É tempo de um palacete oitocentista de festas · há uns meses escrevemos que a tapioca, a farinha...

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É TEMPO DE FESTAS Este suplemento faz parte integrante da VISÃO nº 1239 e não pode ser vendido separadamente 01 07 / 12 / 16 De um palacete oitocentista a uma sala forrada a madeira de choupo, passando por um autocarro dos anos 60, 14 sugestões de sítios originais para reunir família e amigos © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1776793 - [email protected] - 62.169.66.5 (30-11-16 11:42)

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É TEMPO DE FESTAS

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01 07/12/16

De um palacete oitocentista a uma sala forrada a madeira de choupo, passando por um autocarro dos anos 60, 14 sugestões de sítios originais para reunir família e amigos

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1776793 - [email protected] - 62.169.66.5 (30-11-16 11:42)

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> bonzinho

> bom

> para esquecer

> assim-assim

1 d e z e m b r o 2 0 1 6 S E 7 E 3

O Q U E A NDAMO S A GO STAR ( OU NEM POR ISSO) DE DESCOBRIR POR AÍ

TAPIOCANDO POR AÍHá uns meses escrevemos que a tapioca, a farinha de mandioca que faz uma espécie de crepes deliciosos muito populares no Brasil, estava a tornar-se tendência em Portugal.

Desde então alegra-nos o coração ver que as casas da especialidade continuam a aparecer. Noutro dia, passando num corredor das Amoreiras no primeiro piso, anotámos

com agrado o aviso de que iria abrir ali uma tapiocaria. Aguardemos com água na boca

VAMOS ENGATAR?O Baile do Engate tem um nome genial, mas imaginamos que a coisa

não seja literal, pelo menos de forma assim tão assumida. No entanto, o programa da festa de dia 3 de dezembro promete, com a garantia de

qualidade da Companhia João Garcia Miguel e do Teatro Ibérico

É NATAL, É NATAL, JÁ SABEMOSFalta menos de um mês para o Natal, é certo. Mas não há necessidade de estarmos

a ser inundados de programas natalícios à razão de um por minuto. Nós, que gostamos de ir a todas, estamos com sérias dificuldades em gerir a agenda de dezembro

P o r L U Í S A O L I V E I R A [email protected]

HAVERÁ SOLIDARIEDADE A MAIS?É certinho. Chegamos a esta época e a palavra solidariedade entra em todas as equações. São

jantares solidários, presentes solidários, ações solidárias e por aí fora. Não temos nada contra, mas dá para não gastar tanto a palavra só porque é Natal e passar a dizê-la mais vezes ao longo do ano?

> muitíssimo bom CHEIRA BEM NA RUA DAS FLORESEstá por dias a abertura da Claus Porto no número 22 da Rua das Flores, no Porto.

Entre a gama de produtos da marca centenária, está a nova linha de cremes de mãos Deco Collection, desenvolvida pela perfumista britânica Lyn Harris. Dizem que os Favorito, Chypre, Banho, Voga e Cerina cheiram às paisagens de Portugal

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C A P A

4 S E 7 E 1 d e z e m b r o 2 0 1 6

Almoçar num palacete do século XIX, jantar dentro de um autocarro dos anos 60 ou num mercado onde a refeição é preparada por

mulheres sírias refugiadas. Aqui ficam 14 sugestões de sítios originais para, à volta de uma mesa, juntar amigos e familiares. Com o Natal

a chegar, começa a ser tempo de reunir e de celebrar a vida

Não há festas como estas

P o r J O A N A L O U R E I R O e S A N D R A P I N T O [email protected]

ADEGA LISBOACabrito assado no forno a lenha, robalo de linha numa cama de legumes ou arroz de calasparra com tomate e poejo e bacalhau asa branca (com cura de um ano) são apenas três das sugestões que podem ser apreciadas na Adega, a nova sala de festas do Páteo Alfacinha, existente há 35 anos. Não há dúvidas, ali tudo lembra o ambiente do vinho, sejam as 700 garrafas de tinto da região de Colares – produzido em 1981-82, pertencente à coleção privada de Vítor Seijo, avô do atual proprietário, Miguel Seijo – que forram a parede sejam as mais de mil caixas em madeira de vinho. Dentro deste Páteo Alfacinha, já existia uma barbearia, padaria e olaria. Não esquecendo o salão nobre, o jardim de inverno e os dois restaurantes que abrem em diferentes alturas do ano (atualmente, funciona a Mercearia). E, agora, também é possível ir à Adega, com o grupo de amigos, beber um copo e petiscar.

Páteo Alfacinha > R. do Guarda-Joias, 44, Lisboa > T. 21 364 2171/91 118 8740 > jantares a partir €35 (é necessário reserva)D.

R.

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GOMES FREIRE 98 LISBOAÉ o limoeiro centenário, o damasqueiro e o loureiro com mais de quatro metros de altura que impressionam quando se entra no palacete Gomes Freire 98, construído em 1878, em Lisboa. Já no interior, são as grandes janelas, o chão em madeira envernizado e os tetos trabalhados das 11 salas (que podem ser alugadas para festas de aniversário, casamentos e jantares de Natal...) que desviam a atenção. O aluguer pode incluir o serviço de catering e animação, embora estes também possam ficar nas mãos do cliente, afinal, ele próprio o responsável por todas as escolhas, da decoração aos menus. Seja no salão principal, o Sete Colinas, com 42 metros quadrados, ou numa das salas mais pequenas, como a Estrela ou a Rossio, com apenas 15 metros quadrados, neste palácio é possível encontrar vários recantos. “Aqui já se fez até um anúncio, que passará nas televisões em Hong Kong, Singapura e Japão, para uma marca de cosmética. E, todos os meses, há quem reserve salas para fazer um mercado”, explica João Sousa Rego, 52 anos, proprietário do Gomes Freire 98 (a partir de janeiro, após algumas obras de renovação, passará a chamar-se Palacete Gomes Freire).

R. Gomes Freire, 98, Lisboa > T. 21 598 9756, 91 721 8521 > a partir de €123/hora, €492 (inclui três salas), €1045,50 (11 salas), exterior €184,50

ANDAR DE CIMA LISBOAÉ para se comer um petisco, ouvir um concerto ou beber um café que se sobe ao primeiro andar do antigo palacete da Comarca de Figueiró dos Vinhos, originário de 1863 e situado no Largo do Intendente, em Lisboa. Aqui funciona a Casa Independente, um projeto artístico da Ironia Tropical – Associação Cultural, idealizado por Inês Valdez e Patrícia Craveiro Lopes. Mas há mais para descobrir no interior do número 45 do largo e, para isso, há que subir mais um lanço de escadas. Há cerca de um mês que a Casa Independente tem mais 110 metros quadrados, expandiu-se para o Andar de Cima, assim se chama este “novo” piso autónomo. Neste andar, com lotação para 70 pessoas, não existe serviço de cozinha, servem-se cocktails, cervejas artesanais e gins – e sobretudo privilegia-se a conversa entre amigos.

Casa Independente > Lg. do Intendente, 45, Lisboa > T. 21 887 2842 > sex-sáb 22h-2h

D.R.

LUÍS

COS

TA

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C A P A

PÃO A PÃO LISBOANa mesa haverá húmus, chamuças de queijo e de legumes e salada de salsa e tomate (tabbouleh). Ao lado, moussaka com beringela e tomate, acompanhada com arroz fumado, frango com arroz de especiarias e uma sobremesa com coco e amêndoa, compõem esta refeição com sabor ao Médio Oriente. Mais importante do que as iguarias, são as cozinheiras que se dedicam à preparação destes e de outros pratos que podem provar-se, a partir desta quinta, 1, no Mercado de Santa Clara, em Lisboa. São feitos pelas mãos de seis mulheres sírias refugiadas. Estes jantares, que vão decorrer até 22 de dezembro, dão vida ao projeto Pão a Pão – Projeto de Integração de Refugiados. “Foi criado com o objetivo de formar e de criar emprego, sobretudo para mulheres refugiadas da Síria, quebrar barreiras culturais e diminuir o preconceito”, explica a jornalista Francisca Gorjão Henriques que, com Alaa Alhariri, Rita Melo e Nuno Mesquita, dedicam tempo e vontade a esta causa que ganhou o nome quando perguntaram a Alaa do que é que sentia mais saudades da sua terra. Do pão, respondeu. Que, aqui, nesta cultura, mais do que um complemento, funciona como colher ou garfo. Depois destes jantares, fica a promessa da abertura de um restaurante em Lisboa. Usar a comida como ponte entre Portugal e o Médio Oriente, para encurtar barreiras. Parece simples, não é?

Mercado de Santa Clara > Campo de Santa Clara, Lisboa > 1-22 dez, 20h-23h > reservas através associaçã[email protected] > €20 (bebidas incluídas)

MEZZANINE LISBOASer recebido com uma flute de champanhe com frutos vermelhos e um camembert no forno com pimenta-rosa e uns palmiers de azeitona, enquanto se espera pelos restantes convidados, é um mimo a que não se costuma ter direito nestes jantares de grupo. Mas, no restaurante Mezzanine, entre o bairro de Santos e o Cais do Sodré, em Lisboa, é este o tratamento que se recebe mal se chega. A refeição prossegue com uma trouxa de bacalhau com couves sobre uma cama de húmus, polvo à lagareiro com esmagada de batata- -doce ou bochecha de porco com puré de castanhas e legumes, os sabores escolhidos para este Natal. E ninguém é expulso, ao fim de semana as portas só fecham às duas da madrugada. “Os jantares de grupo são a nossa vocação, temos uma cozinha criativa, cuidado com a apresentação dos pratos e uma oferta diversificada”, diz Helena Ramos, a proprietária do Mezzanine, que ganha nome por causa da sala com capacidade para 52 pessoas sentadas. No rés do chão, há mais mesas e lugares livres.

R. da Boavista, 106-108, Lisboa > T. 91 720 9780 > seg-qui 8h-10h30, 19h-24h, sex-sáb 8h-10h30, 19h-2h > €20 (inclui welcome drink, entradas, sopa, prato principal e bebidas), €25 (inclui dois pratos principais e as restantes iguarias)

MÁRIO JOÃO

ENRI

C VI

VES-

RUBI

O

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mais...

BH Foz PortoOutrora conhecido como edifício Belo Horizonte, ali funcionou uma garagem e um salão de festas (por sinal, memoráveis). Depois de décadas ao abandono, reabriu em 2013. No rés do chão funciona um restaurante/bar/café, que pode acolher grupos até 40 pessoas, e, para grupos maiores, o piso superior tem salas com vista para o mar.

Av. do Brasil, 498, Porto > T. 91 099 3040 > menus entre €30 e €50

Fundação AEP PortoMuitos desconhecem a existência de um restaurante no palacete do século XIX onde está instalada a Fundação Associação Empresarial de Portugal. Além de estar aberto ao público em geral, também disponibiliza duas salas para jantares privados (grupos até 30 ou 70 pessoas).

Av. da Boavista, 2671, Porto > T. 22 615 8500 > menus a partir de €25

Labirintho PortoO histórico bar do Porto, firme alternativa às enchentes da zona dos Clérigos, organiza festas e jantares para grupos até 30 pessoas.

R. Nossa Senhora de Fátima, 334, Porto > T. 91 970 1490 > menus a partir de €16

Chaminés do Palácio – Kantina do Inatel Lisboa Para almoços ou jantares com mais privacidade, escolha-se o Salão Nobre ou a Sala dos Sócios do restaurante Chaminés do Palácio – Kantina do Inatel, no Palácio da Independência de Portugal.

