Download - [SMIT] A representação da Imagem
-
28 INFORMARE - CadernosdoProgramadePs-GraduaoemCinciadaInformao
A REPRESENTAO DA IMAGEMJohannaW Smit
Professora,USPIECA
Palavras-Chave
ImagemFotogrfica- RepresentaoContedoInformacional-ImagemFotogrfica
ExpressoFotogrfica- Imagem
"Dir-se-iaqueafotografiainclassificvel.Pergunto-me,ento,dequepoderiadependeressadesordem."
RolandBarthes
TrabalhobaseadoempesquisafinanciadapeloCNPq.
INFORMARE- Cad.Prog.Ps-GradoCiornf.,RiodeJaneiro,v.2,n.2,p.28-36,jul./dez.1996
-
A representaoda imagem 29
otermo"imagem"abrangeumvastolequededocumentosiconogrficosoudeilustraes,incluindopinturas,gravuras,posters,cartespostais,fotografi-as,etc.Dadoqueestesregistros,emborasemelhantes,no demandamas mesmaslgicas de tratamentodocumentrio- umavezquesuasmodalidadesdeusosodistintas- limitareimeuestudoaumnicotipodedocumentoiconogrfico:aimagemfotogrfica.
A representaodessaimagemfotogrficanopodeserpensadaapartirdeumatransposioautom-ticadosprocedimentosdeAnliseDocumentriade-senvolvidosparaotexto,porduasrazesprimordiais,quedetalhareiemseguida,masquepodemserassimelencadas:
o estatutodaimagemfotogrficadistingue-adotexto;
autilizaodaimagemfotogrfica(edaima-gem em geral) no se baliza unicamentepor seucontedoinformacional,mastambmporsuaexpres-sofotogrfica.
1O estatutodaimagemfotogrficaparaaDocumentao
A proposiodeumametodologiadeanlisedafotografiasupeumentendimentodaessnciadesta,daquiloquea caracteriza,dasrazespelasquaisproduzidae, sobretudo,dascondiesemqueserutilizada.Em outraspalavras,torna-senecessriocompreendera imagemfotogrfica,enquantoinfor-maoa sertratadae recuperada.
A imagemfotogrfica muitodiscutida,pordiferentescorrentesdopensamento,acarretandoumaprimeirae grandedificuldadeparapensarsuarepre-sentao,poisdeve-seoperarumaseleonosconcei-tosqueparecemmaisadequados,ou pertinentesaospropsitosdoestudo.Almdehaverumadiversidadedeabordagensdaimagemfotogrfica,estastmumahistria,umalinhaevolutivaquefacilitasuasistemati-zaoe pela qual a questopodeser inicialmenteabordada.
PhilippeDuboisintegraapercepodaimagemfotogrfica,a seuuso.A nfaseno uso,nestecaso,refora,noqueconceme CinciadaInformao,atopropaladamudanadeparadigmanadocumenta-o,segundoaqualossistemasdeinformaodevemserpensadosemfunodousurioedesuasnecessi-dadesinformacionais1. Esteconceito fundamental
parapensara representaoe aconseqenterecupe-raoda informaoiconogrfica.Dubois(1994.p.25-56)distingue3grandesfasesnapercepoeusodaimagemfotogrfica:
afotografiacomoespelhodoreal;
a fotografiacomotransformaodoreal;
a fotografiacomotraodoreal.
Na primeirafase,ou seja,no sculoXIX, afotografia percebidaenquantouma reproduomimticadoreal,verificando-seasuasemelhanaemrelaoao referentee a conseqntereavaliaodafunodapintura.Estaimagemfotogrficaassimi-lada,porDubois,aoconceitopeirceanode cone.
COiltrapondo-sefotografia-cone,Duboissiste-matizaumasegundafase,naqualimperaodiscursodadesconstruodocdigo,ouseja,oabandonodaviso- ingnua-dasemelhanaentreaimagemeoreferenteeaincorporaodediscussesquesalientamo podertransformadorda imagem:a fotografiadeixade serespelhoepassaarepresentarumarealidaderelativizadapelacodificaoculturaleideolgica.Nestaacepo,a imagemfotogrfica assimilada ao smbolopelrceano.
