PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
PELA DISPOSIÇÃO INADEQUADA DE RESÍDUOS
SÓLIDOS URBANOS: PRIMEIRA FASE
BAIXO GUANDU-ES
2014
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização do município de Baixo Guandu. ....................................... 10
Figura 2 - Porteira, guarita e placa de identificação. ............................................ 11
Figura 3 - Bacia Hidrográfica do Doce. ................................................................ 15
Figura 4 - Compartimentação da Província Mantiqueira. ..................................... 16
Figura 5 - Geologia local. ..................................................................................... 19
Figura 6 - Relevo do local. ................................................................................... 23
Figura 7 - Unidades geomorfológicas. .................................................................. 24
Figura 8 - Perfil com presença de material primário. ............................................ 26
Figura 9 - Solo argiloso com pedregulhos. ........................................................... 27
Figura 10 - Solo argiloso sem pedregulhos. ......................................................... 28
Figura 11 - Rocha matriz alterada pelo intemperismo. ......................................... 29
Figura 12 - Precipitação média mensal (a) e precipitação anual (b) estação
Itaimbé em Itaguaçu – ES (1958-2005). .............................................. 31
Figura 13 - Precipitação média mensal (a) e precipitação anual (b) estação Baixo
Guandu (1942-2005). .......................................................................... 32
Figura 14 - Vista aérea do Ponto A e Ponto B. ..................................................... 38
Figura 15 - Ponto A e Ponto B. ............................................................................. 38
Figura 16 - Disposição de resíduos sólidos no ponto B. ...................................... 39
Figura 17 - Dreno de gases no ponto B. .............................................................. 39
Figura 18 - Carcaça de animais. .......................................................................... 41
Figura 19 - Equipamentos eletroeletrônicos e acumulo de chorume (Ponto B).... 41
Figura 20 - Acumulo de chorume no solo (Ponto B). ............................................ 42
Figura 21 - Disposição de resíduos de oficina mecânica no ponto B. .................. 42
Figura 22 - Ponto de retirado do material inerte ao lado do ponto B. ................... 43
Figura 23 - Uso em 2003. ..................................................................................... 58
Figura 24 - Uso em 2005. ..................................................................................... 58
Figura 25 - Uso em 2010. ..................................................................................... 59
Figura 26 - Uso em 2014. ..................................................................................... 59
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - População e taxa de crescimento. ...................................................... 45
Tabela 2 - Geração e volume da massa de resíduos. .......................................... 46
Tabela 3 - Grua de permeabilidade dos solos em função do coeficiente de
permeabilidade K. ............................................................................. 47
Tabela 4 - Coeficiente de permeabilidade. ........................................................... 48
LISTA DE SIGLAS
ANA – Agência Nacional de Águas
APP - Área de preservação permanente
ASA – Área de segurança aeroportuária
CBH-DOCE – Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce
CIRSNEES – Consórcio Intermunicipal de Resíduos Sólidos do Norte do Estado
do Espírito Santo
CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
EFVM – Estrada de Ferro Vitória Minas
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FINDES – Federação das Indústrias do Espírito Santo
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
IEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
IJSN – Instituto Jones dos Santos Neves
INCAPER – Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
MPE – Ministério Público do Estado do Espírito Santo
MPT – Ministério Público do Trabalho
PIB – Produto Interno Bruto
PRAD – Plano para Recuperação das Áreas Degradadas
PRAD-RSU – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas pela Disposição
Inadequada de Resíduos Sólidos Urbanos
RCC – Resíduos de construção civil
RSS – Resíduos de serviço de saúde
RSU – Resíduos sólidos urbanos
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem
TCA – Termo de Compromisso Ambiental
TR – Termo de Referência
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo
UTM – Universal Transversa de Mercator
SIMBOLOGIAS
k – Taxa de crescimento anual médio [-]
P2 – População do ano 2 [hab]
P1 – População do ano 1 [hab]
t2 – Ano 2 [ano]
t1 – Ano 1 [ano]
VMr – Volume da massa de resíduos compactados [m³]
Ga – Geração anual [ton]
PE – Peso específico do resíduo compactado [ton/m³]
K – Coeficiente de permeabilidade [cm/s]
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................. 5
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 6
1.3 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 7
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 7
2 ATIVIDADE ............................................................................................................. 8
3 LOCALIZAÇÃO .................................................................................................... 10
4 IDENTIFICAÇÃO .................................................................................................. 12
4.1 RESPONSÁVEL PELA ATIVIDADE NA ÁREA ............................................ 12
4.2 RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PRAD ..................................... 12
4.3 EQUIPE TÉCNICA ENVOLVIDA NA ELABORAÇÃO DO PRAD ................. 13
5 CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO .............................................................. 14
5.1 HIDROLOGIA ............................................................................................... 14
5.2 GEOLOGIA .................................................................................................. 16
5.3 GEOMORFOLOGIA ..................................................................................... 19
5.3.1 Morfoestruturas ...................................................................................... 20
5.3.2 Regiões Geomorfológicas ...................................................................... 20
5.3.3 Unidades Geomorfológicas ................................................................... 20
5.3.4 Modelados ............................................................................................... 22
5.3.5 Geomorfologia Local .............................................................................. 23
5.4 PEDOLOGIA ................................................................................................ 24
5.5 CLIMATOLOGIA .......................................................................................... 29
6 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO ............................................................ 33
6.1 FAUNA ......................................................................................................... 33
6.2 FLORA ......................................................................................................... 33
7 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO ANTRÓPICO ..................................................... 34
7.1 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ............................................................ 35
7.2 EDUCAÇÃO ................................................................................................. 36
8 AVALIAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR DA ÁREA A SER RECUPERADA .... 37
8.1 HISTÓRICO DA ÁREA ................................................................................. 37
8.2 LEVANTAMENTO PRELIMINAR ................................................................. 44
8.2.1 Volume da Massa de Resíduos Dispostos no Local ............................ 44
8.2.2 Profundidade da Cava de Disposição de Resíduos ............................. 46
8.2.3 Permeabilidade do Solo ......................................................................... 47
8.2.4 Possíveis Impactos Sobre o Solo e os Recursos Hídricos ................. 48
8.2.5 Tempo de Desativação da Atividade no Local ..................................... 50
8.3 LEVANTAMENTO DA POPULAÇÃO DO ENTORNO .................................. 50
8.4 LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO GEORREFERENCIADO ............. 50
8.4.1 Mapa de Uso e Cobertura do Solo ......................................................... 50
8.4.2 Área de Segurança Aeroportuária ......................................................... 51
8.4.3 Pontos de Captação de Água no Entorno da Área .............................. 51
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 52
APÊNDICE A – Planta de Situação Georreferenciada .......................................... 55
APÊNDICE B – Planta de Uso e Cobertura do Solo e Área de Segurança
Aeroportuária ........................................................................................................... 56
ANEXO A – Sondagem ............................................................................................ 57
ANEXO B – Evolução Histórica de Ocupação da Área ........................................ 58
4
APRESENTAÇÃO
Este documento tem por finalidade apresentar a Primeira Fase do Plano para
Recuperação das Áreas Degradadas (PRAD) em área localizada no município de
Baixo Guandu, Espírito Santo, Brasil. Vale ressaltar que o PRAD será estruturado
em três fases conforme orientações do Termo de Referência – TR 01/2013.
O presente Plano visa atender às exigências contidas no item 3.3 do Termo de
Compromisso Ambiental (TCA) n° 02/2013 firmado entre o Ministério Público do
Trabalho (MPT), Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA)
e Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPE) e o município de Baixo
Guandu.
O Plano foi elaborado com base no Termo de Referência – TR 01/2013
disponibilizado pelo IEMA, cujo objeto é orientar a elaboração do Plano de
Recuperação de Áreas Degradadas pela Disposição Inadequada de Resíduos
Sólidos Urbanos (PRAD-RSU).
5
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O ser humano no desenvolvimento de suas diversas atividades do dia-a-dia,
produz e descarta uma grande quantidade de resíduos. E com a melhoria das
condições de vida da sociedade e o crescimento da população mundial, assim
como pelas mudanças de hábitos de consumo, à urbanização das comunidades e
ao processo de industrialização difundido pela Revolução Industrial, observou-se
o aumento na geração dos resíduos.
Na atualidade, os resíduos sólidos representam um dos principais desafios, pois
se trata de um problema de saneamento e de saúde pública, em razão da
necessidade da sua adequada destinação, a fim de evitar a contaminação do solo
e do lençol freático, a poluição atmosférica, a proliferação de vetores e o
aparecimento de doenças (MOURA, 2010).