Lg. São Domingos 11, Lisboa >> T. 91 660 3454 > seg-sáb 12h-15h, 19h-22h > €15 (1 prato), €20 (2 pratos), a estes preços acresce €2,50 (aluguer da Sala dos Sócios) e €4 (Salão Nobre)

HENDRICK’S ROOM LISBOAAinda antes do paladar se render às iguarias preparadas pelo chefe Ljubomir Stanisic, são as paredes forradas a madeira de choupo e trabalhadas que demoram a apreciar. Nesta sala privada, recentemente transformada na Hendrick’s Room, no primeiro andar do restaurante Bistro 100 Maneiras, é a decoração, nascida da imaginação do ilustrador Mário Belém e da arte de Filipe Pinto Soares (formado em restauro na Fundação Ricardo Espírito Santo Silva), e que é inspirada nos botânicos da marca escocesa de gin Hendrick’s. É, digamos, a primeira das surpresas destes jantares com ambiente personalizado. Na mesa oval (preparada para receber até 11 comensais), podem ser degustadas as sugestões da carta do Bistro 100 Maneiras (sopa de pato, foie gras e trompetas da morte €16, perdiz estufada, castanhas e cogumelos selvagens €37, arroz de cabidela €22) ou optar-se por um menu exclusivo, disponível apenas quando Ljubomir Stanisic está em “casa”. Nestas ocasiões, existirão vários pratos confecionados com produtos disponíveis no mercado e, sobretudo, com a irreverência do chefe. Se se liga a pormenores, fique-se ainda a saber que existe a possibilidade de se regular a intensidade das luzes do teto e das paredes, ativar um sistema de leds, bem como ligar o smartphone para escolher a música.

Bistro 100 Maneiras > Lg. da Trindade, 9, Lisboa > T. 91 030 7575 > seg-sáb 19h30-2h (cozinha encerra às 24h) > menu exclusivo €180 por pessoa

FABR

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DEM

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C A P A

VILLAGE UNDERGROUND LISBOAA partir desta sexta-feira, 2, pode apanhar “boleia” neste autocarro dos anos 60, com dois pisos, recuperado pela artista plástica Joana Astolfi. E assim deixar-se viajar (sem sair de Alcântara, onde o dito autocarro está estacionado há cerca de dois anos, bem entendido) pelos sabores da América, a ementa que inaugura os jantares na Cafetaria Village Underground, em Lisboa. Moqueca com arroz selvagem, chili com carne com basmati de coentros e empanadas com esparregado de cenoura e beterraba (€12, cada um dos pratos) – são as propostas que pretendem agradar ao paladar dos 30 “passageiros” que ali se sentarem à mesa, esta sexta, 2, e sábado, 3. Seguem-se outros destinos gastronómicos: África (dias 9 e 10), Ásia (16 e 17) e Europa (depois das festas).“Já servíamos almoços todos os dias e jantares por reserva, mas agora vamos abrir todas as sextas e sábados, à noite”, diz Mariana Duarte Silva, a mentora da Village Underground. Além da cafetaria, ali mesmo ao lado, há três semanas que um armazém com 150 metros quadrados pode ser alugado para festas e jantares. O cliente pode optar pelo serviço completo (que inclui decoração, animação cultural e confeção da ementa) ou apenas reservar o armazém. E não só. “A ideia também é concretizar nesta sala mais iniciativas culturais nossas, de música, teatro, dança...”, acrescenta Mariana Duarte Silva.

Museu da Carris > R. 1º de Maio, 103, Lisboa > T. 91 111 5533 > autocarro jantares sex-sáb 20h-24h > jantares no armazém a partir de €30 por pessoa, só o armazém €2000 por dia

BREYNER 85 PORTOO edifício do início do século XX, com quatro pisos e um imenso jardim, perto do circuito das galerias de arte do Porto, permitia alimentar a paixão pela música dos sócios Rui Pina e David Fialho (com bar preparado para concertos ao vivo, estúdios de gravação, salas de ensaios) e muitas outras. Tinha, desde já, salas de sobra, ideais para eventos privados. As cores fortes das paredes reforçaram a traça original, nomeadamente do salão nobre, com soalho em madeira de riga, teto em gesso trabalhado e um enorme candelabro. Além desta sala, com capacidade para 50 pessoas, existe ainda uma outra capaz de acolher 25 (para grupos superiores a dez, não se paga o aluguer). O Breyner 85 dispõe de dois menus, simples e acessíveis, que podem sofrer acertos. “Somos muito procurados por quem quer diversão, pois a animação agendada para aquele dia está incluída no preço do jantar”, diz Rui Pina. Para que a festa não termine mal se pousem os talheres na mesa.

R. do Breyner, 85, Porto > T. 93 644 0865 > qua 19h-02h, qui-sex 19h-06h, sáb 12h-16h, 19h-06h, dom 12h-16h, 19h-06h > menus por €12,50 e €14,90

D.R.

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FEELING GRAPE PORTODescrevem-se como um wine & food atelier, um lugar à porta fechada, onde os apreciadores do vinho e da comida (em bom português), podem juntar-se descontraidamente. O projeto dos irmãos Stéphane e Vanessa Ferreira, os produtores dos vinhos durienses Quinta do Pôpa, começou em 2015, num edifício restaurado, capaz de se desdobrar em múltiplos formatos. Na verdade, propõem-se desenhar experiências ao gosto de cada grupo, sempre sob o lema “um momento especial merece um grande vinho”. À disposição, está o Wine Room, uma sala com uma longa mesa corrida, com capacidade até 32 pessoas, onde podem funcionar provas, cursos, mas também almoços e jantares, e o Food Atelier, onde cabem 14 pessoas, mais vocacionado para experiências enogastronómicas, com ligação direta à cozinha. Alguns formatos foram previamente pensados, como o wine date (uma refeição com ementa secreta conduzida por um chefe e um sommelier) o where is my wine (onde os vinhos são escolhidos e trazidos pelo cliente e há uma série de iguarias para partilhar) ou o today you are the chef, com o anfitrião da festa a tomar as rédeas da cozinha e a seleção dos vinhos a ficar por conta da casa. Atrevemo-nos a dizer que fica bem entregue.

R. da Alegria, 892, Porto > T. 92 438 2643 > “wine date” a partir de €40, “where is my wine” a partir de €30, outros preços sob consulta

BUBBLE MATOSINHOSO restaurante fronteiro à praia de Leça da Palmeira tem duas salas convencionais e uma esplanada coberta, mas este texto falará apenas de um sítio muito particular: a Bubble. Uma esfera branca em fibra de vidro, com 3,60 metros, singelamente implantada no exterior do Ammar, como se de uma nave espacial se tratasse. O interior é forrado a veludo azul, para uma submersão quase total neste ambiente marítimo, com a janela virada para o oceano a funcionar como periscópio. Ali cabem apenas seis pessoas, que estejam dispostas a pagar o aluguer por 45 euros. Durante esta época natalícia, há quatro menus disponíveis, com pratos bem criativos, dentro da filosofia da “gastronomia emocional”, assinada pelo chefe de cozinha Pedro Silva.

Ammar > R. de Fuzelhas, 5, Leça da Palmeira > T. 22 995 8241 > ter-sáb 15h-00h30, dom 12h-18h30 > menus de €20 a €40

RICARDO BERNARDO

RUI D

UART

E SI

LVA

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O G O S T O D O S O U T R O S

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Bica do Sapato LisboaPara Inês Meneses, este é o restaurante mais bonito de Lisboa, aonde leva os amigos portugueses e estrangeiros a quem quer encher os olhos e o estômago. “Nenhum outro lugar tem tantos pormenores bonitos e uma banda sonora tão boa. E o rio faz o olhar navegar.”

Do Café Buenos Aires, em Lisboa, diz que tem as melhores margaritas e a melhor salada de outono em qualquer

estação. “É um sítio para partilhar segredos e fazer brindes sempre à saúde,

ao amor e à beleza”

Galeria Zé dos Bois LisboaFica no Bairro Alto, na Rua da Barroca, aquele que é “lugar de resistência que aponta ao futuro com concertos e exposições”. Garante Inês Meneses: “Continua a ser ali que se faz a diferença. E é também por lá que andam os rapazes mais bonitos da cidade...”

Cozinha da Amélia PortoNo restaurante que “honra o Porto na generosidade e nos seus vários paladares”, há língua estufada com ervilhas ou arroz de vitela e couve malandrinho com um ovo estrelado em cima. “A D. Amélia sabe que a satisfação no estômago começa no coração de quem cozinha”, diz.

Inês Meneses

É autora de Fala com Ela, o programa de entrevistas

na Radar, a rádio onde todos os dias também põe música. Sempre

pronta para falar de comida, estes são os lugares por onde

gosta de andar

P o r I N Ê S B E L O [email protected]

Quinta da Regaleira SintraÉ “o sítio mais fantástico e místico” onde já esteve. “Obrigatório perder lá umas horas em passeio, ainda que a quinta mereça dias de pesquisa. São demasiados pormenores para reter numa só visita.”

Da Praia de Mindelo, em Vila do Conde, guarda as memórias da infância, feitas do cheiro das manhãs com a areia

molhada e a pegada das gaivotas. “No verão entram os estóicos naquele mar

frio, agora no inverno são os sonhadores que lá vão contemplar o horizonte”

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C O M E R E B E B E R

La Bottega LisboaNo restaurante Il Matricciano, em São Bento, era frequente os clientes queixarem-se que não encontravam burrata e outras delicatessen italianas. Não raras vezes, Alessandro Lagana ia à cozinha e, por simpatia, dava (aos mais assíduos) um pedaço do que tivesse. Mas a certo ponto começou a ver que tinha ali uma oportunidade de negócio. Foi assim que nasceu La Bottega, uma mercearia-restaurante em Campo de Ourique. Tem burrata, mas também parmigiano, grana, mozzarella, gorgonzola, crescenza, stracchino. E ainda panceta, guanciale, pecorino, salame, fiocco, todo o tipo de pasta, polenta, molho pesto, boscaiola, de tomate (o italiano é menos ácido que o português, dizem), pasta de azeitona ou de alcachofra, vinhos, licores, biscoitos, mel ou compotas e até patés da Masseria del Vicário, que fornece o Vaticano. Além de mercearia, La Bottega é um sítio onde se pode tomar o pequeno- -almoço, um almoço rápido (um prato vindo do Il Matricciano, com copo de vinho e café, fica a €9) ou beber um copo a partir das 18h, acompanhado por tapas oferecidas pela casa. I.R.

R. Correia Teles, 22A, Lisboa > T. 93 580 3868 > seg-sáb 10h-22h

ANTÓ

NIO

BER

NAR

DO

Abre-Latas LisboaConservas e companhia

Há vários anos que Júlio Fernandes e Jorge Colaço falavam em abrir um restaurante. O gosto pelas conservas e pela cozinha ia alimentando a ideia, até que perceberam que tinha chegado a altura de avançarem. No novo Abre-Latas, na Mouraria, apostam nas conservas e numa confeção simples para as deixar brilhar. Se às mesas é Júlio que

normalmente apresenta o menu, na cozinha é Jorge que prepara os pratos. “O ingrediente principal são as conservas, um produto que pode ter uma certa sofisticação mas que, acima de tudo, se mostra versátil, popular e saudável”, explica o responsável pela cozinha. O restaurante é pequeno, tem cerca de 18 lugares, mas a ementa compensa em sugestões: tapas, tostadas, blinis, saladas, especialidades diárias. A preparação dos pratos acaba por ser relativamente rápida. Para não perderem as suas características, as conservas, quer sejam de atum, sardinha, carapau ou enguias, são cozinhadas apenas o estritamente necessário e apresentadas sem grandes artifícios.

