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Fabricar o sucesso TRACOPOL investe em Volvo para continuar a assegurar um serviço de referência BRANCO INFINITO Na Bolívia, o maior deserto de sal do mundo desafia homens e máquinas. NOVA ESTRATÉGIA A organização do negócio de Camiões e Autocarros Volvo em Portugal. DOURO TURÍSTICO À descoberta da paisagem património mundial nos auto- carros da DouroAzul.

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Fabricar o sucesso TRACOPOL investe em Volvo para continuar a assegurar um serviço de referência

BRANCO INFINITO

Na Bolívia, o maior deserto de

sal do mundo desafia homens

e máquinas.

NOVA ESTRATÉGIA

A organização do negócio de

Camiões e Autocarros Volvo

em Portugal.

DOURO TURÍSTICO

À descoberta da paisagem

património mundial nos auto-

carros da DouroAzul.

16 NA LINHA DA FRENTEFundada em 1987, a TRACOPOL,

referência nacional no transporte de

óleos vegetais e azeites a granel,

reforçou recentemente a sua frota

com 15 novas unidades Volvo FH.

Aventura na maior planície salgada do mundo08

Na região ocidental da Bolívia, o motorista Dario

Machaca Colque trilha os caminhos do Salar de

Uyuni ao volante de um Volvo FH.

Volvo revoluciona com a suspensão dianteira IFS 22

A tecnologia por detrás da IFS, a primeira suspen-

são dianteira independente do mundo produzida

em série para camiões.

Na estrada com a DouroAzul34

Todos os dias, os autocarros Volvo cruzam as mar-

gens do Douro transportando turistas numa viagem

de sonho pelo Património da Humanidade.

5 INÍCIO 30 PERGUNTAS & RESPOSTAS 40 EU & O MEU VOLVO

42 O ANO

conteúdo Na Estrada #1/2013

NA ESTRADA #1/2013 3

EDITORIAL

Nova etapaDesde 2007, a revista Traço Contínuo tem sido uma forte ferramenta de

promoção das marcas Volvo e Auto Sueco, bem como de todos os seus

produtos e serviços junto dos seus parceiros. Ao longo de 16 edições,

fizemos chegar aos nossos leitores as mais fantásticas histórias de camiões

e autocarros Volvo, encontradas um pouco por todo o mundo. Temos dado

a conhecer não só pessoas e empresas extraordinárias – que escolhem

a Volvo como parceiro –, mas também as principais inovações das marcas

Volvo Trucks e Volvo Buses.

Após um ano de interrupção, iniciamos agora uma nova etapa, com a

revista Na Estrada. Esta publicação cumpre precisamente o mesmo propósito

que a sua antecessora, mas tem um novo look e um novo conceito editorial,

que temos agora o orgulho de lhe apresentar com a edição número 1.

Neste primeiro número, damos-lhe a conhecer a actual equipa de direcção

da Auto Sueco em Portugal, que apresenta, na primeira pessoa, os desafios

actuais do negócio de Camiões e Autocarros Volvo em Portugal e o Projecto

Connect, implementado recentemente em toda a Rede de Concessionários

Volvo, apresentado como uma ferramenta que visa aproximar a marca dos

seus clientes em todas as vertentes do negócio.

A conhecer dá-se também a TRACOPOL, uma empresa do

Entroncamento que, com uma nova imagem, é hoje uma referência

no transporte de óleos vegetais e azeites a granel.

A norte, a DouroAzul desempenha, com a ajuda de oito autocarros Volvo,

a missão de mostrar a turistas de todo o mundo aquela que acreditamos

ser uma das paisagens deslumbrantes do planeta: o Douro, Património

da Humanidade.

Ao nível do produto, este é também um ano especial. Renovámos

por completo a gama de camiões, com destaque para a introdução

no mercado nacional do novo Volvo FH, carregado de inovações

que o colocam no patamar de referência na indústria dos camiões.

Motivos de interesse não faltam. Convido-o a conhecer a revista

Na Estrada.

Júlio RodriguesDirector Executivo, Auto Sueco

Editor/proprietário: Auto Sueco, L.da Director: Júlio Rodrigues Director adjunto: Daniel Soares Tel.: 226 150 300 Fax.: 226 197 055 Endereço de correio electrónico: [email protected] Projecto gráfico e editorial: Spoon Edição: Divisão Customer Publishing da Impresa Publishing

Impressão: Maiadouro Tiragem: 4000 exemplares Periodicidade: Quadrimestral Distribuição: Gratuita Inscrição na ERC: 125272

NA ESTRADA

4 NA ESTRADA #1/2013

Início Notícias do mundo Volvo

O ano de 2013 é histórico para o Grupo Auto Sueco: assinalam-se 80

anos de uma saudável e profícua parceria com a marca Volvo, que deu ori-

gem à sociedade fundada por Luís Óscar Jervell e Ingvar Poppe Jensen.

Um percurso que se deve, em grande medida, ao papel desempenhado

quer pelos fundadores quer pelos colaboradores do Grupo, que conse-

guiram transmitir os valores da marca a um universo de clientes dos mais

diversos sectores. Movidos por um objectivo comum: a total satisfação de

todos os parceiros, afirmando e consolidando uma posição de referência

em todos os mercados e negócios. É inquestionável a ligação do Grupo

Auto Sueco à Volvo, numa relação sempre pautada por critérios de trans-

parência e princípios.

“São 80 anos – longos – que percorrem três gerações, que conheceram

momentos adversos, outros em que o vento estava a favor e tantos outros

controversos, um apanágio de qualquer relação que se quer duradoura”,

refere Tomás Jervell, CEO do Grupo Auto Sueco, acrescentando que “a

marca Volvo identifica-se connosco desde o início, e vice-versa. A nossa

história de sucesso começou em 1933, e ao longo dos anos foi estabe-

Em 2013, a marca Volvo e a Auto Sueco celebram o 80.º aniversário de uma parceria que faz do Grupo o mais antigo importador da marca no mundo

Parceria de sucesso celebra 80 anos

A Rede de Concessionários de Camiões e Autocarros Volvo em Portugal

acaba de implementar o Projecto Connect, tendo por objectivo promover a

fidelização dos clientes na aquisição de viaturas, na assistência após-venda e

na compra de peças. Para esse efeito,

oferece a cada cliente um conjunto

de benefícios comerciais que, de uma

forma geral, tornam mais competitivos

os produtos e serviços Volvo e que

prometem reforçar a relação de

parceria existente entre a Rede Volvo

e os seus clientes. Saiba mais em

www.sou100porcentovolvo.com.pt

ou através do endereço

de correio electrónico

[email protected].

Projecto Connect: mais perto dos clientes

No dia 1 de Março deste ano mais de 40 mil camiões ao nivel mundial estavam equipados com o Dynafleet, o sistema de gestão de frota da Volvo que permite que as empresas tenham uma noção importante da eficiência da sua frota, do consumo de combustível e do desempenho dos seus motoristas. Lançada no ano passado, a app da Dynafleet dedicada a smartphones e tablets também já é um sucesso tendo registado mais de 8.500 downloads.

40000 camiões equipados com o sistema Dynafleet

lecendo padrões de qualidade e exigência sem paralelo, reforçando a nossa

imagem de prestígio e competitividade”. A passagem deste aniversário faz do

Grupo Auto Sueco o mais antigo importador da marca Volvo no mundo

NA ESTRADA #1/2013 5

início Notícias do mundo Volvo

Tudo começou no ano passado com o espec-

tacular lançamento do novo Volvo FH, seguido, já

este ano, da introdução dos novos Volvo FM, Volvo

FMX, Volvo FE e Volvo FL. Todos os modelos novos

incluem actualizações estéticas que os tornam mais

uniformes e que reforçam a sua identidade, sendo

prova disso a elevação do símbolo clássico da Volvo

para uma posição abaixo do pára-brisas, bem como

os novos faróis com as suas luzes de funcionamen-

to diurno. Todos os novos camiões Volvo oferecem

igualmente uma vasta gama de inovações e carac-

terísticas que tornam o trabalho do motorista mais

fácil e eficiente. Desde logo, todos os ambientes

das cabinas foram renovados ou actualizados, com

o enfoque na criação de um local de trabalho eficaz,

ergonómico, confortável e seguro. A Volvo Trucks

introduziu também a possibilidade de utilizar tele-

metria para monitorizar vários componentes, o que

significa que o Volvo FH, o Volvo FM, o Volvo FE e o

Volvo FL possuem agora ferramentas que permitem

um período operacional maximizado.

Entre as características e serviços para a pou-

pança de combustível disponíveis para os motoristas

Volvo encontram-se o Dynafleet – Combustível e

Ambiente, o serviço Fuel Advice e o curso de forma-

ção Condução Eficiente. Para além disso, a muito

apreciada transmissão I-Shift automatizada, a qual

pode ser personalizada para variadas aplicações

específicas e ajuda a reduzir o consumo de com-

bustível, está agora disponível, não apenas para o

Volvo FH, para o Volvo FM e para o Volvo FMX, mas

também para o Volvo FE.

