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Eng.Agr. Alcione Fontana - EmaterEng.Agr. Bruno Welter - Bayer CropScienceEng.Agr. Celso Siebert - EmaterEng.Agr. Cláudio Doro - EmaterEng.Agr. Dr. Eduardo Cordeiro de Araújo - AgrotecEng.Agr. Ph.D. Erlei Meio Reis - UPFEng.Agr. Eugênio Passos Schrtider - Schrtider Consultoria AgrícolaEng.Agr. Fabio Carlet - Bayer CropScíenceEng.Agr. Felípe Sulzbach - Niposul MKEng.Agr. Flávío Lago - Niposul MKEng.Agr. M.Sc Fernando Geraldo Martins - CotrijalEng,Agr. Fernando Franco Rupolo - Bayer CropScienceEng.Agr. Gelson Meio de Lima - CotrijalEng.Agr. Dr. José Carlos Christofoletti - TeejetEng.Agr. Dr. Jerson Vanderlei Carús Guedes - UFSMEng. Agr. Kleber Colormate - TeejetEng.Agr. M.Sc Leandro Vargas - EmbrapaEng.Agr. Dr. Marco Antônio Gandolfo - FFALMEng.Agr. Dr. Marcos Vilela de M. Monteiro - CBBEng.Agr. Marcelo Sant'Ana Vasconcelos - Bayer CropScienceEng.Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi - UPFEng.Agr. e Eng. Sego Do Trabalho Moisés Souza Soares - UPF/ProtegerEng.Agr. Dr. Nelson Kruse - UFSMEng.Agr. Rafael Cabeda - Bayer CropScienceEng.Agr. Ph.D. Ribas Vidal- UFRGSEng.Agr. Ph.D. Ricardo S. Balardin - UFSMEng.Agr. Valmir Antonio da Pont - CotrijalEng.Agr. Dr. Walter Boller - UPFEng.Agr. Piloto Agrícola - Wilson P. Klause - Nativa Aviação Agricola

OrganizadorEng.Agr. Leonardo Dian Borges - Plantio Direto Eventos

Revisão OrtográficaRoberta Franchini

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas. I Organizado por LeonardoDian Borges. Passo Fundo: Plantio Direto Eventos, 2007. 160 p.: 22cm. -(Atualidades Técnicas 3).

Plantio Direto EventosRua Ângelo Covatti, 1388 - 1261 - Bairro Leonardo /lhaPasso Fundo - RS - Brasil - 99052-328 - Fone/Fax: 55.54.3313.7452E-mail: [email protected] - Homé Page: www.pdeventos.com.br

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Leandro Vargas1, lMario Antônio Bianchi2, Mauro RizzardP

Os herbicidas são a principalferramenta utilizada para controlarplantas daninhas. Entretanto, o usointensivo desses produtos resultaem efeitos negativos sobre o ambi-ente, provocando impactos como aseleção de espécies daninhas tole-rantes ou resistentes aos herbici-das. A planta é sensível a um her-bicida quando o seu crescimento edesenvolvimento são alterados pelaação do produto, sendo a respostafinal a morte ou completa supres-são. Já a tolerância é a capacidadeque algumas espécies possuem emsobreviver e se reproduzir após otratamento herbicida, mesmo so-frendo injúrias. São exemplos deespécies tolerantes ao glifosato apoaia (Richardia brasi/iensis), acorriola (Ipomoea sp.) e a

trapoeraba (Comme/inabengha/ensis).O glifosato, mesmoquando da sua introdução no mer-cado, jamais apresentou controleeficiente destas espécies, caracte-rizando-as como tolerantes. A tole-rância pode estar relacionada aoestádio de desenvolvimento e/ou acaracterísticas morfofisiológicas daespécie. Por outro lado, a resistên-cia é a capacidade adquirida poruma planta em sobreviver a deter-minada dose de um herbicida que,em condições normais, controla osdemais integrantes da mesma po-pulação. O azevém (Lo/iummu/tif/orum) e a buva (Conyzabonariensis),são exemplos de plan-tas resistentes ao glifosato, já queinicialmente toda a população deazev.~m e buva era sensível a esteherbicida. Entretanto, surgirambiótipos que não são controlados

1 Eng.-Agr"., Pesquisador da Embrapa Trigo. Caixa Postal 451. Passo Fundo,RS. [email protected] Eng.-Agr".,Pesquisador da Fundacep/Fecotrigo. Caixa Postal 10. Cruz Alta,RS.3 Eng.-Agr"., Professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterináriada Universidade de Passo Fundo (UPF) . Passo Fundo, RS.

