1979).
Alguns estudos mostram freqüente associação entre práticas alimentares
inadequadas em adolescentes usuários de atividade física (ASSUNÇÃO et al, 2002;
OLIVEIRA et al, 2003), passando este a ser um assunto de interesse de saúde
coletiva, especialmente no que diz respeito à faixa etária acometida e aos aspectos
preventivos. O objetivo deste trabalho foi utilizar o estado nutricional e o EAT-26
como instrumentos de rastreamento de indivíduos suscetíveis ao desenvolvimento
dos distúrbios alimentares anorexia e bulimia nervosa.
33
4.2. MÉTODOS
Estudo de delineamento do tipo transversal, observacional realizado na
cidade Fortaleza-CE, efetivado no período de abril a maio de 2008 em uma
academia de balé de Fortaleza – Ceará – Brasil.
O universo da pesquisa constou de 90 adolescentes praticantes de balé. A
amostra compreendeu todas as adolescentes na faixa etária de dez a 19 anos, que
atenderam aos critérios de inclusão: estarem regularmente matriculadas na
academia e aceitarem participar da pesquisa. O estudo teve aprovação prévia pelo
Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza, sob o número 07-148.
As variáveis estudadas foram: peso e altura para cálculo do índice de massa
corporal (IMC), dobra cutânea tricipital e subescapular para determinação do
percentual de gordura. Portanto, as adolescentes foram avaliadas, inicialmente, em
relação à adequação peso-estatura ao quadrado por meio do índice de massa
corporal (IMC). Obteve-se o peso com balança eletrônica Tanita®, com capacidade
de 150 kg e subdivisão de 100 gramas.
A determinação da estatura que correspondeu à medida da distância entre o
vértex e a região plantar foi procedida do seguinte modo: a cabeça posicionada no
plano de Frankfurt paralelamente ao solo; a adolescente posiciona-se descalça onde
os pés, calcanhares e a cintura ociptal ficaram em contato com o estadiômetro; após
inspiração máxima seguida de apnéia realizou-se a medida de estatura.
O percentual de gordura corporal (%GC) foi obtido pelo somatório de duas
pregas cutâneas (tricipital e subescapular), utilizando o adipômetro validado
cientificamente (Cescorf Científic), sendo que cada das dobras cutâneas foi
34
verificada três vezes, trabalhando-se com a média dos valores (SLAUGHTER et al,
1988). A análise do percentual de gordura corporal foi feita utilizando-se o protocolo
para adolescentes proposto por Slaughter et al (1988), tendo sido considerado
percentual de gordura normal a faixa de normalidade de 16 a 25% (LOHMAN, 1986).
Valores abaixo destes eram indicativos de subnutrição e acima de um possível
excesso de gordura corporal ou até mesmo de peso.
Para rastreamento dos distúrbios do comportamento alimentar, foi utilizado o
EAT-26, traduzido para o português por Nunes et al (1994) e validado no Brasil em
2003. É um teste psicométrico utilizado em estudos e identificam indivíduos com
preocupações anormais com relação alimentação e peso. Contém questões
fechadas de autopreenchimento, abordando atitudes alimentares. (ALVARENGA,
2001; OLIVEIRA et al, 2003).
O instrumento EAT-26 é composto por 26 questões dirigidas à sintomatologia
anoréxica, podendo variar de zero a 78 pontos. Apresenta respostas em escala
Likert onde a opção “sempre” vale três pontos, “muito freqüentemente”, dois pontos;
“freqüentemente”, um ponto; e as demais não recebem pontuação (às vezes,
raramente e nunca). Considera-se pontuação igual ou maior que 21 sugestiva de
comportamento alimentar de risco para transtornos alimentares (casos) e menor de
21 mostram ausência de transtorno alimentar (FREITAS et al, 2002).
A análise quantitativa dos dados teve como ponto de relevância a
identificação e análise da aplicação do EAT-26, bem como a avaliação do estado
nutricional com o uso das medidas antropométricas e das fórmulas de cálculo de
gordura corporal de Slaughter et al (1988). Os dados também foram analisados
mediante o uso do Programa SPSS versão 13.0 (Statistical Package for the Social
Sciences).
35
Este trabalho respeitou os aspectos éticos envolvidos, assegurando, assim, a
discrição de identificação dos clientes desta pesquisa, uma vez que todas as
informações obtidas na entrevista foram mantidas em sigilo, sendo apenas utilizadas
para a investigação. Portanto, a pesquisa obedece à Resolução número 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde (MS BRASIL, 1996), envolvendo seres humanos,
garantindo aos entrevistados o anonimato, já que o estudo não foi invasivo nem feriu
a conduta dos sujeitos.
4.3. RESULTADOS
A maior parte das adolescentes estava na faixa etária de dez a 13 anos
(44,4%). Na faixa de 13,1 a 16 anos, foram detectadas 33 adolescentes (36,6%) e
17 meninas (18,9%) estavam em idade mais avançada (acima de 16,1 anos).
Tabela 1. Distribuição das adolescentes avaliadas, segundo faixa etário e estado
nutricional*.
Faixa Etária Eutrofia Peso Normal Sobrepeso TOTAL
De 10 a 13 anos 10 (11,1%) 15 (16,6%) 15 ( 16,6%) 40 (44,4%)
Entre 13,1 e 16 anos 5 (5,5%) 23 (25,66%) 5 (5,6%) 33 (36,6%)
Entre 16,1 e 19 anos 2 (2,2%) 9 (10%) 6 (6,6%) 17 (18,9%)
TOTAL 17 (18,9%) 47 (52,2%) 26 (28,9%) 90 (100%)
* Segundo IMC (VASCONCELOS, 2007) - Fonte: pesquisa direta
36
Os dados antropométricos mostraram que 52,2% das adolescentes tinham
IMC < 18,5; 28,9% apresentaram IMC acima de 22 kg/m2, e o restante 18,9%
estavam com IMC na faixa de normalidade (entre 18,5 e 22 kg/m2).
A média encontrada do percentual de gordura das adolescentes foi de 20,9%
(variando de 8,6 a 41,8%). Estes dados sugerem que o percentual de gordura,
apesar da média equivalente à normalidade, apresenta um intervalo de variação
muito grande, o que leva a se identificar a presença de comportamentos
alimentares, de certa forma, incompatíveis com o estado nutricional saudável.
Especialmente quando identificamos um percentual elevado (28,9%) de
adolescentes praticantes de balé com sobrepeso, fato não comum nesse tipo de
população.
Tabela 2. Valores de EAT-26 de acordo com a faixa etária.
EAT-26 < 21 (normal) > 21 (indicativo de DA*)
De 10 a 13 anos 33 (36,7%) 3 (3,3%)
Entre 13,1 e 16 anos 30 (33,3%) 8 (8,9%)
Entre 16,1 e 19 anos 12 (13,3%) 4 (4,5%)
TOTAL 75 (83,3%) 15 (16,6%)
* Distúrbio alimentar (anorexia nervosa) - Fonte: pesquisa direta
Quando se considerou a associação do percentual de gordura com o EAT-26,
notou-se uma relação direta aos extremos de gordura corporal, ou seja, garotas com
37
baixo percentual de gordura ou elevado percentual de gordura apresentaram valores
de EAT-26 positivo, conforme consta na Tabela 3.
Tabela 3. Correlação entre os valores de EAT-26 e o percentual de gordura entre as
adolescentes estudadas.
