francisco petrônio alencar de medeiros. uma abordagem de monitoramento abrangente da experiência...

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  • Universidade Federal de Pernambuco Centro de Informtica Cin Ps Graduao em Cincia da Computao

    U M A A B O R D A G E M D E M O N I T O R A M E N T O A B R A N G E N T E D A S I N T E R A E S S O C I A I S E M A M B I E N T E S C O L A B O R A T I V O S V I R T U A I S D E

    A P R E N D I Z A G E M C O M O S U P O R T E A P R E S E N A D O C E N T E .

    Por

    F R A N C I S C O P E T R N I O A L E N C A R D E M E D E I R O S T e s e d e D o u t o r a d o

    Recife, setembro de 2013

  • 2

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

    CENTRO DE INFORMTICA - CIn PS-GRADUAO EM CINCIA DA COMPUTAO

    U m a A b o r d a g e m d e M o n i t o r a m e n t o A b r a n g e n t e d a s I n t e r a e s S o c i a i s e m A m b i e n t e s C o l a b o r a t i v o s V i r t u a i s d e

    A p r e n d i z a g e m c o m o S u p o r t e a P r e s e n a D o c e n t e

    Banca Examinadora:

    __________________________________________________________

    Prof. Dr. Ricardo Amorim - UNEB/FACAPE

    __________________________________________________________ Prof. Dra. Patrcia Cabral Restelli Tedesco - CIn/UFPE

    __________________________________________________________ Prof. Dra. Ana Beatriz Gomes - CE/UFPE

    __________________________________________________________ Prof. Dra. Simone Santos - Cin/UFPE

    __________________________________________________________ Prof. Dr. Jos Aires de Castro Filho - UFC

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE INFORMTICA - CIn

    PS-GRADUAO EM CINCIA DA COMPUTAO

    FRANCISCO PETRNIO ALENCAR DE MEDEIROS

    U m a A b o r d a g e m d e M o n i t o r a m e n t o A b r a n g e n t e d a s I n t e r a e s S o c i a i s e m A m b i e n t e s

    C o l a b o r a t i v o s V i r t u a i s d e A p r e n d i z a g e m c o m o S u p o r t e a P r e s e n a D o c e n t e

    Tese submetida Coordenao da Ps-Graduao em Cincia da Computao, do Centro de Informtica, como parte dos requisitos para obteno de ttulo de Doutor em Cincia da Computao.

    Orientador: Dr. Alex Sandro Gomes

    Recife, setembro de 2013

  • 4

    Resumo

    No mbito da aprendizagem online, a teoria scio-construtivista, que v a Educao

    como uma prtica social, contextual e ativa, obtm o apoio dos ambientes

    colaborativos virtuais de aprendizagem (ACVA) na mediao das discusses sncronas

    e assncronas que contribuem com o estabelecimento da presena social discente. A

    presena docente compreende as competncias do professor no gerenciamento,

    coordenao e monitoramento da dinmica social e cognitiva dos aprendizes. Para

    alcanar um grau satisfatrio de presena docente, o professor precisa organizar as

    suas aes pedaggicas, acompanhando e mediando as interaes no ACVA, de

    modo a promover a colaborao e o suporte necessrio para que sejam alcanados os

    objetivos de aprendizagem. Acompanhar as interaes sociais em ACVAs com uma

    quantidade cada vez maior de ferramentas colaborativas, que muitas vezes estende os

    limites do ACVA, oferecendo o suporte adequado e em tempo real aos aprendizes

    um dos desafios mais intensos e exaustivos que os professores online enfrentam. O

    objetivo geral deste trabalho investigar como uma abordagem de monitoramento

    abrangente das interaes sociais dos aprendizes em ACVA, chamada Amadeus-

    SIMM, pode impactar positivamente na percepo e mediao docente de forma a

    promover uma melhoria do comportamento social online dos aprendizes. As hipteses

    da pesquisa foram testadas atravs de mtodos de anlise qualitativa e quantitativa

    sobre os dados coletados a partir da realizao de dois experimentos. Atravs da

    anlise qualitativa verificou-se um aumento da percepo docente dos

    comportamentos sociais dos aprendizes quando apoiado pelo Amadeus-SIMM e

    utilizando anlises quantitativas para verificar diferenas significativas nos dados

    coletados em dois momentos planejados do experimento, verificou-se um aumento da

    coeso social do grupo, bem como um aumento do engajamento social, do grau de

    visibilidade, do grau de intermediao da informao e do grau do prestgio social,

    alm da verificao de um aumento na percepo da presena social dos aprendizes a

    partir das intervenes do professor quando apoiado pelo Amadeus-SIMM. Este tese

    buscou contribuir area de aprendizagem colaborativa suportada por tecnologias

    oferecendo um suporte presena docente frente ao grande volume de interaes

    sociais nas diferentes ferramentas internas e externas ao ACVA, de forma a possibilitar

    ao professor uma postura mais ativa na mediao do processo de aprendizagem

    online.