Segundo Tinôco (2007) quase a totalidade do lixo domiciliar produzido no Brasil é
despejado a céu aberto (terrenos baldios, fundo de vales, valas, depressões
naturais do terreno, voçorocas, etc.), nos denominados lixões, e uma pequena
quantidade vai para aterros sanitários e aterros com algum grua de controle
(cobertura da massa de lixo com terra).
A disposição dos resíduos sólidos urbanos (RSU), na área objeto deste estudo,
iniciou em 1998 e permanece até os dias atuais, e assim como, a maioria dos
municípios brasileiros, a disposição final dos RSU de Baixo Guandu é inadequada
e em desacordo com as normas ambientais e sanitárias vigentes. A disposição
dos RSU nestas condições compromete seriamente o meio ambiente, pois polui o
ar, o solo e a água.
O impacto sobre os meios físico e biótico é causado principalmente pelos gases
tóxicos e o líquido altamente poluente denominado “chorume” gerados durante a
degradação biológica, em condições anaeróbicas, dos resíduos orgânicos. O
6
chorume carreia várias formas de ácidos orgânicos, dissolve tintas, resinas e
outras substâncias químicas de alta toxicidade contaminando assim o solo e os
mananciais subterrâneos e superficiais (TINÔCO, 2007).
Deste modo, considerando o conceito de degradação definido pelo Decreto
Federal n° 97.632/89 (BRASIL, 1989) como sendo “[...] processos resultantes de
danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas
propriedades, tais como a qualidade produtiva dos recursos naturais”, pode-se
afirmar que a área utilizada pelo município de Baixo Guandu para dispor os RSU
encontra-se degradada.
Partindo deste contexto, torna-se necessário a recuperação da área degradada a
partir da elaboração e execução do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
(PRAD). O PRAD tem por “[...] objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma
de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo,
visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente” segundo o Decreto Nº
97.632, de 10 de abril de 1989, em seu Art. 3º (BRASIL, 1989).
1.2 JUSTIFICATIVA
Com o advento do Projeto do Governo do Estado do Espírito Santo intitulado
“Espírito Santo Sem Lixão” que prevê a destinação final adequada dos RSU
coletados e a publicação da Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010 ações que
garantam a disposição final ambientalmente correta dos RSU estão sendo
implantadas.
Assim , em 29 de maio de 2013, o município de Baixo Guandu celebrou o Termo
de Compromisso Ambiental com o MPT, IEMA e MPE, a fim de que sejam
adotadas medidas destinadas a adequar, corrigir, minimizar, neutralizar e prevenir
eventuais impactos e degradações ambientais decorrentes da disposição
inadequada dos RSU.
7
Uma das medidas adotadas pelo TCA n° 02/2013, no que tange a recuperação
das áreas contaminadas, é a apresentação do PRAD contemplando todos os
pontos contaminados pela disposição inadequada dos RSU.
1.3 OBJETIVO GERAL
Avaliar as condições de comprometimento ambiental da área degradada pela
disposição inadequada de RSU através de um diagnóstico ambiental preliminar o
qual servirá de base para elaboração da Segunda Fase do PRAD.
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Apresentar o histórico de degradação da área a ser recuperada;
• Apresentar levantamento preliminar do volume da massa de resíduos
dispostos no local, da profundidade da cava de disposição de resíduos e
dos possíveis impactos sobre o solo e os recursos hídricos;
• Caracterizar a população que reside no seu entorno;
• Elaborar mapa do uso e cobertura do solo da área a ser recuperada e seu
entorno.
8
2 ATIVIDADE
O município de Baixo Guandu tem uma população de 31.298 habitantes dividida
em uma extensão territorial de 917 km quadrados (IBGE, 2014). Esta população
gera uma média de 22,2 toneladas de resíduos domiciliares diariamente, assim,
cada habitante gera em média 0,71kg\dia de resíduo.
Atualmente, no município encontra-se em implementação a coleta seletiva. Nos
bairros Centro e Operário este programa já foi implantado. A coleta do lixo seco e
rejeitos nas Avenidas 10 de Abril e Carlos de Medeiros, pertencentes ao bairro
Centro, é feita de segunda a sexta a partir das 18 horas e aos sábados a partir
das 13 horas. Nas demais ruas dos bairros Centro e Operário a coleta do lixo
seco e rejeitos é realizada segunda, quarta e sexta a partir das 13 horas e 40
minutos.
Os resíduos (lixo seco) da coleta seletiva são destinados à associação de
catadores de materiais recicláveis Cidadão Amigo do Meio Ambiente. Os
associados fazem a triagem do material recebido na usina de triagem, que se
encontra devidamente licenciada. Ao final do processo de triagem os rejeitos são
dispostos no aterro controlado (Ponto B APÊNDICE A). Salienta-se que a usina
de triagem está localizada dentro do perímetro da área contemplada pelo PRAD.
A coleta do resíduo úmido, nos bairros Centro e Operário, é realizada juntamente
com a coleta convencional domiciliar (rejeitos). A coleta convencional dos
resíduos domiciliares é feita diariamente com o auxilio de caminhões
compactadores. A disposição final dos rejeitos é feita no aterro controlado do
município.
Nos distritos de Mascarenhas, Ibituba e Alto Mutum, os resíduos sólidos urbanos
são coletados duas vezes por semana e, nas demais localidades da zona rural
apenas uma vez por semana. O material coletado é disposto no aterro controlado
desta municipalidade.
9
Vale lembrar que a coleta convencional contempla também a coleta dos resíduos
de construção civil (RCC), resíduos de serviço de saúde (RSS), volumosos e os
rejeitos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço.
O RCC é coletado e a disposição temporária deste material é feita na área objeto
deste estudo conforme indicado no Apêndice A. A coleta, transporte, tratamento e
disposição final dos RSS é realizada pelo Consórcio Intermunicipal de Resíduos
Sólidos do Norte do Estado do Espírito Santo (CIRSNEES).
Quanto aos resíduos volumosos, no que tange aos móveis e utensílios
domésticos, o município possui um sistema de recolhimento destes materiais.
Salienta-se que os materiais recolhidos que ainda estão em condições de serem
utilizados são doados a outras pessoas. Já o que não pode ser reutilizado é
desmontado e as partes servíveis (madeira, plástico, metal, entre outros)
recolhidas. Os rejeitos dos móveis e utensílios são dispostos no aterro controlado.
Os resíduos de poda de árvores, que também fazem parte da tipologia: volumoso,
são depositados no aterro controlado ao lado do ponto B no local onde foi retirado
o material inerte utilizado para o recobrimento dos rejeitos (APÊNDICE A).
Os agrotóxicos, seus resíduos e embalagens são coletados a partir da logística
reversa. Estes resíduos são recolhidos e armazenados temporariamente pelos
empreendimentos que os comercializam e posteriormente as empresas
responsáveis por sua destinação ou disposição final os recolhem. Até a
assinatura dos TCA’s os pneus eram dispostos na área a ser recuperada, a partir
de então, os pneus são armazenados temporariamente em um galpão municipal
de onde, posteriormente, são enviados para empresas recicladoras ou
reutilizados para artesanato.
10
3 LOCALIZAÇÃO
O município de Baixo Guandu está inserido na região centro oeste do Estado do
Espírito Santo, conforme Figura 1.
Figura 1 - Localização do município de Baixo Guandu.
A área onde será executado o PRAD-RSU está localizada no Km 01 da Rodovia
Marcos Antônio Zopelari – ES-446 que liga Baixo Guandu a Itaguaçu, e possui
uma área total de aproximadamente 43.000 m² (APÊNDICE A). Os pontos
contaminados estão localizados na poligonal formada pelas coordenadas
geográficas UTM na zona 24K, Datum WGS 84 que segue: 290668 O e 7839757
S. As vias de acesso ao aterro são indicadas no Apêndice B.
11
É importante ressaltar que, com o intuito de impedir a entrada de pessoas não
autorizadas bem como a entrada de animais, foi instalada uma barreira física no
perímetro da área constituída de cerca de arame farpado, cerca viva, portão e
guarita (Figura 2). Além da barreira física, foi implantada na entrada da área,
placa informativa de fácil visualização e leitura, com fundo branco e as seguintes
dimensões 1,20m x 0,80m.
Figura 2 - Porteira, guarita e placa de identificação.