% Gordura Eat-26 < 21 (normal) Eat-26 > 21 (DA*)
Abaixo de 16% (baixo peso) 32 (35,6%) p ≤ 0,05 7 (7,8%) p ≤ 0,05
Entre 16 e 25% (normalidade) 18 (20,0%) p ≤ 0,05 2 (2,2%) p ≤ 0,05
Acima de 25% (sobrepeso) 25 (27,7%) p ≤ 0,05 6 (6,7%) p ≤ 0,05
TOTAL 75 (83,3%) p ≤ 0,05 15 (16,6%) p ≤ 0,05
* Distúrbio alimentar (anorexia nervosa) Fonte: elaboração própria.
4.4. DISCUSSÃO
Sabendo que a fase da infância e da adolescência é composta de muitas
mudanças e que emocionalmente esses adolescentes apresentavam alguma crítica
constante a alguma parte do corpo, insatisfação com o peso, enfim, alguma
alteração na percepção corporal (dismorfia) com diminuição gradativa de suas
atividades sociais, vê-se que, dos dez aos 16 anos, é encontrado um alto percentual
desta população exposta a riscos (81% do total). Algumas vezes, apresentam o
hábito de “fazer dieta” até quando o peso está proporcional à estatura e, mesmo ao
perderem peso, continuam com a dieta (CORDÁS, 2004).
Dependendo das intervenções a serem adotadas, os distúrbios alimentares
poderão ter maior ou menor possibilidade de se desenvolverem, havendo um
38
prognóstico favorável quando às medidas preventivas ocorrerem precocemente.
Vale salientar a grande importância das possíveis leituras que podem ser feitas
desde a constatação de índices gritantes de subnutrição na população estudada. O
índice de massa corporal (IMC) representa a relação proporcional entre o peso
corporal e a altura ao quadrado do indivíduo. O resultado alcançado com as medidas
é alvo de comparação com valores pré-estabelecidos. O valor do IMC pode estar
diretamente relacionado com a gordura do corpo, podendo ser alterado quando há
um aumento da massa corporal magra ou mesmo uma estrutura corporal de
proporções elevadas.
Nesse mesmo sentido, pode-se observar que as respostas de EAT-26, muitas
vezes voltadas para a insatisfação com a imagem corporal relacionam-se com as
práticas inadequadas de controle de peso. Especialmente nesse grupo estudado,
observou-se que o resultado do rastreamento identificou 16,6% de respostas
positiva para o instrumento, média um pouco superior à descrita na literatura: 7,4%
(HO, 2006); 13,7% (NUNES et al., 2001) e 15,6% (SUNDGOT-BORGEN, 1993).
A dieta para emagrecer, que é muitas vezes o fator precipitante mais
freqüente nos distúrbios alimentares, torna-se uma aliada destas adolescentes
praticantes de balé, cujas restrições alimentares começam com eliminações de
alimentos gordurosos e aumentam gradativamente com o tempo.
A busca da magreza é orientada por comportamentos que incluem a redução
da ingestão de alimentos considerados “engordantes” e/ou a utilização de métodos
de purgação auto-induzidos, ou ainda, a prática compulsiva de atividades físicas.
Como sintomas mais comuns, os pacientes apresentam manutenção do peso
corporal inferior a 85,0%, o que está descrito na literatura e também foi encontrado
39
nesta pesquisa, além de medo mórbido de engordar, alteração na percepção da
imagem corporal, distúrbios menstruais, desmineralização óssea, perda de massa
muscular e gordura corporal, irregularidades digestivas, arritmias cardíacas,
desidratação, intolerância ao frio, cabelos finos e fracos, entre outros (HO et al,
2006)
Os distúrbios alimentares parecem estar precedidos ou associados por uma
seqüência de eventos estressores quando comparadas a controles normais. Eventos
envolvendo uma desorganização da vida ou uma ameaça à integridade física
(cobranças do professor de balé, da sociedade pela magreza, da família como forma
de destaque social) são mais freqüentes em indivíduos com tendência à anorexia
nervosa, quando comparados com populações normais. Os sentimentos de
insegurança e inadequação constituem reforço para estes hábitos alimentares
incorretos.
O estudo dos fatores mantenedores da doença inclui o papel das alterações
fisiológicas e psicológicas produzidas pela desnutrição e pelos constantes episódios
de compulsão alimentar e purgação, que tendem a perpetuar os distúrbios. A
privação alimentar leva, sabidamente, a alterações físicas e psicológicas, sendo que
muitas características dos pacientes com transtorno alimentar são resultado — e
não causa — do círculo vicioso desencadeado pela desnutrição (NUNES e col,
2001).
No contexto esportivo onde o peso é fator fundamental para se determinar
uma categoria de competição, tem-se um ambiente propício para o desenvolvimento
de determinadas atitudes alimentares, bem como o próprio olhar patológico para o
próprio corpo. Dessa forma, os achados de sobrepeso em 28,9% (26 adolescentes
40
do total de 90), embora um tanto improvável em um grupo em que a busca pelo
corpo magro parece ser mais importante, pode vir a ser fator determinante de graves
erros alimentares neste grupo estudado. Este pode ser então, um dado importante
para estudos futuros.
4.5. CONCLUSÃO
Com este estudo torna-se possível aos profissionais da saúde a elaboração
de medidas preventivas relacionadas à saúde do adolescente assim como indica os
caminhos na busca de intervenções mais adequadas ao processo que leva ao
surgimento dos distúrbios alimentares.
Os distúrbios alimentares, por serem transtornos que causam sérios danos à
saúde e apresentarem um curso progressivo e de tratamento difícil, reclamam o
desenvolvimento de mecanismos para avaliar sua ocorrência, preferencialmente em
suas fases iniciais, possibilitando intervenções satisfatórias, de forma a orientar a
família na identificação de comportamentos indicadores destas desordens.
Por fim, faz-se necessário, em virtude do aumento da incidência dos
distúrbios alimentares, que mais estudos nesta área sejam realizados, pois com os
supostos resultados encontrados, será possível a elaboração de intervenções, com
o intuito de prevenir sua ocorrência em adolescentes expostos a riscos.
Desta forma, este ensaio permitiu revelar, pois, uma freqüência expressiva da
prática de comportamentos alimentares inadequados (EAT-26 positivo em 16,6%
das adolescentes), especialmente das faixas de percentual de gordura fora da
normalidade, abaixo de 16% ou acima de 25%. Conclui-se, então, que a avaliação
41
nutricional associada ao EAT-26 é importante instrumento para rastrear os distúrbios
de comportamento alimentar no grupo estudado, sendo então critérios concordantes
nesta avaliação, já que conforme a tabela 3 pode-se identificar tais relações.
42
4.6. REFERÊNCIAS
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alimentar. 2001. Tese (Doutorado). Curso de Pós Graduação Interunidades em
Nutrição Humana Aplicada, 2001.
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transtornos alimentares. Rev Psiq Clín, 2002; 29:4-13.
BORGES, N. J. B. G.; SICCHIERI, J.M.F.; RIBEIRO, R.P.P.; MARCHINI, J.S.;
SANTOS, J.E. dos. Transtornos Alimentares – Quadro Clínico. Medicina. Ribeirão
Preto, 39 (3): 340-8, jul-set. 2006.
CORDÁS et al. Imagem corporal nos transtornos alimentares. Revista de
Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 31, n. 4, p.164-166, 2004.