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(resistentes) após vários anos deuso do glifosato para controlar es-sas espécies.

A primeira constatação deresistência de plantas daninhas aosherbicidas ocorreu em 1957, quan-do foram identificados biótipos deCommelina difusa nos Estados Uni-dos e( depois( Oaucus carota noCanadá( ambos resistentes a her-bicidas pertencentes ao grupo dasauxinas. No Brasil o primeiro casofoi de picão-preto (Bidens pilosa)relatado em 1993.

A resistência de plantas da-ninhas a herbicidas assume gran-de importância( principalmente emcasos de limitado número de her-bicidas alternativos para serem usa-dos no controle dos biótipos resis-tentes. O número de ingredientesativos disponíveis para controle dealgumas espécies daninhas é res-trito( e o desenvolvimento de novasmoléculas é cada vez mais difícil eoneroso.

O crescimento da populaçãode plantas daninhas resistentes aherbicidas pode ser resultado douso incorreto dos mesmos. O usorepetido de um mesmo herbicida oude herbicidas com o mesmo meca-nismo de ação( altamente específi-cos e com longo efeito residual(seleciona indivíduos( quanto ao nú-mero de descendentes. Esses indi-víduos são preservados para a ge-ração seguinte e( assim( favorecedeterminados tipo,s em relação aoutros. Evidências sugerem queoaparecimento da resistência a umherbicida( em uma população de

plantas( se deve à seleção debiótipos resistentes preexistentesque( devido à pressão de seleçãoexercida por repetidas aplicações deum mesmo herbicida( encontra con-dições para multiplicação.

O processo de evolução daresistência aos herbicidas passa portrês estádios: a) eliminação debiótipos altamente sensíveis( restan-do apenas os mais tolerantes e re-sistentes; b) eliminação de todos osbiótipos( exceto os resistentes( eseleção destes dentro de uma po-.pulação com alta tolerância; e c)intercruzamento entre os biótipossobreviventes( gerando novos indi-víduos com maior grau de resistên-cia( os quais podem ser re-selecio-nados posteriormente.

A resistência de plantas da-ninhas é um fenômeno em evolu-,ção no Brasil e que afeta( além dosagricultores( outros profissionais li-gados de alguma forma à agricul-tura( devido às dificuldades que elaproporciona no manejo das espéci-es daninhas. A resistência, em cer-tos casos( pode inviabilizar o uso dedeterminados herbicidas. Dessemodo( há necessidade de implan-tação de outros métodos de con-trole( que na maioria das vezes sãomenos eficientes( chegando a afe-tar a produtividade da cultura e ocusto do seu manejo. Portanto( a

, resistência de plantas daninhas aherbicidas pode ser manejada atra-vés do uso de estratégias alternati-vas( associado ao emprego de ou-tros métodos de controle. Somente

, com o manejo racional e utilizando

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vários métodos de controle é que aresistência pode ser combatida e aprobabilidade do surgimento denovos casos pode ser minimizada.

4.2 O glifosato e aseleção de espécies

o herbicida glifosato vemsendo utilizado há mais de 20 anospelos agricultores, principalmentena dessecação da vegetação paraformação da palhada, indispensá-vel para implantação do sistemaplantio direto. A introdução da sojatransgênica, resistente ao glifosa-to, fez com que o uso desse herbi-cida fosse ampliado. Atualmente,são realizadas de duas a três apli-cações de glifosato por ciclo da soja,uma na dessecação e uma ou duasapós a emergência da cultura.

