equidade em saÚde, direitos humanos e populaÇÃo em ... · necessidades e políticas públicas...
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EQUIDADE EM SAÚDE, DIREITOS HUMANOS E POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO
DE RUA: REFLEXÕES PARA A FORMAÇÃO MÉDICA
Elizete da Rocha Vieira de Barros1
Rosimeire Aparecida Manoel Seixas¹
RESUMO:
O curso de graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, orientado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, tem buscado inserção no currículo atual
de temáticas que considerem a diversidade humana, no sentido de refletir sobre equidade em
saúde. Como um dos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde, a equidade está
relacionada com condições sociais, econômicas, de justiça social e disponibilidade e acesso aos
serviços de saúde. A saúde de indivíduos e grupos populacionais em vulnerabilidade pode ser
negativamente afetada pelos determinantes sociais. A situação de rua tem sido vista como um
acontecimento global, mas para além das estatísticas é uma experiência singular de abandono,
desesperança, com repercussões graves, principalmente no que diz respeito aos direitos
humanos. Esse estudo parte da Disciplina Optativa ¨Saúde e equidade: (re)conhecendo
necessidades e políticas públicas frente às vulnerabilidades¨ ofertada para acadêmicos de
medicina do campus Campo Grande. O objetivo foi problematizar a formação médica em
relação à abordagem da equidade, direitos humanos e atenção à saúde para a população em
situação de rua. Trata-se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo de abordagem
qualitativa, cuja fonte de dados consistiu na análise dos produtos apresentados pelos discentes
em relação ao relato da vivência no consultório na rua. A formação de um profissional médico
que desenvolva competências nas áreas de atenção, gestão e educação deve se comprometer
com as necessidades postas socialmente, e para tanto as reflexões de temáticas contemporâneas
são necessárias para enfrentamento dos problemas em um contexto real.
Palavras-chave: Equidade em saúde, Direitos Humanos, Educação Médica, Populações
Vulneráveis
1 INTRODUÇÃO
Este estudo aborda a equidade em saúde, direitos humanos e população em situação
de rua inseridos na formação médica, cujo ponto de partida foi: qual a visão do acadêmico de
medicina quanto a atenção à saúde para essa população vulnerável? Um questionamento que
1Docentes do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul –
FAMED/UFMS, na área da Saúde Coletiva/Saúde Pública.
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parece simples, mas exige reflexões que estão pautadas em um conceito ampliado de saúde,
bem como nas diversas áreas de conhecimento.
Historicamente a formação médica tem sido fundamentada pelo modelo biomédico. O
Relatório Flexner publicado em 1910 a partir da avaliação das escolas médicas nos Estados
Unidos tem importância basilar na formação mundial até os dias atuais. Parte do alicerce
científico, focando o estudo na doença, tendo laboratórios e hospitais como espaços
privilegiados para o desenvolvimento da medicina. O modelo desconsiderava os aspectos
sociais, coletivos e comunitários, afastando as dimensões psicológicas e as econômicas do
processo saúde-doença (PAGLIOSA; ROS, 2008).
No mundo contemporâneo esse padrão de formação que tanto influenciou e influencia
até hoje a área da saúde, já não responde mais às transformações da própria sociedade, a
inclusão de um contexto amplo tem sido cada vez mais necessário, é preciso pensar em todo o
contexto que permeia as necessidades de saúde da população, nas iniquidades sociais e nas
políticas públicas.
Os caminhos para uma formação adequada à realidade atual no Brasil vêm sendo
seguido e parte efetivamente das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). A Resolução Nº 3,
de 20 de junho de 2014 está em vigência, e traz os princípios, fundamentos e finalidades da
formação médica. No eixo da atenção à saúde, é esperado que o graduando considere as
dimensões da diversidade humana que definem a pessoa ou grupo na sua singularidade. O Art.
