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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO Departamento de Tecnologia
PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE PROJETO E OBRA
NOTAS DE AULA 2019
Profª Chenia Figueiredo
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 1 -
INTRODUÇÃO
Uma empresa de construção civil é formada normalmente por um escritório, com seus processos técnicos e
administrativos, e diversas obras que se desenvolvem simultaneamente. Cada obra pode ser associada a uma
“fábrica” de um mesmo grupo empresarial. Há necessidade de se gerenciar o grupo como um todo, mas também é
necessário gerenciar cada uma dessas “fábricas”. O gerenciamento da empresa construtora cabe aos seus diretores e
gerentes, enquanto o gerenciamento das “fábricas” ou obras cabe ao(s) arquiteto(s) ou engenheiro(s)
responsável(eis). Portanto, o primeiro aspecto da qualidade das obras refere-se à qualidade no gerenciamento, que
deve ser homogêneo para todas as obras da empresa e aderente a uma diretriz definida pela alta administração e pela
gerência técnica.
Entretanto, dispor de elementos que garantam a qualidade no gerenciamento da obra não é suficiente para garantir a
qualidade na execução da obra. Isto somente é possível caso se considere também a qualidade no recebimento de
materiais e equipamentos e a qualidade na execução dos serviços de cada etapa da obra.
A qualidade no gerenciamento supõe planejamento, para que se possa atuar na obra com precisão e agilidade, de
forma sistêmica, contemplando seus vários aspectos. A qualidade no recebimento de materiais e equipamentos e a
qualidade na execução dos serviços de cada etapa da obra serão obtidas na medida em que se agir com presteza e
exatidão em relação aos detalhes de cada parte do produto final. A retroalimentação desse sistema permite o
replanejamento, a correção de desvios e o aperfeiçoamento contínuo da obra em execução.
É necessário conhecer também o atual cenário produtivo e econômico do país, o que implica diretamente no
planejamento de um empreendimento. Pode-se destacar:
• Abertura do mercado nacional, busca do mercado externo e Mercosul;
• Redução dos preços de obras públicas e privadas;
• Exigência de qualidade por parte de clientes privados;
• Código de Defesa do Consumidor;
• Conscientização empresarial e ação das entidades de classe.
Delineia-se, assim, uma nova realidade que coloca desafios importantes para as empresas de construção civil, entre os quais
o da sua sobrevivência em um mercado mais exigente e competitivo.
Como é realizado os orçamentos nas construtoras
Temos duas vertentes - os das grandes e pequenas empresas, cada uma com suas peculiaridades. Nas grandes empresas,
temos departamentos dedicados a realizar orçamentos com uma equipe treinada e bem estruturada. Elas geralmente
utilizam softwares ERP, integrando todas as áreas da construtora, armazenando históricos de últimas compras com
informações valiosas. Saber essas informações e adotar parâmetros de obras recentes pode economizar um bom tempo em
cotação de preços. Já nas pequenas empresas, geralmente o proprietário realiza os próprios orçamentos com base em
sua experiência.
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Quando se realiza obras do mesmo tipo na mesma região, esses orçamentos tendem a estar corretos e próximos da
realidade. Mas, apesar desse tipo de orçamento ter sucesso, não é aconselhável que se utilize como parâmetro. Uma única
alteração no memorial descritivo sem a devida atenção do proprietário pode gerar consequências graves. Um único erro
pode comprometer todo o trabalho e histórico de sucesso da empresa.
Outra péssima prática é a distância entre o orçamentista e o engenheiro ou arquiteto de campo. Isso pode gerar discussões
intermináveis sobre quem errou: A obra ou o orçamento? A obra que foi mal executada, ou o orçamento com quantitativos
e preços fora da realidade, impossibilitando o lucro. Geralmente, vejo a obra sendo idolatrada em casos de sucesso e o
orçamento sendo crucificado em casos de fracasso. Talvez, por uma velha cultura impregnada de que a obra gera dinheiro e
o escritório gera somente despesas. O que está longe de ser uma verdade.
Existe uma maneira de evitar e melhorar esse tipo de situação: quando se tem os dois lados da empresa trabalhando juntos,
no processo de orçamentação e acompanhamento da execução - comparando assim, o previsto no orçamento com o
realizado na obra.
As principais etapas de um bom orçamento de obras
O processo de orçamentação tem como produto final a planilha de preço de venda da obra. As principais etapas desse
processo são:
• Requisitos ou estudo das condicionantes;
• Composição de custos;
• Fechamento do orçamento.
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Para iniciar um orçamento, deve-se utilizar todo tipo de requisitos que pode ser levantado através de projetos, memorial
descritivo ou visita técnica. A partir desse ponto pode-se começar a quantificar os serviços. Conhecer em detalhes como
executar um serviço pode ajudar bastante nesse processo (isso é facilmente resolvido com experiência, livros, cursos sobre
como executar os serviços, blogs, vídeos, visitas em obras, etc.)
Para iniciar a quantificação, ler e interpretar os projetos é essencial para seguir com o quantitativo. Na sequencia é feita a
cotação de insumos e pesquisas sobre custos de mão de obras, empreitada ou própria. Enfim, levanta-se os custos indiretos,
aplica-se os impostos e a margem de lucro desejada. E finalmente obtém-se o preço de venda da obra.
Requisitos ou estudo das condicionantes
Para começar o orçamento algumas informações são necessárias:
Qual o tipo de obra?
Como está o local da obra? Precisa ser realizado algum tipo de serviço de terraplanagem? Ou está pronta para
iniciar?
Acesso? É complicado? Trânsito? Distancia para possíveis fretes?
Tem água e luz disponível, vou conseguir realizar ligações provisórias ou terei de utilizar outros meios?
E por aí vai, análise do solo, tipo de fundação, alvenaria, revestimento, instalações…
Para obter esses requisitos pode-se verificar com o cliente, obter o projeto executivo (arquitetura, estrutura, instalações,
paisagismo, impermeabilização, etc.) e também através do memorial descritivo da obra.
Contudo, as pequenas e médias empresas, em vários casos, não tem acesso aos projetos executivos para realizar o
orçamento.
a) Leitura e interpretação dos projetos e memorial descritivo
Realizar uma boa leitura e interpretação do projeto é essencial para inserir no orçamento de obras tudo aquilo que o
projetista e o cliente ambiciosamente definiram como parte importante do produto final. E que se espera ser executado e
entregue pelo construtor.
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b) Visita Técnica
Uma visita técnica sempre é bem-vinda antes de realizar qualquer tipo de obra. Logo, torna-se uma boa prática para evitar
surpresas na hora de executar o contrato. Assim, podemos listar alguns dos itens mais importantes para levantar na visita e
aproveitar ao máximo desse dia dedicado exclusivamente a essa tarefa:
• Registrar o local e os pontos chaves, através de fotos para mais tarde consultar em caso de dúvida;
• Analisar o estado das vias de acesso a futura obra;
• Verificar o acesso de equipamentos, materiais e disponibilidade de mão de obra daquela região.
Tire o máximo de informações importantes para a elaboração do orçamento de obras.
Composição de custos
Com todos os requisitos em mãos é hora de identificar e quantificar os serviços. Apesar de simples, essa etapa precisa ser
realizada com muita cautela, um pequeno erro no quantitativo de um serviço pode colocar todo o trabalho a perder. Feito o
quantitativo, a próxima etapa é o custo direto que consiste em inserir os preços unitários dos serviços levantados.
Considera-se como custo direto todos os ônus realizados diretamente em campo.
Geralmente cada empresa possui suas próprias bases de dados com composição de custos. Levantar suas próprias base de
composição é uma vantagem competitiva absurda com quem não tem ideia de quanto custa 1 m² de um determinado
serviço.
As composições de custos demonstram nossos gastos por unidade de serviço. E, em cada serviço, seus
respectivos insumos necessários para execução.
Depois dos custos diretos, devemos levantar os custos indiretos. E, por sinal correspondem ao oposto do direto, é todo custo
que não é assimilado com os serviços de campo, mas que são necessários para que eles sejam executados. Devemos nessa
etapa, levantar os custos de escritório, celular, automóvel, engenheiro/ arquiteto, mestre de obras, etc.
Começamos então a cotação de todos os insumos da composição, direto e indireto. Com todos os custos em mãos, podemos
utilizar o departamento de suprimentos para ajudar nesse procedimento.
Para finalizar a composição de custos, é necessário inserir os valores dos encargos sociais trabalhistas. Essa porcentagem vai
depender muito de cada construtora e sua região, geralmente fica entre 105 a 135%. Isso significa que se a hora homem de
um carpinteiro é por exemplo: R$ 5,00/h – custo direto, para o empregador o custo no mínimo sairá por R$ 10,25/h,
utilizando um encargo de 105%. Essa alta porcentagem é resultado dos inúmeros impostos que incidem sobre a hora homem
e aos direitos dos trabalhadores (férias, décimo terceiro, aviso prévio, etc.)
Fechamento do orçamento
Para finalizar o orçamento detalhado com todas as etapas, resta inserir a lucratividade desejada e os impostos. Esses valores
são bem variados, principalmente lucro, que irá depender de cada empresa. Desde a necessidade de ganhar uma obra até o
risco embutido na proposta.
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Para realizar essa última etapa, utilizamos o BDI, que será aplicado sobre o custo direto da obra. Esse fator irá representar na
planilha o custo indireto, lucro e impostos.
Existe uma fórmula bem simples para o BDI. A definição mais simples de BDI é Benefícios (lucro) + Despesas Indiretas.
E, após todos os passos anteriores, nasce a planilha de obras com todos os serviços levantados corretamente sem esquecer
de nenhum detalhe importante. Após gerar a planilha de preços facilmente pode-se emitir relatórios de curvas, composições,
Leis Sociais e BDI. Esses relatórios são utilizados para indicar quais os serviços devem ser revisados e quais em hipótese
nenhuma pode ter algum tipo de desvio.
Fonte: http://engenheirodecustos.com.br/orcamento-de-obras/
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1. FASES DE UM EMPREENDIMENTO
1.1. Introdução
Uma construção pode ser descrita como o esforço criativo que converte as quatro variáveis da construção –
materiais, mão-de-obra, maquinário e dinheiro – em uma edificação. O processo de construção preocupa-se
com a fabricação e a elevação, em locais especificados, de edificações especialmente projetadas, definidas pelo
proprietário-usuário. A construção é, portanto, orientada para o campo e para o projeto, produzindo produtos
únicos, raramente apropriados à produção em massa ou ao ambiente de manufatura controlada.
A magnitude e o escopo do esforço construtivo envolvido em um projeto dependerão do seu tamanho, de sua
complexidade e de muitos outros fatores.
Durante a construção, a variedade e a seqüência das operações e a maneira pela qual elas são executadas
fornecem uma indicação visual do esforço de construção. Para o observador casual talvez não sejam tão óbvio
os esforços de planejamento e gerenciamento gastos no projeto. No entanto, estes esforços de apoio são
vitais para a realização bem-sucedida da edificação.
1.2. A indústria da construção
A indústria da construção tem as suas peculiaridades, que a tornam um tipo especial de atividade diferente das
demais indústrias.
A construção é uma indústria de caráter nômade
Os produtos são geralmente únicos e quase nunca seriados
Não é possível aplicar a produção em linha (produtos passando por operários fixos), mas sim a produção
centralizada (operários móveis em torno de um produto fixo)
A construção é uma indústria muito conservadora (com preconceitos por parte dos usuários), com grande
inércia a alterações
Uso de mão de obra intensiva e pouco qualificada, possibilidades de promoção pequenas, o que gera baixa
motivação no trabalho, com alta rotatividade
O padrão de qualidade é influenciado pelo rodízio constante da mão-de-obra
Trabalho sujeito às intempéries
• O produto é geralmente único na vida do usuário
Emprego de especificações complexas, muitas vezes conflitantes e confusas
Responsabilidades dispersas e pouco definidas
Grau de precisão quanto ao orçamento, prazos, características, muito menor que em outras indústrias
Não se desenvolve sempre em um mesmo local, como as fábricas
Não tem sempre os mesmos métodos e as mesmas técnicas aplicadas, pois duas obras com o mesmo nome
podem ter características bastante diferentes
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1.3. O processo construtivo total
Construção é engenharia em ação. Ela é realizada pela aplicação habilidosa do esforço humano às operações
básicas que produzem cada método construtivo. Construção é o esforço produtivo que leva o produto final: a
edificação.
Por processo construtivo, entende-se a seqüência ordenada de atividades sucessivas que se desenvolvem para
o bom termo da construção e sua utilização. No decorrer do processo construtivo, desenvolvem-se as
atividades técnicas, administrativas, comerciais, jurídicas e financeiras. Para que estas atividades possam ser
bem desempenhadas, é necessário que a empresa se organize em diretorias, departamentos e setores que
abranjam cada tipo das atividades enumeradas de forma ordenada.
Desse ponto de vista, o processo construtivo é uma parte de um esforço muito mais amplo, o qual é iniciado
pela conscientização de uma necessidade de uma edificação. Ele é concluído quando a edificação como um
todo tiver sobrevivido seu uso e estiver preparada para a demolição ou conversão em outro uso. Este processo
maior, do qual o processo construtivo é um componente, pode ser referido como o processo construtivo total.
A natureza linear do processo construtivo está na figura abaixo.
Figura 1.1. Estrutura linear do processo construtivo
Percepção da
necessidade
Necessidade
Necessidades
do usuário
Projeto
Estimativa
de custo
Orçamento
Detalhamento
da execução
do projeto
Planejamento
Elevação
da edificação
Construção
Uso e
manutenção
da edificação
Utilização
Demolição ou
conversão da
edificação
Disposição
1.4. Necessidade
Qualquer projeto, pequeno ou grande, é gerado pela necessidade de uma edificação para realizar determinada
função. A motivação pode ser baseada no desejo de desenvolver uma edificação para lucro comercial, o que é
feito pelas empresas incorporadoras. A motivação também pode ser de uma indústria querendo ampliar suas
instalações. Por outro lado, o governo, em qualquer esfera, está constantemente desenvolvendo projetos para
a melhoria do bem social e para abrigar as operações do próprio governo, o que também motiva a construção
de uma edificação. Além disso, existe também o pequeno proprietário que, por motivos quaisquer, deseja
construir sua nova moradia, a nova igreja do bairro, ou qualquer outra edificação sem fins lucrativos
Independentemente da grandeza da obra, são necessárias informações para apoiar a decisão de construir.
Essas informações normalmente consistem de:
Análise de custo/benefício;
Projetos ou croquis preliminares;
Orçamento estimativo.
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Dependendo da complexidade e do custo do projeto, a análise de custo/benefício pode variar de um
documento bastante informal até um dispendioso estudo de análise de mercado e viabilidade. Os projetos
preliminares também variarão com a complexidade do projeto. Já o orçamento estimativo será feito em
função dos projetos preliminares. Tal orçamento poderá ser um cálculo estimativo em função da área do
projeto e do banco de dados da empresa construtora, ou poderá ser um orçamento mais completo e
detalhado. A precisão do orçamento também será função dos projetos preliminares.
Se, após a análise de custo/benefício, o proprietário-usuário optar pela efetiva construção da edificação,
passar-se-á para a próxima fase do processo.
1.5. Projeto
Assim que o projeto conceitual é aprovado, o proprietário contrata um arquiteto, um engenheiro ou uma
combinação dos dois. O produto final da fase de projeto é um jogo de plantas e especificações que definem a
edificação a ser construída. Os desenhos são uma indicação gráfica do trabalho a ser realizado. As
especificações são uma descrição do que deve ser construído e dos níveis de qualidade desejados.
Cabe ao projetista integrar harmonicamente projeto, planejamento, materiais e execução, de forma a tirar
proveito da cooperação mútua, propondo soluções exeqüíveis dentro de condições, prazos e custos fixados.
1.6. Orçamento
Com o projeto concluído, é possível preparar uma estimativa do custo do empreendimento: o orçamento. O
orçamento é a completa discriminação dos custos de uma construção, definindo quanto a obra deve custar.
Nessa etapa, é feita a quantificação dos serviços, a discriminação orçamentária, a cotação de preços de
materiais e serviços, entre outras tarefas. O orçamento é a principal peça do planejamento.
Fonte: http://engenheirodecustos.com.br/orcamento-de-obras/
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1.7. Planejamento
O planejamento, na realidade, se inicia antes do projeto e continua com este e depois deste. Ele condiciona
praticamente todas as outras fases.
O planejamento pode ser definido como o estabelecimento da seqüência lógica das diversas etapas ou fases da
execução de um empreendimento, definindo o quê e como fazer. Por meio da programação, que é o
estabelecimento de condições para a execução do empreendimento, o planejamento leva em conta também
os recursos que vão ser mobilizados, isto é, prazo, custo, mão-de-obra, materiais, equipamentos, entre outros.
O planejamento/ gerenciamento de obras pode ser abordado nas seguintes etapas:
1. Conhecimento do empreendimento
Análise dos documentos visando conhecer as características básicas do empreendimento (projeto, alvará
de construção, pasta de financiamento)
Levantamento planialtimétrico do terreno e das condições circunvizinhas
2. Análise do projeto e das especificações
Verificação da previsão e adequação dos projetos
Identificação das necessidades da obra em relação aos projetos executivos
Análise das especificações dos materiais
Análise dos processos construtivos
Pré-dimensionamento de volumes e serviços básicos
3. Projeto e implantação do canteiro de obras
Projeto e dimensionamento do canteiro de obras (stand de vendas, almoxarifado, alojamento, banheiros,
refeitório, escritório, acesso de materiais e pessoal, armazenamento de materiais, centrais de produção)
Solicitação dos materiais, equipamentos e mão de obra para a execução do canteiro de obras
Solicitação de ligação de água e energia elétrica no canteiro
Execução das obras do canteiro e colocação de tapumes
4. Planejamento e programação da obra
Elaboração do planejamento de obras (plano de ataque da obra, cronograma de suprimentos, cronograma
físico, cronograma financeiro)
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5. Gerenciamento da mão de obra e de pessoal
Dimensionamento e solicitação da mão de obra administrativa e técnica necessária para o início da obra
Dimensionamento e solicitação de contração dos serviços especializados, subempreiteiros e fornecimento
de refeições
Supervisão e apropriação da mão de obra própria e dos subempreiteiros
Retroalimentação do processo com informações sobre a qualidade dos prestadores de serviços e da mão
de obra própria, visando a qualificação de fornecedores e treinamento da mão de obra própria
6. Gerenciamento de equipamentos
Dimensionamento e solicitação dos equipamentos e ferramentas necessários
Manutenção dos equipamentos e ferramentas utilizados e registro das apropriações de utilização dos
mesmos
Especificação dos equipamentos a serem utilizados por subempreiteiros e controle da qualidade dos
mesmos
Tomada de ações corretivas em caso de identificação de não conformidade nos equipamentos utilizados
pela empresa ou por subempreiteiros
Retroalimentação do processo de compra, locação e manutenção de equipamentos, visando a seleção e
qualificação de fornecedores
7. Gerenciamento de materiais
Dimensionamento e solicitação dos materiais necessários
Realização do controle da qualidade do recebimento dos materiais
Orientação para a estocagem e correta aplicação dos materiais
Apropriação dos insumos utilizados
Supervisão do almoxarifado da obra
Retroalimentação do processo com informações sobre a qualidade dos materiais recebidos, visando a
qualificação dos fornecedores
8. Gerenciamento da produção
Gerenciamento das atividades de produção, garantindo qualidade do produto, prazos definidos, custos
orçados
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Gerenciamento da qualidade do processo de produção através dos procedimentos de execução de
serviços, dos procedimentos de verificação dos serviços e das fichas de verificação dos serviços
Garantia de atendimento aos prazos estabelecidos no cronograma físico de execução da obra
Garantia de atendimento aos custos orçados para a obra através da apropriação de materiais, mão de obra
e equipamentos
Tomada de ações corretivas no caso de identificação de não conformidades quanto a qualidade, prazos e
custos
9. Gerenciamento da segurança do trabalho
Dimensionamento e solicitação dos equipamentos de proteção individual (EPI)
Controle da qualidade de recebimento dos EPI na obra
Conscientização e treinamento dos funcionários e subempreiteiros para a utilização dos EPI
Dimensionamento, projeto e execução dos dispositivos de segurança do trabalho
Supervisão e controle da utilização dos EPI por parte da mão de obra própria e de subempreiteiros
10. Finalização e entrega da obra
Envio de informações técnicas sobre a obra para o departamento encarregado da elaboração do Manual
do Usuário
Solicitação e acompanhamento da documentação legal da obra, envolvendo alvará de instalação e
funcionamento dos elevadores, vistoria e aprovação do corpo de bombeiros, ligação de energia elétrica
pela CEB, ligação de água e esgoto pela CAESB, ligação de telefone pela TELEBRASILIA ou GVT, laudo do
gás, habite-se pela administração local.
