exemplo artigo fractal
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ESCALADEACONSELHAMENTOPROFISSIONAL:ANLISECOMESTUDANTESDEENSINOMDIO
Ana Paula Porto NoronhaH
Maiana Farias Oliveira NunesHH
RESUMO
Este estudo teve como objetivo analisar a Escala de Aconselhamento Prossional-
EAP com alunos do ensino mdio, buscando fazer comparaes com a amostra
normativa, composta por estudantes universitrios. Dois conjuntos de dados foram
utilizados, um deles composto por 762 estudantes universitrios, e o segundo com
950 alunos do ensino mdio. Anlises fatoriais e de Rasch foram realizadas, tendo-
se observado a mesma estrutura fatorial que havia sido previamente denida para
estudantes universitrios com a nova amostra, composta por adolescentes. Apreciso dos itens variou de 0,97 a 0,99, enquanto a preciso das pessoas variou
entre 0,70 e 0,85. Os parmetros de ajuste estiveram em patamares adequados
tanto em relao s pessoas como com os itens. O theta e a diculdade dos itens
foram semelhantes em ambas as amostras. Os resultados foram interpretados como
favorveis ao uso de EAP para medir os interesses vocacionais dos adolescentes,
considerando as dimenses previamente denidas.
Palavras-chave: interesses prossionais; adolescentes; teste psicolgico
PROFESSIONALCOUNSELINGSCALE:ANALYSISWITHHIGHSCHOOLSTUDENTS
ABSTRACT
This study aimed at analyzing the Escala de Aconselhamento Prossional-
EAP with high school students, trying to make comparisons with the normative
sample that answered the scale, which was composed by college students. Two
data sets were used, the rst one composed by 762 college students, and thesecond one comprised of 950 high school students. Factor and Rasch analyses
were conducted. The same factor structure dened for college students was
found with adolescents successfully. Item reliability ranged from 0.97 to 0.99 and
people reliability varied between 0.70 and 0.85; Fit statistics, regarding people
HPsicloga. Doutora em Psicologia Cincia e Prosso pela Pontifcia Universidade Catlica deCampinas. professora associada doutora da Universidade So Francisco. Endereo: UniversidadeSo Francisco. Av. Senador Lacerda Franco, Sn - Itatiba, SP Brasil. CEP:13251-900.
E-mail: [email protected]
Psicloga. Realizou ps doutorado em Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande doSul, no departamento de Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade, com bolsa doCnpq de PDJ.
E-mail: [email protected]
http://lattes.cnpq.br/6828140799795494http://lattes.cnpq.br/6740238780291001mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]://lattes.cnpq.br/6740238780291001http://lattes.cnpq.br/6828140799795494 -
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and items, was adequate. Theta and item difculty were similar in both samples.
Results were interpreted as favorable to using EAP to measure vocational
interests of adolescents, considering the previously dened dimensions.
Keywords: vocational interests; adolescents; psychological test
INTRODUO
A Teoria de Resposta ao Item (TRI) vem sendo referenciada como umadas correntes para anlise de testes psicolgicos. Ela fundamenta-se no pressu-posto de que, ao se conhecer as caractersticas observadas (respostas aos itensde um teste), essas entram em equaes matemticas como constantes e, assim,torna-se possvel conhecer ou estimar o nvel de habilidade do sujeito. O inversodessa armao verdadeiro, ou seja, ao conhecer o nvel de habilidade do su-jeito, possvel estimar a diculdade do item. Dentro dessa abordagem, o trao
latente (varivel psicolgica inferida, no observvel diretamente) chamado detheta(EMBRETSON; REISE, 2000, PASQUALI, 2003; PASQUALI;PRIMI, 2003, WRIGHT; STONE, 2004).
Embretson e Reise (2000) apresentam a TRI como um modelo de medidaem que o nvel das estimativas dos thetasdepende tanto das respostas das pessoas,como das propriedades dos itens utilizados. Nesse modelo, pessoas com o mesmothetaso agrupadas e, a partir desses agrupamentos, busca-se modelar o seu pa-dro de resposta a um conjunto de itens. Assume-se que cada examinando possuium dado nvel de habilidade, que permite situ-lo em uma posio especca em
uma escala de habilidade. Vale notar que para cada nvel de habilidade existe umaprobabilidade especca de acerto ou de adeso ao contedo expresso no item.
So considerados, na TRI, modelos de um, dois ou trs parmetros para aanlise de itens (parmetros a, b e c), que so, respectivamente, discriminao,diculdade e probabilidade de acerto aos itens ao acaso. O parmetro de discri-minao diz respeito capacidade de um item diferenciar pessoas com nveisdiferentes de habilidade, informando sobre a sensibilidade da escala em deter-minadas reas da curva de informao dos itens. Esse parmetro indica o quantoum item pode diferenciar pessoas abaixo da localizao da diculdade do item
e acima dela. J a diculdade do item informa a regio de thetana qual o itemfunciona melhor ao longo da escala de habilidade, sendo assim um ndice de lo-calizao dos itens, ou seja, indica para quais nveis de habilidade o item funcionamais adequadamente. Em regies de thetacom pessoas com menor habilidade,h uma menor probabilidade de acerto a itens difceis, ou seja, seria necessrioum maior nvel de habilidade para acertar o item. medida que o thetaaumenta,amplia-se a probabilidade de acerto ou adeso ao contedo semntico do item.J itens com menor nvel de diculdade podem ser acertados tanto por pessoascom thetasmaiores, como por pessoas com thetasmenores. Por m, o parmetro
c, que aborda a chance de acerto ao acaso, informa sobre a probabilidade de umsujeito acertar o item, mesmo sem o nvel necessrio de habilidade para tal. Esse
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parmetro s faz sentido em testes que so corrigidos em termos de acerto e erro,e no em escalas de autorrelato em que as pessoas indicam o grau de concordn-cia com frases, por exemplo (BAKER, 2001).
