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O DIREITO DAS GENTES E OS DISCURSOS DE SUPRESSÃO DO
TRÁFICO DE ESCRAVOS: UMA ABORDAGEM JURÍDICA
Gustavo Pinto de Sousa (UFRJ)
Resumo:
O presente trabalho constitui parte do projeto de doutorado intitulado “No tribunal das
contendas: uma análise comparativa do direito das gentes no Brasil e Portugal 1839-1852”,
desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ. Para essa
comunicação pretende-se analisar o debate brasileiro sobre o tráfico de escravos e sua posição
em relação ao cenário internacional. Em linhas gerais, o fio condutor do texto é refletir como
o Governo Imperial embasou-se no direito das gentes como uma forma de defesa da
continuação do tráfico e em desdobramento da promoção da nação. Como definição de direito
das gentes usamos a definição do político português Silvestre Pinheiro, quando esclarece que
o direito das gentes “é o complexo dos princípios por que se devem regular os agentes dos
diversos poderes políticos de cada nação, para que nenhum dano seja feito pelos seus
membros aos direitos das outras nações. Chama-se também direito público externo ou direito
das nações, e divide-se em direito das gentes positivo, e direito das gentes filosófico, natural
ou universal” (PINHEIRO, 1834:312).
Palavras-chave: Direito das Gentes; Tráfico de escravos; Nação.
Abstract:
This paper forms part of the doutorate project entitled "In the court of strife: a comparative
analysis of international law in Brazil and Portugal 1839-1852" developed in the Doutorate
course in Comparative History of UFRJ. For this communication is intended to analyze the
Brazilian debate on the slave trade and its position on the international scene. In general, the
thread of the text is a reflection of how the Imperial Government embasou on the law of
nations as a way of defending the continued unfolding of trafficking and promoting the
nation. How definition of the law of nations use the definition of the Portuguese political
Silvestre Pinheiro, when clarifying the law of nations "is the complex of principles which
should regulate the agents of the various political powers of each nation, so that no damage is
done by its members the rights of other nations. Called also external public law or the law of
2
nations, and is divided into positive law of nations, and of the philosophical right, natural or
universal gentes "(Pinheiro, 1834:312)
Keywords: Public International Law; The slave trade; Nation.
3
Toda a mercadoria de Nação amiga he confiscável
sendo achada em hum navio inimigo.
Toda mercadoria inimiga achada em hum navio amigo
he confiscável igualmente, mas não em particular:
he necessário neste caso consultar
os tratados ou leis de represália,
conforme a determinação Directoria.1
No catálogo sobre Direito das Gentes, durante pesquisa na Biblioteca Nacional,
encontramos uma regra básica na relação de "busca e apreensão" entre navios de "nações
amigas e inimigas". Pelo princípio acima "toda mercadoria" encontrada em navios, sejam eles
amigos ou inimigos, são passíveis de confisco. A diferença na arte de interdição refere-se as
leis ou tratados estabelecidos entre as nações signatárias. Se há entre elas tratados ou
convenções as "mercadorias confiscáveis" são objeto de reclamações, petições e
reconsiderações, entretanto, quando inimigas era muito comum tratar a carga como objeto de
pirataria e com aparo na legislação do país que apreendeu.
Assim, uma das formas de interrelação entre as nações é o reconhecimento da lei
como uma forma de arbitragem de seus interesses. A existência do instrumento jurídico é o
que garante, na medida do possível, o arranjo de forças entre as nações na defesa de sua
soberania. Nesse sentido, o fio condutor desse trabalho é analisar o debate brasileiro sobre a
supressão do tráfico de escravos, principalmente, após o Bill Aberdeen e como o Direito das
Gentes pode ser um meio questionador, por parte dos políticos brasileiros, em reclamar sobre
as ferramentas de apreensão da Inglaterra aos navios brasileiros. Afinal, ambas nações
encontravam-se no regime da "amizade", todavia uma transportava, ilicitamente, os africanos
1 Biblioteca Nacional, Catálogo sobre Direito das Gentes - Loc 06, 2, 012
4
em detrimento de uma legislação antitráfico de escravos, enquanto, a outra respaldava-se nos
"tratados ou leis de represálias."
Como pressuposto teórico-metodológico experimentaremos a noção de discurso de
Michel Foucault. Para ele “Chamaremos de discurso um conjunto de enunciados, na medida
em que se apóiem na mesma formação discursiva; ele não forma uma unidade retórica ou
formal, indefinidamente repetível e cujo aparecimento ou utilização poderíamos assinalar (e
explicar, se for o caso) na história; é constituído de um número limitado de enunciados para
os quais podemos definir um conjunto de condições de existência.” (FOUCAULT, 2009: 132)
Assim, tal noção será aplicada como uma possibilidade de compreender que a produção desse
discurso sobre o tráfico de escravos desenvolveu técnicas e ferramentas que contemplavam
relações de poder.