Uma das principais novas características

para a poupança de combustível é o I-See,

o qual pode ser comparado a um piloto automá-

tico que se encarrega da selecção de mudanças,

A família completa!Cinco novos camiões lançados desde Setembro de 2012

6 NA ESTRADA #1/2013

O novo Volvo FH é alvo de uma campanha específica, que está disponível na Rede de Concessionários em Portugal

aceleração e travagem com o motor em declives da

forma mais eficiente possível em termos de com-

bustível. Na primeira vez que um camião equipado

com a mais recente versão deste sistema descreve

determinado percurso, são transmitidas informa-

ções sobre a topografia local para o servidor da

Volvo Trucks, para que quando outro camião com o

I-See percorra a mesma estrada as selecções de

mudanças, aceleração e travagem possam ocorrer

de forma eficiente em termos de combustível. A

poupança de combustível para os serviços de longo

curso poderá chegar a 5%.

Novo Volvo FH é apresentado em Portugal com uma campanha de lançamentoA Rede de Concessionários tem, até 30 de Setembro, uma campanha de lança-

mento que apresenta o novíssimo Volvo FH, na sua versão 4x2T, com especifica-

ção e preço previamente definidos, para a versão Euro 5. Trata-se de uma oportuni-

dade única a não perder!

Volvo Trucks & Buses – Auto Sueco Portugal no Facebook

As principais novidades dos camiões e autocarros Volvo estão agora no Facebook, numa medida que vem complementar os meios tradicionais de comunicação já utilizados. Pretende-se assim promover uma maior proximidade com os clientes, fornecedores, imprensa e interessados em geral, informando o mercado, rápida e permanentemente, das principais notícias, iniciativas, novidades de produto e campanhas da Rede de Concessionários Volvo em Portugal. Visite-nos em www.facebook.com/autosuecoportugal ou procure no Facebook por “Volvo Trucks & Buses – Auto Sueco Portugal”.

NA ESTRADA #1/2013 7

Texto Anders Backman Fotografia Nicke Johansson

RELATÓRIO DE CONDUÇÃO

8 NA ESTRADA #1/2013

A luz não dá tréguas e o ar é rarefeito. Na maior planície

salgada do mundo, homem e máquina são postos à prova.

O motorista Dario Machaca Colque trabalhou aqui toda a

vida. Junte-se a ele para uma viagem ao “sal”.

NA GRANDE PLANÍCIE BRANCA

NA ESTRADA #1/2013 9

 Os primeiros raios de sol apare-cem sobre os cumes das monta-nhas que rodeiam a planície de sal. O vento sopra sobre a vasta extensão e o ar frio rasga a pele.

Para quem acaba de chegar, o ar rarefeito provo-ca uma ligeira dor de cabeça.

“Comecei a conduzir camiões Volvo aqui, com 14 anos, e nunca quis outros”, diz Dario Machaca Colque enquanto sobe para a cabina do seu Volvo FH16, estacionado à porta de casa, na pequena cidade de Colchani.

“Salar de Uyuni” ou “Salar de Tunupa”, como lhe chama a população índia local, situa-se na província de Potosi, na região ocidental da Bolívia. A maior planície de sal do mundo cobre uma área igual à da cidade de Los Angeles e tem 10.583 quilómetros quadrados de sal densamen-te compactado.

Hoje, Dario irá carregar e transportar sal extraído daqui. Antes de começar, vai buscar os carregadores que o ajudarão nesta tarefa. Espera-os um dia de trabalho difícil. O reboque será carregado com 25 toneladas de sal – tirado à mão, apenas com a ajuda de simples pás. É por isso que Dario leva almoço e bebidas para os carregadores.

“É o Edgar e o irmão Ivan, que também são desta cidade. Todos aqui os conhecem”, apresen-ta-os quando chegam.

Edgar e Ivan sobem para o reboque, onde o pai, Paulino, que também tem a mesma profis-são, já está sentado.

Há 40 mil anos, toda esta área era um lago

pré-histórico, e foi quando a água desapareceu que se formou a planície de sal. O sal crepita de-baixo das rodas quando o camião se dirige para o sítio onde vai ser carregado. Todos os vestígios da estrada desaparecem no enorme vazio branco e Dario conduz orientando-se pelas montanhas ao longe. Tem um profundo conhecimento de toda esta área.

“Esta planície é formada por duas camadas de sal comprimido, uma superior e outra inferior. Entre as duas existe uma camada de lama. Não é perigoso conduzir sobre o sal, mas sair do tra-jecto normal pode ser problemático.

Nalguns sítios, a camada salgada é mais ma-cia e o camião pode ficar atolado.”

O sol sobe no horizonte e os raios reflectidos pelo branco do sal tornam essencial o uso de óculos de sol. As mãos calejadas de Dario e as rugas nos cantos dos olhos são a prova de uma vida a trabalhar no duro e em luta constante contra esta luz agressiva. A planície de sal é o

“Não é perigoso conduzir

sobre o sal, mas sair do

trajecto normal pode ser

problemático.”DARIO MACHACA COLQUE, MOTORISTA DE CAMIÕES

RELATÓRIO DE CONDUÇÃO

Dario Machaca Colque trabalha no deserto de sal há mais de 30 anos. Hoje, trabalha e é proprietário de dois

Volvo FH. Importou-os pessoalmente da Europa.

10 NA ESTRADA #1/2013

NA ESTRADA #1/2013 11

RELATÓRIO DE CONDUÇÃO

Veja o vídeo de Dario

Machaca Colque a

trabalhar com o seu

camião no deserto de

sal de Salar de Uyuni.

Pode encontrar o filme

em www.youtube.com/

volvotrucks

CONDUZIR

NO BRANCO

INFINITO

12 NA ESTRADA #1/2013

local de trabalho de Dario há mais de 30 anos.“Mas as pessoas que vivem aqui são fortes e

saudáveis. O sal é bom para a artrite e para as do-res articulares”, explica Dario com um sorriso.

Ao longo dos anos, Dario teve vários camiões Volvo. Actualmente, tem dois Volvo FH16, de 2006, com 610 cavalos. Importou-os pessoal-mente da Europa. No seu camião ainda se podem ver autocolantes dos anteriores proprietários, a empresa de logística alemã DFDS.

“Penso comprar outro camião Volvo, de 2008,

para o ano que vem. Vou importá-lo da Suécia.” Dario e mais 23 motoristas são associados da

Cooperativa 11 de Julho, uma cooperativa de mo-toristas que faz serviços de transporte domésticos e internacionais de e para esta área. As estradas em redor da planície de sal são más e as distân-cias enormes. É por isso que esta área é utilizada como corredor para as províncias de Oruro, a norte, e Cochabamba, a nordeste, e o vizinho Chile, a oeste.

Como sócios da cooperativa, os motoristas têm os seus próprios camiões, mas partilham a

administração, os custos e os lucros.Para Dario e os seus colegas, conduzir camiões

Volvo é a escolha acertada – 20 dos 23 veículos da cooperativa são desta marca.

“Durante o Inverno, faz muito frio e alguns dos outros camiões não conseguem arrancar. As estradas em redor desta planície de sal são muito más. Os outros camiões têm avarias muito graves, os motores deixam de trabalhar. Isso não acon-tece com a Volvo. Os camiões são resistentes e conseguem suportar estas condições extremas.”

Como o sal acelera a corrosão, Dario explica

NA ESTRADA #1/2013 13

RELATÓRIO DE CONDUÇÃO

14 NA ESTRADA #1/2013

que é necessária muita atenção e uma cuidadosa manutenção:

“A cada duas viagens no sal, lavamos cuidado-samente os veículos com água. Depois passamos óleo e lubrificante para os proteger nas próximas viagens.”

Todos os anos são extraídas aproximadamente 25 mil toneladas de Salar de Uyuni. O processo de extracção é simples, mas o trabalho é intenso. O sal, que é húmido, é empilhado manualmente, para secar de um dia para o outro, antes de ser carregado.

De repente, o branco interminável é interrom-pido por silhuetas escuras à distância.

Passado algum tempo, as pilhas em forma de pirâmide tornam-se visíveis. Dario pára o ca-mião, sai e explica a Edgar, Ivan e Paulino como vai ser feito o trabalho. As primeiras três pilhas de sal serão carregadas num dos lados do rebo-que, sendo depois o camião virado para poderem carregar as outras do outro lado.

“É importante carregar de ambos os lados, para que não existam desequilíbrios”, explica Dario.

Aponta para um local afastado.“Nesta área, o sal é suficientemente duro para

não existirem problemas com a condução de ca-miões pesados, mas ali é mais macio e os camiões podem atolar-se no sal.”