Para o presente artigo, foi utilizado o modelo de um parmetro ou o modelode Rasch, que considera a diculdade dos itens (RASCH, 1960). Considerando
esse modelo, alguns ndices foram analisados nesse artigo, quais sejam, ajustedos itens (inte outt), diculdades dos itens, theta,preciso das dimenses e oerro padro de theta e da diculdade dos itens. O ajuste dos itens refere-se con-sistncia de respostas dos sujeitos a diferentes itens, de acordo com o seus nveisde habilidade. Para calcular esse ndice, compara-se o total de respostas dos sujei-tos para um item especco, a m de vericar se h uma coerncia (consistncia)no padro de respostas para pessoas com nveis semelhantes de habilidade. Porexemplo, ocorre desajuste quando um item muito difcil acertado por pessoascom baixa habilidade. Dois ndices de ajuste foram estudados nessa pesquisa, ooutte o int. O primeiro informa sobre a ocorrncia de respostas inesperadasnos casos extremos (outliers). Nesse caso, vericada discrepncia entre o pa-dro de respostas esperado e observado num nvel muito distante da habilidadedo sujeito, ou seja, ele erra itens muito fceis para sua habilidade ou acerta itensmuito difceis para sua habilidade. J o int menos sensvel aos outlierse maissensvel a problemas estruturais nos itens. O intrevela se h um desajuste nopadro de respostas em itens prximos do nvel de habilidade dos sujeitos, ouseja, pode ocorrer quando pessoas com um nvel de habilidade semelhante di-culdade do item sistematicamente erram o item (BAKER, 2001).
O erro padro, por sua vez, a variabilidade aleatria, no prevista pelomodelo de Rasch, analisado tanto no que se refere ao theta das pessoas como diculdade dos itens. A preciso outro indicador da consistncia das respostas,que permite avaliar a quantidade de erro contida nas medidas. No modelo deRasch avaliada a preciso das pessoas e dos itens, e tambm a preciso reale modelada, sendo esses os valores de limite inferior e superior das precises,respectivamente. Assim, o escore verdadeiro dos sujeitos, ou seja, seu escorelivre de erro de medida, deve se encontrar em algum lugar entre o limite inferiore superior da preciso real e modelada (LINACRE, 1997).
Apesar de a TRI ser mais usualmente empregada em testes de habilidade,alguns pesquisadores utilizaram o modelo de Rasch com construtos que so ava-liados com itens em escalas intervalares e objetivaram, por exemplo, a avaliaoda personalidade (NUNES et al., 2008a) ou de sintomas psiquitricos varia-dos, como depresso e transtorno paranoide (ELLIOT et al., 2006), o quejustica o uso no presente estudo. A presente pesquisa voltou-se para a anlise doconstruto interesses prossionais, que ser discutido em sequncia. Para compre-ender a anlise de Rasch aplicada a testes de interesse, o thetano deve ser com-preendido como habilidade, mas sim como o trao interesses prossionais,do mesmo modo que a diculdade dos itens deve ser entendida como a adeso
dos sujeitos ao contedo semntico expresso nos itens.
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Quanto ao conceito de interesse, no h na literatura, e no se esperavaque fosse diferente, um consenso quanto melhor denio do construto. Aocontrrio, encontra-se nesse campo de investigao, assim como nas demais reasda psicologia, muitas concepes distintas e algumas antagnicas. Para Mattia-zzi (1977), no h exatamente uma teoria sobre os interesses; h tentativas deexplicao do fenmeno, que so conrmadas ou no por meio das pesquisascientcas. O autor acrescenta que os interesses so fenmenos psicossociais,complexos e decorrentes de vrios fatores, o que diculta a compreenso deles.
A confuso atribuda denio do construto foi reconhecida por diver-sos autores, como Bohoslavsky (1993), Leito e Miguel (2004), Nunes et al.(2008b), dentre outros. Mattiazzi (1977), h quase 30 anos, chamava a atenopara o fato de que embora a literatura estrangeira sobre o tema fosse extensa, noBrasil encontrava-se de maneira incipiente.
De acordo com o autor, o despertar do estudo sobre o interesse se deu, mais
especialmente, no incio do sculo XX, quando socilogos e economistas esta-vam preocupados com o aumento da produtividade e da economia. Em razo daausncia de conjuntos tericos sistematizados, as pesquisas empricas ganharamespao, o que se mantm nos dias atuais, tal como destacado por Noronha e Am-biel (2006), por Noronha et al. (2006) e por Teixeira et al. (2007).