No Abre-Latas também se utilizam ingredientes fumados ou de salga, outras formas de conserva. Entre as combinações de sabores mais originais estão a truta fumada com salicórnia (€5,90), a muxama com laranja (ou maçã) e tomate cherry (€9,50), o pernil de porco fumado de coentrada (€8) e os blinis. “Andava à procura de uma coisa que funcionasse como suporte para servir as conservas e que não fosse a tosta, que é muito comum. Lembrei-me dos blinis, que se na Rússia servem de base ao caviar, aqui revelam-se o ideal para as conservas”, nota Jorge Colaço. Há seis variações de blinis, sendo uma delas a de ventresca de atum com tomate seco, ceboleta e limão (€4,90).

Desde que abriu, há cerca de um mês, que o Abre-Latas tem vindo a diversificar a oferta. Além das provas de vinho e tapas, a última novidade são os almoços de domingo, com clássicos da cozinha portuguesa, como feijoada ou dobrada. Com ou sem conservas. Susana Lopes Faustino

R. do Regedor, 7, Lisboa > T. 21 886 1081 > ter-sáb 12h-22h, dom 12h-15h30

Neste novo restaurante da Mouraria, o atum, a sardinha, as enguias e os carapaus são trabalhados sem artifícios mas com muito gosto

No Abre-Latas há uma pequena

biblioteca de livros para

consulta (sobre conservas, vinhos,

gastronomia, Lisboa...), baterias

para carregar telemóveis e,

ainda, uma seleção de conservas para

comprar

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C O M E R E B E B E R

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P O R M A N U E L

G O N Ç A L V E S D A S I L V A

comer&[email protected]

Cave 23 LisboaSabor intenso

Recolhido no interior de um palacete, no alto de uma das colinas de Lisboa, junto do ascensor do Lavra (o mais antigo funicular da cidade, de 1882, que faz a ligação entre o Largo da Anunciada e a Rua Câmara Pestana) e

do Jardim do Torel, o restaurante Cave 23 é um restaurante de bom gosto com ambiente intimista e cozinha personalizada, ao estilo da chefe Ana Moura. Abriu há cerca de um ano no segundo palacete do Torel Palace e foi uma revelação, tanto pela singularidade do lugar, tranquilo e belo, com vista para a Baixa e o Tejo, como pela originalidade da cozinha, evoluída na técnica e complexa nos sabores.

É uma cozinha de produto, como se depreende da simples leitura da carta, que apresenta os pratos com o nome do ingrediente a que se quer dar mais importância, sem qualquer referência às técnicas culinárias. Parece óbvia a intenção de levar as pessoas a escolherem pelo ingrediente, não pela elaboração, confiando na cozinha. Atualmente são dez ingredientes: sapateira, gema de ovo, tomate, amêijoas, carabineiro, bacalhau, pescada, pombo, leitão e arroz carolino, numa sequência ditada pela intensidade de sabores que não distingue as entradas dos pratos principais. É que todos os pratos são complexos, como

resulta, por exemplo, da combinação da sapateira com vitela, rábano picante, noz de macadâmia, romã, konjak, yuzu e arroz; da gema de ovo com boletos edulis, foie gras, laranja, galinha, figos secos, sichuan, kuzu, amêndoa e Porto branco; do carabineiro com tutano, manjericão, queijo da ilha, arroz vietnamita, levedura de cerveja e rúcula; da pescada com spirulina, tomate, poejo, kashmiri, folha de caril e mostarda; ou do arroz carolino com coelho, trompetes da morte, galanga, dióspiro, curcuma, gengibre, gilo e soja (na mesa, o que dá mais nas vistas é o coelho, servido à parte). Nenhum elemento está ali por acaso, tudo tem sabor e tudo concorre para realçar o ingrediente principal. Aqui, cada prato conta a sua história. Quem gostar de ser surpreendido entregue-se nas mãos da chefe, que conjugará vários pratos.

As sobremesas são doces, envolventes, agradáveis, seja o chocolate negro 70% (avelã, cereais, amendoim, rúcula), o morango (baunilha de bourbon, chocolate, sésamo, gema de ovo) ou o mel (queijo, moscatel, laranja, leite). Também há queijos Niza, Ilha e Amarelo da Beira-Baixa com marmelada. Garrafeira bem selecionada com vinhos pouco vistos no circuito comercial, todos servidos a copo. Serviço diligente e simpático, mas sem a preparação técnica exigida por uma cozinha tão exigente.

R. Câmara Pestana, 23, Lisboa > T. 218 298 0712 > qua-dom 20h-23h > €60 (preço médio)

MÁR

IO J

OÃO

Restaurante surpreendentemente aprazível com gastronomia de alto gabarito

Quem gostar de ser surpreendido, entregue-se nas mãos da chefe, Ana Moura. Na

sua cozinha, nada está ali por acaso,

tudo tem sabor e tudo realça o ingrediente

principal

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PROVA CEGA

De uma assentada, a empresa José Maria da Fonseca lançou no mercado seis vinhos e anunciou a vinda de outro, a breve prazo, e pela última vez: o Bastardinho. Por agora, as novidades são dois vinhos especiais da Coleção Privada Domingos Soares Franco

de 2015: Moscatel Roxo Rosé e Sauvignon Blanc; uma marca de êxito, desde que foi criada, em 1944, na versão “sem álcool”: Lancers Free Rosé; e três topos de gama de 2014: Periquita Superyor, José de Sousa Mayor e Domini Plus. Do Bastardinho falaremos oportunamente, quando puder ser adquirido, por ser uma preciosidade e merecer tratamento em conformidade com o seu estatuto. Dos vinhos da Coleção Especial já conhecemos o estilo e do Lancers sem álcool (em prova cega surpreenderá muitos consumidores) pouco mais há a dizer. Dos topos de gama há sempre coisas por dizer.

Os vinhos são produzidos em três das regiões mais emblemáticas do País: Periquita Superyor na Península de Setúbal, José de Sousa Mayor no Alentejo e Domini Plus no Douro. O Periquita, que vem do tempo da fundação da empresa, é um Castelão Francês (90%) de vinhas velhas muito bem constituído e com grande caráter; o José de Sousa é outro vinho mítico (originário da célebre Casa Agrícola José de Sousa Rosado Fernandes, que a José Maria da Fonseca adquiriu em meados da década de 80) com volume e nobreza; o Domini resulta da vontade da José Maria da Fonseca estender a sua influência a outras regiões, indo ao Douro fazer este vinho elegante, macio e sedutor.

José Maria da Fonseca Setúbal De topo

Periquita Superyor 2014

Feito de uvas da casta Castelão (90%) com

um pouco de Cabernet Sauvigon (7%) e Tinta Francisca (3%), tem

cor vermelha intensa, aroma concentrado com

boas notas de frutos pretos e vermelhos e

de especiarias, paladar elegante com taninos

bem presentes e assinalável frescura.

Deve ser servido à temperatura de cerca

de 15ºC, a acompanhar pratos de carne e

queijos. €39,99

José de Sousa Mayor 2014

Com uvas de uma casta pouco conhecida, a Grand Noir (60%) e outra tradicional, a

Trincadeira (30%), se fez este vinho de cor vermelho carregada, aroma complexo com

notas de fruta vermelha, tabaco, chocolate preto e especiarias, paladar fresco e cremoso com

taninos redondos e final longo. Servir a uma temperatura à

volta de 15ºC, depois de o decantar, porque pode criar depósito.

Perfeito para carnes, em especial caça, e queijos.

€19,99

Domini Plus 2014Quase monocasta

com 95% de Touriga Francesa, sendo

os restantes 5% de Touriga Nacional, tem

cor vermelha profunda, aroma a fruta madura com alguma evolução,

paladar com textura sedosa, elegante e suave, sem que os

taninos finos deixem de marcar boa presença,

final longo. Deve servir--se a uma temperatura

de 14º a 16ºC, a acompanhar carnes

assadas, caça e queijos de pasta mole.

€34,99

Seis lançamentos auspiciosos e o anúncio do último Bastardinho, que é um generoso português genial e um dos melhores vinhos do mundo

A morada oficial é uma, a que os clientes conhecem é outra: a Rua da Praia, na Afurada. Dito isto, facilmente se imagina o pitoresco do lugar, bem como a beleza do panorama que dali se desfruta. Aberto há 21 anos, o restaurante A Margem continua a ser dirigido pela mesma família e a ter o mesmo chefe, mantendo-se fiel à cozinha tradicional portuguesa com base no peixe fresco. O ambiente é descontraído e agradável, exceto nos períodos de grande afluência, que ocorrem sobretudo nos fins de semana. Para início da refeição vêm à mesa um cestinho com pão bijou, broa e uma deliciosa regueifinha, patê e salgadinhos, como os bolinhos de bacalhau, as pataniscas, os rissóis e os croquetes. Havendo petingas fritas, não se podem perder. Nos pratos principais, a parrilhada de peixe está entre os mais emblemáticos, a par do bacalhau à Margem e dos assados de domingo: cabrito e vitela. O arroz de tamboril com gambas também justifica o apreço. Nas carnes, o destaque vai para o entrecosto laminado ao alho e a posta à Margem. A não esquecer, ainda, o peixe fresco para grelhar e as sugestões do chefe, entre as quais podem surgir iguarias típicas como as pataniscas de bacalhau com arroz de feijão, o pargo assado no forno, o arroz de pato, os rojões, a feijoada e as tripas à moda do Porto. Doçaria diversificada, destacando-se o cheesecake e o doce A Margem (chocolate e natas). Garrafeira interessante, sem vinho a copo. Serviço eficiente e simpático.

A Margem Vila Nova de Gaia

PROVA CEGA

R. Agostinho Albano, 18, Afurada, Vila Nova de Gaia > T. 227 724 788 > seg-sáb 12h-15h,19h-23h, dom 12h-15h > €20 (preço médio)

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C O M E R E B E B E R

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Praia da Luz PortoO Atlântico à mesa

Quem não se lembra do terraço do Praia da Luz, um dos bares de praia mais carismáticos do Porto, onde se iam ver as vistas para o mar, enquanto se passeava pela Foz? Ora, o terraço transformou-se agora num

restaurante com tudo para dar certo: tem uma das melhores vistas para o Atlântico, uma decoração minimalista de Paulo Lobo, em tons de castanho e cobre, e uma cozinha de autor irrepreensível assinada por Renato Sá (chefe residente) e Luís Américo (chefe consultor). A filosofia é servir “comida de conforto para partilhar”, tornando “este espaço requintado num ambiente mais descontraído”, diz a relações públicas Maria Adão.

À mesa, tudo foi pensado ao pormenor, tendo em conta a ligação ao mar. Nas entradas, a alga wakame marinada acompanha o tataki de salmão ligeiramente curado e fumado (€10), o ceviche de garoupa chega com uns tachinhos com batata doce e milho frito, as ostras da Ria Formosa servem-se com chorão-do-mar, rabanete e molho de soja (€12) e, uma das características da carta, há pratos que são finalizados à frente do cliente, como o húmus de grão-de-bico com legumes na brasa, no qual cai um fio de azeite que fumegou numa infusão de carvão (€9). Nos peixes, a feijoada de

polvo com arroz basmati (€35) faz-nos recuar às raízes da gastronomia portuguesa, assim como a cataplana de peixes e mariscos (€45). Nas carnes, e além do peito de pato na brasa com arroz e puré de alperce (€25), as atenções recaem no tomahawk na brasa (€45), “uma peça de carne de 800 gramas, com osso de 23 cm, e quatro acompanhamentos: salada fresca com rabanete e cebola roxa, arroz basmati de amendoim e açafrão e puré de cebola caramelizada e esparregado”, descreve o chefe residente. Renato Sá, 39 anos, deseja que “esta comida de conforto traga de volta as refeições de família em que os tachinhos vinham para a mesa em ambiente de partilha”.