Agora, a camada de sal está seca, mas na estação das chuvas, nos meses de Verão, o lago Popoo, que fica ali perto, inunda a superfície do sal. Em alguns locais, a altura da água pode ir até um metro.

“É por isso que formamos uma reserva de sal em Colchani antes de chegarem as chuvas, e carregamos lá. Nem nós nem os produtores tra-balhamos no sal durante a estação das chuvas.”

Paulino, Edgar e Ivan atiram as últimas paza-das de sal para o reboque. O trabalho demorou cerca de três horas.

Um dos muitos carros que trabalham no sector do turismo dá-lhes depois boleia para Colchani.

Antes de regressar, Dario e o seu camião são apanhados por uma tempestade de areia. O ven-to ganha força nos desertos de pedra nas proxi-midades e forma nuvens castanhas no horizonte. A poeira fina cai na superfície de sal.

Dario senta-se na cabina à espera que a tem-pestade acalme.

“Não costuma demorar mais do que uma hora”, explica. Liga o rádio, onde um pivot lê as notícias locais.

Tem razão, a tempestade passa e, à distância, as nuvens ameaçadoras afastam-se da planície de sal enquanto ele liga o motor.

Nome: Cooperativa de Transporte Pesado Nal. e Inter. 11

de Julio, LTDA

Contexto: Fundada em 2007

Localização: Uyuni, Potosi, Bolívia

Número de funcionários e

camiões: 26 funcionários, 23 camiões, 20 dos quais Volvo FH

Operações: Transporte doméstico e internacional de equipamento e produtos de extracção mineira na área de Uyuni para as províncias vizinhas de Oruro e Cochabamba

e para o Chile.

Outros: Uma cooperativa que ajuda os proprietários e motoristas dos camiões com logística, documentação e

declarações para as alfândegas.

A EMPRESA

A ÁREA

O CAMIÃO

Dados técnicos: Tractor Volvo FH16 com reboque brasileiro feito pela Randon. Destinado a longas distâncias e a cargas

pesadas, este camião, de 2006, tem um motor de 16,1 litros com seis cilindros em linha e

610 cv, com 2800 nm de binário às 1000-1500 rpm.

Como é utilizado: Utilizado para transporte de bórax e

enxofre das minas desta área e de sal da planície de sal, a

nível internacional e doméstico. Um serviço típico demora 14 a 18 horas. Aproximadamente

70.000 km/ano.

FACTOS

B O L Í V I A

BR

AS

IL

A R G E N T I N A

P A R A G U A I

P E R U

L a P a z

C H I L E

O c e a n o p a c í f i c o

Sucre

Salar de Uyuni

100 km

NA ESTRADA #1/2013 15

A força da TRACOPOL

16 NA ESTRADA #1/2013

Texto Luís Inácio Fotografia Bruno Barbosa

O NEGÓCIO

A família Cardoso lidera os

destinos da TRACOPOL, uma

empresa de transportes, sediada

no Entroncamento, que se tornou

uma referência no transporte de

óleos vegetais e azeites a granel.

Faltam poucos minutos para as quatro da tarde quando um reluzente Volvo FH420, pintado com as novas cores da TRACOPOL, cruza as portas da Fábrica Torrejana. Da cabina, o motorista cumprimenta João e Hugo Cardoso, numa

cumplicidade quase familiar. E é, de facto, de uma família que se trata. Muitos dos colaboradores da TRACOPOL estão na empresa há vários anos e, do outro lado, João Cardoso, esposa e os dois filhos estão na liderança não só da transportadora como também desta fábrica, que produz biodiesel desde 2006. Hugo Cardoso recorda que os transportes cedo se enraizaram na família: “A minha mãe começou a trabalhar em transportes praticamente desde a altura em que deixou a escola, assumindo a organização de tráfego de viaturas na empresa de transportes que era do meu avô materno desde 1947.”

Vamos por partes, pois na origem do desafio da produção de biodiesel está, afinal, aquela que é hoje a maior empresa nacional de transporte de óleos vegetais.

Com a aquisição de A Transportadora Central de Alferrarede, em 1987, era dado o pontapé de saída na actividade da TRACOPOL. Mas rapidamente a família se apercebeu de uma lacuna que decidiu explorar. “Logo no ano da aquisição, decidimos enveredar por uma área de negócio que não era muito usual na altura: o transporte de líquidos alimentares a granel, neste caso com cisternas em aço inox

Situada em Riachos, Torres Novas, a Fábrica Torrejana é um dos clientes da TRACOPOL e, simultaneamente, parte integrante dos negócios da família Cardoso.

NA ESTRADA #1/2013 17

isotérmicas”, refere Hugo Cardoso. Uma aposta que veio a revelar-se vencedora, já que foi essa

a alavanca de desenvolvimento principal da empresa para se tornar no que hoje é: “Uma referência no transporte de óleos vegetais e azeites a granel ”, destaca, orgulhoso.

A força da família será talvez um dos segredos para o sucesso que se começou a desenhar cedo na TRACOPOL. A empresa haveria de complementar essa virtude com um rol de boas apostas, com um conjunto de decisões tomadas na altura certa, que lhe permitiram reclamar a dimensão que hoje tem. Em 1989, por exemplo, foi uma das pioneiras no transporte por conta de outrem em camiões frigoríficos. Um momento que fez a diferença e que impulsionou a TRACOPOL para o transporte internacional, em 1991, ano em que a denominação TRACOPOL surge.

Três anos depois, em 1994, a transportadora voltou a afirmar-se no mercado com uma inovação: a oferta de transporte de produtos sob temperatura controlada, mas com duas ou mais temperaturas.

“Fomos um dos primeiros, certamente, a trabalhar a nível internacional com camiões em três temperaturas, conseguindo ter uma vantagem competitiva nessa altura”, lembra o director técnico da empresa. Ou seja, um cliente que recebesse mercadoria em três temperaturas diferentes conseguia carregar tudo num único camião da TRACOPOL, em vez de dividir a carga por dois ou três camiões, o que se reflectia numa poupança significativa ao nível dos custos relacionados com o transporte.

“Repare, um cliente que tivesse de entregar num local congelados, noutro frescos e num terceiro secos tinha o mesmo camião à disposição para poder carregar tudo”, exemplifica.

Um serviço que a TRACOPOL mantém hoje na sua oferta, desenvolvendo a actividade de transporte sob temperatura controlada com a consolidação de mercadorias frescas e congeladas no mesmo camião.

A história da aquisição e investimento nas instalações da fábrica não surge naturalmente nos caminhos traçados pela TRACOPOL. Em 2002, o seu proprietário era um dos clientes da transportadora, e decidiu alienar o terreno. A família Cardoso viu no espaço uma boa base para desenvolver a actividade da TRACOPOL, tendo levado em conta não só a considerável área mas também a sua proximidade com a A1 e a A23. Mas a experiência da movimentação logística de óleos e azeites e o conhecimento das dificuldades de aprovisionamento do mercado acabaram por levar à reactivação das instalações. Contudo, a uma primeira ideia de retomar a refinação de azeites e óleos sucedeu a oportunidade

“Fomos um dos primeiros, certamente, a trabalhar a nível internacional com camiões em três temperaturas.”HUGO CARDOSO, DIRECTOR TÉCNICO DA TRACOPOL

O NEGÓCIO

O director técnico da TRACOPOL, Hugo Cardoso.

18 NA ESTRADA #1/2013

Frota total: 37 camiões.

Frota Volvo: 23 camiões.

Modelos: O FH é o

modelo mais comum.

Recentemente, a

TRACOPOL adquiriu

15 unidades FH 420.

A VOLVO NA FROTA de produção de biodiesel a partir de óleos vegetais, uma ideia que apaixonou os actuais proprietários, acabando por prevalecer, sendo então criada a Fábrica Torrejana. Prevalência que permitiu a esta empresa ser pioneira na produção industrial de biocombustíveis em Portugal.

Mais tarde, em 2009, é iniciada a refinação de óleos alimentares. E, obviamente, se o negócio corre bem à Fábrica Torrejana, tendo em conta as sinergias, também a TRACOPOL sai beneficiada.

“O negócio de transporte de óleos e gorduras está consolidado e tem crescido em função do crescimento dos seus clientes”, destaca Hugo Cardoso.

A relação entre a Volvo e a TRACOPOL começou cedo, já que pouco tempo após o início da actividade João Cardoso optou por adquirir duas cisternas em aço inox, usadas no transporte de Vinho do Porto, bem como um tractor Volvo

F89 de três eixos. “Recordo-me de ter ido buscá-lo com o meu pai às Caves Sandeman, em Gaia”, lembra Hugo Cardoso. “Mais tarde acabámos por adquirir outro conjunto a uma empresa de óleos e azeites, também do Porto, que tinha um Volvo F10 que tinha sido montado pela Auto Sueco. Um tractor que acabámos por ter bastante tempo ao nosso serviço.”