Finalmente,natrajetriadesenhadaporDubois,emergea fotografiacomotraodoreal,ouseja,umafotografiaqueremeteaoreferente,masque,livredaobsessodoilusionismomimtico,incorporouarelati-2vidadeculturaldapercepoda imagem. Estaima-gemcaracteriza-sepor suacondiode ndice, naconceituaopeirceana:"afoto,emprimeirolugar,ndice.Sdepoiselapodetomar-separecida(cone)eadquirirsentido(smbolo)".(DUBOIS, P. 1994.p.53)
O conceitoda fotografia-ndiceparecemuitopromissorparaadocumentao.Ele devedeterminarosparmetrosdotratamentodocumentriodaimagemfotogrfica, visando sua representao,pelasseguintesrazes:
1 A bibliografiasobrea questovasta.Recomendoo artigodeMorris (1994),interessantesintesedadiscusso.2 A relatividadecultural na leiturae uso da imagemno constitui, no entanto,apangioda imagempara a documentao,uma vez que a
objetividade e a neutralidade no tratamentodocumentriodetextosj foramsuficientementedenunciadas,enquantoconceitosinoperanteseinadequados.
INFORMARE -Cad.Prog.Ps-GradoCioInf.,RiodeJaneiro,v.2,n.2,p.28-36,juL/dez.1996
-
30 A representaoda imagem
preservaapolissemiadaimagem,aorejeitar(ourealmenteminimizar)sualeituraenquantosmbolo:a identificaoda imagemcomumsmbolo(p. ex.:mulher+homem+criana,emcertadisposioespacial,deacordocomaestticarenascentista,culturaocidental
crist,etc.=SagradaFamlia),pormaiscorretaqueseja,direcionaou determinaa leiturae a conseqentereutilizaodaimagem,empobrecendo-a;
afirmaa existnciade um documento,noqualo referentesefazmuitopresente,masquenoseconfundecomeste,comopropostopeloconceitodafotografia-cone.Istoquerdizerqueaimagemfotogr-fica, por maisquemostrecomoa coisa foi - "todafotografiaumcertificadodepresena"(BARTHES,R. 1989.p.122)- no forosamenteigualaoobjetoenfocado,justamenteporqueestefoiselecionado(seg-mentandoo espao),enquadrado,iluminado,etc.Noentanto,o referentese introduz,"adere" imagem.
3 (BAR THES, R. 1989.p. 20) , permaneceteImosa-mentepresente...
Diantedestequadro,torna-sepossvelisolaroreferente(ouseja,oobjetofotografado)4sem,contudo,abandon-Ioe,aomesmotempo,teremmentequeaimagemfotogrficagerada"representa"esteobjeto,noseconfundindocomele.Hpossibilidade,portan-to,deassimilaraimagemfotogrficaaumdocumentoquerepresenta"algo"(umoumaisobjetosrepresen-tandoconceitos,etc.).Dopontodevistadocumentrio,deve-setratarestedocumentointegrando-seos doiscomponentesdaimagemfotogrfica,ouseja,oprpriodocumentoe o objeto enfocado(o referente).Aconcepo da imagem fotogrfica, enquantodocumento,podepareceringnua,mas altamentepertinente,se lembrarmosqueboapartedo pessoalprticoem arquivosfotogrficostem tendnciaaesquecerquetrabalhacomdocumentos,imaginandoestarrepresentandoosobjetosfotografados,emnomedeumapretensa"transparncia"daimagem.
A adernciadoreferente,pararetomaraexpres-sodeBarthes,constituifatoressencialnacompreen-sodaimagemfotogrfica.Apontaparaanaturezadapossveldistinoentretextoeimagem:otextorepre-sentao objetoporconveno,enquantoa imagemorepresentapor projeo.(SHATFORD, S. 1986.p.