Por fim, as fontes apresentadas nesse trabalho se constituíram das obras acerca do
Direito das Gentes no século XIX e como elas tem relação com dos discursos de supressão do
tráfico de escravos. Ademais, a estrutura do texto encontra-se em dois alicerces: o estado atual
da pesquisa e seus questionamentos; e como a historiografia tem problematizado os discursos
de supressão do "ilícito comércio".
O direito das gentes e os discursos sobre o tráfico de escravos
Esse texto propõe-se analisar a perspectiva jurídica do direito das gentes, a partir dos
debates de interrupção do tráfico intercontinental de escravos, no Brasil. Nesse sentido,
traçou-se como fio condutor o impacto que a aprovação do bill2 Aberdeen, tive no jogo
político brasileiro após 1845. Ademais, levaremos em consideração o contexto português a
partir da querela iniciada com o bill Palmerston como horizonte de comparação.
2 A expressão bill de origem inglesa quer dizer projeto de lei, que passa pela aprovação do legislativo antes de
tornar-se um ato, ou seja, uma lei de fato sancionada pelo Executivo.
5
Os projetos de leis favoráveis à abolição do tráfico de escravos promovida pela
Inglaterra instaurou uma questão contenciosa 3 entre Brasil, Inglaterra e Portugal. Com o
objetivo de resolver essa querela, Brasil e Portugal procuraram resolver via o debate do
direito das gentes à contenda internacional estabelecida a partir dos bills. Ademais, esse
projeto de pesquisa só possui sentido se compreendido a partir dos debates de supressão do
tráfico de escravos.
Portanto, excluem-se desse estudo os exames sobre a possibilidade de aquisição de
direitos para os africanos, ilicitamente, apreendidos durante o período. Assim, o fio condutor
é ativar como as querelas internacionais sobre o tráfico de escravos, materializados aqui, pelo
projeto de lei Palmerston e Aberdeen levaram os políticos brasileiros e portugueses a
defenderem suas nações tendo em vista o campo do saber do Direito Internacional.
Dessa forma, cabe uma indagação: o que esses homens entendiam por direito das
gentes? A partir dessa indagação, a noção de ius gentium de Cícero torna-se importante para a
construção do trabalho. A partir do contencioso estabelecido com o trafico intercontinental de
escravos, países como Brasil, Inglaterra e Portugal procurar solucionar do ponto de vista
jurídico seus problemas jurídicos e diplomáticos de relacionamento.
Em um manual sobre Direito Internacional Público, publicado em 1957, Gerson de
Britto Mello Boson aponta que, normalmente, entre os juristas e filósofos a definição para
Direito das Gentes e Direito Internacional são sinônimos. No entanto, ele destaca que alguns
estudiosos buscaram dar outras acepções para esse campo da ciência jurídica. Por exemplo,
Immanuel Kant qualificava essa disciplina como “Staatenrecht” (Direito dos Estados), Scelle
Bourquin entendia a área como um Direito plurinacional ou multinacional, e por fim, Jeremy
3 Contencioso em sentido jurídico está relacionado a ações que são passíveis de contestação ou litígio. Fonte:
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/297374/contencioso
6
Bentham em seu campo utilitarista da filosofia compreendia tal definição por Direito
Internacional (International Law). 4
Para conceituar o Direito das gentes ou Internacional nesse cenário histórico, parto da
definição do político português Silvestre Pinheiro 5 , que publicou em Paris em 1834, o
trabalho Manual do Cidadão em um governo representativo ou Princípios de Direito
Constitucional, Administrativo e das Gentes, no qual ele abre a vigésima quinta conferência
de seu livro com a questão: O que é direito das gentes? A resposta de Pinheiro:
“É o complexo dos princípios por que se devem regular os agentes dos diversos poderes políticos de
cada nação, para que nenhum dano seja feito pelos seus membros aos direitos das outras nações.