Em 2012, a relação com a Auto Sueco consolidou-se num negócio que envolveu a aquisição de 15 Volvo FH 420 e contratos de assistência. “A experiência que tínhamos então com uma outra marca e a boa relação com a Auto Sueco determinaram a decisão de renovar a frota com Volvo”, explica. Os factores que mais pesaram nessa decisão foram aqueles que, no fundo, levam tantas empresas a optar pelos camiões da marca sueca – “equipamento robusto e seguro”. A que Hugo junta mais um: “o desenvolvimento tecnológico”.

NA ESTRADA #1/2013 19

Proprietário: João

Cardoso e filhos.

Fundada em: 1987.

Sede: Casal Melão,

Entroncamento.

Colaboradores: 46.

Serviço: Transporte de

mercadorias nacional e

internacional em cisternas

e frigoríficos.

TRACOPOL

No que à gestão dos consumos de combustível diz respeito, um dos principais desafios que lhe são colocados no cargo, Hugo Cardoso não deixa margem para dúvidas. “Como oferta integrada de gestão de frota, o Dynafleet é talvez a melhor que existe no mercado”, elogia, destacando a possibilidade de ter uma visão global no mesmo portal. “Temos contacto com realidades de outras marcas e parece--me que vão ter de caminhar ainda um pouquinho para conseguirem chegar a este patamar que a Volvo conseguiu atingir”, conclui.

Com uma actividade que se baseia no Entroncamento e se desenrola em toda a Europa, principalmente entre Portugal, Espanha, França, Benelux e Alemanha, a TRACOPOL possui neste momento uma frota de 37 camiões, 23 deles da marca Volvo. Destas 23 unidades Volvo, 15 delas foram adquiridas no final do ano passado, tratando-se do FH 420, um modelo pensado para o motorista, com provas dadas no mercado, sobretudo pelas inovadoras funcionalidades. E se o nível do serviço de assistência que a marca Volvo presta a nível europeu foi também uma das particularidades que os decisores da TRACOPOL tiveram em conta na renovação da frota, sem dúvida que será de forma mais confortável que os seus motoristas vão agora cruzar essas estradas, continuando a trilhar, com um volante Volvo nas mãos, quilómetro após quilómetro, o sucesso da TRACOPOL. ■

“Como oferta integrada de gestão de frota, o Dynafleet é talvez a melhor que existe no mercado.”HUGO CARDOSO, DIRECTOR TÉCNICO DA TRACOPOL

O NEGÓCIO

O empresário João Cardoso iniciou a TRACOPOL em 1987, com a aquisição de ATransportadora Central de Alferrarede.

A TRACOPOL opera em toda a Europa com cisternase frigoríficos.

NA ESTRADA #1/2013 21

Texto Per Grehn Fotografi a Sören Håkanlind

POR DENTRO DA VOLVO

A SENSAÇÃO CORRECTA

22 NA ESTRADA #1/2013

A tarefa estava claramente

defi nida: desenvolver um sistema

de suspensão que tornasse os

camiões Volvo líderes mundiais em

controlo e conforto. Concretizar o

objectivo foi um grande desafi o.

NA ESTRADA #1/2013 23

O engenheiro superior Jan Zachrisson explica por que motivo a IFS deu tanto que falar quando foi apresen-tada no Outono de 2012. “As peças dos sistemas de suspensão actuais

baseiam-se, em princípio, na mesma tecnologia utilizada nas carruagens puxadas por cavalos do século XVIII. Separar as rodas no chassis diantei-ro, para que possam trabalhar de forma indepen-dente, é uma revolução para os camiões pesados.”

Antes de Jan Zachrisson começar a trabalhar no sistema IFS, esteve envolvido na actualização do chassis dianteiro com suspensão pneumá-tica para o novo Volvo FH. Com um passado na Volvo Buses, também tinha experiência em sistemas de suspensão independente, dado que esta tecnologia já estava a ser utilizada há quase 30 anos na indústria dos autocarros.

“Os chassis dianteiros actuais, com sistemas de suspensão de molas e pneumáticos, são tão bons que não existe muito para desenvolver e melhorar. Com a introdução da IFS estamos a escrever os primeiros capítulos de um novo livro e a mudar a opinião dos motoristas de camião em relação ao que sentem durante a condução.”

O primeiro esboço do livro sobre a IFS foi apre-sentado pela Volvo Trucks há mais de 10 anos. Nessa altura, foram desenhados os primeiros protótipos do sistema, mas só em 2008 começou realmente o trabalho de desenvolvimento. Nos últimos cinco anos, Bror Lundgren tem liderado uma equipa de projecto de cerca de 15 pessoas e juntos desenvolveram a nova tecnologia.

“Fomos encarregues de produzir um design que fi zesse dos camiões Volvo os melhores do mundo em termos de controlo e conforto. Como parte do trabalho já tinha sido feito, tivemos uma muito boa base para o nosso estudo do problema, mas faltava o mais importante – a transição de um conceito para um projecto industrial”, explica Bror Lundgren.

Não é por acaso que ele, com toda a sua expe-

riência em sistemas de suspensão independentes para a indústria automóvel, foi escolhido para liderar o desenvolvimento do sistema IFS da Volvo Trucks.

O princípio básico do sistema é o mesmo para automóveis e camiões – a suspensão indepen-dente das rodas torna o veículo mais estável e previsível na estrada.

Contudo, em termos de design, os sistemas são diferentes. O maior desafi o para os engenheiros da Volvo Trucks foi em termos de espaço e rigidez.

Num automóvel, a rigidez do sistema é criada pelo chassis ao qual o eixo está ligado. No entanto, este tipo de solução é impossível num camião, por dois motivos. Primeiro, temos o problema de o motor se encontrar na mesma área da suspensão. Segundo, a estrutura do chassis ao qual o sistema está ligado é mais alta em relação à superfície da estrada. Daqui resulta que a rigidez que existe num automóvel não pode ser recriada num camião.

A solução é um design em que as peças mó-veis do sistema sejam mantidas juntas por duas subestruturas que acompanhem a parte inferior do motor.

“Não podem existir movimentos laterais, pelo que nos concentrámos o mais possível na rigidez da estrutura do chassis para o sistema IFS”, ex-plica Bror Lundgren.

“Quando passámos aos testes de ensaio e percebemos que o design iria funcionar como previsto, foi uma enorme vitória”, acrescenta.

Esses testes eram muito importantes, tendo sido realizados no departamento de desenvol-vimento da Volvo Trucks em Gotemburgo, Suécia. Todas as instalações onde foram feitos os testes cheiram ligeiramente a óleo e ouve-se um sinal sonoro constante emitido pelo sistema hidráulico que conduz à gigantesca plataforma de vibração.

“Chamamos-lhe T-Rex. É a maior plataforma de vibração do mundo. O seu peso total ultra-

A indústria de camiões é conservadora em termos

de novas tecnologias. Por esse motivo, a Volvo

Trucks foi vista com muita desconfi ança quando

apresentou a primeira suspensão dianteira

independente – IFS – para camiões.

0,01 0,05 0,10 0,15 0,20POR DENTRO DA VOLVO

24 NA ESTRADA #1/2013

“Com a introdução da IFS, estamos

a escrever os primeiros capítulos de

um novo livro e a mudar a opinião

dos motoristas em relação ao que

sentem ao volante de um camião.”JAN ZACHRISSON, ENGENHEIRO SUPERIOR RESPONSÁVEL PELA IFS

NA ESTRADA #1/2013 25

Dado que a tecnologia IFS é

totalmente nova no mundo dos

camiões, o sistema foi testado

vezes intermináveis na platafor-

ma de vibração da Volvo Trucks.

Jan Zachrisson, Emil Skoog e

Bror Lundgren são os respon-

sáveis pelos ensaios.

POR DENTRO DA VOLVO

26 NA ESTRADA #1/2013

passa 1200 toneladas”, diz o engenheiro de teste Emil Skoog.

Um sistema de pistões e cilindros faz vibrar o eixo a intervalos diferentes, sujeitando o sistema IFS a forças extremas na plataforma de vibração. Os sinais que controlam a vibração foram reco-lhidos a partir de um veículo de teste na pista de testes da Volvo Trucks em Hällered, nos arredo-res de Gotemburgo.

“Na pista de ensaios, o veículo é sujeito a vá-rios testes de estrada extremos. No eixo, existem vários sensores, que registam as forças e os mo-vimentos”, explica Bror Lundgren.

Transferindo estes dados e utilizando-os na plataforma de vibração, é possível recriar as condições da pista de testes. Apenas se têm em conta os dados transmitidos quando o veículo de teste é sujeito às cargas mais pesadas.

Desta forma, os testes são optimizados em termos de tempo, dado que é possível eliminar tempos de condução desnecessários e outros tipos de inactividade.