FREITAS, S.; GORENSTEIN, C.; APOLINNÁRIO, J.C. Instrumentos para avaliação
dos transtornos alimentares. Rev.. Bras. Psiquiatr, v. 24, supl.III, p. 34-38, 2002.
GABRIELLE E. V. S.; DAPHNE, V. H.; AAD I. M. B.; ; ERIC F. V. F. and HANS W. H.
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GARNER, D.M., GARFINKEL, P.E. The eating attitudes test: an index of symptoms
of anorexia nervosa. Psychol Med 1979; 9: 273-9.
43
HABERMAS, T. - The Psychiatric History of Anorexia Nervosa and Bulimia Nervosa:
Weight Concerns and Bulimic Symptoms in early case Reports. Int J Eat Disord 8:
259-73, 1989.
HO, T. F.; TAI, B. C.; LEE, E. L.; CHENG, S.; LIOW, P. H. Prevalence and profile of
females at risk of eating disorders in Singapore. Singapore Med J, 2006; 47(6): 499
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LOHMAN, T. G. Applicability of body composition techniques and constants for
children and youth. Journal of Physical Education, Recreation and Dance, v.58,
n.9, p.98-102, 1986.
NUNES, M. A, BAGATINI LF, ABUCHAIM ALG. O teste de atitudes alimentares
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NUNES, M. A; OLINTO, M. T; BARROS, F.C; CAMEY, S. Influência da percepção do
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Revista Brasileira de Psiquiatria, 2001, v.23, n.1.p.21-27.
OLIVEIRA, F. P.; BOSI, M. L. M.; VIGÁRIO, P. S.; et al. Comportamento alimentar e
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Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, v.9, n. 6, 2003.
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SUNDGOT-BORGEN J. Prevalence of eating disorders in elite female athletes. Int J
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44
VASCONCELOS, F. A. G. Avaliação nutricional de coletividades. Florianópolis,
4.ed.rev.,ampl. e mod. Ed. Da UFSC, 2007.
45
4. ARTIGO 2
Repercussões físicas e nutricionais decorrentes de erros
alimentares crônicos em adolescentes do sexo feminino
praticantes de balé
Physical and Nutritional Impact from alterations in the feeding patterns in Ballet
Practicing Teenagers.
1) Titulo Abreviado: Repercussões físicas e nutricionais em praticantes de balé do
sexo feminino.
2) Autores
Ana C. M. Girão, mestranda em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza
Email: [email protected]
Possui cadastro na Plataforma Lattes do CNPq
(http://lattes.cnpq.br/8576446732393081)
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(2000)
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Possui cadastro na Plataforma Lattes do CNPq
(http://lattes.cnpq.br/7505856827379763)
3) Contribuição especifica de cada autor para o estudo
1. Coleta, tabulação, análise e escrito de manuscrito.
2. Análise dos dados, escrita de manuscrito, correções finais.
4) Autor responsável pela correspondência
Carlos Antônio Bruno da Silva
Universidade de Fortaleza, Diretoria do Centro de Ciências da Saúde, Núcleo de
Pesquisa do CCS
Av. Washington Soares, 1321- Bloco c - Sala C07 - Edson Queiroz - 60811-905
46
Fortaleza, CE - Brasil - Caixa-Postal: 1258
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4) Autor responsável pelos contatos pré-publicação
Carlos Antônio Bruno da Silva
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Telefone: (85) 3477 3280 Ramal: 3280 Fax: (85) 3257 5057
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5) Fonte financiadora: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (FUNCAP)
6) Contagem total de palavras do texto: 2.062 palavras
7) Contagem total de palavras do resumo: 244 palavras
8) Número de Tabelas e figuras: 2 tabelas e 1 figura
47
Repercussões físicas e nutricionais decorrentes de erros
alimentares crônicos em adolescentes do sexo feminino
praticantes de balé.
Resumo
Objetivos. Analisar as repercussões nutricionais decorrentes de erros alimentares
crônicos em adolescentes praticantes de bale. Métodos. Tratou-se de um estudo
analítico-observacional realizado no período de setembro a novembro de 2007, com
adolescentes do sexo feminino praticantes de balé, na faixa etária de dez a 19 anos,
em Fortaleza. Realizou-se um inquérito utilizando recordatório de 24 horas para
determinar o hábito alimentar, as preferências e aversões alimentares e a omissão
de refeições. A avaliação antropométrica incluindo peso, altura e dobras cutâneas
foi realizada, com cálculo de índice de massa corporal e percentual de gordura
corporal. Resultados. As adolescentes tinham média de idade de 13,8 ± 2,7anos. A
freqüência mínima de treino foi de três vezes por semana. No inquérito alimentar,
evidenciou-se ingestão de dietas hipercalóricas, hipoprotéicas e hipolipídicas. Das
90 adolescentes avaliadas, as principais aversões alimentares relatadas foram
hortaliças por 72 (81,1%) e gorduras e doces por 47 (52,2%). Do total, 53 (58,9%)
faziam até quatro refeições ao dia, 56 (62,2%) omitiam o café-da-manhã, 68 (75,6%)
omitiam o lanche da manhã e 67 (74,4%) a ceia. Dos achados antropométricos o
IMC médio encontrado foi de 20,6 ± 2,9kg/m2; já o percentual de gordura médio foi
de 20,9 ± 4,7%. Conclusões. Assim, concluiu-se que os hábitos alimentares
cronicamente assumidos pela amostra de adolescentes praticantes de balé
repercutiram num alto percentual de meninas com subnutrição (52,2%) ou
sobrepeso (28,9%). Estes dados poderão propiciar, em longo prazo, fator
48
determinante para repercussões nutricionais indesejadas, tais como: deficiência de
crescimento e desenvolvimento, alterações hormonais, dentre outros.
Palavras-chave: Adolescentes, Praticantes de balé, erros alimentares.
49
Abstract
Objectives. To analyze the nutritional repercussions arising from errors chronic food
in adolescents practicing ballet. Methods. It was an analytical, observational study
carried out from September to November 2007, with adolescent females practicing
ballet, at the age of ten to 19 years in Fortaleza. There was a survey using recall of
24 hours to determine the feeding habits, preferences and aversion and missed
meals. The anthropometric measurements including weight, height and skinfold was
performed, with calculation of body mass index and body fat percentage. Results.
The teenagers had a mean age of 13.8 ± 2.7 years. The minimum frequency of
training was three times a week. In the food survey, showed up intake of high calorie
diet, low protein diet and hipolipídicas. Of the 90 adolescents assessed, the main
food aversion vegetables were reported by 72 (81.1%) and fats and sweets for 47
(52.2%). Of the total, 53 (58.9%) were up to four meals a day, 56 (62.2%) skipped
the breakfast, 68 (75.6%) skipped the snack in the morning and 67 (74.4 %) To
supper. Anthropometric findings of the IMC found average was 20.6 ± 2.9 kg/m2,
while the average percentage of fat was 20.9 ± 4.7%. Conclusions. Thus, we
concluded that the dietary habits chronically given by the sample of teenagers
practicing ballet reflected in a high percentage of children with malnutrition (52.2%) or
overweight (28.9%). These data may provide, in time, determining factor for
nutritional unwanted effects, such as: deficiency of growth and development,
hormonal changes, among others.
Key words: Adolescents, Practitioners of ballet, errors food.