Na carta, das entradas às sobremesas, há sugestões para uma ou duas pessoas, outras para duas ou três. Para terminar a refeição, provem- -se as duas sugestões do chefe que nos levaram ao céu: a banana caramelizada com gelado de caramelo salgado, chocolate e crumble de avelã, e o cheesecake de chá verde, mousse de lima e coco (€6,50 cada). Com o mar como cenário, o difícil será mesmo sair daqui. Florbela Alves

Av. Brasil, Porto > T. 22 617 3234 e 93 617 3234 > seg-dom 12h-15h, 19h-23h > €40 (preço médio)

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A comida de conforto para partilhar e o mar sem fim mesmo à nossa frente fazem com que não seja fácil sair do novo restaurante da Foz

O Praia da Luz nasceu no final dos anos 80 como bar de praia. Referência da Foz do Porto, foi evoluindo ao longo dos anos e aumentando as valências. Depois da esplanada generosa e da renovação da cafetaria, a sala do restaurante é a cereja no topo do bolo.

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Kosher Store PortoPara uma cozinha judaica

No Porto, o Hotel da Música é a única unidade hoteleira a ter uma cozinha kosher certificada. Não é de estranhar, por isso, que, ali mesmo no Mercado do Bom Sucesso, tenha agora aberto uma mercearia/restaurante judaico,

em parceria com o hotel. “A ideia surgiu não só para responder às necessidades dos judeus que visitam a cidade e não encontram produtos para comer, como para dar a conhecer à população estes alimentos”, explica Liliana Castanheira, diretora do Hotel da Música. Na Kosher Store encontra-se pão Matzo, dolmade (rolos de legumes), tahine (pasta com sementes de sésamo), humus, bolos, sumo de uva – “o mais procurado” – e vinhos certificados sob as leis da cozinha judaica. Além disso, servem-se refeições do dia que podem variar entre uma quiche, uma sopa de legumes ou uma sanduíche preparada na cozinha kosher do hotel e que, entre outras regras alimentares, não poderá misturar laticínios com carne. A mercearia foi certificada pelo rabino da Comunidade Judaica do Porto, respeita o calendário judaico e os feriados religiosos, encerrando durante o shabat (os dias de descanso semanal do judaísmo), de sexta à tarde a domingo de manhã. F.A.

Hotel da Música > Mercado do Bom Sucesso > Pç. Bom Sucesso, 132, Porto > T. 22 607 6000 > seg 14h-19h, ter-qui 10h-19h, sex 10h-14h

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Uma mercearia onde se vendem produtos kosher e que é também um restaurante

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S A I R

Biblioteca de Marvila LisboaUma alavanca para a inclusão social

R. António Gedeão, Marvila, Lisboa > T. 21 817 3000 > horário a definir

Requisitar um livro, ler o jornal, ter um computador para trabalhar, estudar, fazer ioga, ver um filme ou aprender a comer saudável sem gastar muito dinheiro. Bem-vindos à biblioteca do século XXI

O edifício é discreto, como se tivesse estado sempre ali, e, no entanto, a nova Biblioteca de Marvila veio agitar as águas. Estamos na freguesia de Lisboa com os níveis de literacia e empregabilidade mais baixos, bairros

sociais em volta, muita gente nova que não terminou a escola. E questionada a utilidade de uma biblioteca por quem o que queria mesmo era ter ali uma esquadra da PSP, havia todo um trabalho a fazer. Para isso, convidaram-se as pessoas a entrar, a participar em atividades e “constituíram-se grupos para perceber que expectativas tinham e quais as suas necessidades”, conta Susana Silvestre, chefe de Divisão da Rede de Bibliotecas da Câmara Municipal de Lisboa. Inaugurada que está a biblioteca, diz que “não há um único graffiti ou um único vidro partido”, sublinhando assim que “a perspetiva dos moradores mudou e já sentem o espaço como seu”.

À disposição estão duas áreas de leitura, com mesas e computadores para trabalhar, três salas para crianças (divididas consoante a faixa etária), oficina de trabalhos manuais e ainda auditório que, não chegando para os ensaios da Marcha de Marvila, como já avisou o presidente da Junta de Freguesia, pode servir para bailes ou sessões de cinema – para cruzar públicos, é ali que vai

decorrer, no próximo ano, a 3ª edição do Festival Ar, dedicado ao novo cinema argentino. “É uma biblioteca do século XXI”, diz a vereadora Catarina Vaz Pinto e, “nesse sentido, é muito mais do que um depósito de livros”. “É um espaço partilhado de aprendizagem, de cultura e cidadania ativa, inserida na comunidade”, explica. E exemplifica: a coleção de livros, constituída por 13 mil títulos, “irá crescer de acordo com as necessidades dos seus utilizadores”. A contar a história de Marvila está a exposição no foyer, com fotografias de 1930 a 1970 do Arquivo Municipal de Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian e Torre do Tombo. E, em breve, vai estar a funcionar a zona da cozinha, “onde se pode vir beber um café ou participar num workshops para aprender, por exemplo, a preparar refeições saudáveis sem gastar muito dinheiro”, adianta Susana Silvestre.

Construído de raiz, no lugar que foi em tempos a Quinta das Fontes, o edifício, desenhado pelo arquiteto Hestnes Ferreira, desenvolve-se à volta do antigo lagar de azeite e está ligado a um outro, agora reabilitado. Ali, além das salas de formação e dança, expõe-se a biblioteca pessoal e alguns objetos de José Gomes Ferreira, como a escrivaninha na qual o escritor trabalhava ou as cadeiras desenhadas pelo seu amigo, Keil do Amaral. Inês Belo

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São 16 as bibliotecas – mais outra, itinerante –, que integram a Rede de Bibliotecas da Câmara Municipal de Lisboa. Destas, Marvila é a primeira a ser construída de raiz segundo o programa Biblioteca XXI que, desde 2011, tem vin-do a ser imple-mentado. Com 2 600 metros quadrados, é a maior em termos de área de construção e a segunda, depois das Galveias, em termos de coleção.

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ESAD IDEIA MatosinhosCidade criativa

Nestes dois edifícios da Rua Brito Capelo, em Matosinhos, já funcionaram a Caixa Geral de Depósitos e a Caixa de Crédito e Previdência. Agora, é de design que aqui se fala. A ESAD IDEA – centro de investigação em arte e design, projeto da autarquia e da Escola Superior de Arte e Design (ESAD), abriu há poucos dias, fruto de um projeto de recuperação da arquiteta Maria Milano que manteve

a pedra mármore, as caixilharias e os portões de ferro das duas instituições dos anos 30, obras do engenheiro Manuel Fernandes de Sá. Era antiga a ambição de abrir mais um núcleo de design na cidade que, em 2017, se quer candidatar à Rede de Cidades Criativas da UNESCO.

“Não se trata apenas de um espaço de investigação. Queremos ter uma programação regular e dinâmica, aberta a todos os públicos”, salienta José Bártolo, diretor da ESAD e um dos curadores de Playtime: Design Industrial para a Vida Moderna, a exposição que abriu a galeria, com cerca de 200 objetos projetados entre o pós-guerra e o final do século XX, a grande maioria pertencentes à coleção privada de Pedro Lima. “Interessava-nos que fosse uma exposição com alguns objetos icónicos”, com “algum tipo de enquadramento sobre a história do design”, aponta o curador. A mostra, que ocupa todo o rés do chão (onde há de abrir, em breve, uma cafetaria e onde já funciona uma loja de design com as publicações da ESAD), é um regresso ao passado e uma viagem aos primeiros aparelhos característicos do ressurgimento social económico do pós-guerra. Como o secador de cabelo de Dieter Rams (1970), a máquina de calcular da Olivetti (1956), o telefone Ericofon da Ericsson (1954), o gira-discos portátil desenhado por Dieter Rams (1959), a máquina de escrever criada por Eliot Noyes (1961), ou a televisão de Ryuzo Sujita inspirada nos capacetes dos astronautas (1969).

O polo de investigação pretende, ainda, ter residências artísticas com designers que ali podem pernoitar no terceiro piso. F.A.

Playtime: Design Industrial para a Vida Moderna > ESAD IDEA > R. Brito Capelo, 243, Matosinhos > T. 22 957 8755 > até 27 jan, ter-sex 10h-18h > grátis

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Um centro de investigação em arte e design, com uma galeria para exposições, uma loja e, em breve, também uma cafetaria e residências artísticas

Perlim Santa Maria da FeiraLembra-se da língua dos “pês”? Depe cerpertepezapa? No Perlim, o maior parque temático de Natal do País, terá muitas oportunidades para recordar estas e outras brincadeiras da infância. O castelo de Santa Maria da Feira (bem como toda a sua envolvente) volta a cobrir-se de branco e a ser invadido por personagens retiradas dos livros infantis. Haverá mais de 20 áreas temáticas, como uma recriação da Lapónia e da casa do Pai Natal, um tabuleiro de jogos gigante e um castelo encantado. O recinto também será animado por espetáculos, com atuações diárias, dos protagonizados por quatro soldadinhos aos índios e cowboys, passando pela personagem principal desta nona edição do Perlim: o feiticeiro Merlim Ferlim Querlim, que se envolverá numa batalha com a Fada Piri. Entre as diversões, contam-se pistas de snowtubing e de trenós, circuito de arvorismo ou slides. Os miúdos terão ainda muitos ateliês, é só deixarem-se levar pela magia. J.L.

Quinta do Castelo > Santa Maria da Feira > T. 256 330 900 > 1-4, 8-11, 14-23, 26-30 dez, seg-sex 14h-18h, sáb-dom 14h-19h > €5 a €6, €8 a €10 pulseira free pass

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S A I R PORTO INSÓLITOP o r G E R M A N O S I L V A

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Foi de mansinho que o Hard Rock Café Porto abriu as portas no passado dia 20, na Baixa da cidade. Sem alaridos, sem surpresas e ainda sem inauguração oficial. No entanto, os três pisos (o prédio restaurado da Rua do Almada tem seis mas só metade são de usufruto público) já têm a

funcionar dois bares e três salas de restaurante com a música rock a dar o tom em várias ecrãs. Embora a decoração seja semelhante aos restantes congéneres da cadeia americana – já são mais de 190 em 59 países –, o do Porto tem pormenores que nos remetem para a identidade da cidade, como os azulejos azuis e brancos no chão e a escadaria. Em todas as paredes, claro, lá estão as doações de músicos e artistas: o fato de Marc Bouwer vestido por Whitney Houston, um colete e uma letra inédita de Prince, uma camisa de Elvis Presley, um chapéu de Elton John, uns ténis de David Bowie, as botas estilizadas de Madonna usadas no filme Desesperadamente à Procura de Susana (1985), uns óculos e uns auscultadores de Steve Aoki e, claro, várias guitarras (de Paul McCartney, Cliff Richard, Ace Frehley, Nikki Sixx, entre outros).

Na carta, as habituais receitas americanas, como os New York Strip Steak (bifes de 340 gramas), os hambúrgueres (€15,75), os nachos, o smokehouse de frango e porco, o brownie e o cheesecake de oreo, mas também pratos portugueses, como francesinha (€14,45), hambúrguer com alheira e queijo da Serra e, até, bacalhau grelhado servido com grelos (€19,95). Do bar, saem cocktails em copos normais ou de coleção (€16,65), mojitos, vinhos tinto, branco e do Porto e champanhe. Para brindar com música, claro. E, a avaliar pelo palco instalado no primeiro andar, também ao som de bandas ao vivo. F.A.