    Palavras chaves: presena docente, monitoramento de interaes sociais, ambientes

    colaborativos virtuais de aprendizagem, anlise de redes sociais, Amadeus-SIMM

  • 5

    Abstract

    Within online learning, the social-constructivist theory which sees the Education as a

    social, contextual and active practice obtains the background for the Collaborative

    Learning Environments (CLE) from the support to the synchronous and asynchronous

    discussions that contributes for the settlement of the students social presence. The

    teaching presence comprehends the ability of the tutor in management, coordination

    and monitoring the social and cognitive dynamics of the student. To accomplish a

    satisfactory degree of teachers presence, the teacher needs to organize its

    pedagogical actions, tracking and mediating the interactions on the CLE, in a way to

    promote collaboration and the necessary support in order to reach the learning

    objectives. Tracking social interactions in the CLEs with an increasing number of

    collaborative tools, some of them extending the limits of the CLE, offering the proper

    support and in real time for the students is one of the most intense and exhaustive

    challenges that online teachers face. The main objective of this work is to investigate

    how a broader monitoring approach of the students social interactions on the CLE

    (called Amadeus-SIMM) can positively impact in the teacher's awareness and

    mediation in order to promote an improvement in students online social behavior. The

    hypotheses of the research were tested through qualitative and quantitative analysis

    techniques about collected data from the conduction of two experiments. It could be

    verified through the qualitative analysis the increase of the teacher's awareness about

    the social behaviors of the students when supported by the Amadeus-SIMM and using

    the quantitative analysis to verify meaningful differences on collected data in two

    moments planned for the experiment, it was found an increase of the social cohesion of

    the group, as well as an increase of social engagement, the degree of visibility, degree

    of information intermediation and degree of social prestige, in addition to verification of

    an increase of the social presence awareness of the students from teachers

    interventions when supported by the Amadeus-SIMM. This work tried to contribute for

    the computer supported collaborative learning area offering a support to the teaching

    presence among the great volume of social interactions in different intern and external

    tools to the CLE, in order to provide the teacher a more active position in the mediation

    of the online learning process.

    Keywords: teaching presence, social interactions monitoring, collaborative virtual

    learning environments, social network analysis, Amadeus-SIMM

  • 6

    Dedico este trabalho a meu filho Luca e a minha esposa Neyla.

  • 7

    Agradecimentos

    Deus, que devido a sua infinita bondade, deu-me foras e perseverana para

    concluir esta importante etapa acadmica.

    minha esposa Neyla e ao meu filho Luca, que compreenderam e apoiaram essa fase

    de renncia e dedicao a este trabalho, especialmente durante os ltimos dois anos,

    quando j no havia diferena entre dia e noite.

    Aos meus pais e irmos, em especial minha me, que apesar de todas as

    dificuldades impostas pela vida, sempre lutou pela educao dos filhos.

    Ao meu orientador Alex Sandro Gomes, sempre muito atencioso e presente nas

    intervenes realizadas. Agradeo pela parceria e pela oportunidade de tamanho

    aprendizado cientfico, moral e social.

    Ao professor Ricardo Amorim, pelo grande suporte na elaborao e apresentao dos

    artigos cientficos internacionais, alm das contribuies sugeridas na defesa de

    qualificao da tese.

    professora Patrcia Tedesco, pela grande contribuio aos captulos introdutrios

    desta tese (mantra), reviso sistemtica sobre abordagens de monitoramento e ao

    gerenciamento do cronograma, alm do aprendizado nas disciplinas cursadas.

    professora Simone Santos, pelo grande suporte metodolgico oferecido na defesa

    de qualificao deste trabalho e nas contribuies quanto reviso sistemtica e

    organizao do trabalho.

    professora Ana Beatriz, pela extraordinria contribuio na fundamentao terica

    deste trabalho e pela inspirao na utilizao das nvens de tags nos captulos.

    minha irm Gabriela, pelo primoroso suporte no estudo etnogrfico, principalmente

    no rduo trabalho de transcrio das entrevistas. Agradeo ao apoio das revises na

    escrita dos artigos em lingua inglesa.

    Ao amigo Rodrigo Lins, que tanto me ajudou nas anlises estatsticas.

    Daniel Vilar e Nailson Cunha, alunos de iniciao cientfica do IFPB, que

    desempenharam um trabalho criterioso no apoio com a codificao das ferramentas

    colaborativas do Amadeus, respectivamente o frum de discusso e mensagem.

    Ao CCTE, por oferecer um ambiente saudvel para realizao dessa pesquisa. Como

    no lembrar dos aprendizados adquiridos nos seminrios e nos eventos IHC 2011,

    SBIE 2010 e Workshop em Petrolina 2013.

