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Os Sonhos do Piratinha nº 55 – outubro 2016
Editorial O Lar Marista de Ermesinde é uma obra social da nossa Província que tem como principal objetivo o
acolhimento de crianças e jovens em risco, abandonadas ou que integram famílias disfuncionais ou
multiproblemáticas.
Em 2013, a partir da reflexão interna para o Plano Estratégico do Lar, da avaliação do trabalho realizado e
das nossas práticas quotidianas, surge o sonho..., investir em novas áreas de intervenção. Atendendo à
necessidade emergente de implementar respostas
destinadas ao acolhimento terapêutico para crianças e
jovens portadores de deficiência e/ou doença crónica
aliada a situação de perigo, o Lar Marista de Ermesinde
é, desde dezembro de 2015, uma Casa de Acolhimento
Residencial Especializada/Terapêutica para esta
população! – o sonho concretiza-se!
As casas de acolhimento residencial especializado são
uma nova realidade em Portugal existindo, neste
momento, para além do Lar Marista de Ermesinde,
apenas mais 5 casas deste tipo. O fator diferenciador e
de inovação social da nossa resposta radica-se no facto
de ser a única especializada na área da deficiência e/ou
doença crónica. A nossa casa pode acolher até 23
crianças exclusivamente com estas características, 12
rapazes e 11 raparigas, com idade igual ou superior a 6
anos e inferior ou igual a 17 anos.
Um novo começo... um novo desafio!
Vivemos numa agitação constante, saudável e
desejada. Numa correria entre o Lar e a escola, o Lar e
as atividades, o Lar e o Hospital… Quantas vezes, a horas “impróprias”, estamos junto a uma cama ou nos
cuidados intensivos acompanhando uma criança que está internada ou que acaba uma cirurgia, recordando
que aquele menino é, hoje, um jovem Montagne. Quantas vezes o nosso gabinete é invadido no meio de uma
reunião ou de um trabalho importante (se é que, não é mais importante, acolher e brincar com uma destas
crianças) e a nossa cadeira serve, por momentos, de carrossel para essa menina que fugiu da Educadora que
a vem buscar toda preocupada! Quantas vezes nos comovemos com uma foto que surge no nosso telemóvel,
durante um dos nossos descansos, de um fim de semana ou de uma folga, e que nos mostra um sorriso, uma
travessura, uma atividade ou uma conquista que se afigurava impossível, mas que finalmente surge.
E hoje, em nós, vive o sonho! Começamos a adaptar-nos às suas fragilidades, às suas necessidades e
capacidades, mas sobretudo àquilo que nos surpreende, que nos motiva e nos faz lutar diariamente: aos
sorrisos inocentes e espontâneos, aos abraços tímidos e genuínos e aos olhares inspiradores e lutadores.
Paulo Jorge Pacheco, diretor
Os Sonhos do Piratinha nº 55 – outubro 2016
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Ano La Valla – agosto de 2016 a agosto de 2017
2017 – Bicentenário da fundação do instituto
A casa de La Valla será o ícone que orientará nosso terceiro ano, de agosto
de 2016 a agosto de 2017. A celebração central, como é fácil imaginar, será
em torno ao dia 2 de janeiro, quando comemoraremos 200 anos de nossa
fundação. Esta casa, recém renovada, consta de três andares. Cada um
deles carrega um simbolismo que podemos associar aos três anos de
preparação ao bicentenário.
Encontramo-nos no andar superior. Vem-nos à memória a comunidade
apostólica reunida também no andar superior no dia de Pentecostes.
Trata-se, de fato, do espaço da missão: ide e fazei discípulos por todo o
mundo... Um lugar amplo, luminoso, aberto ao mundo. Recorda-nos o ano Montagne e a chamada para nos
dirigir às fronteiras e às margens.
No andar térreo encontra-se a famosa mesa de nossas origens, que representa o símbolo da fraternidade.