50
3.1. Introdução
A busca pela atividade física na adolescência é uma constante na sociedade atual,
porém estudos mostram que a participação de adolescentes em esportes que
enfatizam o peso corporal (balé, atletismo etc.) pode aumentar a tendência a
comportamentos de controle de peso inadequados1.
O padrão de comportamento alimentar passa a ser a ser imposto pelo meio, como
forma de adequação ao grupo. As desordens alimentares estão cada vez mais
freqüentes em grupos vulneráveis, especialmente em adolescentes praticantes de
balé. A mídia e a sociedade são muitas vezes, responsáveis por parte destas
cobranças por beleza estética e corpo magro, uma vez que a necessidade de peso
baixo significa a busca pela felicidade em alguns casos.
Alguns adolescentes não se sentem preparados para enfrentar as mudanças físicas
e psicológicas que lhes são impostas pelo crescimento físico e desenvolvimento
psicoemocional2. Muitas vezes, isolam-se e prolongam sua infância, apresentando
problemas alimentares, tais como os Transtornos Alimentares (TAs). Dentre estes, a
ingestão de alimentos pode ser um elo de prazer com o mundo e, em outros casos,
uma forma de mascarar seus sentimentos3. Além disso, é nessa fase que a oferta
correta de energia e de todos os nutrientes passa a suprir as necessidades
aumentadas em função das mudanças fisiológicas.
Em adolescentes bailarinas, é freqüente o fato de que ações realizadas com relação
ao alimento façam parte das suas decisões: busca pelo alimento, forma de
consumo, características da ingestão, divisão das alimentações nas refeições do dia,
preferências e aversões e omissão de refeições4. Assim, durante a adolescência,
51
optam por dietas inadequadas, muitas vezes autoprescritas e sem nenhum
acompanhamento profissional, o que potencializa os riscos à saúde5.
A restrição energética afeta o consumo de macronutrientes e a omissão de uma
refeição agrava este quadro6. A aversão aos carboidratos e gorduras é evidente,
enquanto o consumo de proteínas normalmente está dentro da porcentagem que
deve ser ingerida, apesar de o total ser inadequado e sua utilização comprometida
pela ingestão energética insuficiente7, 8.
Os transtornos alimentares, uma vez instalados, constituem quadros muito
resistentes ao tratamento, o que reforça a necessidade de intervenções de caráter
preventivo, voltadas, sobretudo, para os grupos de maior risco9, 1,11. O conhecimento
do perfil da alimentação de adolescentes é importante para revelar comportamentos
e hábitos sinalizadores de um dos principais sintomas da anorexia nervosa, que é a
restrição alimentar. Pode-se, pois, intervir com medidas preventivas em todos os
locais de ensino (escolas, academias etc.), por meio de educação nutricional,
promovendo mudanças nos conceitos e associações incorretas entre alimentos e
peso12.
Fatores relacionados à gordura corporal, especialmente em indivíduos eutróficos ou
até com baixo peso, ainda são um tópico de muito estudo. Sobretudo em
adolescentes, os trabalhos nessa área são restritos e a escassez de conhecimento
dificulta intervenções corretas, entre elas as modificações de conduta alimentar e
nutricional13.
52
Assim sendo, este trabalho teve como objetivo avaliar as repercussões físicas e
nutricionais decorrentes de erros alimentares crônicos em adolescentes praticantes
de balé.
3.2. Métodos
O estudo foi do tipo observacional, realizado no período de setembro a novembro de
2007, em um grupo de adolescentes do sexo feminino, na faixa etária de dez a 19
anos, na cidade de Fortaleza, Ceará. A população da pesquisa compreendeu 90
adolescentes praticantes de balé. O grupo efetivamente estudado foi dividido em
faixas etárias de três anos.
As características do padrão alimentar foram obtidas por meio de entrevista, tendo
sido avaliados os seguintes aspectos: número de refeições realizadas e omissão de
alguma das principais (desjejum, almoço e jantar) durante a semana; mudanças de
hábito alimentar nos últimos três dias, considerando-se o fracionamento da dieta e a
ingestão dos grupos de alimentos da Pirâmide Alimentar14. Dessa forma para avaliar
o comportamento alimentar das adolescentes praticantes de balé, foi aplicado o
recordatório alimentar das últimas 24 horas, contendo as principais mudanças
alimentares dos últimos três dias e a omissão das principais refeições do dia. Foi
utilizada a pirâmide alimentar de PHILLIP et al (1999) como critério de análise de
adequação dos principais grupos alimentares (grãos e massas, frutas, verduras e
hortaliças, carnes e ovos, óleos e gorduras, açúcares).
O percentual de gordura (%GC) foi obtido pelo somatório de duas pregas cutâneas
(tricipital e subescapular), utilizando o adipômetro validado cientificamente (Cescorf
53
Científic), sendo que cada das dobras cutâneas foi verificada três vezes,
trabalhando-se com a média dos valores. A análise dói feita utilizando-se o protocolo
para adolescentes proposto por Slaughter et al (1988). Foi considerado percentual
de gordura normal para as meninas a faixa de normalidade de 16 a 25% (Lohman,
1987). Valores abaixo destes eram indicativos de subnutrição e acima de um
possível excesso de gordura corporal ou até mesmo de peso.
As repercussões físicas foram analisadas através da avaliação nutricional e
antropométrica das adolescentes, sendo aferidos: peso, altura e dobras cutâneas
(tricipital e subescapular) e circunferência do braço. Os dados foram utilizados para
avaliação do percentual de gordura, assim como a massa magra. Foram
classificadas as adolescentes em eutróficas (normalidade de peso para altura e
idade e gordura corporal adequada), subnutrição (peso insuficiente para altura e
idade e gordura corporal abaixo da média) e sobrepeso (peso acima do esperado
para altura e percentual de gordura acima do esperado para idade). Quando
encontrado peso adequado para altura e percentual de gordura fora da normalidade
utilizou-se o IMC como critério mais relevante.
Os inquéritos foram submetidos pelos autores para a verificação da consistência das
informações. Por fim, os dados foram organizados, dispostos no programa SPSS,
versão 13.0, e submetidos à análise estatística descritiva, considerando valores
absolutos e valores percentuais.
A participação dos adolescentes nessa pesquisa foi espontânea, após terem sido
esclarecidos sobre seus objetivos. Todos os princípios bioéticos previstos na
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, fundamentais do respeito ao
indivíduo (Autonomia), da Beneficência (incluindo a não maleficência) e da Justiça
54
foram respeitados. Os pais e/ou responsáveis legais, assim como a academia,
assinaram termo de consentimento para a utilização dos dados, exclusivamente
para fins científicos. Foram empregados com respeito, probidade e decoro,
obedecendo aos preceitos da ética profissional, da moral, do civismo e das leis em
vigor. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de
Fortaleza sob número: 07 – 148.
3.3. Resultados
A amostra estudada foi composta por 90 adolescentes do sexo feminino praticantes
de balé, com idade média de 13,8 anos ± 2,7anos.