  • 8

    Aos professores, tutores e coordenadores da UFPB Virtual e do plo presencial de

    Joo Pessoa, por oferecer um ambiente to rico para realizao da pesquisa

    etnogrfica.

    Ao meu amigo Alisson Brito, professor da UFPB, pelas discusses que ajudaram

    construo da proposta da tese e utilizao de Anlise de Redes Sociais.

    s amigas Heremita e Crishane, pois atravs do seu empenho e luta, possibilitaram a

    concretizao do DINTER IFPB-UFPE.

    Ao IFPB e aos colegas da Unidade Acadmica de Informtica, que proporcionaram a

    mim trs semestres de liberao total, indispensveis a concluso do doutorado.

    CAPES, pelo DINTER e pela bolsa oferecida nos 12 meses de liberao.

    todos, que diretamente ou indiretamente contriburam com a minha formao

    acadmica.

  • 9

    Sumrio !LISTA!DE!FIGURAS!........................................................................................................................................................................!12!LISTA!DE!TABELAS!.......................................................................................................................................................................!13!LISTA!DE!GRFICOS!.....................................................................................................................................................................!14!1.!INTRODUO!............................................................................................................................................................................!15!1.1.#CONTEXTUALIZAO#..................................................................................................................................#15#1.2.#MOTIVAO#..................................................................................................................................................#17#1.3.#PROBLEMTICA#E#JUSTIFICATIVA#.............................................................................................................#19#1.4.#QUESTO#DE#PESQUISA#E#HIPTESES#DA#TESE#.....................................................................................#22#5.4.#OBJETIVOS#DA#TESE#....................................................................................................................................#24#1.5.#MTODO#........................................................................................................................................................#24#1.6.#ORGANIZAO#DO#DOCUMENTO#DA#TESE#................................................................................................#28#2.!REFERENCIAL!TERICO!.........................................................................................................................................................!30!2.1.#TEORIA#DE#APRENDIZAGEM#COLABORATIVA#ONLINE#..........................................................................#32#

    2.1.1.$Pedagogia$aplicada$$Aprendizagem$Colaborativa$Online$..............................................$34#2.1.2.$Tecnologia$aplicada$a$Aprendizagem$Colaborativa$Online$.............................................$36#2.2.#MODELO#CONCEITUAL#DA#EXPERINCIA#EDUCACIONAL#ONLINE#......................................................#37#2.3.#CONSIDERAES#FINAIS#DO#CAPTULO#...................................................................................................#38#

    3.!INTERATIVIDADE!E!PRESENA!SOCIAL!EM!ACVA!.........................................................................................................!40!3.1.#MODOS#DE#INTERAO#EM#APRENDIZAGEM#ONLINE#...........................................................................#41#3.2.#NVEIS#DE#INTERAO#NO#PROCESSO#DE#APRENDIZAGEM#..................................................................#43#3.3.#PRESENA#SOCIAL#SUPORTANDO#AS#INTERAES#SOCIAIS#ONLINE#..................................................#46#3.3.1.$Estratgias$para$estabelecer$Presena$Social$........................................................................$47#3.3.2.$Presena$Social$e$Indicadores$de$Desempenho$do$Aprendiz$............................................$49#3.4.#CONSIDERAES#SOBRE#O#CAPTULO#......................................................................................................#49#

    4.!PRESENA!DOCENTE:!PERCEPO!E!MEDIAO!NA!APRENDIZAGEM!ONLINE!...................................................!51!4.1.#A#PRESENA#DOCENTE#NO#CONTEXTO#DA#EXPERINCIA#DE#APRENDIZAGEM#ONLINE#.................#51#4.2.#ESQUEMATIZAO#DAS#COMPETNCIAS#DO#PROFESSOR#NO#PROCESSO#DE#APRENDIZAGEM#ONLINE#..................................................................................................................................................................#54#4.3.#PERCEPO#E#MEDIAO#EM#AMBIENTES#COLABORATIVOS#VIRTUAIS#DE#APRENDIZAGEM#........#57#4.4.#LIMITAES#PARA#UMA#EFETIVA#PRESENA#DOCENTE#ONLINE#.......................................................#58#4.5.#CONSIDERAES#FINAIS#DO#CAPTULO#...................................................................................................#59#5.!MONITORAMENTO!DAS!INTERAES!DOS!APRENDIZES!EM!AMBIENTES!COLABORATIVOS!VIRTUAIS!DE!APRENDIZAGEM!!UMA!REVISO!SISTEMTICA!DA!LITERATURA!...............................................................................!61!5.1.#REVISO#SISTEMTICA#SOBRE#O#MONITORAMENTO#DAS#INTERAES#EM#AMBIENTES#COLABORATIVOS#VIRTUAIS#DE#APRENDIZAGEM#............................................................................................#62#

