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Page 1: ELISÂNGELA.IMPUGNAÇÃO

Sirlene de Jesus Bueno OAB-MT 6.697

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR. JUIZ DA 6ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SINOP-MT

ELISANGELA DIAS, por sua procuradora infra-assinada, nos autos do processo n° 128/2009 de Ação de Cobrança que move contra,

MUNICÍPIO DE SINOP/MT vem á presença de Vossa Excelência, apresentar sua,

IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO apresentada, pelos fatos e fundamentos que a seguir expõe:

O Requerido em sua peça contestatória apresenta defesa em matéria de preliminar e de mérito.

O Reclamante ratifica “in totun” o disposto na peça Vestibular, nos termos e modos mencionados.

Preliminarmente, o Requerido pede a extinção do feito com resolução de mérito, face a prescrição total dos pedidos.

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Tal argüição não merece procedência visto que os direitos aos adicionais requeridos estão assegurados por preceitos legais.

Em toda a sua ingente contestação, o Município Reclamado, em momento algum, negou o direito da Autora em receber os adicionais requeridos, atendo-se, única e exclusivamente em pedir a declaração da INCONSTITUCIONALIDADE das leis por ele mesmo sancionadas.

A autora requer o pagamento do ATS nos

termos em que dispões a Lei Orgânica do Município de Sinop em seu art. 91, §3°, inciso, segundo o qual confere a cada Funcionário Público Municipal efetivo, um adicional na Base de dois por cento por ano de efetivo exercício.

Dispõe a Lei Orgânica Municipal:

Art. 91 O município estabelecerá em lei estatutária o regime jurídico único de seus servidores, respeitados os princípios fixados na Constituição Federal, na Constituição Estadual e nesta Lei Orgânica.

§l° A lei assegurará aos servidores da Administração Publica direta, isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhados no mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo e Legislativo, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.

§2° As entidades da Administração Pública indireta, não contempladas neste artigo, são constituídas de empregos públicos sob o regime jurídico de natureza trabalhista, observado o disposto no artigo 129 da Constituição Estadual e o artigo 173, parágrafo segundo, da Constituição Federal.

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§3° Aplicam-se aos servidores públicos efetivos municipais nomeados por concurso público, as seguintes disposições, além das previstas no parágrafo segundo do artigo 92 desta Lei Orgânica:

I- adicional por tempo de serviço, na base de dois por cento, sendo desprezado qualquer outro percentual, do vencimento-base por ano de efetivo exercício, até o máximo de cinqüenta por cento, que não ultrapassará os limites fixados nesta Lei Orgânica:

A Emenda nº 09 de 05.12.2000, a qual está o Requerido pedindo seja declarada a sua inconstitucionalidade, ao contrário do que afirma em sua peça contestatória, em momento algum dá nova redação ao art. 91, º 3º, inciso I, da Lei Orgânica, no que tange ao adicional de 2% ao ano.

A LOM n° 09/2000, no que se refere ao ATS, expressa:

Art. 105 A remuneração total dos cargos empregos e funções dos Poderes Legislativo e Executivo será composta exclusivamente de vencimento-base, exceto os de mandato eletivo e de Secretário Municipal, que serão compostos unicamente de subsídio.

§1° O adicional por tempo de serviço concedido aos ocupantes dos cargos de carreira de provimento efetivo, como única vantagem pessoal, não será considerado para efeito deste artigo.

Ressalta-se, por oportuno, que o caso em análise a servidora faz jus ao A.T.S., e a proporção a ser aplicada

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deve estar de acordo com a Lei Orgânica Municipal 2% (dois por cento) vez que é hierarquicamente superiores ao Regime Jurídico Único (Lei Ordinária do Município).

Desta feita mesmo que tivesse procedência o pedido do Requerido em ser declarada a inconstitucionalidade da LOM Nº 09/2000, permanece em vigência a Lei Orgânica do Município e o seu disposto no art. 91, § 3º, inciso I, que determina o pagamento de 2% sobre o salário base dos servidores efetivos a cada um ano trabalhado.

Apenas “ad argumentandum”, não merece

procedência o pedido de declaração de inconstitucionalidade, feita pelo reclamado, vez que a mesma, se fosse o caso, deveria ser feita através de ação própria, não podendo ser declarada neste processo.

Prima face, é oportuno salientar que um conflito existente entre duas leis municipais, verifica-se, em tese, nas contradições de dispositivos de uma lei em relação aos preceitos da outra, porém, podendo ambos estarem coadunados com a nossa Lei Maior, assim, nada podendo ser suscitado acerca da mácula da inconstitucionalidade.