Um dos marcos do estudo sobre interesses se deu com Fryer (1931), coma publicao da obra The measurement of interests, cuja relevncia se mantm.Para ele, h os interesses subjetivos e os objetivos, sendo que os primeiros socompreendidos como gostos e experincias acompanhados por sentimentos de
satisfao; ou no gostos e armaes de averses acompanhadas de sentimentosdesagradveis. J os interesses objetivos so entendidos como reaes, comporta-mentos que podem ser observados por outros em uma situao especca, sendoque ambos (objetivos e subjetivos) so atividades de aceitao-rejeio e prazer-desprazer. De acordo com o autor, a aprendizagem favorece o desenvolvimentodos interesses. Apoiando-se no modelo de S-R (estmulo-resposta), o autor de-fendia que o indivduo aprende a aceitar ou rejeitar certos objetos e atividades, deacordo com a experincia que tem com eles.
Strong (1943) compartilha da ideia de que os interesses podem ser aprendi-
dos e modicados pela reeducao. Se um indivduo tem a habilidade e a vontadede adquirir um interesse, pode vir a alcanar o que deseja. Assim, aceita-se aideia de que possvel favorecer o surgimento de um interesse, uma vez que elese desenvolve quando algum encontra satisfao de seus desejos. Em sntese, asatividades executadas com sucesso para satisfazer alguma necessidade tendem ase tornarem interessantes.
Os interesses so entendidos como um dos fenmenos psicolgicos quefavorecem o ajustamento do indivduo s condies ambientais, segundo Carter(1940). Sob esta perspectiva, os interesses auxiliariam as pessoas nas solues de
problemas de ajustamento, por meio de estratgias de adaptao, o que endos-sado posteriormente por Angelini (1957). Assim, entende-se que a compreenso
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dos interesses socialmente relevante, uma vez que permite ao psiclogo a anli-se de uma caracterstica que pode permitir a busca de bem-estar por parte de seusclientes, considerando o contexto do trabalho.
Mais contemporaneamente, Savickas (1999) deniu o construto comoum estado de conscincia, caracterizado por prontido de respostas a est-
mulos ambientais especcos. Em um trabalho anterior, Savickas (1995), aodenir o conceito, faz referncia ao padro de gostos, desgostos e respostasindiferentes a estmulos do ambiente. Convm destacar que Leito e Miguel(2004) referem-se denio de Savickas (1999) como a que melhor integra asideias concernentes ao construto.
De acordo com o ltimo autor, as teorias de interesse podem ser agrupa-das em trs conjuntos. No primeiro so reunidas as concepes embasadas nateoria da aprendizagem, de tal modo que os indivduos aprendem a gostar dasatividades que fazem bem. Lent, Brown e Hackett (1994) so representantes
deste grupo, defendendo a ideia que crianas aprendem padres de aceitao ourejeio de estmulos ocupacionais pela experimentao, pela observao dooutro ou por meio dosfeedbacks.
No segundo grupo, ainda segundo Savickas (1999), esto includas asabordagens que envolvem personalidade e motivao. Sob essa perspectiva,os interesses estariam a servio do desenvolvimento da personalidade. Dentreos tericos que mais se destacaram convm mencionar Carter (1940), que de-fendia que os interesses promovem a integrao da personalidade, tal como jassinalado, ou Bordin (1943), que considerava o interesse como a expresso do
autoconceito ocupacional.Por m, a terceira categoria enfatiza o papel social associado aos interes-
ses, sendo que a aceitao ou rejeio do papel social gera o gosto ou o desgostode atividades. Como referncia dessa abordagem, cita-se Tyler (1951). No tocan-te ltima concepo, a imagem de uma ponte que une o papel social ao papelindividual tem sido uma metfora til. Savickas (1995) destaca que essa ideiacoincide com a etimologia do termo; mais especialmente, interesse, no latim,signica entre ser/estar. Assim, o construto representaria a ligao entre o in-divduo e o mundo. Sob essa perspectiva, os interesses ajudariam na manuteno
da integridade do indivduo, por favorecer a prtica de ajustamento s condiesambientais, em um processo de mximo de auto-completamento.
Os interesses so compreendidos por Holland (1959, 1963) como resul-tantes da associao com a personalidade do indivduo. Em acrscimo, para oautor, a congruncia entre personalidade e ambiente produz bons resultados,como satisfao e realizao no trabalho. Posteriormente, Holland, Powell eFritzsche (1994) propuseram que as pessoas aprendem a gostar mais de certasatividades que outras, o que pode ser explicado pelas tendncias motivacio-nais. Assim, segundo os autores, as pessoas tendem a obter maior satisfao no
trabalho quando conseguem estar em ambientes prossionais com as mesmascaractersticas que denem seu interesse.
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Um dos instrumentos que avaliam interesses prossionais, disponvel parauso prossional no Brasil para a populao universitria, a Escala de Aconse-lhamento Prossional (EAP) (NORONHA; SISTO; SANTOS, 2007). Osautores da EAP compreendem interesses como padres de preferncias por ativi-dades prossionais especcas, coerentemente com as proposies de Savickas(1995), que, por sua vez, sugere que o construto refere-se ao padro de gostos,desgostos e respostas indiferentes quanto a estmulos ocupacionais.