    5.1.1.$Questes$de$Investigao$.................................................................................................................$62#5.1.2.$Estratgia$de$Busca$............................................................................................................................$63#5.1.3.$Critrios$de$Incluso$e$Excluso$de$Estudos$Primrios$......................................................$63#5.1.4.$Anlise$e$Classificao$dos$Resultados$.......................................................................................$63#5.1.5.$Suporte$$Presena$Docente:$Relatrios$e$Visualizaes$...................................................$70#5.2.#CONSIDERAES#SOBRE#A#REVISO#SISTEMTICA#................................................................................#72#

    6.!ESTUDO!ETNOGRFICO!SOBRE!A!PRESENA!SOCIAL!DE!PROFESSORES!E!APRENDIZES!NA!APRENDIZAGEM!ONLINE!...........................................................................................................................................................!75!6.1.#MTODO#DE#PESQUISA#ETNOGRFICA#RPIDA#.....................................................................................#75#

    6.1.1.$Participantes$e$Procedimentos$......................................................................................................$76#6.2.#COLETA#E#ANLISE#DOS#DADOS#QUALITATIVOS#....................................................................................#77#6.2.1.$Survey$.......................................................................................................................................................$77#6.2.2.$Codificao$dos$documentos$gerados$na$Pesquisa$Etnogrfica$.....................................$78#

  • 10

    6.3.#CONSIDERAES#FINAIS#DO#CAPTULO#...................................................................................................#87#7.!REDESIGN!DAS!FERRAMENTAS!DE!COLABORAO!DO!AMADEUS!..........................................................................!89!7.1.#DIAGRAMAS#DE#ENGESTRM#.....................................................................................................................#90#7.2.#DESCRIO#DOS#CENRIOS#ATUAIS#E#ESPECIFICAO#DOS#REQUISITOS#FUNCIONAIS#..................#92#7.3.#REPRESENTAO#E#AVALIAO#DOS#PROTTIPOS#...............................................................................#98#

    7.3.1.$Avaliao$dos$Prottipos$.................................................................................................................$99#7.4.#CODIFICAO#DAS#INTERFACES#DAS#FERRAMENTAS#DE#COMUNICAO#DO#AMADEUS#...............#100#7.5.#CONSIDERAES#FINAIS#DO#CAPTULO#E#NVEM#DE#TAGS#...............................................................#104#8.!AMADEUSGSIMM:!MDULO!DE!MONITORAMENTO!DAS!INTERAES!SOCIAIS!DO!ACVA!AMADEUS!........!106!8.1.#ANLISE#DE#REDES#SOCIAIS#(ARS)#.......................................................................................................#106#8.2.#ARQUITETURA#DO#AMADEUSPSIMM#.....................................................................................................#107#

    8.2.1.$Comportamentos$Sociais$do$Grupo$..........................................................................................$111#8.2.2.$Comportamentos$Sociais$Individuais$dos$Aprendizes$......................................................$112#8.3.#INTERFACE#DO#USURIO#DO#AMADEUSPSIMM#...................................................................................#116#8.4.#EXPERIMENTO#PILOTO#PARA#AVALIAO#DO#AMADEUSPSIMM#.....................................................#117#8.4.1.$Comportamentos$Sociais$do$Grupo$Observados$.................................................................$119#8.4.2.$Comportamentos$Sociais$Individuais$Observados$.............................................................$119#8.4.3.$Concluses$do$Experimento$Piloto$............................................................................................$120#8.5.#CONSIDERAES#FINAIS#DO#CAPTULO#.................................................................................................#122#

    9.!EXPERIMENTO:!CURSO!ONLINE!DE!INTRODUO!A!LINGUAGEM!DE!PROGRAMAO!OO!PYTHON!........!123!9.1.#PLANEJAMENTO#.........................................................................................................................................#123#9.1.1.$Planejamento$da$Amostra$............................................................................................................$123#9.1.2.$Planejamento$das$Aes$para$Execuo$do$Experimento$..............................................$123#9.1.3.$Definio$dos$Modelos$Estatsticos$...........................................................................................$125#9.2.#EXECUO#DO#EXPERIMENTO#.................................................................................................................#126#9.2.1.$Participantes$......................................................................................................................................$127#9.2.2.$ACVA$Amadeus:$Ferramentas$de$Colaborao$e$Repositrio$.......................................$129#9.2.3.$Prtica$Docente$Com$o$apoio$do$Amadeus^SIMM$..............................................................$130#9.3.#DADOS#COLETADOS#...................................................................................................................................#131#9.3.1.$Dados$do$Survey$................................................................................................................................$132#9.3.2.$Dados$dos$Relatrios$gerados$pelo$Amadeus^SIMM$.........................................................$135#9.4.#VERIFICAO#DAS#HIPTESES#DA#TESE#................................................................................................#138#9.4.1.$Hiptese$H1$..........................................................................................................................................$138#9.4.2.$Hiptese$H2$..........................................................................................................................................$139#9.4.3.$Hiptese$H3$..........................................................................................................................................$140#9.4.4.$Hipteses$H4,$H5,$H6$e$H7$................................................................................................................$141#9.4.5.$Hiptese$H8$..........................................................................................................................................$147#9.5.#CONSIDERAES#FINAIS#DO#CAPTULO#.................................................................................................#149#