Chama-se também direito público externo ou direito das nações, e divide-se em direito das gentes
positivo, e direito das gentes filosófico, natural ou universal.”6 (FERREIRA, 1834, p312)
Assim, o Direito das Gentes ou Internacional regido é um direito das gentes de caráter
positivo, no qual seu campo de interesse “é o complexo dos princípios sobremencionados que
as diversas nações sem quebra de sua independência têm reconhecido, ou expressadamente
pelos tratados e convenções ou tacitamente pelos usos e costumes.”7 Dessa maneira, esse
projeto utiliza a noção de Direito das Gentes como uma solução, inicialmente, dialógica e
diplomática das nações resolverem atos contenciosos ou suas querelas jurídicas. Nesse
tribunal das contendas Brasil e Portugal perseguiram via as matrizes do Direito Internacional
Público questionar os projetos de leis contra a supressão do tráfico de escravos capitaneada
4 Apesar da variedade de nomenclatura, Gerson Boson aponta que os vocábulos só diferem em sua grafia, mas
que o sentido é o mesmo. Em suas palavras: “Assim, as confusões só podem surgir à base da forma e não do
fundo, à base dos vocábulos e não do conceito ou conteúdo significativo, de sorte que podemos utilizar
indistintamente todas as expressões, como sinônimas que são.” (BOSON, 1957: 76) 5 Silvestre Pinheiro é um filósofo português. Sua orientação filosófica política orienta-se pelo princípio do
constitucionalismo. Em seu trajetória de vida veio para o Brasil junto com a família real, onde estabeleceu
debates sobre as ideias de liberalismo e constitucionalismo. 6 FERREIRA, Silvestre. Manual do cidadão em um governo representativo, ou principios de direito
constitucional, administrativo e das gentes. Paris : Rey e Gravier - J. P. Aillaud, 1834. Vol 2 p 312 7 Ibidem p. 312-313.
7
pela Grã-Bretanha. Para isso, faço uma breve contextualização do problema e da
problemática.
Dessa maneira, o problema central da pesquisa é: como o debate jurídico do Direito
das Gentes auxiliou nas relações e no jogo político da supressão do tráfico de escravos?
Decorrente da questão é pertinente indagar a partir do cruzamento da documentação de que
forma o Direito Internacional, como um campo do discurso jurídico, buscou ordenar e
direcionar o contencioso estabelecido? E, por fim, como o corpo político brasileiro e
português utilizou o saber acerca do direito das gentes para normatizar e se defender das
investidas britânicas? E quais alternativas ou projetos jurídicos a contenda sobre o tráfico de
escravos procurou incentivar, no Brasil e em Portugal? Como uma experimentação do
problema, faço abaixo uma pequena contextualização para melhor compreender a constituição
do tribunal das contendas.
No início do século XIX, a questão escravista foi colocada na pauta política de
diferentes nações. O Parlamento britânico apresentou, em 1807, a extinção do tráfico de
escravos para suas colônias. Esse cenário político foi propício para que alguns abolicionistas
britânicos não tardassem na criação de um grupo de oposição à escravidão, a intitulada Anti-
slavery Society. Segundo Leslie Bethell e José Murilo de Carvalho “esse grupo de
abolicionista projetou-se sob a plataforma dos quakers8, que entendiam a redução de outros
homens à escravidão como uma prática não cristã”9. A Anti-Slavery Society nascia com o
objetivo de promover uma abolição gradual e ampliar os debates para a extinção da
escravidão.
8 A designação para concepção de quakers vincula-se aos grupos de matriz do protestantismo britânico no século
XVII. Suas orientações religiosas tinham como base o pacifismo, o modo de vida simples e a luta pela igualdade,
onde inclui-se os horizontes do abolicionismo britânico no século XIX. 9
BETHELL, Leslie; CARVALHO, José Murilo de. Joaquim Nabuco e os abolicionistas britânicos:
correspondência, 1880-1905. Estud. Av. [on-line], v. 23, n. 65, p. 207-229, 2009.
8
Essa movimentação civil10 e política na Inglaterra contribuíram de certa forma para
disseminar e fortalecer os preceitos de filantropia, humanidade e progresso pelas demais
nações. Em White dreams, Black Africa, Howard Temperley analisou a criação da Sociedade
de Civilização Africana, em 1840. Para ele, essa Sociedade divulgava o ideal de filantropia a
partir das instituições religiosas como uma forma de promover a humanidade e o progresso
entre os povos. De acordo com o político britânico Thomas Fowell Buxton “o cristianismo, o
comércio e a energia a vapor podiam fazer milagres”11 na condução do continente africano
aos horizontes do progresso.12
Sobre a direção britânica na supressão ao tráfico de escravos, Tâmis Parron em
diálogo com o trabalho de Temperley, observa:
“a Society for the Extinction of the Slave Trade and for the Civilization of
Africa fundada por Thomas Follow Buxton, e a British and Foreign
Antislavery Society, de Joseph Sturge. O método da primeira consistia na
introdução do cristianismo e do comércio lícito no continente negro; o da
segunda, no banimento do cativeiro na América.”13(PARRON, 2011, p197)
Assim, tanto a organização de Buxton e Sturge ambicionavam formas de supressão do
tráfico negreeiro para América, seja através de incentivos locais na África ou no refinamento
da fiscalização marítima ou na promoção de campanhas abolicionistas no continente
americano.