“Na plataforma de vibração, o número de cargas sobre a estrutura é muito maior do que alguma vez poderá acontecer na vida real, ga-rantindo que o sistema é sufi cientemente forte”, explica Bror Lundgren.

O eixo é testado centenas de vezes na plata-forma de vibração durante um período de 10 semanas.

Bror Lundgren olha para o eixo de teste na plataforma e explica a importância de todos os ensaios.

“Temos uma enorme responsabilidade peran-te os nossos clientes, que consiste em testar vezes sem fi m até termos a certeza de que o sistema está apto a ser produzido. Como vamos utilizar esta nova tecnologia no futuro, é igualmente

0,40 0,45

“Na plataforma de vibração, o número

de cargas sobre a estrutura é muito

maior do que alguma vez poderá

acontecer na vida real, garantindo que

o sistema é sufi cientemente forte.”BROR LUNDGREN, GESTOR DO PROJECTO IFS

O veículo de teste é sujeito a vários ensaios de

estrada extremos nas instalações da Volvo Trucks

de Hällered, em Gotemburgo, Suécia, recolhendo

dados que depois irão ser utilizados na plataforma

de vibração.

NA ESTRADA #1/2013 27

importante verifi car como funciona. Temos de documentar o conhecimento adquirido.”

O resultado de cinco anos deste trabalho é a primeira IFS do mundo fabricada de série para camiões pesados. No entanto, quais são as maio-res vantagens desta nova tecnologia?

“As suas características de controlo são sim-plesmente revolucionárias. O motorista pode descontrair-se de uma forma completamente inovadora e isso dá uma sensação de segurança e estabilidade muito diferente comparando com uma suspensão dianteira convencional”, explica Jan Zachrisson.

Bror Lundgren concorda e para que se perce-ba faz a comparação entre duas bolas de praia.

“Com um eixo de suspensão de molas ou pneumático, é como se o motorista se sentasse

0,01 0,05 0,10 0,15 0,20

numa bola de praia, sendo frequentemente for-çado a fazer movimentos contrários para manter o equilíbrio. Com uma IFS, é como se estivesse sentado dentro da bola de praia, tendo um maior controlo de toda a situação. Isso dá uma sensa-ção de muito maior segurança.”

O melhoramento das reacções do volante, resultando da direcção de cremalheira e pinhão integrada no sistema – uma tecnologia exclusiva na indústria dos camiões –, é um factor decisivo para as fantásticas características de condução.

Na plataforma de vibração, Emil Skoog inicia o programa de testes do dia. Os pistões começam a trabalhar e o eixo de teste vibra para cima e para baixo. O piso com suspensão pneumática em que a plataforma está apoiada move-se e os

movimentos ondulantes sentem-se nitidamente.“Em comparação com uma caixa de direc-

ção convencional, a direcção de cremalheira e pinhão é um sistema de direcção mais rígido, e isso resulta numa resposta mais directa. O tempo entre pensamento e acção é mais curto e isso reforça ainda mais a sensação de controlo e segurança”, acrescenta Jan Zachrisson.

Com a introdução da IFS, Bror Lundgren está convencido de que foi escrito um novo capítulo da história da engenharia automóvel em termos de sistemas de suspensão na indústria de camiões.

“Conseguimos redefi nir a sensação de condu-zir um camião. Jan Zachrisson diz que acaba-mos de escrever o primeiro capítulo do livro chamado IFS. Estou convencido de que este livro vai ter muitos mais capítulos.”

“O motorista pode descontrair-se de

uma forma completamente inovadora

e isso dá uma sensação de segurança

e de estabilidade muito diferente em

comparação com uma suspensão

dianteira convencional.”

JAN ZACHRISSON, ENGENHEIRO SUPERIOR RESPONSÁVEL PELA IFS

POR DENTRO DA VOLVO

28 NA ESTRADA #1/2013

0,25 0,300 303 0,350 353 0,400 404 0,450 454

COMO FUNCIONA: COMPONENTES CHAVE DA IFS

O sistema IFS é

sujeito a forças ex-

tremas na plataforma

de vibração, onde um

sistema de pistões e

cilindros faz vibrar o

eixo. Para suportar as

forças, a plataforma

de vibração assenta

num bloco de cimen-

to de mil toneladas,

com suspensão pneu-

mática.

As rodas dianteiras estão ligadas a

um poste principal em cada lado, com

suspensão independente na estrutura

do chassis, com um braço de controlo

superior e outro inferior. Uma mola

pneumática, posicionada entre o poste

central e a estrutura do chassis, suporta

a carga e absorve os movimentos dinâ-

micos gerados por obstáculos na su-

perfície da estrada durante a condução.

Estrutura no subchassis

Os braços de apoio superiores e

inferiores são montados numa estru-

tura no subchassis, que mantém em

posição toda a construção. A estrutura

no subchassis, feita em ferro fundido,

está ligada à estrutura do chassis.

Poste principal

Braços de suporte superiores

e inferiores, amortecedores, veios

dos eixos, foles de ar e sistema

de direcção estão todos ligados

ao poste principal. Para conseguir

suportar fortes tensões, o poste

principal é feito de uma única peça

de material de elevada resistência. A

inclinação correcta do avanço e do

pino de articulação está integrada

no design e proporciona um exce-

lente desempenho de controlo e um

desgaste mínimo dos pneus.

Amortecedores

A energia do impacto é

absorvida por amortecedores

instalados num suporte no

poste principal e na estrutura

do chassis na parte superior.

Direcção assistida de cremalheira e pinhão

Os movimentos do volante são

transferidos para a direcção assistida

de cremalheira e pinhão. O movimento

é depois transferido para a haste de

ligação e para as rótulas esféricas de

cada lado e depois para os braços da

direcção. A partir do braço da direcção,

o movimento passa para o veio do eixo,

fazendo virar a roda.

O desafi o para os designers foi criar um design com vários

componentes móveis e que funcionasse como uma unidade

sólida. Esta é a solução encontrada.

1

3

4

2

Braços de controlo duplo5

NA ESTRADA #1/2013 29

Texto Daniel Soares Fotografia Bruno Barbosa

PERGUNTAS & RESPOSTAS

Fruto do momento macroeconómico actual, o mercado de camiões e autocarros tem vindo a decrescer de forma acentuada. De que forma está a organização preparada para a menor dimensão de mercado hoje existente?

Paulo Taborda: A centralização das áreas de gestão transversal (Marketing, Sistemas, Desenvolvimento de Competências e Suporte ao Negócio) foram o primeiro passo para nos reorganizarmos e dimensionarmos de acordo com as exigências do mercado actual.

Relativamente à área de Peças, podemos referir como factores relevantes a existência de uma estrutura central com uniformização de processos e rotinas comerciais e de gestão de stocks em toda a Rede de Concessionários.

Carlos Feliciano: Concretizámos várias alterações na estrutura da área comercial de camiões em 2012, tendo em vista um melhor alinhamento com este momento de mercado. Pensamos, assim, estar melhor preparados para actuar de forma mais próxima com o mercado, mas também mais ágeis e com uma estrutura de custos que se adequa melhor a este contexto. A nossa equipa comercial está organizada numa lógica geográfica, mas também com enfoque em áreas sectoriais, quando a especialização da abordagem ao mercado o exige.

Manuel Castro e Matos: A nossa organização tem vindo a ser preparada para a actual situação do mercado, ajustando a sua dimensão e flexibilizando parte dos recursos afectos ao back office, agora comuns ao produto Autocarros e ao produto Camiões. O objectivo passa por ter uma

organização flexível, que rapidamente se adeqúe às necessidades e dimensão de mercado.

José Bruno Osório: Para se adaptarem a uma cada vez menor dimensão de mercado, tanto as equipas como as próprias Unidades de Após Venda têm sofrido alterações na forma como estão organizadas, tentando com isso obter-se maiores sinergias e um mais baixo custo operacional. Naturalmente que a vertente comercial tem sido também bastante trabalhada: esforçamo-nos para que a menor dimensão do mercado seja compensada com uma maior penetração na venda de serviço por cada viatura Volvo que circula em Portugal.

Que “ferramentas” tem a Auto Sueco à sua disposição para contrariar as perspectivas menos optimistas relativamente ao mercado, em 2013?

PT: A visão estratégica e o capital humano têm sido, sem dúvida, aspectos fundamentais para o sucesso da Auto Sueco nos seus 80 anos de existência e vão continuar a fazer a diferença. A economia nacional já passou por diversas adversidades, nomeadamente por duas crises conjunturais muito significativas, e a empresa conseguiu sempre superar essas dificuldades de uma forma inteligente.

CF: As alterações que a Auto Sueco está a promover no modelo de relacionamento com o mercado, através, por exemplo, do Projecto Connect, são precisamente a melhor resposta a este momento menos bom.