Em torno dessa mesa sentaram-se o Pe. Champagnat e os primeiros irmãos. Hoje essa mesa se vê
enriquecida com a presença não apenas de irmãos, mas também de leigas e leigos maristas chamados a
construir uma Igreja de rosto mariano. É o ícone do segundo ano, o ano Fourvière: associados para a missão
marista.
O terceiro ano, que será o da preparação imediata ao XXII Capítulo Geral, vai-se concentrar mais nesta parte
da casa que, até bem pouco tempo atrás, permaneceu oculta aos visitantes.
É um pequeno espaço no subsolo, descendo as escadas. Simboliza aquele nosso espaço interior habitado
pelo Mistério. É o espaço da interioridade, da dimensão mística de nossas vidas.
Sabemos que o compromisso com o crescimento espiritual era algo fundamental para o Pe. Champagnat:
seu profundo espírito de fé o fazia viver na presença de Deus com toda a naturalidade, seja nos bosques de
L’ Hermitage ou nas ruidosas ruas de Paris.
Viver como ele implica cultivar o silêncio, dar tempo suficiente à oração pessoal e comunitária, colocar-se
na escuta da Palavra do Senhor, como Maria da Anunciação.
Como ela, que guardava e meditava todas as coisas em seu coração, dispomo-nos a ser contemplativos na
ação.
Os Sonhos do Piratinha nº 55 – outubro 2016
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Surf
“Hoje estivemos
na praia de Gaia
para fazer uma
atividade
organizada pela
escola
Fisherman Surf
School. O
objetivo de hoje
era aprender a surfar.
Quando chegámos à praia, fomos ter com os
professores da escola. Estava um dia perfeito para
a prática do surf. E deu-se início à aula. Foi
explicado pelo professor que precisávamos de um
fato de surf. Como nós não tínhamos, a escola
disponibilizou-nos uns fatos. Claro que não foi
tarefa fácil. Tivemos alguma dificuldade para os
vestir e pedimos ajuda.
De seguida, partimos em rumo às ondas. Mas
antes de entrarmos pelo mar adentro, o professor
explicou-nos que necessitávamos de fazer um
pequeno aquecimento, e pediu-nos para
corrermos. Depois
deste exercício,
solicitou que nos
sentássemos em
frente à prancha.
Explicou-nos que
para cada um
estariam
disponíveis
pranchas de surf.
Estas tinham um leash (uma corda elástica que
vem desde a prancha até ao tornozelo do surfista)
que previne que o surfista perca a prancha quando
cai na água. Neste momento os nossos olhos
arregalaram-se, porque nunca tivemos
oportunidade de estar perto de uma prancha de
surf e a maioria das pranchas eram maiores do que
nós. Estávamos um pouco apreensivos e com
algum medo de cair. Mas todo este receio foi
diluindo quando entramos no mar. Como dizem os
surfistas “bora lá por mar adentro”. Surfamos
deitados e é muito agradável e, dá-nos a sensação
de liberdade.
Depois experimentamos surfar de pé. Não foi fácil!
Para estar de pé em cima de uma prancha é
necessário muito equilíbrio. Após várias tentativas
e tombos lá conseguimos surfar em pé, parecíamos
o Leonardo DiCaprio no filme Titanic (I’m king off
the world).
Foi uma experiência muito agradável que
gostaríamos de repetir.
Muito obrigado Fisherman Surf School! Afinal de
contas, sabemos surfar”.
Rodrigo, Ricardo, Guilherme, Diogo, Leandro, Ana
Beatriz, Daniel, Márcio, Débora, Susana e Raquel
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Visita à base aérea nº 5 de Monte Real
A visita à base aérea de monte real, tinha como
objetivos, proporcionar um dia diferente, e mostrar
uma realidade a nós paralela, mas importante no que
toca á cidadania.
O dia começou muito mais cedo que o habitual o que
fez com que fosse um despertar cheio de expectativas
e emoção para uma viagem longa que decorreu sem
percalços e com muita alegria.