Os objetivos desse estudo envolveram a anlise psicomtrica do EAP emalunos de ensino mdio, buscando vericar se a interpretao sugerida no manual,indicada para universitrios, tambm se mantm pertinente quando se considerauma populao mais jovem. Mais especicamente, realizou-se a anlise fatorialdo teste e anlises de Rasch com esse novo grupo. Foi vericado, por meio dacomparao com a estrutura fatorial original, se ela se manteve e se os mesmositens comporiam os mesmos fatores. As anlises de Rasch incluram a vericaodo ajuste dos itens das dimenses (inte outt), diculdade dos itens e thetadaspessoas, erro padro das estimativas dos itens e das pessoas, alm da precisodas dimenses. Adicionalmente, vale destacar que as anlises de Rasch foramrealizadas comparando-as com aquela realizada com universitrios. No que dizrespeito anlise de Rasch realizada com o EAP respondida por universitrios,descrita no manual do teste, os autores da escala armam que, de forma geral,os ndices de ajuste das dimenses encontraram-se adequados (NORONHA;SISTO; SANTOS, 2007; SISTO; NORONHA; SANTOS, 2011).
No que diz respeito comparao dos dados da EAP com universitrios
e alunos do ensino mdio, uma discusso pertinente envolve a questo de se hdiferenas nos padres de interesse associadas idade ou srie escolar. Nesseespecco, um estudo realizado com a EAP aplicada em estudantes do ensinomdio, indicou que apenas uma dimenso da escala (denominada Artes e Comu-nicao) teve diferena de mdia signicativa associada srie escolar (SAR-TORI; NORONHA; NUNES, 2009). No entanto, as autoras destacaram que essadiferena deveria ser mais investigada, uma vez que a amostra constitui-se porjovens apenas do estado de So Paulo, sendo todos alunos de escolas particula-res. Adicionalmente, os autores de destaque na anlise dos interesses indicamno existir diferenas na congurao dos interesses associadas idade (exem-
plo: HOLLAND, 1959; LENT; BROWN; HACKETT, 1994; SAVICKAS, 1995,1999). Desse modo, presentemente esperava-se que a estrutura fatorial dos inte-resses encontrada na EAP em universitrios se manteria, quando analisadas asrespostas de jovens de ensino mdio.
MTODOFonte de dados
Para a realizao da presente pesquisa contou-se com duas fontes para aanlise, um banco de dados com as respostas dos universitrios, cedido pelos
autores do EAP, e outro banco, advindo da aplicao em uma amostra de ensinomdio. Ambos os bancos foram cedidos pelos autores e os dados dos participan-tes sero descritos separadamente a seguir.
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Escala de Aconselhamento Prossional: anlise com estudantes de ensino mdio
Os dados normativos do EAP foram obtidos a partir da aplicao em 762universitrios, de 12 cursos distintos. Entre eles, a maior participao foi dealunos de psicologia (21,9%), seguida por engenharia (11,4%) e administrao(10,4%). As idades variaram entre 17 e 73 anos, com mdia de 24,1 e desvio-padro de 7,1. A maioria dos participantes era mulher (59%), sendo que a coletafoi principalmente realizada no estado de So Paulo.
A outra base de dados foi composta por 950 alunos do ensino mdio de esco-las pblicas e particulares dos estados de So Paulo (N=836) e do Paran (N=114).Os jovens possuam entre 14 e 20 anos, com mdia de idade de 16,3 anos e desvio-padro de 0,9. Quanto s sries que cursavam, quatro participantes no indicaramessa informao, 23% eram da primeira srie, 30,3% da segunda e 46,7% da tercei-ra. No que diz respeito ao sexo, 64,7% eram mulheres e 35,3%, homens.
Instrumento
Foi utilizada a Escala de Aconselhamento Prossional, que avalia prefe-rncias prossionais. A EAP foi construda empiricamente com base em guias deprosses e descries de pers prossionais oferecidos na internet por universi-dades brasileiras. Para a seleo inicial de itens foi realizada a anlise heurstica.Esses procedimentos permitiram a seleo de 61 itens que descrevem atividades,que so avaliadas em termos da frequncia que o sujeito gostaria de desenvolv-las em escala likert de 1 a 5.
A anlise fatorial da EAP, descrita no manual, indicou a existncia de setefatores, com autovalores superiores a 1,5, que juntos, explicaram 57,3% da va-
rincia. Todos os itens apresentaram saturao superior a 0,3 e nenhum delesprecisou ser eliminado. Os fatores foram denominados Cincias Exatas, Artes/Comunicao, Cincias Biolgicas e da Sade, Cincias agrrias/ambientais,Burocrticas, Cincias Humanas/Sociais aplicadas e Entretenimento. Os fatoresapresentaram quantidades desiguais de itens e, em alguns casos, o mesmo itemparticipou de mais de um fator (NORONHA; SISTO; SANTOS, 2007).