MCM: Integrado num forte e estável grupo económico, o nome Auto Sueco transmite confiança aos clientes e ajuda a desenvolver o espírito de parceria. O conhecimento que a empresa capitalizou do mercado e dos clientes ao longo dos seus 80 anos de actividade fazem toda a diferença, sendo, em si mesmo, uma ferramenta para contrariar o actual momento de mercado.

JBO: A Auto Sueco tem-se focado atentamente naquelas que são as principais dificuldades e necessidades dos seus clientes. Sabendo que a

O Projecto Connect estendeu-se, este ano, a todo

o negócio de Camiões e Autocarros Volvo em

Portugal. Paulo Taborda, Carlos Feliciano, Manuel

Castro e Matos e José Bruno Osório falam sobre

a organização, destacando os seus pontos fortes.

Aposta certa

Idade: 53 anos.

Residência: Lisboa e Porto.

Família: Casado, uma filha.

Tempos livres: Leitura e pas-

sear com a família.

PAULO TABORDA

Idade: 42 anos.

Residência: Matosinhos.

Família: Casado, dois filhos.

Tempos livres: Viajar.

CARLOS FELICIANO

Idade: 54 anos.

Residência: Porto.

Família: Casado, dois filhos.

Tempos livres: Viajar, automo-

bilismo e futebol.

MANUEL CASTRO E MATOS

Idade: 34 anos.

Residência: Porto.

Família: Solteiro.

Tempos livres: Viajar, cinema.

JOSÉ BRUNO OSÓRIO

30 NA ESTRADA #1/2013

redução de custos é fundamental para os clientes, temos sido especialmente activos no lançamento de campanhas que visam isso mesmo. Em simultâneo com estas campanhas, garantimos a ocupação dos 19 pontos de assistência de que dispomos e que se têm revelado uma mais-valia para os clientes ao longo dos anos.

Aproveito para realçar que 2013 será o primeiro ano completo de actividade da nossa equipa comercial de serviço. Esta equipa constitui-se como o garante da necessária proximidade com os nossos clientes.

Qual a sua visão sobre o Projecto Connect e qual o impacto esperado na organização (Peças, Camiões, Autocarros e Serviço Após Venda)?

PT: Na área de peças, o Projecto teve início no primeiro dia de Janeiro do ano passado e é nossa convicção que, devido à sua implementação, conseguimos sustentar o negócio de peças genuínas Volvo no ano de 2012, mesmo tendo em consideração as adversidades da conjuntura económica. Entendemos ter agora uma segmentação de clientes e uma política comercial mais justas e transparentes. O alargamento às outras áreas do negócio (Comercial e Após Venda) no passado dia 1 de Março possibilitou uma visão integrada dos nossos clientes, de

forma completamente inovadora, e que visa essencialmente promover e premiar a fidelização dos nossos parceiros de negócio. O impacto esperado é, sem qualquer dúvida, uma parceria win-win com os nossos clientes.

CF: A implementação do Projecto vem dar corpo à maior ambição que temos na relação com os nossos clientes. Na área comercial, acreditamos que, ao valorizar o potencial e a fidelização dos clientes à nossa marca, conseguimos dar maior relevância aos parceiros que têm apostado na marca Volvo. Estes, por seu turno, vêem esta sua escolha ser premiada com melhores condições comerciais. Por outro lado, esta abordagem permitirá que um novo cliente, no início de uma relação comercial connosco, conheça desde logo o nosso modelo de negócio e perceba as vantagens que estão ao seu dispor.

MCM: O Projecto Connect tem a virtude de avaliar correctamente o peso relativo que cada cliente tem nas três vertentes do negócio, isto é, a venda de viaturas, de peças e serviço após venda. Esta visão integrada permitirá desenvolver e aprofundar as relações que mantemos com os nossos clientes, pois poderemos ser mais assertivos em todas as acções que desenvolvemos. Permite também que sejamos mais justos nas políticas comerciais, esperando com isso uma maior fidelização dos nossos clientes,

desenvolvendo assim parcerias de longo prazo.JBO: Trata-se de um passo absolutamente

fundamental rumo a uma maior proximidade com os nossos clientes, reforçando laços comerciais já existentes e reafirmando a nossa vontade em nos posicionarmos como um parceiro de negócios estratégico. No Após Venda, o Projecto Connect veio precisamente reforçar a nossa competitividade ao introduzir preços diferenciados de mão-de-obra consoante as operações executadas. Adicionalmente, passamos a conceder descontos na mão-de-obra de acordo com o segmento de cada cliente, algo que fazíamos já na venda de peças desde o início de 2012. Acreditamos que as alterações introduzidas serão um trunfo importante e uma mais-valia para os clientes mais fiéis.

Que argumentos pode um cliente encontrar para optar pela marca Volvo no momento de escolher uma viatura?

PT: É importante referir que dispomos de uma rede de 19 concessionários que tem como principal objectivo o menor tempo de imobilização possível das viaturas dos clientes. Investimos muito para ter sempre a peça certa, no momento certo, e para isso dispomos de 96 colaboradores exclusivamente dedicados à área de peças, 10 mil metros quadrados de área de

PERGUNTAS & RESPOSTAS

“A visão estratégica e o capital humano têm sido fundamentais para o sucesso da Auto Sueco e vão continuar a fazer a diferença.”PAULO TABORDA, DIRECTOR PEÇAS

“Entrámos muito bem, este ano, na liderança do mercado de camiões de gama alta.”CARLOS FELICIANO, DIRECTOR COMERCIAL CAMIÕES

32 NA ESTRADA #1/2013

armazéns, cerca de 3.700.000 euros em stock e uma capacidade de resposta ímpar no sector, situada nos 93%.

CF: A marca Volvo é distinta de qualquer outra. Sabemos que temos a grande responsabilidade de colocar no mercado uma marca premium, com características técnicas que a diferenciam das outras em qualidade, segurança, fiabilidade, inovação, protecção do ambiente e, o que neste momento é um factor bastante importante, no consumo de combustível. Temos a convicção de que oferecemos a melhor solução quer a nível dos produtos, quer dos serviços que prestamos.

MCM: A marca é reconhecida pela segurança, qualidade e respeito pelo meio ambiente. Estas características, cada vez mais presentes na mente dos decisores, têm sido complementadas por outras duas, com provas dadas no mercado, como o baixo consumo de combustível e a fiabilidade. Naturalmente que o Após Venda, com uma vasta rede de oficinas distribuídas pelo país e pela Europa (mais de mil), bem equipadas e preparadas, muitas delas com horário de funcionamento alargado à noite e ao sábado (sem custos extra para os clientes), o Volvo Action Service (serviço 24 horas, 365 dias por ano em toda a Europa) e uma grande disponibilidade de peças são factores

considerados e valorizados pelos nossos clientes.JBO: Acima de tudo, o cliente encontrará

as mais avançadas soluções de transporte, perfeitamente adequadas às suas necessidades, pensadas para garantir os níveis de rentabilidade e desempenho esperados pelo cliente Volvo. Para além de estar a adquirir um produto-referência do ponto de vista tecnológico, desenvolvido para permitir os mais baixos custos operacionais, o cliente Volvo beneficiará, sobretudo, da fiabilidade e disponibilidade que só o nosso produto, devidamente apoiado por uma abrangente rede de assistência (em Portugal e no estrangeiro), pode oferecer.

Quais as expectativas para o negócio em 2013?

PT: A nossa actual orientação integrada para o negócio, conjugada com um ambicioso plano de actividades que nos propomos realizar durante o corrente ano, faz com que tenhamos razões para sermos optimistas e conseguirmos atingir o nosso principal objectivo no que diz respeito à venda de peças genuínas Volvo: aumentar, face a 2012, a penetração por cada viatura Volvo do nosso parque circulante.

CF: Entrámos muito bem, este ano, na liderança do mercado de camiões de gama alta, o que se mantém. É nossa ambição e estamos a

trabalhar para terminar o ano em boa posição. O mercado continua com grandes dificuldades, mas acreditamos que a situação poderá melhorar.

MCM: O mercado nacional de autocarros tem sido caracterizado por quebras contínuas e muito acentuadas nos últimos anos, tendo representado, em 2012, 38% do registado em 2008 no que ao mercado de chassis com peso bruto igual ou superior a 16 toneladas diz respeito. Em 2013, acreditamos que o mercado atinja o mesmo nível de 2012 (cerca de 135 unidades) e que a nossa marca mantenha a penetração de 20%.