Analisando o caso em pauta e considerando a hipótese de que uma destas normas esteja com o maior de todos os vícios, confesso que, data venia, dúvidas não poderiam ser suscitadas a esse respeito, pois é lição pacífica tanto na doutrina como na jurisprudência, tornando-se, destarte, cediço que a Ação Direta de Inconstitucionalidade com base em lei ou ato normativo municipal só é cabível quando entrar em choque, material ou formal, com a Constituição Estadual.

Assim, não deveria ser levado em conta o conflito entre as normas municipais existentes, erro crasso, e sim entre a norma maculada e a Constituição Estadual (e não a CF, mesmo que seja norma de repetição), visto que a norma conflitante que traz em seu bojo a eiva da inconstitucionalidade deve ser defenestrada do ordo juris pelo controle concentrado, por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade junta ao respectivo Tribunal de Justiça, somente,

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como já dito, quando em choque com a Constituição do Estado da federação, caso contrário, poderia ser utilizado o controle difuso, sendo este um outro caso, visto operar-se incidenten tantum .

Observa-se que houve, sim, uma emenda à Lei Orgânica, feita por "processo legislativo diverso do previsto nas CF e CE para a elaboração e emenda à Lei Orgânica Municipal". Tal Lei Ordinária é, na verdade, uma "emenda FORMALMENTE INCONSTITUCIONAL à Lei Orgânica Municipal respectiva", posto ter sido criada por procedimento diverso daquele estabelecido pelo artigo 29, caput, da CF, e sua repetição na respectiva Constituição Estadual.

No entanto, a declaração de inconstitucionalidade da LOM Nº 09/2000 em nada modificaria o disposto no art. 91, § 3º, I, da Lei Orgânica, que determina o pagamento do adicional de 2% sobre o salário base do servidor público efetivo, a cada uma no trabalhado.

Além do que, não há que se falar em inconstitucionalidade de lei, em face de divergência entre Leis Municipais.

Não há controle de constitucionalidade em face de lei orgânica municipal.

Não há previsão legal. Não há competência estabelecida, ou alguém vai achar que compete ao Presidente do Foro local, realizar um controle concentrado. E nesta hipótese o MP será o legitimado para propor a ação e o Procurador do Município vai defender a legalidade da lei?

Sim porque ao Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal falta competência.

A hipótese, portanto, não existe.

A controvérsia deverá ser resolvida diante do caso concreto, no campo da ilegalidade da lei conflitante, pela HIERARQUIA entre elas.

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O princípio aplicável no conflito de leis municipais, é o princípio da Hierarquia das leis.

O Juiz, neste sentido, não poderá aplicar a lei inferior – Regime Jurídico Único, que determina a aplicação do adicional por tempo de serviço na base de 1%, devendo aplicar a Lei Orgânica, que é hierarquicamente superior, e que determina o pagamento do adicional por tempo de serviço na base de 2% ao ano.

Não há que se falar, nem em Ação de inconstitucionalidade ou até mesmo em Ação Declaratória perante o Juiz singular. Ao Juiz singular é vedado a análise de lei em tese.

A municipalidade, por questão de coerência deverá que providenciar em revogar a indigitada lei, ou adequar a sua Lei Orgânica, sob pena de manter no ordenamento jurídico municipal lei inócua, sem eficácia e, além disto, sob pena de ter que estar sendo reiteradamente condenada por sucumbência nas demandas que fizer parte, querendo exigir o cumprimento da norma ilegal.

Cabe lembrar que a Lei Orgânica é a CONSTITUIÇÃO Municipal.

O Requerido pede também a declaração de Inconstitucionalidade das Leis nº 568/99 e 663/2001, porque não foi feita uma estimativa do impacto orçamentário-financeiro (art. 16,I, da LC 101/2000).

Também, neste caso, o entendimento é o mesmo do já citado nos parágrafos anteriores.

Não há que se falar, em declaração de inconstitucionalidade através deste processo, ou até mesmo em Ação Declaratória ou ADIN, perante o Juiz singular. Ao Juiz singular é vedado a análise de lei em tese.

Mais uma vez, salienta-se, que a municipalidade, por questão de coerência deverá que providenciar em

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revogar as indigitadas leis, se for o caso,sob pena de manter no seu ordenamento jurídico municipal leis inócuas, sem eficácia e além disto sob pena de ter que estar sendo reiteradamente condenada por sucumbência nas demandas que fizer parte, querendo exigir o cumprimento da norma ilegal.

Diante de todo o exposto, ratifica “in totun” os

pleitos aduzidos na exordial, impugnando a contestação e documentos apresentados pelo Requerido, nos termos dispostos anteriormente.

Termos em que,Pede e espera Deferimento.

Sinop, 06 de agosto de 2009.

/Sirlene de Jesus Bueno

OAB-MT 6.697

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