51) Esta "representaopor projeo" remetenovamente intromissodoreferente, "teimosiadoreferentedeestarsemprepresente".(BARTHES, R.1989.p.19)
oconceitodefotografia-ndiceresume,portanto,os dois parmetrosbsicosque deveronortearotrabalhodocumentriocoma imagem:apresenadoreferentee a clarezasobrea relatividadeculturalde
sualeitura(e,conseqentemente,desuautilizaopelousuriofinal).
1.1Nveisdeanlisedaimagem
A vigorosaintromissodoreferentenaimagemfotogrficatraz,em seubojo, outroproblemaquemereceumadigresso:aquestodainterpretaodasimagens.J untoaessereferente,ainterpretaoinfiltra-se na Anlise Documentriada imagem,causandosriasdvidas.Os nveis estabelecidospor Erwin5Panofsky(1979.p.47-87)paraaanlisedasimagenspodemajudaranortearadiscusso.Resumidamente,esseautordetalhatrsnveisparaaanlisedaimagem:
nvel pr-iconogrfico:nelesodescritos,genericamente,osobjetoseaesrepresentadospelaImagem;
nvel iconogrfico:estabeleceo assuntose-cundrioouconvencionalilustradopelaimagem.Tra-ta-se,emsuma,dadeterminaodosignificadomtico,abstratoousimblicodaimagem,sintetizadoapartirdeseuselementoscomponentes,detectadospelaanlisepr-iconogrfica;
nveliconolgico:propeumainterpretaodo significadointrnsecodocontedodaimagem.Aanliseiconolgicaconstri-seapartirdasanteriores,masrecebefortesinflunciasdo conhecimentodo
analistasobreoambientecultural,artsticoesocialnoquala imagemfoi gerada.
Panofskyexemplificaos diferentesnveis deanliseapartirdeumaimagemsimples:umhomemsegurandoo chapulevantadoacimadacabea.Aonvelpr-iconogrfico,aanliseressaltaaexistncia
Roland Barthesdescrevemuitobemestapresenaquaseindecorosa,quaseinoportuna,dealgoquea imagemmostra,dizendoque"o referenteadere imagem"e queentreos dois seestabeleceumarelaodesimbiose,quedificilmente desfeita.(BARTHES, R. 1989.p.20)
4 A acepode"referente",aqui adotada,podeserdiscutida,pois houtras.No primeirocaso,"chama-sereferenteaquiloa queremeteo signolingsticonarealidadeextralingstica,tal comoela segmentadapelaexperinciadeum grupohumano".(DUBOIS, J. etaI. 1991.p.512)Por maisquePanofskytenhafeitosuaspropostasparaa anlisedepinturasrenascentistas,possvelamplaro campodeaplicaodesuateoriaparaoutrasimagense outrosambientes(a Documentao,por exemplo),comopropostoinclusivepor Shatford.(1986)
INFORMARE -Cad.Prog.Ps-GradoCioInf, RiodeJaneiro,v.2,n.2,p.28-36,jul./dez.1996
-
A representaoda imagem 31
dohomemeseugesto(erguerochapu),sendoque,aonvel iconogrfico,a mesmaimagemseriaanalisadaenquantorepresentativade um ato de cortesia.Aanliseiconolgica,porsuavez,contextualizariaoatodecortesianarealidadesocialeculturaldo localeda
pocaem quea imagemfoi gerada,construindo,apartirdestesdados,umapropostadecdigodecortesiaemcertaclassesocialedadomomentohistrico.
A anliseiconolgicapode ser assimiladaelaboraode um modeloou teoriaa servalidada,baseadana anliseda imagem,mascujo objetivoaultrapassa,umavezqueseencontrafora daimagem.Na distinopropostaporGardin(1974.p.77-119),aiconologiavisaelaboraodeteorias,enquantoqueasanlisespr-iconogrficae iconogrficapermane-cemmaisprximasdaimagem,detalhandoseuscom-ponentes(pr-iconografia)e nomeandoseusagrupa-mentos(iconografia),configurandoatividadesdenatu-6rezadocumentria. A iconologiapassa,ento,a serumobjetodaHistriaoudaCrticadaArte,Antropo-logia,Sociologia,etc.,e,portanto,nopertinente,paraouniversodocumentrio.