A tecnologia da soja resisten-te ao glifosato foi rapidamente acei-ta e adotada pelos produtores. Issose deve principalmente ao fato doglifosato ser um herbicida eficientesobre a maioria das espécies dani-nhas, relativamente de fácil aplica-ção e de baixo custo. Além disso a,tecnologia da soja resistente ao gli-fosato permite reduzir ou eliminaro uso de herbicidas de solo a ne-cessidade da aplicação de diferen-tes herbicidas, diminuir a quantida-de de herbicida aplicado no ambi-ente e proporcionar um manejomais eficiente das plantas daninhasno sistema plantio direto.

Entretanto, alguns aspectossobre a dinâmica de populações dasplantas daninhas e a possibilidade

da seleção de espécies tolerantese resistentes ao glifosato não foramadequadamente previstas. O tipo demanejo e os herbicidas utilizadosem uma área provocam mudançasno tipo e proporção de espécies quecompõem a população do local. Issose explica pelo fato dos herbicidasnão controlar igualmente as diferen-tes espécies existentes na área ,com isso algumas dessas acabamsendo beneficiadas e se multiplicam.Nessas situações, plantas de baixaocorrência na área podem se mul-tiplicar e se tornar um grave pro-blema para o produtor. Dessa for-ma, O'uso contínuo e repetido e ummesmo herbicida ou de herbicidascom mesmo mecanismo de ação,torna a seleção de espécies inevi-tável.

, As características do glifosa-to indicam que esse herbicida pos-sui baixo risco para seleção de es-pécies tolerantes e resistentes. Con-tudo, as plantas daninhas corriola ,buva, poaia-branca e trapoerabasão exemplos de espécies toleran-tes'que estão sendo selecionadas etornando-se problema em algumaslavouras no Rio Grande do Sul eParaná. Nos últimos anos foramidentificadas no Brasil três espéci-es de plantas daninhas resistentesao glifosato. No Rio Grande do Sulforqm identificados, em 2003,biótipos de azevém, em 2005,biótipos de buva e leiteiro resis-. ,tentes ao glifosato.

Esses fatos demonstram queo uso repetido e continuado de umherbicida seleciona espécies tole-

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rantes e/ou resistentes ao produtoe isso está ocorrendo com o glifo-sato no Rio grande do Sul. Paraevitar o agravamento da seleção deespécies tolerantes e resistentes epara prolongar o tempo de utiliza-ção eficiente da tecnologia da re-sistência ao glifosato recomenda-sea adoção das seguintes práticas:

a) Arrancar e destruir plan-tas suspeitas de resistência;

b) Não usar mais do que duasvezes consecutivas herbicidas como mesmo mecanismo de ação emuma área; _

c) Fazer rotação de herbici-das com diferentes mecanismos deação;

d) Realizar aplicaçõesseqüenciais de herbicidas com di-ferentes mecanismos de ação;

e) Fazer rotação de culturas;f) Monitorar a população de

plantas daninhas e o início do apa-recimento da resistência;

g) Evitar que plantas resis-tentes ou suspeitas produzam se-mentes;

h) Usar práticas para esgo-tar o banco de sementes.

4.3 Azevém resistenteao glifosato

o azevém é uma espeCleanual, de inverno, utilizada princi-palmente como forrageira e parafornecimento de palha para o sis-tema plantio direto. É uma espéciede fácil dispersão e, por isso, está

presente e caracteriza-se comoplanta daninha em praticamentetodas as lavouras de inverno e empomares da região sul do Brasil.

O controle do azevém, empomares e no sistema plantio dire-to' para formar a palhada, é reali-zado geralmente com o herbicidaglifosato. A utilização do glifosatopara controle de azevém em áreascom culturas anuais e perenes (po-mares) é prática que vem sendoutilizada há mais de 20 anos. O nú-mero de aplicações em uma safraé variável e depende da cultura(anuais ou perenes), das espéciesdaninhas presentes e das condiçõesde clima. Existem casos na fruticul-tura em que são realizadas mais decinco aplicações durante o ciclo pro-dutivo (setembro a abril, no casoda maçã).