Hard Rock Café PortoSempre a rock’n’rollar

R. do Almada, 120, Porto > T. 91 757 6086 > seg-dom 10h-01h (loja), 11h-02h (bar), 12h-01h (restaurante)

DR

Música, comida e cocktails no icónico restaurante/bar, onde estão, entre outras relíquias, os ténis de David Bowie e a camisa de Elvis Presley

O segundo restaurante da

cadeia americana em Portugal

(o primeiro abriu, em 2003, em

Lisboa) adaptou-se ao Porto, evocando

o património da cidade em

alguns pormenores da arquitetura e da

decoração

O sítio de MijavelhasO atual Campo de 24 de Agosto, data que evoca a Revolução Liberal de 1820, teve antes desta outras designações: Campo do Poço das Patas; Campo Grande, e Campo da Feira do Gado. Poço das Patas tinha a ver com as condições alagadiças do terreno e o facto de, em tempos recuados, por ali terem abundado daquelas aves palmípedes; o Campo Grande aparece em contraponto ao Campo Pequeno, junto à maternidade de Júlio Dinis, e o Campo da Feira do Gado justifica-se por se ter realizado lá, durante alguns anos, um importante mercado de gado bovino. Mas a denominação mais pitoresca e que durou, na gíria popular, entenda-se, até praticamente aos nossos dias foi a de Mijavelhas, que designava o local, um rio e uma fonte. Nunca ninguém conseguiu explicar a origem de tão curiosa designação, que já era usada, pelo menos, no século XV. Mas o povo, na sua fértil imaginação, arranjou uma curiosa explicação. A versão popular diz o seguinte: as mulheres de Valongo e de Gondomar, que vinham ao Porto para vender pão e hortaliças na feira de S. Lázaro, ao passar na zona alagadiça, paravam,

apanhavam a saia pela frente que faziam subir em forma de balão e aliviavam-se nas águas mansas do ribeiro. E daí a pitoresca expressão de mijavelhas, que era dada ao rio e acabou por ser dada ao local onde ele passava a céu aberto e à fonte (de que existem interessantes vestígios) descobertos quando se andava a construir a estação local do Metro.

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Diz o dicionário da Língua Portuguesa que bazofo é adjetivo para definir aquele que tem estilo e atitude. E é também, acrescentamos nós, uma marca de t-shirts, em algodão sustentável, criada por Vítor Sanches, morador no bairro da Cova da Moura, na Amadora, onde reside a maior comunidade cabo-verdiana. “Bu sta bazofo! é uma expressão que se ouve

por aqui. Mas estar bazofo não é só uma questão de estilo. Faz parte da nossa cultura, é uma forma de afirmar a nossa identidade”, explica. Depois de vários anos a viver em Londres, Vítor, 37 anos, decidiu regressar à Cova da Moura e, em junho de 2015, abriu a Tabacaria Tropical, onde além de fotocópias, carregamentos de telemóvel ou impressões, vai vendendo as bijuterias do Tio Adí, pins e postais. Também organiza sessões de cinema grátis, uma espécie de cineclube, e a máquina do café está sempre ligada. “São coisas que dão moedas, não notas, e queria fazer mais, por mim e pelo bairro onde nasci”, diz.

Para Vítor, a Bazofo só fazia sentido se fosse uma marca sustentável, que envolvesse também outras pessoas da Cova da Moura. Com a sua tia Alice, costureira há mais de cinquenta anos, criou as primeiras peças, em algodão biológico, feitas à mão e com detalhes em capulana (tecido africano). Já as t-shirts estampadas são da empresa finlandesa Pure Waste, que só utiliza têxteis reciclados. Ao todo, são seis modelos, todos com nomes que contam histórias. O Buraca foi batizado por Froze, que trabalha no restaurante O Coqueiro onde se serve uma bela cachupa e se ouve boa música cabo-verdiana. O Fresquinha, com uma rodela de limão estampada, leva o nome do gelado em Cabo Verde. E quem vestir o Bodona é alguém que conseguiu vencer, apesar dos obstáculos. O Zito, o primeiro modelo desenhado pela tia Alice, é dedicado a Zito, conhecido no bairro pela sua maneira de vestir, sempre de preto com um apontamento colorido. “A minha marca é isto, uma camisola que sabes de onde veio, quem fez e que conta uma história”, resume Vítor Sanches. “E isto também é bazofo”. I.B.

BazofoDa Cova da Moura para o mundo

Tabacaria Tropical > R. 8 de Dezembro, 13, Cova da Moura, Amadora > T. 968 857 400 > www.bazofo.com

D.R.

Uma nova marca de t-shirts, em algodão sustentável, com estilo e muita atitude

Para dar a conhecer a Bazofo, Vítor Sanches tem

participado em algumas feiras.

Até domingo, 4, vai estar no Mercado

de Natal, no Campo Pequeno, em

Lisboa

Galerias Lumière > R. José Falcão, 157, loja 8, Porto > até 15 jan, seg-sáb 12h-20h

8x8 PortoHá quem aposte nas linhas abstratas e geométricas, quem reinterprete as técnicas tradicionais ou quem faça das ilustrações motivos de criação. Na 8x8, quer-se valorizar abordagens distintas da joalharia contemporânea. Nesta loja pop-up, aberta nas Galerias Lumière, no Porto, até 15 de janeiro, foram escolhidos oito jovens designers nacionais: Ana Bragança, Ana Pina, Áurea Praga, Joana Santos, Lia Gonçalves, Marta Pinto Ribeiro, Susana Teixeira e WEK (Telma Oliveira). Todas trabalham artesanalmente, embora recorram a materiais, formas, texturas e acabamentos diferentes. E, como o objetivo é chegar a novos públicos e caminhar para uma democratização da joalharia, optaram por selecionar peças acessíveis a todos os bolsos. Trata-se de mais um projeto apoiado pela plataforma Portuguese Jewellery Newborn, fundada pela Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal para fazer brilhar a nova geração de criadores. J.L.

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V E R

Musicbox LisboaDez anos é muito tempo

R. Nova do Carvalho, 24, Lisboa > T. 21 347 3188 > 1-3 dez, qui-sáb 21h30 > €8 a €12

DR

O clube lisboeta encerra os festejos do décimo aniversário com três dias de concertos

Corria o mês de dezembro de 2006 quando o Musicbox abriu as portas, no lugar da antiga discoteca Texas, com um espetáculo dos 1 Uik Project. Nessa altura, ainda o Cais do Sodré não era o novo centro da noite lisboeta

e, para tal, muito contribuiu o Musicbox. Assumindo-se desde logo como um herdeiro direto do espírito de locais como o Rock Rendez- -Vous ou o Johnny Guitar, depressa se tornou numa referência entre os fãs de música ao vivo. Uma década e cerca de dois mil concertos depois, a data redonda é agora festejada com uma programação especial, porque, como em tempos cantava Paulo de Carvalho, “dez anos é muito tempo, muitos dias, muitas horas a cantar”.

Assim, e ao longo de três dias, o Musicbox vai receber um cartaz eclético e transversal, que tão bem resume o espírito deste clube, sempre de portas abertas a todo e qualquer estilo musical. Os primeiros a subir ao palco, na noite de quinta-feira, 1, são os portugueses Névoa, seguidos dos canadianos Preoccupations, a nova encarnação da banda anteriormente conhecida por Viet Cong, cujo álbum homónimo de estreia, lançado no início de 2015, os transformou num verdadeiro fenómeno de culto, junto dos fãs do rock mais alternativo. Depois dos concertos, a noite continua, como é tradição na casa, com uma sessão de clubbing, neste caso a cargo do “dj, radialista, produtor, editor e colecionador

de discos” Gilles Peterson, como é apresentado este inglês, tão conhecido pelo trabalho de divulgação aos microfones da BBC 6 como pelos esquizofrénicos dj sets, nos quais se misturam os mais variados e inesperados universos musicais. Na sexta, 2, o primeiro convidado a subir ao palco é Samuel Úria, um dos mais talentosos escritores de canções da pop cantada em português, que volta ao Musicbox para apresentar o último e aclamado disco Carga de Ombro. Depois, segue-se outro regresso, neste caso o do rapper americano Cakes da Killa, um dos nomes de proa do movimento “hip-hop queer” (LGBT friendly, portanto), que acabou de lançar o álbum de estreia, Hedonism, há pouco mais de um mês. Para o último dia, sábado, 3, está reservada uma das atuações mais aguardadas, a da dupla Ikopongo, que reúne os rappers angolanos MCK e Ikonoklasta – nome artístico de Luaty Beirão, o ativista que esteve preso durante meses pelo governo angolano. Este espetáculo marca também o regresso aos palcos desta dupla, aparentemente uma das vozes mais incómodas para o regime liderado por José Eduardo dos Santos, que no início de novembro voltou a proibir dois espetáculos dos rappers em Luanda. No clubbing, a pista vai ser comandada primeiro pelo jornalista Rui Miguel Abreu, a quem se segue a dupla Irmãos Makossa, que vão encerrar em festa, ao som de música africana dos anos 70, o décimo aniversário do Musicbox. Miguel Judas

Os festejos do décimo aniversário do Musicbox, que agora encerram com estes três dias de concertos, prolongaram- -se ao longo de todo o ano de 2016, com dez festas que trouxeram até ao clube lisboeta nomes como Jay-Jay Johanson, Stephen O’Malley ou A Place To Bury Strangers, entre outros.

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Moonspell GuimarãesA missa dos lobos

Quando, há 20 anos, gravaram o disco Irreligious, nunca os Moonspell imaginaram o quanto a sua vida iria mudar a partir daí. Não que fossem, na altura, uns completos desconhecidos. A banda formada em 1992, na Brandoa, já tinha editado o álbum de estreia Wolfheart, que os colocou no radar dos fãs do metal mais underground, aquém e além-fronteiras, mas seria só após esse segundo registo de originais

que o universo estético e artístico dos Moonspell, como hoje o conhecemos, começou finalmente a tomar forma. Em Irreligious, o black-metal dos primeiros tempos deu lugar a um encontro entre o metal e o rock gótico, que haveria de se tornar, nas palavras do vocalista Fernando Ribeiro, na “pedra de toque” dos Moonspell. Não é por acaso que o single Opium, um tema inspirado no poema Opiário, de Álvaro de Campos, continua, ainda hoje, a ser uma das músicas mais celebradas nos concertos. À época, o disco vendeu mais de 100 mil exemplares (a maior parte deles na Alemanha), mas entretanto tornou-se uma raridade, chegando a atingir preços de centenas de euros em leilões on-line.

Irreligious foi agora reeditado, em outubro, numa edição especial de aniversário, que antecedeu estes concertos de comemoração, onde irá ser tocado na íntegra. Ao vivo, a banda vai também interpretar o primeiro álbum, Wolfheart, e último, Extinct, saído no ano passado. Ao todo, serão mais de duas horas num espetáculo que se divide em três partes e com alguns convidados especiais. Será uma autêntica missa de irreligiosidade para verdadeiros fiéis. M.J.

Multiusos de Guimarães > Al. Cidade de Lisboa, 481, Guimarães > T. 253 520 300 > 2 dez, sex 22h > €17 a €25

A maior banda de heavy-metal portuguesa celebra em palco os 20 anos do disco “Irreligious”, que lhes abriu as portas do mercado internacional

Angélique Kidjo LisboaA cantora e compositora do Benim vem a Lisboa para apresentar o último e aclamado disco de originais, Eve, um trabalho inspirado na sua mãe e dedicado a todas as mulheres de África. Considerada uma das maiores divas de África e desde há alguns anos também Embaixadora da Boa Vontade da UNICEF, já foi quatro vezes nomeada para os Grammys e venceu o prémio de Melhor Disco do Ano da World Music em três ocasiões.

Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna, 45ª, Lisboa > T. 21 782 3000 > 1 dez, qui 21h > €30

James LisboaA icónica banda pop de Manchester liderada por Tim Booth é desde há bastante tempo visita regular a Portugal, onde já deu mais de duas dezenas de concertos. Depois de no verão terem atuado no festival Marés Vivas, regressam agora em nome próprio, para apresentar o novo disco Girl At The End Of The World, num espetáculo onde decerto também não faltarão temas mais conhecidos como Sit Down, Born of Frustration ou Sometimes.

Meo Arena > Rossio dos Olivais, Lisboa > T. 21 891 84 09 > 4 dez, dom 21h30 > €28 a €32

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V E R

Tem sido um ano pródigo em novidades para Capicua, este 2016. Depois do disco infantil Mão Verde, feito em parceria com Pedro Geraldes, dos Linda Martini, a rapper portuense apresenta-se agora, e pela primeira vez, acompanhada em palco por uma banda a sério, ou seja, com instrumentos reais e tocados ao vivo. Um dos nomes mais aclamados do

universo hip-hop nacional, Capicua sempre fez da palavra o seu principal cartão de visita, com rimas assertivas e atuais, que a todos tocam de forma transversal e transgeracional. Tal não significa que a música seja deixada para segundo plano, muito pelo contrário, como facilmente se constata ao ouvi-la, seja em disco ou ao vivo. E foi precisamente para valorizar esse lado musical, tantas vezes subvalorizado, que convidou Sérgio Alves (teclados), Luís Montenegro (baixo, guitarra e sintetizadores) e Ricardo Coelho (bateria) a juntarem-se aos habituais D-One e Virtus nos pratos e M7 nos raps, para um inovador espetáculo, no qual percorrerá o seu repertório sob uma nova perspetiva, com arranjos inéditos tocados por músicos de carne e osso. Se o hip-hop é feito de experimentação, então, é caso para dizer que, nesta noite, Capicua estará novamente a levá-lo (e a si própria) um pouco mais além. M.J.

Capicua LisboaA palavra e a música

Centro Cultural de Belém > Pç. do Império, Lisboa > T. 21 361 26 97 > 2 dez, sex 21h > €7,70 a €15

D.R.

A rapper portuense apresenta um novo espetáculo, no qual, pela primeira vez, surge acompanhada por uma banda

Com arranjos inéditos para as suas músicas,

Capicua levará o hip-hop um pouco mais além neste concerto no CCB

Mallu Magalhães PortoEra pouco mais que uma adolescente quando se deu a conhecer, primeiro na internet, onde se tornou num verdadeiro fenómeno de culto, e depois ao vivo. Tinha apenas 16 anos quando gravou o primeiro álbum homónimo, mas seria apenas com Pitanga, o terceiro disco de originais, lançado em 2011, que se tornaria numa das maiores estrelas emergentes da MPB. Com 24 anos, é casada com o músico brasileiro Marcelo Camelo, com quem vive em Lisboa, e portanto vai estar a jogar em casa nesta minidigressão portuguesa, que serve para apresentar Saudade, um espetáculo mais intimista, apenas com voz e violão, no qual, além de recuperar alguns temas mais antigos, irá também apresentar algumas das canções a incluir no novo disco a solo, com edição prevista para a primavera do próximo ano.

Casa da Música > Av. da Boavista, 604/610, Porto > T. 22 012 0290 > 7 dez, qua 21h30 > €20

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Da bandeira nazi à bandeira da União Europeia. De um lado os fascistas, do outro os democratas. Mas as divisões não terminam aqui. Entre os democratas há quem acredite que a democracia não corre perigo e quem pressinta a ascensão incontrolável do poder nazi. “Não existem maus, só há é gente pobre demais”, grita um dos camaradas que discute a situação política num café de bairro. O texto do

dramaturgo Ödön von Horváth Noite da Liberdade recupera o confronto entre os defensores da República de Weimar e os grupos armados nazis na Alemanha dos anos 30 do século passado. Escrita em 1931, a peça é uma crítica à passividade dos democratas que desvalorizaram a ameaça da extrema-direita. “Proponho esperar tranquilamente pelo desenrolar dos acontecimentos”, sugere um deles. O encenador Rodrigo Francisco sentiu os ecos de atualidade do texto e, nos últimos tempos, é como se “a realidade se tivesse adaptado à ficção”, nota. A eleição do caricatural Donald Trump para a presidência dos EUA tornou-se, no seu entender, disso exemplo.

Durante a peça, o espectador vai sendo puxado para a atualidade por elementos inesperados, como o mais revolucionário dos camaradas vestir uma t-shirt dos Xutos & Pontapés ou os fascistas serem representados de traje académico, espelhando as recentes polémicas com as praxes universitárias. A festa da Noite da Liberdade, uma celebração da democracia, é perturbada pelo Dia da Pátria, que os fascistas agendam para a mesma data. E até escolhem o mesmo café. O dono do estabelecimento, enquadrado pelas doze estrelas da bandeira da União Europeia, está tão bem com uns como com outros. “É a figura dos tecnocratas que querem que assim seja”, esclarece o encenador. As contradições entre os interesses individuais e coletivos também são discutidas – até nas escolhas amorosas elas se manifestam. Trair a causa por uma mulher ou pedir à namorada para se infiltrar nos fascistas? Dilemas à parte, há uma certeza, afirma Rodrigo Francisco: “Para defender a democracia não basta celebrá-la como se fosse uma efeméride.” Vânia Maia

Noite da Liberdade Almada Cerco à democracia

Teatro Municipal Joaquim Benite > Av. Prof. Egas Moniz, Almada > T. 21 273 9360 > 2-11 dez e 11-29 jan, qua-sáb 21h, dom 16h > €6,50 a €13

MÁR

IO J

OÃO

DR

Ao regressar ao passado, até ao dealbar do poder nazi, a Companhia de Teatro de Almada aponta ao futuro e questiona como se salva a democracia quando os cidadãos já não a defendem

Sonho de Uma Noite de Verão LisboaA Companhia Maior, composta por atores com mais de 60 anos, está de volta ao palco, este ano sob a direção de Tónan Quito. Vinte atores interpretam o clássico de William Shakespeare Sonho de Uma Noite de Verão. “Interessava-me, não que fossem redescobrir a juventude, mas perceber o que têm a dizer sobre o amor”, diz o encenador. “É muito bonito vê-los a dizer que se amam”, acrescenta. O texto, repleto de excitação juvenil e cegueira amorosa, ganha aqui uma outra visão, mais madura e experiente, por vezes percetível apenas em discretos sorrisos trocistas ou em ligeiras inibições. “Que tolos que são estes mortais”, dirá o elfo, como que a ecoar esse olhar. “Assim anda o destino da humanidade: um milhão de mentiras para cada verdade”, há de ouvir-se também, numa encenação despojada de artifícios, que nos faz ainda mais atentos às palavras daqueles que se levantam das cadeiras ao fundo do palco e entram na cidade ou no bosque de Shakespeare. Ali sobreviverão aos amores e desamores, à noite e à solidão. G.L.

Centro Cultural de Belém > Pç. do Império, Lisboa > T. 21 361 2400 > 2-4 dez, sex-sáb 21h, dom 16h > €5 a €15

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V E R

O porteiro está inquieto. Impecavelmente fardado, arrisca acordar a moradora do sexto andar de madrugada para lhe perguntar que número vem a seguir ao seis. Uma dúvida absurda, dir-lhe-á a mulher. Na verdade, serão precisamente seis as cenas a desenrolarem-se diante dos olhos dos espectadores. O mesmo porteiro abre as portas

que permitem entrar na intimidade dos habitantes daquilo que parece ser um edifício decrépito, rodeado de um cenário apocalíptico. Serão eles sobreviventes? Serão eles refugiados? Serão eles resistentes? Todos parecem ter reconstruído o seu mundo dentro dos cubículos onde vivem. Sempre à medida das suas profissões ou daquela que é a sua imagem institucional, “como se só os uniformizados se safassem”, explica o encenador João Brites. Esta mordaz crítica social e política inclui textos das peças Contra o Amor e Contra a Democracia, do catalão Esteve Soler. O título encerra a primeira provocação: Ser ou não ser do contra, eis a questão. Ser contra o que se institucionalizou ser o progresso. Ser contra o que se institucionalizou ser o amor. Ser contra o que se institucionalizou ser a democracia.

Há mulheres que se escaqueiram no chão como um qualquer vaso mal tratado, jovens que só conseguem sentir alguma coisa com a ajuda de pílulas miraculosas (“eu compro coca-cola porque tem uma dose extra de amor que as outras marcas não têm”) e, até, pais que anunciam ao filho que ele foi um aborto falhado. João Brites chama-lhe uma “comédia dramática”. Negra, acrescentamos nós. Neste jogo de absurdos o espectador confronta-se com questões que se relacionam com o real. E com as ficções que escolhemos ou não viver. “Às vezes estamos tão ocupados com ninharias que não vemos o mais perturbador”, alerta o encenador. Às vezes – a maior parte delas – não há nada mais absurdo do que a realidade. V.M.

Do Contra PalmelaO absurdo da realidade

Teatro O Bando > Vale dos Barris, Palmela > T. 21 233 6850 > 1-11 dez, qui-sáb 21h, dom 17h > €8 a €12

MÁR

IO J

OÃO

Uma comédia negra, trazida à cena pelo Teatro O Bando, questiona até que ponto é hoje urgente ser “do contra”

Esta parceria entre o Teatro O Bando e o coletivo brasileiro Teatro do Instante revela-se, em palco, através do elenco, composto por seis atores do Brasil e quatro de Portugal (mas todos falam com sotaque brasileiro).

FINTA TondelaOs 40 anos da ACERT, celebrados ao longo de 2016, foram marcados pela itinerância e pela conquista de amigos dentro e fora de portas. Nesta 22ª edição do FINTA, alguns desses amigos foram convidados a revisitarem Tondela e espetáculos marcantes do festival. Assim, a abrir o programa do Festival Internacional de Teatro ACERT, na terça, 6, está o grupo moçambicano Mutumbela Gogo, com o espetáculo Meninos de Ninguém, um texto de Mia Couto sobre as crianças de rua que andam pelas cidades de Moçambique. De Espanha, chega o Teatro Corsario, com um êxito da primeira edição do FINTA, A Maldição de Poe, espetáculo de marionetas baseado nos contos de Edgar Allan Poe. As companhias portuguesas também marcam presença, como a Jangada Teatro, com A Fera Amansada, ou a Bonifrates, com Diz a Verdade ao Poder. Oportunidade ainda para ver a mais recente produção da Trigo Limpo: A Ilha Desconhecida, a adaptação do conto de José Saramago. J.L.

ACERT > R. Dr. Ricardo Mota, Tondela > T. 232 814 400 > 6-10 dez, ter-sáb 21h45 > €6, €25 (caderneta)

Untitled-6 1 25-11-2016 16:10:04

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Para dar nome à exposição, Bela Silva escolheu

Facing Forward: Poems of Courage,

título de um dos livros. “Com

tudo o que está a acontecer no

mundo, é isso que precisamos. Estar

facing forward e ler poemas de

coragem. Ter otimismo”

Facing Forward LisboaNão há acasos

Um dia, Nuno Cardoso, da galeria Objectismo, em Lisboa, encontrou na rua umas capas de livros antigos e lembrou-se de Bela Silva, ligando-lhe a perguntar se não poderia com isso criar alguma coisa. A dois mil

quilómetros de distância, em Bruxelas, a artista plástica também andava a trabalhar na mesma temática, ela que todos os dias, a caminho do ateliê, passa por uma feira da ladra e encontra sempre qualquer coisa. Não há acasos, pois.