Vistoria dos compartimentos da edificação e execução de eventuais reparos em caso de não-
conformidades
Entrega da obra ao cliente externo e obtenção do termo de recebimento definitivo
1.8. Construção
A execução da obra é a efetivação do propósito inicialmente delineado, depois projetado e programado. É a
fase em que o projeto se concretiza, etapa por etapa, seguindo um planejamento determinado, com métodos e
técnicas apropriados e selecionados, utilizando os recursos programados.
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1.9. Utilização
A utilização é a última etapa da vida útil da edificação e pode ser a mais problemática pelos problemas de
manutenção encontrados. Essa etapa deve englobar a conservação, a limpeza e o funcionamento de todos os
componentes da construção, visando dar durabilidade ao empreendimento. Desde a fase de projeto, deve-se
estar voltado para a fácil utilização, manutenção, conservação e limpeza.
1.10. Disposição
Esta é a fase final da vida do empreendimento. Ao atingir essa fase, a edificação já alcançou os objetivos a ela
propostos, podendo ter seu uso descontinuado. Nesse momento, a vida útil da edificação está concluída e,
conseqüentemente, pode-se demolir ou reformar a edificação. Nesse último caso, uma nova vida é iniciada.
1.11. Time do projeto
O planejamento, a mobilização, a construção, o monitoramento e o gerenciamento de uma construção
representam os diferentes estágios na vida de um projeto e no seu gerenciamento. Esses estágios necessitam
de talentos combinados e esforços de uma variedades de profissionais em todos os níveis da hierarquia da
construção. Alguns agentes realizam funções especializadas concentradas completamente dentro de um
estágio da construção. Outros, entretanto, são envolvidos por longos períodos e tornam-se ligados ao
gerenciamento do projeto. Todos esses agentes fazem parte do time do projeto.
Na forma mais elementar, o time do projeto possui componentes no escritório central e no escritório de
campo, que trabalham de forma bastante autônoma. A componente do escritório central é responsável pelas
atividades pré-projeto (isto é, orçamento, planejamento) e algumas atividades durante a construção (isto é,
monitoramento, suprimento). A componente do escritório de campo é responsável unicamente pelo
gerenciamento das atividades no canteiro de obras. A figura abaixo é um esquema do time de projeto.
Figura 1.2. Esquema do time de projeto
Orçamento
Planejamento
Banco
de
dados Monitoramento
Escritório Central
E
Programação
Execução
Acompanhamento
Monitoramento
Escritório de Campo
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A vantagem da atuação em separado do escritório e da obra é que ela claramente isola as áreas de
gerenciamento de modo que diferentes agentes posam adequadamente cobrir as esferas de ação,
complementando os talentos uns dos outros.
2. PROJETOS
2.1. Introdução
O projeto é o conjunto de informações necessárias e suficientes à perfeita realização dos serviços de execução
de uma obra.
Na fase do projeto, de acordo com o tipo de obra, elaboram-se os projetos específicos, as especificações, o
caderno de encargos, os memoriais descritivos e explicativos, entre outros.
Na correta elaboração de um projeto construtivo, passa-se pelas seguintes fases: programa de necessidades,
estudo preliminar, anteprojeto, projeto básico e projeto executivo.
2.2. Programa de necessidades
Como o processo construtivo, apesar de linear, possui etapas que se sobrepõem, o programa de necessidades é
desenvolvido no período da descoberta da necessidade da construção.
O programa de necessidades é a relação do conjunto de condições e necessidades que, convenientemente
conjugadas, caracterizam e originam o tema que se deseja executar.
2.3. Estudo preliminar
É o estudo técnico efetuado para determinar a viabilidade de uma solução, a partir de dados levantados em um
programa de necessidades, da determinação quantitativa de demanda, de eventuais condicionantes do
proprietário ou contratante e de demais elementos existentes acerca do problema.
O estudo preliminar visa a análise e escolha, entre as alternativas de solução, a que melhor responde, técnica e
economicamente, aos objetivos propostos. Os parâmetros e critérios de comparação devem ter por objetivo
selecionar a melhor solução para o contratante, considerando os aspectos de economia, facilidades de
execução, recursos disponíveis, segurança e outros fatores específicos.
Do estudo preliminar fazem parte: desenhos em croqui, relatório justificativo onde deve ser apresentado o
estudo comparativo das opções existentes com a justificativa técnica ou econômica da alternativa eleita. Esta
etapa compreende o estudo de alternativas estruturais e a produção de documentos que possibilitem uma
estimativa inicial dos custos da obra.
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2.4. Projeto básico
O projeto básico deverá atingir um nível de detalhamento suficiente para que fique perfeitamente definida a
estrutura quanto à sua forma e dimensão. Caso seja previsto no contrato, esta fase de projeto deverá conter
dados suficientes para a licitação e contratação dos serviços de obra correspondentes.
A Lei 8666/93 - Lei de Licitações e Contratos - apresenta para cada tipo de projeto (elétrico, hidráulico,
estrutura de concreto, estrutura metálica, fundações, arquitetura, etc.) os produtos gráficos que devem
compor um projeto básico. Assim, para cada projeto contratado, é possível identificar as partes integrantes do
projeto, que envolvem as plantas, incluindo dimensões, cortes, locação, nível, detalhes quando necessário,
especificações técnicas de materiais e serviços, orçamento detalhado baseado em quantitativos de materiais e
fornecimentos e relatório técnico onde devem ser apresentados as justificativas técnicas das decisões tomadas
na elaboração do projeto. O projeto básico deve ser harmonizado com os demais projetos correspondentes,
como arquitetura, estrutura e instalações.
2.5. Projeto executivo
É a definição de todos os detalhes construtivos ou executivos dos sistemas objeto do projeto e sua
apresentação gráfica, de maneira a esclarecer perfeitamente a execução, montagem ou instalação do todos os
elementos previstos no sistema. O projeto executivo deve conter os elementos necessários e suficientes à
completa execução da obra.
Segundo a Lei 8666/93 - Lei de Licitações e Contratos – devem ser apresentados os seguintes produtos gráficos
em um projeto executivo: planta de todos os pavimentos, cortes e detalhes necessários ao correto
entendimento, especificação de materiais quando necessárias, detalhamento de todas as peças e partes do
projeto, relatório técnico onde devem ser descritas as ações consideradas e os critérios adotados, se for
requerida a sequência de execução e o detalhamento completo de forma clara e precisa.
2.6. Condições gerais
Os projetos devem atender às seguintes condições gerais e critérios, entre outras:
Devem ser desenvolvidos de maneira harmônica e compatibilizados entre si;
Devem apresentar um sistema racional de execução, observando as possibilidades de expansão, mudanças
de uso e reformas;
Devem estabelecer, sempre que possível, um sistema de modulação;
Devem adotar soluções técnicas construtivas compatíveis com o local de execução da edificação;
Devem utilizar materiais e componentes adequados à realidade regional e ao objetivo da edificação;
Devem adotar soluções que apresentem fácil manutenção, conservação e limpeza;
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Devem adotar solução que apresente segurança;
Devem adotar solução econômica, de acordo com as disponibilidades financeiras.
2.7. Especificações
Os projetos são uma definição visual dos aspectos técnicos do trabalho a ser realizado. Entretanto, uma
descrição verbal dos requerimentos técnicos também é necessária. Tal descriminação são as especificações do
projeto. O objetivo maior dessas especificações é o estabelecimento dos níveis de qualidade a serem
perseguidos. Para materiais e equipamentos, isso é obtido pela citação das marcas e modelos específicos que
devem ser utilizados.
2.8. Memorial descritivo/ Especificação técnica / Caderno de Encargos
O memorial descritivo, especificação técnica ou caderno de encargos é uma descrição detalhada de como
devem ser executados cada um dos serviços envolvidos na elevação da edificação em questão. Ele descreve
informações detalhadas do tipo de construção, sua concepção fundamental, bem como recomendações
quanto à técnica de sua execução. É uma exposição detalhada do projeto, em que se justifica a utilidade e o
alcance da obra, o estilo e a conveniência das soluções adotadas. Ele fornece informações que não podem ser
representadas graficamente nos projetos, firmando as condições de natureza geral e específica a que os
construtores terão que se submeter durante a execução da obra.
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3. FASES DE UMA CONSTRUÇÃO
3.1. Introdução
Toda construção passa, indiscutivelmente, por diferentes fases. Tais fases englobam, de modo simplificado, os
trabalhos preliminares, os trabalhos de execução e os trabalhos de acabamento.
3.2. Trabalhos preliminares
Os trabalhos preliminares são os serviços iniciais que precedem a própria execução da obra. Na ordem em que
se sucedem, os trabalhos preliminares são os seguintes:
a. Programa de necessidades:
Discutido no Capítulo 2 – Projetos.
b. Escolha e aquisição do local:
É a busca do local ideal para o empreendimento em mente, caso esse ainda não exista. Para sua obtenção,
é imprescindível que sejam feitas pesquisas e que sejam avaliadas a localização, acidentes topográficos,
dimensões.
c. Projetos:
Discutido no Capítulo 2 – Projetos.
d. Concorrência:
Em alguns casos, o proprietário pode realizar uma concorrência para determinar o profissional ou empresa
que irá executar o empreendimento. Tal concorrência poderá ser pública ou particular e, com ela, serão
comparados o valor e as condições de pagamento do empreendimento.
e. Aprovação do projeto:
Consiste na aprovação dos diversos projetos do empreendimento pelos órgãos competentes.
f. Canteiro de obras:
Consiste na preparação dos ambientes de apoio para a construção do empreendimento. Nessa fase
também está incluído o planejamento da disposição de equipamentos e estoques de materiais de modo a
otimizar a produção.
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g. Topografia e trabalhos geotécnicos:
Consiste no levantamento topográfico do terreno, bem como a execução de sondagens para determinar o
tipo do terreno sobre o qual será erguido o empreendimento.
h. Terraplenagem:
Consiste na regularização do terreno, estabelecendo uma superfície plana, com declividade suficiente de
acordo com o projeto arquitetônico.
i. Locação da obra:
Consiste na marcação do solo com a posição de cada um dos elementos construtivos da obra, reproduzindo
em tamanho natural o que a planta representa em escala reduzida.
3.3. Trabalhos de execução
Os trabalhos de execução são os trabalhos da construção propriamente dita. Pertencem a essa categoria:
a. Escavações:
Consiste em realizar aberturas no terreno para o recebimento das fundações ou alicerces da construção.
b. Fundações:
Consiste na execução de obras abaixo do nível do terreno, que irão receber as cargas da edificação e
transmiti-las ao terreno.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 18 -
c. Estruturas:
Consiste na execução de estruturas de concreto, madeira ou metálicas que irão suportar a carga dos demais
elementos da construção e transmiti-las às fundações.
d. Paredes e fechamentos laterais:
Consiste na execução de elementos, normalmente não estruturais, que vedam as áreas laterais da
edificação.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 19 -
e. Coberturas:
Consiste na execução de elementos destinados a proteger as edificações da ação das intempéries,
constituindo também um arremate.
f. Instalações:
Consiste na execução das instalações elétricas, hidro-sanitárias, telefônicas, mecânicas.
3.4. Trabalhos de acabamento
Os trabalhos de acabamento compreendem as obras finais da construção, incluindo:
a. Revestimentos:
Consiste na execução de revestimentos em pisos, paredes e tetos com o objetivo de regularizá-los,
resguardá-los das intempéries e dar-lhes acabamento adequado.
b. Esquadrias:
Consiste na execução da vedação das aberturas da edificação.
c. Vidros e plásticos:
Consiste na colocação de elementos decorativos e de vedação em vidro e plástico.
d. Pinturas:
Consiste na pintura de paredes, esquadrias, tetos e outros elementos com o objetivo de protegê-los e dar-
lhes aparência mais agradável.
e. Acabamentos hidráulicos e elétricos:
Consiste na colocação de pequenos elementos e acessórios que fornecem o acabamento das instalações
hidro-sanitárias e elétricas.
f. Sinalização e controle:
Consiste na colocação de placas e outros tipos de sinalização, especialmente em edifícios comercias.
g. Urbanização:
Consiste na execução de calçadas e jardins.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 20 -
4. ORÇAMENTO DE OBRAS
4.1. Definição
O orçamento é a completa discriminação dos custos de uma construção, definindo quanto a obra deve custar.
Ele é a determinação dos gastos necessários para a materialização de um projeto, gastos esses traduzidos em
termos quantitativos. Pela sua própria concepção, os orçamentos são sempre prévios e de custo. Na completa
acepção técnica do termo, os orçamentos somente são possíveis a partir de projetos completos. Caso existam
indefinições de maior ou menor significação, recorre-se a avaliações e estimativas de custo.
Um orçamento deve satisfazer os seguintes objetivos:
a. Definir os custos de cada atividade ou serviço;
b. Constituir-se em documento contratual, servindo de base para o faturamento da empresa;
c. Servir como referência na análise dos rendimentos obtidos dos recursos empregados;
d. Fornecer informações para o desenvolvimento de coeficientes técnicos confiáveis, visando o
aperfeiçoamento da capacidade técnica e da competitividade da empresa executora do projeto no mercado
de trabalho.
O orçamento pode ser analítico ou estimativo. O orçamento analítico é obtido por quantitativos dos serviços
que compõe a obra ou pelo preço unitário de cada serviço. O orçamento estimativo é obtido pelo custo global
da obra por m3.
Para se obter um orçamento consistente é necessário:
Todos os projetos;
Especificações técnicas, incluindo memorial descritivo/ caderno de encargos;
Quantitativos corretos;
Preços reais de mercado.
As etapas de trabalho envolvidas na elaboração de um orçamento inclui:
Integração dos projetos
Permite a visualização da interdependência de um projeto para com os demais. Este estudo cria soluções
preventivas às etapas de serviço, propiciando a programação das mesmas, obedecendo uma sequencia lógica
de execução das obras, de modo que os serviços atuais não inviabilizem as futuras frentes de trabalho. Como
por exemplo passagens nas lajes em locais pré-determinados às locações de prumadas elétricas ou hidro-
sanitárias, na época da estrutura; definição de linhas de eixo para locação da estrutura e alvenaria.
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Estudo das especificações e memorial descritivo
Permite a definição dos materiais a serem aplicados nos processos construtivos, as normas de execução,
auxiliando na elaboração da planilha orçamentária.
Conciliação projeto x especificações
Esta etapa se faz necessária para se definir as divergências que porventura possam existir entre os mesmos.
Levantamento de quantitativos
É a quantificação de um determinado serviço dentro da obra a ser executada. Para o seu levantamento se faz
necessária a aplicação de planilhas próprias, que tem por objetivo simplificar os cálculos, facilitar as
totalizações e a organização dos dados, de suma importância à elaboração do orçamento. Os critérios de
levantamento e as planilhas serão apresentados a seguir.
Planilha orçamentária
É a relação detalhada de todos os serviços a serem executados em uma obra. A cada serviço, correspondem a
unidade de medida, o consumo unitário, a quantidade e o preço total parcial do mesmo, como no exemplo:
Coleta de preços
Visa determinar o custo de cada insumo necessário para o cálculo do preço dos serviços em questão. O critério
de coleta de preços pode optar entre duas formas de pagamentos, ou seja, a vista ou a prazo. Esta definição
parte do critério empresarial, tendo como variantes os juros de mercado, prazo da obra, critérios de
pagamentos, dentre outros.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 22 -
Orçamento propriamente dito
Sua elaboração é precedida das etapas já expostas e sua execução através de software específico, confere à
mesma, maiores exatidão de cálculo e flexibilidade de alterações.
4.2. Conceitos
a. Insumos: são os componentes mais simples com os quais se realiza a construção. Em termos gerais, são os
materiais e a mão-de-obra.
b. Materiais: São os insumos necessários à realização física da obra.
c. Mão-de-obra: é o trabalho humano.
d. Serviço: é a realização de um elemento, simples ou composto e perfeitamente definido, da construção.
e. Quantitativo: é uma quantidade referida a um serviço, ou seja, quanto de um serviço deve ser realizado.
f. Composição de preço: é a discriminação dos insumos, de suas quantidades e de seus respectivos preços,
necessários à realização de um serviço, cuja soma das totalizações individuais define um preço para o
serviço.
g. Discriminação orçamentária: é a relação dos serviços da obra, podendo ser mais ou menos extensa,
dependendo do nível de detalhamento do projeto e do grau de precisão pretendido.
h. Planilha orçamentária: é a peça gráfica onde o orçamento é apresentado. Normalmente, é constituída pela
relação dos serviços da obra (discriminação orçamentária) com as respectivas quantidades, preços unitários
e totalizações, por serviço e por grupos de serviços.
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4.3. Atividades no orçamento de uma obra
Fluxograma das atividades envolvidas em um orçamento de obras:
Figura 4.1. Fluxograma das atividades do orçamento
4.4. Interpretação do projeto
Ao receber o projeto a ser orçado, o orçamentista precisa interpretá-lo antes de iniciar o orçamento
propriamente dito. Essa interpretação inclui a análise criteriosa das plantas e especificações recebidas, de
modo que todos os materiais e serviços envolvidos sejam previstos.