12
4 IDENTIFICAÇÃO
4.1 RESPONSÁVEL PELA ATIVIDADE NA ÁREA
Prefeitura Municipal de Baixo Guandu
CNPJ: 27.165.737/0001-10
Endereço: Rua Francisco Ferreira, nº 40, Centro
Município: Baixo Guandu-ES
CEP: 29.730-000
E-mail: [email protected]
Telefone/fax: (27) 3732-3214
Representante legal:
Prefeito Municipal
Nome: José de Barros Neto
CPF nº: 031.888.387-27
Rua Francisco Ferreira, n.º 40 – Centro - CEP 29.730-000 – Baixo Guandu/ES.
Telefone: (27) 3732-1838/(27) 9 9947-5159
E-mail: [email protected]
4.2 RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PRAD
Responsável técnico pela elaboração de ART: Felipe Augusto de Oliveira
CPF n°: 118.440.747-90
Formação profissional: Engenheiro Ambiental
Nº de registro CREA: ES-029370/D
Telefone: (27) 99813-0791
E-mail: [email protected]
Endereço: Rua Carlos Fick Neto, n/s, Bairro Operário
Município: Baixo Guandu-ES
CEP: 29.730-000
Nº da ART: 0820140156224
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4.3 EQUIPE TÉCNICA ENVOLVIDA NA ELABORAÇÃO DO PRAD
Nome: Poliana Coan
CPF n°: 124.137.017-61
Formação profissional: Bióloga
Nº de registro CRBIO: 96531/02 D
Telefone: (27) 999870657
E-mail: [email protected]
Endereço: Rua Carlos Fick Neto, n/s, Bairro Operário
Município: Baixo Guandu-ES
CEP: 29.730-000
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5 CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO
5.1 HIDROLOGIA
A maior parte do território do Estado do Espírito Santo encontra-se inserido na
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, que é conhecida nacionalmente pelo
elevado contingente populacional e pela importância econômica de sua indústria.
Esta Região possui 214.629km² de área, o equivalente a 2,5% do País. Os seus
principais rios são o Paraíba do Sul e o Doce, com respectivamente 1.150 e 853
quilômetros de extensão (ANA, acesso em 18 ago. 2014).
As características do solo levam a bacia do rio Doce a uma condição de
fragilidade no tocante à susceptibilidade à erosão. Com efeito, 58% da área da
bacia se encontra na categoria de susceptibilidade forte e 30% na categoria de
susceptibilidade média (IEMA, acesso em 18 ago. 2014).
O município de Baixo Guandu faz parte da bacia hidrográfica do Doce (Figura 3),
cuja área de drenagem é de aproximadamente 86.715 km², dos quais 86%
pertencem ao estado de Minas Gerais e o restante ao Espírito Santo, no total de
15.088 km² (IEMA, acesso em 18 ago. 2014). Os principais cursos d’água que
compõem a rede de drenagem do município são o Rio Doce, Rio Guandu, Rio
Laje e o Rio Mutum (INCAPER, 2011).
15
Figura 3 - Bacia Hidrográfica do Doce. Fonte: CPRM, acesso em 18 ago. 2014.
Influenciado pelas condições geológicas, geomorfológicas e pedológicas, o
município de Baixo Guandu conta com uma variedade de rios e riachos de
pequeno ou médio porte, com leitos bem encaixados e muitos nascendo dentro
do próprio território.
Grande parte desses mananciais menores são importantes para agricultura, uma
vez que as águas são usadas para irrigação. Porém, alguns desses estão sujeitos
à diminuição da capacidade em decorrência de períodos de estiagem
prolongados, que às vezes se estende por um período de até sete meses, e nos
quais a temperatura máxima media chega a atingir 33,6°C (INCAPER, 2011).
16
5.2 GEOLOGIA
O Estado do Espírito Santo está localizado na Província Mantiqueira. Esta
Província é uma entidade geotectônica instalada a leste dos crátons São
Francisco e Rio de La Plata/Paraná, ao final do Neoproterozóico e início do
Paleozóico. Estende-se por cerca de 3.000 km com orientação NNE–SSW ao
longo da costa atlântica, de Montevidéu (Uruguai) ao sul da Bahia (BIZZI et al.,
2003).
Conforme Figura 4, os orógenos que compõe a Província Mantiqueira são:
Araçuaí, Brasília Sul, Ribeira, Apiaí e Dom Feliciano (Heilbron et al. apud REIS,
2008, p.25). A região de Baixo Guandu está localizada o orógeno Araçuaí – Doce
(CPRM, apud ANDRÉ, 2007).
Figura 4 - Compartimentação da Província Mantiqueira. Fonte: Heilbron et al. (apud REIS, 2008, p.25).
17
O Orógeno Araçuaí – Doce é marcado na bacia do Rio Doce pelo magmatismo
pré a póstectônico e, litologicamente, é representado por corpos granitóides, em
geral calci-alcalinos, de composição variada, pouco a muito foliados, gnáissicos
ou não (CBH-DOCE, 2005).
No contexto regional, a área do município de Baixo Guandu abrange unidade com
registro de idades Criogeniano, Neoproterozóico III, Cambriano, Terciário e
Quaternário (LEITE et al., 2004). No Quadro 1, é apresentado as unidades
estratigráficas que são encontradas na região ao entorno da área de estudo.
EON ERA PERÍODO UNIDADES
Proterozóico Neoproterózoico
Criogeniano Complexo Paraíba do Sul.
Neoproterozóico III
Granitóides Pré a Sincolisionais; Granitóides Pré-colisionais; Granitóides Sincolisionais.
Fanerozóico
Paleozóico Cambriano Granitóides Pós-colisionais.
Cenozóico
Terciário Coberturas Detrito-Lateríticas.
Quaternário Depósitos aluvionares recentes; Depósitos Aluvionares Antigos.
Quadro 1 - Unidades estratigráficas encontradas na região ao entorno da área de estudo. Fonte: Leite e outros (2004).
Constituição das unidades estratigráficas encontrados na região segundo Leite e
outros (2004):
• O Complexo Paraíba do Sul é constituído por paragnaisse aluminoso,
kinzigito, mica xisto, rocha calcissilicática, quartzito, mármore e anfibolito;
• Granitóide Pré a Sincolisional
Suíte Mascarenhas – Granitóides foliados a gnáissicos, dominantemente
metaluminosos, calcialcalinos, tipo I;
• Granitóides Pré-colisionais
Granodiorito-Tonalito Galiléia – É constituído por granitóides foliados a
gnáissicos, dominantemente metaluminosos, calcialcalinos, tipo I;
• Granitóides Pós-Colisionais
18
Suíte Ibituba – Granitóides metaluminosos, calcialcalinos a alcalinos, tipo I
(charnockito Porfirítico);
Suíte Várzea Alegre – Granitóides metaluminosos, calcialcalinos de alto K,
tipo I e mafitos associados;
• Granitóide Simcolisional
Granito Nanuque – Granitóides pouco foliados a gnáissicos,
peraluminosos, calcialcalinos de alto K, tipo S;
• Coberturas Detrito-Lateríticas: Areia com níveis de argila e cascalho e
crosta lateritica;
• Depósitos Aluvionares Antigos: Areia com intercalações de argila e
cascalho e restos de matéria orgânica;
• Depósitos aluvionares recentes: Constituídos por areias com intercalações
de argila e cascalho, bem como restos de matéria orgânica.
Vale ressaltar que de acordo com o Comitê de Bacia Hidrográfica do Doce (2007),
o Complexo Paraíba do Sul é apresentado com sendo do período toniano
diferente da classificação feita por Leite e outros, (2004).
A área degradada pela disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos
encontra-se inserida no Suíte Mascarenhas e próximo à área caracterizada como
Depósitos Aluvionares Antigos (Figura 5). Entretanto, conforme verificação “in
situ”, a área degradada está situada na zona de transição entre as duas unidades.
19
Figura 5 - Geologia local. Fonte: Adaptado CPRM (Acesso em 28 ago. 2014).
5.3 GEOMORFOLOGIA
A caracterização geomorfológica da área de estudo foi feita com base no estudo
apresentado em 2012 pelo INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES (IJSN)
juntamente com o Departamento de Geografia da Universidade Federal do
Espírito Santo – UFES, e nos dados coletados “in locu”.
20
5.3.1 Morfoestruturas
De acordo com o IJSN (2012) o município de Baixo Guandu contempla as
seguintes morfoestruturas: faixa de dobramentos remobilizadas ao sul da região e
maciços plutônicos ao norte.