10
Esse projeto leva em consideração de direito civis expostas por José Murilo de Carvalho, no qual “direitos
civis são os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à igualdade perante a lei. Eles se desdobram na garantia de
ir e vir, de escolher o trabalho, de manifestar o pensamento, de organizar-se [...] e a própria existência da
sociedade civil surgida com o desenvolvimento do capitalismo. (CARVALHO, 2010:9) Nesse sentido, essas
organizações partiram antes da sociedade para o mundo político. (Grifos) 11
TEMPERLEY, Howard. White dreams, Black Africa. The Antislavery Expedition to the Niger 1841-1842,
Yale University Press, New Haven e London, 1991. P. 23 (tradução livre) 12
No livro “White dreams, Black Africa”, Temperley estuda a organização política e as expedições no Delta do
Rio Niger no século XIX. O autor destaca os projetos britânicos de promoção do humanitarismo e da filantropia
britânica no continente africano. 13 PARRON, Tâmis Peixoto. A política da escravidão no Império do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2011. p 197.
9
Por outro lado, os historiadores como Alberto da Costa e Silva e Jaime Rodrigues
questionam o sentimento abolicionista britânico alegando, que tal nação tinha interesses
econômicos desfavoráveis à continuação do tráfico. Como observou o embaixador Costa e
Silva “a Inglaterra que havia extinguido o tráfico, em 1807, viu o preço de seu açúcar, nas
Antilhas, disparar no mercado, enquanto, o açúcar brasileiro ainda era produzido por uma
mão-de-obra escrava e muito mais acessível em termos de valor.” 14 Nesse sentido, a
prioridade da Inglaterra era defender seus interesses econômicos ante as ações humanitárias e
abolicionistas.
Costa e Silva compreende com muito cuidado os ideias de “humanidade” e
“filantropia” utilizado pelos britânicos e sua historiografia. Em suas palavras:
“A Grã-Bretanha havia praticado, de modo intensivo e sistemático, todas as
formas que tomou, nas Américas, o regime escravista – todas aquelas formas
que Eric Williams [em seu clássico Capitalism and Slavery] descreve com
indignada precisão. Mas as novas formas de capitalismo condenavam o
sistema colonial de até então e começavam a substitui-lo por novos tipos de
domínio.[...] As mesmas forças que haviam encorajado o tráfico negreeiro
começaram a condená-lo”15 (ALMEIDA, 2005, p.310)
As palavras do embaixador Alberto da Costa e Silva atestam o “lugar de fala”16 que
esse trabalho compartilha. Para ele ante das questões humanitárias e filantrópicas, as políticas
de extraterritorialidade britânica foram motivadas pela defesa de seus interesses econômicos.
Como descreveu o embaixador o “oitocentos é também o século em que o Reino Unido
procura fazer do Atlântico um mar inglês17; o século em que se destrói o tráfico triangular
14
SILVA, Alberto da Costa e, Um rio Chamado Atlântico: a África no Brasil e o Brasil na África. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira: Ed.UFRJ, 2003. p. 53. 15 Apud: ALMEIDA, Paulo Roberto de. Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações
internacionais no império. São Paulo: Editora Senac São Paulo; Brasília: Funag, 2005. p 310. 16
Designação utilizada pelo historiador Michel de Certeau. Cf: CERTEAU, Michel de. A escrita da história.
Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1982 17
Grifos meus
10
entre a Europa, a América e a África e em que se desfazem as ligações bilaterais entre os dois
últimos continentes.”18 Assim, antes de questionar a desumanização provocada pelo tráfico de
escravos, a Inglaterra operou uma direção imperialista em diferentes partes do mundo.19
Apesar dessa ressalva historiográfica, a Anti-slavery Society conseguiu compartilhar
seus interesses contrários ao tráfico de escravos para o plano internacional. No caso das
relações internacionais entre a Inglaterra e o Império Luso-brasileiro, tivemos a assinatura de
diferentes acordos ou tratados, tais como 1810, 1815 e 181720 com vistas a combater o
comércio de escravos, oriundos da África. Ainda no âmbito das relações internacionais, o
alvorecer do Foreign Anti-slavery Society, em 17 de abril de 1839, trouxe às nações
brasileiras e portuguesas tensões políticas, tanto externas como internas, no que tange a
perpetuação ilícita do tráfico de escravos.