5º, item 1 traz o
[...] I - acesso universal e equidade como direito à cidadania, sem privilégios nem
preconceitos de qualquer espécie, tratando as desigualdades com equidade e
atendendo as necessidades pessoais específicas, segundo as prioridades definidas pela
vulnerabilidade e pelo risco à saúde e à vida, observado o que determina o Sistema
Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2014, p.2)
No Brasil, a Constituição Federal (CF) de 1988, pela primeira vez em sua história
apresenta um capítulo destinado à saúde, reconhecendo-a como¨ Direito de todos e dever do
Estado¨. Em decorrência do processo da garantia desse direito, o país passou por mudanças
importantes na área da saúde a partir de então e conta hoje com um sistema universal de saúde
denominado Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS apresenta três princípios doutrinários
(universalidade, integralidade e equidade), sendo que a equidade é o de mais difícil tradução
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por se tratar de um conceito polissêmico, ter acolhimento em diferentes áreas e na prática
encontrar desafios para sua operacionalização.
Portanto, compreender o conceito de equidade é fundamental neste debate. Whitehead
(1992) traz uma definição que se tornou referência mundial, considerando que subsidia o
documento da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o tema. A definição está
relacionada com as condições sociais, econômicas, justiça social, disponibilidade de serviços
de saúde e acesso aos mesmos. A incorporação de elementos de ordem ética e moral reforçam
a ideia da justiça social.
Destaca-se ainda que a saúde de indivíduos e grupos populacionais em desvantagem
social pode ser negativamente afetada pelos determinantes sociais, que seriam as causas reais
dos problemas da sociedade (YOSHINO, 2018).
As desigualdades sociais na perspectiva das iniquidades têm ganhado espaço nesta
contenda e está ligada ao conceito de equidade porque abarca a ideia de que os indivíduos têm
diferentes necessidades e a distribuição igualitária de recursos não seria por si só solução para
as mesmas, e a impossibilidade de atender a estas necessidades seria vista como injusta ou
iníqua (BARATA, 2001).
Sen (2002) observou que a equidade em saúde é um conceito multidimensional e
abrange vários aspectos e não somente a distribuição da assistência, mas compreende a justiça
dos processos e a ausência de qualquer discriminação.
O fato é que o conceito de equidade tem múltiplas abordagens na literatura, e relação
direta com outros conceitos, segundo Campos (2006) o termo deve ser analisado tanto na sua
constituição ontológica, como quando este faz interface com relações mais amplas e em um
determinado contexto singular. Aponta o exemplo da relação entre a equidade e políticas sociais
e o sistema universal de saúde no Brasil.
Assim, para definir equidade em saúde é preciso antes examinar os conceitos aplicados
em outras áreas, pois permite verificar quais aspectos aproxima ou afasta dos conceitos oriundos
de outras ciências. Portanto se a equidade está relacionada às iniquidades, como diferenças
desiguais e injustas, a saúde de indivíduos e grupos populacionais em vulnerabilidade pode ser
negativamente afetada pelos determinantes sociais que estariam conectados a estas diferenças
acima sinalizadas.
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Nesta linha, a situação de rua tem sido vista como um acontecimento global, mas para
além das estatísticas é uma experiência singular de abandono, desesperança, com repercussões
graves, principalmente no que diz respeito aos direitos humanos.
É inegável que ao longo da história haja uma luta de reivindicação pelos Direitos
Humanos com fatos marcantes e pactuações internacionais. Neste cenário, a Declaração
Internacional dos Direitos do Homem consiste em um dos documentos de grande alcance e que
tem sido utilizada nos dias atuais na reivindicação e proteção dos direitos humanos. O Art.1°
traz “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de
razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”
(DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS DO HOMEM, 1948, p 1).
É necessário observar a vinculação do Estado brasileiro ao Direito Internacional. A
Carta Magna promulgada em 1988, distingue no parágrafo 2° do Artigo 5° a importância dos
pactos em que o Brasil é signatário e a natureza constitucional dos mesmos. Nesta mesma linha
engloba princípios convergentes aos direitos humanos, como o da dignidade humana e as
garantias do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à propriedade, à educação, à
saúde, etc. (SILVA, 2017).
O fato é que os direitos estão preservados em documentos legais, entretanto se os
países estão compromissados com a proteção dos direitos humanos, por que algumas
populações vulneráveis, como as que vivem nas ruas não têm seus direitos efetivados e a
equidade não se faz em ato?