Na Tabela 1 verifica-se que todas as adolescentes tinham aversão a algum tipo de
alimento. Em 81,1% das entrevistadas encontramos uma rejeição pelo grupo
alimentar das hortaliças. As frutas eram rejeitadas por cerca de metade das
entrevistadas, perfazendo 54,4% do total. Por outro lado, o grupo de leite e
derivados, tinha uma rejeição de apenas 21,1%, semelhantemente ao grupo das
carnes e ovos com apenas 18,9% de rejeição e finalmente o de cereal, apenas
22,2% de aversão. Quanto ao grupo das gorduras e doces temos 52,2% de aversão
encontrada. Esses resultados, oriundos de um questionário acerca do consumo dos
grupos de alimentos, chamaram a atenção, pois demonstram falhas importantes na
alimentação dos adolescentes, como baixa ingestão de fontes de vitaminas,
minerais e fibras e consumo acentuado de açúcares e gorduras.
55
Tabela 1 – Principais aversões alimentares encontradas no grupo estudado
Rejeitam algum alimento N %
Hortaliças 73 81,1
Gorduras/doces 47 52,2
Carnes/Ovos 17 18,9
Leite e derivados 19 21,1
Frutas 49 54,4
Cereais 20 22,2
Fonte: pesquisa direta
Além disso, e de acordo com o resultado encontrado no recordatório de 24 horas,
observamos que, em relação ao número de refeições realizadas ao dia, 58,9% das
adolescentes entrevistadas omitiam uma ou mais das refeições principais, e os
restantes 41,1% realizavam mais que quatro refeições ao dia. A mediana do número
de refeições diárias realizadas pelos adolescentes foi quatro, valor médio
encontrado.
Já no que se refere à omissão de refeições ao longo do dia, pode-se observar
(Gráfico 1) que também existe um comprometimento relevante da refeição desjejum,
colação e ceia, o que poderá vir a ser fator determinante para o fornecimento do
aporte de nutrientes necessário ao pleno desenvolvimento desta fase tão importante:
a adolescência.
56
Gráfico 1 – Distribuição das adolescentes de acordo com a refeição
omitida durante o dia. Fortaleza, 2007. Fonte: elaboração própria.
Observou-se que existiu omissão associada do desjejum e do lanche da manhã para
a maior parte das adolescentes estudas (56 e 68 adolescentes, respectivamente),
que relataram acordar sem apetite (anorexia matinal). A ceia também foi uma das
refeições omitida, fato ocorrido em 67 meninas. Neste caso, por ser uma refeição
realizada antes de dormir, foi justificada pelas alunas pelo estado de exaustão em
que chegavam em casa.
Em relação às alterações de padrão alimentar do final de semana, conforme
relatado pelas adolescentes, também foi encontrada uma diminuição considerável
no número de refeições, possivelmente em virtude do horário em que acordam e das
56
68
19
34
47
67
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Desj Col Alm Lan Jant Ceia
Refeição Omissão (n)
57
atividades extraordinárias que praticam nestes dias (passeios com amigas, visita a
casa de familiares etc.).
Já no que se refere ao hábito alimentar dos últimos três dias, não foram observdas
grandes alterações em relação ao dia-a-dia, fato este intimamente relacionado à
rotina da prática de atividade física e alimentação.
Os dados referentes à composição corporal de toda a amostra encontram-se
descritos na Tabela 2, onde se observa a distribuição por idade do resumo geral do
estado nutricional destas adolescentes.
Tabela 2 – Distribuição das adolescentes estudadas em relação ao estado
nutricional conforme idade, peso e gordura corporal
Variáveis Eutrofia Subnutrição Sobrepeso
De 10 a 13 anos 10 (11,1%) 15 (16,7%) 15 ( 16,7%)
Entre 13,1 e 16 anos 5 (5,6%) 23 (25,5%) 5 (5,5%)
Entre 16,1 e 19 anos 2 (2,2%) 9 (10,0%) 6 (6,5%)
TOTAL 17 (18,9%) 47 (52,2%) 26 (28,9%)
Fonte: pesquisa direta
Nas análises da associação entre estado nutricional e composição corporal, as
adolescentes, quanto à categorização do estado nutricional, foram reunidas em três
grupos: eutrofia, subnutrição e sobrepeso. Observou-se que a maior parte das
adolescentes apresentou baixo peso (52,2%) ou sobrepeso (28,9%), o que pode ter
58
uma associação significativa com menor desempenho atlético. Já as adolescentes
eutróficas (18,9%) são provavelmente as que mais possuem certa adequação nos
hábitos alimentares.
A média encontrada do percentual de gordura das adolescentes foi de 20,9%,
entretanto, com um grande intervalo de variação 8,6 a 41,8%. O que é considerado
percentual de gordura fora da faixa de normalidade (normalidade: 16 a 25%,
segundo Lohman, 1987). Valores abaixo destes eram indicativos de subnutrição e
acima de um possível excesso de gordura corporal ou até mesmo de peso.
Ressaltamos aqui um elevado número de adolescentes com sobrepeso (28,9%)
fator não comum num grupo de praticantes de balé.
No que se refere às repercussões físicas decorrentes dos erros alimentares crônicos
das adolescentes estudadas, notou-se que apenas 17 (18,9% da população)
apresentaram peso adequado e percentual de gordura dentro dos parâmetros de
normalidade, o que leva a se concluir que formas de controle de peso e/ou de
restrições alimentares eram uma constante na vida destas adolescentes.
3.4. DISCUSSÃO
Os hábitos alimentares das adolescentes constituem o ponto-chave de análise
nutricional, já que interferem diretamente na composição corporal da população
estudada, de forma que o excesso ou deficiência de gordura e/ou massa magra
torna-se muito relevante no crescimento e desenvolvimento pôndero-estatural das
adolescentes. Assim, observou-se que a maior parte das meninas apresentou
estado de subnutrição (52,2%). Fator não muito comentando, mais de igual
59
importância é o fato de termos encontrado um grande número de adolescentes
praticantes de balé neste grupo com sobrepeso (26 adolescentes das 90). Esses
dados podem ser sugestivos de graves erros alimentares no grupo estudado.
A Pirâmide Alimentar do adolescente praticante de atividade física, apesar de não
muito específica, torna-se importante ferramenta de comparação para avaliar o
consumo de macro e micronutrientes da população estudada. Sobre esse aspecto
cumpre mencionar a participação precária dos alimentos reguladores (frutas e
verduras), assim como uma ingestão nem sempre adequada de carboidratos ao
longo do dia, nutrientes importantíssimos para o desempenho atlético15.
Considerando-se as variações intra-individuais no hábito alimentar características
desse grupo etário, bem como o próprio início da adolescência, um marco de
mudanças no comportamento, concluiu-se que as variações oriundas do ingresso na
adolescência ou relacionadas a oscilações comportamentais próprias da fase
repercutiram em deficiências de ingestão alimentar adequada, agravando-se pelo
fato de serem adolescentes praticantes de atividade física – o balé15. Os resultados
mostrados confirmam o quanto é comum essas alterações.
Em relação ao número de refeições realizadas pelas adolescentes torna-se
importante mencionar que a redução e/ou omissão da ingestão de alimentos
calóricos e gordurosos, que, em muitos casos, seria encarada como atitude
saudável, na fase da adolescência, torna-se uma preocupação mórbida, revelando-
se como um fator de risco para as desordens alimentares nestes adolescentes. Um
decréscimo considerável na ingestão de alimentos compromete a aquisição
60
metabólica e energética adequada, podendo alterar significativamente o estado
nutricional.
A má nutrição é um problema global. Conseqüências sérias à saúde podem advir
desses erros alimentares crônicos, especialmente quando há diminuição da
adiposidade corporal, o que acarreta mais utilização das proteínas corporais para
produzir energia em situações de estresse (jejum prolongado, exercício extremo e
inadequação alimentar)16.
