encarte especial do encontro nacional do mab

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Especial Encontro Nacional E stamos nos aproximando do Encontro Na- cional do MAB, um momento de grande importância, pois faz parte do processo da luta e organização dos atingidos por barragens. O Encontro é o marco onde faremos um balanço dos avanços, festejaremos nossas vitórias e afirmaremos os novos desafios a fim de avançarmos na luta pela transformação das estruturas injustas da sociedade, especialmente neste momento onde a energia é um dos elementos centrais da conjuntura e de intensas disputas. Para nós, o lema Água e energia com sobe- rania, distribuição da riqueza e controle popular é a síntese do que defendemos para o Projeto Energético Popular. Ou seja, o povo brasileiro precisa ter soberania na energia, precisa ter acesso à riqueza gerada através dela, com controle popular desde o planejamento até a distribuição. O nosso lema também se contrapõe à mercantili- zação da água, que já acontece em muitos municípios brasileiros pela Parceria Público Privada (PPP). O capital, quando privatizou o setor elétrico no Brasil nos anos 90, transformou a energia num grande negó- cio, numa mercadoria para gerar bilhões de reais em lucros aos setores privados. É o mesmo que está sendo planejado para a água e nós somos contrários à sua utilização como mercadoria para enriquecer e gerar lucro aos setores privados e ao capital internacional. Companheiros e companheiras, militantes do MAB e da luta popular de todo o Brasil!

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Encarte Especial do Encontro Nacional do MAB que será realizado de 2 a 5 de setembro no Anhembi, em São Paulo.

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Page 1: Encarte Especial do Encontro Nacional do MAB

EspecialEncontro Nacional

Estamos nos aproximando do Encontro Na-cional do MAB, um momento de grande importância, pois faz parte do processo da

luta e organização dos atingidos por barragens. O Encontro é o marco onde faremos um balanço dos avanços, festejaremos nossas vitórias e afirmaremos os novos desafios a fim de avançarmos na luta pela transformação das estruturas injustas da sociedade, especialmente neste momento onde a energia é um dos elementos centrais da conjuntura e de intensas disputas.

Para nós, o lema Água e energia com sobe-rania, distribuição da riqueza e controle popular é a síntese do que defendemos para o Projeto

Energético Popular. Ou seja, o povo brasileiro precisa ter soberania na energia, precisa ter acesso à riqueza gerada através dela, com controle popular desde o planejamento até a distribuição.

O nosso lema também se contrapõe à mercantili-zação da água, que já acontece em muitos municípios brasileiros pela Parceria Público Privada (PPP). O capital, quando privatizou o setor elétrico no Brasil nos anos 90, transformou a energia num grande negó-cio, numa mercadoria para gerar bilhões de reais em lucros aos setores privados. É o mesmo que está sendo planejado para a água e nós somos contrários à sua utilização como mercadoria para enriquecer e gerar lucro aos setores privados e ao capital internacional.

Companheiros e companheiras,

militantes do MAB e da luta

popular de todo o Brasil!

Page 2: Encarte Especial do Encontro Nacional do MAB

Especial Encontro Nacional do MAB2

São Paulo é a maior cidade da Amé-rica Latina, nela vivem 12 milhões de ha-bitantes. Se considerados os 38 municípios que circundam a capital, a população chega a aproximadamente 19 milhões de habitan-tes. O sistema de metrô e trens na cidade e região metropolitana transporta cerca de 5 milhões de trabalhadores por dia.

Além disso, São Paulo é a sede de 38% das 100 maiores empresas privadas de

capital nacional, 63% dos grupos internacio-nais instalados no Bra-sil estão na cidade, 17 dos 20 maiores bancos e a FIESP, maior fe-deração de indústrias do Brasil também tem sede ali. Ou seja, São Paulo concentra as maiores contradições pois concentra a maior riqueza e, ao mesmo tempo, o maior nú-mero de trabalhadores empobrecidos.

Por isso, afirma-mos que para discutir o problema dos atin-gidos por barragens é necessário debater o modelo elétrico com toda a sociedade bra-sileira, pois todos somos atingidos ao pagar uma das tarifas de energia mais caras do Brasil.

Atentos a isso faremos o Encontro em São Paulo como um grande momento para denunciarmos a situação de descaso do Es-tado e das empresas com os atingidos. Mas em especial para dialogar sobre as contra-dições do atual modelo com os trabalhado-res urbanos dos diversos setores.