Rocha, Souza e Cavadinha (2019) abordaram exatamente a ideia do princípio da
equidade e como está sendo realizado este debate em cursos de graduação de uma universidade
pública no Brasil, ancorados nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) e em revisão de
literatura, observando que pensar sobre equidade é mais do que uma questão teórica-
metodológica, passa pela necessidade de uma formação ética como núcleo no próprio processo
formativo. Como resultado do trabalho apontaram que a ótica da equidade tem sido sinalizada
nas DCNs de alguns cursos e que existem algumas experiências, todavia alertam que a inclusão
da equidade neste documento norteador e o próprio ganho dos marcos legais podem não traduzir
de forma imediata a modificação na formação profissional, pontuam ainda que pesquisas nas
instituições de ensino são necessárias, bem como o estudo mais aprofundado nos projetos
pedagógicos dos cursos.
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Considerando tais apontamentos, o objetivo deste estudo foi problematizar a formação
médica em relação à abordagem da equidade, direitos humanos e atenção à saúde para a
população em situação de rua.
2 O CONTEXTO DA PESQUISA
Esta pesquisa emergiu após a análise das atividades propostas pela Disciplina
Optativa: “Saúde e equidade: (re)conhecendo necessidades e políticas públicas frente às
vulnerabilidades” ofertada para acadêmicos do curso de Medicina da Faculdade de Medicina
na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – FAMED/UFMS.
Cabe destacar que esse conteúdo na FAMED/UFMS não é contemplado da forma
como foi proposto nessa disciplina optativa, haja visto que não compõe ainda o projeto
pedagógico do curso, no momento, em vias de transição para reformulação. Assim,
considerando a demanda e as experiências profissionais das docentes envolvidas na área de
Políticas de Promoção à Equidade em Saúde e em Diversidade Humana, que essa proposta foi
estruturada e executada no primeiro semestre deste ano.
Essa disciplina contou com a participação de 09 discentes até a sua conclusão. O plano
de ensino contemplou sete unidades temáticas, que foram: 1) Contexto da equidade em saúde;
2) Competência cultural nas práticas em saúde; 3) Saúde integral da população LGBT; 4) Saúde
integral da população negra; 5) Saúde integral da população do campo, da floresta e das águas;
6) Saúde da população em situação de rua; 7) Saúde da população cigana.
Esse estudo consiste em um recorte que apresentará as análises da unidade temática 6,
que aborda as atividades desenvolvidas em conjunto a equipe do Consultório na Rua (eCR) da
Secretaria Municipal de Saúde Pública de Campo Grande – SESAU2, a fim de dar visibilidade
as temáticas ainda negligenciadas pela formação acadêmica na área da saúde, bem como refletir
os impactos positivos que essa experiência proporcionou para a formação pessoal e profissional
dos discentes envolvidos.
2 Convém lembrar que a parceria entre UFMS e SESAU é regulamentada pelo Contrato Organizativo de Ação
Pública Ensino-Saúde (COAPES), que viabiliza a integração ensino-serviço-comunidade no processo de formação
acadêmica na área da saúde.
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2.1 O PERCURSO DA INVESTIGAÇÃO
Trata-se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo de abordagem qualitativa,
cuja fonte de dados consistiu na análise dos produtos apresentados pelos discentes em relação
ao relato da vivência no consultório na rua.
Por tratar-se de uma pesquisa qualitativa, a análise do conteúdo norteou a
sistematização dos discursos dos discentes apreendidos por meio dos relatos dessa vivência,
tendo como referencial teórico a proposta operativa de Minayo (2014), na qual o processo de
análise parte das categorias operacionais/empíricas em direção as categorias analíticas, que se
articulam com os conceitos teóricos.
No caso desse estudo as categorias operacionais/empíricas consistiram nas quatro
questões que nortearam a elaboração do relato dos alunos: 1) Quais os sentimentos que essa
experiência despertou?; 2) Quem são as pessoas que estão em situação de rua? 3) Quais as
necessidades de saúde e de cuidado dessa da população em situação de rua; 4) Qual o papel da
equipe do Consultório na rua? A partir da análise dessas categorias emergiram três categorias
analíticas: 1) Ressignificações da visão de mundo diante da vida nas ruas; 2 Direitos Humanos
e Equidade em Saúde; 3) Políticas Públicas e Consultório na Rua, que expressam o movimento
de aproximação da formação profissional médica no (re) conhecimento das necessidades de
saúde da população em situação de rua.