As faixas de dobramentos remobilizadas caracterizam-se pelas evidências de
movimentos crustais, com marcas de falhas, deslocamentos de blocos e
falhamentos transversos, impondo nítido controle estrutural sobre a morfologia
atual. Já os maciços plutônicos destacam-se pela ocorrência de grandes massas
intrusivas predominantemente ácidas de idades diferentes, correspondentes a
suítes intrudidas em rochas proterozóicas de litoestruturas variáveis (IJSN, 2012).
5.3.2 Regiões Geomorfológicas
O Domínio Morfoestrutural da faixa de dobramentos remobilizadas é representado
pelas regiões de planaltos da mantiqueira setentrional. Esse tipo de formação
planáltica possui aspecto montanhoso fortemente dissecado, incluindo altitudes
variadas dispostas geralmente em níveis altimétricos relacionados com as fases
de dissecação comandadas pelos rios, adaptados às fraquezas litológicas e
estruturais.
Os maciços plutônicos são caracterizados pelas regiões de planaltos soerguidos.
Essas áreas são afetadas por agentes erosivos principalmente relacionados a
oscilações climáticas e variação de níveis de base dos rios envoltos. Constituem-
se de maciços residuais elevados assinalados por pontões rochosos e localmente
por restos de topos parcialmente conservados.
5.3.3 Unidades Geomorfológicas
O relevo do município de Baixo Guandu é caracterizado por quatro unidades
geomorfológicas, sendo o bloco montanhoso central encontrado na margem
21
esquerda do Rio Doce, os maciços do Caparaó I e II na margem direita e os
patamares escalonados do sul capixaba são observados em ambas as margens
do Rio.
Bloco Montanhoso Central
O Bloco Montanhoso Central deve-se ao realce dos diversos núcleos plutônicos a
partir de retomadas erosivas devido ao abaixamento dos níveis de base da
drenagem em consequência de oscilações climáticas e movimentações
estruturais.
Maciços do Caparaó I e II
Os Maciços do Caparaó I e II caracterizam-se por um modelado intensamente
dissecado com altitudes médias em torno de 600m, destacado por grandes
elevações maciças, algumas superiores a 2.000 metros de altitude. A conjugação
de influencias dos eventos tectônicos sobre essas rochas e de climas
predominantemente úmidos é percebida nas formas de dissecação intensamente
orientadas por falhas intercruzadas, escarpas adaptadas e falhas e elevações
residuais.
Observa-se a exposição local do embasamento, formando pontões rochosos,
relacionados com intrusões de grandes corpos graníticos, ou formando
semicírculos realçados por processos de descamação (IBGE, 1987).
Os condicionamentos estruturais e climatológicos influenciaram também nos
processos de desintegração das rochas, favorecendo a evolução de um regolito
intemperizado contendo localmente latossolos profundos e solos “litólicos” mais
recentes nos sopés das elevações e as baixas encostas, onde geralmente
existem coluviões. Durante os períodos chuvosos tais áreas sujeitam-se a
processos morfondinâmicos intensos, sendo esse processo influenciado pelo grau
de declividade das encostas e cobertura vegetal (IBGE, 1987).
22
Patamares Escalonados do Sul Capixaba
Distingui-se das demais áreas da região Sul Capixaba por ressaltar níveis de
dissecação escalonados formando patamares, delimitados por frentes escarpadas
adaptadas a falhas voltadas para noroeste e com caimento topográfico para
sudeste, sugerindo blocos basculados em decorrência de impulsos epirogenéticos
relacionados com a atuação dos ciclos geotectônicos.
Devido ao relevo marcado por encostas íngremes, são comuns os problemas de
instabilidade, provocados por movimentos de massa generalizados, ocasionados
pelo avanço da ocupação do espaço. Este deslizamento de terra possibilita a
colmatação de alguns vales ou a formação de colúvios depositados geralmente
na parte inferior das encostas (IBGE, 1987).
Na parte oeste desta unidade, próximo a Baixo Guandu e ao limite com os
Maciços do Caparaó I, notam-se colinas com topos concordantes relacionados
com a dissecação de um antigo plano representado por um patamar a cerca de
20 m acima dos vales. Há trechos em que a vegetação se assemelha a Estepe,
observando-se muita pedregosidade com espraiamento de blocos de quartzo,
constituindo solos rasos, desenvolvidos sobre rampas arenosas cortadas por
vales (IBGE, 1987).
5.3.4 Modelados
Modelos de acumulação fluvial são encontrados nas margens do Rio doce, com
prolongamento em direção ao Rio Guandu. Estas áreas são caracterizadas por
áreas planas resultante de acumulação fluvial sujeita a inundações periódicas,
correspondentes às várzeas atuais. Ocorre nos vales com preenchimento aluvial.
23
5.3.5 Geomorfologia Local
A área degradada está localizada no Domínio Morfoestrutural denominado faixas
de dobramentos remobilizadas. A região a leste do aterro faz parte da unidade
geomorfológica descrita como patamares escalonados do sul capixaba e a região
a oeste da unidade maciços do Caparaó I.
A área de estudo possui relevo suave ondulado a plano (Figura 6) e, encontra-se
na zona de transição entre a unidade geomorfológica patamares escalonados do
sul capixaba e maciços do Caparaó I, com acumulação fluvial entre estas (Figura 7
- Unidades geomorfológicas.Figura 7).
Figura 6 - Relevo do local.
24
Figura 7 - Unidades geomorfológicas. Fonte: Adaptado IJSN (2012).
5.4 PEDOLOGIA
De acordo com o mapa de solos do Brasil apresentado pelo IBGE (2001), no
município de Baixo Guandu são predominantes os seguintes tipos de solos:
latossolo vermelho-amarelo distrófico, argissolo vermelho eutrófico e argissolo
vermelho-amarelo eutrófico. Segundo INCAPER (2011) o solo com maior
ocorrência no município é o latossolo vermelho-amarelo distrófico, com fertilidade
média e acidez moderada, pH em torno de 5,0.
25
O latossolo compreende solos constituídos por material mineral, com horizonte B
latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos tipos de horizonte
diagnóstico superficial, exceto hístico. São solos em avançado estágio de
intemperização, muito evoluídos, como resultado de enérgicas transformações no
material constitutivo (EMBRAPA, 2006).
Argissolos são solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B
textural imediatamente abaixo do A ou E, com argila de atividade baixa ou com
argila de atividade alta conjugada com saturação por bases baixa e/ou caráter
alítico na maior parte do horizonte B, e satisfazendo, ainda, os seguintes
requisitos (EMBRAPA, 2006):
a) Horizonte plíntico, se presente, não satisfaz os critérios para Plintossolo;
b) Horizonte glei, se presente, não satisfaz os critérios para Gleissolo.
Na área observam-se solos pouco desenvolvidos, que ainda apresentam
características do material originário (rocha) evidenciado pela presença de
minerais primários (Figura 8). De acordo com Santos (2004) solos pouco
profundos como o encontrado na área, facilitam a infiltração e o transporte dos
contaminantes para o aquífero.
26
Figura 8 - Perfil com presença de material primário.
Nas cotas mais elevadas da área, o regolito é formado por um solo argiloso com
pedregulhos de quartzo nas camadas superficiais (Figura 9) e, nas cotas
inferiores o solo também é argiloso, porém, sem a presença de pedregulhos
(Figura 10). Vale ressaltar que a camada de solo com estas características varia
de 0,20 a 0,60 metros. Abaixo desta categoria o solo apresenta composição
variada segundo relatório de sondagem (Anexo A) feito pela construtora Eltecom
(2008):
• Silte com argila e areia média;
• Silte com areia média;
• Argila arenosa com pedregulhos;
• Silte com pedregulhos;
• Silte com areia grossa;
• Argila com areia média;
• Argila siltosa com areia média.
27
Figura 9 - Solo argiloso com pedregulhos.
Pedregulhos
Camada de argila
28
Figura 10 - Solo argiloso sem pedregulhos.
O processo de intemperismo alterou profundamente a rocha matriz formando uma
camada expeça de saprólito conforme Figura 11. Esta camada apresenta muitas
fraturas, as quais são as principais entradas de água para o aquífero fissural
encontrado na região.
29
Figura 11 - Rocha matriz alterada pelo intemperismo.