As indicações relacionadas àprevenção da resistência não foramconsideradas de grande importân-cia, já que o glifosato, devido assuas características, é consideradoum produto com baixo risco paraseleção de biótipos resistentes (Fi-gura 4.1) . Entretanto, contrarian-do as expectativas, foram identifi-cados biótipos de azevém resisten-tes ao glifosato nos municípios deVacaria, Lagoa Vermelha, Tapejara,

.Bento Gonçalves, Ciríaco, Carazinhoe Tupanciretã. Existem outros mu-nicípios no Rio Grande do Sul e emSanta Catarina com áreas em ava-liação, em que há indicativos deestar ocorrendo biótipos de azevémcom resistência.

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Tabela 4.1. Herbicidas graminicidas e totais que controlam azevém resis-tente e sensível ao glifosato.

Fluazifop p FusiladeAriloxifenoxi- Haloxyfop-r Verdicl R, Gallanlpropionatos Propaquizafop Shogun

Inibidores da (fop's) Fenoxaprop Furore, PodiumACCaseDiclofop lIoxan

Ciclohexanodionas Clethodim Selecl(dim's) Sethoxydim Poast

in~bidores da ALS Sulfoniluréia lodosulfuron Hussar

HEBICIDAS NÃO SELETIVOS

Inibidores do FS I BipiridíliosDiqual Reglone

Paraquat Gramoxone

Iníbidores da GS Ácido fosfinico Amônio- Finaleglufosinato

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o controle dos biótipos deazevém resistentes ao glifosato evi-dencia-se como um grande proble-ma devido ao reduzido número deprodutos registrados para fruticul-tura com potencial de uso nestecaso. Para as culturas anuais exis-te um maior número de moléculasdisponíveis e igualmente eficientessobre o azevém, contudo o custodo tratamento com estes produtospode ser até quatro vezes superiorao tratamento com glifosato. Emgeral os graminicidas "fops" e "dims"(Tabela 4.1) controlam com efici-ência o azevém. Na cultura do mi-lho o nicosulfuron e o foransulfuroniodosulfurom-metílico apresentam-se como uma boa alternativa.

Vale salientar que mesmoutilizando-se um graminicida, a ne-cessidade de utilização de glifosatopara controlar as espécies dicotile-dôneas (folhas largas) permanece.Assim, a resistência de plantas da-ninhas faz com que produtores ne-cessitem acrescentar mais um her-bicida na lista de aplicações ou aalterar o manejo da vegetação nes-tas áreas, utilizando métodos demanejo e controle, muitas vezesmenos eficientes e com maior cus-to de aplicação. Essesfatos ilustramo custo da resistência para o pro-dutor.

A aplicação repetida e conti-nuada de glifosato para controle davegetação é considerada a princi-pal causa da seleção dos biótiposresistentes. Dessa forma, a rotaçãode mecanismos de ação é uma fer-ramenta capaz de impedir a evolu-

ção da resistência ao glifosato e deveser adotada pelos produtores comomedida preventiva.

A avaliação da resposta debiótipos de azevém sensíveis e re-sistentes a diferentes doses do gli-fosato indicou Fator de Resistência(FR) de 16,8. Isso significa que oazevém resistente requer dose deglifosato 16,8 vezes maior do que osensível para evidenciar mesmoefeito. A aplicação seqüencial dedoses de glifosato, prática eficientesobre espécies de difícil controle,não apresentou incremento satisfa-tório no nível de controle do aze-vém resistente. Em geral, observa-se que o tempo necessário paraocorrer a morte do biótipo resisten-te, em resposta a herbicidasgraminicidas, é maior do que aquelerequerido para o biótipo sensível.

Estudos sobre o crescimen-to e desenvolvimento do azevémresistente e sensível ao glifosatoevidenciaram que o biótipo sensí-vel acumula maior quantidade dematéria seca. A menor produção dematéria seca do biótipo resistentena parte aérea está relacionadacom o menor número de perfilhosproduzidos. O biótipo sensível apre-sentou, em média, 7,2 perfilhos porplanta, enquanto o resistente apre-sentou 4,4 perfilhos. O número deperfilhos interfere diretamente nonúmero de inflorescências da plan-ta, uma vez que, cada perfilho pro-duzirá, potencialmente, umainflorescência. Assim, o número deinflorescências produzidas pelobiótipo sensível também foi maior

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do que aquele produzido pelo biótiporesistente. Em conseqüência, omaior número de inflorescências dobiótipo sensível lhe proporcionoumaior produção de sementes. Ou-tra característica avaliada foi o nú-mero de dias necessários, após aemergência, para que os biótiposiniciassem o período reprodutivo.Em média, o biótipo sensível flores-ce 19 dias antes que o biótipo re-sistente, e completa o ciclo, emmédia, 25 dias antes.