    10.!CONCLUSES!E!TRABALHOS!FUTUROS!.......................................................................................................................!150!10.1.#CONTRIBUIES#......................................................................................................................................#151#10.2.#TRABALHOS#FUTUROS#...........................................................................................................................#152#REFERNCIAS!BIBLIOGRFICAS!...........................................................................................................................................!154!APNDICE!1!G!TABELA!COM!A!EXECUO!DA!EXTRAO!NOS!ARTIGOS!SELECIONADOS!DA!REVISO!SISTEMTICA!SOBRE!MONITORAMENTO!DAS!ATIVIDADES!E!INTERAES!EM!AVAS.!......................................!165!APNDICE!2!G!RELATRIO!DO!COMPORTAMENTO!SOCIAL!COESO!DO!GRUPO!GERADO!PELO!AMADEUSGSIMM!..............................................................................................................................................................................................!174!APNDICE!3!G!RELATRIO!DO!COMPORTAMENTO!SOCIAL!HETEROGENEIDADE!DO!GRUPO!GERADO!PELO!AMADEUSGSIMM!.........................................................................................................................................................................!175!APNDICE!4!G!RELATRIO!DO!COMPORTAMENTO!SOCIAL!GRAU!DE!VISIBILIDADE!DOS!APRENDIZES!GERADO!PELO!AMADEUSGSIMM!...........................................................................................................................................!176!APNDICE!5!!G!RELATRIO!DO!COMPORTAMENTO!SOCIAL!GRAU!DE!INTERMEDIAO!DA!INFORMAO!DOS!APRENDIZES!GERADO!PELO!AMADEUSGSIMM!.................................................................................................................!180!

  • 11

    APNDICE!6!G!RELATRIO!DO!COMPORTAMENTO!SOCIAL!GRAU!DE!ENGAJAMENTO!DOS!APRENDIZES!GERADO!PELO!AMADEUSGSIMM!...........................................................................................................................................!184!APNDICE!7!G!RELATRIO!DO!COMPORTAMENTO!SOCIAL!GRAU!DE!PRESTGIO!DOS!APRENDIZES!GERADO!PELO!AMADEUSGSIMM!.............................................................................................................................................................!188!APNDICE!8!G!VISUALIZAO!DO!GRAFO!QUE!REPRESENTA!AS!INTERAES!SOCIAIS!DOS!PARTICIPANTES!DE!UM!CURSO!ONLINE!DA!UFPB!VIRTUAL!........................................................................................................................!191!APNDICE!9!G!PLANO!DE!ENSINO!DO!CURSO!DE!INTRODUO!A!LINGUAGEM!DE!PROGRAMAO!PYTHON!.........................................................................................................................................................................................................!192!APNDICE!10!G!AVALIAO!DO!CURSO!DE!PYTHON:!LISTAS!DE!EXERCCIOS!........................................................!194!APNDICE!11!G!INSTRUMENTO!UTILIZADO!PARA!MEDIR!A!PECEPO!DA!PRESENA!SOCIAL!DOS!APRENDIZES!DO!CURSO!ONLINE!..........................................................................................................................................!199!APNDICE!12!!ANOTAES!DO!PROFESSOR!SOBRE!AS!INTERVENES!REALIZADAS!A!PARTIR!DO!APOIO!DO!AMADEUSGSIMM!..................................................................................................................................................................!200!APNDICE!13!!GRAFO!GERADO!NO!EXPERIMENTO!RELACIONADO!AO!PERODO!EM!QUE!O!PROFESSOR!NO!FOI!APOIADO!PELO!AMADEUSGSIMM!..................................................................................................................................!202!APNDICE!14!!GRAFO!GERADO!NO!EXPERIMENTO!RELACIONADO!AO!PERODO!EM!QUE!O!PROFESSOR!FOI!APOIADO!PELO!AMADEUSGSIMM!..........................................................................................................................................!203!APNDICE!15!!PUBLICAES!CIENTFICAS!RELACIONADAS!!TESE!DE!DOUTORADO!.....................................!204!