5.5 CLIMATOLOGIA
De acordo como o INCAPER (2011) Baixo Guandu é dividido em cinco zonas
naturais (Zona 1, Zona 2, Zona 3, Zona 6 e Zona 9). A área contaminada
encontra-se inserida na zona 9, que é caracterizada por terras quentes, planas e
secas. A temperatura média mínima do mês mais frio situa-se entre 11,8°C -
18,0°C e a média máxima do mês mais quente entre 30,7°C - 34,0°C.
A referida zona possui oito meses secos, dos quais 4 são considerados
parcialmente secos (janeiro, fevereiro, março e outubro) e o período
compreendido entre abril e setembro é considerado seco. Vale ressaltar que
segundo a metodologia utilizada pelo INCAPER (2011) cada 2 meses
parcialmente secos são contados como um mês seco. Os meses de novembro e
dezembro são chuvosos, e a precipitação média anual é de 948 mm, sendo julho
Célula em uso
30
o mês mais seco, quando ocorrem apenas 21,0 mm. Em dezembro, o mês mais
chuvoso, a precipitação média é de 211,3 mm (INCAPER, 2011).
O regime pluviométrico mostrado na Figura 12 refere-se aos dados coletados no
município vizinho de Baixo Guandu, Itaguaçu-ES. A estação Itaimbé é de
responsabilidade da ANA e operada pelo CPRM (código da estação 1940012). O
período de amostragem para esta estação compreende os anos entre 1958 e
2005.
Na Figura 13 é apresentado os dados pluviométricos da estação Baixo Guandu
operada pelo CPRM e de responsabilidade da ANA (código da estação 1941003).
Os dados são referentes ao período compreendido entre 1942 e 2005. É possível
observar na Figura 13a que os maiores índices pluviométricos são registrados nos
meses de novembro, dezembro e janeiro.
Em ambas as Figuras (12 e 13) pode-se observar que em 1963 o volume de
chuva registrado na região foi baixo, inferior a normal climatológica,
caracterizando um ano seco.
31
Figura 12 - Precipitação média mensal (a) e precipitação anual (b) estação Itaimbé em Itaguaçu – ES (1958-2005).
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
50
100
150
200PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL
Mês
Pre
cipi
taçã
o (m
m)
1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800PRECIPITAÇÃO ANUAL
Ano
Pre
cipi
taçã
o (m
m)
a
b
32
Figura 13 - Precipitação média mensal (a) e precipitação anual (b) estação Baixo Guandu (1942-2005).
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
50
100
150
200PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL
Mês
Pre
cipi
taçã
o (m
m)
1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010200
400
600
800
1000
1200
1400
1600PRECIPITAÇÃO ANUAL
Ano
Pre
cipi
taçã
o (m
m)
a
b
33
6 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO
6.1 FAUNA
O levantamento faunístico da área contemplada foi realizado por meio de
observações visuais seguidas por consulta bibliográfica.
Foi registrada a ocorrência de um grande número de espécies de aves, entre as
quais, destacam-se: Speoto cunicularia (coruja), Poliborus plancus (gavião
carcará), Melanerpes caudidus (pica-pau branco), Sicalis flaveola (canário-da-
terra), Guira guira (anu branco), Pitangus sulphuratus (Bem-te-vi), Passer
domesticus (Pardal), Coragyps atratus (urubu), Columba livia (pombo), Cariama
cristata (Siriema), Sicalis Flaveola (canário), Columbina passerina (rolinha),
Progne tapera (andorinha), Sporophila caerulescens.(coleirinho), Cantorchilus
griseus (garrincha) e Vanellus chilensis quero-quero.
Foram identificadas algumas espécies de mamíferos que habitam ambientes
abertos na área contemplada. São elas: Didelhis aurita (gambá), Platyrrhinus
recifinus (morcego) e Rattus norvegicus (rato). As espécies de répteis registradas
na área foram: Ameiva ameiva (calango verde), Hemidacthylus mabouia
(lagartixa), Placosome cipoense (lagarto), Phylodryas olfersii (cobra verde) e
Oxyrhopus guibei (coral falsa).
No que se refere aos invertebrados, foram identificadas as seguintes ordens:
Coleoptera (besouros), Blatariae (baratas), Dptera (mosquitos), Aracnida (aranha)
e Lepdoptera (borboletas). Também foi registrada uma espécie da ordem
Scorpiones – Tityus serrulatus (escorpião amarelo).
6.2 FLORA
A área contemplada apresenta-se bastante alterada pela ação antrópica. A
vegetação original do território do município é a Mata Atlântica em transição com
cerrado. No entanto, a região de Baixo Guandu vem observando, há décadas,
34
profundas alterações ambientais oriundas, principalmente, de um intenso
processo de atividades extrativas minerais e do desmatamento objetivando a
expansão agropecuária. Isso gerou e segue favorecendo uma grande mudança
paisagística, reduzindo áreas verdes de vegetação nativa em pequenos
fragmentos em meio a áreas abertas de pastagem. Assim sendo, áreas
florestadas são praticamente inexistentes e o município está inserido em uma
região pouco estudada em termos faunístico e florístico, não havendo muita
informação sobre a flora e a fauna original.
No entorno do local, existe uma pequena área de capoeira, fisionomia vegetal
descrita por Veloso e outros (1992) como capoeira rala formada basicamente por
árvores com altura entre 3 e 6 metros. São raros os exemplos de árvores
testemunhas da vegetação da mata natural representadas pela presença esparsa
de algumas espécies nos pastos. Entre essas espécies, destacam-se: Gallesia
integrifólia (pau d’alho), Ramisia brasiliensis (Maria pobre), Miracrodruon
urunduva (aroeira), Alseis floribunda (vareteira), Cnidosculus pubenscens
(cansanção), Anadenathera grandilorum (angico vermelho), Genipa americano
(genipapo), Petthoflorum dubium (angico d’água) e Parkinsonia aculeata (Espinho
de Jerusalém).
As formações vegetais associadas aos afloramentos rochosos são, em sua
maioria, compostas por espécies de Cactáceas.
Apesar de apresentar espécies de árvores, a área contemplada e seus arredores
são tipicamente áreas de pastagem onde estão presentes uma grande quantidade
de gramíneas. Entre elas, destacam-se: Panicum maximum (colonião), Brachiaria
decumbs (braquiária) e Rissinus comunis (mamona).
7 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO ANTRÓPICO
A caracterização do meio antrópico, no que se refere aos aspectos
socioeconômicos e de educação do município de Baixo Guandu, foi feita como
35
base nos dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(Acesso em set. 2014).
7.1 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
O Produto Interno Bruto (PIB) de Baixo Guandu é o 27º maior do Estado do
Espírito Santo, destacando-se na área de prestação de serviços. Na economia
destacam-se a indústria, o cultivo de café, agropecuária, turismo, extração e
exportação de rochas ornamentais.
Essencialmente primária, a agropecuária, o cultivo de café e a exploração de
rochas ornamentais como o mármore e o granito são à base de sua economia.
Possui um setor terciário relativamente desenvolvido, contudo direcionado ao
mercado local.
O desenvolvimento industrial vem sendo incentivado pelo governo municipal que,
em parceria com o Governo Federal e a Federação das Indústrias do Espírito
Santo (FINDES), oferece cursos de qualificação e capacitação técnica, auxiliando
na formação de mão de obra especializada. Recentemente, foi implantada no
município uma unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem (SENAI).
O comércio sempre foi uma das principais fontes de renda da cidade e se vê
fortalecido desde a época da chegada da Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM),
sendo que, juntamente com o setor de prestação de serviços, foi um dos
responsáveis pelo desenvolvimento social e econômico observado nos últimos
anos.
A cidade abriga a maior usina hidrelétrica do Espírito Santo (EDP), de grande
porte, situada no distrito de Mascarenhas, inaugurada em 1974.
36
7.2 EDUCAÇÃO
Na área da educação, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)
médio entre as escolas públicas de Baixo Guandu era, no ano de 2011, de 4,9
(numa escala de avaliação que vai de nota 1 à 10), sendo que a nota obtida por
alunos do 5º ano (antiga 4ª série) foi de 5,1 e do 9º ano (antiga 8ª série) foi de 4,2;
o valor das escolas públicas de todo o Brasil era de 4,0. Em 2010, 2,81% das
crianças com faixa etária entre seis e quatorze anos não estavam cursando o
ensino fundamental. A taxa de conclusão, entre jovens de 15 a 17 anos, era de
71,7% e o percentual de alfabetização de jovens e adolescentes entre 15 e 24
anos era de 98,5%.