1.2Imagem=De+Sobre
A imagem, simultaneamente,especfica egenrica(SHATFORD, S. 1986.p.47):a imagemdeumaponte,porexemplo,representatantoacategoriagenricadaspontescomotambm- e forosamente- umaponteemparticular,porexemplo,aPontedasBandeiras,emSoPaulo.
Deduz-sedaque,idealmente,todaimagemde-veriaserrepresentada,tantoaonvelpr-iconogrfico(genrico)quantoiconogrfico(especfico),umavezqueo usuriopoderprocur-Ia,considerandoqual-quer um destesaspectos7. Neste sentido,Shatfordargumentaqueousuriospodeformularsuasneces-sidadesinformacionaisemtermosdoqueelej conhe-ce,ouseja,resgatandoaterminologiadePanofsky:seumusuriosentendeo sentidopr-iconogrficodeumaimagem(p.ex.:ponte),elenopodeformularsuas
necessidadesemtermosiconogrficos(p.ex.:PontedasBandeiras),muitoemboraimagensquetenhamsentidoiconogrfico(a "PontedasBandeiras",ou suavizinha,a "PonteCruzeirodo Sul") satisfaamsuasnecessidades.(SHATFORD, S. 1986.p.47)8
Emboraadistinoentreonveliconolgicoeosdemaispossa,naprtica,parecertnue,elasetomaimprescindvel,paranoperderdevistaosobjetivosdarepresentaodocumentriada imagem,ou seja,arepresentaode seu contedopr-iconogrficoeiconogrfico.
SegundoPanofsky,o nvel pr-iconogrficocompostopelaconjunodeumsignificadofatualcomumsignificadoexpressivo.(PANOFSKY, E. 1979.p.48)Voltandoaoprimeiroexemplocitado,odaimagemdohomemlevantandoo chapu,o significadofatualdestacaos elementosvisveisemcertosobjetosouaes(p.ex.:objetoenfocado:homem;ao:tirarochapu),enquantoqueosignificadoexpressivonoapreenddopela identificaodos componentesdaimagem,maspelo"significado"quepodeseratribudoaoconjuntodestes(p.ex.:ogestodizqueohomemestdebomhumorouqueseusentidodenormassociaisfalamaisaltoqueosproblemas).
Shatfordintroduz,a partirdessadistinodePanofsky,umadiferenciao,certamentemuitofrtil,parapensararepresentaodaimagem,segundoaqualosignificadofatualcorrespondepergunta:A IMAGEM DE QUE? E o significadoexpressivopergunta:A, 9IMAGEM E SOBRE O QUE? (SHATFORD, S. 1986.p.43)
O referente,teimosamentepresente,manifesta-setambmnarepresentaodaimagem,desdobran-do-seconstantementenumreferentegenricoe emoutro,especfico.A imagemmostraumaponte(gen-rico), mastambmmostra,forosamente,a PontedasBandeiras,emSoPaulo(especfico).O reconhe-cimentodoreferenteespecficosupeconhecimentos,noautomtico.Porestarazo,diga-sedepassagem,a questoda identificao de fotografias acabatendoimportnciaeconseqnciasimensas,conferidaspelaprticaquotidianadosarquivosfotogrficos.Mas,
6 A bibliografiamenciona,tambm,outraformadedistinodosnveisdeanlisedaimagem,opondoa denotao conotao,caracterizandoa denotaocomoativdadepr-conogrficae assimlandoa conotaoa conografiae iconologia.
7 Em funodo perfil dousurioe dapolticado sistema,estaafirmaodeverobviamenteserajustada,dando-seigualpesoaosdoisnveis,oupriorizando-seum deles:um usurio"genrico"indicandoum tratamentoquese inicie pelonvel genrico,complementadopelo especifico,invertendo-sea lgicaparao usuriomais "especializado".(SHATFORD, S. 1986.p.56)Por maisqueanecessidadeinformacionaldousurioesuadificuldadeparaenunci-IasejamenfocadasporShatford,tendoemvistao universoiconogrfico,suaabordagemcoincidecom a teoriado "sensemaking",deBrendaDervin.(DERVIN, B., NILAN, M. 1986)
9 No original: "Whata picture is of' e "what iIis about".(SHATFORD, S. 1986 p.43)
INFORMARE- Cad.Prog.Ps-GradoCio1nf.,RiodeJaneiro,v.2,n.2,p.28-36,juL/dez.1996
-
QUADRO 2
A representaoda magem
1.3O quedescrevernaimagem?