  • 12

    Lista de Figuras FIGURA#1.#ZONA#DE#DESENVOLVIMENTO#PROXIMAL#(VYGOTSKY,#1996)#.....................................................................#31#FIGURA#2.#PROCESSO#DE#APRENDIZAGEM#COLABORATIVA#ONLINE#EM#PRTICA#(HARASIM,#2012)#.........................#35#FIGURA#3.#MODELO#CONCEITUAL#DE#SUPORTE#A#EXPERINCIA#EDUCACIONAL#ONLINE#.....................................................#38#FIGURA#4.#NVEM#DE#TAGS#DO#CAPTULO#2#.............................................................................................................................#39#FIGURA#5.#MODOS#DE#INTERAO#EM#EDUCAO#A#DISTNCIA#(ANDERSON#E#GARRISON,#1998)#......................#41#FIGURA#6.#TRS#NVEIS#INTERPRELACIONADOS#DE#INTERAES#(HIRUMI,#2006)#.........................................................#42#FIGURA#7.#DIFERENTES#NVEIS#QUE#INFLUENCIAM#NA#INTERATIVIDADE#SUJEITO#OBJETO#(BRUNO#E#MUNOZ,#2010)#..............................................................................................................................................................................................#43#FIGURA#8.#NVEM#DE#TAGS#DO#CAPTULO#3#.............................................................................................................................#50#FIGURA#9.#FENMENOS#DE#APRENDIZAGEM#ASSOCIADOS#AS#FASES#DA#EXPERINCIA#DO#USURIO#.................................#53#FIGURA#10.#NVEM#DE#TAGS#DO#CAPTULO#4#..........................................................................................................................#59#FIGURA#11.#DISCUSSES#NO#FRUM#VERSUS#TEMPO#(MAZZA#E#DIMITROVA,#2007)#................................................#71#FIGURA#12.#RELACIONAMENTO#ENTRE#OS#PARTICIPANTES#NO#ACVA#(BAKHARIA#E#DAWSON,#2011)#................#71#FIGURA#13.#ARQUITETURA#DO#AGENTE#DE#APRENDIZAGEM#ECOLA#E#EXEMPLO#DE#UM#RELATRIO#OFERECIDO#PELO#ECOLA#...............................................................................................................................................................................#72#FIGURA#14.#NVEM#DE#TAGS#DO#CAPTULO#5#..........................................................................................................................#74#FIGURA#15.#NVEM#DE#TAGS#DO#CAPTULO#6#..........................................................................................................................#88#FIGURA#16.#TRINGULO#DE#ENGESTRN#DA#ATIVIDADE#INTERAES#SOCIAIS#UTILIZANDO#A#FERRAMENTA#FRUNS#DE#DISCUSSO#....................................................................................................................................................................#91#FIGURA#17.#TRINGULO#DE#ENGESTRN#DA#ATIVIDADE#INTERAES#SOCIAIS#UTILIZANDO#A#FERRAMENTA#MENSAGEM#........................................................................................................................................................................#91#FIGURA#18.#AMBIENTE#DO#PLO#PRESENCIAL#DE#JOO#PESSOA#DA#UFPB#VIRTUAL#........................................................#93#FIGURA#19.#FERRAMENTA#FRUM#DE#DISCUSS#E#O#TWITTER#INTEGRADO#AO#AMADEUS#..............................................#99#FIGURA#20.#AVALIAO#DOS#PROTTIPOS#COM#A#TCNICA#DO#GRUPO#FOCAL#.................................................................#100#FIGURA#21.#PROTTIPO#DA#FERRAMENTA#SNCRONA#E#ASSCRONA#DE#COMUNICAO#MENSAGEM#............................#101#FIGURA#22.#TELA#COM#A#PERCEPO#DOS#PARTICIPANTES#DO#CURSO#E#AS#MENSAGEM#NOVAS#.....................................#102#FIGURA#23.#TODAS#AS#MENSAGENS#DO#USURIO#E#O#TWITTER#DO#USURIO#CORRENTE#.................................................#103#FIGURA#24.#ASSOCIAO#DO#LOGIN#DO#AMADEUS#COM#OS#LOGINS#DAS#REDES#SOCIAIS#..................................................#103#FIGURA#25.#FRUM#DE#DISCUSSO#..........................................................................................................................................#104#FIGURA#26.#NVEL#DE#TAGS#DO#CAPTULO#7#.........................................................................................................................#105#FIGURA#27.#MONITORAMENTO#DO#TWITTER#........................................................................................................................#109#FIGURA#28.#ARQUITETURA#DO#AMADEUSPSIMM#.................................................................................................................#110#FIGURA#29.#INTERFACE#DO#USURIO#DO#AMADEUSPSIMM#................................................................................................#117#FIGURA#30.#NVEM#DE#TAGS#DO#CAPTULO#8#........................................................................................................................#122#FIGURA#31.#RELATRIOS#GERADOS#NOS#QUATRO#PERODOS#DO#CURSO#.............................................................................#132#FIGURA#32.#NVEM#DE#TAGS#DO#CAPTULO#9#........................................................................................................................#149#