Para Bethell e Carvalho, o Foreign Anti-Slavery Society tinha como escopo a
intensificação, ou melhor, a internacionalização da luta contra a escravidão. Para divulgar
essas ideias foram organizadas convenções abolicionistas para discutir e traçar medidas que
desarticulassem o tráfico de escravos. Para o grupo do Foreing Anti-slavery Society o
emprego da Marinha Britânica era estratégico no combate ao infame comércio, e um dos seus
maiores defensores era o whig21 lord Palmerston. No cenário político britânico Palmerston,
ministro do exterior, ia além dos debates promovidos pelo Foreign Anti-slavery Society. Para
respaldar e organizar as ações contrárias ao transporte ilícito de escravos, ele preparava 18
Apud:ALMEIDA, Paulo Roberto de. Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações
internacionais no império. São Paulo: Editora Senac São Paulo; Brasília: Funag, 2005. p 61 19
Após 1815, a Inglaterra tinha grande influência nas políticas internacionais, principalmente, na formulação de
seu império, desde a Ásia, África e na América. Para caracterizar a simbologia do Império Britânico a
historiadora portuguesa Ana Cristina Fonseca Nogueira da Silva descreve: “O Império britânico, de inspiração
helênica, descentralizado [...]” (SILVA, 2009:70) Assim, a autora indica a multiplicidade de culturas presentes
sobre dominação britânica. 20
Tendo em vista os três tratados assinados durante a existência do Império luso-brasileiro, destacamos suas
competências: Tratado Anglo-português de 1810 prometia a futura extinção do tráfico e limitava o tráfico luso-
brasileiro à costa da Mina e às zonas da África sobre que Portugal reivindicava soberania. Tratado de 1815,
negociado no Congresso de Viena, declarava o tráfico de escravos ilegal ao norte do Equador; e o Adicional de
1817, por convenção adicional, concedia à Marinha de guerra britânica o direito de visita sobre os navios
portugueses suspeitos de transportarem ou exportarem africanos de zonas proibidas. Cf Valentim Alexandre,
Chichelli Pires e Katia Mattoso 21
Facção política dentro do Parlamento inglês, vinculado ao liberalismo e ao constitucionalismo.
11
instrumentos jurídicos para policiar embarcações suspeitas de carregar, ilicitamente, negros de
diferentes “nações” africanas.
Em linhas gerais, pode-se afirmar que os dois projetos de leis causaram,
paulatinamente, um isolamento político do Brasil e de Portugal perante as demais nações.
Acuados pelas Inglaterra, as nações acusadas de promoção do tráfico foram buscar apoio para
sua causa em países como França, Estados Unidos e Espanha. Todavia, essas nações já
integravam as conferências abolicionistas lideradas pela Inglaterra, além de promoveram
patrulhas na costa da África22 para apreensão de tumbeiros23.
Em julho de 1839, a Câmara dos Lordes recebeu o projeto de lord Palmerston para a
aprovação de um projeto de lei ou bill, que concedia jurisprudência à Inglaterra para fiscalizar
embarcações com indícios de transportar escravos. Em sua primeira leitura na Câmara, o
projeto foi barrado com alegação de que tal proposta era danosa aos princípios de soberania
das outras nações. Alguns políticos como o duque Wellington qualificavam a medida como
um precedente para uma “guerra universal.”24 Entretanto, a resistência política na Câmara dos
Lordes não foi suficiente para conter a aprovação do bill de lord Palmerston, em 24 de agosto
de 1839. Nas palavras de Leslie Bethell “os oficiais da Marinha Britânica estavam instruídos
para capturar navios portugueses e outros navios sem nacionalidade para mais próximo vice-
almirantado britânico.”25 Assim, a partir dessa medida a Inglaterra se dava ao direito de julgar
os navios com bandeira portuguesa em seus tribunais e de acordo com a legislação britânica.
Em relação ao Brasil, o Ministro do Exterior o tory26 lord Aberdeen aprovou, em 8 de
agosto de 1845, um projeto de lei semelhante ao ocorrido com Portugal, em 1839. Por esse
ato, a Real Marinha Britânica autorizava os oficiais a fiscalizar os navios brasileiros suspeitos
22
Sobre o patrulhamento na costa da África ver: FERREIRA, Roquinaldo Amaral. Brasil e Angola no tráfico
ilegal de escravos, 1830-1860. In: PANTOJA, Selma; SARAIVA, José Flávio Sombra (Orgs.). Angola e Brasil
nas rotas do Atlântico Sul. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. p. 185 23
Designação para os navios que transportavam, ilegalmente, africanos como escravos. 24
BETHELL, Leslie. Britain, Portugal and the suppression of the Brazilian slave trade: the origins of Lord
Palmerston’s Act of 1839. In:English Historical Review, 1965. p.778. (tradução livre) 25
Op. Cit p.781. 26
Facção política dentro do Parlamento inglês, vinculado as matrizes conservadoras.