Maior acúmulo de matériaseca, maior número de perfilhos,floração antecipada, maior produ-ção de sementes e menor ciclo sãocaracterísticas importantes que po-dem ser utilizadas como ferramen-tas no manejo e controle da resis-tência. A adoção de práticas cultu-rais que favoreçam o biótipo de aze-vém sensível ao glifosato poderá seruma estratégia eficiente para ma-nejar áreas com resistência.

A capacidade de acumularmatéria seca é um importante indi-cador da habilidade competitiva deuma espécie. Assim, em condiçõesde competição, em nível de campo,o biótipo sensível, em tese, possuicondições de exercer efeitosupressor sobre o crescimento dobiótipo resistente. A floração ante-cipada do biótipo sensível proporci-onà dessincronia com a floração dobiótipo resistente. Apesar desta ca-racterística não impedir totalmentea ocorrência de cruzamentos entreeles, devido ao longo período de flo-ração do azevém e a emissão con-tinuada das inflorescências, ela

pode reduzir a taxa de cruzamen-tos e, consequentemente, diminuira disseminação da resistência. Omaior número de sementes produ-zidas garante ao biótipo sensívelmaior número de descendentes e atendência de dominar o ambiente,se a pressão de seleção for retira-da ou reduzida. A pressão de sele-ção é retirada quando não se utili-zam, no local, herbicidas com omecanismo de ação para o qual eisbiótipos adquiriram resistência, nes-te caso glifosato.

Assim, a prevenção e o ma-nejo das áreas infestadas com aze-vém resistente ao glifosato deve serrealizado com uso de práticas comoa rotação de culturas, de métodosde controle, bem como com a utili-zação de herbicidas com mecanis-mos de ação diferente daquele paraoqual as plantas possuem resistên-cia. A adoção de práticas culturaisque favoreçam o biótipo de azevémsensível a glifosato é uma estraté-gia eficiente para manejar áreascom resistência. Em condições decompetição, em nível de campo, obiótipo sensível, em tese, possuicondições de exercer efeitosupressor sobre o crescimento dobiótipo resistente, já que produzmaior quantidade de matéria secae maior número de sementes.

4.4 Buva resistente aoglifosato

A buva é uma espécie anual,nativa da América do Sul, que per-tence a classe magnoliopsida e a

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família Asteraceae. É uma espécieautógama, que chega a produzirmais de 100 mil sementes por plan-ta.

As sementes da buva germi-nam durante o outono/inverno,(Figua 4.2) as plantas desenvolvem-se durante a primavera/verão e en-cerram o ciclo no outono. A germi-nação é aumentada na presença daluz e em condições de campo assementes só germinam se estive-rem próximas da superfície do solo.A baixa dormência faz com queocorram vários fluxos germinativos,dependendo das condições de cli-ma. É comum encontrar plantas debuva em diferentes estádiosvegetativos em lavouras de soja emilho no Rio Grande do Sul.

A buva (Figura 4.4) foi a pri-meira espécie dicotiledônea a apre-sentar resistência ao glifosato. Es-tuaos demonstram que os biótipossensíveis e resistentes apresentamsemelhanças na retenção e absor-ção do glifosato. Entretanto, obiótipo resistente transloca menorquantidade do herbicida para as

. raízes, assim como o azevém re-sistente. Além disso, a distribuiçãodo glifosato, a partir do ponto ondefoi aplicado na planta, é menor nobiótipo resistente do que no sensí-

, vel. Dessa, forma o glifosato con-centra-se no ponto de aplicação,não distribuindo-se na planta resis-tente como ocorre na sensível. Osníveis da EPSPs nos tecidos dobiótipo sensível e do resistente são

altos, evidenciando que a enzima ésensível ao herbicida. Os resultadosdos estudos realizados até o mo-mento evidenciam que a resistên-cia pode ser devido a uma altera-

. ção nos tecidos, que resulta emimpedimento do carregamento do·floema e a conseqüente redução dadistribuição do herbicida na planta.Esses dados são semelhantes aosobtidos para o azevém.