À chegada fomos bem recebidos pelo Cabo Adjunto
Nuno Correia que nos explicou no que consistia o “Dia
Aberto” e nos deu a conhecer a programação para o
mesmo.
Fomos tratados como convidados VIP visto a Base ter
aberto, para nós, uma hora mais cedo. Tivemos livre
acesso á enfermaria da Base onde fomos tratados
muito bem, dando um especial agradecimento á
enfermeira chefe 1º Sargento Tânia que teve um
cuidado e disponibilidade permanente em nos
acompanhar.
Entre as várias atividades é de realçar que o nosso
grupo gostou em especial da mostra das equipas
Cinotécnicas e posteriormente o contacto com os
elementos de quatro patas dessas equipas assim como
adoramos ver as aeronaves que estavam em
exposição.
Após toda a visita agradecemos o privilégio que
tivemos em conhecer estes heróis e o facto de
podermos ver as suas vidas enquanto militares,
despedimo-nos e seguimos para o nosso almoço em
formato picnic para podermos descansar e repor
energias. Foram ainda feitas pequenas paragens
durante a viagem de regresso onde nos divertimos nos
diversos parques infantis por onde fomos passando.
Finalizamos a viagem cansados, mas felizes e foi muito
enaltecedor ver que o dia foi apreciado por todo o
grupo visto que alguns membros estiveram a brincar,
neste final de dia, aos condutores de aeronaves da
Base Aérea de Monte Real.
Liliana Vale e Paulo Rocha
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Festa Fim de Verão
No passado dia 22/09 fizemos aqui no
lar uma festa para comemorar o final
das férias/fim do verão e dar início a
um novo ano letivo cheio de sonhos e
expectativas.
Começamos por colocar musica
ambiente para fomentar a
descontração e alegria, em seguida
convidamos a quem quisesse pintar
um mural alusivo á temática da festa.
Jantamos todos juntos, jovens, educadores, técnicos, direção e a
comunidade mostrando assim o
verdadeiro espirito de família
existente
neste lar.
Finalizado o jantar entre músicas e danças teve lugar a Hora do
Conto onde foi contada com fantoches a história dos “Três Porquinhos e o Lobo Mau”,
uma novidade que foi muito apreciada pelos nossos meninos.
Para finalizar a nossa festa e queimar calorias (e ganhar outras quantas) destruímos algumas “pinhatas “bem
recheadas de doces e sorrisos.
Despedimo-nos assim do Verão e recebemos de braços abertos o Outono.
Liliana Vale e Paulo Rocha
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As primeiras pegadas profissionais
Parece que ainda ontem estava a entrar nesta “casa”, começando por conhecer o Dr. Paulo Pacheco,
passando para os técnicos e educadores, e por fim, mas não menos importante, os meninos. Todos
elementos de bastante valor para o lar, e que tão bem me acolheram desde inicio.
Quase, quase a cumprir um ano desde a minha entrada, claro que primeiro como estagiária, e há seis meses
como educadora, posso agora sentir realmente o que é pertencer à “Família Marista”.
Tal como o lema de 2015/2016 o diz “Contigo, um novo começo”, eu também posso afirmar, através de
todas as experiências vividas, que o lar me trouxe um novo começo. Trouxe-me tudo aquilo que enquanto
recém-licenciada sempre tive medo, ou seja, um local de trabalho excelente, pessoas bastante profissionais
e que amam aquilo que fazem, tal como eu, e crianças/jovens que me dão todo o carinho do mundo!
Obrigada a todos aqueles que me proporcionaram este ano fantástico, e espero puder continuar a dizer isto
a cada ano que passa.
Alexandra Araújo
Pequeno artista:
Aqui fala,
O vosso pretinho estiloso,
Que tem ar de guna,
Mas é muito carinhoso.
Venho aqui,
Com o meu saber cantar,
Mostrar-vos o meu talento de encantar.
Sou o preto da Guiné,
Que todos adoram,
E se estás comigo grita “Hey”!