  • 13

    Lista de Tabelas TABELA#1.#ENTREVISTAS#COM#PROFESSORES#E#APRENDIZES#SOBRE#AS#LIMITAES#DOS#FRUNS#DE#DISCUSSO#NA#PROMOO#DA#PRESENA#SOCIAL#..............................................................................................................................#78#TABELA#2.#TRECHOS#DAS#ENTREVISTAS#E#DO#DIRIO#DE#OBSERVAO#DO#PESQUISADOR#SOBRE#AS#LIMITAES#DA#FERRAMENTA#MENSAGEM#PARA#PROMOVER#A#PRESENA#SOCIAL#.......................................................................#79#TABELA#3.#TRECHOS#DAS#ENTREVISTAS#E#DO#DIRIO#DE#OBSERVAO#DO#PESQUISADOR#SOBRE#A#NECESSIDADE#DE#FERRAMENTAS#COLABORATIVAS#SNCRONAS#PARA#SUPORTAR#O#FEEDBACK#IMEDIATO#...................................#80#TABELA#4.#TRECHOS#DAS#ENTREVISTAS#E#DO#DIRIO#DE#OBSERVAO#DO#PESQUISADOR#SOBRE#A#NECESSIDADE#DE#UTILIZAR#FERRAMENTAS#COLABORATIVAS#CUJOS#APRENDIZES#SINTAMPSE#MAIS#CONFORTVEIS#...................#81#TABELA#5.#TRECHOS#DAS#ENTREVISTAS#E#DO#DIRIO#DE#OBSERVAO#DO#PESQUISADOR#SOBRE#O#USO#DAS#REDES#SOCIAIS#ONLINE#NO#PROCESSO#DE#APRENDIZAGEM#ONLINE#...................................................................................#82#TABELA#6.#TRECHOS#DAS#ENTREVISTAS#COM#PROFESSORES#E#TUTORES#SOBRE#A#LIMITAO#DA#UTILIZAO#DAS#REDES#SOCIAIS#NOS#PLOS#PRESENCIAIS#...............................................................................................................................#83#TABELA#7.#TRECHOS#DAS#ENTREVISTAS#COM#PROFESSORES#E#TUTORES#SOBRE#A#TENTATIVA#DE#INTEGRAO#ENTRE#AS#REDES#SOCIAIS#ONLINE#E#O#ACVA#..............................................................................................................................#83#TABELA#8.#TRECHOS#DAS#ENTREVISTAS#COM#PROFESSORES#E#TUTORES#SOBRE#A#UTILIZAO#DE#FERRAMENTAS#EXTERNAS#AO#ACVA#PARA#ESTREITAR#A#RELAO#COM#O#APRENDIZES#.............................................................#84#TABELA#9.#TRECHOS#DAS#ENTREVISTAS#COM#PROFESSORES#E#TUTORES#SOBRE#PRTICAS#DOCENTES#ADOTADAS#QUE#AJUDAM#NA#PROMOO#DA#PRESENA#SOCIAL#.........................................................................................................#84#TABELA#10.#TRECHOS#DAS#ENTREVISTAS#COM#TUTORES#SOBRE#PRTICAS#DOCENTES#ADOTADAS#QUE#LIMITAM#A#PROMOO#DA#PRESENA#SOCIAL#..............................................................................................................................#85#TABELA#11.#TRECHOS#DAS#ENTREVISTAS#COM#PROFESSORES#E#TUTORES#SOBRE#A#DIFICULDADE#DE#ACOMPANHAR#AS#INTERAES#NO#ACVA#................................................................................................................................................#86#TABELA#12.#NECESSIDADES#DOS#USURIOS#E#REQUISITOS#RELACIONADOS##FERRAMENTA#FRUM#DE#DISCUSSO95#TABELA#13.#NECESSIDADES#DOS#USURIOS#E#REQUISITOS#RELACIONADOS##FERRAMENTA#MENSAGEM#...............#97#TABELA#14.#REQUISITOS#RELACIONADAS#A#INTEGRAO#DAS#REDES#SOCIAIS#..............................................................#98#TABELA#15.#SNTESE#DOS#DADOS#OBTIDOS#NOS#RELATRIOS#DO#AMADEUSPSIMM#.................................................#118#TABELA#16.#EXTRATO#DOS#DADOS#DOS#APRENDIZES#PARTICIPANTES#DO#EXPERIMENTO#.........................................#128#TABELA#17.#DADOS#COLETADOS#A#PARTIR#DA#APLICAO#DO#SURVEY#APS#A#TERCEIRA#SEMANA#DE#CURSO#.......#133#TABELA#18.#DADOS#COLETADOS#A#PARTIR#DA#APLICAO#DO#SURVEY#APS#A#TERCEIRA#SEMANA#DE#CURSO#.......#134#TABELA#19.#INDICADORES#DOS#COMPORTAMENTOS#SOCIAIS#DOS#APRENDIZES#EM#DOIS#MOMENTOS#DO#CURSO:#SEM#E#COM#O#APOIO#AO#PROFESSOR#DO#AMADEUSPSIMM#.............................................................................................#137#TABELA#20.#RESULTADOS#OBTIDOS#DA#APLICAO#DO#TESTE#QUIPQUADRADO#PARA#VERIFICAO#DA#HIPTESE#H8#......................................................................................................................................................................................#148#