Os resultados acerca das modificações alimentares nos finais de semana permitem
supor o desbalanceamento da dieta nesses dias, condição que, se periodicamente
repetida, potencializará os riscos nutricionais do grupo. Nesse sentido, deve-se
buscar opção de se incluir vegetais nas preparações típicas de final de semana e
incentivar hábitos corretos verificados, como o aumento no consumo de frutas.
Os efeitos metabólicos conseqüentes dos erros alimentares crônicos trazem sérias
complicações, que variam em um grau de depleção protéica, de deficiências nos
níveis de vitaminas e sais minerais, de desequilíbrio do balanço hidroeletrolítico e,
essencialmente, do grau de desnutrição resultante de uma dieta inadequada e
carente de energia. Além disso, o organismo em estado de inanição em resposta
aos erros alimentares passa por várias adaptações metabólicas como forma de
prevenir a quebra da proteína muscular, o que algumas vezes pode aumentar a
probabilidade de lipogênese reativa.
61
Apesar da aparente preocupação com o controle do peso, algumas adolescentes
estão sob risco nutricional, em virtude dos importantes erros alimentares
apresentados, os quais podem comprometer seu crescimento e desenvolvimento,
bem como sua saúde atual e futura.
Quando se pensa nessa fase tão importante, a adolescência, quando a oferta
correta de energia e de nutrientes passa a suprir as necessidades aumentadas em
função das mudanças fisiológicas, vê-se a importância de mais estudos acerca do
assunto. A realização de dietas inadequadas, muitas vezes autoprescritas e sem
nenhum acompanhamento profissional, potencializa os riscos à saúde para este
grupo tão vulnerável.
Assim, com base nos dados, obtidos, concluiu-se que os hábitos alimentares
cronicamente assumidos pela amostra de bailarinas estudada podem ter repercutido
numa elevada prevalência de subnutrição. Estes indicadores poderão propiciar, em
longo prazo, fator determinante para repercussões nutricionais indesejadas, tais
como: deficiência de crescimento e desenvolvimento, alterações hormonais, dentre
outros.
62
3.5. REFERÊNCIAS
1) Sherwood NE, Neumark-Sztainer D, Story M, Beuhring T, Resnick MD. Weight-
related sports involvement in girls: Who is at risk for disordered eating? Am J Health
Promot. 2002;16:341-344.
2) Bosi MLM, Andrade AC. Culto à magreza. Cadernos de Saúde Coletiva. 2004; 12
(2): 197-202.
3) Bernardi F, Cichelero C, Vitolo MR. Comportamentos de restrição alimentar e
obesidade. Rev. Nutr. Campinas. 2005; 18(1): 85-93.
4) Pizon V, Nogueira FC. Epidemiologia, curso e evolução dos transtornos
alimentares. Rev Psiq Clin. 2004; 7;31 (4); 158-60.
5) Vieira VCR, Priori SE, Ribeiro SMR. Franceschini SCC. Alterações no padrão
alimentar de adolescentes com adequação pôndero-estatural e elevado percentual
de gordura corporal. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. 2005; 5(1):93-102.
6) Silva CGC, Araújo EC, Cavalcanti AMTS. Riscos e fatores de risco para os
transtornos alimentares em adolescentes do gênero feminino. Rev Enferm UFPE On
Line. 2007; 1(2):89-96.
7) Dunker, Karin Louise Lenz and PHILIPPI, Sonia Tucunduva. Hábitos e
comportamentos alimentares de adolescentes com sintomas de anorexia nervosa.
Rev Nutr. 2003; 16(1): 51-60
63
8) Cavadini C. Hábitos alimentares durante a adolescência: contribuição dos
lanches. A alimentação da idade pré-escolar até a adolescência. In: Seminário
Nestlé Nutrition, 37, 1995, Madri, Resumos. Madri, 1995; p. 14-16.
9) Andrade A, Bosi MLM. Mídia e Subjetividade: impacto no comportamento
feminino. Rev Nutr. 2003; 16(1): 117-125.
10) Morgan CM, Vechiatti IR, Negrão AB. Etiologia dos transtornos alimentares:
aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Rev Bras Psiquiatr. 2002; 24
Suppl 3:18-23.
11) Vilela JEM, Lamounier JA, Dellaretti Filho MA, Barros Neto JR, Horta GM.
Transtornos alimentares em escolares. J. Pediatr. 2004; 89(1): 49-54.
12) Nunes MA, Olinto MTA, Barros FC, Camey S. Influência da percepção do peso e
do índice de massa corporal nos comportamentos alimentares anormais. Rev Bras
Psiquiatr. 2001; 23(1): 21-27.
13) Melin P, Araújo AM. Transtornos alimentares em homens: um desafio
diagnóstico. Rev Bras Psiquiatr. 2002; 24(3): 73-6.
14) Philippi ST, Latterza AR, Cruz, ATR, Ribeiro LC. Pirâmide alimentar adaptada:
guia para a escolha dos alimentos. Rev Nutr. 1999; 12(3):65-80.
15) Bosi MLM, Luiz RR, Morgado CMC, Costa MLS, Carvalho RJ. Autopercepção da
Imagem Corporal entre estudantes de nutrição: um estudo no município do Rio de
Janeiro. J. Bras Psiquiatr, 2006; 55 (2): 108-113.
64
16) Hay PJ. Epidemiologia dos Transtornos Alimentares: estado atual e
desenvolvimentos futuros. Rev Bras de Psiquiatr. 2002; (Supl, III): 13-7.
65
5. CONSIDERAÇÕES REFLEXIVAS
A alimentação equilibrada e balanceada é um dos fatores fundamentais para
o bom desenvolvimento físico, psíquico e social das crianças e adolescentes. A
alimentação de todos os indivíduos, independentemente da faixa etária, deve
obedecer as “Leis da Nutrição” conforme consta na pirâmide alimentar. Segundo
essas leis, devem-se observar a qualidade e a quantidade dos alimentos nas
refeições e, além disso, a harmonia entre eles e sua adequação nutricional. Uma
alimentação que não cumpre essas leis pode resultar, por exemplo, em aumento ou
diminuição de peso e deficiências ou excesso de vitaminas e minerais (PHILIPPI et
al. 1999).
Do conjunto de temas que podem compor esse ambiente promotor, a
alimentação tem papel de destaque, pois permite que a criança e o adolescente
aprendam com suas experiências particulares e exercite uma experiência concreta
no futuro. A formação e a adoção dos hábitos saudáveis devem ser estimuladas na
infância, já é são durante os primeiros anos de vida que são formados os hábitos.
As crianças, a partir da idade escolar, começam a exercer uma autonomia
crescente para decidir o que querem comer. Essa autonomia, se não estimulada em
um ambiente saudável, pode ser um dos fatores responsáveis pelo aumento
considerável dos casos de distúrbios alimentares. Especialmente quando
consideramos o papel que a mídia exerce sobre os hábitos alimentares de crianças
e adolescentes. É estimulado, de forma equivocada, para esses grupos, que a
alimentação deve ser composta de alimentos rápidos de preparar e fáceis de comer,
como sanduíches, chocolates e refrigerantes.