JBO: O ano de 2013 afigura-se como mais um ano difícil no sector do Após Venda dos veículos pesados. A grande diminuição de vendas de veículos novos verificada nos últimos anos tem tido um grande impacto no parque circulante de todas as marcas em Portugal, levando a que o potencial de negócio no Após Venda se venha a reduzir ano após ano. Neste contexto, a Auto Sueco estabeleceu o ambicioso objectivo de manter o volume de negócios inalterado face a 2012. Estamos confiantes de que as alterações já introduzidas pelo Projecto Connect, bem como uma série de outra medidas entretanto já implementadas, nos permitirão “resistir” este ano e manter um volume de negócios semelhante ao do ano anterior. ■

“Pretendemos ter uma organiza-ção flexível, que rapidamente se adeqúe às necessidades e dimensões do mercado.”MANUEL CASTRO E MATOS, DIRECTOR COMERCIAL AUTOCARROS

“A Auto Sueco estabeleceu o ambicioso objectivo de manter o volume de negócios inalterado face a 2012.”JOSÉ BRUNO OSÓRIO, DIRECTOR APÓS VENDA

NA ESTRADA #1/2013 33

O dia-a-dia dos autocar-ros Volvo da DouroAzul-que operam no Douro: cruzar as margens do rio entre as filas de socalcos.

Texto Ana Ferreira Fotografia Bruno Barbosa

O NEGÓCIO

Ao serviço do patrimónioPartir à descoberta de um lugar único, por água, terra e ar, é o desti-

no da DouroAzul. Um bilhete inclui muito mais do que uma viagem ao

Douro. Líder do turismo dos cruzeiros fluviais em Portugal, a empresa

de Mário Ferreira coloca os clientes no centro da sua actuação.

Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de Natureza. Um universo virginal,

como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir--se, furtivo, por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo, a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta.”

Talvez não haja melhores palavras do que as que Miguel Torga escreveu sobre o Douro, um Património da Humanidade que é mais do que uma região ou um rio. Mário Ferreira soube-o há muitos anos. Tal como soube que visitar o Douro não era uma viagem qualquer, mas sim a descoberta de um lugar único no mundo, com uma história, cultura e população únicas. O passo seguinte foi perceber a

oportunidade dada pelo mercado fluvial para o desenvolvimento turístico de Portugal e para a valorização do Douro e do Porto. Estava assim criada, em 1993, a Ferreira & Rayford Turismo, L.da, a qual, três anos depois, deu lugar à DouroAzul.

Com esta visão e experiência de um passado ligado aos paquetes de luxo, Mário Ferreira, proprietário da DouroAzul, explicou que para a criação desta empresa “foi apenas juntar as peças. Não foi complicado”. A uma embarcação somou-se outra e mais outra, e assim “o negócio tem crescido próximo de 30% ao ano, há 20 anos, o que é pouco vulgar”, apontou o empresário.

Em números, a DouroAzul, sediada no Porto, conta actualmente com oito navios-hotéis: Alto Douro, Invicta,Douro Queen, Douro Cruiser, Douro Spirit, AmaVida, Queen Isabel e Spirit of Chartwell, um rabelo, Cenários do Douro, e um iate, Enigma.

“Temos a capacidade de cativar a clientela estrangeira, o que faz toda a diferença numa altura como esta em Portugal

Mário Ferreira é a face da DouroAzul, uma empresa criada em 1996.

NA ESTRADA #1/2013 35

Fundação: A empresa

Ferreira & Rayford Turismo,

L.da, foi criada em 1993.

Três anos mais tarde sur-

giu a marca DouroAzul.

Proprietário: Mário

Ferreira.

N.º colaboradores: 364.

FACTOSe na Europa. Os nossos três principais mercados são os Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra, e só se o mundo acabasse, temos a nossa clientela sempre a crescer”, afirma Mário Ferreira.

Tendo o turismo fluvial como core business, a DouroAzul vive das reservas antecipadas dos operadores turísticos internacionais, o que permite prever a dinâmica do mercado e calcular novos investimentos. “Até ao fim do ano está tudo cheio. Melhor é difícil.”

O sucesso da DouroAzul não pode ser apenas medido pelas suas receitas, mas igualmente pelo seu capital humano. Mário Ferreira defende o lema: “Muito trabalho, muita dedicação, uma boa equipa e funcionários motivados.” Através do envolvimento dos 364 colaboradores que actualmente estão ao serviço da empresa percebe-se o que condiciona as escolhas dos clientes e o que valorizam no seu segmento, e,

ao fazê-lo, possibilita-se uma oferta melhorada e diferenciada em relação aos concorrentes.

A correcta visão de colocar o cliente no centro da decisão faz da DouroAzul o principal player no mercado fluvial em Portugal.

Inspirada em tendências e conceitos actuais, a empresa decidiu abandonar os cruzeiros diários e, identificada mais uma oportunidade no mercado internacional de cruzeiros fluviais, virar-se para um segmento de luxo, com os navios--hotéis. Mário Ferreira justifica esta opção apontando que, “infelizmente, com as tendências europeia e norte-americana, a classe média tem sido apertada e cada vez mais as marcas e os negócios se especializam no low cost ou nas marcas e produtos de maior qualidade”.

Tal como há 20 anos, Mário Ferreira continua a acreditar no turismo nacional, convicto de que a sua valorização passa pela “reinvenção do turismo de cultura, gastronómico,

O NEGÓCIO

36 NA ESTRADA #1/2013

“Tudo o que fazemos tem de ser com qualidade. Desde o serviço, hardware, limpeza dos navios à qualidade dos autocarros.”MÁRIO FERRREIRA, DOUROAZUL

paisagístico e arquitectónico, o qual irá cativar uma classe média-alta que tem sido esquecida. O turismo português não pode assentar a sua publicidade e marca internacionais em sol e praia se quer ter turismo de luxo e qualidade”, explicou.

O empresário ainda esclareceu que a inspiração para este segmento de luxo está no value for money, pois “é muito importante que os clientes, ao se irem embora, sintam que o que pagaram não foi muito. Se o cliente sair com as expectativas superadas, vai fazer publicidade positiva e trazer mais clientela”.

Os clientes da DouroAzul valorizam, na realidade, muito mais para além do preço.

Para assegurar que a qualidade é mantida, a empresa coloca a fasquia do ranking de satisfação dos clientes acima dos 94%. “Isto mostra que tudo o que fazemos tem de ser com qualidade. Desde o serviço, hardware, limpeza dos navios à qualidade dos autocarros, etc. Os clientes avaliam e colocam

o envelope na caixinha”, esclarece Mário Ferreira. No caso de as avaliações serem inferiores a este nível, está previsto o cancelamento automático dos contratos com as empresas contratadas. Com esta actuação conseguem-se resultados mais elevados e a marca ganha vantagem competitiva.

Foi a pensar desta forma que o empresário decidiu oferecer aos seus clientes meios terrestres para explorarem, sentirem e apreciarem o Douro.

“Já tomámos a decisão de apostar nos autocarros há alguns anos. Começámos por alugar, chegando à conclusão de que em determinados períodos do ano nenhuma empresa conseguia satisfazer a qualidade dos autocarros, a qual tem a ver essencialmente com o conforto dos assentos, conforto da suspensão, a casa de banho e a fiabilidade do ar condicionado e do som. Para que isso fosse garantido, começámos a adquirir os nossos próprios autocarros e a

Missão: Desde a sua

origem até aos dias de

hoje, a DouroAzul tem

como missão disponibilizar

meios em terra, água e

ar capazes de exceder as

expectativas do cliente na

descoberta do património.

Visão: Reforçar a lideran-

ça dos cruzeiros fluviais

em Portugal e, em particu-

lar, no rio Douro.

Filosofia: “Value for

money” está presente em

todas as etapas inerentes

ao relacionamento clien-

te/DouroAzul.

Valores: Orientação

para o cliente, honesti-

dade, espírito de equipa,

profissionalismo, rigor e

disciplina.

A DOUROAZUL

NA ESTRADA #1/2013 37

construir à medida. Os Irmãos Mota, com quem trabalhamos na carroçaria, já sabem o que nós queremos”, afirmou o empresário.

Recentemente, a DouroAzul reforçou a frota de autocarros de luxo com a aquisição de oito autocarros Volvo, equipados com carroçaria Atomic Mk7, com variação nas suas características. Para Mário Ferreira, a opção por esta marca deve-se à “boa relação qualidade/preço, e enquanto estivermos satisfeitos com a assistência e as fiabilidades mecânica e tecnológica da marca continuamos. Não temos gosto em andar a mudar. Queremos sempre o melhor”.

Das oito viaturas Volvo, seis possuem chassis B13R RFS 4x2, com motor de 420 cv na configuração Euro 5, de 12 metros, com 45 lugares, mais motorista e tripulante. Dos outros dois chassis adquiridos pela DouroAzul, uma viatura tem igualmente chassis B13R RFS 4x2, com motor de 420 cv na configuração ao Euro 5, mas é maior, com 12,70 metros e com 55 lugares, mais motorista e tripulante, e a outra viatura tem um chassis B13R IFS 6x2, com 460 cv na configuração ao Euro 5, com 13,40 metros e capacidade para 59 lugares, mais motorista e tripulante.