12
de carregar, ilegalmente, escravos e concedia jurisprudência de julgar as embarcações sob
bandeira brasileiras em tribunais britânicos. Diferente do bill Palmerston, o bill Aberdeen
encontrou raras resistências na Câmara dos Lordes. O duque Wellington que teceu
comentários de que o bill Palmerston incitava uma “guerra total” dizia que o bill Aberdeen
era legítimo e amparado legalmente, nas bases do tratado anglo brasileiro de 1826. Conforme
observou Leslie Bethell “do ponto de vista de Aberdeen, o seu bill, embora sob certos
aspectos moldado no ano de 1839, não podia ser alvo da mesma objeção: permitia
simplesmente ao executivo exercer poderes que o Brasil concedera à Inglaterra pelo primeiro
artigo do tratado de 1826.”27
Assim, o artigo determinava a captura de qualquer súdito brasileiro na atividade de
traficar escravos em alto-mar, qualificando essa prática como pirataria.28 Nesse sentido, o
Império do Brasil precisou repensar a situação do tráfico negreiro para que as incursões
britânicas não ferissem o ideal de nação do “jovem” Império do Brasil.29
Em Lisboa, o recebimento da aprovação do bill criou um clima de tensão política entre
Portugal e a Inglaterra. Como caracterizou Valentim Alexandre, o bill Palmerston para
Portugal “tratava-se de um verdadeiro ato de guerra, embora não declarada.”30 Quando houve
a aprovação do bill, a monarquia constitucional portuguesa era dirigida pelo grupo
setembrista.31 Segundo António Martins da Silva “os líderes setembristas como o visconde de
27
BETHELL, Leslie. A abolição do tráfico de escravos no Brasil. São Paulo: Edusp, 1976 p.247 28
Op. Cit. p.246. 29
Sobre o processo de consolidação do Estado Nacional brasileiro ver: MATTOS, Ilmar Rohloff de. O Tempo
Saquarema: formação do. Estado imperial. São Paulo: Hucitec, 1990. CARVALHO, José Murilo de. A
construção da ordem: a elite política imperial. Teatro das sombras: a política imperial. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2003. RIBEIRO, G. S. (Org.) . Brasileiros e cidadãos: modernidade política, 1822-1930.
1. ed. São Paulo: Alameda, 2008 30
ALEXANDRE, Valentim. Portugal e a abolição do tráfico de escravos (1834-1851) In: Revista Análise
Social, 1991. p.319. 31
Segundo António Manuel Hespanha no trabalho “O Constitucionalismo Monárquico Português, breve síntese”
o grupo setembrista surgiu da Revolução de 9 de Setembro de 1836. Em consequência dessa Revolução foi
redigida a Carta de 1838. Segundo Hespanha esse texto constitucional era baseado na consagração da soberania
nacional. Sem suas palavras: “os principais traços desta constituição são: (i) declaração expressa do caráter
nacional da soberania; (ii) regresso à divisão dos poderes em três; (iii) adoção do sistema bicameral, sendo a
câmara baixa por deputados eleitos por sufrágio censitário, mas direto; (iv) abolição do Conselho de Estado.
(Hespanha, 2012:508) acertar referencia
13
Sá Bandeira 32 e Manuel Silva Passos 33 procuraram a via nacional para discutir as
interferências britânicas nas causas portuguesas.”34
Numa sessão na Câmara dos Deputados a respeito do projeto de lei de lord
Palmerston, o deputado português Silva Sanches acusava a Inglaterra de violar o respeito das
relações entre os Estados. Em sua fala no Parlamento:
“Taes são as expressões, que ao Governo Portuguez mandou transmittir ao
Governo da nossa mais antiga alliada. Julguem cada um, se o nosso maior
inimigo se expressaria de modo mais offensivo a independencia da Nação
Portuguesa! E pois que sem escrupulo, e com flagrante abuso, e com a mais
insólita violação do Direito das gentes, se nos nega o direito de discutir, e
estipular, e se ataca por conseguinte a liberdade de Portugal, e as
prerrogativas da Corôa.”35(CAMARA DOS DEPUTADOS, 1840)
Com essas palavras, Sanches iluminava a memória dos deputados portugueses de que
a Inglaterra que antes fora uma aliada, a partir de agora, passava para o terreno da inimizade
fomentando a animosidade ao rebaixar os interesses de Portugal as determinações de Sua
Majestade Britânica. Além do mais, denunciava a rigidez dos britânicos em negociar um novo
tratado, que fosse respeitoso para as duas nações, logo feriando o conceito básico do Direito
das Gentes como entendido na definição de Silvestre Pinheiro.