66
Outro ponto relevante consiste no fato de que as crianças se sentem
pressionadas a comer os mesmos alimentos que os seus colegas ingerem. Esse
fato assume grande importância para aquelas que levam os seus lanches para a
escola, já que este momento é um evento social e o prazer de lanchar é associado à
competição e comparação.
Os adolescentes, em especial aqueles cujas atividades envolvem relação
pessoal com a beleza física, utilizam-se de meios diversos para divulgar e
compartilhar suas obsessões pelo corpo perfeito, defendendo a prática de hábitos
alimentares prejudiciais à saúde como estilo de vida a ser adotado, sendo os meios
mais comuns para tal manifestação os diários virtuais conhecidos como blogs e as
comunidades de rede social virtual (orkut), onde aprendem a como enganar os pais,
como induzir os vômitos e quais os melhores medicamentos e técnicas para
emagrecer.
No âmbito da saúde coletiva, além da presença marcante, na sociedade, dos
distúrbios de comportamento alimentar, ressalta-se a existência de síndromes
parciais – episódios de compulsão, atividade física excessiva e comportamentos
compensatórios de vômito, dentre outros os quais devem constituir foco de atenção
às ações, uma vez que suas prevalências são bem superiores às patologias
instaladas. A diversidade e a gravidade destes sintomas, relacionados às diferentes
modalidades dos distúrbios alimentares associados à ausência de intervenções
preventivas e a quase inexistência de serviços especializados no manejo
interdisciplinar ensejam demandas importantes no cotidiano dos serviços de saúde,
acarretando, sobretudo, uma duplicação de atendimentos, abandono de tratamento
e cronificação dos agravos (BOSI e ANDRADE, 2004).
67
Infelizmente, as complicações clínicas dos transtornos alimentares são
muitas. Além dos distúrbios alimentares propriamente ditos, tem-se uma obsessão
pela forma física e, por conseguinte, uma relação doentia por comida. Vive-se
exclusivamente em função da dieta, da comida, do peso e da forma corporal,
restringindo seu campo de interesse e isolando-se gradativamente.
No caso da anorexia nervosa (muito presente em adolescentes praticantes de
balé), em que a desnutrição fica muitas vezes evidente, destaca-se ainda como
limitação do trabalho a avaliação de sinais clínicos como: interrupção do ciclo
menstrual, atraso ou retardo no desenvolvimento puberal, constipação
gastrintestinal, cáries dentárias, pele fria e pálida, queda de cabelo, calosidade de
dedos e mãos, desnutrição, parada cardíaca e morte. Já na bulimia nervosa,
também podem estar presentes alguns destes sintomas, com exceção dos que têm
relação direta com baixa ingestão calórica ou desnutrição, mas se evidenciam
alterações relacionadas ao distúrbio hidroeletrolítico (APOLINÁRIO e CLAUDINO,
2000).
A hipótese inicial desta pesquisa é que algumas pessoas são predispostas a
desenvolverem distúrbios da alimentação, em especial, aqueles grupos em que o
sonho de infância ou a própria carreira profissional impõe isso: modelos, atrizes,
bailarinas etc. Dessa forma, o diagnóstico precoce pode contribuir para a
minimização dos possíveis agravos à saúde, especialmente quando se lembra que
estes distúrbios estão se tornando uma questão de saúde pública, pelo aumento da
prevalência, crescimento da mortalidade e aumento de custos no serviço público,
cabendo aos profissionais da área seu diagnóstico, cuidado e tratamento.
68
Retomando o projeto de pesquisa inicial VULNERALIDADE DOS
TRANSTORNOS ALIMENTARES ANOREXIA E BULIMIA NERVOSA - CRITÉRIOS
DE PREVENÇÃO - não se imaginava a complexidade que seria trabalhar a
vulnerabilidade e os critérios de prevenção dos transtornos alimentares nessas
adolescentes, Assim, adaptações tiveram que ser feitas para a plena execução da
pesquisa. Por outro lado, em relação à prevenção, a realização de oficinas de
aconselhamento nutricional, constituiu um pilar de sustentação para pesquisas
futuras.
Algumas limitações iniciais dizem respeito: a demora dos pais na devolução
da carta-convite e o termo de consentimento livre e esclarecido; a dificuldade de
reunir o maior número possível de adolescentes na fase inicial acerca dos
esclarecimentos e explicações sobre a pesquisa.
Para superar alguns dos obstáculos durante a realização da pesquisa,
aumentou-se o número de reuniões e encontros, de forma a se direcionar a coleta
de informações - avaliação antropométrica, aplicação do EAT-26 e demais
procedimentos operacionais. Quanto aos aspectos metodológicos, as poucas
dificuldades em relação a todas as etapas da pesquisa foram superadas com
aplicação de testes iniciais.
Vale a pena ressaltar que a incidência dos distúrbios alimentares na
adolescência, especialmente no sexo feminino, vem aumentando e, por isso, ações
preventivas devem merecer a atenção de pais, educadores e profissionais de saúde.
Nesse mesmo âmbito, urge impactar a sociedade moderna da necessidade de uma
conscientização alimentar deste a primeira infância, já que, na fase adolescente, em
parte os hábitos alimentares, errados ou não, já foram realizados. Assim, em uma
69
perspectiva positiva, pensa-se que a identificação precoce dos distúrbios da
alimentação em adolescentes praticantes de balé (o grupo de risco estudado)
impede as graves conseqüências dos distúrbios de comportamento alimentar tão
presentes nessa fase da vida.
Em se falando de originalidade, pode-se referir a este trabalho como inovador
em uma sociedade em que a busca pelo ideal, refletido em um corpo magro e
esbelto se torna cada vez mais evidente. Dessa forma, espera-se contribuir, de
forma esclarecedora, para que se imprima cada vez mais atenção aos hábitos e
comportamentos alimentares destes adolescentes.
Orientar os pais, então, é também uma das propostas desse estudo, mediante
a ampliação do número de adolescentes informados sobre a necessidade dos
cuidados com a alimentação e a abertura da mente dos pais acerca da importância
do diagnóstico precoce dos distúrbios do comportamento alimentar dos seus filhos e
da determinação de parâmetros de acompanhamento e trabalho destes distúrbios.
Assim esclarecer os pais e facilitar a identificação de possíveis problemas
nutricionais de crescimento e desenvolvimento tornou-se relevante em nosso
estudo.
Nota-se um valioso enriquecimento científico, mesmo depois de tantas
batalhas para a realização do projeto, haja em vista a sempre disponibilidade dos
professores e mestres, o que conduziu ao amadurecimento profissional e científico
de quem realizou o estudo. Isso tudo foi muito importante em todas as etapas do
processo de formação do meu conhecimento científico da autora, mas, em especial
na fase inicial quando a hipótese principal precisava ser decidida: o comportamento
alimentar de adolescentes praticantes de balé está coerente com a prática desta
70
atividade física? Existe necessidade de uma nutrição equilibrada para que haja
consolidação de hábitos saudáveis na idade adulta?
Para concluirmos a dissertação, relembra-se aos pais e profissionais
envolvidos o fato de que compreender a vida emocional e social destas
adolescentes é levar em conta que elas estão envolvidas em contextos histórico-
sociais de culturas diversas e vivas, cujas noções sobre educação alimentar estão
distorcidas. O sonho de ser bailarina ainda é forte e evidente, e a busca pelo corpo
belo e perfeito (magérrimo para elas) impõe uma sociedade mais ampla de
sentimento de abandono e de questionamentos acerca da qualidade desta educação
de que as pessoas se queixam.