Estes chassis B13R, com caixa Volvo I-Shift, incorporam todas as inovações tecnológicas disponíveis ao nível do conforto e da segurança, como, por exemplo, o sistema electrónico de controlo de estabilidade (ESP) de série e a ajuda ao arranque em subida.

“É ainda de salientar que o chassis B13R 6x2 tem a mais potente motorização disponível da gama Volvo, com 460 cv, e está equipado com suspensão independente, que lhe confere um nível de conforto, segurança e manobrabilidade excepcionais”, destaca Mário Ferreira.

Com cadeiras reclináveis forradas a pele sintética, com estofamento especial, iluminação por sistema de LED, aquecimento e ar condicionado, monitores LCD, GPS com câmara de marcha-atrás integrada com comutação para os monitores e WC, seis dos autocarros estão afectos aos dois navios/hotéis que começaram a operar este ano, o AmaVida e o Queen Isabel, e os outros dois estão ao serviço do Viking Douro.

O trajecto dos veículos Volvo faz-se entre Entre-os-Rios, Régua, Pinhão e Barca d’Alva, transportando os turistas, nas diversas saídas do navio, para almoçar, jantar e visitar locais

“Enquanto estivermos satisfeitos com a assistência e as fiabilidades mecânica e tecnológica da marca, continuamos.”MÁRIO FERREIRA, DOUROAZUL

O NEGÓCIO

O melhor para os turistas do Douro: autocarros Volvo e o serviço de excelência da DouroAzul.

38 NA ESTRADA #1/2013

emblemáticos, como o Mosteiro de Alpendurada, as Caves do Vinho do Porto, o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, os jardins e Palácio Mateus, Castelo Rodrigo e o centro histórico de Salamanca. A Quinta do Seixo e a Quinta da Avessada são dos locais mais privilegiados para se deleitarem com as vistas sobre a região vitivinícola. Pontos de paragem obrigatória, a paisagem é deslumbrante e os turistas sentem- -se especiais ao contemplarem este excesso da Natureza.

Perspectivando o futuro, Mário Ferreira confessou a vontade em prolongar a sua descoberta por este lugar único no mundo, com uma história, cultura e população singular, que é o Douro. Para essas viagens, irá reforçar, no próximo ano, a sua armada com mais dois navios-hotéis – que se encontram em construção nos estaleiros da Navalria, em Aveiro, onde foram construídos o AmaVida e o Queen Isabel –, num projecto que

implica um investimento total de 37,3 milhões de euros e que tem uma comparticipação comunitária, através do programa SI Inovação, de 16,6 milhões de euros.

Além do turismo fluvial e dos autocarros de suporte aos programas em navio-hotel, o Grupo DouroAzul actua em mais áreas de negócio: autocarros turísticos de sightseeing, a Blue Bus City Tours, helicópteros para trabalhos e transportes aéreos, a Helitours, e turismo espacial nacional, A Caminho das Estrelas.

Mário Ferreira ainda deu a conhecer mais um dos seus desafios futuros: o World of Discoveries, um parque temático e interactivo alusivo à época dos Descobrimentos, “que já está em curso e que será um grande high light em termos turísticos para o Porto e Portugal”.

A DouroAzul sempre ao serviço do património. ■

Sete B13R, 4x2, 420 cv

e um B13R, 6x2, 460 cv.

A VOLVO NA FROTA

NA ESTRADA #1/2013 39

eu & o meu volvo Texto Ana Ferreira Fotografia Joaquim Norte de Sousa

“Volvo é o nome do meu camião. Simplesmente Volvo”O motorista conta com 13

anos de experiência em estradas

nacionais e internacionais ao volante

de um camião que para si é um

companheiro de viagem. Nunca lhe

colocou uma alcunha, aliás como

ele possui nos meios profissional e

familiar: “Vinhais”. A marca já define

bem a particularidade do seu camião.

“Volvo é o nome do meu camião.

Simplesmente Volvo”, afirmou

Vinhais.

De alguns volantes que já lhe

passaram pelas mãos, todos foram

da mesma marca, e isso basta-lhe

para desempenhar a sua função na

perfeição. “Sem ter grandes luxos, o

meu camião tem tudo o que faz falta,

em segurança não há melhor

e quase nunca sofre avarias.”

É por isso que diz com orgulho:

“Os meus colegas que andam com

camiões de outras marcas dizem que

ando com um bom camião.”

A relação afectiva que o “Vinhais”

nutre pelo seu Volvo é visível. É com

quem fala e do qual cuida como se

se tratasse de uma casa, “e por isso

tem de estar sempre arrumada”. Faz

questão de ser ele a levar o camião

à garagem para a lavagem, a revisão,

o carregamento, fiscalizando se

está tudo como deixou quando o vai

buscar. Nem mesmo quando está no

seu período de descanso o motorista

deixa de ir diariamente ao parque da

empresa ver o Volvo.

Estas atitudes são reveladoras

do perfil de “Vinhais”, que, apesar

de ter quase dois milhões e meio

de quilómetros de camião pela

Europa comunitária e por Marrocos,

continua a ser minucioso, metódico,

organizado, rotineiro, a não gostar de

aventuras e a preferir viajar sozinho.

Daí ele eleger os países organizados,

como a Dinamarca, a Suécia e a

Holanda, os seus destinos preferidos.

Potência: 420 cv.

Transmissão: Caixa de

velocidades I-shift.

Cabina: Globetrotter.

Ano/mês: 2010/10.

VOLVO FH 4X2T

FILIPE SILVA:

40 NA ESTRADA #1/2013

Idade: 34 anos.

Natural: Barreiros,

Amares.

Empresa: Transrendufense, sediada

em Rendufe, Amares.

Família: Casado,

uma filha.

FILIPE SILVA

NA ESTRADA #1/2013 41

o ano: 1993 Texto Lina Törnquist

Browser Mosaic e ADN do T-Rex

TECNOLOGIA

1993 foi um grande ano para a tecnologia

e a ciência, especialmente nas áreas da

informática e da genética.

Apareceu o processador Pentium, da

Intel, que permitiu aos computadores

incorporar mais facilmente dados do

“mundo real”, como sons e vozes.

Entretanto, a NCSA (National Center

for Supercomputing Applications) lançou

o Mosaic, um web browser ao qual se atri-

bui a popularidade da World Wide Web.

Também foram dados passos enormes

na engenharia genética. Os cientistas,

para além de descobrirem o primeiro mapa

dos cromossomas humanos, conseguiram

identifi car os genes associados a várias das

principais doenças, incluindo o cancro do

cólon e um determinado tipo de diabetes.

Os factos pareciam fi cção quando

foram publicados dois estudos que se as-

semelhavam à trama do Parque Jurássico,

um fi lme estreado esse ano. No fi lme, era

recriada uma ilha repleta de dinossauros

nascidos através da clonagem do ADN de

uma mosca pré-histórica.

Nos estudos então publicados, os cientis-

tas conseguiram extrair ADN de um insecto

preso em âmbar na Era Cretácea, há 130

milhões de anos, assim como dos ossos

fossilizados de um Tyrannosaurus Rex.

42 NA ESTRADA #1/201342 NA ESTRADA #1/2013

O Volvo FH define um novo padrão mundial

TECNOLOGIA PARA CAMIÕES

Em 1993, o lançamento do primeiro

Volvo FH foi notícia em todo o mundo. Na

altura, esse modelo foi apresentado com

o seguinte slogan: “O camião do século”.

Foi amplamente divulgado e alavancou o

desenvolvimento de toda a indústria.

A primeira geração de FH12 e FH16 re-

sultou de nove anos de trabalho. Tudo no FH

tinha sido concebido de raiz, até a cabina.

O novo desenho aerodinâmico da

mesma, em comparação com a do anterior

modelo F, mais quadrada, foi o resultado

de rigorosos testes num túnel de vento,

para reduzir a resistência ao ar e melhorar

a efi ciência do combustível. Foi concebida

em aço galvanizado de alta resistência, o

que lhe dava mais força. Os painéis mais

fi nos reduziram-lhe o peso e aumentaram

a efi ciência do combustível.

O modelo FH mais luxuoso tinha um

painel de instrumentos em madeira e o in-

terior da cabina era revestido de materiais

nobres, como o couro e o veludo.

Um ano depois do lançamento, o

FH12 foi eleito Camião do Ano.

Qual foi, então, a grande novidade tec-

nológica? Foi apresentado o novo motor

D12, debitando até 420 cavalos de potência

e com sistemas de válvulas e combustível

completamente diferentes dos anteriores

motores Volvo. O Volvo Engine Brake (VEB),

um novo travão de compressão, foi outra

das inovações. Também foram implementa-

das novas funcionalidades de segurança e

um novo chassis. Resumindo, foi lançado no

mercado um camião completamente novo.

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