embargos de declaração não acolhidos - gcems - 02-2014

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1 STJ, 1ª T, EDcIAgRgREsp 10270-DF, rel. Min. Pedro Acioli, j. 28.8.1991, DJU 23.9.1991, p. 13067, in Nery Júnior, Código de Processo Civil Comentado e Legislação extravagante em vigor, ed. RT, 1997, pg. 783. Autos 0131051-20.2006.8.12.0001 Embargante: Supremo Conselho da Ordem Demolay Para O Brasil Embargados: Adão Flavio Ferreira, Ederson Pereira Velasques e Grande Conselho Estadual da Ordem Demolay do Estado de Mato Grosso do Sul - GCEMS Trata-se de embargos de declaração opostos por Supremo Conselho da Ordem Demolay Para O Brasil, devidamente qualificados nos autos, contra a sentença de f. 1731-4, no qual alegou haver omissão sobre diversas alegações e ofensas a comandos legais que arrola, além de contradição e obscuridade quanto à parte que comenta a respeito do reconhecimento pelas entidades internacionais de que a entidade requerente/ embargante não mais representaria a ordem demolay no território brasileiro desde 15/11/2004. Pediu os efeitos infringentes para modificar o entendimento e julgar procedente a ação. É o relato do essencial. Decide-se. Os embargos de declaração constituem-se recurso específico para se obter a retificação de uma decisão quando houver obscuridade, contradição ou omissão. O Superior Tribunal de Justiça apostrofou que "os embargos prestam-se a esclarecer, se existentes, dúvidas, omissões ou contradições no julgado. Não para que se adeque a decisão ao entendimento do embargante. 1 " Nesse aspecto, tem-se que não assiste razão ao embargante. O embargante pleiteia esclarecimentos em relação à sentença que julgou improcedentes os seus pedidos para condenar-se a requerida, ora embargada, ao pagamento de indenização pela violação de direitos autorais, além de danos materiais e lucros cessantes tudo consubstanciado na suposta utilização ilegal das marcas que seriam de sua propriedade exclusiva. Para esse intento, afirmou que em 1985 o Supremo Conselho da Ordem Demolay lhe teria conferido soberania e independência, com consequente abdicação em seu favor, de todos os direitos concernentes à marca DeMolay, consoante documentos de f. 834, 1023 e 1034 juntados aos autos, e sobre os quais o juiz não teria se pronunciado. Ocorre que, diferente do que extraiu da sentença prolatada, houve claro e pleno posicionamento do juízo quanto ao reconhecimento por parte da "DeMolay Internacional" e do próprio "Supremo Conselho Internacional da Ordem DeMolay" de que a ora embargante não mais representaria a ordem demolay dentro do território brasileiro desde 15/11/2004, e isso implica afirmar, como assim foi embasada a sentença, que a autorização para o uso do direito das marcas DeMolay dentro do território brasileiro não é da embargante, e sim de uma terceira pessoa alheia aos autos, mas de quem o embargado/requerido detinha autorização. Estado de Mato Grosso do Sul Poder Judiciário Campo Grande 2ª Vara Cível Modelo 725684 - Endereço: Rua da Paz, nº 14, Jardim dos Estados - 1º andar - Bloco I - CEP 79002-919, Fone: 3317-3350, Campo Grande-MS - E-mail: [email protected] - autos 0131051-20.2006.8.12.0001 - C

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Decisão do juiz de direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Campo Grande (MS), Marcelo Câmara Rasslan, favorável ao Grande Conselho Estadual da Ordem DeMolay (GCEMS) contra o Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil

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Page 1: Embargos de declaração não acolhidos - GCEMS - 02-2014

1 STJ, 1ª T, EDcIAgRgREsp 10270-DF, rel. Min. Pedro Acioli, j. 28.8.1991, DJU 23.9.1991, p. 13067, in NeryJúnior, Código de Processo Civil Comentado e Legislação extravagante em vigor, ed. RT, 1997, pg. 783.

Autos 0131051-20.2006.8.12.0001Embargante: Supremo Conselho da Ordem Demolay Para O BrasilEmbargados: Adão Flavio Ferreira, Ederson Pereira Velasques e Grande ConselhoEstadual da Ordem Demolay do Estado de Mato Grosso do Sul - GCEMS

Trata-se de embargos de declaração opostos por Supremo Conselho daOrdem Demolay Para O Brasil, devidamente qualificados nos autos, contra a sentença de f.1731-4, no qual alegou haver omissão sobre diversas alegações e ofensas a comandos legaisque arrola, além de contradição e obscuridade quanto à parte que comenta a respeito doreconhecimento pelas entidades internacionais de que a entidade requerente/ embargante nãomais representaria a ordem demolay no território brasileiro desde 15/11/2004.

Pediu os efeitos infringentes para modificar o entendimento e julgarprocedente a ação.

