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  • Energia Escura e Matria Escura

    A Energia Escura est comendo a Matria Escura?

    Aproveite enquanto tempo: o espao pode se tornar mais

    vazio. Crdito da Imagem: NASA.

    Uma sugesto tentadora que a matria escura pode estar mudando lentamente para a energia

    escura foi descoberto por uma equipe de cosmlogos no Reino Unido e Itlia. Enquanto a

    natureza especfica da interao que dirige a converso no conhecida, o processo poderia

    ser responsvel pela desacelerao do crescimento das galxias e outras estruturas em larga

    escala no universo atravs dos ltimos oito bilhes de anos. Se a converso continuar no

    ritmo atual, o destino ltimo do universo como um lugar frio, escuro e vazio poderia vir

    mais cedo do que o esperado.

    Uma vez que a acelerao da expanso do universo foi descoberta em 1998, o melhor

    modelo da evoluo do universo envolve uma constante cosmolgica () - que descreve a

    expanso acelerada - juntamente com a matria escura fria (CDM, do ingls Cold Dark

    Matter). CDM compreende partculas que no interagem com a radiao eletromagntica e

    tem um perodo de vida extremamente longo, i.e, so estveis e demoram muito pra decair

    em outras partculas. Essas partculas so responsveis por cerca de 85% da matria no

    universo e, por conseguinte, as suas foras gravitacionais dominam a formao de estrutura

    em larga escala.

    Enquanto o modelo CDM apoiado por muitas observaes diferentes, diversas

    inconsistncias vieram luz recentemente. Usando dados sobre a radiao csmica de

    fundo em micro-ondas adquiridos em 2013 pelo telescpio espacial Planck, o modelo

    CDM tem sido usado para prever a taxa na qual as estruturas em larga escala deve crescer

    em toda a histria do universo. No entanto, vrios estudos sugerem que a taxa em que a

    estrutura est se formando mais lenta do que o previsto por Planck / CDM, o que

    poderia significar que a CDM est desaparecendo do universo.

  • Os cosmlogos tentaram abordar estas discrepncias, fazendo pequenas modificaes ao

    modelo CDM - permitindo a mudar com o tempo, por exemplo, ou fazendo a CDM

    decair em matria normal e energia - mas essas mudanas parecem criar tantas perguntas

    quanto as respostas.

    Agora, Valentina Salvatelli, Najla Said e Alessandro Melchiorri, da Universidade de Roma,

    juntamente com David Wands e Marco Bruni na Universidade de Portsmouth, propem

    uma nova forma de conciliar estas observaes. Eles estenderam o modelo CDM para

    permitir que a matria escura decair para criar energia escura. Para verificar o seu modelo

    contra observaes, Wands e colegas compararam a evoluo da estrutura em larga escala

    como previsto por Planck / CDM com observaes de estruturas em larga escala

    derivados de medies de distores espaciais redshift nos levantamentos de galxias.

    Os pesquisadores dividiram a histria do universo em quatro caixas de tempo de

    comprimento aproximadamente igual, e descobriu que a interao proposta torna-se

    significativa nas terceira e quarta caixas - ou seja, entre cerca de oito bilhes de anos e os

    dias atuais.

    "Parece que o padro [CDM] modelo j no suficiente para descrever todos os dados.

    Ns pensamos que ns encontramos um modelo melhor da energia escura", explica Wands.

    Embora a taxa na qual a CDM parece ser convertida em energia escura muito lento,

    Wands diz que se continuar no ritmo atual, todo a CDM do universo ter decado em

    energia escura em cerca de 100 bilhes de anos. "Se a energia escura est crescendo e

    matria escura est evaporando, vamos acabar com um grande, vazio, chato universo com

    quase nada nele", explica Wands.

    Catherine Heymans, da Universidade de Edimburgo descreve a pesquisa como "um

    resultado fascinante", e assinala que ele parte de um esforo maior para reconciliar as

    discrepncias (ou "tenses") entre as medies efetuadas pelo Planck e os de outros

    telescpios. "Outros pesquisadores disseram que essa tenso pode ser resolvida se a

    partcula de matria escura um neutrino estril", explica ela, acrescentando: "os outros

    ainda esto olhando para diferentes teorias modificado de gravidade para explicar o

    resultado."

    Heymans tambm aponta que a tenso poderia ser o resultado de erros sistemticos nos

    como uma ou mais das observaes so feitas. "Mais dados e uma nova anlise minuciosa

    desses dados e da sistemtica que podem estar associados com eles so o caminho para

    descobrir se esta teoria fascinante pode ser verdade", ela adverte.

  • A pesquisa est publicada na Physical Review Letters.


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