A resistência da Conyzacanadensis é devido a um gene nu-clear, com dominância incompleta.A natureza autógama dessa espé-cie, a herança simples da resistên-cia e a sobrevivência dos biótiposheterozigotos sugerem aumentorápido na freqüência da resistênciaem áreas com uso contínuo do gli-fosato.

A buva é uma planta dani-nha comum nos estados da regiãosul do Brasil. O glifosato vem sendousado na dessecação pré-semea-dura com controle eficiente da buvaem diferentes estádios de desen-volvimento há mais de 20 anos noRio Grande do Sul. Nos últimos doisciclos agrícolas da soja (2004/2005e 2005/2006) observou-se controleinsatisfatório da buva com uso doherbicida glifosato, sugerindo queesta espécie tenha adquirido resis-tência ao herbicida. Estudos preli-minares confirmaram esta suspei-ta no Rio grande do Sul.

O grupo de pesquisa com-posto pelos pesquisadores da áreade plantas daninhas da Embrapa

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Ácido

fenoxiacético

NA DESSECAÇÃO PRÉ·SEMEADURA

Diquat

Paraquat

Paraquat + Diuron

Ácidofenoxiacético

Aminol 806, Capri, DMA806 SR, Herbi D-480,

U46 D-Fluid 2,4-D

Reglone

Gramoxone

Gramocil

Finale

Aminol 806, Capri, DMA806 SR, Herbi D-480,

U46 D-Fluid 2,4-D

Classic, ClorimuronMaster Nortox,

Conquest, SITIart,Twister

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Trigo, Fundacep, Universidade dePasso Fundo e Universidade Fede-ral de Viçosa, está avaliando a re-tenção, absorção e translocação doglifosato, a sensibilidade da enzimaEPSPse determinando alternativasde controle em áreas infestadascom biótipos de buva resistentes aoglifosato, da mesma forma como foirealizado com o azevém.

Atualmente as recomenda-ções são no sentido de que as áre-

, as infestadas com buva resistentesejam manejadas de forma que osbiótipos resistentes não produzamsementes. O uso de controle ma-nual, aplicações localizadas de her-bicidas e a instalação de culturas

para cobertura do solo são algumasalternativas. O controle dos biótiposresistentes é mais eficiente quandorealizado durante o inverno, já quea buva é mais sensível aos herbici-das em estádios iniciais de desen-volvimento. Na Tabela 4.2 constamherbicidas utilizados para controlede buva no inverno, na dessecaçãopré-semeadura e na pós-emergên-cia.

O herbicida metsulfuron-meti!1apresenta residual no solo quedeve ser considerado antes da se-meadura de culturas sucessivas. Arecomendação é que esse herbici-da seja aplicado 60 dias antes dasemeadura do milho ou da soja.

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Na dessecação, pré-semea-dura do milho ou da soja, geralmen-te as plantas de buva estão em es-tádios avançados de desenvolvimen-to e apresentam maior tolerânciaaos herbicidas. Nesse caso, o con-trole eficiente da buva tem sido ob-tido com 2,4-D (1,5 a 2,0 L ha-1) ec1orimuron (40 a 60 9 ha-1) associ-ados ao glyphosate (3 L ha-1). Apli-cações seqüenciais têm apresenta-do melhor resultados. Nesse caso,o glifosato associado ao 2,4 D ouao c1orimuron é aplicado 15 a 20dias antes da segunda aplicação. A

segunda aplicação, utilizando-separaquat (2,0 L ha-1) ou paraquat +diuron (1,5 a 2,0 L ha-1), deverá serrealizada 1a 2 dias antes da seme-adura. O herbicida amônio-glufosinato apresenta-se eficienteno controle da buva.

Na pós-emergência da soja oherbicida c1orimuron apresenta-secomo alternativa de controle. Desta-ca-se que as dificuldades de controleaumentam com o desenvolvimento dabuva e as doses dos herbicidas de-vem ser ajustadas de acordo com oestádio dessa espécie.