E por fim, vamos conclamar a clas-se trabalhadora e o conjunto da população para que se incorpore na luta pela constru-ção de uma sociedade sem exploradores e sem explorados, cuja contribuição do MAB é a elaboração de um Projeto Energético Popular. Esta mensagem disseminaremos durante os dias do nosso Encontro Nacio-nal, em São Paulo.

Porque faremos o Encontro Nacionalem São Paulo?

Objetivos do Encontro:

1. Reunir os atingidos e atingidas por barragens, as organizações aliadas de todo o Brasil e representantes de outros países. Em especial, de-vem estar presentes no Encontro Nacional os coordenadores e co-ordenadoras dos grupos de base para uma grande integração, para debater temas de seu interesse co-tidiano, para decidir as lutas ne-cessárias e confraternizar-se nas alegrias e vitórias construídas por todos e todas;

2. Denunciar o atual modelo de ge-ração de energia porque faz parte de um modelo de desenvolvimen-to que não serve aos interesses do povo, que prejudica e explora os atingidos e os trabalhadores e per-mite a apropriação privada dos bens naturais e dos recursos públi-cos, que pertencem ao povo;

3. Dialogar com a sociedade sobre um novo sistema e modelo de pro-dução de energia que beneficie o povo, que leve em conta os inte-resses das populações atingidas e considere as consequências sobre o meio ambiente;

4. Pressionar o governo e empresas para o atendimento da pauta de reivindicação dos atingidos e tra-balhadores.

O que queremos com a realização do Encontro Nacional?

Page 3: Encarte Especial do Encontro Nacional do MAB

2 a 5 de setembro - Anhembi - São Paulo/SP 3

>> Que sejam garantidos os direitos para homens e mulheres, em condições de igualdade;

>> Que seja garantido o direito ao reas-sentamento padrão, rural e urbano, a toda população atingida, em terras de boa qualidade e quantidade suficiente, moradias boas e de tamanho adequa-do, assistência técnica, créditos, verba de manutenção, infraestruturas ade-quadas;

>> Que seja garantido todo o necessário para as famílias urbanas atingidas, bem como o tratamento adequado às populações indígenas, quilombolas, pescadores;

>> Que se estabeleça a criação e implan-tação de um programa nacional de recuperação e desenvolvimento eco-nômico e social das comunidades e famílias atingidas.

Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens, essa luta é nossa!

Em que se baseia o Projeto Energético Popular?

A energia é uma produção social his-tórica dos trabalhadores e na atual socie-dade está relacionada à produção de valor. Sua importância estratégica está na pro-dução, ou seja, a energia é “central para a reprodução do capital”, pois o capital a utiliza como forma de acelerar a produti-vidade do trabalho dos trabalhadores, com o objetivo de extrair e acumular o máximo de valor (maiores taxas de lucratividade) nas mãos dos grandes grupos capitalistas.

Uma reivindicação histórica na luta dos atingidos é a necessidade da criação de uma política de tratamento aos direitos das populações atingidas, ou seja, um mar-co legal que garanta na lei nossos direitos. Através da nossa luta ao longo dos anos, alcançamos diversas vitórias, mas isso não garantiu que as conquistas se tornassem uma política de Estado como garantia para as populações que têm sua vida modificada antes, durante e depois da construção das hidrelétricas. Ao contrário, o que ocorre são constantes violações dos direitos hu-manos das populações atingidas.

Nosso Encontro deve ser o momen-to para a formalização desta política. Não queremos esmolas e migalhas de governos e empresas, necessitamos de uma política que defina e execute os direitos dos atingi-dos previamente estabelecidos.

Entre os pontos dapolítica estão:

>> Que seja criada uma política nacional que garanta o direito de reparação das perdas e prejuízos da população, definindo regras e critérios no tratamento social nas barra-gens;

>> Que esteja garantido o direito aos atin-gidos que forem prejudicados, ou seja, é necessária a ampliação do conceito de atingido;

>> Que seja reconhecido o direito à infor-mação e à participação, além do direito das populações decidirem sobre a cons-trução da obra. Ou seja, temos o direito de dizer não;

Nós queremos que a energia gerada no nosso país tenha prioridade de uso, seja como insumo para produção ou como bem de consumo, com a finalidade de satisfazer as necessidades de toda a população e não o acúmulo de capital na mão de poucos.