A distorção idade-série entre alunos do ensino fundamental, ou seja, com idade
superior à recomendada, era de 9,2% para os anos iniciais e 15,9% nos anos
finais e, no ensino médio, a defasagem chegava a 25,4%. Dentre os habitantes de
18 anos ou mais, 46,30% tinham completado o ensino fundamental e 30,11% o
ensino médio, sendo que a população tinha em média 9,87 anos esperados de
estudo.
Em 2010, de acordo com dados da amostra do censo demográfico, da população
total, 7.820 habitantes frequentavam creche e/ou escolas. Desse total, 418
frequentavam creches, 665 estavam no ensino pré-escolar, 253 na classe de
alfabetização, 117 na alfabetização de jovens e adultos, 4.196 no ensino
fundamental, 1.282 no ensino médio, 211 na educação de jovens e adultos do
ensino fundamental, 206 na educação de jovens e adultos do ensino médio, 106
na especialização de nível superior e 366 em cursos superiores de graduação.
21.261 pessoas não frequentavam unidades escolares, sendo que 3.031 nunca
haviam frequentado e 18.230 haviam frequentado alguma vez.
O município contava em 2012 com 5.784 matrículas nas instituições de ensino da
cidade, sendo que dentre as 41 escolas que ofereciam ensino fundamental, 18
pertenciam à rede pública estadual, 21 à rede pública municipal e duas às redes
37
privadas. Dentre as quatro escolas que forneciam o ensino médio, três pertenciam
à rede estadual e uma à rede privada.
8 AVALIAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR DA ÁREA A SER
RECUPERADA
8.1 HISTÓRICO DA ÁREA
A disposição de resíduos sólidos, na área a ser recuperada na cidade de Baixo
Guandu, iniciou no ano de 1998 conforme dados da prefeitura. Entretanto, o
aterro foi operado como “Lixão”.
De 1998 a 2010 os resíduos sólidos foram dispostos na célula que hoje se
encontra encerrada (Ponto A). A partir de 2010 iniciou-se a disposição dos
resíduos em um novo ponto dentro da mesma área (Ponto B), e atualmente o
ponto B encontra-se em operação (Figura 14 e Figura 15).
Nas imagens do Anexo B é possível observar a evolução da ocupação de área de
2003 a 2014.
38
Figura 14 - Vista aérea do Ponto A e Ponto B. Fonte: Google Earth (2014).
Figura 15 - Ponto A e Ponto B. Fonte: IEMA (2013).
Ponto B
Ponto A
Ponto B Ponto A
39
Como observado na Figura 16, antes da disposição dos resíduos no ponto B
ocorreu à abertura de cava com aproximadamente 1,5 m de profundidade e a
instalação do sistema de drenos de gases o qual não avançou com o crescimento
da célula (Figura 17).
Figura 16 - Disposição de resíduos sólidos no ponto B. Fonte: IEMA (2011).
Figura 17 - Dreno de gases no ponto B. Fonte: IEMA (2011).
Dreno de gases
40
A área a ser recuperada é utilizada pela prefeitura municipal de Baixo Guandu,
pela comunidade e empresas para a disposição de resíduos sólidos. Segundo
relatos de Ribeiro (2014), uma trabalhadora que atuou no local de 1998 a 2014,
foram dispostos na área resíduos da construção civil, resíduos do serviço de
saúde, resíduos domiciliares, pneus, embalagens de óleo lubrificante, produtos
eletroeletrônicos e seus componentes, lâmpadas diversas, carcaça de animais,
pilhas e baterias. Ainda de acordo com a trabalhadora, os remédios que
chegavam ao lixão eram enterrados em valas escavadas em pontos aleatórios, os
pneus eram utilizados na estabilização dos taludes dos maciços de resíduos.
Para a disposição dos resíduos no ponto A houve a abertura de uma cava “muito
profunda” segundo Ribeiro (2014) bem como a instalação do sistema de
drenagem dos gases. O recobrimento dos resíduos no ponto A era realizado
constantemente, porém, não foi evidenciada a periodicidade com que esta ação
ocorria. Outra prática comum, relatada por Ribeiro (2014), era à queima dos
resíduos.
Na Figura 18 é mostrado o acumulo de ossos de animais, já nas Figura 19 e
Figura 20 observa-se o escoamento superficial e acumulo de chorume no ponto
B. Também na Figura 19 mostra-se a disposição de eletroeletrônicos.
41
Figura 18 - Carcaça de animais. Fonte: IEMA (2011).
Figura 19 - Equipamentos eletroeletrônicos e acumulo de chorume (Ponto B). Fonte: IEMA (2011).
Eletroeletrônicos
Ossos
42
Figura 20 - Acumulo de chorume no solo (Ponto B). Fonte: IEMA (2011).
Na Figura 21 é apresentado a disposição de resíduos provenientes de oficina
mecânica.
Figura 21 - Disposição de resíduos de oficina mecânica no ponto B. Fonte: IEMA (2011).
Resíduos de oficina
mecânica
43
Salienta-se que a partir da celebração do Termo de Compromisso Ambiental em
2013, a revitalização da área vem ocorrendo bem como alguns controles
ambientais passaram a ser aplicados: cercamento da área; implementação do
sistema de drenagem das águas pluviais e gases; retaludamento e conformação
do maciço; recobrimento regular dos resíduos; proibição do descarte na área de
resíduos perigosos (lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias, pneus, resíduos do
serviço de saúde, resíduos e embalagem de agrotóxicos e óleos lubrificantes,
produtos eletroeletrônicos e seus componentes, etc.), entre outros.
O material inerte utilizado para o recobrimento dos resíduos de ambos os pontos,
A e B, é proveniente da área objeto deste PRAD, conforme destacado na Figura
22 e no Apêndice A.
Figura 22 - Ponto de retirado do material inerte ao lado do ponto B. Fonte: IEMA (2013).
Neste particular, como o empreendimento não apresenta o sistema de
impermeabilização de base, toda a área está sujeita a contaminação das águas
subterrâneas.
Local de retirada
do material inerte
44
8.2 LEVANTAMENTO PRELIMINAR
8.2.1 Volume da Massa de Resíduos Dispostos no Local
Para determinar o volume da massa de resíduos dispostos no local, fez-se
necessário estimar a geração de resíduos sólidos ao longo do período de
utilização da área (1998-2014). Esta estimativa exige inicialmente uma projeção
da populacional para o período estudado, seguida de uma projeção da geração
de resíduos sólidos do município para o mesmo período.
O estudo de evolução populacional visa estimar a população do município no
período entre 1998 e 2014. Nos casos de municípios que não possuem estudos
populacionais atuais, pode-se realizar uma projeção da população por meio de
métodos matemáticos ou estatísticos, como o método crescimento aritmético, ou
o do crescimento geométrico. Todos estes métodos se baseiam nos dados
históricos de população, como os dados censitários produzidos pelo IBGE
(BRASIL, 2013).
O método utilizado para projeção da população foi o geométrico, cujo modelo de
crescimento da população é dado por uma progressão geométrica, sendo a curva
representativa de evolução de população uma parábola. Analiticamente, a fórmula
que traduz este crescimento é dada pela Expressão 1.
�� = ��. (1 + )(�� ��) (1)
onde, k - taxa de crescimento anual médio;
P2 - população do ano 2;
P1 - população do ano 1;
t2 - ano 2;
t1 - ano 1.
A taxa de crescimento anual médio da população pode ser determinada pela
Equação 2.
45
= ��������
(�����)� − 1 (2)
Na Tabela 1 é indicado a população total do município de Baixo Guandu de
acordo com o senso demográfico realizado pelo IBGE e sua respectiva taxa de
crescimento médio obtido a partir da Equação 2. Salienta-se que foi considerado
a população total do município, pois os resíduos gerados pela população da zona
rural também são coletados e dispostos na área a ser recuperada.
Tabela 1 - População e taxa de crescimento.
Ano População Total Taxa crescimento (%)
1996 26.580 - 2000 27.819 1,15 2010 29.081 0,44 2014 31.298 1,85
A partir da Expressão 1 foi feito a projeção da população conforme Tabela 2, e a
partir desses dados determinou-se a geração de resíduos sólidos domiciliares do
município, para o mesmo período, considerando a geração per capta de 0,71
Kg/hab/dia. O volume da massa de resíduos compactado no aterro foi obtido
através da Fórmula 3 adotando o peso específico do resíduo compactado como
sendo 450 Kg/m³ (CARMO JR, acesso em 24 jun. 2014). Salienta-se que o peso
específico do resíduo pode variar em função do grau de compactação e, segundo
Martins (2006) para resíduos medianamente compactados o valor está situado
entre 350 e 900 Kg.m-3.