No Império do Brasil, a elite política assistia com cautela a política de
extraterritorialidade contra Portugal. Segundo o historiador Ilmar Rohloff de Mattos, os
membros da direção saquarema36 qualificavam as ações britânicas como um instrumento de
32
Nobre político português ocupou a direção do Conselho de Ministros Português entre 1837-1839, durante a
aprovação do projeto de lei de Lord Palmerston. Escreveu também “O Tráfico da Escravatura e o Bill de lord
Palmerston”, que será utilizado como fonte nesse trabalho. 33
Junto com Sá Bandeira, Silva Passos foi um dos articulista da Revolução de 1836 de caráter nacionalista e
liberal. Defensor da Revolução de 1820 ou Vintismo era um dos responsáveis pela sua reedição na redação da
Carta de 1838. 34
Cf. MATTOSO, José. História de Portugal, vol.5, Lisboa: Estampa, s.d. 35 Anais da Camara dos Deputados p 151 36
Grupo político considerado conservador na direção política do Estado Brasileiro. Na historiografia brasileira
autores como Ilmar Mattos e José Murilo de Carvalho, estudaram em “O Tempo Saquarema” e “A construção da
14
desarmonia entre os “Povos”. Desse modo, a elite política brasileira “caracterizava a política
britânica de atentatória do Direito das Gentes, da Soberania Nacional e da dignidade da
Nação.”37
O bill Aberdeen tornou as relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra animosas.
Antes disso, as duas nações polarizavam acusações sobre o tráfico de escravos e a respeito das
condições jurídica e social dos africanos livres, como no caso dos comissários John Samo e
Frederick Grigg. “Eles dirigiram um relatório ao Lord Abeerden acusando o Governo
brasileiro em tratar os africanos livres pior do que os escravos e que o tráfico de escravos era
recorrente nos portos brasileiros. Em contrapartida, o curador de africanos livres Luis Alves
de Mascarenhas e o ministro da justiça Antonio Paulino Limpo de Abreu, para comparar o
tratamento dado aos africanos livres criticado por Samo e Grigg, acusavam os britânicos de
tratar a classe operária britânica, tão pior quanto, os brasileiros cuidavam dos africanos
livres.”38
Quando o comunicado de aprovação do bill Aberdeen chegou ao Brasil, uma agitação
política ocorreu dentro do gabinete político de D. Pedro II. O governo reclamava que a
medida era uma ofensa aos princípios da nacionalidade e soberania. “O ministro Limpo de
Abreu, por exemplo, sugeria que o país deveria cobrar da Inglaterra uma indenização por
qualquer dano, que o comércio brasileiro pudesse sofrer com as novas medidas promovidas
pela Inglaterra.”39
ordem” a importância desse grupo político, com laços estabelecidos com os grandes comerciantes do Império,
para a direção nacional. Tâmis Parron em “A política da escravidão no Império do Brasil” examina a relação
desse grupo com as facções escravistas e dos traficantes negreeiros nas redes do tráfico intercontinental de
escravos. 37
MATTOS, Ilmar Rohloff de. O Tempo Saquarema: formação do. Estado imperial. São Paulo: Hucitec, 1990.
P235. 38
Os historiadores Leslie Bethell e Beatriz Gallotti Mamigonian estudam essa caso nos seguintes textos:
BETHELL, Leslie. A abolição do tráfico de escravos no Brasil. São Paulo: Edusp, 1976 e MAMIGONIAN,
Beatriz G. . A Grã-Bretanha, o Brasil e as "complicações no estado atual da nossa população": revisitando a
abolição do tráfico atlântico de escravos (1848-1851). In: IV Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil
Meridional, 2009, Curitiba. IV Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional - Textos Completos.
Florianópolis : Laboratório de História Social do Trabalho e da Cultura, 2009. 39
BETHELL, Leslie. A abolição do tráfico de escravos no Brasil. São Paulo: Edusp, 1976 p.258.