As categoriasQUEM, ONDE, QUANDO,COMO e O QUE, utilizadaspor muitosestudiososcomoparmetrosparagrandevariedadedeanlisesdetextos,inclusiveadocumentria,tambmpreconiza-daparaaAnliseDocumentriadaimagem.Em 1976,combasenestascategorias,GinetteBlry desenvol-veu uma minuciosapropostade representaodocontedodasimagens,retomadaposteriormenteeminmerosoutrosestudos(Blry, G. apud SMIT, J.1989.p. 110-111)e apresentadanoQUADRO 2:
GinetteBlrypropsaindaoutraacepoparaacategoriaCOMO, relacionando-atcnicaemprega-da paragerara fotografia(p. ex., vista area,altocontraste,etc.).Muitasinformaesprovenientesdatcnicasoaltamenterelevantesparaa representaoda imagem,eseroabordadasno item2.
A determinaodoSOBRE (aboutness,notextode Shatford)da imagemassimila-se,no universodarepresentaodetextos,tematicidadedestes,"masinterpretaesdiferentesdosmesmossmbolos[pre-sentesnas imagens]podem produzir aboutnessiconogrficosdiferentes".(SHATFORD, S.1986.p.45)
RetomandoaabordagemdeDubois,segundooquala imagempodeserassimiladaa um"espelhodoreal"(oquedetenninaseucarterindicial,naperspectivapeirceana),estaapontaparao centroda questodarepresentaodaimagemfotogrfica,medidaquenosobrigaarespondersseguintesperguntas:"oquedescre-vernaimagem?"(item1.3)e"comoselecionarinforma-esparaa representaodaimagem?"(item1.4).
PANOFSKY ExemploSHATFORDExemplo
Nvelpr-
HomemDE genricoPonte
iconogrfico,
levantao
significadochapu
fatual NvelSr.AndradeDEPontedas
conogrfico,levantaoespecficoBandeiras
significadochapu
fatual Niveispr-
AtodeSOBRETransporteiconogrfico+
cortesa, urbano,Soiconogrfico,
demonstra Paulo.Ro
significadoode Tiet,
expressivoeducao arquitetura,
etc.urbanizao,
etc.
32
QUADRO 1
mesmoquandosua identificaono possvel,oreferenteespecficocontinuapresente,na formadeumcampo"embranco".Estereferentepodenotersidoidentificado,masestassimmesmopresente,nemquesejapeloseusilncio.
Shatford(1986.p.47)transpeadistinoDEISOBRE paraonveliconogrficoepropeumquadrotericoparaa representaodocumentriada ima-gem.O QUADRO 1resumea propostadeShatford,relacionando-ateoriadePanofsky.
A respostaperguntaA IMAGEM SOBRE OQUE ,obviamente,muitomaissubjetivaecultural-mentedeterminadado queas determinaesdo DEgenricoe DE especfico,deacordocomo perfil dousurio,adeterminaodoSOBRE deveseravaliadacommuitacautela,podendoveicularinformaone-cessriaoutotalmenteintil(mesmoassim,adetermi-naodoSOBRE diminuioespectrodepolissemiadaimagem).
CATEGORIAS REPRESENTAO DO CONTEDO DAS IMAGENS
QJ8V1
Identificaodo "objetoenfocado":seres vivos,artefatos,construes,acidentesnaturais,etc.
CN:E
Localizaoda imagemno "espao":espaogeogrficoou espaoda imagem(p.ex.So Paulo ou interiordedanceteria).
QJANDO
Localizaoda imagemno"tempo":tempocronolgicoou momentoda imagem(p.ex.1996,noite,vero).
COMOIOQUE
Descriode "atitudes"ou "detalhes"relacionadosao "objetoenfocado",quandoeste um ser vivo (p.ex.cavalocorrendo,crianatrajandoroupado sculoXVIII).