4.5. Discriminação orçamentária
É uma seqüência dos diferentes serviços que entram na composição de um orçamento e que podem ocorrer na
construção de uma edificação. O seu objetivo é sistematizar o roteiro a ser seguido na execução de
orçamentos, de modo que não seja omitido nenhum dos serviços a serem executados durante a construção,
como também aqueles necessários ao pleno funcionamento e utilização do edifício. A discriminação
orçamentária deve obedecer ao projeto e às especificações técnicas.
As discriminações orçamentárias mais difundidas e conhecidas são:
a. NBR 12.721 da Associação Brasileira de Normas Técnicas: é a discriminação orçamentária usada na
avaliação dos custos unitários e preparo de orçamento de construção para incorporação de edifício em
condomínio.
Encaminhamento
do projeto ao
orçamentista
Interpretação
do
projeto
Discriminação
orçamentária
Levantamento
de
quantitativos
Composição de
custos
unitários
Lançamento
de dados
na planilha Composição de
verbas para
serviços
Operações
aritméticas
Conferência das
operações
aritméticas
Fechamento
do
orçamento Conferência da
discriminação
orçamentária
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b. Decreto 92.100, de 10 de dezembro de 1985: é a discriminação orçamentária normalmente utilizada para
obras de edifícios públicos.
O critério adotado pelo decreto 92.100 visa conferir à discriminação orçamentária maior flexibilidade na
composição e estruturação de orçamentos através de grupos. Os códigos são compostos por três campos
numéricos. O 1º campo numérico é formado por dois dígitos que definem o grupo dos serviços (05.XX.YYY –
Instalações Hidraúlicas e Sanitárias), o 2º campo numérico é formado por dois dígitos que definem o
subgrupo dos serviços (XX.02.YYY – Instalações de Água Quente), o 3º campo numérico é formado por três
dígitos que definem o item que compõe o subgrupo (XX.YY.100 – Tubulações e Conexões de Cobre).
c. Outras discriminações: se não há uma exigência explícita quanto à discriminação orçamentária a ser usada,
pode-se usar a que melhor convier à empresa. Neste curso, utilizaremos a discriminação orçamentária
abaixo, que será melhor detalhada ao longo do curso:
Código Serviço
01 Projetos
02 Serviços Gerais
03 Serviços Preliminares
04 Fundações, Contenções e Infra-estrutura
05 Estrutura
06 Instalações
07 Elevadores
08 Paredes
09 Cobertura
10 Esquadrias
11 Revestimentos
12 Rodapés, Soleiras e Peitoris
13 Ferragens
14 Vidros
15 Tratamentos
16 Pavimentação
17 Pinturas
18 Louças, Metais e Acessórios
19 Complementações
20 Entrega da Obra
4.6. Levantamentos de quantitativos
O levantamento de quantitativos, ou quantificação, consiste na medição, em projeto, dos comprimentos, áreas
e volumes dos serviços a serem executados na construção da edificação em questão.
Para facilitar o levantamento das quantidades de serviços, usam-se formulários facilitadores, como os modelos
existentes no Anexo I.
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4.7. Projetos
Constam desse item a previsão de custos com projetos a serem desenvolvidos antes ou durante a construção
da obra.
4.7.1. Discriminação orçamentária
01 PROJETOS 01.01 Projeto de arquitetura vb 01.02 Projeto de estruturas vb 01.03 Projeto de instalações elétricas vb 01.04 Projeto de instalações hidro-sanitárias vb 01.05 Projeto de instalações telefônicas vb ... ... ...
4.7.2. Critérios de quantificação
Em caso de não se haver possibilidade de uma estimativa de custos dada pelo profissional que irá
realizar os projetos, usam-se diversas tabelas com índices que proporcionam o cálculo de valores
estimativos para itens de projeto. Por exemplo:
▪ Arquitetura: tabela do CAU
▪ Fundações: tabela do Instituto de Engenharia
▪ Estruturas: Tabela do Sindicato dos Engenheiros do DF – SENGE, Tabela do Clube de Engenharia
▪ Instalações: Tabela do Sindicato dos Engenheiros do DF – SENGE, Tabela do Clube de Engenharia
4.7.3. Recomendações
Em alguns casos, é interessante o cálculo por meio de mais de uma tabela, utilizando-se, no orçamento,
aquele que mais se aproximar dos valores reais cobrados por projetistas.
4.8. Serviços gerais
Constam desse item os serviços iniciais, custeio da obra, máquinas e equipamentos, administração da obra.
4.8.1. Discriminação orçamentária
02 SERVIÇOS GERAIS 02.01 Serviços iniciais 02.01.01 Sondagem vb 02.01.02 Limpeza do terreno m² 02.01.03 Locação da obra m² 02.01.04 Tapume m² 02.01.05 Construções provisórias m² 02.01.06 Placas de obra m² 02.01.07 Ligações provisórias vb
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02.02 Custeio da obra 02.02.01 Limpeza permanente da obra vb 02.02.02 Cópias heliográficas e xerográficas vb 02.02.03 Consumos mensais (água, luz e telefone) vb 02.02.04 Despesas legais vb 02.02.05 Retirada de entulho vb 02.02.06 Materiais de consumo vb 02.02.07 Material de segurança vb 02.02.08 Transporte de pessoal vb 02.02.09 Alimentação de pessoal vb 02.02.10 Transporte de material vb 02.03 Máquinas e equipamentos 02.03.01 Máquinas e equipamentos vb 02.03.02 Pequenas ferramentas vb 02.04 Administração da obra 02.04.01 Engenheiro civil/ Arquiteto mês 02.04.02 Engenheiro eletricista mês 02.04.03 Engenheiro de segurança mês 02.04.04 Mestre de obras mês 02.04.05 Encarregado mês 02.04.06 Apontador mês 02.04.07 Almoxarife mês 02.04.07 Vigia mês
4.8.2. Critérios de quantificação
▪ Sondagens:
No custo do serviço de sondagens, incluir a mobilização de equipamentos cobrada pelas empresas
que prestam esse tipo de serviço.
Considerar furos de 10,0m de profundidade. Para a quantidade de furos, usar os seguintes
parâmetros:
· áreas até 1.200m²: um furo a cada 200m²
· áreas entre 1.200 e 2.400m²: um furo a cada 400m², na área que exceder 1.200m².
· áreas acima de 2.400m²: consultar um especialista.
▪ Locação de obras:
· Considerar áreas de projeção, descontando-se beirais, áreas de ventilação e iluminação.
▪ Construções provisórias:
· Depósito de cimento: 2 m² para cada 30 sacos divido pelo dobro do prazo da obra em meses
· Escritório: de 6 a 12 m²
· Sanitários: 1,50 m² para cada 15 operários
· Refeitório: 1,00 m² por operário.
▪ Limpeza permanente da obra:
Para obras de porte pequeno, considerar até 4 horas de servente para os dias úteis de execução da
obra.
Para obras de porte médio, considerar até 2 serventes por dia útil de execução da obra.
Para obras maiores, consultar especialista.
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▪ Cópias heliográficas e xerográficas:
Considerar o custo de, pelo menos, três cópias de cada prancha: uma para o escritório da obra, duas
para a equipe de trabalho (uma para o escritório e outra para fiscalização/execução).
▪ Despesas legais:
· ART da obra: 60% do valor da Tabela I do CREA – DF.
· ART de projeto (para cada autor): 40% do valor da Tabela I do CREA – DF.
· Alvará de construção: Tabela do GDF.
· Habite-se: Tabela do GDF.
· Seguro: 0,4% x valor da obra x 1,04
▪ Retirada de entulho:
O volume estimado de entulho a ser produzido pela obra é:
· obras novas e ampliações: 0,10 m³/m² de área construída
· reformas: 0,06 m³/m² de área reformada
Para o cálculo do volume produzido por demolições:
· tijolo, argamassa, telhas: área a demolir x 1,38
· concreto: área a demolir x 1,70
· asfalto: área a demolir x 1,85
▪ Materiais de consumo:
Calcula-se 1% do custo da administração da obra.
▪ Materiais de segurança:
Calcula-se o valor estimativo gasto por operário ao longo da obra.
▪ Máquinas e equipamentos:
Calculam-se as despesas com locação de máquinas e equipamentos como andaimes, elevadores de
carga, betoneiras, serras, vibradores, entre outros.
▪ Pequenas ferramentas:
Calcula-se 15% do custo de máquinas e equipamentos.
4.9. Serviços preliminares
Constam desse item demolições, limpeza do terreno, terraplenagem.
4.9.1. Discriminação orçamentária
03 SERVIÇOS PRELIMINARES 03.01 Demolições com reaproveitamento 03.01.01 Remoção de esquadrias m² 03.01.02 Remoção de louças sanitárias un 03.01.03 Demolição de alvenarias m² ... ... 03.02 Demolições sem reaproveitamento
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03.02.01 Demolição de forros m² 03.02.02 Demolição de alvenarias m² 03.02.03 Demolição de estruturas de concreto m³ 03.02.04 Demolição de pavimentações m² ... ... 03.03 Limpeza do terreno 03.03.01 Destocamento de árvores un 03.03.02 Capina e roçado m² 03.04 Terraplenagem mecanizada 03.04.01 Corte e aterro mecanizados m³ 03.04.02 Transporte do material escavado m³ 03.05 Terraplenagem manual 03.04.01 Regularização manual do terreno m² 03.04.02 Transporte do material escavado m³
4.9.2. Critérios de quantificação
▪ Demolições:
A quantificação de telhados e suas estruturas é feita pela área da projeção horizontal, incluindo
beirais.
As alvenarias, estruturas de concreto e fundações são quantificadas pelo seu volume real.
▪ Terraplenagem:
O volume escavado é sempre medido no corte e o volume aterrado é sempre o do aterro pronto.
4.10. Fundações, contenções e infra-estrutura
4.10.1. Discriminação orçamentária
04 FUNDAÇÕES, CONTENÇÕES E INFRA-ESTRUTURA 04.01 Fundações 04.01.01 Formas m² 04.01.02 Armações kg 04.01.03 Concreto m³ 04.02 Contenções 04.02.01 Formas m² 04.02.02 Armações kg 04.02.03 Concreto m³ 04.03 Infra-estrutura 04.03.01 Escavação manual m³ 04.03.02 Apiloamento de fundo de vala m² 04.03.03 Reaterro compactado m³ 04.03.04 Lastro de concreto m³ 04.03.05 Formas m² 04.03.06 Armações kg 04.03.07 Concreto m³
4.10.2. Critérios de quantificação
▪ Infra-estrutura:
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Considera-se como “infra-estrutura” os blocos de fundação e as vigas baldrame. Para esses,
considera-se:
▪ Formas:
As formas em blocos de fundação, vigas baldrame e sapatas são executadas apenas lateralmente e
quando o terreno não tem coesão.
Quando, em terrenos coesivos, não se executam formas, acrescentar 0,10 m em cada dimensão da
escavação a fim de assegurar um recobrimento mínimo de 0,05 m de concreto em contato com o
solo. O concreto excedente é computado como o de lastro de concreto.
Não são descontadas áreas de interseção no caso de cruzamento ou interferências.
▪ Armações:
A medição é feita pelo levantamento das diversas bitolas constantes do projeto de fundações, em
peso nominal.
Caso não se tenha projeto de fundações, pode-se estimar 60 Kg de armadura por m³ de concreto.
▪ Concreto:
Os volumes comuns a várias peças são computados uma só vez.
Nas medições de tubulões e estacas a trado, os volumes nominais serão acrescidos de 10%, a título
de irregularidades na escavação.
Não se desconta o volume de concreto referente à penetração das cabeças das estacas nos blocos
de coroamento.
4.11. Estrutura
4.11.1. Discriminação orçamentária
05 ESTRUTURA 05.01 Estrutura de concreto 05.01.01 Formas m² 05.01.02 Armações kg 05.01.03 Concreto m³
4.11.2. Critérios de quantificação
▪ Formas:
A área de formas é a superfície desenvolvida das peças estruturais em contato com as formas.
Não são descontadas áreas de interseção de formas, no caso de cruzamentos ou interferências.
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Nos elementos estruturais, são integralmente descontadas áreas de vazios previstos no projeto
estrutural.
Para a quantificação das áreas de formas, considera-se:
· alturas dos pilares: a altura de piso a piso;
· comprimento de vigas: as dimensões entre as faces de pilares ou vigas adjacentes;
· altura das vigas: as alturas livres;
· dimensões das lajes: dimensões entre as faces de vigas adjacentes.
▪ Armaduras:
A medição é feita pelo levantamento das diversas bitolas constantes do projeto de estruturas, em
peso nominal.
O aço deve ser quantificado separadamente por bitola.
▪ Concreto:
Nos elementos estruturais, são integralmente descontadas volumes de vazios previstos no projeto
estrutural.
Despreza-se o volume ocupado pelas armaduras.
Para a quantificação dos volumes de concreto, considera-se:
· alturas dos pilares: como considerado para formas;
· comprimento de vigas: como considerado para formas;
· altura de vigas: as alturas nominais;
· dimensões das lajes: como considerado para formas.
4.12. Instalações
4.12.1. Discriminação orçamentária
06 INSTALAÇÕES 06.01 Instalações hidrossanitárias vb 06.02 Instalações elétricas vb 06.03 Instalações de água pluvial vb 06.04 Instalações de prevenção e combate a incêndio vb 06.05 Instalações telefônicas vb 06.06 Instalações de pára-raios vb
4.12.2. Critérios de quantificação
Quando não há projetos de instalações, pode-se considerar os seguintes percentuais sobre o valor total
da obra:
· instalações elétricas: 5,5 a 6%;
· instalações de telefone: 1%;
· instalações de incêndio: 1,5%
· instalações de água fria: 1,5% (excluindo louças e metais)
· instalações de esgoto: 2%
· instalações de águas pluviais: 1%
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O total estimado das instalações deve perfazer 13,5% do total da obra.
Havendo projeto de instalações, a composição orçamentária deve ser elaborada pelo levantando no
respectivo projeto. No projeto elétrico deve-se quantificar fios, eletrodutos, espelhos, quadros,
disjuntores, etc. por pavimentos ou apartamentos, separando as prumadas e os fechamentos de
quadros por andar. No levantamento da fiação separar as que passam pelo piso, parede e teto, não se
esquecendo dos acréscimos ( 20 cm por perna) para fechamento nas caixas de tomadas, interruptores
e luminárias, deixando para os quadros pelo menos 50 cm por perna. No projeto hidro-sanitário
geralmente constam a listagem de materiais por pavimento, onde são quantificados as tubulações,
conexões e registros por tipo de instalações, materiais e aplicação. Caso não seja fornecidas, o
levantamento obedece o mesmo padrão especificado para instalações elétricas.
4.13. Elevadores
4.13.1. Discriminação orçamentária
07 ELEVADORES 07.01 Elevadores un
4.13.2. Critérios de quantificação
Por se tratar de um custo elevado, deve-se obter uma estimativa de custo de empresa especializada no
fornecimento de elevadores. Caso isso não seja possível, deve-se tomar como base para a estimativa o
próprio banco de dados do Setor de Orçamentos ou Setor de Compras da empresa.
4.14. Paredes
4.14.1. Discriminação orçamentária
08 PAREDES 08.01 Marcação de alvenaria 08.01.01 Marcação de alvenaria de ½ vez m 08.01.02 Marcação de alvenaria de 1 vez m 08.02 Alvenaria 08.02.01 Alvenaria de tijolos maciços m² 08.02.02 Alvenaria de tijolos furados de barro m² 08.02.03 Alvenaria de blocos de concreto m² 08.02.04 Alvenaria de elementos vazados de concreto m² 08.03 Divisórias 08.03.01 Divisórias de mármore/granito m² 08.03.02 Divisórias de gesso m² 08.03.03 Divisórias de placas de concreto m² 08.04 Diversos 08.04.01 Apertos de alvenaria m 08.04.02 Vergas de concreto m³
4.14.2. Critérios de quantificação
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▪ Vãos:
Em residências e pequenas construções, sem repetição, os vãos não devem ser descontados.
Em construções com repetição, vãos, peças estruturais e folgas para apertos devem ser descontados
em suas dimensões reais ou usando os seguintes critérios, dependendo da filosofia da empresa
construtora:
· Áreas de vazios ou interferências: descontar o que exceder 2m².
Em alvenarias de pedra, de elementos vazados e de blocos de vidro, todos os vãos são descontados
integralmente.
Em divisórias, a medição deve ser feita pela área delimitada pelos montantes externos, sem
considerar desconto algum.
▪ Vergas:
Considerar o comprimento de 0,30m de cada lado a partir do vão.
▪ Observações:
Separar as quantidades de alvenarias, apertos, vergas, divisórias por especificação, espessura e
quaisquer outras diferenças relevantes, criando itens diferentes.
Divisórias especiais são colocadas por empresas especializadas após a conclusão da obra e sem ônus
para a empresa construtora.
4.15. Cobertura
4.15.1. Discriminação orçamentária
09 COBERTURAS 09.01 Estrutura para telhados 09.01.01 Estrutura de madeira para telhados m² 09.01.02 Estrutura metálica para telhados kg 09.02 Telhas 09.02.01 Telhas de barro m² 09.02.02 Telhas onduladas de fibro-cimento m² 09.03 Complementações 09.03.01 Calhas m 09.03.02 Rincões m 09.03.03 Beirais m 09.03.04 Rufos m 09.03.05 Cumeeiras m
4.15.2. Critérios de quantificação
▪ Estrutura:
As áreas para quantificação de estrutura para telhados são as das projeções horizontais dos
telhados, inclusive beirais.
▪ Estrutura metálica:
Para telhas auto-portantes, considerar 2,20 Kg/m²;
Para telhas comuns, considerar 6,00 Kg/m²;
Para telhas de barro, considerar 16,00 Kg/m².
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▪ Telhas:
As áreas para quantificação de telhas são as das projeções horizontais dos telhados, inclusive beirais.
▪ Complementações:
As quantidades de cumeeiras, rincões, espigões, calhas e outros elementos são as dimensões reais.
4.16. Esquadrias
4.16.1. Discriminação orçamentária
10 ESQUADRIAS 10.01 Esquadrias de madeira 10.01.01 Porta de madeira 0,60 x 2,10 m un 10.01.02 Porta de madeira 0,70 x 2,10 m un 10.01.03 Porta de madeira 0,80 x 2,10 m un 10.02 Esquadrias de ferro 10.02.01 Porta de ferro m² 10.02.02 Janela de ferro m² 10.02.03 Porta corta-fogo 0,90 x 2,10 m un 10.02.04 Alçapão 0,90 x 0.90 m un 10.02.05 Corrimão m 10.02.06 Guarda-corpo para varanda m 10.02.07 Escada marinheiro m 10.02.08 Grelha un 10.03 Esquadrias de alumínio 10.03.01 Contra-marco de alumínio m² 10.03.02 Janela de alumínio m² 10.03.03 Porta de alumínio m² 10.03.04 Guarda-corpo para varanda m
4.16.2. Critérios de quantificação
A medição das esquadrias deve ser feita pelas quantidades, comprimentos e áreas reais, podendo ser
levantadas em m² ou em unidades.