2.1.1 Aproximações da formação médica à realidade da população em situação de rua
2.1.1.1 Ressignificações da visão do mundo diante da vida nas ruas
Na categoria “Ressignificações da visão de mundo diante da vida nas ruas” os alunos
relataram, primeiramente, os sentimentos e as emoções que o contato com essa população
despertou em cada um, como: “impotência, choque, nojo, perplexidade, pena, mal-estar,
angústia e desamparo”. Além disso, alguns referiram alguns questionamentos que tal
experiência propiciou: “é uma forma de vida válida?”; “essa experiência me deixou pensativa
durante uma semana, como se paradigmas fossem descontruídos”; “o que leva a pessoa a viver
daquele jeito?”.
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Como ressalta Campos (2018) esse tipo de experiência faz com que os discentes
experimentem o dia a dia do mundo real, ampliando o seu olhar sobre o mundo, ao mesmo
tempo em que confrontam a teoria com os desejos singulares do outro, bem como com as
necessidades de saúde.
A representação social da pessoa que vive em situação de rua vincula-se a uma imagem
depreciativa e carregada de estigma. Como destacam Rodrigues, Lima e Holanda (2018, p. 427)
em sua pesquisa:
Não por acaso é possível presenciar com frequência profissionais reproduzindo
estigmas em relação a esses sujeitos, ao embasarem suas práticas em comportamentos
moralistas de cunho normativo e patologizante, que mais contribuem para aprisionar
essas pessoas às identidades pressupostas fetichizadas do que para propiciar a
exploração de novas possibilidades de ser e estar no mundo.
O confronto com essa realidade abre possibilidades para os alunos ressignificarem o
conceito apreendido dessa população, frequentemente, rotulada por mendigos. Entenderem que
“por trás de uma vida existe sempre uma história”, permite conhecerem que mesmo que
brevemente as histórias e os motivos que levaram algumas daquelas pessoas a viverem nessa
condição, rompendo com muitos estereótipos e preconceitos, como por exemplo, a surpresa
diante do fato de que há pessoas com ensino superior que vivem na rua.
Por outro lado, o relato das histórias permite que os moradores se percebam como
personagens dela, “gerando um processo de reflexão sobre si mesmo e construção de
possibilidades de emancipação e metamorfoses frente às situações de opressão vivenciadas
pelos mesmos em seus cotidianos” (RODRIGUES; LIMA; HOLANDA, 2018, p. 434).
Assim, compreender a percepção dos moradores sobre si mesmo também é igualmente
importante e auxilia o entendimento da temática, fica claro quando o estudante traz, “mas eles
(em situação de rua) se sentem satisfeitos com o que nós (acadêmicos) consideramos mínimo”.
A constatação leva a um conflito interno do estudante, ancorado na sua concepção de mundo e
no que acha aceitável, contrastando com a escolha diferente do “outro”.
A dinâmica nas ruas impõe aos profissionais o desenvolvimento de habilidades e
competências, considerando a imprevisibilidade do contexto e as crenças, costumes e cultura
compartilhadas por essa população. Nesse sentido, os alunos destacaram o respeito da equipe
de consultório na rua frente a autonomia daquela população. Consoante a esse relato, Machado
e Rabello (2018) elencam a construção de autonomia junto aos usuários como condição de
chegada e partida tanto para o trabalho das equipes do consultório na rua como para o trabalho
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em saúde como um todo. Outro ponto destacado pelos autores que diz respeito à clínica do
cuidado refere-se à capacidade de articulação das dimensões biopsicossociais na atenção à
saúde dessa população.
O desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes na formação em saúde
muitas vezes é vista somente no âmbito técnico, sendo a dimensão relacional subjugada como
desnecessária, pois envolve aspectos pessoais, ou seja, intrínsecos, como se não fosse papel da
formação profissional também os desenvolver. Convém lembrar que os aspectos cognitivos e
afetivos, somados aos psicomotores compõem todo processo ensino-aprendizagem.
Nas questões específicas da área da saúde, o discurso “tem doenças como a AIDS,
tuberculose [...] que mereciam outros cuidados, mas não são tratadas devidamente pela
própria liberdade em decidir, não pretendem ir na unidade de saúde porque estão sujos e
temem não terem acesso”.