Sou o bonito cá do sítio,
Não estou aqui para amassos,
Agora vou bazar,
Adeus, beijinhos e abraços!
Mamadú Djaló
Os Sonhos do Piratinha nº 55 – outubro 2016
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1 de junho, um dia para brincar com eles! Porque não?
É a brincar que as crianças aprendem a comunicar, a experimentar e a conhecer o mundo e as suas
dinâmicas.
Brincar aproxima as pessoas e é das melhores formas de criar vínculos. Além disso, brincar é uma das
melhores estratégias para retirar tensão e criar um ambiente tranquilo.
As crianças precisam de correr,
de se sujar, de saltar e explorar
sem fim, é por isso que muitas
das vezes partem os
brinquedos…. Se as crianças são
exploradores conseguem mais
facilmente encontrar caminhos,
e isto faz com que seja crucial
que eles aprendam a ter sonhos.
E sonhar é a melhor coisa do
mundo!!! Quem de nós nunca
sonhou?
Fernando Pessoa dizia que “o sonho move o homem… o sonho comanda a vida”. É o sonho que nos faz
acreditar na vida, acreditar no mundo e acreditar no AMOR.
Seja qual for a abordagem que escolhemos para educar as nossas crianças, não nos devemos esquecer de
algo tão simples, como tratá-las com essa fórmula mágica certeira e infalível: o AMOR.
A voz de uma criança deve ser escutada em todos os momentos. Elas também devem ser levadas em conta
quando riem, quando brincam, quando choram, quando exigem ou quando sugerem.
Devemos tratar as crianças como gostaríamos de ser tratados, dar-lhes o nosso tempo de presente, realizar
os seus sonhos e fazer com que elas sintam que são as pessoas mais valiosas do MUNDO!
PS: já agora, não chega um dia para brincar, mas sim, um bocadinho todos os dias!!!
Nuno Morais
Os Sonhos do Piratinha nº 55 – outubro 2016
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Lema 2016/2017
O lema escolhido para o ano 2016-2017 é “200 e + vive o sonho”. Este lema tem três referências essenciais:
200. Este número faz referência aos anos que o Instituto marista completa a 2 de janeiro de 2017, portanto,
no decurso deste ano letivo. O sonho de Marcelino Champagnat tornou-se realidade e continua a tornar-se
realidade em todos os lugares onde estamos presentes. Durante este ano daremos graças a Deus e à nossa
Boa Mãe por estes 200 anos de história, pelos milhares de irmãos e pela sua entrega à missão marista, por
tantos leigos comprometidos e por milhares de pessoas que, enquanto crianças e jovens, puderam beneficiar
da educação e da presença marista. É, por isso, uma referência histórica, uma efeméride que celebraremos
com alegria, juntamente com todas as pessoas que, de uma maneira ou outra, estão próximas do carisma e
da presença marista em qualquer lugar do mundo.
e +. Deixamos, por momentos, a nossa história e
olhamos para o futuro. A instituição completa
duzentos anos, mas a nossa missão ainda está por
realizar. Não estamos a começar de zero, mas
gostamos de dizer que estamos num novo começo,
numa nova aurora que queremos ajudar a nascer.
Não conhecemos os desígnios do Espírito, mas a
nossa vontade é continuar a ser fiéis ao carisma
fundacional. Queremos continuar a procurar o nosso
lugar entre as crianças e jovens, especialmente os
que mais ajudam possam necessitar. Queremos
encontrar os Montagne de hoje.
Vive o sonho. Uma referência pessoal. Uma
referência para cada um de nós que, de alguma
forma, pode personalizar essa vivência do futuro
que queremos criar. Diante desses duzentos anos de história e querendo continuar a ser fiéis à nossa missão
marista, eu, como marista, como aluno, como pessoa… posso formular o meu sonho, o meu projeto pessoal
para este futuro que queremos continuar a criar ao lado daqueles que nos possam necessitar, de mãos dadas
com Maria.