Procedimento de coleta de dados
Uma vez que o presente estudo contou com duas bases de dados, no possvel detalhar a maneira que os dados foram coletados. Contudo, umainformao disponvel que, em ambas amostras, os dados foram coletados co-letivamente, em sala de aula, por psiclogos ou alunos de psicologia treinadospara a aplicao da EAP. Todos os participantes maiores de idade assinaram oTermo de Consentimento Livre e Esclarecido e, no caso de menores de idade,seus responsveis legais o zeram.
RESULTADOS
Inicialmente foi vericada a possibilidade de fatorao da EAP por meioda anlise do KMO e do teste de Esfericidade de Bartlett com a amostra de ensinomdio. O KMO observado foi de 0,90 e o teste de Bartlett foi signicativo (p
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0,001), indicando a possibilidade de extrao dos fatores. Com carter explora-trio, inicialmente realizou-se a anlise fatorial sem determinar a quantidade defatores desejada, vericando-se que doze fatores apresentavam autovalor supe-rior a 1. No entanto, como os objetivos desse artigo envolveram vericar se aestrutura original da escala se manteria, as anlises subsequentes considerarama determinao prvia de extrao de sete fatores. Os sete fatores explicaramconjuntamente 54,1% da varincia e apresentaram autovalor superior a 1,4. Emseguida, foi feita a anlise dos componentes principais solicitando a extrao desete fatores, com rotao Promax, com itens com carga fatorial superior a 0,30,seguindo os mesmos procedimentos descritos no manual do EAP. A anlise damatriz da estrutura apresentada na Tabela 1.
Tabela 1- Matriz de estrutura da EAP com alunos do Ensino Mdio
Item AC CE CAA CBS AB E CHSA
45 0,82 0,31
44 0,80 0,36
35 0,77 0,30 0,35
46 0,75 0,38
24 0,67 0,47
43 0,67 0,32
56 0,63 0,43 0,35
29 0,60 0,33
20 0,58 0,50
26 0,56 0,53
27 0,54 0,31 0,35
28 0,53 0,36 0,36
53 0,52 0,37
33 0,47 0,44
60 0,82
10 0,81
14 0,79
31 0,76 0,38
34 0,68
13 0,65
59 0,63 0,33
7 0,62 0,31 0,32
55 0,58 0,52
32 0,53 0,47
41 0,78
17 0,76 0,32
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Escala de Aconselhamento Prossional: anlise com estudantes de ensino mdio
Item AC CE CAA CBS AB E CHSA
50 0,75
12 0,35 0,72
51 0,70
25 0,68
40 0,64 0,63 0,33
11 0,36 0,63
18 0,63 0,44
37 0,56 0,42
19 0,45 0,36
36 0,43 0,37
3 0,83
6 0,82
42 0,76
8 0,74
39 0,71
38 0,51 0,65 0,31
49 0,44 0,64
58 0,59 0,62
48 0,39 0,40
47
15 0,74
30 0,72
54 0,72
1 0,71
23 0,69
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Legenda: AC (Artes e Comunicao), CE (Cincias Exatas), CAA (Cincias agrrias e ambientais),CBB (Cincias Biolgicas e da Sade), AB (Atividades Burocrticas), E (Entretenimento), CHSA(Cincias Humanas e Sociais aplicadas). As cargas fatoriais em negrito indicam os casos em que hcorrespondncia com a estrutura da escala original.
Por meio da comparao entre a matriz de estrutura da EAP com pessoasdo Ensino Mdio (EM) e Universitrio, vericou-se a manuteno dos fatores,com os mesmos itens que os compuseram originalmente, embora tenham sidoencontradas algumas poucas diferenas. Foi possvel observar que determinadositens possuam carga fatorial superior a 0,30 em mais de um fator, e, do mesmomodo que foi realizado no manual do EAP, um mesmo item pde ser mantido emmais de um fator, considerando que a mesma atividade prossional pode estarpresente em mais de uma rea. Em alguns casos (exemplos: itens 52 e 56), optou-se por manter os itens nos fatores originais e no em novos fatores, ainda que a
carga fatorial do item fosse mais elevada em um fator diferente do proposto pelosautores do teste. Como o objetivo dessa anlise foi vericar se a estrutura originalpoderia ser mantida com uma amostra com caractersticas distintas da original,considerou-se o resultado satisfatrio, no que se refere manuteno dos mesmositens das dimenses originais.
Tendo feito essa anlise da estrutura fatorial, procedeu-se a anlise deRasch, com o modelo de crditos parciais, com o uso do programa Winsteps,considerando a mesma estrutura fatorial usada com universitrios. A compa-rao da diculdade dos itens, theta, int, outt, erro padro das estimativas
de theta e da diculdade dos itens e preciso das escalas foi realizada separa-damente por cada fator. A ordem de apresentao das anlises por fator, apre-sentada nas Tabelas de 2 a 8, feita mantendo a sequncia dos fatores descrita
Item AC CE CAA CBS AB E CHSA
21 0,49 0,60
22 0,32 0,50
9 0,45 0,79
4 0,47 0,75
61 0,45 0,74
2 0,45 0,70
52 0,43 0,37 0,48
16 0,80
5 0,35 0,75
57 0,31 0,65
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Escala de Aconselhamento Prossional: anlise com estudantes de ensino mdio
no manual do teste, conforme apresentado na seo do Mtodo deste artigo. ATabela 2 apresenta a comparao dos parmetros de Rasch entre universitriose alunos do EM, na dimenso Cincias Exatas.