Deve-se quantificar separadamente itens diferentes.
Se a construtora possui serralheria própria fora da obra, deve-se computar o transporte para a obra.
Em caso de dúvidas, consultar especificações e catálogos.
Observações:
Os componentes das esquadrias são colocados em fases diferentes de execução da obra.
Não é comum a utilização de contra-marcos em esquadrias de ferro, que são assentadas
diretamente com a fixação dos marcos ou portais nas alvenarias por meio de chumbadores e
argamassa.
4.17. Revestimentos
4.17.1. Discriminação orçamentária
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 34 -
11 REVESTIMENTOS 11.01 Revestimentos internos 11.01.01 Chapisco m² 11.01.02 Emboço m² 11.01.03 Reboco m² 11.01.04 Gesso-cola m² 11.01.05 Cerâmica m² 11.02 Revestimentos externos 11.02.01 Chapisco m² 11.02.02 Emboço m² 11.02.03 Reboco m² 11.02.04 Cerâmica m²
4.17.2. Critérios de quantificação
▪ Vãos:
Em residências e pequenas construções semelhantes, sem repetição, não são descontados vãos.
Nesse caso, não se computa, também, as requadrações.
Em construções com repetição, deve-se descontar os vãos e computar todas as saliências de
estruturas em suas dimensões reais ou usando os seguintes critérios, dependendo da filosofia da
empresa construtora:
· Áreas de vazios ou interferências: descontar o que exceder 2m² (para argamassas e chapiscos) e
1m² (para materiais cerâmicos e sintéticos).
No caso do desconto de vãos, deve-se computar, também, as requadrações desses elementos. Os
vãos a serem requadrados são os que apresentam portais ou marcos recuados da superfície da
parede.
▪ Chapisco:
Devem receber chapisco todas as peças estruturais, alvenarias de tijolos furados e outras superfícies
lisas a serem revestidas.
▪ Emboço:
Deve-se considerar emboço onde houver revestimento cerâmico, reboco fino, chapisco decorativo,
gesso corrido e pedras.
▪ Gesso-cola:
O gesso-cola em tetos é aplicado diretamente nas superfícies de concreto das lajes.
▪ Observações:
Deve-se quantificar em separados os revestimentos de paredes internas, tetos e paredes externas.
4.18. Rodapés, soleiras e peitoris
4.18.1. Discriminação orçamentária
12 RODAPÉS, SOLEIRAS E PEITORIS
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 35 -
12.01 Rodapés 12.01.01 Rodapé de madeira m 12.01.02 Rodapé de granito m 12.01.03 Rodapé de cerâmica m 12.02 Soleiras 12.02.01 Soleira de mármore m 12.02.02 Soleira de granito m 12.02.03 Filete de granito m 12.03 Peitoris 12.03.01 Peitoril de granito m
4.18.2. Critérios de quantificação
▪ Rodapés:
Descontar as larguras nominais das portas e armários.
Quando não especificados, os rodapés são normalmente dos mesmos materiais dos pisos.
▪ Observações:
Deve-se separar rodapés, soleiras e peitoris por tamanho, cor, qualidade e quaisquer outras
características convenientes.
4.19. Ferragens
4.19.1. Discriminação orçamentária
13 FERRAGENS 13.01 FECHADURAS 13.01.01 Conjunto de fechadura para porta externa un 13.01.02 Conjunto de fechadura para porta interna un 13.01.03 Conjunto de fechadura para banheiro un 13.02 DIVERSOS 13.02.01 Maçaneta par 13.02.02 Puxador par 13.02.03 Prendedor un 13.02.04 Mola de piso un
4.19.2. Critérios de quantificação
Quantificar separadamente itens de especificação diferente.
Consultar especificações e catálogos.
Verificar sempre se a empresa construtora utilizará portas prontas, que já vem com fechaduras e outros
acessórios.
4.20. Vidros
4.20.1. Discriminação orçamentária
14 VIDROS E PLÁSTICOS 14.01 Vidros 14.01.01 Vidro liso transparente m² 14.01.02 Vidro fantasia m² 14.01.03 Vidro temperado m² 14.02 Plásticos
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 36 -
14.02.01 Policarbonato m²
4.20.2. Critérios de quantificação
▪ Vidros:
As medições devem ser feitas pelas áreas definidas em projeto e separadas por tipo e espessura.
As dimensões dos vidros são arredondadas para o próximo maior múltiplo de 5 cm.
Quando não especificada a espessura, deve-se utilizar o dimensionamento mínimo de norma.
▪ Observações:
Vidros e plásticos são colocados por empresas especializadas na fase final da obra.
4.21. Tratamentos
4.21.1. Discriminação orçamentária
15 TRATAMENTOS 15.01 Impermeabilizações 15.01.01 Impermeabilização de baldrame m² 15.01.02 Impermeabilização de piso m² 15.01.03 Impermeabilização de cobertura m² 15.01.04 Impermeabilização de calha m² 15.01.05 Impermeabilização de reservatório m² 15.01.06 Impermeabilização de cortina m² 15.02 Tratamentos 15.02.01 Isolamento térmico m²
4.21.2. Critérios de quantificação
▪ Impermeabilizações:
Deve-se computar todas as áreas efetivamente tratadas.
Quando não houver outra indicação, computar também uma faixa horizontal de 0,30m nas paredes,
guarda-corpos e platibandas adjacentes às áreas tratadas, bem como as faces superiores de muretas
com altura inferior a 0,30m.
▪ Juntas:
Em juntas de dilatação tratadas com mastique elástico, a medição será pelo volume real empregado.
▪ Observações:
Normalmente são contratadas empresas especializadas para a execução destes serviços.
Sempre que necessário, devem ser consultados especificações e catálogos dos fabricantes.
4.22. Pavimentações
4.22.1. Discriminação orçamentária
16 PAVIMENTAÇÕES 16.01 Pavimentações internas 16.01.01 Contrapiso m²
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 37 -
16.01.02 Contrapiso impermeabilizado m² 16.01.03 Regularização para piso cerâmico m² 16.01.04 Regularização para piso de mármore/granito m² 16.01.05 Regularização para piso de madeira m² 16.01.06 Piso cimentado m² 16.01.07 Piso em cerâmica m² 16.01.08 Piso de mármore m² 16.02 Pavimentações externas 16.02.01 Contrapiso m² 16.02.02 Regularização m² 16.02.03 Piso cimentado m² 16.02.04 Piso de mármore/granito m²
4.22.2. Critérios de quantificação
▪ Contrapiso, argamassa de regularização e revestimentos de pisos:
Deve-se medir comprimentos e áreas reais.
Descontar as áreas sem acabamento sob pias, armários e outros elementos, fazendo a constituição
pelo que for realmente aplicado.
▪ Vãos:
Quando for do interesse da empresa construtora, deverão ser descontados vãos ou interferências no
que excederem 0,50m².
▪ Observações:
Deve-se separar por tamanho, cor, qualidade e quaisquer outras características relevantes.
4.23. Pinturas
4.23.1. Discriminação orçamentária
17 PINTURAS 17.01 Pinturas internas 17.01.01 Emassamento PVA m² 17.01.02 Emassamento acrílico m² 17.01.03 Pintura PVA m² 17.01.04 Pintura acrílica m² 17.01.05 Pintura esmalte em esquadrias de madeira m² 17.01.06 Pintura óleo ou esmalte em esquadrias de ferro m² 17.02 Pinturas externas 17.02.01 Textura acrílica m² 17.02.02 Sinalização horizontal em estacionamentos m²
4.23.2. Critérios de quantificação
▪ Paredes, pisos e tetos:
Deve-se medir comprimentos e áreas reais.
Em construções sem repetição, serão descontadas áreas de vazio que excederem a 2,0m² em cada
vão.
Em construções com repetição, serão descontados integralmente todos os vãos.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 38 -
▪ Esquadrias:
Considerar as áreas dos vãos nominais e multiplicar por:
· 1: caixilhos metálicos simples fixos sem portais, basculantes sem portais, grades de ferro leves,
alambrado;
· 2: caixilhos metálicos do tipo maxim-ar, de abrir, de correr, caixilhos fixos simples com portais,
basculantes com portais, grades de ferro pesadas, telas pintadas a revólver;
· 3: portas lisas de madeira ou metal;
· 5: esquadrias de madeira ou metal com venezianas, elemento vazado.
▪ Estruturas metálicas:
· Treliças planas: computar as áreas das projeções horizontais multiplicadas por 2.
· Arcos metálicos: multiplicar por 2,3 as áreas das projeções horizontais.
▪ Canalizações:
Considerar as áreas das superfícies dos tubos multiplicada por 1,2.
▪ Terças e elementos de sustentação de telhas:
Considerar a área de projeção horizontal multiplicada por 2.
▪ Observações:
Separar as quantidades por local de aplicação.
Toda pintura ou envernizamento requer a preparação da superfície.
4.24. Louças, acessórios e metais
4.24.1. Discriminação orçamentária
18 LOUÇAS, METAIS E ACESSÓRIOS 18.01 Louças 18.01.01 Vaso sanitário un 18.01.02 Lavatório un 18.01.03 Cuba de louça un 18.01.04 Tanque un 18.02 Metais 18.02.01 Torneira para lavatório un 18.02.02 Torneira para pia un 18.02.03 Torneira para tanque un
4.24.2. Critérios de quantificação
Deve-se levantar pelas quantidades e conjuntos definidos nos projetos e nas especificações.
4.25. Complementações
4.25.1. Discriminação orçamentária
19 COMPLEMENTAÇÕES 19.01 Bancadas
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 39 -
19.01.01 Bancada de granito m² 19.01.02 Bancada de mármore m² 19.02 Forros 19.02.01 Forro de gesso m² 19.02.02 Forro de lambril de madeira m² 19.03 Aparelhos de iluminação 19.03.01 Luminária un 13.03.02 Tomada un 19.04 Urbanização 19.04.01 Grama m²
4.25.2. Critérios de quantificação
Nesse item são colocados elementos diversos que não podem ser enquadrados nos demais itens da
discriminação orçamentária.
▪ Elementos decorativos:
Os elementos decorativos são levantados pelas quantidades e comprimentos definidos nos projetos
e nas especificações.
▪ Forros:
Deve-se quantificar as áreas efetivas, descontando vãos. Entretanto, deve-se desprezar as aberturas
para luminárias, difusores para condicionadores de ar e outros elementos.
4.26. Entrega da obra
4.26.1. Discriminação orçamentária
20 ENTREGA DA OBRA 20.01 Limpeza final m² 20.02 Desmobilização do canteiro vb
4.26.2. Critérios de quantificação
A limpeza deve ser quantificada pelas quantidades e áreas reais.
Se desejado, pode-se levantar a limpeza de vidros, louças e outros elementos em separado.
Considerar para a desmobilização do canteiro 20% da limpeza final.
4.27. Levantamento de quantitativos - Observações finais
A sistematização é importante quando se trabalha com orçamentos, pois em caso de necessidade de
retomar algum orçamento antigo sempre se sabe como foi realizado.
A memória de cálculo é fundamental em orçamentos. Somente por meio dela se pode identificar e corrigir
erros com maior facilidade.
Os projetos devem estar organizados de tal forma que o orçamentista não perca tempo procurando pela
informação desejada. Cortes e fachadas são plantas muito utilizadas; se possível, elas devem ser pregadas
na parede para maior acesso às informações nelas contidas.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 40 -
Em orçamentos não devem constar materiais, e sim serviços, já incluindo a mão-de-obra. A única exceção é
quando se compra o material colocado.
Em orçamentos não se deve arredondar valores ou usar coeficientes de segurança. Deve-se fazer o serviço
com consciência e confiar no trabalho realizado.
4.28. Composição de preço unitário
4.28.1. Definição
É a discriminação dos insumos, de suas quantidades e de seus respectivos preços, necessários à realização
de uma unidade de um serviço, cuja soma das totalizações individuais define um preço para o serviço. É obtida pelo
preço unitário de cada serviço.
4.28.2. Elementos
Uma composição de preço unitário possui diversos elementos:
▪ Preço dos materiais (insumos utilizados);
▪ Custo da hora de trabalho do operário de determinado serviço;
▪ Taxas de encargos sociais (Leis sociais e ferramentas);
▪ Benefícios e despesas indiretas (BDI).
4.28.3. Montagem de uma composição
Para a montagem de uma composição de preço unitário, deve-se decompor uma unidade do serviço em
todos os insumos envolvidos.
Tomando-se como exemplo o serviço de chapisco de uma parede de tijolos de barro:
a) Listam-se os insumos utilizados no serviço:
· areia média;
· cimento comum;
· pedreiro;
· servente.
b) Levantam-se as quantidades individuais de cada um dos insumos usados para a execução de uma
unidade de serviço, isto é, 1m² de chapisco (fonte TCPO – PINI):
· areia média – 0,0072 m³;
· cimento comum – 2,92 kg;
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· pedreiro – 0,25 h;
· servente – 0,31 h.
c) Cotam-se os preços unitários de cada um dos insumos usados. Deve-se observar a unidade em que
são usados os insumos:
· areia média – R$ 20,00/m³;
· cimento comum – R$ 0,21/kg;
· pedreiro – R$ 1,58/h;
· servente – R$ 1,02/h.
d) Calcula-se o preço total para cada um dos insumos, preferencialmente montando-se uma planilha
para a composição de preço unitário:
Insumo Unid. Coef. Preço Preço Total
Unitário Material Mão-de-Obra
Areia média m³ 0,0072 20,00 0,1440 -
Cimento comum kg 2,9200 0,21 0,6132 -
Pedreiro h 0,2500 1,58 - 0,3950
Servente h 0,3100 1,02 - 0,3162
Subtotais 0,7572 0,7112
e) Calcula-se o custo com as leis sociais sobre o preço total da mão-de-obra:
Insumo Unid. Coef. Preço Preço Total
Unitário Material Mão-de-Obra
Areia média m³ 0,0072 20,00 0,1440 -
Cimento comum kg 2,9200 0,21 0,6132 -
Pedreiro h 0,2500 1,58 - 0,3950
Servente h 0,3100 1,02 - 0,3162
Subtotais 0,7572 0,7112
Leis sociais (110%) - 0,7823
f) Calcula-se o BDI sobre o subtotal obtido até o momento, isto é, subtotal de materiais, subtotal de
mão-de-obra e leis sociais:
Insumo Unid. Coef. Preço Preço Total
Unitário Material Mão-de-Obra
Areia média m³ 0,0072 20,00 0,1440 -
Cimento comum kg 2,9200 0,21 0,6132 -
Pedreiro h 0,2500 1,58 - 0,3950
Servente h 0,3100 1,02 - 0,3162
Subtotais 0,7572 0,7112
Leis sociais (110%) - 0,7823
Subtotal 2,0320
BDI (18,6%) 0,3779
g) Calcula-se o custo total unitário do serviço, somando-se o subtotal ao BDI:
CHAPISCO (m²)
Insumo Unid. Coef. Preço Preço Total
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Unitário Material Mão-de-Obra
Areia média m³ 0,0072 20,00 0,1440 -
Cimento comum kg 2,9200 0,21 0,6132 -
Pedreiro h 0,2500 1,58 - 0,3950
Servente h 0,3100 1,02 - 0,3162
Subtotais 0,7572 0,7112
Leis sociais (122,94%) 0,8743
Subtotal 2,3427
BDI (21,6%) 0,5060
TOTAL (R$) 2,8487
4.28.4. Coeficientes de aplicação de insumos
Os coeficientes de aplicação de insumos são as quantidades de materiais e mão-de-obra aplicadas na
execução de determinado serviço. Tais quantidades devem ser obtidas no campo, por meio da medição
de quantidades reais. Quando isso não é possível, o orçamentista pode utilizar tabelas existentes no
mercado, por exemplo, a TCPO - tabelas de composições de preços para orçamentos – da Editora Pini.
Os coeficientes de consumo ou aplicação geralmente são definidos através de controles em canteiros de
obras com avaliação de consultores e técnicos especializados para refletir os casos mais gerais e
frequentes de consumos e desempenhos.
É importante salientar que, muitas vezes, o coeficiente de aplicação de um insumo inclui um percentual
de perda comum na execução do serviço. Esse é o caso de serviços como revestimentos/pavimentações
com materiais cerâmicos, para os quais, para cada metro quadrado de serviço executado, usa-se um
coeficiente de aplicação do material cerâmico de 1,05; isto é, para cada 1m² de
revestimento/pavimentação, gasta-se 1,05m² de material.
Exemplos:
a) Assentamento de azulejos, empregando pasta de argamassa colante com juntas a prumo – unidade:
m² (fonte: TCPO – PINI):
Insumo Unid. Coef.
Azulejo m² 1,05
Argamassa colante em pó kg 4,50
Azulejista h 0,36
Servente h 0,24
b) Revestimento de pisos com forração têxtil – unidade: m² (fonte: TCPO – PINI):
Insumo Unid. Coef.
Forração têxtil m² 1,10
Cola de neoprene kg 0,10
Aplicador h 0,10
Ajudante h 0,10
4.28.5. Preços unitários
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 43 -
Como os preços unitários devem ser coletados no mercado, eles dependem das condições de mercado,
condições de comercialização específica de cada produto, da capacidade utilizada de produção de cada
fabricante, da quantidade a ser adquirida, do conceito comercial da empresa construtora junto aos
fornecedores, do grau de especialização do fornecedor, da distância de transporte do local de embarque
do material à obra, entre outros fatores. Para orçamentos, os preços utilizados devem ser sempre à
vista.
INTERPRETANDO UMA COMPOSIÇÃO - EXEMPLO
Os insumos mais comuns nas composições são os de mão de obra, material e equipamento. Vamos ver o exemplo
apresentado por Gustavo Martins (http://engenheirodecustos.com.br/planilha-de-orcamento-de-obra) de como ler uma
composição da TCPO 14:
1 – Código, indica qual o código do serviço e dos insumos. Em negrito está o código do serviço e abaixo sem negrito, os de
insumos.
2 – Descrição, como o próprio nome sugere, indica a descrição do serviço (negrito) e dos insumos (novamente aqui, sem
negrito). Nesse caso, estamos utilizando uma composição do serviço: Alvenaria de vedação com blocos cerâmicos furados
9x19x19 cm furos horizontais, espessura da parede de 9cm, juntas de 10 mm com argamassa mista de cal hidratada e areia
sem peneirar traço 1:4, com 100 kg de cimento. Já os insumos, que são necessários para execução desse serviço: Pedreiro,
servente, bloco cerâmico e argamassa mista.
3 – Unidade, representa em qual unidade estamos trabalhando, tanto o serviço como o insumo. Repare que para a descrição
do serviço de Alvenaria está em m². Os insumos, esses encontramos em h (homem-hora) para Pedreiro e Servente, unidade
para bloco e m³ de argamassa. Podemos encontrar kg, m², m, un, para materiais e h (hora de máquina) para equipamentos.