Reivindicações da Plataforma Operária e Camponesa para a Energia:

>> Respeito aos consumidores residenciais e trabalhadores, garantindo acesso à energia com qualidade e preços baixos;

>> Respeito aos trabalhadores do setor, garantindo segurança no trabalho, adequada qualificação e remuneração e o fim da terceirização nas atividades fins do setor energético;

>> Respeito às empresas estatais, garan-tindo um forte setor estatal/público, inclusive com a retomada das conces-sões privadas, com as condições de sobrevivência e capacidade de inves-timentos das mesmas, e;

>> Respeito aos atingidos pelas obras, com pagamento das dívidas históricas e garantia dos direitos a todos.

A Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB)

O que queremos com a realização do Encontro Nacional?

Page 4: Encarte Especial do Encontro Nacional do MAB

A necessidade de fortalecernossa organização

A conjuntura nos aponta que a energia está cada vez mais presente no cenário mundial e nacional. Com isso, os conflitos e desafios também são maiores. Neste sentido, afirmamos a importância de fortalecer a nossa organização através dos grupos de base, garantindo a participação dos atingidos e atingidas através do método de organização definido pelo MAB. Além de fortalecer o leque das alianças de classe, através da luta, ampliando as conquistas concretas e construindo o Projeto Energético Popular.

Boa preparação,bom encontro para todos nós!Trabalhadores do campo e da cidade a lutar por um Projeto Energético Popular

O bom resultado do Encontro Nacional do MAB depende de nós:

Estamos nos organizando para o Encontro a fim de levar adiante nossos desafios políticos, organizativos e de luta, nossa meta é ter a parti-cipação de 3.500 atingidas e atingidas de todas as regiões do Brasil. Mas precisamos que muitos mais estejam engajados nos debates e na divulga-ção do Encontro, pois enquanto os 3.500 militantes estarão em São Pau-lo, é importante que em cada região milhares estejam acompanhando. Por isso, faz-se necessário discutir nos grupos de base, nos encontros de coordenadores, nas reuniões das comunidades. Estudar a cartilha, distri-buir o cartaz, já ir definindo quem são os companheiros e companheiras que participarão do Encontro.

A participação dos aliados,parceiros e convidados:

Além dos atingidos, vamos contar com a participação de eletrici-tários, petroleiros e engenheiros da energia, de moradores dos bairros, dos movimentos da Via Campesina, do movimento estudantil, do Levan-te Popular da Juventude, de delegações internacionais e muitos outros. Queremos que seja o momento de fortalecer nossa luta, mas que seja também o momento de unir forças em torno de lutas unitárias. Para isso,

é importante convidar nossos parceiros de luta, as organizações, entidades, lideranças políticas e re-

ligiosas, divulgar nos meios de comunicação, e fazer os atos de lançamento do Encontro em

todos os espaços possíveis.

Nosso Encontro será um grande acampamento dos atingidos e

atingidas por barragens! a) Antes do Encontro:

>> Garantir a boa preparação de todos e todas, saber dos objetivos do Encontro e por que estará partici-pando;

>> Cada estado tem uma meta de público e as coorde-nações devem organizar a contratação dos ônibus e a busca de condições para o custo destes ônibus.

>> Organizar as estruturas (fogão, panelas, bacias...) para montar as cozinhas durante o Encontro, além dos materiais de limpeza;

>> Organizar a coleta da quantidade da comida neces-sária para alimentar as pessoas na viagem e durante o Encontro;

>> Organizar material visual: bandeiras, faixas, carta-zes;

b) Orientação para as pessoas que irão participar do Encontro:

>> Todos devem trazer seu kit (colchão, cobertas, pra-to, talheres, sua bandeira);

>> É muito importante que todos participem em tempo integral;

>> Para as crianças é necessário organizar as mesmas condições (kit pessoal) e avisar com antecedência a idade da criança para facilitar a organização da ci-randa.

c) Organização durante o Encontro:>> Durante o Encontro teremos muitas tarefas e tra-

balho, mas se bem divido e compartilhado por to-dos, ficará fácil. Essa prática já é comum em nossas atividades. Por isso, toda a organicidade de nosso Encontro será feita por equipes e divida por ônibus.

Encontro Nacional do MAB, 2006 – Curitiba/PR