Tabela 2- Medidas de ajuste e de erro padro dos itens e das pessoas na dimenso Cincias Exatas
Foi possvel vericar que todos os parmetros analisados estiveram em n-veis muito prximos, o que sugere que, para a dimenso Cincias Exatas, o padrode resposta de universitrios e alunos do EM muito semelhante. A Tabela 3 apre-senta a comparao da anlise de Rasch para a dimenso Artes e Comunicao.
Tabela 3- Medidas de ajuste e de erro padro dos itens e das pessoas na dimenso Artes eComunicao
De modo semelhante ao que ocorreu com a dimenso Cincias Exatas,os indicadores analisados tiveram valores muito prximos nos dois grupos, paraa dimenso Artes e Comunicao. Contudo, houve uma diferena na mdia detheta entre os grupos, que foi analisada por meio do teste tde Student. Comoresultado, a diferena entre os thetas dos dois grupos no foi estatisticamente sig-nicativa. O fato da mdia de theta ser menor no grupo de alunos do EM sugereque o interesse mdio desse grupo por essa dimenso foi menor que a mdia detheta dos universitrios. A Tabela 4 apresenta a anlise de Rasch da dimensoCincias Biolgicas e da Sade.
Dimenso Itens Pessoas
Dificuldade Erro Infit Outfit Theta Erro Infit Outfit
Cincias Exatas-
Universitrios
M 0,04 0,04 1,02 1,04 -0,53 0,32 1,06 1,03
DP 0,22 0,00 0,22 0,31 1,03 0,15 0,53 0,54
Cincias Exatas- Alunos do
EM
M 0,00 0,03 1,01 1,03 -0,64 0,30 1,05 1,03
DP 0,22 0,00 0,20 0,31 0,82 0,13 0,52 0,52
Dimenso Itens Pessoas
Dificuldade Erro Infit Outfit Theta Erro Infit Outfit
Artes/Comunicao-Universitrios
M 0,00 0,03 1,01 1,04 -0,25 0,27 1,05 1,04DP 0,18 0,18 0,17 0,25 0,78 0,11 0,49 0,52
Artes/Comunicao- Alunos
do EM
M 0,00 0,03 1,01 1,03 -0,40 0,27 1,05 1,03
DP 0,17 0,00 0,19 0,28 0,74 0,11 0,46 0,47
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Ana Paula Porto Noronha; Maiana Farias Oliveira Nunes
Tabela 4- Medidas de ajuste e de erro padro dos itens e das pessoas na dimenso CinciasBiolgicas e da Sade.
Na dimenso Cincias Biolgicas e da Sade, os indicadores de Raschtambm foram muito semelhantes entre os dois grupos, com uma pequena exce-o para a mdia de theta (0,11 para universitrios e -0,20 para alunos do EM).Essa diferena, contudo, no foi estatisticamente signicativa, quando analisadapor meio do teste t de Student. A Tabela 5 apresenta a anlise da dimenso Cin-cias Agrrias/ambientais.
Tabela 5- Medidas de ajuste e de erro dos itens e das pessoas na dimenso Cincias agrrias/ambientais.
Do mesmo modo como j vericado nas outras dimenses, na presente as
medidas dos itens e das pessoas estiveram em patamares semelhantes nos doisgrupos. Na sequncia, so apresentados na Tabela 6 os resultados da anlise deRasch da dimenso Atividades Burocrticas.
Tabela 6. Medidas de ajuste e de erro dos itens e das pessoas na dimenso Atividades Burocrticas.
De modo anlogo ao ocorrido nas demais dimenses da EAP, os parme-tros analisados dos itens e das pessoas nas Atividades Burocrticas foram seme-lhantes nos dois grupos. A diferena vericada em theta (-0,12 para universitriose -0,34 em alunos do EM) no foi estatisticamente signicativa. A Tabela 7 apre-senta a anlise das Cincias Humanas e Sociais Aplicadas.
Dimenso Itens Pessoas
Dificuldade Erro Infi t O utf it Theta Erro Infit Outfit
Cincias Biolgicas e da
Sade - Universitrios
M 0,00 0,04 1,01 1,05 0,11 0,38 1,03 1,04
DP 0,46 0,00 0,12 0,16 1,07 0,14 0,57 0,71
Cincias Biolgicas e da
Sade- Alunos do EM
M 0,00 0,03 1,01 1,02 -0,20 0,37 1,01 1,02
DP 0,27 0,00 0,11 0,13 1,03 0,15 0,55 0,61
Dimenso Itens Pessoas
Dificuldade Erro Infit Outfit Theta Erro Infit Outfit
Ci nci as a grria s/ ambi enta is-
Universitrios
M 0,00 0,04 1,01 1,04 -0,18 0,30 1,04 1,04
DP 0,44 0,00 0,18 0,21 0,89 0,09 0,53 0,57
Cincias agrrias/ambientais- Alunos do
EM
M 0,00 0,03 1,01 1,05 -0,20 0,30 1,04 1,05
DP 0,37 0,00 0,22 0,28 0,91 0,09 0,55 0,60
Dimenso Itens Pessoas
Dificuldade Erro Infit Outfit Theta Erro Infit Outfit
Atividades Burocrticas- Universitrios M 0,00 0,03 1,01 1,03 -0,12 0,27 1,02 1,03
DP 0,38 0,00 0,11 0,14 0,75 0,08 0,51 0,54
A ti vidade s B uroc rti cas - A lunos do EM M 0,00 0,03 1,01 1,03 -0,34 0,27 1,04 1,03
DP 0,24 0,00 0,19 0,26 0,67 0,08 0,51 0,51
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Escala de Aconselhamento Prossional: anlise com estudantes de ensino mdio
Tabela 7 - Medidas de ajuste e de erro padro dos itens e das pessoas na dimenso CinciasHumanas/Sociais aplicadas.