Assim, em razão da gravidade dos distúrbios alimentares, seria louvável que
programas preventivos fossem estruturados, de modo que a identificação precoce
de transtornos do comportamento alimentar fosse atingida por meio de ações
planejadas de maneira mais consistente. Sendo assim, desde já, esta autora se põe
à disposição para a sociedade como um todo, como também para Graduação do
Curso de Nutrição da Universidade de Fortaleza.
71
6. REFERÊNCIAS
ANDRADE A.C., BOSI M.L.M. Mídia e Subjetividade: impacto no comportamento
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74
5. APÊNDICE
APÊNDICE A
Avaliação Nutricional 2008 Data ________________ Hora _________
Dados Gerais:
Nome: DN.:
Nome Mãe ou Responsável:
Tempo de Dança:
Freqüência Alimentar
Grupo Alimento 1x 2x 3x 4x Diário Observações
Carnes e Ovos
Frutas
Leite e Derivados
Legumes/Verduras
Cereais
Doces
Balas e bombons
Refrigerante
Indicadores Av. Inicial Av. Final Média Obs. Altura Peso IMC % de Gordura Pulso (cm) P. Braço (cm) Dobra Triciptal (mm) Dobra Subescapular (mm)
75
APÊNDICE B – Carta aos Pais
Carta aos pais, solicitando a participação de seu filho (a) nesta pesquisa.
Sou nutricionista e aluna do mestrado em Saúde Coletiva, da Universidade de
Fortaleza (Unifor) e estou desenvolvendo o projeto de pesquisa: DISTÚRBIOS
ALIMENTARES EM ADOLESCENTES BAILARINAS E SUAS REPERCUSSÕES
NUTRICIONAIS.
Seu filho (a) foi sorteado (a) para participar desta pesquisa, que consiste na
aplicação de um questionário que irá avaliar hábitos e atitudes do comportamento
alimentar, além da medida de peso, altura e outras medidas antropométricas.
Comprometo-me que todas as informações serão sigilosas, bem como a
identificação dos clientes não será permitida, e apenas usada nesta pesquisa.
Por isso, venho solicitar a sua permissão por meio da assinatura do termo de
permissão em anexo, que deverá ser assinada e devolvida na data combinada.
Grata pela atenção
Cecília Girão
76
APÊNDICE C – Termo de Consentimento
Eu, Ana Cecília Maia Girão, nutricionista e aluna do Mestrado em Saúde
Coletiva, da Universidade de Fortaleza (Unifor) sob a orientação do Prof. Carlos
Antonio Bruno da Silva, e estou desenvolvendo o projeto de pesquisa:
DISTÚRBIOS ALIMENTARES EM ADOLESCENTES BAILARINAS E SUAS
REPERCUSSÕES NUTRICIONAIS.
Para que esta pesquisa seja feita, é necessário que o senhor (a) permita que
seu filho (a) participe de uma entrevista que será realizada e esclarecida por mim,
onde serão respondidas questões sobre atitudes comportamentos alimentares.
Asseguramos serão seguidos os preceitos éticos que todas as informações serão
mantidas em sigilo, sendo utilizadas nesta pesquisa. Os resultados desta pesquisa
poderão ser publicados e apresentados com objetivo científico, mas sem a
identificação de seus participantes.
Seu filho (a) receberá esclarecimentos antes e durante o percurso da
pesquisa, podendo realizar questionamentos a qualquer momento (a respeito da
pesquisa e sua participação). Terá ainda direto, de a qualquer momento, se recusar
a participar da mesma, sem penalização ou prejuízo algum. Seguindo estes mesmos
critérios éticos, e para maiores informações, solicitamos a gentileza de que o senhor
(a) responda a um formulário.
Seu (sua ) filho (a) terá como procedimento o preenchimento do questionário
EAT-26 e será pesado (a) e medido (a) além de aferidas algumas gorduras corporais
como parâmetros para avaliação do estado nutricional do (a) mesmo (a). Não haverá
qualquer risco durante a execução da pesquisa.
Caso necessite de mais esclarecimentos, entrar em contato com o pesquisador
responsável no endereço:
Carlos Antonio Bruno da Silva e Ana Cecília Girão
End.: Av. Washington Soares, 1321 – Aldeota – Fortaleza - CE
Telefone: (85) 34773204
77
Gostaria de ressaltar que a participação de seu filho (a) é de extrema importância
para esta pesquisa.
Se houver dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com:
Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFOR - [email protected]
End.: Av. Washington Soares, 1321 – CEP 60.811-341 – Fortaleza - CE
Desta forma e na ciência das informações acima:
Eu __________________________________________________, responsável
por _______________________________________________, autorizo-o (a) a
participar desta pesquisa, sendo a sua participação inteiramente voluntária e que
está livre para em qualquer fase da pesquisa, se recusar a participar da mesma,
sem que haja nenhuma penalização ou prejuízo ao seu cuidado. Assino este termo,
nesta presente data:
NOME: ______________________________________________________
Assinatura: ___________________________________________________
Data: ____________
Telefone contato: (85) 3477-3204.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Desta forma e na ciência das informações acima:
Eu _______________________________________________, responsável por
_______________________________________________, autorizo-o (a) a
participar desta pesquisa, sendo a sua participação inteiramente voluntária e que
está livre para em qualquer fase da pesquisa, se recusar a participar da mesma,
sem que haja nenhuma penalização ou prejuízo ao seu cuidado. Assino este termo,
nesta presente data:
NOME: ______________________________________________________
Assinatura: ___________________________________________________
Data: ____________
Telefone contato: (85) 3477-3204.
78
ANEXO A TESTE DE ATITUDES ALIMENTARES (EAT – 26) – Versão Português
Por favor, responda as seguintes questões 1 2 3 4 5 6
1. Fico apavorada com a idéia de estar engordando
2. Evito comer quando estou com fome
3. Sinto-me preocupada com os alimentos
4. Continuar a comer em exagero faz com que eu me
sinta que não sou capaz de parar
5. Corto os meus alimentos em pequenos pedaços
6. Presto atenção a quantidade de calorias dos
alimentos que eu como
7. Evito, particularmente, os alimentos ricos em
carboidratos (ex.: pão, arroz, batata, etc.)
8. Sinto que os outros gostariam que eu comesse mais
9. Vomito depois de comer
10. Sinto-me extremamente culpada depois de comer
11. Preocupo-me com o desejo de ser mais magra
12. Penso em queimar calorias a mais quando me
exercito
13. As pessoas me acham muito magra
14. Preocupo-me com a idéia de haver gordura em meu
corpo
15. Demoro mais tempo para fazer minhas refeições
que as outras pessoas
16. Evito comer alimentos que contenham açúcar
17. Costumo comer alimentos dietéticos
18. Sinto que os alimentos controlam minha vida
19. Demonstro auto-controle diante dos alimentos
20. Sinto que os outros me pressionam a comer
21. Passo muito tempo pensando em comer
22. Sinto desconforto após comer doces
23. Faço regimes para emagrecer
24. Gosto de sentir meu estômago vazio
25. Gosto de experimentar alimentos ricos em calorias
26. Sinto vontade de vomitar após as refeições
* 1. Sempre; 2. Muitas vezes; 3. As vezes; 4. Poucas vezes; 5. Quase nunca e 6. Nunca
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