É o relato do essencial. Decide-se.Os embargos de declaração constituem-se recurso específico para se obter a

retificação de uma decisão quando houver obscuridade, contradição ou omissão.O Superior Tribunal de Justiça apostrofou que "os embargos prestam-se a

esclarecer, se existentes, dúvidas, omissões ou contradições no julgado. Não para que seadeque a decisão ao entendimento do embargante.1"

Nesse aspecto, tem-se que não assiste razão ao embargante.O embargante pleiteia esclarecimentos em relação à sentença que julgou

improcedentes os seus pedidos para condenar-se a requerida, ora embargada, ao pagamento deindenização pela violação de direitos autorais, além de danos materiais e lucros cessantes tudoconsubstanciado na suposta utilização ilegal das marcas que seriam de sua propriedadeexclusiva.

Para esse intento, afirmou que em 1985 o Supremo Conselho da OrdemDemolay lhe teria conferido soberania e independência, com consequente abdicação em seufavor, de todos os direitos concernentes à marca DeMolay, consoante documentos de f. 834,1023 e 1034 juntados aos autos, e sobre os quais o juiz não teria se pronunciado.

Ocorre que, diferente do que extraiu da sentença prolatada, houve claro epleno posicionamento do juízo quanto ao reconhecimento por parte da "DeMolayInternacional" e do próprio "Supremo Conselho Internacional da Ordem DeMolay" de que aora embargante não mais representaria a ordem demolay dentro do território brasileiro desde15/11/2004, e isso implica afirmar, como assim foi embasada a sentença, que a autorizaçãopara o uso do direito das marcas DeMolay dentro do território brasileiro não é da embargante, esim de uma terceira pessoa alheia aos autos, mas de quem o embargado/requerido detinhaautorização.

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Modelo 725684 - Endereço: Rua da Paz, nº 14, Jardim dos Estados - 1º andar - Bloco I - CEP 79002-919, Fone: 3317-3350,Campo Grande-MS - E-mail: [email protected] - autos 0131051-20.2006.8.12.0001 - C

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2 trecho do julgamento do Edcl-Edcl-Resp 1.035.444, STJ, relatoria Min. Francisco Cândido de Melo Falcão Neto,julgamento em 23/03/2009.

Como já pronunciado, porém seria o caso de reiterar a afirmação: "descabeaqui (leia-se na sentença e nestes autos) permear sobre a (i)legalidade dos procedimentos dasuposta outorga de soberania concedida à requerente (leia-se embargante) pelo SupremoConselho Internacional da Ordem DeMoley ou pelo DeMolay Internacional", justamenteporque o ponto controvertido da causa não abrange esta determinação, até porque ao que sesabe do caso, há imensa controvérsia sobre a titularidade da representação da classe "demolay"no Brasil.

O que se considera "ponto nevrálgico" para a mudança de entendimento,segundo o que defende o embargante, restou muito bem claro e posicionado pelo juízo, aodesconsiderar toda a gama de alegações e comandos legais, aos quais aqui, nestes embargos,entende o embargante omitidos pelo juízo.

Consoante vasta jurisprudência a respeito do assunto, compete considerar que"o julgador não é obrigado a discorrer sobre todos os regramentos legais ou todos osargumentos alavancados pelas partes, mas sim decidir a contenda nos limites da litiscontestatio, fundamentando o seu proceder de acordo com o seu livre convencimento, baseadonos aspectos pertinentes à hipótese sub judice e com a legislação que entender aplicável aocaso concreto"2.

Assim se posiciona o juízo quanto às alegadas omissões indicadas nasentença.

Quanto à obscuridade e contradição apontadas, mais uma vez não assisterazão ao embargante, já que do excerto da sentença no qual alega referidos vícios não sevislumbra qualquer dessa intercorrência.

Senão vejamos: afirmou o embargante que a contradição se resume ao fato deconsiderar que o Supremo Conselho Internacional não estaria extinto, em um primeiromomento, e posteriormente o contemplaria como extinto.

Nesse caso, acaso não tenha entendido escorreitamente o entendimento dojuízo, esclarece-se que em nenhum momento confirmou-se na sentença a extinção de qualquerdas entidades internacionais mencionadas.

O trecho da sentença que parece ter causado confusão de interpretação do oraembargante disse respeito ao assunto nos seguintes termos:

"É irrelevante para o caso em pauta se houve posterior extinção da DemolayInternacional, o que não retiraria a validade e eficácia dos documentosanteriormente firmados por ela, mesmo que sob a qualificação de sucessorado Supremo Conselho Internacional da Ordem DeMolay, caso contrário,contestar-se-ia a própria validade da "outorga de soberania" concedida paraa requerente, o que certamente não foi a pretensão dessa parte"

A menção do referido parágrafo encarou a alegação da parte sob o aspecto deque a "outorga de soberania" concedida em 1985 ao ora embargante pelo Supremo Conselho daOrdem Demolay também poderia ser considerada revogada em razão da extinção da sucessora

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Demolay Internacional, já que segundo sua defesa, com a extinção da pessoa jurídicadissolvem-se igualmente eventuais direitos por ela tratados ou dela decorrentes.

Nesses termos, não há, portanto, confirmação de qualquer vício apontado pelaembargante, pelo que o recurso deve ser de pronto rejeitado.

Intimem-se.Campo Grande-MS, 24 de fevereiro de 2014.

Marcelo Câmara RasslanJuiz de Direito

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