Na dimenso Cincias Humanas e Sociais Aplicadas obteve-se um resulta-do muito parecido, ao se comparar as informaes de universitrios e alunos doensino mdio. Assim como nas anteriores, nos quais houve pequenas diferenas
na mdia de theta dos dois grupos, para a dimenso Cincias Humanas e SociaisAplicadas essa diferena no foi estatisticamente signicativa. Por m, apre-sentada a anlise de Rasch da dimenso Entretenimento, na Tabela 8.
Tabela 8- Medidas de ajuste e de erro padro dos itens e das pessoas na dimenso Entretenimento.
A comparao dos parmetros dos itens e das pessoas nos dois grupos evi-denciou ndices muito prximos, sugerindo que no houve diferenas nos padresde resposta dos dois grupos para a dimenso Entretenimento. Em sntese, pode-sedizer que a anlise das sete dimenses da EAP por Rasch sugere no haver dife-rena entre os padres de resposta de universitrios e alunos do Ensino Mdio.
No que diz respeito ao int e outt dos itens e das pessoas, eles estiverammuito prximos de 1 em todas as dimenses para alunos do Ensino Mdio, a
mdia do erro padro da diculdade dos itens foi de 0,03 em todos os casos, en-quanto o erro padro de thetavariou entre 0,27 e 0,45. Quanto mdia de thetanas dimenses, ainda considerando os dados dos alunos do EM, esse variou entre-0,64 e -0,20. O fato do theta assumir valores negativos indica que a mdia dotrao latente (interesse) das pessoas encontra-se abaixo da diculdade dos itens,que situada em 0 pelo programa Winsteps. Em outras palavras, o contedo dositens (sua diculdade) sugere um nvel de interesse mais elevado que o demons-trado por parte dos estudantes do EM, talvez indicando que os itens desta escalasejam muito especcos para pessoas com essa faixa etria, que possivelmente
tm pouco contato ou informao sobre tais atividades. A anlise que se seguiu
Dimenso Itens Pessoas
Dificuldade Erro Inf it Outf it The ta Erro Infit Outfit
Cincias
Humanas/Sociais
aplicadas-Universitrios
M 0,00 0,03 1,01 1,02 0,12 0,32 1,02 1,02
DP 0,24 0,00 0,14 0,15 0,69 0,15 0,51 0,53
Cincias Humanas-
/Sociais aplicadas-Alunos do EM
M 0,00 0,03 1,01 1,02 -0,32 0,30 1,02 1,02
DP 0,20 0,00 0,13 0,14 0,65 0,10 0,50 0,51
Dimenso Itens Pessoas
Dificuldade Erro Infit Outfit Theta Erro Infit Outfit
Entretenimento-
Universitrios
M 0,00 0,04 1,00 1,05 -0,22 0,45 1,04 1,05
DP 0,20 0,00 0,28 0,33 0,98 0,16 0,70 0,72
Entretenimento- Alunos do
EM
M 0,00 0,03 1,01 1,03 -0,32 0,45 1,02 1,03
DP 0,22 0,00 0,29 0,35 0,96 0,16 0,63 0,66
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foi da preciso das dimenses, separadamente para Universitrios e alunos doensino mdio, conforme apresentado na Tabela 9. Presentemente foi consideradaa preciso real dos itens e das pessoas, e no a preciso do modelo.
Tabela 9- Comparao da preciso dos itens e das pessoas pelo Alfa de Cronbach
possvel vericar que a preciso dos itens manteve um patamar muitoelevado (todas acima de 0,97 tanto para universitrios como para os Alunos doEM). A preciso dos itens, para alunos do EM, esteve entre 0,97 e 0,99 e daspessoas, entre 0,70 e 0,85. No caso da preciso das pessoas, houve uma diminui-o em todas as dimenses quando se tratou de alunos do EM, porm todas asdimenses apresentaram Alfa superior a 0,70. Na sequncia, os resultados serodiscutidos luz da literatura.