O que significa que todos os insumos relacionados na composição são necessários para executar 1 m² de alvenaria.
4 – Classe, qual classe o insumo está inserido:
MOD – mão de obra
MAT – material
SER – serviço
Lembrando, que está composição é típica da TCPO 14. Dependendo da sua base pode haver algumas mudanças
de nomenclatura, mas entendendo o conceito de um tipo, as outras são bem parecidas.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 44 -
5 – Coeficiente, em algumas bases “Índices”, representa a incidência de cada insumo para executar 1 unidade do serviço.
Podemos afirmar que será necessário 0,64 horas de Pedreiro para executarmos 1 m² de alvenaria. São necessários 27,20 unidades de blocos cerâmico para executar 1 m² de alvenaria!
No caso da TCPO, que existe há quase 60 anos, os coeficientes são revisados e atualizados todos os anos (consumo de mão de obra, materiais e equipamentos). Podemos conferir os coeficientes, por exemplo, vamos verificar o consumo de 27,20 unidades de bloco cerâmico da composição. A alvenaria de bloco cerâmico é de 9x19x19 cm.
Conforme a descrição do serviço a alvenaria tem uma espessura de 9 cm e juntas de 10 mm. Sendo assim, vamos encontrar a área frontal do bloco, através da formula:
Onde:
n = unidades por m² b1= comprimento do bloco b2 = Altura do bloco eh = espessura das juntas horizontais ev = espessura das juntas verticais
Foi considerado nessa composição uma perda de 8,80% nos blocos cerâmico.
Essas perdas são consideradas pelo transporte, manuseio e cortes de blocos nas obras.
6 – Preço unitário – é o custo unitário de cada insumo utilizado na composição.
7 – Preço total – é custo total do insumo, é resultado da multiplicação do preço unitário pelo coeficiente de consumo. A
somatória dessa coluna irá resultar no total sem taxas.
8 – Mão de obra – Somatória de todos os custos de mão de obra e hora maquina dos equipamentos das composições.
Observe que na composição não foi considerado apenas os insumos de classe MOD mas também é inserido um valor de 0,62 do insumo SER.
Para entender como esse valor de 6,24 de mão de obra foi considerado, teremos que analisar uma composição
dentro de outra composição, mais conhecida como composição auxiliar.
Argamassa mista de cal hidratada e areia sem peneirar traço 1:4, com adição de 100 kg de cimento.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 45 -
Voltando para nossa primeira composição auxiliar, temos o SER de Argamassa de cal hidratada e areia sem peneirar traço 1:4, preço total de R$ 218,80.
Logo, 16,26% de R$ 218,80 = 35,58 + 9,70 (Servente) = 45,28 de M.O.
Simples, agora vamos voltar a nossa composição principal de Alvenaria.
Agora, é necessário apenas entender que o valor de R$ 276,30 do insumo de classe SER Argamassa mista, 45,28 é de M.O, correspondendo há 16,39%do valor total do serviço.
Logo, dos R$ 3,81 do preço total do insumo, R$ 0,62 é de mão de obra. Você agora pode estar se perguntando: tudo isso para justificar 62 centavos? Não, tudo isso para fixar melhor os conceitos de composição de preços e também entender que esse valor não “brotou do nada”. Podemos concluir que o motivo pelo qual temos 6,24 de M.O. é resultante de 3,78 (Pedreiro) + 1,84 (Servente) + 0,62 (Argamassa) = 6,24.
9 – Outro, para encontrar esse valor, basta somar os insumos de materiais.
10 – Total sem taxa, é a somatória de todos os valores da coluna preço total, corresponde ao custo direto do serviço.
11 – Valor LS, é o valor dos encargos da mão de obra. LS significa Leis Sociais.
Nessa planilha foi considerada uma LS de 122%. Portanto, para encontrar os encargos basta multiplicar o valor
de M.O por 122%.
12 – Valor BDI, Benefícios + Despesas indiretas. Para obter o valor do BDI, precisamos aplica-lo sobre o valor s/ taxa + LS.
Sim, o BDI também se aplica sobre a mão de obra. Na planilha o BDI é de 30%.
13 – Valor total do serviço, é a somatória de total sem taxa + valor de LS + valor de BDI.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 46 -
Existem diversos tipos de fontes de composições de preços unitários, vai depender muito do tipo de obra que a empresa
realiza e o tamanho do interesse por uma fonte confiável de dados para tirar como parâmetro para suas obras.
“Não existe base de composição de preços unitário melhor que a da própria empresa”.
Algumas opções de bases disponíveis, gratuitas e pagas são:
1 – TCPO da Pini
A TCPO ajuda bastante nos orçamentos e todos orçamentistas gostam muito. Sua única desvantagem é ser paga.
2 – FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação
Uma opção gratuita, apesar de sua base ser referenciada para construção e reformas de escolas, alguns serviços são bem
próximos da TCPO.
3 – SINAPI
Em casos de orçamento para a “minha casa, minha vida” é essencial e é gratuita!
4 – DER-SP
Além da base completa de infraestrutura, é possível consultar materiais de auxílio de serviço com cortes e descrições bem
detalhadas dos serviços. (Gratuita)
*EXEMPLO: Como fazer um orçamento utilizando a Tabela SINAPI (http://blog.controlobra.com.br/orcamento-de-obra/como-fazer-um-orcamento-de-obra-utilizando-tabela-do-sinapi/)
Vamos iniciar a elaboração do orçamento:
Passo 1. Ter uma planilha orçamentária (planilha control obra).
Planilha de Orçamento de Obra
Passo 2. Fazer download da tabela do SINAPI (Catálogo de Composições Analíticas e Tabelas de Insumos e Composições).
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 47 -
a) Acessar o site da caixa econômica federal.
b) Clique em Preços de Insumos e Custos.
c) Clique em Catálogo de Composições.
d) Abriu a pagina onde podemos realizar o download do Catálogo de Composições Analíticas, escolha um mês e clique para começar a baixar.
e) Agora, vamos baixar as tabelas com preços de insumo e custos de composições. Volte para a página inicial do SINAPI.
f) Na pagina que se abre clique em Preços de Insumo e Custos de Composições.
g) Nesta etapa, escolha o seu estado.
h) Nesta página são listados os arquivos de cada mês com as seguintes opções: desonerado e não desonerado, escolha uma das opções ou se preferir escolha as duas, escolha o mês e clique para começar a baixar.
Pronto! Agora, basta abrir os arquivos que acabamos de baixar, vejas nas imagens abaixo:
Catálogo de Composições Analíticas no formato do excel.
Tabela de Insumos (PDF)
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 48 -
Tabela de Composições (PDF)
Passo 3. Feito o download, abra os arquivos.
Passo 4. Como exemplo de um orçamento, vamos orçar a placa da obra que faz parte dos serviços preliminares. Para isto
abra o arquivo SINAPI_Custo_ref_Composicoes…
Passo 5. Com o arquivo aberto vamos dá um Ctrl F para que possamos procurar na tabela a placa da obra. No campo de
busca vamos digitar: placa de obra. Observe que já aparece as opções de placas.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 49 -
Passo 6. Vamos escolher a PLACA DE OBRA EM CHAPA DE AÇO GALVANIZADO, cujo o código é 74209/001. A unidade de
medida é m² e o custo unitário é de R$ 270,48 (preço base do SINAPI desonerada 09/2016 Bahia).
Passo 7. Nesta etapa, vamos analisar a composição de custo unitário do serviço PLACA DE OBRA EM CHAPA DE AÇO
GALVANIZADO. Para insto vamos abrir o Catálogo de Composições Analíticas no formato do Excel.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 50 -
Passo 8. Agora, vamos pesquisar na planilha pelo código da placa de obra, que é 74209/001. Encontrado, observe que são
mostradas as composições e insumos que foram considerados para montar a composição PLACA DE OBRA EM CHAPA DE
AÇO GALVANIZADO.
Passo 9. Se quisermos, podemos descobrir o preço de cada composição ou insumo que compõe a composição de custo
unitário do serviço PLACA DE OBRA EM CHAPA DE AÇO GALVANIZADO, basta copiarmos o código e pesquisar na tabela
SINAPI_Custo_ref_Composicoes quando se trata de composições, e se tratando de insumos devemos
consultar na tabela SINAPI_Preco_Ref_Insumos.
INSUMO (SINAPI_Preco_Ref_Insumos)
Passo 10. Com o preço da composição do custo unitário do serviço em mãos, vamos abrir a planilha de orçamento de obra
que baixamos no passo 1. Aberta a planilha, vou informar o BDI, como critério didático vou adotar 25%.
Passo 11. Nesta etapa, vamos preencher a planilha da seguinte forma:
CÓDIGO: 74209/1 (código do serviço)
FONTE: SINAPI (fonte do preço)
DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS: PLACA DE OBRA EM CHAPA DE AÇO GALVANIZADO
UNID: m²
QUANT: 6 (tamanho da placa em m²)
PR UNIT. (R$): 270,48 (custo unitário do serviço)
PR. UNIT. (R$): 338,10 (a planilha calcula, PR UNIT. (R$) + o BDI)
VALOR (R$): : 2028 (Calculo automático: PR. UNIT. (R$) x QUANT)
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 51 -
http://blog.controlobra.com.br/orcamento-de-obra/como-fazer-um-orcamento-de-obra-utilizando-tabela-do-sinapi/
4.29. Leis sociais
As leis sociais correspondem às despesas com encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre o custo da mão-
de-obra. Entre esses custos encontram-se a previdência social, FGTS, salário-educação, SESI, SENAI, SEBRAE,
auxílio-enfermidade, licença-paternidade, 13º salário, férias, aviso prévio indenizado, entre outros.
O valor das leis sociais a ser utilizado é calculado para cada empresa, baseado em tabelas fornecidas por
entidades como o Sindicato das Indústrias da Construção Civil - SINDUSCON.
As taxas das leis sociais e ferramentas (L.S.F.) podem ser divididas segundo o serviço executado:
Serviços executados integralmente na obra;
Serviços resultantes de produtos industrializados;
Serviços executados exclusivamente por firmas especializados.
O coeficiente correspondente às leis sociais é composto de:
a) Encargos sociais básicos;
b) Encargos sociais que recebem as incidências de a);
c) Encargos sociais que não recebem as incidências globais de a);
d) Taxas de reincidências.
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Veja um exemplo no quadro abaixo:
Taxas de Leis Sociais e Riscos do Trabalho
Horistas
% A Encargos sociais básicos
20,00 A1 Previdência Social (INSS)
8,00 A2 Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
2,50 A3 Salário-Educação
1,50 A4 Serviço Social da Indústria (SESI)
1,00 A5 Serviço Nacional de Aprendizagem industrial (SENAI)
0,60 A6 Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa (SEBRAE)
0,20 A7 Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA)
3,00 A8 Seguro contra Acidente do Trabalho
36,80 Subtotal
% B Encargos sociais que recebem as incidências de A
22,68 B1 Repouso semanal e feriados
14,87 B2 Férias
1,12 B3 Auxílio-enfermidade
0,93 B4 Licença-paternidade
11,15 B5 13º salário
1,97 B6 Dias de chuva, faltas justificadas, acidentes de trabalho,
greves, faltas ou atraso na entrega de materiais ou
serviços na obra, outras dificuldades
55,72 Subtotal
% C Encargos sociais que não recebem as incidências de A
4,00 C1 Depósito por despedida injusta (supondo apenas rescisões
por despedida injusta (50% [A2 + (A2 x B)]
11,15 C2 Aviso prévio indenizado
15,15 Subtotal
% D Taxas das reincidências
19,40 D1 Reincidência de A sobre B (36,80% x 52,72%)
0,89 D2 Reincidência de A2 sobre C2 (8% x 11,15%)
20,29 Subtotal
124,96 Percentual Total
4.30. Custos de construção
Custos diretos de construção: são os custos dos insumos necessários à execução material dos objetos
edificados e que deles fazem parte na sua configuração final. Isto é, são os materiais com que são
construídos e a respectiva mão-de-obra de aplicação, inclusive aqueles insumos que, embora não atendam
inteiramente a esta condição, são imprescindíveis à aplicação de outros que a satisfazem.
Custos indiretos de construção: são os custos decorrentes da atividades e meios materiais ou não em
princípio necessárias à execução material dos objetos edificados e têm como característica principal serem
complementares aos dos serviços de construção como um todo. Isto é, são os custos que, por sua natureza,
não podem ser alocados diretamente a cada serviço, mas existem para tornar possível a execução da obra.
4.31. Benefícios e despesas indiretas - BDI
Segundo o conceito corrente, a taxa de BDI é um coeficiente usado para contemplar a remuneração
empresarial (lucro) e os custos indiretos de construção. Ele pode ser inserido nas composições de custos
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 53 -
unitários ou ser aplicado diretamente sobre o custo total orçado, objetivando-se conseguir o preço de
execução da obra.
O professor Tisaka, define o BDI como “Uma taxa que se aplica ao Custo Direto Total para cobrir as despesas
indiretas que tem o construtor mais o risco do empreendimento, as despesas financeiras incorridas, os tributos
incidentes na operação, eventuais despesas de comercialização, o lucro do empreendedor, e o seu resultado é
o fruto de uma operação matemática baseada em dados objetivos envolvidos em cada obra.”
Tradicionalmente, o BDI tem os seguintes componentes:
Administração central: despesas com apoio técnico, supervisão e administração dados pelo escritório
central da empresa;
Administração da obra: despesas de apoio técnico, administrativo e de supervisão no próprio local da obra;
Instalação, manutenção e remoção do canteiro;
Taxas e emolumentos;
Seguros;
Transporte externo do pessoal;
Transporte do pessoal de supervisão;
Transporte interno de materiais;
Mobilização e desmobilização de equipamentos;
Operação e manutenção de equipamentos;
Móveis e utensílios;
Ferramentas;
Segurança e medicina do trabalho;
Consultorias;
Controles técnicos;
Impostos sobre a obra;
Imposto de renda;
Riscos (imprevistos);
Despesas financeiras: custos decorrentes de condições contratuais relativas aos cronogramas de execução
dos serviços e de pagamentos do contratante à contratada;
Lucro.
Entretanto, a realidade de hoje é bastante adversa. Tem-se um número muito grande de variáveis qualitativas
e quantitativas a considerar, além da instabilidade de mercado e das inúmeras exigências legais de ordem
fiscal, tributária e previdenciária nos vários níveis administrativos oficiais que induzem no processo uma
complexidade de muito difícil abrangência pela ótica tradicional.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 54 -
O Prof. Amílcar Martins, em seus cursos de Orçamentos de Obras de Edificações, recomenda que sejam
incluídas no BDI apenas as variáveis efetivamente decorrentes de políticas de empresa, acrescidas dos tributos
legais sobre elas incidentes:
Administração central;
Lucros;
Riscos; e,
Despesas financeiras.
Existem alguns custos que não estão ligadas diretamente com serviços executados em obras, mas serão
necessários para o perfeito andamento do projeto, como a Administração Central (rateio do custo da sede entre as obras
da construtora), Custo financeiro (recomposição do dinheiro pelo fato de a medição ser paga após a realização do
serviço) e Riscos/eventuais/imprevistos/contingências (custos para eventos imprevisíveis ou de difícil quantificação
exata).
)1(
1)1)(1)(1(Ir
LeDfAcBDI−
++++=
onde,
Ac = índice relativo ao custo da Administração Central alocado à obra (custo indireto) e proporcional ao
Custo Direto de obra;
Df = índice referente aos custos financeiros totais sobre o capital empregado, ou seja, sobre o custo direto da
obra, onde Df = (1 + i)m/30 – 1, sendo i: juros; m: dias para receber;
e = eventuais riscos do empreendimento para o construtor (taxa de risco de execução);
L = taxa de lucro líquido desejada, aplicada sobre o investimento;
Ir = taxa dos impostos (PIS: 0,65%, Confins: 2,00%, ISS: 2,00%).
São historicamente consideradas normais pelo mercado as seguintes taxas:
Administração central – 5,0 a 7,5%
Lucro líquido – 6,0% (mínimo)
Riscos – 1,0% (mínimo); varia de 1 a 5% para a construção civil
As despesas financeiras são dependentes de:
Condições de compra de insumos consideradas na composição dos preços dos serviços;
Existência de reajuste contratual periódico e sua forma;
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 55 -
Adiantamentos;
Prazo de carência para pagamento das faturas por serviços executados;
Estrutura de custos da obra e dos índices adotados para a atualização financeira dos diversos itens de custo.
Exemplo:
Considerando-se os seguintes valores:
Administração central – 6,0%
Despesas financeiras – 2,44%
Riscos – 1,0%
Lucro líquido – 6,0%
)0465,01(
06,01)01,01)(0244,01)(06,01(−
++++=BDI
BDI = 1,165
O que significa dizer que o BDI será de 16,5% sobre os custos diretos da obra.
Os fatores que influenciam diretamente no BDI são: porte da obra, tipo da obra, localização, problemas
operacionais, situações conjunturais, prazo de execução, nível de qualidade exigida, prazo e condições de
pagamento, condições contratuais, tradição e confiabilidade do contratante.
Gustavo Martins apresenta os principais conceitos que envolvem o BDI, em outras palavras:
# Custo Direto (CD): são os custos dos serviços extraídos no campo. Cada um desses custos deve possuir a sua composição de preços unitário (CPU).
# Custo Indireto (CI): é o custo de forma indireta, como canteiro de obras, administração local, mobilização e desmobilização, entre outros.
# Custo Direto Total: representam o total das duas modalidades de custo. Esse custo é o principal componente do orçamento de uma obra, podendo chegar de 50% a 70% do valor da mesma, ou até um pouco mais. Conhecido o custo direto total, restam ainda, aproximadamente 50% a 25% do orçamento a serem investigados, que vem a ser despesas indiretas.
# Despesas Indiretas: são todos os demais dispêndios ou gastos não relacionados diretamente com a produção. Algumas dessas despesas podem nem ser facilmente quantificadas e apropriadas em relação às receitas que produz.
As despesas indiretas na construção civil podem ser agrupadas em quatro grupos, conforme na imagem a seguir:
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 56 -
O BDI é único para cada obra, não há um mesmo BDI para duas obras distintas. Até mesmo duas obras com idêntico
objeto, se executadas em locais diferentes, sem guardar semelhanças de geografia e logística, poderão apresentar BDI’s com
algumas divergências.