A história serve para contar como surgiu Facing Forward, título que dá nome à exposição que está, até meados de dezembro, na Objectismo. “É uma homenagem ao livro e à leitura, e acaba por ser um trabalho diferente do habitual”, diz Bela Silva que, a partir das tais capas e dos papéis que as forram, criou pequenos cenários, habitados por figuras que vai acumulando no seu ateliê – um gorila, uma flor,

Galeria Objectismo > R. D. Pedro V, 55, Lisboa > T. 21 347 0050 > até 16 dez, ter-sáb 15h-19h

Nesta exposição, Bela Silva faz uma homenagem ao livro e à leitura

um tigre, uma bola, uma cabeça com bigode, um cantor francês e outros bichos – muitas em madeira ou em papelão, algumas de plástico e outras de chumbo. A artista joga depois com os títulos que deu a cada um dos 10 teatros imaginados: há Um espelho que dá para um mundo mais colorido, Refeição ou Namoro, Um idílio de verão que dura há muitos inversos ou ainda Somos dois, não te deixo só. I.B.

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O realizador José Barahona opta por um estilo híbrido, trazendo para a

ficção elementos do documentário

José Barahona é um realizador português que emigrou para o Brasil, com o afinco de prosseguir o ofício de cineasta, em tempos em que a crise agravou ainda mais as dificuldades de fazer cinema em Portugal. Curiosamente, a sua estreia em longa-metragem de ficção fala de um brasileiro que rumou a Portugal em busca de melhor sorte. Há assim um

jogo invertido de espelhos, entre a personagem e o próprio realizador.Sérgio tem uma história comum. Retrato típico da onda de imigração

brasileira em Portugal, que atingiu o auge na primeira década do século XXI. Acompanhamos de perto este caso exemplar. Da sua vida pacata e tranquila, numa pequena cidade do estado de Minas Gerais, até ao construir e desmoronar do sonho português. Lisboa é o El Dorado deste brasileiro, o paraíso de onde nada mais se espera senão boa gente e prosperidade.

Estive em Lisboa e Lembrei de Você parte do livro de Luiz Ruffato. E Barahona procura, na medida do possível, manter-se fiel à estrutura da obra. Também por isso opta por um estilo híbrido, trazendo para a ficção elementos do documentário (género em que tem trabalhado), colocando, por exemplo, o ator a falar diretamente para a câmara a contar-nos a sua história. Da mesma forma, salvo os papéis principais, recorre a não atores, apostando também numa maior liberdade interpretativa, dando ao filme uma naturalidade realista própria dos documentários. Estive em Lisboa e Lembrei de Você fala-nos do outro lado da imigração, uma oportunidade para olharmos para nós próprios através dos olhos dos outros. Manuel Halpern

Estive em Lisboa e Lembrei de Você O sonho português

De José Barahona, a partir de Luiz Ruffato, com Paulo Azevedo, Renata Ferraz, Amanda Fontoura > 94 min

D.R.

Saudades do Brasil em Portugal, num filme que conta a desventura de um imigrante de Minas Gerais em Lisboa

Mostra de Cinema Israelita LisboaSete filmes recentes e premiados fazem a nona Mostra de Cinema Israelita, uma demonstração pujante da qualidade e diversidade da cinematografia de Israel, muitas vezes contestatária das tomadas de posição dos seus governantes. É o caso de Junction 48, de Udi Aloni, que esteve no último Festival de Berlim. Conta a história de um jovem rapper, que vive numa cidade árabe e judaica, com grande tensão racial, que é ampliada quando surge o grupo de judeus radicais. Baba Joon, de Yuval Delshad, leva-nos a um conflito no seio de uma família oriunda do Irão, que gere um celeiro de criação de perus. Em The Women's Balcony, de Emil Ben-Shimon, presente no Festival de Toronto, um acutilante e ousado olhar sobre a religião, no seio do judaísmo ortodoxo. O fanatismo religioso também está presente em A Quiet Heart, de Eitan Anner, através dos relacionamentos de uma jovem música com um judeu ortodoxo e com um monge católico italiano. The Last Band in Lebannon, de Bem Bachar e Itzik Kricheli, leva-nos à traumática guerra com o Líbano, desmontando um esquema de corrupção protagonizado pela banda de rock do exército. M.H.

Cinema City Alvalade > Av. de Roma, 100, Lisboa > T. 21 841 3040 > 1-7 dez

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L I V R O S E D I S C O S

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Sem janela por onde entrasse luz natural, a cela onde Luaty Beirão foi aferrolhado quando chegou à prisão de Calomboloca, na periferia de Luanda, em junho de 2015, era conhecida como “a cela dos 21 dias”, por ser esse o tempo máximo que os presos malcomportados ali eram deixados em isolamento. Detido juntamente com outros 16 ativistas,

quando discutiam um livro considerado maldito pelo regime de José Eduardo dos Santos, Luaty estava ali fechado há oito dias quando lhe foi finalmente permitido ter papel e caneta. “Naquele instante, era o melhor presente do mundo”, recorda o músico, cuja detenção acabou por durar mais de um ano, incluindo três meses de prisão domiciliária e uma greve de fome de 36 dias.

São as anotações que toma a partir desse momento o coração deste Sou Então Mais Livre, Então – Diário de um preso político angolano. Ou melhor: são parte dessas notas, as tomadas num primeiro caderno (115 páginas escritas em 13 dias), pois um segundo volume foi apreendido pelas autoridades prisionais (o primeiro safou-se porque saiu clandestinamente da prisão). Um terceiro conjunto é também aqui publicado, mas não tem já a forma de diário. Luaty evitou o tom confessional, porque o caderno havia sido oferecido pela psicóloga- -chefe da prisão, com o objetivo de iniciarem “sessões de diálogo”.

O ativista começa pelos “elogios” (a humanidade dos funcionários, por exemplo) e segue descrevendo o seu quotidiano, que, com o passar do tempo, e apesar de já lhe ser permitido ir ao pátio e ter visitas, vai pesando. Os motivos da recusa em aceitar comida (e a primeira vez em que come obriga o guarda a provar antes dele), os livros que o reeducador da prisão não autoriza, as conversas com o diretor da prisão – mas também os sonhos, as notícias da solidariedade no exterior (Agualusa sempre presente), os desenhos do espaço da prisão, as ideias e rimas para canções. É, aliás, uma delas que dá título ao livro, dedicado a José Eduardo dos Santos “por ter propiciado a minha passagem de irreverente malcriado a ícone da juventude”. Cláudia Lobo

Sou Então Mais Livre, Então Luaty BeirãoO que não mata faz-nos mais fortes

Além dos escritos de Luaty Beirão na prisão, Sou Então Mais Livre, Então (Tinta da China, 276 págs., €15,90) inclui uma grande entrevista feita por Carlos Vaz Marques ao músico (e à sua mulher), por Skype, em outubro deste ano

D.R.

Diário dos dias de prisão do mais conhecido ativista angolano contra o regime de José Eduardo dos Santos

Quando a TV Parava o País João GobernUma viagem no tempo pela “caixinha que mudou o mundo”, eis o que faz João Gobern ao longo dos 101 textinhos-crónicas que compõem o livro Quando a TV Parava o País (Matéria-Prima, 229 págs., €17). Jornalista há mais de 30 anos, crítico de televisão durante mais de uma década em jornais e revistas, ele próprio hoje uma figura da televisão, dono de uma memória prodigiosa e de uma escrita saborosa, Gobern passeia pelos programas e pelas personagens que marcaram a televisão portuguesa entre 1958 e 1992. Centrando- -se sobretudo na produção nacional (sem deixar de referir séries e programas estrangeiros), o livro está organizado por áreas, dedicadas aos programas familiares, programas juvenis e infantis, jornalistas, intelectuais e nomes atrás das câmaras. Um “álbum de recordações” que nos faz descobrir, entre outras coisas, que Maria Elisa apresentou o Festival da Canção em 1975 ou que Sousa Veloso encerrava o seu TV Rural sempre com a mesma frase: “Despeço-me, com amizade, até ao próximo programa.” C.L.

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L I V R O S E D I S C O S

Nua Gisela JoãoSempre autêntica

D.R.

Depois do êxito em toda a linha da sua estreia em disco (com Gisela João, de 2013), a fadista nascida em Barcelos em 1983 viu-se naquele dilema clássico: e agora, o que fazer para o segundo disco? Perante esta questão recorrente há artistas que escolhem uma rutura com o primeiro

trabalho, para evitar repetições e poderem mostrar do que são capazes, e outros que, sem medos, seguem exatamente o mesmo caminho, até correndo o risco de serem acusados de se fixarem numa fórmula. O regresso de Gisela João encaixa melhor, claramente, na segunda hipótese. Aliás, em vários aspectos, Nua tem semelhanças simétricas com o disco anterior. Em 2013 a rapper Capicua reescrevia (A Casa) da Mariquinhas, agora conta-nos uma história da noite de São João no Porto. Há três anos, Gisela não hesitava em entrecortar os fados com um Bailarico Saloio e uns Malhões e Vira; agora temos o folclore de Lá na Minha Aldeia (“Repara Maria que assim como eu faço é que é!”). Ricardo Parreira e a sua guitarra portuguesa continuam na ficha técnica, assim como uma irrepreensível seleção de fado puro e duro, com letras antigas e contemporâneas. A voz de Gisela, essa, consegue soar tão autêntica e poderosa nos momentos de gravidade intensa como naqueles de descontração e jovialidade (por exemplo, na sua versão de O Senhor Extraterrestre, letra de Carlos Paião para uma interpretação de Amália em 1981).

Mas também há novidades, em forma de viagem. Na direção das canções brasileiras de Cartola (As Rosas Não Falam e O Mundo é um Moinho) e da poderosíssima La Llorona, celebrizada por Chavela Vargas.

No resto, é mais do mesmo? Talvez, mas o “mesmo” era tão bom que nós só podemos agradecer. Pedro Dias de Almeida

Como é que a fadista superou o difícil teste do segundo disco? Com distinção, sem inventar (muito)

As letras que encontramos no novo disco de Gisela João, Nua, vão de Capicua a Alexandre O'Neill, de Carlos Paião a Pedro Homem de Melo, de Cartola a David Mourão--Ferreira. Sem nunca sacrificar a coerência de um disco maioritariamente de fado

The Early Years 1965 – 1972 Cre/ation Pink FloydQuando, ainda durante o verão, foi anunciada a edição da caixa The Early Years, os fãs dos Pink Floyd rejubilaram como há muito não acontecia. Depois de The Endless River, primeiro álbum de originais em 20 anos, editado em 2014, era agora tempo de regressar ao passado, a esses gloriosos dias do final dos anos 60 e início dos 70 – desde o momento em que Roger Waters, Richard Wright, Nick Mason e Syd Barrett se conheceram, em Londres, até à partida deste último e consequente entrada de David Gilmour para a banda. A dita caixa contém 130 faixas, entre elas mais de 20 temas inéditos, além de 15 horas de vídeos, entre gravações para televisão, concertos e entrevistas. Um verdadeiro maná para fãs e colecionadores, não fosse o quase proibitivo preço, a rondar os 500 euros. O que nos traz até este disco, The Early Years 1965 – 1972 Cre/ation, que resume em 27 temas (19 deles inéditos), distribuídos por dois discos, o conteúdo da caixa. Para os fãs poderá saber a pouco, mas para quem apenas conhece os Pink Floyd a partir dos álbuns mais célebres, é um excelente ponto de partida para apreciar a evolução da banda até chegar a es sa obra-prima que é The Dark Side of the Moon, bem como para compreender a importância da banda enquanto percursora (ou até mesmo inventora) do rock psicadélico, hoje novamente tão em voga. M.J.