Hino et al. (2018) em revisão integrativa da literatura sobre o tema entre 2007 a 2016
sobre pessoas em situação de rua sob o olhar da saúde, na análise sobre “doenças e agravos da
saúde” observam que a forma de vida está intrinsicamente ligada ao processo saúde-doença
marcado pelas vulnerabilidades e susceptibilidades. Apontam que alguns dos principais
problemas de saúde desse grupo, conforme citado pelos acadêmicos, neste estudo, é a infecção
pelo HIV/Aids e a tuberculose. A tuberculose acomete com maior frequência a população que
vivencia situação de rua, e a falta de adesão ao tratamento é um dos problemas que ocorre com
frequência, dificultando sobremaneira o controle da doença. O grande problema consiste na
dificuldade em lidar com a realidade de um contexto social totalmente inadequado que agrava
a doença, as barreiras do serviço e a continuidade exigida para o processo de cuidado.
No processo de cuidado a essa população, a criação de vínculos, a confiança, e a
acreditação e possibilidade de novos caminhos devem ser consideradas como habilidades
profissionais importantes para a atenção à saúde dessa população.
Da mesma forma é importante aferir que o acadêmico ao ter a oportunidade de lidar
com a avaliação do manejo das situações clínicas, conhece os agravos mais prevalentes e
aprende a se colocar neste mundo considerado ¨hostil¨, podendo exercitar habilidades de
comunicação, para o resgate da compreensão daquele indivíduo sobre seu problema de saúde e
das soluções possíveis, cria-se a oportunidade de esclarecer para esta pessoa situações as quais
ele não precisaria conviver, considerando os tratamentos disponíveis.
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Por fim, verificou-se como o contato com aquela população “invisível” possibilitou a
oportunidade de refletir e, consequentemente, ressignificar sua prática profissional futura,
sintetizada pelo discurso: “Tenho certeza que serei um médico diferente depois dessa
experiência”. Isso demonstra como a inserção desse cenário de prática pode contribuir para a
formação humanística dos estudantes de medicina, independentemente de onde sua prática
estiver inserida.
2.1.1.2 Direitos Humanos e equidade em saúde
Nesse estudo, os estudantes traduzem este contexto de debate sobre direitos humanos
e equidade com as seguintes frases, as quais expressaram suas vivências: “é uma população
invisível, há uma indiferença da sociedade para com essas pessoas” e em outra alocução “eles
habitam em lugares decadentes que a sociedade quer esquecer”.
O conhecimento de quem são estes seres anônimos, onde estão, o que fazem, como
vivem, permeia os objetivos das instituições, tanto que em 2008 foi publicada pelo antigo
Ministério do Desenvolvimento Social uma pesquisa pioneira sobre o perfil dessa população.
Naquela ocasião foram detectados 31,9 mil adultos em situação de rua. Vale considerar que
nesta pesquisa foram incluídas 23 capitais, com exceção de São Paulo, Belo Horizonte e Recife,
além de 71 cidades, sendo 48 municípios com mais de 300.000 habitantes. (BRASIL, 2008).
Essa invisibilidade percebida pelos estudantes é fato, e vai além das vulnerabilidades
da locação inexistente, mas passa pelo desamparo, insalubridade, insegurança, gerando
diferenças no acesso dos serviços essenciais, entre eles os ligados à saúde (VALENCIO et al.,
2008).
Os acadêmicos percebem agora o peso dessa realidade, que passa pela compreensão
do seu próprio papel como futuro profissional de saúde, um novo olhar para essa população é
exigido. Inicialmente considerando que existem e que tem aumentado o número de pessoas
nessa situação, conhecendo as possíveis causas deste acontecimento e também o que a
sociedade pensa. Conhecer esses pontos pode auxiliar o aluno a compreender esse mundo
singular na sua própria perspectiva, lidando com o preconceito, buscando apreender essa nova
situação, além de desenvolver a empatia e estar acessível diante do outro que necessita de sua
atuação profissional.