INFORMARE- Cad. Prog. Ps-GradoCio Inf., RiodeJaneiro, v.2,n.2, p.28-36,jul./dez. 1996
-
A representaoda imagem
Shatfordretomaas mesmascategoriasparaarepresentaodaimagem,introduzindoumadistinoentreDEgenrico,DEespecficoeSOBRE, chegandoao quadro-resumoexemplificadono QUADRO 3.(SHATFORD, S. 1986.p.48-54)
Finalmente,deve-sesalientarquea determina-odo SOBRE nemsemprepodeserasseguradaapartirdasinformaesveiculadaspeloDE genricoe!ouDEespecficodeumaoumaiscategoriasdoquadroacima,mas compostaa partirda combinatriademuitoselementosdistintos.
1.4Comoselecionara informaoiconogrfica?
A operacionalizaoda representaoda ima-gemenfrentaduasperguntas,denaturezasdiversas,almdasquestesgerais,jmencionadas,depolticageraldosistemaeperfildousurio:
questesdequantidade:quantosdescritoressonecessriospara"bem"representarumaimagem?
questesde prioridade:o que enfatizarnadescrio?O que selecionare o que ignorar?Emresumo:quecritriosdeseleoempregar?
QUADRO 3
IlU'\.;ICategoria Definio geralDE genricoDE especficoSOBRE--QUEM Animado e inanimado,Esta imagem de quem?De quem,Os seres ou objetosobjetos e seres de que objetos? De queespecificamente, sefuncionam comoconcretos seres?trata?simbolos de outrosseres ou objetos?Representam amanifestao de umaabstrao?Exemplo
PontePonte das BandeirasUrbanizao
Exemplo
Arquitetura dos anos 40
ONDE
Onde est a magem noTipos de lugaresNomes de lugaresO lugar simboliza umespao?
geogrficos,geogrficos,lugar diferente ouarquitetnicos ou
arquitetnicos oumitico? O lugarcosmogrficos
cosmogrficosrepresenta amanifestao de umpensamento abstrato?
Exemplo
SelvaAmazonasParaso (supe umcontexto que permitaesta interpretao)
Exemplo
Perfil de cidadeParisMonte Olimpo (como oexemplo anterior)
QUANDO
Tempo linear ou ciclico,Tempo ciclicoTempo linearRaramente utilizado,
datas e perodos'
representa o tempo aespecficos, tempos
manifestao de umarecorrentes
idia abstrata ousimbolo?
Exemplo
Primavera1996Esperana, fertilidade,Juventude
OQUE
O que os objetos eAes, eventosEventos individualmenteQue idias abstratas (ouseres esto fazendo?
nomeadosemoes) estas aesAes, eventos,
podem simbolizar?emoes
Exemplo
MortePietDor (emoo)
Exemplo
Jogo de futebol (ao)Copa do Mundo 1995Esporte
INFORMARE- Cad.Prog.Ps-GradoCi.lnf., RiodeJaneiro,v.2,n.2,p.28-36,jul./dez.1996
-
34 A representaoda imagem
As preocupaescomo nmerodedescritoresdevemserbalizadaspelosseguintesfatores(Moles,A.apudSMIT, J. 1989.p.109):
capacidadedo sistema(memria,limitaesdoaplicativoutilizado,etc.);
tendnciamultiplicaodosdescritores(porpartedo analista,paraabranger,pelomenos,o DEgenricoeo DE especfico);
e,principalmente,conhecimentodamaneiracomoousurioselecionaasimagens(porcomparao,idealmente,entre30 imagenssemelhantesmasnoidnticas).