DISCUSSO
O objetivo deste estudo foi analisar a adequao da interpretao das di-menses da EAP em alunos do EM. Pesquisas desta natureza so especialmenterelevantes ao se considerar que amostras diferentes podero apresentar padresde comportamento distintos quando analisados certos construtos, no sendo re-comendado fazer inferncias de que os testes podem ser igualmente teis paraamostras distintas, sem fundamentao emprica (AMERICAN EDUCATIONALRESEARCH ASSOCIATION; AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIA-TION; NATIONAL COUNCIL ON MEASUREMENT IN EDUCATION, 1999).
A importncia dos estudos sobre os interesses vocacionais tem sido rear-
mada por diversos autores, como Mattiazzi (1977), Bohoslavsky (1993), Leitoe Miguel (2004), Nunes et al. (2008b), entre outros. Os interesses possuemdenies variadas, sendo que presentemente foram entendidos como padres deatrao ou evitao a atividades ocupacionais especcas. Para que teoria e pes-quisa sobre os interesses possam ser conduzidos de forma satisfatria, impor-tante que haja instrumentos de medida psicometricamente adequados, para quese avance de maneira integrada na teoria e prtica, indo ao encontro de lacunas japontadas por alguns autores (NORONHA; AMBIEL, 2006; NORONHA et al.,2006, TEIXEIRA et al., 2007; SISTO; NORONHA; SANTOS, 2011).
Com vistas a vericar a adequao do EAP para a anlise dos interesses emalunos do EM, foi realizada a anlise fatorial da escala, tendo sido possvel manter aestrutura fatorial original, com sete fatores, que explicaram 54% da varincia total.
Dimenses Universitrios Alunos do EM
Itens Pessoas Itens Pessoas
Cincias Exatas 0,97 0,88 0,98 0,80
Artes e Comunicao 0,97 0,86 0,97 0,81
Ci nci as Biolgi cas e da Sa de 0,99 0,86 0,98 0 ,82
Ci nci as agrri as/am bient ais 0,99 0,88 0,99 0 ,85
Atividades Burocrticas 0,99 0,86 0,98 0,78
Cincias Humanas/Sociais aplicadas 0,98 0,79 0,98 0,71
Entretenimento 0,97 0,76 0,98 0,70
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Esses fatores apresentaram preciso dos itens entre 0,97 e 0,99, e das pessoas, entre0,70 e 0,85. Os valores podem ser considerados satisfatrios, segundo parmetrosda rea (AERA; APA; NCME, 1999). Vale destacar, contudo, que a preciso daspessoas nos fatores Cincias Humanas e Sociais Aplicadas e Entretenimento foramas mais baixas, sugerindo a possibilidade de reviso desses fatores (por exemplo,incluso de novos itens) para o uso com alunos do Ensino Mdio.
Quanto anlise de Rasch conduzida com o EAP, foi possvel vericar queos parmetros int, outt e erro padro das estimativas dos itens e das pessoas semantiveram em patamares semelhantes em todas as dimenses e de acordo como recomendado pela literatura (WRIGHT; STONE, 2004). Do mesmo modo, asmdias de theta estiveram muito prximas em todas as dimenses, quando secomparou os dados de alunos do EM com universitrios. Vale destacar que amdia de theta esteve um pouco abaixo da diculdade dos itens em todas as di-menses, sugerindo que os itens precisariam de pessoas com theta mais elevadopara aderirem ao seu contedo. Em outras palavras, os itens possuam, em mdia,contedo com adeso mais difcil que a mdia do nvel de interesse demonstra-do pelos alunos analisados.
Diferenas associadas faixa etria do EAP j haviam sido investigadaspor Sartori, Noronha e Nunes (2009), sendo que, embora tenham sido encontra-dos resultados que revelaram mdias distintas, apenas a dimenso Artes e Co-municao apresentou diferena signicativa. O presente estudo sugere que aestrutura fatorial originalmente proposta pelos autores da escala mantm-se, demodo geral, adequada para a aplicao com adolescentes, no parecendo ser ne-
cessria a interpretao dos resultados de interesses por meio de uma estruturadistinta. Os dados da anlise de Rasch sugerem no haver diferenas nos padresde resposta de alunos do ensino mdio, quando comparados a universitrios. Esseresultado coincide com as asseres de autores como Holland (1959), Lent, Bro-wn e Hackett (1994) e Savickas (1995; 1999), no sentido de que no h diferenasna congurao dos interesses associada idade. Desse modo, destaca-se que aanlise das sete dimenses propostas no manual do EAP manteve-se adequadaquando se considerou alunos do ensino mdio e, portanto, o teste aparenta serapropriado para uso com essa populao.
Quanto s limitaes do estudo, os alunos de EM representaram apenasdois estados brasileiros, sendo interessante a anlise de dados oriundos de outrasregies do pas. Outra considerao pertinente que a preciso das pessoas nasdimenses Cincias Humanas e Sociais Aplicadas e Entretenimento esteve abai-xo de 0,80, tal como j destacado, o que pode tornar relevante a criao de novositens para essas dimenses, de modo a tentar avaliar esses aspectos com maiorpreciso. De modo geral, esse estudo sugere a possibilidade de utilizao do EAPcom adolescentes, sendo recomendado, contudo, a criao de novas normas, bus-cando adequao s caractersticas dessa populao.
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Recebido em: 26 de janeiro de 2010Aceito em: 21 de maro de 2012