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Sinalizaram ainda:¨são marginalizados e desassistidos, falta o básico: um lugar para
tomar banho, uma escova de dente [...]”; “querem ser atendidos ali mesmo, eles desejam
apenas o que consideram suficiente, que não é o ideal, mas se sentem satisfeitos com o que
consideramos mínimo”.
De acordo com as falas é difícil para o acadêmico conceber uma vida tão sem direitos
e que afronta a dignidade da pessoa humana, conforme definida nas legislações.
Diante disso, a reflexão que surge imediatamente: a população em situação de rua vem
sendo contemplada com esses direitos? O aluno deparou-se na prática com a falta da higiene
básica dessa população e ao conjecturar essa ação cotidiana de todo ser humano, faz relações
com direitos mínimos essenciais, esse que toda pessoa deveria ter para uma vida digna e
inclusiva na própria sociedade. Portanto, amplia o olhar para o problema, que vai além do
processo de cuidado que está sendo estabelecido, para um contexto extensivo, que exige
também a conexão com o conhecimento de outras áreas, entre elas, a dos direitos humanos.
Para Silva e Siqueira (2018) é preciso dar atenção metódica aos direitos humanos,
considerando que assim procedendo há possibilidade concreta de identificação de iniquidades,
interferindo no processo para combatê-las, o que avança na melhoria a saúde dessa população
em situação de rua. Assim sendo, os marcos teóricos facilitam lidar com as questões de
vulnerabilidade. O autor considera ainda que os documentos internacionais de direitos humanos
podem servir de base para instrumentos legais de políticas para o setor, que tem como foco a
equidade e as desigualdades.
Ao mesmo tempo, como evidência da questão do preconceito, o acadêmico constata o
afastamento dessa população das unidades de saúde e o fato leva a percepção da importância
da sua própria atuação para diminuir a desigualdade, lidando com os preconceitos, os estigmas
conferidos a esses seres invisíveis, as desigualdades e o respeito às escolhas.
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Medicina 2014, uma das
questões importantes na formação é considerar a diversidade humana que particulariza cada
pessoa ou cada grupo social, promovendo acesso e tratando as desigualdades com equidade. O
contato do aluno e as vivências com essa problemática, permite estabelecer um diálogo sobre
políticas que estão à margem. Além de considerar que a implementação das mesmas a partir
da integração ensino-serviço-comunidade na formação pode ser um caminho (ROCHA,
SOUZA; CAVADINHA, 2019).
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2.1.1.3 Políticas Públicas e Consultório na Rua
Principalmente nos últimos dez anos, o Brasil vem através de documentos legais e
ações governamentais traçar uma política que efetive os direitos fundamentais sociais dessa
população, que incluem à saúde, considerando a própria Constituição Federal de 1988, e seu
princípio basilar da dignidade humana (BRASIL,1988).
Em 2009, o governo federal por meio do Decreto 7053 instituiu a Política Nacional para
a População em Situação de Rua. Dentre os objetivos da Política está o de assegurar o acesso
amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as políticas públicas, o que
inclui a de saúde. O Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento também é
criado concomitantemente (BRASIL, 2009).
No Artigo 1º desse decreto, parágrafo único:
Art.1o Fica instituída a Política Nacional para a População em Situação de Rua, a ser
implementada de acordo com os princípios, diretrizes e objetivos previstos neste
Decreto.
Parágrafo único. Para fins deste Decreto, considera-se população em situação de rua
o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os
vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia
convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas
como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem
Como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia
provisória. (BRASIL, 2009,p.1).
A Portaria 3305 do Ministério da Saúde cria o Comitê Técnico de Saúde da População
em Situação de Rua, no âmbito do próprio Ministério, é importante porque direciona a
responsabilidade da saúde dessa população, e decorrente da própria política a integração no
Sistema Único de Saúde, nas três esferas de governo (BRASIL,2009)
Nesta seara, a Portaria 122/2011 também do Ministério da Saúde, estabelece diretrizes de
organização e funcionamento das equipes do Consultório na Rua, previstas atualmente na
Portaria da Política Nacional de Atenção Básica (Portaria 2436/2017). Nesta portaria como
pontos principais: Deve integrar o componente da Atenção Básica da Rede de Atenção
Psicossocial. A composição da equipe deve ser multiprofissional e que lida com os diferentes
problemas e necessidades de saúde da população em situação de rua. Espera-se ações
compartilhadas, e integradas às unidades básicas, CAPS, serviços de Urgência e Emergência e
outros pontos de atenção da rede (BRASIL,2017).