PE
GaVM
r= (3)
em que, VMr - volume da massa de resíduos compactados, em m³;
Ga - geração anual,em ton;
PE - peso específico do resíduo compactado, em ton/m³.
46
Tabela 2 - Geração e volume da massa de resíduos.
Ano População
Total Geração diária
(ton/dia) Geração anual
(ton/ano)
Vol. da massa de resíduos
(m³/ano)*
Vol. acumulado da massa de
resíduos (m³)*
1998 27192 19,3 7047 15660 15660
1999 27504 19,5 7128 15839 31499
2000 27819 19,8 7209 16021 47520
2001 27943 19,8 7241 16092 63612
2002 28067 19,9 7274 16163 79775
2003 28192 20,0 7306 16235 96010
2004 28317 20,1 7338 16307 112318
2005 28443 20,2 7371 16380 128698
2006 28569 20,3 7404 16453 145151
2007 28697 20,4 7437 16526 161677
2008 28824 20,5 7470 16599 178276
2009 28952 20,6 7503 16673 194949
2010 29081 20,6 7536 16747 211697
2011 29620 21,0 7676 17058 228755
2012 30169 21,4 7818 17374 246129
2013 30728 21,8 7963 17696 263825
2014 31298 22,2 5444** 12098 275923
* Volume de resíduos compactando no aterro **Volume gerado até agosto de 2014
É importante ressaltar que o volume acumulado da massa de resíduos
apresentado na Tabela 2 contempla apenas os resíduos sólidos domiciliares
dispostos nos pontos A e B. Portanto, o volume do maciço de resíduos (ponto A e
ponto B) é superior, tendo em vista a disposição de outros tipos de resíduos no
local como já mencionado, além dos resíduos sólidos domiciliares.
8.2.2 Profundidade da Cava de Disposição de Resíduos
Segundo Ribeiro (2014) no ponto A foi aberto uma cava para a disposição dos
resíduos. Entretanto, não foi possível determinar a profundidade da mesma. Já,
no ponto B a cava tem aproximadamente 1,50 metros de profundidade.
47
8.2.3 Permeabilidade do Solo
A avaliação da permeabilidade do solo é feita através do coeficiente de
permeabilidade ou condutividade hidráulica. O coeficiente de permeabilidade é a
velocidade de descarga de um fluído que atravessa uma seção unitária de solo.
Salienta-se, a importância de estudo detalhado sobre o parâmetro hidrogeológico,
coeficiente de permeabilidade, no que tange a avaliação do risco de
contaminação das águas subterrâneas.
Segundo Hillel (apud PIZARRO, 2009) o coeficiente de permeabilidade é
influenciado pelo tamanho e a forma das partículas, espaços vazios, composição,
textura, grau de saturação, geometria dos poros e propriedades do fluído
(viscosidade e massa específica). Neste contexto, é possível que o mesmo solo
apresente coeficiente de permeabilidade diferente em função da contaminação
pela disposição de resíduos sólidos.
A Tabela 3 mostra a classificação dos solos segundo os valores de seus
coeficientes de permeabilidade.
Tabela 3 - Grua de permeabilidade dos solos em função do coeficiente de permeabilidade K.
Grau de permeabilidade Valor de K (cm/s) Elevado Superior a 10-1 Médio 10-1 a 10-3 Baixo 10-3 a 10-5 Muito baixo 10-5 a 10-7 Praticamente impermeável Menos que 10-7
Fonte: Lambe e Whitman (apud SANTOS, 2006, p. 35).
Na Tabela 4 são apresentados os valores do coeficiente de permeabilidade para
alguns tipos de solo.
48
Tabela 4 - Coeficiente de permeabilidade. Fração de solo Valor de K (cm/s)
Argilas Menor que 10-7 Siltes 10-4 a 10-7 Areias argilosas 10-5 Areias finas 10-3 Areias médias 10-2 Areias grossas 10-1
Caputo (apud PAZZETO, 2009, p. 25).
Considerando que os solos argilosos apresentam permeabilidade muito baixa,
observa-se que a primeira camada do solo, da área em questão, atua como uma
barreira reduzindo a velocidade de transito dos contaminantes, diminuindo assim,
o volume da pluma de contaminação. Entretanto, a remoção desta camada, como
observado na área, favorece o avança da pluma, tendo em vista a maior
permeabilidade das camadas adjacentes do solo, principalmente na interface
entre o saprólito e a rocha sã (CHILTON; FOSTER, apud NEVES, 2005, p. 89).
8.2.4 Possíveis Impactos Sobre o Solo e os Recursos Hídricos
Sob o aspecto ambiental, de preservação das águas subterrâneas e dos solos, o
aspecto mais importante é a questão do chorume. A decomposição anaeróbica da
matéria orgânica presente nos resíduos sólidos produz gases e chorume. Os
gases gerados são o sulfídrico, metano, e mercaptano, que possuem odor
desagradável, sendo o metano inflamável com risco de provocar explosões. O
chorume é um líquido negro formado por compostos orgânicos e inorgânicos,
apresenta altas concentrações de matéria orgânica e metais pesados. A
infiltração do chorume contamina o solo e pode atingir a água subterrânea (ANA,
2005).
A destinação dos resíduos produzidos é, portanto, uma questão crítica sob o
ponto de vista do meio ambiente e da saúde humana. O lixão é uma forma
inadequada de disposição final de resíduos sólidos sem medidas de proteção ao
meio ambiente ou à saúde pública. Os resíduos lançados nos lixões acarretam
problemas à saúde pública, como proliferação de vetores de doenças, geração de
49
maus odores, e, principalmente, poluição do solo e das águas subterrânea e
superficial (ANA, 2005).
Estudo realizado em um lixão instalado em Belo Horizonte, que funcionou de
1967 a 1972, revelou elevado índice de contaminação de metais (Al, Ba, Fe, Mn,
Ni e Pb) na água subterrânea sob o lixão (COSTA, 2004). O autor avaliou também
a composição do chorume gerado em um aterro sanitário, na mesma região, e
constatou elevadíssimas concentrações dos mais variados metais, além de altas
taxas de contaminação bacteriológica.
A pesquisa feita por Santos (2004) em lixão, situado em Feira de Santana (BA),
revelou que entre 27 parâmetros analisados, apenas nitrito, cromo total e
mercúrio situaram se dentro dos valores máximos permitidos para potabilidade da
água. Destacaram-se os altos valores obtidos para condutividade, cloreto, sódio,
magnésio, sólidos totais e bicarbonatos. Foram observados altos valores de DBO,
indicativos da contaminação orgânica. Por outro lado, no caso do grupo dos
metais pesados, apenas o chumbo e o ferro apresentaram valores
significativamente elevados. As concentrações de alguns metais pesados no
chorume (chumbo, cobre, mercúrio, cromo, cádmio) foram baixas, com valores
inferiores a 0,1 mg/L.
Com base nos valores encontrados, Santos (2004) afirma que as águas
subterrâneas da área do aterro tiveram sua composição alterada pela lixiviação
de compostos provenientes do resíduo disposto no local. Entretanto, não foram
contaminadas por metais pesados (ex: cádmio, chumbo e mercúrio). O autor
atribui este fato a baixa quantidade de resíduos industriais e/ou perigosos nos
resíduos sólidos gerados no município e dispostos no aterro municipal.
A partir dos resultados apresentados por Costa (2004) e Santos (2004) é possível
concluir que, provavelmente, a água subterrânea bem como o solo sob o aterro
municipal de Baixo Guandu tenham sido contaminados pela disposição
inadequada de resíduos sólidos. Logo, a contaminação ou não da área será
confirmada na fase de investigação confirmatória.
50
8.2.5 Tempo de Desativação da Atividade no Local
Conforme mencionado o ponto A está desativado a aproximadamente 4 anos, ou
seja, não é realizada a disposição de resíduos sólidos neste ponto. No entanto, o
ponto B permanece recebendo resíduos sólidos urbanos desde 2010.
8.3 LEVANTAMENTO DA POPULAÇÃO DO ENTORNO
No aterro não há catação de resíduos sólidos nem residência, a residência mais
próxima da área a ser recuperada encontra-se distante aproximadamente 230
metros e, está localizada no Bairro Valparaíso pertencente à Sede do Município.