Aplicação prática do BDI (Gustavo Martins http://engenheirodecustos.com.br/formula-bdi/)
Para aplicar o BDI será utilizado o preço de venda da obra! Vejamos em exemplo simples, mas que funciona em qualquer
tamanho de projeto. Vamos simular uma obra com apenas 5 serviços:
Planilha de Serviços:
O calculista identificou os serviços e realizou as composições, realizando o Custo Direto Total da obra:
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 57 -
Lembre-se que nesta composição de custos é necessário inserir os valores dos encargos sociais trabalhistas. Essa
porcentagem vai depender muito de cada construtora e sua região, geralmente fica entre 105 a 135%. E, significa se a hora
homem de um carpinteiro é por exemplo: R$ 5,00/h – custo direto, para o empregador o custo no mínimo sairá por R$
10,25/h, utilizando um encargo de 105%. Essa alta porcentagem é resultado dos inúmeros impostos que incidem sobre a
hora homem e aos direitos dos trabalhadores (férias, décimo terceiro, aviso prévio, etc.) E neste exemplo apenas para
simular melhor nossa fórmula, já estão embutidos a tão famosa Leis Sociais, visto no dia a dia das construtoras.
Voltando para nossa planilha, o valor de 8.000,00 que chegamos não é o preço de venda e sim o Custo Direto. Precisamos
somar agora ao custo direto:
• O custo indireto;
• Custos de administração central;
• Custo financeiro, riscos/eventuais/imprevistos/contingências;
• Lucro e impostos.
Vamos simular que estes outros custos tenham os valores de:
Fórmula do Preço de Venda
Para calcular o preço de venda, a fórmula é:
Este valor de 11.500,00 é o seu preço de venda com uma planilha de serviços com aqueles 5 serviços iniciais, caso você fosse
mandar para uma concorrência pública ou privada.
Agora, precisamos diluir este valor de preço de venda em cada um dos 5 serviços, utilizamos um coeficiente.
Custo Direto = R$ 8.000,00
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 58 -
Preço de Venda = 11.500,00
11.500/8.000 = 1,4375
Este fator de 1,4375 significa que teremos um acréscimo de 43,75% sobre cada serviço do custo direto para chegar no preço
final de venda.
Este percentual chama-se Bonificação e Despesas Indiretas (BDI). Nossa planilha para o cliente ficaria assim:
A nossa fórmula então, ficaria assim (****43,75 veio da fração 11500/8000):
4.32. Derivados dos orçamentos
Inúmeras informações podem ser obtidas dos orçamentos, entre elas:
Relação de insumos: é a discriminação de todos os insumos requeridos para a execução da obra ou de
etapas da obra, com as respectivas quantidades. Para que a relação seja completa, é de fundamental
importância que se evite o uso de verbas.
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RELAÇÃO DE INSUMOS Data: 16/09/18
Insumo Un Quantidade
Total
Tijolo cerâmico furado 9x19x19cm un 349.650,19
Cimento portland kg 208.711,82
Tijolo comum un 65.058,96
Cal hidratada kg 42.788,58
Servente h 33.242,75
Cimento colante kg 23.839,72
Pedreiro h 21.039,11
Bloco concreto 19x19x39cm un 7.323,00
Parafuso p/ madeira de 80mm un 6.080,00
Impermeabilizante kg 5.549,93
Taco p/ fixação de batente/rodapé un 4.560,00
Azulejista h 3.490,23
Carpinteiro h 3.012,37
Ajudante carpinteiro h 2.852,25
Cerâmica para piso 3 m² 2.823,07
Cerâmica para piso 1 m² 2.696,77
Granito para piso m² 2.305,95
Dobradiça de ferro p/ porta interna un 2.283,00
Guarnição peroba 5 cm porta 1 folha un 1.518,00
Aço CA-50 5/16´- 7,94 mm kg 1.280,94
Telha metálica pré-pintada Perkon m² 919,63
Areia média m³ 778,64
Fechadura completa para porta interna un 760,00
Batente peroba porta 1 folha un 759,00
Ajudante telhadista h 508,22
Conjunto vedação elástica un 475,95
Porta lisa de cedro 0,60x2,10m un 400,00
Parafuso/gancho telha ondulada un 371,08
Tela telcon m² 342,73
Porta lisa de cedro 0,80x2,10m un 225,00
Brita 2 m³ 183,79
Telhadista h 169,41
Prego - preço médio kg 152,20
Porta lisa de cedro 0,70x2,10m un 136,00
Cimento branco kg 118,81
Tábua de pinho de 1´/12 ́de 3ª m 106,75
Armador h 102,48
Brita 1 m³ 78,98
Porta de alumínio m² 64,53
Concreto estrutural pré-misturado fck 25 Mpa m³ 62,31
Ajudante serralheiro h 61,08
Elemento vazado un 58,72
Serralheiro h 55,62
Cerâmica para piso 2 m² 42,77
Prego 18x27 kg 42,70
Areia lavada m³ 39,49
Porta corta-fogo 0,90x2,10m un 27,00
Gradil de ferro m² 26,00
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 60 -
Curvas ABC: são curvas que mostram a participação percentual dos componentes de custo nos custos
totais da obra. Normalmente são decrescentes, já que a grande maioria dos insumos representa custo
individual insignificante se comparados aos custos totais. Podem ser montadas para os insumos totais,
apenas para materiais, apenas para mão-de-obra, ou para serviços.
Esta técnica se baseia no denominado princípio de Pareto, segundo o qual um pequeno número de serviços
ou insumos é responsável por uma parcela mais significativa do custo total. Costuma-se dizer que, de
acordo com esse princípio, 20% dos itens representam 80% do custo total, embora nem sempre sejam
exatamente esses os números que se observam na realidade.
Deve-se observar que, não obstante a denominação, a curva ABC não é necessariamente uma curva, mas
propriamente um relatório. No entanto, nada impede que essa curva seja representada graficamente.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 10 20 30 40
nº do item
Pa
rtic
ipa
çã
o a
cu
mu
lad
a %
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 61 -
CURVA ABC DE INSUMOS Data: 16/09/19
Insumo Un Preço
Unitário
Quant.
Total
Preço
Total Part. % Part. Ac. %
1. Granito para piso m² 48,00 2.305,95 110.685,48 20,25 20,25
2. Tijolo cerâmico furado 9x19x19cm un 0,15 349.650,19 52.447,53 9,60 29,85
3. Cimento portland kg 0,21 208.711,82 43.829,48 8,02 37,87
4. Servente h 1,09 33.242,75 36.234,60 6,63 44,50
5. Pedreiro h 1,69 21.039,11 35.556,10 6,51 51,01
6. Batente peroba porta 1 folha un 36,72 759,00 27.870,48 5,10 56,11
7. Areia média m³ 34,00 778,64 26.473,85 4,84 60,96
8. Cerâmica para piso 3 m² 8,50 2.823,07 23.996,06 4,39 65,35
9. Cerâmica para piso 1 m² 8,50 2.696,77 22.922,53 4,19 69,54
10. Fechadura completa para porta interna un 29,60 760,00 22.496,00 4,12 73,66
11. Dobradiça de ferro p/ porta interna un 5,50 2.283,00 12.556,50 2,30 75,96
12. Telha metálica pré-pintada Perkon m² 12,90 919,63 11.863,20 2,17 78,13
13. Guarnição peroba 5 cm porta 1 folha un 6,98 1.518,00 10.595,64 1,94 80,07
14. Porta de alumínio m² 150,00 64,53 9.679,50 1,77 81,84
15. Concreto estrutural pré-misturado fck 25 Mpa m³ 147,00 62,31 9.160,21 1,68 83,51
16. Impermeabilizante kg 1,60 5.549,93 8.879,89 1,62 85,14
17. Bloco concreto 19x19x39cm un 1,10 7.323,00 8.055,30 1,47 86,61
18. Porta lisa de cedro 0,60x2,10m un 19,00 400,00 7.600,00 1,39 88,00
19. Cal hidratada kg 0,17 42.788,58 7.274,06 1,33 89,33
20. Brita 2 m³ 34,00 183,79 6.248,86 1,14 90,48
21. Azulejista h 1,69 3.490,23 5.898,49 1,08 91,56
22. Tijolo comum un 0,09 65.058,96 5.855,31 1,07 92,63
23. Porta corta-fogo 0,90x2,10m un 204,00 27,00 5.508,00 1,01 93,64
24. Cimento colante kg 0,22 23.839,72 5.244,74 0,96 94,60
25. Carpinteiro h 1,69 3.012,37 5.090,90 0,93 95,53
26. Porta lisa de cedro 0,80x2,10m un 22,50 225,00 5.062,50 0,93 96,45
27. Ajudante carpinteiro h 1,09 2.852,25 3.108,95 0,57 97,02
28. Porta lisa de cedro 0,70x2,10m un 21,38 136,00 2.907,68 0,53 97,55
29. Brita 1 m³ 34,00 78,98 2.685,37 0,49 98,05
30. Gradil de ferro m² 67,00 26,00 1.742,00 0,32 98,37
31. Aço CA-50 5/16´- 7,94 mm kg 1,18 1.280,94 1.511,51 0,28 98,64
32. Areia lavada m³ 34,00 39,49 1.342,49 0,25 98,89
33. Parafuso p/ madeira de 80mm un 0,22 6.080,00 1.337,60 0,24 99,13
34. Tela telcon m² 2,90 342,73 993,91 0,18 99,31
35. Ajudante telhadista h 1,09 508,22 553,95 0,10 99,42
36. Escada de marinheiro m 60,00 7,80 468,00 0,09 99,50
37. Elemento vazado un 7,65 58,72 449,21 0,08 99,58
38. Porta de ferro veneziana m² 223,34 1,68 375,22 0,07 99,65
39. Taco p/ fixação de batente/rodapé un 0,08 4.560,00 364,80 0,07 99,72
40. Cerâmica para piso 2 m² 8,50 42,77 363,52 0,07 99,79
41. Prego - preço médio kg 2,13 152,20 324,19 0,06 99,84
42. Porta de ferro chapa dupla n.14 un 186,12 1,60 297,79 0,05 99,90
43. Telhadista h 1,69 169,41 286,29 0,05 99,95
44. Caixilho de alumínio correr m² 126,50 2,10 265,65 0,05 100,00
*Preços não atualizados
Neste exemplo observa-se que 13 itens custam pouco mais do que 80% do total da obra. Se nesse mesmo
orçamento incluirmos mais 25 itens chega-se a 99,65% do total da obra. Portanto, observa-se que, na grande
maioria dos orçamentos, uma pequena quantidade de itens representa a maior porcentagem do valor total da
obra. Isso é mostrado no gráfico representativo da curva ABC, que tem uma tangente maior no início da curva,
tendendo a zero à medida que o número de itens aumenta.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 62 -
Os usos práticos dessa curva, ou desse relatório, são basicamente dois:
Evidenciam-se os serviços mais caros na construção, que, portanto, devem merecer mais atenção,
para que o seu custo não aumente ou possivelmente até se reduza em razão de uma administração
mais eficiente desses itens, evitando atrasos, falta de suprimentos e procurando preços melhores; no
caso de mão de obra, procurar evitar as deficiências por meio de supervisão, treinamento e
principalmente motivação do pessoal;
Permitem avaliar rapidamente as variações significativas de custo em função da variação de preços
dos insumos.
Estudo de Caso:
Curva ABC. Ela nada mais é do que a aplicação do Princípio de Pareto colocando em uma lista todos os insumos da obra com seu custo relativo (em % do total) e classificando em 3 categorias:
Faixa A: Insumos que representam 50% do custo total Faixa B: Insumos que estão entre os percentuais de 50% a 80% do custo total Faixa C: Demais insumos
Uma outra forma de apresentar a Curva ABC é através de um gráfico (até por isso que ela foi chamada de “curva”) onde os insumos são listados na horizontal e seus percentuais acumulados são expressos graficamente na vertical. Veja um exemplo prático da Curva ABC na imagem a seguir que representa os valores de um orçamento de uma residência térrea com aproximadamente 400 m²:
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Pra facilitar a leitura, vamos olhar só a lista dos itens que representam 80% do custo total:
Neste orçamento, haviam 153 insumos, sendo:
Faixa A – 8 insumos: 5,2% dos insumos = 49,2% do custo total Faixa B – 19 insumos: 12,4% dos insumos = 30,4% do custo total Faixa C – 126 insumos: 82,4% dos insumos = 20,4% do custo total
Veja como a Lei de Pareto foi válida neste exemplo: os itens das faixas A e B somaram 17,6% do total de insumos e representavam 79,6% do custo total. Nunca é uma relação perfeita 20/80, mas é sempre muito próxima a isso.
Analisando os dados, você irá perceber que o preço e a produtividade dos pedreiros e serventes da obra sozinhos tem impacto sobre quase 20% dos custos! Seguindo com cimento, porcelanato, areia e madeira temos totalizando mais de 40% dos custos, só nestes 6 itens… Vale ou não vale a pena ter essa informação quando for cotar preços ?
Fonte (http://rexperts.com.br/curva-abc/)
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Cronograma físico: o cronograma é a distribuição das atividades de construção no tempo. Ele define
quando se realizam as várias etapas da construção, ou seja, o que deve ser construído no tempo. O
cronograma físico define as quantidades de serviço a serem executadas e, para sua elaboração, é
sobremaneira importante a quantificação de serviços por setores.
Serviço Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10
Projetos
Serviços Gerais
Serviços Preliminares
Fundações e Infra-estrutura
Fundações e Infra-estrutura
Instalações
Paredes
Cobertura
Esquadrias
Revestimentos
Rodapés, soleiras e peitoris
Ferragens
Vidros
Tratamentos
Pavimentação
Pinturas
Louças, metais e acessórios
Complementações
Entrega da obra
Cronograma de barras – Gráfico Gantt
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Cronograma financeiro: o cronograma financeiro contém os valores correspondentes às quantidades de
serviços a serem executadas, cuja soma em cada período de execução traduz a demanda de recursos para a
obra e, consequentemente, o desembolso do proprietário.
Serviço Valor Serviço Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10
Projetos 6.315,00 100%
6.315,00
Serviços Gerais 114.407,00 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10%
11.440,70 11.440,70 11.440,70 11.440,70 11.440,70 11.440,70 11.440,70 11.440,70 11.440,70 11.440,70
Serviços Preliminares 4.921,00 100%
4.921,00
Fundações e Infra-
estrutura 15.957,00 100%
15.957,00
Estrutura 157.618,00 40% 60%
63.047,20 94.570,80
Instalações 90.915,00 5% 12% 13% 22% 28% 15% 5%
4.545,75 10.909,80 11.818,95 20.001,30 25.456,20 13.637,25 4.545,75
Paredes 22.800,00 50% 50%
11.400,00 11.400,00
Cobertura 1.090,00 100%
1.090,00
Esquadrias 58.757,00 12% 40% 38% 10%
7.050,84 23.502,80 22.327,66 5.875,70
Revestimentos 40.917,00 30% 40% 30%
12.275,10 16.366,80 12.275,10
Rodapés, soleiras e
peitoris 8.805,00 30% 40% 30%
2.641,50 3.522,00 2.641,50
Ferragens 4.871,00 40% 60%
1.948,40 2.922,60
Vidros 11.407,00 40% 60%
4.562,80 6.844,20
Tratamentos 22.954,00 20% 50% 30%
4.590,80 11.477,00 6.886,20
Pavimentação 36.512,00 20% 50% 30%
7.302,40 18.256,00 10.953,60
Pinturas 23.268,00 20% 25% 35% 20%
4.653,60 5.817,00 8.143,80 4.653,60
Louças, metais e
acessórios 11.341,00 50% 50%
5.670,50 5.670,50
Complementações 12.738,00 100%
12.738,00
Entrega da obra 30.100,00 100%
30.100,00
100% 5,72% 11,70% 20,03% 10,42% 11,61% 13,10% 10,13% 6,03% 5,11% 6,15%
Totais 675.693,00 38.633,70 79.033,65 135.372,14 70.437,55 78.458,76 88.513,90 68.445,45 40.754,35 34.502,80 41.540,70
4.33. Modalidades de fixação dos preços
a) Modalidade A
Fixação dos preços dos serviços com base no custo estimado da obra ou do elemento objeto da proposta. O
custo deve ser o mais próximo da realidade. Entretanto, muitas vezes são tomados como referência valores
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convencionais, de acordo com as características da obra. O preço dos serviços é fixado aplicando-se uma
porcentagem sobre o custo estimado, a qual deverá contemplar todas as despesas na execução do serviço,
acrescidas do lucro.
b) Modalidade B
Fixação dos preços com base na previsão de produtos a serem apresentados ao contratante dos serviços:
desenhos, memoriais, relatórios, etc. Tem sido mais utilizada para pequenos projetos, ou projetos de reformas,
casos em que os serviços tem, as vezes, valor porcentualmente muito alto em relação ao da obra.
c) Modalidade C
Forma de cobrar os serviços a partir de medições das horas gastas. Pode-se estabelecer um valor final para o
preço da hora de cada categoria, chamado usualmente de “preço da hora técnica”, ou também de “tarifa”, ou
pode-se estabelecer um coeficiente que multiplicado o custo da hora de cada técnico conduza ao preço final.
Em qualquer dos casos, o preço final deve contemplar todos os custos diretos, encargos sociais, despesas
indiretas e lucro. Deve-se notar que no preço da hora técnica de consultores, principalmente em serviços que
apresentem riscos, a remuneração deve também compensar todo um acervo de conhecimento, formado ao
longo dos anos de experiência, e toda a responsabilidade envolvida.
Predomina aqui a parcela correspondente às horas técnicas, contudo, podem também entrar nas medições
algumas parcelas referentes a despesas reembolsáveis, mais taxa de administração (serviços de computação,
reprografia, despesas de viagem, veículos, etc.).
4.34. Tipos de contratação de serviços, quanto aos preços
Segundo a legislação (Art. 8º da Lei 6544) a contratação dos serviços segundo preço pode ser por:
a) Empreitada por preço global
Definida como sendo o regime de execução de serviços de engenharia por preço certo e estipulado
antecipadamente, reajustável ou não, nele compreendidos todos os custos mais a remuneração do contratado,
o qual assume totalmente os riscos econômicos, respondendo inclusive pelos quantitativos previstos. O
pagamento poderá ser parcelado, conforme contrato.
b) Empreitada por preços unitários
Nesse regime são prefixados os preços unitários, reajustáveis ou não, os quais serão aplicados às quantidades
de serviços avaliadas ou medidas. Esses preços devem, também, compreender todos os custos mais a
remuneração do contratado.
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c) Contrato de administração
Nesses contratos os custos são apurados na medida em que os serviços vão sendo executados e o contratado
recebe como remuneração uma quantia proporcional a esses custos. Os custos podem ser pagos diretamente
pelo contratante, ou através do contratado, o qual, neste caso, será reembolsado periodicamente com
acréscimo dos custos financeiros.
d) Por tarefa
Nos contratos por tarefa, ajusta-se a mão de obra para pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem
fornecimento de materiais.
4.35. Informática aplicada ao orçamento
O uso de programas ou software específicos, planilhas eletrônicas e editores de texto, auxiliam na elaboração
de orçamentos e propostas, assim como no levantamento de quantitativos e planejamentos.
Dentre eles podemos citar: Volare (Pini), Tron-Orc, Rm-Orc, Mm-Orc, Excel, Word, Autocad, MsProject, etc.