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Em que pese a falta de um discurso por parte dos acadêmicos que incluísse a palavra
¨política¨ na prática vivenciada consideraram o trabalho da equipe, que na verdade é uma
resposta a efetivação da política, observaram que os profissionais: ¨Nunca vão além¨, ¨não
ultrapassam barreiras¨ , ¨Não roubam espaço de decisão¨, ¨Praticam a autonomia, ¨O cuidado
é integral, com ações intra e intersetoriais¨, ¨São resilientes¨, ¨É uma equipe muito forte
emocionalmente, conseguem separar aquele contexto da vida pessoal¨, ¨Estabelecem vínculos
de confiança, ¨São realistas¨.
O contato com os profissionais da equipe do Consultório na Rua validou a existência de
um plano operativo, sendo que o acesso é diferenciado porque é feito no local onde essas
pessoas se encontram e a rede é acionada conforme necessidade de saúde.
Fica consistente na fala a singularidade da equipe que vai além da sua constituição
multiprofissional, a considerar o leque de competências (conhecimento, habilidades e atitudes)
individuais e coletivas que os profissionais deverão desenvolver cotidianamente.
A implementação de recursos de mediação, na prática, passa pela compreensão da equipe
e também do aluno em formação, da psicodinâmica da vida nas ruas. Como essas pessoas
sobrevivem diante do cenário das ruas? É preciso refletir os fatores da ida para a rua, e a própria
vivência neste cenário, considerando que essas pessoas em situação de rua adquirem novos
comportamentos, há uma mudança de valores, assimilam regras de convivência, criam nova
rede de ligações, criam formas de subsistência e sobrevivência, lidam com a violência e
repressão, e vivem um processo de desumanização (BRASIL, 2000).
Por outro ângulo, os acadêmicos puderam verificar nesta equipe, a ausência do
profissional médico e a necessidade de acionamento na rede de saúde para que houvesse a
atenção desse profissional. Considerando a incerteza de um novo encontro com aquela pessoa,
a presença do médico naquele cenário é de fato importante para essa população vulnerável. A
importância dos diferentes núcleos de saberes na constituição da equipe é inegável para
visibilidade e implementação da própria política.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É imperativo na formação médica refletir sobre temas contemporâneos na seara dos
direitos humanos, que compõem a atenção à saúde das populações vulneráveis, considerando
as diversas faces do problema.
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As políticas públicas existem, porém não têm sido suficientes para assegurar o direito
mínimo essencial indispensável para uma vida digna para a população em situação de rua, sendo
que ao constatar a problemática os alunos são estimulados a desenvolver o senso crítico sobre
as políticas e seu papel na operacionalização das mesmas.
Os moradores em situação de rua por força da contingência em que se inserem
cotidianamente devem ser considerados como uma população de extrema vulnerabilidade,
devendo ser discriminados positivamente para garantia do direito à saúde e a equidade.
Os determinantes sociais da saúde influenciam significativamente o processo de
adoecer dessa população e a dinâmica da vida nas ruas exige do aluno em formação um olhar
para as singularidades que permita estabelecer uma relação médico paciente que considere a
subjetividade, centrando na pessoa e nas suas necessidades.
A integração do acadêmico no cenário (espaço nas ruas) e a integração à equipe do
Consultório na Rua é inadiável porque estimula a formação humanista, crítica e reflexiva
preconizada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, além do respeito às diferenças e
autonomia do sujeito quanto às necessidades de saúde.
É inegável que o aluno da graduação ao aproximar-se dessa população é capaz de
desenvolver habilidades ligadas a comunicação e a criação de vínculos, além de desenvolver o
olhar cuidadoso sobre a prática da equidade, agindo com empatia, enfrentando seus próprios
preconceitos e acima de tudo, estando disponível para o processo de cuidado na perspectiva do
“outro”.
4 REFERÊNCIAS
BARATA, Rita Barradas. Iniquidade e saúde: a determinação social do processo saúde
doença. Revista USP, n. 51, p. 138-145, 30 nov. 2001.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
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