8.4 LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO GEORREFERENCIADO
8.4.1 Mapa de Uso e Cobertura do Solo
As características de uso e cobertura do solo foram levantadas considerando-se
um raio de 1000 m no entorno da área a ser recuperada (APÊNDICE B). O solo
ao redor do aterro é utilizado, principalmente, para pecuária e,
consequentemente, a cobertura predominante é a pastagem formada com
gramíneas. Em alguns, pontos observa-se o desenvolvimento de capoeira rala
(vegetação semidecidual) intercalada com a pastagem.
Por se tratar de uma área plana não são observados pontos de erosão.
Entretanto, em função das condições climáticas locais, durante o período de seca,
a área de pastagem pode apresentar solo exposto. Como o solo da área é pouco
profundo, observa-se no local inúmeros pontos de afloramento rochoso.
Na área considerada (raio de 1000m) é possível observar a existência de um polo
industrial, distante aproximadamente 550 metros da área contaminada e a
presença cursos d’água. Entretanto, na área a ser recuperada não existe massa
d’água bem como área de preservação permanente (APP), o curso d’água mais
51
próximo da área contaminada encontra-se distante 266 metros e apresenta
regime intermitente.
8.4.2 Área de Segurança Aeroportuária
No município de Baixo Guandu, próximo da divisa com o município de Aimorés –
MG na estrada ES 446 existe um aeródromo. O sistema de coordenadas
retangulares (UTM) de localização do aeródromo são 285735.44 O e 7848683.99
S. De acordo com a Resolução CONAMA n° 04, de 09 de outubro de 1995 o raio
da área de segurança aeroportuária (ASA) para o aeródromo em questão é de 13
km a partir do centro geométrico do mesmo. A área a ser recuperada está
distante, aproximadamente, 5,9 km do aeródromo, portanto, dentro da ASA
(APÊNDICE B).
8.4.3 Pontos de Captação de Água no Entorno da Área
Não foi evidenciado ponto de captação de água no entorno da área.
52
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS (ANA). Centro de Recursos Hídricos. Panorama da Qualidade das Águas Subterrâneas no Brasil. Brasília: [s.n.], 2005. Disponível em: <http://www.ana.gov.br>. Acesso em: 20 ago. 2014. ______. HidroWeb. Disponível em: <http://www.ana.gov.br>. Acesso em: 18 ago. 2014. ______. Região Hidrográfica Atlântico Sudeste. Disponível em: <http://www.ana.gov.br>. Acesso em: 18 set. 2014. ANDRÉ, J. L. F. Caracterização geoquímica dos maciços Várzea Alegre, Venda Nova e Aimorés: Contexto Geológico do Estado do Espírito Santo e uma abordagem ao mercado de rochas ornamentais. 2007. Monografia (Graduação em Geologia) – Departamento de Geociências, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, [S.I.]. BIZZI, L. A. et al. Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil. Brasília: CPRM, 2003. BRASIL. Decreto Federal n° 97.632, de 10 de abril de 1989. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 12 abr. 1989. ______. Ministério do Meio Ambiente. Orientações para elaboração de Plano Simplificado de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos... Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.amunes.org.br/>. Acesso em: 25 ago. 2014. CARMO JR, G. N. R. Aterro Sanitário. Juiz de Fora, 20--. Disponível em: <www.ufjf.br/engsanitariaeambiental/files/2012/09/AS-_Aula-9.pdf >. Acesso em: 25 jun. 2014. CBH-DOCE. Diagnóstico Consolidado da Bacia. [S.I.], 2005. Disponível em: <http://www.riodoce.cbh.gov.br/Diagnostico2005.asp>. Acesso em: 10 set. 2014. COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS (CPRM). Sistema de Alerta contra cheias. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/alerta/site/municipios.html>. Acesso em: 18 ago. 2014. ______. Unidade Geológico-Ambientais 1:1.000.000. Disponível em: <http://geobank.sa.cprm.gov.br>. Acesso em: 28 ago. 2014. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (Brasil). Resolução n° 4, de 09 de outubro de 1995. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 11 dez. 1995. COSTA, W. D. Contaminação da Água Subterrânea por Resíduo Sólido no Município de Belo Horizonte – MG. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, 13., 2004. São Paulo. Anais Eletrônicos... São Paulo: ABAS,
53
2004. Disponível em: <http://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/issue/view/1186>. Acesso em: 20 out. 2014. ELTECOM. Relatório de Sondagem. Baixo Guandu, 2008. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2. Ed. Brasília, 2006. GOOGLE EARTH-MAPAS. Disponível em: <http://www.mapas.google.com.br>. Acesso em: 2 out. 2014. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo demográfico. Disponível em: <http:// www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 20 set. 2014. ______. Levantamento de Recursos Naturais: Folha SE.24 Rio Doce. Rio do Janeiro, v. 34, 1987. ______. Mapa de Solos do Brasil. Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: <http://mapas.ibge.gov.br/tematicos/solos>. Acesso em: 03 set. 2014. INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL (INCAPER). Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural PROATER 2011 – 2013: Baixo Guandu. 2011. Disponível em: <www.incaper.es.gov.br/proater/municipios/Noroeste/Baixo_Guandu.pdf>. Acesso em: 16 set. 2014. INSTITUTO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE (IEMA). Região hidrográfica do Rio Doce. Disponível em: <http://www.meioambiente.es.gov.br/default.asp>. Acesso em: 18 ago. 2014. LEITE, C. A. S. et al. Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. CPRM, Brasília, 2004. MARTINS, H. L. Avaliação da Resistência de Resíduos Sólidos Urbanos... 2006. Dissertação (Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) - Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. MOURA, A. A. S. B. R. Riscos Ambientais à Saúde Ocupacional do Catador de Recicláveis em Goiânia. 2010. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais e Saúde) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Saúde, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2011. NEVES, M. A., Análise integrada aplicada a exploração de água subterrânea na bacia do rio Jundiaí – SP. 2005. Tese (Doutorado em Geologia Regional) – Pós- Graduação em Geologia Regional, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2005.
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PAZZETTO, M. B. Estudo da permeabilidade de solos argilosos disponíveis para recuperação de áreas degradadas pela mineração de carvão no sul de Santa Catarina. 2009. Monografia (Bacharel em Engenharia Civil) – Graduação em Engenharia Civil, Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Santa Catarina, 2009. PIZARRO, M. L. P. Simulação de fluxo de água e transporte de solutos na zona não-saturada do solo pelo método de elementos finitos adaptativo. 2009. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental) – Pós-Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental, Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade do São Paulo, São Carlos, 2009. REIS, M. M. Estudos hidrogeológicos para estabelecimento de área de proteção de fontes minerais. 2008. Processe de licenciamento para captação de água mineral, Domingos Martins. RIBEIRO, C. M. P. Histórico de ocupação da área. 2014. Baixo Guandu, 20 out. 2014. SANTOS, C. B. Caracterização do Impacto na Qualidade das Águas Subterrâneas, Causado Pela Disposição dos Resíduos Sólidos Urbanos no Aterro Municipal da Cidade de Feira de Santana – BA. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade São Paulo, São Carlos. SANTOS, E. F. Estudo Comparativo de Diferentes Sistemas de Classificações Geotécnicas Aplicadas ao Solos Tropicais. 2006. Dissertação (Mestrado em Geoquímica e Meio Ambiente) - Programa de Pós-Graduação em Geoquímica e Meio Ambiente, Universidade Federal da Bahia, Salvador. TINÔCO, J. P. N. Gerenciamento do Lixo Urbano: Aspectos Técnicos e Operacionais. Viçosa, MG: Editora UFV, 2007. VELOSO, H.P. et al. Manual técnico da vegetação brasileira. IBGE, Rio de Janeiro, v.1, 1992.
55
APÊNDICE A – Planta de Situação Georreferenciada
56
APÊNDICE B – Planta de Uso e Cobertura do Solo e Área de Segurança
Aeroportuária
57
ANEXO A – Sondagem
58
ANEXO B – Evolução Histórica de Ocupação da Área
Figura 23 - Uso em 2003. Fonte: Google Earth (Acesso em 23 out. 2014).
Figura 24 - Uso em 2005. Fonte: Google Earth (Acesso em 23 out. 2014).
59
Figura 25 - Uso em 2010. Fonte: Google Earth (Acesso em 23 out. 2014).
Figura 26 - Uso em 2014. Fonte: Google Earth (Acesso em 23 out. 2014).