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Observação:

ET CETERA, revista marginal de literatura, foi veículo que concentrou o espírito de um

grupo de escritores e autores marginais, ingênuos, bem intencionados, vocacionados, reprimidos,

apaixonados, indignados, imaturos, jovens, com alma – muita alma. Era a materialização do eco do

boteco, da praça, da escola; o poema recitado na voz pastosa e trôpega da embriaguez de

madrugadas líquidas e incertas. Foi um ponto de encontro dos verbos ansiosos e obsessivos nas

garagens e nos fundos de quintais; os murmúrios da retaliação de peitos contidos no contexto da

história, ouvidos na rua, no teatro, no cinema, na literatura, em recitações e funções simplória e

ardentemente improvisados. Um som surdo de gritos rebeldes e insistentes, magoados e

estilhaçados, além de abafados, filhos legítimos de uma juventude que a repressão típica do

momento não calava, mas continha, sublimava, criava o milagre da transmutação de raiva em arte.

Circulou por 5 breves anos, espelhados e espalhados em 5 longas edições, entre 1973 e 1978. Foi

órgão oficial legítimo de um confuso burburinho de filosofias pessoais que se emaranharam e se

misturaram na filosofia límpida do desejo comum de ser, de fazer, de criar. Focou o espírito literário

e artístico de um momento único, geograficamente estabelecido em Varginha, mas com laços em

todo o Sul de Minas, em Minas toda.

F. A. Romanelli


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