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T V

Jamie Oliver: Receitas Saudáveis Para Toda a Família 24KitchenSempre que Jamie Oliver fala, dá que falar. Ainda recentemente arriscou (e porventura demais) ao comparar os perigos da obesidade infanto-juvenil em Inglaterra com a ameaça do Estado Islâmico. Polémicas à parte, sempre que faz um novo programa, também é notícia. Já vimos o chefe britânico a apanhar trufas nos Pirenéus, a pescar com lança, numa ilha perto de Atenas, a comer arenque na Suécia e camarões doces em Veneza. Depois viajou até à Costa Rica, Japão e ilhas gregas, à procura das razões da longevidade destas populações. Agora, nestes novos seis episódios de Jamie Oliver: Receitas Saudáveis Para Toda a Família, centra-se nas idas à Sardenha, Suíça e Coreia do Sul. Provou um dos 167 tipos de fermentações de kimchi, base da alimentação coreana, foi a pastagens de vacas nas montanhas suíças, explorou o mundo de Willy Wonka numa fábrica de chocolate, visitou plantações de tomate e vinhas familiares em terras italianas. No fim, há receitas para partilhar com informações nutricionais, incluindo a quantidade de legumes e frutas que cada prato deve levar. S.C.

Estreia 4 dez, dom 19h

MacGyver FOXNostalgia e muito mais ação

Estreia 6 dez, ter 22h15 (episódio duplo)

Os 30 anos que já passaram desde que MacGyver foi exibido na televisão portuguesa dão-nos a distância para nos rirmos de algo que, na época, parecia espetacular. Aos domingos à tarde, MacGyver impressionava, ao desenrascar-se das situações mais absurdas e perigosas com objetos tão simples como canivete suíço, clips, pastilhas elásticas,

fósforos, fita adesiva, ganchos, sacos ou parafusos. A personagem que marcou para sempre a carreira do ator Richard Dean Anderson, hoje com 66 anos, usava tudo o que estava à mão para construir engenhos explosivos artesanais que salvavam o herói. Nesses tempos, o cabelo de MacGyver, estilo mullet, curto à frente e comprido atrás, é uma imagem tão datada como os chumaços. Este herói que tinha qualquer coisa de James Bond, menos violento e com medo das alturas, protagonizou a série de culto (1985-1992) com sete temporadas e 139 episódios. Agora, depois do regresso de Ficheiros Secretos e antes dos novos episódios de Twin Peaks, este reboot (nova versão de uma série já existente) apresenta Angus, o filho de MacGyver, mais moderno e com a devida atualização tecnológica. O papel desempenhado pelo ator americano Lucas Till (Alex Summers na saga X-Men) terá cenas com mais confronto físico do que no original, nos 22 episódios desta primeira temporada. Angus MacGyver cria uma organização clandestina dentro do Governo americano, onde usa o seu talento e o conhecimento científico para resolver problemas de forma pouco convencional e salvar vidas. A seu lado, nas missões de alto risco, estão Jack Dalton (George Eads de C.S.I.), antigo agente da CIA, Patricia Thornton (Sandrine Holt), uma ex-operacional reconvertida em diretora de operações e Riley Davis (Tristin Mays), uma imprevisível hacker. Para nostálgicos com sentido de humor. Sónia Calheiros

D.R.

O herói dos anos 80 passou o testemunho e o canivete suíço e, agora, este “reboot” da série de culto apresenta o seu filho

Haverá uma antestreia da série MacGy-ver na próxima segunda-feira, 5, às 21 horas, nos cinemas NOS, no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, e no NorteSho-pping, em Matosinhos. Até dia 2, informações em nos.pt sobre como ganhar convites.

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E S C A P A R

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Roda do Pico 5, Rabo de Peixe, Ribeira Grande, São Miguel, Açores > T. 296 491 062 > a partir de €76

Pico do Refúgio – Casas de Campo São MiguelOs Açores no centro do mundo

Está cheia de histórias, esta quinta – Bernardo Brito e Abreu conta-nos algumas, à volta da mesa comprida de madeira, na sala que em tempos serviu de cave de vinhos e que agora recebe quem chega ao Pico do Refúgio –

Casas de Campo. Aqui mesmo, ao pequeno-almoço, já as terão ouvido também os hóspedes deste turismo na costa norte de São Miguel, nos Açores. A herdade, construída no início do século XVII, foi forte de milícias, quinta de laranjais e fábrica de chá. Hoje, quem aqui chega vem em busca de tranquilidade e encontra-a em passeios por estes 20 hectares, com o mar mesmo ali ao lado, mas também em mergulhos na piscina ou banhos de sol quando o tempo ajuda. E se o clima pedir aconchego, não faltam lareiras por cá.

Bernardo Brito e Abreu, antigo marinheiro e atual estudante de arquitetura, não quis deixar ao abandono a quinta da família. Transformou as casas ali existentes em cinco lofts e três apartamentos, todos T1 com cozinha aberta para a sala, todos confortáveis e todos muito bonitos. Nas paredes, saltam à vista desenhos, quadros e fotografias – alguns são resultado das residências artísticas de um mês que ali se organizam.

A realizadora Cláudia Varejão foi a mais recente hóspede-artista do Pico do Refúgio e por lá já passaram, entre outros, o artista plástico Miguel Palma, os fotógrafos Daniel Blaufuks e António Júlio Duarte, o bailarino e coreógrafo Gustavo Ciríaco e o músico Thurston Moore. No final da residência, deixam uma obra, que Bernardo expõe nas áreas comuns. “A coleção de arte e design do Pico do Refúgio é para os hóspedes”, sublinha.

A ideia das residências é uma outra história das que este lugar tem. O historiador de arte Luís Bernardo Leite de Ataíde, bisavô de Bernardo, fazia da quinta a sua casa de campo, tal como, depois, o fez também a sua avó, a pintora Maria Luísa Ataíde. Mas foi sobretudo a mãe de Bernardo que o inspirou: Luísa Constantina, escultora e professora de arte, viveu aqui e convidava, com frequência, os seus alunos. “Ter aqui residências é como fazer aquilo que a minha mãe fazia quando era viva e trazia artistas e estudantes de arte que vinham para cá acampar. Lembro-me de ser pequeno e de estar aqui com eles. É como um legado. Acredito que as pessoas devem continuar a vir”, afirma. Os Açores no centro do mundo, pois. E da tranquilidade, também. Gabriela Lourenço

Na ilha açoriana, longe de invasões e atrações turísticas, Bernardo Brito e Abreu transformou uma quinta do século XVII num lugar de tranquilidade e de artes

A ideia de Bernardo Brito e Abreu é desenhar novos espaços dentro da propriedade do Pico do Refúgio. Um deles, garante o futuro arquiteto, há de ser uma galeria.

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J O G O S

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Palavras cruzadas

Quiz

DÊ-NOS NOTÍCIAS > T.21 469 8101 > T. 22 043 7025 > [email protected]

Sudoku D I F Í C I L

SOLUÇÕ

ES

>> HORIZONTAIS >> 1. O (…) já não é só campos a perder de vista e praias quase virgens – está a mexer e a mudar como nunca, e a culpa também é de gente inspirada, paciente e persistente, capaz de imprimir novos estilos de vida com os seus pequenos-grandes projetos. Sociedade Anónima (abrev.). // 2. A si mesmo. Os mais antigos antepassados da família indo-europeia. // 3. Exprime a ideia de em volta de, ao redor de (pref.). Campeonato profissional norte-americano de basquetebol (sigla). // 4. Sufixo diminutivo. Mitriforme. // 5. Grande massa de água salgada. Tornar a ler. // 6. Ave palmípede, espécie de pato. A (…) de Cristina Ferreira como ela nunca a contou – a infância, a aldeia, as férias passadas em barracas e os dias na feira da Malveira a vender enxovais com os tios e a servir à mesa com os pais. // 7. Presenteia. Terceira vogal (pl.). // 8. Educandos. Preposição. // 9. Realizei. Doença. Alienei. // 10. O mesmo. Lotar. // 11. Doença infeciosa que ataca o gado cavalar e asinino, transmissível ao homem, e que é caracterizada por corrimento de pus pelas vias nasais. Murmúrio.>> VERTICAIS >> 1. Pele ou sola que se põe nos remos junto ao tolete para que não se desgastem pelo atrito. Parente por afinidade. // 2. Que cria suco leitoso. Passado. // 3. Tornar mais raro. // 4. Doçura (fig.). Milímetro (abrev.). // 5. Cerca de 200 nacionalistas do Instituto de Política Nacional, um grupo defensor da supremacia branca, reuniu-se para celebrar a vitória de (…) e aquilo que ela significa para o movimento de extrema direita – a”identidade branca” e as “causas anti-imigração”. Bebida alcoólica, proveniente da destilação do melaço. // 6. Terceira nota da escala musical. Venoso. // 7. Imediatamente. Que tem três cores. // 8. Sufixo de agente ou profissão. Há quem pense que ter um perfil interessante, atrativo e inteligente nas (…) sociais pode ser benéfico para a atividade profissional – mas há também quem pense o contrário e acredite mesmo que esses perfis podem arruinar uma carreira. A tua pessoa. // 9. Aspira. Definido (abrev.). // 10. Cor negra nos brasões. Imaginário. // 11. Membro guarnecido de penas que serve às aves para voar. Achatado.

>> HORIZONTAIS >> 1. Alentejo, SA. // 2. Se, Árias. // 3. Circum, NBA. // 4. Ota, Mitral. // 5. Mar, Reler. // 6. Adem, Vida. // 7. Oferece, Is. // 8. Alunos, De. // 9. Fiz, Mal, Dei. // 10. Idem, Lotear. // 11. Mormo, Ruflo. >> VERTICAIS >> 1. Ascoma, Afim. // 2. Leitado, Ido. // 3. Rarefazer. // 4. Mel, Mm. // 5. Trump, Rum. // 6. Mi, Venal. // 7. Já, Tricolor. // 8. Or, Redes, Tu. // 9. Inala, Def. // 10. Sable, Ideal. // 11. Asa, Raseiro.

1. Uma História Americana, filme de estreia do ator Ewan McGregor como realizador, baseia-se num livro de... A. Don DeLilloB. Cormac McCarthyC. Philip Roth 2. Para onde emigrou, com 19 anos, o comendador Joe Berardo?A. BrasilB. EUAC. África do Sul 3. Qual o nome próprio do músico conhecido como Agir?A. BernardoB. AfonsoC. Rodrigo 4. Qual destes discos não é dos Deolinda?A. Dois Selos e um CarimboB. Lado LunarC. Outras Histórias 5. Em que ano foi fundada a marca portuguesa de brinquedos Majora?A. 1902B. 1922C. 1939

6. Que ator interpretou o papel de Donald Trump no programa televisivo Saturday Night Live?A. Jude LawB. Alec BaldwinC. Kevin Spacey 7. Quem é a apresentadora do programa da SIC Best Bakery?A. Ana GuiomarB. Sílvia AlbertoC. Helena Coelho 8. Onde decorre a ação do novo filme de Martin Scorsese, Silêncio?A. IslândiaB. JapãoC. Vietname 9. Como se chama o novo romance do escritor Afonso Cruz?A. O crocodilo que voaB. Nem todas as baleias voamC. Todas as gazelas voam 10. Que banda portuguesa vai atuar no Bataclan, em Paris, a 29 de janeiro de 2017?A. Da WeaselB. ResistênciaC. Madredeus

P O R P E D R O D I A S D E A L M E I D A

>> QUIZ >> 1. C. // 2. C // 3. A // 4. B // 5. C // 6. B // 7. A // 8. B // 9. B // 10. B

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