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5. PLANEJAMENTO DE OBRAS
5.1. Por que planejar?
Planejar é um processo segundo o qual são previstas atividades tendentes a alcançar objetivos, de acordo com
prazos e custos determinados, prevendo-se meios para acompanhar o desempenho, minimizando-se eventuais
distorções, com tomadas de decisões baseadas em análise de alternativas de soluções.
Planejamento é um marco do comportamento inteligente; na construção, planejar é imprescindível.
Existem diversas razões pelas quais o uso do planejamento vem crescendo nos últimos 20 anos:
a) Como os projetos são maiores e mais complexos, torna-se cada vez mais difícil coordenar o projeto de
maneira empírica. As opções devem ser analisadas com antecedência, as inter-relações entre os diferentes
participantes do projeto devem ser comunicadas e as decisões devem ser tomadas nos momentos
apropriados de modo a garantir que o projeto se realize de acordo com os planos.
b) A alta taxa de mudanças tecnológicas coloca o construtor, muitas vezes, em situações onde lhe faltam
experiência e conhecimento, por exemplo, o uso de paredes de gesso acartonado, concreto protendido,
painéis pré-moldados de fachada.
c) A necessidade de coordenar o serviço de todos os fornecedores de serviço envolvidos no processo
construtivo.
d) O aumento de custo devido a atrasos pode comprometer a capacidade do construtor concluir o projeto.
5.2. Cronograma de Barras
Cronograma pode ser definido como sendo a representação gráfica da execução de um projeto, indicando os
prazos em que deverão ser executadas as atividades necessárias, mostradas de forma lógica, para que o
projeto termine dentro de condições previamente estabelecidas.
O tempo de duração de um projeto constitui um dos elementos fundamentais do seu planejamento. A duração
de cada atividade é determinada em função do tipo e da quantidade de serviço que a compõe, bem como em
função da produtividade da mão de obra que a executa, admitindo-se estarem disponíveis tempestivamente a
mão de obra, os tipos e quantidades de materiais, equipamentos e outros recursos necessários à sua execução.
O tempo total estimado para a duração do projeto é apresentado em forma de cronograma.
Uma das formas de se planejar atividades ao longo do tempo é o cronograma de barras, também denominado
de Gráfico de Gantt, que foi introduzido no início do século XX para controlar construções militares durante a
Primeira Guerra Mundial.
Basicamente, esse cronograma é uma série de barras inseridas dentro de um calendário. Cada barra
representa o início, a duração e fim de uma atividade. Juntas, as barras indicam a distribuição das atividades e
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a programação de todo o projeto. Esses cronogramas são muito simples e fáceis de entender, o que os levam a
ser muito utilizados. (Veja um exemplo do gráfico de Gantt na página 45).
Entretanto, existem diversas deficiências nos cronogramas de barras, entre elas:
a) A inabilidade para mostrar explicitamente a relações de dependência entre as atividades, isto é, as
seqüências lógicas e cronológicas; e,
b) A ausência de informação de agendamento completa, isto é, atividades críticas, atraso total possível para
cada atividade, folgas, etc.
5.3. Cronograma de Redes
Em 1957, os Estados Unidos estavam diante de um problema. Havia-se planejado construir um foguete
espacial e, embora não faltassem mão-de-obra, fornecedores e dinheiro, estava-se com um certo receito de
que a execução do projeto trouxesse um caos administrativo. Havia aproximadamente 250 empreiteiros e 900
subempreiteiros e o número de peças a serem fabricadas era de cerca de 70.000. A situação militar do
momento não tornava interessante atrasar o término da execução do projeto e, devido à complexidade do
projeto, bastava que um subempreiteiro atrasasse a execução do serviço a seu cargo para que houvesse um
atraso geral. Criou-se, então, um grupo encarregado de pesquisar e elaborar um sistema para aplicar na
organização e controle do programa que iria produzir o foguete. O sistema desenvolvido recebeu o nome de
PERT (“Program Evaluation and Review Technique” ou Técnica de Avaliação e Controle de Programas). Graças
ao emprego deste sistema, o prazo previsto de 5 anos para a execução do foguete foi reduzido a 3 anos.
Ao mesmo tempo, a empresa Du Pont desenvolveu um método bastante semelhante ao PERT chamado CPM
(“Critical Path Method” ou Método do Caminho Crítico.)
A aplicação do método PERT quando havia aspectos probabilísticos e do método CPM quando havia aspectos
determinísticos tornou-se conhecida a partir de 1962 com a sigla PERT-CPM, e, por suas grandes vantagens na
avaliação de tempos e em seu controle, esse método passou a ser imediatamente aplicado aos mais diversos
fins: construção civil, indústria, marketing, teatro, decoração, enfim, em tudo em que houvesse um início e um
fim.
O sistema é composto por setas ou linhas orientadas e círculos ou nós, conforme mostrado na figura abaixo.
Para elaborar uma rede de planejamento procede-se da seguinte maneira:
Listar todas as atividades do projeto;
Estabelecer a ordem de execução das atividades, ou seja, a lógica da rede;
Evento
inicial
Evento
final
Identificação da atividade
Duração da atividade
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Determinar a duração de cada atividade;
Determinar os eventos inicial e final da rede;
Determinar as atividades que podem ser executadas em paralelo;
Calcular as datas dos eventos inicial e final de cada atividade.
5.4. Princípios fundamentais da administração
Segundo Hirschfeld, existem cinco princípios fundamentais que devem ser dominados em uma administração:
Previsão: é a relação de todas as tarefas a serem executadas.
Programa: é a relação das tarefas previstas com suas interdependências de antecedência e subseqüência,
além dos devidos tempos de duração.
Execução: é a realização das tarefas com especial atenção às durações a fim de verificar se permanecem
dentro dos limites estabelecidos.
Coordenação: é o recebimento de informações e a distribuição de ordens referentes à execução das
tarefas, possibilitando medidas adequadas.
Controle: é a verificação do planejamento durante a execução das tarefas, possibilitando adaptações
motivadas pela introdução de novas tarefas não planejadas anteriormente, modificações, exclusões.
Tomando-se como exemplo o preparo de uma refeição:
Previsão: é a relação das tarefas a serem realizadas: escolher a receita, comprar ingredientes, preparar os
ingredientes, preparar a refeição, comer a refeição.
Programa: é a relação das tarefas com suas interdependências e tempos de duração:
Planejamento
Previsão Programa Execução
Qual a duração e
interdependência das tarefas?
Quais tarefas
serão executadas?
Realização
efetiva das tarefas
Coordenação Controle
Análise das
informações recebidas da execução
Verificação e
replanejamento
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· A – escolher a receita – 30 minutos – sem antecedentes;
· B – comprar ingredientes – 120 minutos – após a escolha da receita (A);
· C – preparar ingredientes – 20 minutos – após a compra de ingredientes (B);
· D – preparo da refeição – 40 minutos – após o preparo dos ingredientes (C);
· E – cozimento da refeição – 30 minutos – após o preparo da refeição (D);
· F – almoçar – 40 minutos – após o cozimento da refeição (E).
Execução: é a realização das tarefas a verificação dos prazos de execução: assim, deve-se observar cada
uma das atividades, de modo que se garanta que, 210 minutos após a escolha da receita, o almoço seja
servido.
Coordenação: é o recebimento de informações (por exemplo, o supermercado está cheio e as compras
levarão 150 minutos) e o envio de ordens (o preparo dos ingredientes deverá ser feito por uma equipe
maior), possibilitando medidas adequadas (o local de refeições estar pronto no momento certo.)
Controle: é a verificação (após o almoço) de como as tarefas foram executadas (dentro ou fora dos prazos),
possibilitando a introdução de novas tarefas (por exemplo, o pré-aquecimento do forno), modificação das
durações das tarefas (30 minutos para o preparo dos ingredientes), e a retirada de algumas delas.
O uso do PERT-CPM possibilita que atividades simples como o preparo de um delicioso almoço possa ser
planejado e executado de modo que nem o pior dos cozinheiros sirva a refeição fora do horário!
5.5. Redes de planejamento
Dá-se o nome de rede de planejamento à representação gráfica de um programa. Nessa representação é
apresentada a seqüência lógica do planejamento com as interdependências das tarefas, tendo por fim alcançar
um determinado objetivo. Na rede são colocadas as durações das tarefas, permitindo-se, com isso, uma
análise de otimização de tempo ou custo e programação em calendário.
Para se estabelecer uma rede, é preciso distinguir dois conceitos:
Atividade: é a execução efetiva de uma operação, consumindo tempo e/ou recursos. Exemplo: estrutura
de concreto, alvenaria, reboco, etc.
Etapa: é um marco que caracteriza um instante do planejamento; na etapa não são consumidos nem
tempo nem recursos. Exemplo: fim da concretagem, início da alvenaria, etc.
Para se montar uma rede de planejamento, é preciso conhecer seus elementos:
Atividades: isto é, é preciso fazer uma lista das atividades (serviços) a serem executados.
Ordem das atividades: isto é, é preciso determinar quais são as tarefas antecedentes e quais são as
subseqüentes.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 72 -
Duração das atividades: isto é, é a determinação do tempo necessário para a execução de cada uma das
atividades. Estes tempos devem ser tomados sempre na mesma unidade (horas, dias, semanas, etc.), de
acordo com o bom senso e a precisão desejada para o planejamento.
5.6. Representação de uma rede de planejamento
Existem duas formas de representação de redes de planejamento, ambas com vantagens e desvantagens.
a) Método americano
Por esse método, a rede é composta de:
1. Setas ou linhas orientadas: representam as atividades;
2. Círculos ou nós: representam os eventos.
Por exemplo:
A maior desvantagem do método americano é a dificuldade da introdução de novas tarefas, o que
muitas vezes leva a redistribuição de toda a rede.
b) Método francês
Por esse método, a rede é composta de:
1. Setas ou linhas orientadas: representam a ligação entre as tarefas;
2. Blocos: representam as atividades.
Evento
inicial
Evento
final
Identificação da atividade
Duração da atividade
12
13 Concretagem
1 dia
Atividade
1
duração
Atividade
2
duração
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 73 -
Por exemplo:
A maior vantagem do método francês é a facilidade na adição de novas tarefas. Já sua maior
desvantagem é a necessidade da introdução de duas tarefas: INÍCIO e FIM.
5.7. Tipos de atividades
a) Atividades dependentes
Qualquer atividade que depende diretamente da execução de uma (ou mais) tarefa anterior é uma
atividade dependente. Nos exemplos abaixo, a execução dos azulejos é diretamente dependente da
execução do emboço.
Pelo método francês:
Pelo método americano:
b) Atividades paralelas
Atividades paralelas são aquelas que acontecem simultaneamente, ambas dependendo da mesma
atividade predecessora e tendo a mesma atividade como sucessora. Por exemplo:
1. Execução da forma de concreto – duração 2 dias
2. Armação da laje – duração 1 dia
3. Instalações embutidas na laje – duração 2 dias
4. Concretagem da laje – duração 1 dia
Alvenaria
3 dias
Chapisco
1 dia
Emboço
3 dias
Azulejo
5 dias
11 Emboço
3 dias
12
13 Azulejo
5 dias
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Pelo método francês:
Pelo método americano:
No caso do método americano, é necessário introduzir a atividade representada pela linha pontilhada –
uma atividade-fantasma.
c) Atividades-fantasma
Atividades-fantasma ou fictícias são aquelas usadas no método americano apenas para facilitar o
entendimento de que uma atividade depende de outra que não está no mesmo alinhamento. Apesar de
serem muito utilizadas, atividades-fantasma devem ser evitadas sempre que possível pois, quando não
imprescindíveis, elas apenas complicam o entendimento da rede.
d) Atividades condicionantes
Atividades condicionantes são aquelas introduzidas na rede apenas para indicar uma condição
imprescindível à execução de uma tarefa posterior. Nos exemplos abaixo, a protensão somente pode ser
realizada se o macaco estiver na obra. Portanto, a atividade macaco, tem duração de 0 dias, mas, não
ocorrendo, impede a execução da protensão.
1 Forma laje
2 dias
Forma
laje
2 dias
Concreto
laje
1 dia
Armação
laje
1 dia
Instalaç.
laje
2 dias
2
3
4
5 Armação laje
1 dia
Concreto laje
1 dia
Instalaç. laje
2 dias
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Pelo método francês:
Pelo método americano:
5.8. Tempo total de execução da rede
O tempo total de execução do projeto depende de como as atividades são organizadas. Quando as atividades
são dispostas em série, o tempo total de execução da rede é simplesmente a soma das durações das atividades
componentes. Por exemplo:
Tempo total = 5 + 5 + 5 = 15 dias
No entanto, quando as atividades estão dispostas em paralelo, o tempo total passa a ser menor do que a
simples soma das durações das atividades componentes da rede. Por exemplo:
Armação/
Cabos
2 dias
Protensão
1 dia
Concreto
1 dia
Chegada
macaco
0 dias
1
Armação/cabos
2 dias
2
3
4
5
Concreto
1 dia
Protensão
1 dia
0 dias
Macaco
1
A
5 dias
2
3
4
B
5 dias
C
5 dias
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 76 -
Tempo total < 5 + 5 + 5 < 15 dias (O cálculo exato do tempo total de execução de uma rede será visto mais adiante.)
Como um planejamento tem por objetivo a produção de um tempo que seja mínimo para se realizarem todas
as tarefas, conclui-se que é sempre preferível o uso de redes em paralelo. Normalmente, uma rede PERT-COM
de planejamento é uma mistura de atividades em série e em paralelo. No entanto, é importante tentar
otimizar tarefas, colocando-as, sempre que possível, em paralelo.
5.9. Princípios para elaboração de uma rede PERT-CPM
a) Elaboração do programa
Consiste em determinar a relação de atividades, a durações das atividades, a interdependência das
atividades. Nesta etapa, é fundamental a pesquisa e a investigação das informações, pois, para que o
planejamento possa efetivamente ser realizado, ele precisa ser uma previsão clara e completa daquilo
que os executores pretendem fazer.
b) Verificação das atividades
Nesta etapa, o planejador, juntamente com o executor, verifica as atividades que podem ser executadas
em paralelo, de modo a economizar tempo. Mais uma vez, a decisão de tornar atividades paralelas deve
ser conjunta, para que a execução simultânea possa realmente ocorrer.
c) Atividades x eventos
É importante lembrar, a todo momento, que atividades consomem tempo e/ou recursos financeiros e
que etapas não consomem nenhum desses elementos. É também fundamental, na montagem da rede,
lembrar que, quando um evento é atingido, todas as atividades que a ele chegam estão concluídas, e
que, para que uma atividade possa ser executada, seu evento inicial deve ter sido atingido. Por exemplo:
1
2
3 A
5 dias
B C
5 dias 5 dias
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Nesse caso, ao se atingir o evento 4, todas as atividades anteriores já foram concluídas, isto é, forma,
armação e instalações. Por outro lado, para que a concretagem ocorra, seu evento inicial (4) deve ter
sido atingido. Se fosse possível a execução da concretagem sem a conclusão de uma das atividades
anteriores, a concretagem não seria dependente desta.
d) Atividades-fantasma
É fundamental que se tenha sempre em mente que, entre dois eventos sucessivos, existe apenas uma
atividade. Para a colocação de mais de uma atividade, isto é, para a demonstração de atividades
paralelas, é necessária a introdução de atividades-fantasma.
Errado! Certo!
e) Prazos de espera
Em uma rede de planejamento, todos os tempos de espera previstos não devem ser desprezados, mas
sim transformados em atividades que consomem apenas tempo, e não recursos financeiros. Por
exemplo:
Neste caso, a cura não consome recursos financeiros, mas é uma contingência que deve ser obedecida
para a realização da atividade seguinte: a desforma.
1
2
3
4 5 Formas
Armação
Instalações
Concreto
1
2
2
A
B
1 3
A
B
1
2
3
4 5 Formas
Armação
Instalações
Concreto 6
Cura 7
Desforma
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f) Existência de circuitos (loops)
Em redes de planejamento, não há circuitos, isto é, o fluxo das atividades é sempre em um sentido pré-
estabelecido (esquerda-direita, por exemplo), não havendo atividades em sentido contrário.
g) Atividades que começam durante outra atividade
Existem atividades que se iniciam entre o evento inicial e o evento final de outra atividade. Nesse caso,
deve-se subdividir a atividade principal, de modo que a atividade que começa durante sua realização
possa ser corretamente demonstrada.
5.10. Métodos para estabelecer uma rede
a) Método da regressão
Este método parte do evento FIM e caminha para o evento INÍCIO. Ele é usado quando se tem uma data
exata e intransferível para a conclusão do projeto. Parte-se, então, desta data e determina-se a data
para o início das atividades.
b) Método da progressão – Rede de precedência
Este é o método mais tradicional e mais usado, quando se parte do evento INÍCIO e determina-se a data
do evento FIM.
1
3
2 5 Formas – 1ª etapa
Armação
Forma – 2ª etapa
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6. CONTROLE
Controle é a comparação entre o “feito” e o “planejado”, com providências, se necessárias, para o
enquadramento dos resultados, com o objetivo de minimizar qualquer desvio em relação ao previsto.
6.1 Controle de Construções
O controle de construções consiste em verificar e comparar os resultados obtidos com os valores previstos,
procurando-se as diferenças e as causas que as geraram a fim de corrigir as falhas e elaborar novas diretrizes e
procedimentos durante a execução da obra. O controle é feito por meio da fiscalização contínua de todas as
etapas da obra.
Os controles podem ser de materiais, de mão-de-obra, de máquinas e equipamentos, de estoque, da execução
de serviços, além dos controles físico, financeiro e de qualidade.
6.2 Controle de materiais
O controle de materiais consiste na verificação das características e propriedades dos materiais a serem
empregados. Seu objetivo é averiguar se eles satisfazem as normas e especificações técnicas.
O controle de materiais pode ser de dois tipos. O primeiro é o controle visual que consiste na primeira análise
do material. No entanto, esse tipo de controle é bastante falho, sendo sempre aconselhável o uso do segundo
tipo de controle de materiais: o controle tecnológico.
O controle tecnológico consiste na realização de ensaios ditados pelas normas brasileiras da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
6.3 Controle de mão-de-obra
O controle da mão-de-obra consiste no controle dos funcionários que trabalham na obra.
Uma parte importante deste trabalho é feita pelo apontador da obra, que deve controlar diariamente o
número de operários ausentes e presentes na obra, tanto da empresa responsável pela obra quanto de
subempreiteiros contratados.
A outra parte deste controle é feita pelo mestre-de-obras e seus encarregados, que, durante todo o período de
trabalho, fiscalizam o efetivo trabalho realizado por seus subordinados.
6.4 Controle de máquinas e equipamentos
O controle de máquinas e equipamentos diz respeito à utilização destes elementos na obra. Para maximizar o
uso de máquinas e equipamentos é importante que exista – e seja cumprido – um cronograma de
manutenção preventiva. Além disto, o controle deve preocupar-se também com sua correta utilização, de
modo que esses elementos não fiquem ociosos desnecessariamente.