Os critriosde seleoa seremaplicadosimagem,visandosuarepresentao,constituem,noentanto,um problemade delineamentomuitomaiscomplexo.Assimcomoamaiorpartedabibliografiadarea no explicita os procedimentosde AnliseDocumentriadetextos,limitando-sea atualizarre-gras vagase pr-cientficas,tais como "extrairocontedoprincipaldotexto",abibliografiadadocu-mentaoiconogrficatampoucoexplicaosprocedi-mentosaseremadotados,recomendandoquesedeva"descrevero quea imagemmostra",deformaigual-mentepr-cientfica.(BLRY, G. 1981.;HUDRISIER,H., 1982.;KATTING, c., LEVEILL, J., 1989.;LACERDA, A. L. de, 1993.;SMIT, J. 1989.)Faz-senecessrio,portanto,proporcritriosdeseleoque,defato,poderoseconfigurarcomoregrasquenorteiemaaplicaodascategoriasQUEM, ONDE, QUANDOe O QUE, em funo do DE genricoe/ou DEespecficoe,casopertinente,do SOBRE. Em outrostermos,jdispomosdeumagradedeleituradaimagem,sendonecessriooperacionaliz-ladeformatalqueosprocedimentosa serempropostosgarantamtantoaqualidadequantoa eficcia da representaodaImagem.
Pretendo,numprximoestudo,introduzirnestadiscussoaquestodatipologiadaimagem,tentandodelimitar"classes"de imagens(p. ex. retrato,paisa-gem,fotografiade moda),em funodasquaissepossaproporprocedimentosdeanlisequegarantamconsistnciaeeficinciarepresentaodocumentriadaimagem.
2 Imagem=Contedoinformacional+Expressofotogrfica
Umaspectomenossistematizadodarepresenta-odaimagemapontaparaoutrapeculiaridade,umavezqueno factveltraarumalinhademarcatriaclaraentrea "forma"e o "contedo".No mbitoda
documentao,a bibliografiaabordaa fotografiadeformasmuitodiversas.Ressalta,contudo,invariavel-mente,queocontedoinformacionaldaimagem(oqueestamostra)deveser analisadojustapondo-seessaimagemaoutracategoriadevariveis,asaber:osdadosoriundosdageraodaimagemfotogrfica,taiscomoangulao,enquadramento,tempodeexposio,presen-a/ausnciade cor, luminosidade,etc.. (BLRY, G.1981.;DOCUMENTATION FRANAISE. 1984.;LACERDA, A. L. de.1993.)Essesdados,agrupadosna categoria "expresso fotogrfica", sofreqentemente associados noo de "forma",tornandomuito tnuea distinoentre"forma"e"contedo" da imagem. (DOCUMENTA TIONFRANAISE. 1984.p.32)
Emfunodoacimaexposto,aimagemparafinsdocumentriosumaentidadetripartida(LACERDA,A. L. de.1993.p.47),compostade:
suporte(o objetofotogrfico);
expressofotogrfica(aformaadotadaparaexpressaro quesequertransmitirpelaimagem);
contedoinformaConal (aquiloquea ima-gemmostra).
A questodo suporte, no que se refereaotratamentodocumentriodasfotografias,norma1menteincorporadarepresentaodescritivadosdocumen-tos.No entanto,osprocedimentosderepresentaodaimagemsupemumasistematizaodosdadosoriun-dosdacategoria"expressofotogrfica"pertinente,significandoaelaboraodenovagradedeleitura,aserjustapostagradedocontedoinformacional.Noentanto,os procedimentosderepresentaoda ima-gemsupemumasistematizaodosdadosoriundoscategoria"expressofotogrfica"pertinente,signifi-candoa elaboraode novagradede leitura,a serjustapostagradedocontedoinformacional.
INFORMARE- Cad.Prog.Ps-GradoCioInf.,RiodeJaneiro,v.2,n.2,p.28-36,jul.ldez.1996
-
Bibliografia
Abstract
The proceedingsof abstractingand indexingof textualinformationcan't be transferedmechanicallytophotography:for documentarypurposes,it's necessaryto juxtaposetheimage'sinformationa1contentsto itsform,inotherwords,itsphotographicexpression.StartingfromPanofsky's3ana1ysislevelsforvisualarts(pre-iconographical,iconographica1andiconological)thetheoreticalproposalof Shatfordis discussed.Shatfordproposes31evels(genericof,specificof andabout)anddetailsforeachleveIthesignificationofthewho,where,whenandwhatcategories.ThetheoryofShatfordhastobeanalyzedinthecontextofan imagetypology,aimingtoincreaseconsistencyandefficiencyoftheprocedure.Therepresentationof imagespostulatesthespecificationof 2differentreadinggrids(informationalcontentsandphotographicexpression),besidestheestablishmentofcombinativemIesbetweenthem,in thereferentialcontextof imagetypo10gy.