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Dessa forma, observou-se que o debate sobre o direito das gentes, de forma
comparativa, aqueceu no cenário político brasileiro e português a discussão jurídica sobre a
possibilidade de projetos de trabalho livre. No caso português, o Visconde de Sá Bandeira
alertava a necessidade de Portugal manter suas possessões ultramarinas na África, pois a
coesão do Império Português era fundamental. Assim, o ilustre visconde observou “tendestes
a supressão do tráfico, e a promoverem o desenvolvimento da indústria, da cultura, do
comércio lícito e da civilização daquelas colônias.”40
No Brasil, a interrupção do tráfico não presumiu o fim da escravidão. Robin
Blackburn no livro – A queda do escravismo colonial – avaliou que a dependência da mão-de-
obra escrava era o argumento utilizado para legitimar o prosseguimento da escravidão. Em
suas palavras:
“a presença de escravos em quantidade grande e talvez crescente e sua
contribuição vital para a economia de exportação continuava a ser um fator
inibidor. Por outro lado, a permanência do comércio negreiro era fonte
latente de controvérsia sob a superfície da vida política.”41 (BLACKBURN,
2002, p.436)
As controvérsias políticas indicadas por Blackburn apontam para um abolicionismo
“moderado e prudente” que enxergava “o fim à importação dos africanos”42 ante a extinção
do comércio de escravos, uma vez que, após a lei de 1850 o tráfico interno se intensificou. É
nesse “contexto das controvérsias” pretende-se mostrar o uso do debate político acerca do
direito das gentes e como seu impacto gerou propostas de projetos de trabalho livre após o
encerramento do tráfico.
40
Visconde de Sá Bandeira. O Tráfico da escravatura e o Bill de lord Palmerston. Tip José Baptista Morando.
Lisboa, 1840. 41 BLACKBURN, Robin. A Queda do Escravismo Colonial: 1776-1848. Tradução de Maria Beatriz de Medina.
São Paulo: Record, 2002. p.436-437. 42
Op.cit. p437.
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Por fim, cabe justificar o recorte temporal do trabalho. A escolha pelo período, entre
1839 e 1850 tem como razão o decreto do projeto de lei de lord Palmerston até a aprovação da
segunda lei contra o tráfico, em 1850, pelo saquarema Eusébio de Queirós. A contenda entre
Portugal e Inglaterra durou, basicamente, quatro anos, sendo encerrada em 03 de julho de
1842, quando o Foreign Office sob responsabilidade de lord Aberdeen resolveu renegociar
um tratado com Portugal, revogando a lei Palmerston.43
Com o Brasil, a questão se arrastou um pouco mais. Segundo Paulo Roberto de
Almeida a questão entre Brasil e Inglaterra se arrolou por trinta anos e somente, em 1869, a
Inglaterra revogava a lei Aberdeen. Conforme seu texto: “A Lei Aberdeen, contudo, foi
revogada pelo Parlamento britânico, apenas em 1869, nunca conjuntura de conciliação de
interesses entre os dois países.”44 Já para Gilberto Guizelin, a contenda havia se encerrado,
em 1852. Nas palavras dele: “em abril de 1852, o governo britânico restringia a vigência do
Bill Aberdeen e emite notas ao Almirantado e seus demais representantes estacionados no
Atlântico Sul de que as perseguições contra os navios brasileiros só continuariam, dali por
diante, em alto-mar.”45 Já os saquaremas acreditavam ter resolvido a situação com a lei de 4
de setembro de 1850, que desarticulava o tráfico de escravos. Em suma, as cortinas dessa
trama encerra-se com o recorte proposto por Guizelin e também pela publicação do manual
jurídico de Pedro de Autran da Malta Albuquerque, em 1851, intitulado Elementos do Direito
das Gentes.
43
Segundo Pedro Manuel Luís de Freitas “a vitória do cartismo levou em 1842 à celebração de um tratado sobre
a abolição do tráfico de escravos entre Portugal e Inglaterra.” Sobre o cartismo, António Manuel Hespanha
qualifica que após o período setembrista, o retorno a Carta pelo grupo cabralista a Carta era uma espécie de meio
termo entre os anseios dos revolucionários vintistas e os defensores de uma restauração absolutista. Nas palavras
de Hespanha: “Contra o absolutismo, a Carta representava-se como um documento que instituía a monarquia,
senão representativa, pelo menos constitucional. Contra o constitucionalismo democrático radical, ela constituía-
se como a salvaguarda da prerrogativa régia, a garantia contra o governo de um só grupo e de uma só câmara,
como o modelo capaz de combinar os diversos interesses presentes no corpo da Nação, sob a égide da religião,
da ordem e da autoridade social estabelecida.” (HESPANHA, 2012: 509) 44
ALMEIDA, Paulo Roberto de. Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações internacionais no
império. São Paulo: Editora Senac São Paulo; Brasília: Funag, 2005.p 343 45
GUIZELIN, Gilberto. Comércio de almas e política externa. Londrina: Eduel, 2013. p.218.
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