6.5 Controle de estoque
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 80 -
O controle de estoque de materiais é de extrema importância para o bom andamento dos serviços da obra.
Este controle é feito pelo almoxarife da obra que supervisiona a chegada de materiais na obra, a quantidade de
materiais usados e o total estocado. O arquiteto/ engenheiro deve supervisionar este trabalho. Além disto,
cabe a ele suprir a obra com os materiais necessários antes da execução dos serviços. Para tanto, é importante
que seja feito um cronograma de compras (ou solicitações) de materiais. O controle diário ou semanal do
estoque e o acompanhamento do cronograma permitem uma execução tranqüila dos serviços.
6.6 Controle de serviços
O controle de serviços de uma obra é de extrema importância para que ela seja bem edificada e tenha boa
qualidade. Para tanto, todos os serviços devem ser acompanhados de modo que cada um deles seja feito da
melhor maneira possível, utilizando as técnicas recomendadas, recebendo o acabamento ou finalização mais
apropriada.
Os controles mais usuais de serviços são:
▪ Concreto: verificação do traço, condições de confecção (se feito na obra), transporte, lançamento,
adensamento, cura, prazo de desforma, execução da desforma.
▪ Formas: verificação da execução, do escoramento, prumo, alinhamento, esquadro; especial atenção deve
ser dada a elementos desfavoráveis, como marquises, grandes vãos, etc.
▪ Armação: verificação do corte, dobragem e montagem; conferência de bitolas; conferência de toda a
armação depois de montada na forma.
▪ Argamassas: controle de traços, aplicação; verificação de prumo, esquadro, alinhamento.
▪ Alvenaria: verificação da marcação de acordo com projeto; verificação da argamassa usada, nível, prumo,
condições de execução, andaimes, aperto; verificação da necessidade de amarração ou travamento.
▪ Revestimentos: verificação de argamassas, nivelamento, caimento, alinhamento, rejuntamento.
▪ Instalações: conferência com projeto, principalmente em relação à descida de tubulações dentro de
elementos estruturas; checagem das emendas de tubos e passagens dentro de elementos estruturais;
conferência de cimento de tubulações de esgoto e águas pluviais; realização de testes em colunas de água;
verificação de vazamentos.
6.7 Controle físico
O controle físico é aquele exercido com o objetivo de facilitar o cumprimento do cronograma de execução da
obra de modo planejado e dentro dos prazos previstos. Várias etapas compõem o controle físico:
▪ Levantamento da situação da obra: nesta etapa, também chamada de medição da obra, deve-se fazer um
claro e detalhado levantamento da real situação da obra. Esse trabalho deve ser uma fotografia da
edificação, descrevendo o andamento de cada um dos serviços da obra. Nesta etapa, normalmente são
usados formulários baseados no orçamento da obra.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 81 -
▪ Lançamento dos dados: Os formulários preenchidos pelo arquiteto/ engenheiro da obra são depois
lançados em algum programa de acompanhamento de projetos. O objetivo é se obter um percentual de
execução da obra. Como conseqüência do trabalho, também podem ser obtidos percentuais de execução
de cada um dos serviços da obra, de modo que as atividades em situações mais críticas possam ser
visualizadas.
▪ Relatório de acompanhamento físico de obra: Os percentuais obtidos na etapa anterior são colocados em
um relatório de acompanhamento da obra. Nesse relatório, os percentuais realizados obtidos
mensalmente são apresentados numérica e graficamente. Eles também são comparados aos valores
previstos de forma que se possa identificar claramente o desenvolvimento que a obra vem apresentando.
▪ Tabela de acompanhamento físico da obra e Curva de progresso físico: conforme exemplificados abaixo, a
tabela de acompanhamento físico e a curva de progresso físico são dois dos subprodutos mais comuns da
medição da obra.
Mês Previsto Realizado
Simples Acumulado Simples Acumulado
jan/18 1,50 1,50 1,50 1,50
fev/18 2,00 3,50 1,80 3,30
mar/18 2,50 6,00 1,80 5,10
abr/18 3,00 9,00 2,05 7,15
mai/18 3,50 12,50 3,10 10,25
jun/18 5,00 17,50 5,00 15,25
jul/18 5,00 22,50 4,40 19,65
ago/18 5,00 27,50 3,33 22,98
set/18 6,00 33,50 5,95 28,93
out/18 7,00 40,50 5,75 34,68
nov/18 7,50 48,00 6,00 40,68
dez/18 6,00 54,00 5,95 46,63
jan/18 6,00 60,00 5,60 52,23
fev/18 7,00 67,00 6,74 58,97
mar/18 6,50 73,50 6,50 65,47
abr/18 7,00 80,50 7,00 72,47
mai/18 7,50 88,00 7,33 79,80
jun/18 6,00 94,00 6,13 85,93
jul/18 4,00 98,00 3,47 89,40
ago/18 2,00 100,00 1,50 90,90
Tabela de Acompanhamento Físico de Obra
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 82 -
Curva de Progresso Físico
-
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
jan/9
4
fev/9
4
mar
/94
abr
/94
mai
/94
jun/9
4
jul/94
ago
/94
set
/94
out
/94
nov
/94
dez
/94
jan/9
5
fev/9
5
mar
/95
abr
/95
mai
/95
jun/9
5
jul/95
ago
/95
%
Previsto Acumulado
Realizado Acumulado
▪ Cronograma de acompanhamento físico: neste cronograma é feita a comparação entre os prazos previstos
e os prazos realizados para cada um dos serviços que compõem a obra. Exemplo de um cronograma de
acompanhamento físico.
Cronograma de Acompanhamento Físico de Obra
6.8 Controle financeiro
O controle financeiro é aquele cujo objetivo é permitir que a obra seja executada dentro do orçamento
previsto. Assim como no controle físico, várias etapas estão envolvidas no processo.
▪ Apropriação de custos: para que seja possível controlar as finanças de uma obra, não basta que sejam
somados despesas e gastos realizados. Para um domínio efetivo, é preciso que seja feita a apropriação de
todos os custos da obra. Nesta apropriação, todas as notas fiscais recebidas devem ser apropriadas, isto é,
os materiais nelas contidos devem ser distribuídos de acordo com os serviços nos quais serão utilizados.
Prev. Real. ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
1 Escavação 100 100
2 Fundações 100 100
3 Estrutura de concreto 100 100
4 Alvenaria 100 90
5 Esquadrias 100 70
6 Vidros 100 60
7 Impermeabilização 100 100
8 Revestimentos 100 75
9 Pinturas 100 65
10 Instalações 90 75
11 Aparelhos e metais 90 90
12 Elevadores 80 75
13 Serviços complementares 25 10
Data atual
2002Item Serviço
% Acumulado 20012017 2018
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 83 -
▪ Controle de contratos: as despesas com contratos com terceiros também deve ser cuidadosamente
controladas e apropriadas.
▪ Lançamento dos dados: notas fiscais e contratos devidamente apropriados devem ser encaminhados para
o lançamento dos dados em programa próprio.
▪ Relatório de acompanhamento financeiro de obra: Os percentuais obtidos na etapa anterior são colocados
em um relatório de acompanhamento da obra. Nesse relatório, os percentuais realizados obtidos
mensalmente são apresentados numérica e graficamente. Eles também são comparados aos valores
previstos de forma que se possa identificar claramente o desenvolvimento que a obra vem apresentando.
▪ Tabela de acompanhamento financeiro da obra e Curva de progresso financeiro: a tabela de
acompanhamento financeiro da obra é semelhante à de acompanhamento físico. A diferença é que os
percentuais nela contidos referem-se aos gastos da obra. O mesmo acontece para a curva de progresso
financeiro.
▪ Histogramas financeiros: os histogramas financeiros são gráficos comumente utilizados para o
acompanhamento financeiro de obras de construção civil. Histogramas mensais mostram
comparativamente a situação de cada mês no que tange às finanças do empreendimento, enquanto
histogramas acumulados mostram a situação cumulativamente. Abaixo encontram-se exemplos de
histogramas financeiros.
Histograma Financeiro Mensal
-
500.000,00
1.000.000,00
1.500.000,00
2.000.000,00
2.500.000,00
3.000.000,00
jan/9
4
fev/9
4
mar
/94
abr
/94
mai
/94
jun/9
4
jul/94
ago
/94
set
/94
out
/94
nov
/94
dez
/94
jan/9
5
fev/9
5
mar
/95
abr
/95
mai
/95
jun/9
5
jul/95
ago
/95
set
/95
out
/95
nov
/95
dez
/95
jan/9
6
Previsto Simples
Realizado Simples
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 84 -
Histograma Financeiro Acumulado
-
5.000.000,00
10.000.000,00
15.000.000,00
20.000.000,00
25.000.000,00
30.000.000,00
35.000.000,00
40.000.000,00
jan/9
4
fev/9
4
mar
/94
abr
/94
mai
/94
jun/9
4
jul/94
ago
/94
set
/94
out
/94
nov
/94
dez
/94
jan/9
5
fev/9
5
mar
/95
abr
/95
mai
/95
jun/9
5
jul/95
ago
/95
set
/95
out
/95
nov
/95
dez
/95
jan/9
6
Previsto Acumulado
Realizado Acumulado
6.9 Controle de qualidade
Hoje em dia, não basta concluir uma obra no prazo e dentro do orçamento. É preciso entregar o produto ao
cliente com o máximo de qualidade possível. Para isto, é preciso que sejam desenvolvidos processos visando
melhorar a qualidade em cada uma das etapas da obra. Uma estrutura mal realizada levará a problemas no
acabamento e clientes insatisfeitos.
Além disso, primar pela qualidade também significa reduzir custos. Quando todos os serviços estão sendo
feitos com critério, o retrabalho diminui e as etapas seguintes tenderão a ser feitas com maior facilidade e,
provavelmente, qualidade.
Diversos são os meios para se garantir a qualidade dos serviços, mas a maior parte deles inclui inspeções,
treinamentos e tomada de medidas corretivas.
6.10 Análise dos desvios e medidas corretivas
Apesar de toda a importância claramente exemplificada acima de um efetivo controle de obra, controlar
apenas não é o suficiente. É preciso analisar os resultados, medir os desvios e tomar as devidas medidas
corretivas.
Somente uma análise criteriosa e sistemática dos resultados obtidos na fase de controle permite que os
verdadeiros desvios sejam identificados e as decisões corretas sejam tomadas.
Para o arquiteto é importante criar o hábito de coletar os dados disponíveis, organizá-los e filtrar as
informações relevantes antes de chegar às conclusões. Normalmente, tudo o que o arquiteto precisa para
fazer um bom trabalho está ao seu alcance, é só buscar, usar e vencer.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 85 -
ANEXO I – LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 86 -
Dimensões:
- largura: 0,50 m
- comprimento: 0,50 m
- profundidade: 0,50 m
Escavação:
- 0,10 cm para cada lado
- 0,05 cm na profundidade
Dimensões da escavação
- largura: 0,50 + 0,10 + 0,10 = 0,70m
- comprimento: 0,50 + 0,10 + 0,10 = 0,70m
- profundidade: 0,50 + 0, 05 = 0,55 m
- volume: 0,70 x 0,70 x 0,55 m
Apiloamento de fundo de vala:
- área: 0,70 x 0,70 m
Lastro de concreto:
- volume: 0,70 x 0,70 x 0,05 m
Forma:
- área de um lado: 0,50 x 0,50 m
- área total: 4 lados x 0,50 x 0,50 m
Blocos de fundação
O buraco a ser escavado deve ser ampliado
da seguinte forma:
Apiloa-se todo o fundo do buraco escavado:
O lastro é uma camada de concreto "magro"
de espessura 0,05m colocada no fundo do
buraco escavado:
A forma é montada sobre o lastro de
concreto, não necessitando, portanto, de
fundo:
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 87 -
Armação:
Concreto:
- largura: 0,50 m
- comprimento: 0,50 m
- profundidade: 0,50 m
- volume: 0,50 x 0,50 x 0,50m
Reaterro:
Observação:
O volume de concreto é o volume a ser
preenchido dentro da forma, isto é, é o
próprio volume do bloco:
A armação é levantada pela simples obtenção dos totais de cada
um dos tipos de aço do projeto de estrutura. Caso não exista
projeto, pode-se estimar o valor de 60 kg de armadura média para
cada metro cúbico de concreto de estrutura.
Deve-se preencher com terra a diferença
entre o que foi escavado e o volume do
bloco de concreto:
- volume de reaterro = volume escavado -
volume de concreto
Cintas ou Baldrames
Deve-se repetir o procedimento feito para os blocos. As cintas devem ser vistas como blocos
compridos e delgados.
Para facilitar o levantamento e a conferência, os blocos devem ser
nomeados (B1, B2, ...) e levantados em grupos de blocos de iguais
dimensões.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 88 -
Dimensões:
- largura: 0,12 m
- comprimento: 0,25 m
- altura: pé-direito - altura da laje
- altura: 2,70 - 0,20 = 2,50m
Forma:
- área: 2 x (0,12 x 2,50) + 2 x (0,25 x 2,50)
Armação:
Concreto:
- largura: 0,12 m
- comprimento: 0,25 m
- altura: 2,50 m
- volume: 0,12 x 0,25 x 2,50m
Observação:
Estrutura
Pilares
A forma é montada sobre a laje concretada previamente, no caso
de pavimentos superiores; no caso de pilares de subsolos ou
térreos, eles podem ser montados sobre os blocos, portanto, não há
necessidade de fundo:
- a área de forma é calculada pela soma das áreas de cada um dos
lados do pilar
O volume de concreto é o volume a ser preenchido dentro da forma,
isto é, é o próprio volume do pilar:
A armação é levantada pela simples obtenção dos totais de cada
um dos tipos de aço do projeto de estrutura. Caso não exista
projeto, pode-se estimar o valor de 80 kg de armadura média para
cada metro cúbico de concreto de estrutura.
Para facilitar o levantamento e a conferência, os pilares devem ser
nomeados (P1, P2, ...) e levantados em grupos de pilares de iguais
dimensões.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 89 -
Dimensões:
- largura: 0,12 m
- comprimento: variável
Forma:
Armação:
Concreto:
- largura: 0,12 m
- comprimento: variável
- altura: 0,35 m
Observação:
Vigas
Para a forma da viga, consideram-se suas laterais e seu fundo:
- área: 2 x (0,35 x comprimento) + (0,12 x comprimento) + 2
x (0,12 x 0,35)
- altura: altura da viga - altura da laje = 0,35 -
0,20 = 0,15 m
A armação é levantada pela simples obtenção dos totais de cada
um dos tipos de aço do projeto de estrutura. Caso não exista
projeto, pode-se estimar o valor de 80 kg de armadura média para
cada metro cúbico de concreto de estrutura.
O volume de concreto é o volume a ser preenchido dentro da forma,
isto é, é o próprio volume da viga:
Para facilitar o levantamento e a conferência, as vigas devem ser
nomeadas (V1, V2, ...) e levantadas em grupos de vigas de iguais
dimensões.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 90 -
Dimensões:
- largura: variável
- comprimento: variável
- altura: 0,20 m
Forma:
Armação:
Concreto:
- largura: variável
- comprimento: variável
- altura: 0,20 m
Observação:
Para facilitar o levantamento e a conferência, as lajes devem ser
nomeadas (L1, L2, ...).
A forma deve ser calculada sem descontar
vãos de vigas e pilares. Para seu
levantamento, deve-se medir suas laterais e
seu fundo.
O volume de concreto é o volume a ser
preenchido dentro da forma, isto é, é o
próprio volume da laje:
Lajes
A armação é levantada pela simples obtenção dos totais de cada
um dos tipos de aço do projeto de estrutura. Caso não exista
projeto, pode-se estimar o valor de 80 kg de armadura média para
cada metro cúbico de concreto de estrutura.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 91 -
Dimensões:
- espessura: 0,15 m (parede interna)
- comprimento: variável
- altura: pé-direito - altura da viga abaixo da laje
- altura: 2,70 - 0,15 = 2,55 m
Marcação:
Alvenaria:
Aperto:
Vergas:
- área = comprimento x altura
Consiste no preenchimento do vão deixado entre a
alvenaria e a viga ou laje sobre ela.
Vergas são vigotas de concreto pré-moldado
colocadas sob e sobre vãos de portas, janelas e
outras aberturas. Sua área não é descontada da
área de alvenaria.
Paredes
A marcação da alvenaria consiste na execução da
primeira fiada de tijolos da parede. Não são
descontados vãos ou outras aberturas:
- comprimento = é o próprio comprimento da
parede
O levantamento de alvenaria consiste na execução
da parede propriamente dita, sem descontar a
marcação e nem o aperto. Entretanto,
dependendo dos critérios de levantamento, podem
ser descontados vãos de portas, janelas e outras
aberturas.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 92 -
Estrutura para telhado:
Telhas:
Complementações:
As quantidades de elementos de complementação
são levantadas pelas dimensões reais.
Coberturas
Para a quantificação da estrutura para telhado, usa-
se a projeção horizontal do telhado, inclusive
beirais.
Para a quantificação das telhas, usa-se a projeção
horizontal do telhado, inclusive beirais.
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 93 -
BIBLIOGRAFIA
Cimiro, R. Planejar para Construir. São Paulo, Pini, 1987.
Dias, P. R. V. Engenharia de Custos: Metodologia de Orçamentação para Obras Civis. Hoffmann, Rio de
Janeiro, 2001..
Giammusso, Salvador E. Orçamento e Custos na Construção Civil. São Paulo, Pini.
Martins, Amilcar. Curso de Orçamento de Obras de Edificações.
Moreti, Fernando. Curso de Orçamento de Obras de Edificações.
NBR 12721 – Avaliação de Custos Unitários e Preparo de Orçamento para Incorporação de Edifícios em
Condomínio. ABNT, 1992.
Souza, R. e Mekbekian G. Qualidade na Aquisição de Materiais e Execução de Obras. São Paulo, Pini, 1999.
Souza, R. et al. Sistema de Gestão da Qualidade para Empresas Construtoras. São Paulo, Pini, 1998.
TCPO – Tabela de Composições de Preços para Orçamentos. São Paulo, Pini, 2000.
Apostila do Curso de Orçamentista de Obras, SENAI.
Lei 8666/93 – Lei das Licitações
Critérios para Fixação dos Preços de Serviços de Engenharia. Editora PINI.
Minhas Referências de sites e livros para o artigo:
http://paulorobertovileladias.com.br/wp/collection.html
http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/95/especial-obras-publicas-como-calcular-o-bdi-281833-1.aspx
http://blogs.pini.com.br/posts/Engenharia-custos/a-formula-do-bdi-341256-1.aspx
Livro: Manual de BDI – Como incluir benefícios e despesas indiretas em orçamentos de obras de construção civil
Livro: Orçamento de Obras em Foco – Um novo olhar sobre a Engenharia de Custos – Roberto Sales Cardoso
Programação e Controle de Projeto e Obra - Prof. Chenia Figueiredo - 94 -