A representaoda imagem 35
O programa vasto....
dedadosdageraododocumentofotogrficoperti-nenteparaa representaoda imagem;
oestabelecimentoderegrasdeconjunodasduasgradesde leitura,ou seja,a propostade umagramtica.
Finalmente,dadaapolissemiainerenteimagem,e a imprevisibilidadeemrelaoa seuuso,toma-se,ainda, imprescindveldesenvolverprocedimentostotalmentetransparentesparaousuriofinal,paraqueeste,possuindoinformaosobreoscritriosadotadosem seutratamento,tenhacondiesde usufruirdoresultadoda representaoda imagem,semserseurefm.
3 Concluso
A representaoda imagemsupe:
orefinamentodagradedeleituradocontedoinformacionalda imagemfotogrfica,atravsdodetalhamentodascategoriasQUEM, ONDE, QUAN-DO e O QUE, relacionadasaosnveisDE genrico,DE especficoe SOBRE. A anunciadatentativadeintroduodatipologiadaimagem,seestaseverificarpertinente,visaraoaumentodaconsistnciaeefic-cianoprocessoderepresentaodaimagem,retiran-do-adoatualtratamento"casoacaso";
o detalhamentodeumagradedeleiturarela-cionada"expressofotogrfica",envolvendoaseleo
BARTHES, R. A cmaraclara.Lisboa:Edies70,1989.
BLRY, G. La mmoirephotographique.lnterphototheque,Paris,n.41,p.9-33,1981.
DERVIN, B., NILAN, M. Informationneedsanduses.AnnualReviewofInformationScienceandTechnology,v. 21,p.3-33,1986.
DOCUMENTA TION FRANAISE. Commentinformatiserunephototheque?Gestionettraitementdocumentaire.Paris,1984.
DUBOIS, J. etaI.Dicionriodelingstica.SoPaulo:Cultrix, 1991.
DUBOIS, P. O atofotogrficoeoutrosensaios.Campinas:Papirus,1994.(Ofcio dearteeforma).
INFO RMARE - Cad. Prog. Ps-GradoCioInf., Rio deJaneiro, v.2,n.2,p.28-36,jul./ dez. 1996
-
MORRIS, R. C. T. Towardauser-centeredinformationservice.Journal oftheAmericanSocietyfor InformatonScience,v. 45,n. 1,p.20-30,1994.
PANOFSKY, E. Significadonasartesvisuais.2.ed.SoPaulo:Perspectiva,1979.(Debates,99).
SHATFORD, S. Analyzingthe subjectof a picture:a theoreticalapproach.Cataloging& ClassificationQuarterly,v. 6,n.3,p.39-62,1986.
SMIT, J. A anlisedaimagem:umprimeiroplano.In:__ .(Coord.).Anlisedocumentria:aanlisedasntese.2.ed.Braslia:IBICT, 1989.p.101-1l3.
GARDIN, J. C. Lesanalysesdediscours.Neuchtel:DelachauxetNiestl,1974.
HUDRISIER, H. L 'iconotheque:documentationaudiovisuelleet banquesd'images.Paris: DocumentationFranaise,1982.
KA TTING, c., LEVEILL, J. Unephototheque:moded'emploi.Paris:Editionsd'Organisation,1989.
LACERDA, A. L. de.Os sentidosdaimagem:fotografiasemarquivospessoais.Acervo,Rio deJaneiro,v.6,n.1/2,p.41-54,1993.
MOLES, A. La photographie,outildeconnaissancedeIavie sociale.Interphototheque,Paris,n.41,p. 83-102,1981.
36 A representaoda imagem
INFORMARE - Cad.Prog.Ps-GradoCioInf.,RiodeJaneiro,v.2,n.2,p.28-36,jul./dez.1996