  • 14

    Lista de Grficos

    GRFICO#1.#MODELO#OU#PROCESSO#UTILIZADO#PARA#CONSTRUO#DO#LOG#......................................................................#65#GRFICO#2.#DISTRIBUIO#DAS#FORMAS#DE#PERSISTNCIA#UTILIZADAS#NOS#TRABALHOS#PESQUISADOS.#.....................#65#GRFICO#3.#CONTEXTO#DE#APLICAO#DAS#ABORDAGENS#DE#MONITORAMENTO#..............................................................#66#GRFICO#4.#TCNICAS#E#MODELOS#PARA#ANLISE#E#PROCESSAMENTO#DAS#ATIVIDADES#NOS#ACVAS#..........................#68#GRFICO#5.#REFERENCIAIS#UTILIZADOS#NOS#EXPERIMENTOS#PARA#VALIDAO#DAS#ABORDAGENS#DE#MONITORAMENTO#.............................................................................................................................................................#69#GRFICO#6.#DISTRIBUIO#DOS#ACVAS#QUE#DO#SUPORTE#AS#ABORDAGENS#DE#MONITORAMENTO#PROPOSTAS#........#70#GRFICO#7.#COMPARAO#ENTRE#AS#DUAS#MEDIES#DO#COMPORTAMENTO#DE#ENGAJAMENTO#SOCIAL#....................#143#GRFICO#8.#COMPARAO#ENTRE#AS#DUAS#MEDIES#DO#GRAU#DE#VISIBILIDADE#...........................................................#144#GRFICO#9.#COMPARAO#ENTRE#AS#DUAS#MEDIES#DO#GRAU#DE#INTERMEDIAO#DA#INFORMAO#......................#146#GRFICO#10.#COMPARAO#ENTRE#AS#DUAS#MEDIES#DO#PRESTGIO#SOCIAL#................................................................#147#

  • 15

    Captulo 1 1. Introduo

    Em tempos na qual a Internet e aplicaes web tornam-se fundamentais para o

    desenvolvimento das interaes humanas em suas diversas extenses, a rea

    educacional tambm tem sido bastante beneficiada, apoiada pela constante evoluo

    da area de Aprendizagem Colaborativa suportada por Computadores (Computer

    Supported Collaborative Learning) (GOMES et. al., 2011).

    A fim de apoiar o processo de ensino a distncia, foram desenvolvidos os

    Ambientes Colaborativos Virtuais de Aprendizagem (ACVA), que so plataformas

    projetadas para atuarem como salas de aula virtuais, proporcionando vrias

    possibilidades de interaes entre os seus participantes. De acordo com Anderson

    (2003), as interaes sociais entre os aprendizes e o professor tm implicaes no

    engajamento e na colaborao nos ACVAs, enquanto Oncu e Kakir (2011) associam a

    colaborao online com a melhora no volume e na qualidade do envolvimento,

    satisfao e engajamento dos aprendizes.

    H uma preocupao excessiva em oferecer um nmero cada vez maior de

    ferramentas sncronas e assncronas nos ACVAs, porm pouca ateno tem sido dada

    ao acompanhamento das interaes que ocorrem nessas ferramentas. Analisar e

    monitorar o grande volume de interaes entre professor, aprendizes e contedos nos

    ACVAs uma importante e complexa tarefa do professor no processo de

    aprendizagem online. O feedback oferecido atravs do acompanhamento dessas

    interaes permitem o ajuste do fluxo das atividades em tempo real mediante anlise

    do comportamento social dos aprendizes (BAKHARIA e DAWSON, 2011).

    1.1. Contextualizao

    A teoria scio-construtivista oferece educao a perspectiva de uma

    aprendizagem baseada no desenvolvimento scio-cultural, enfatizando a experincia

    social da construo do conhecimento. Nesse sentido, as interaes sociais so

    essenciais como parte do desenvolvimento cognitivo humano. A teoria scio-

    construtivista enfatiza que a aprendizagem ativa, contextual e social, tendo como um

    dos princpios chaves a colaborao.

  • 16

    A relao das tecnologias de comunicao e informao (TIC) com a educao

    aproximou-se muito nas ltimas dcadas. Os ambientes colaborativos virtuais de

    aprendizagem buscam constituir situaes de interao online preconizadas pela teoria

    scio-construtivista na medida em que oferecem aos usurios, professores e

    aprendizes, o suporte discusso online, ao discurso e ao trabalho com projetos

    colaborativos. Com a emergncia em utilizar as TICs servio da aprendizagem

    colaborativa, Harasim (2012) prope e delineia uma Teoria de Aprendizagem

    Colaborativa Online.

    A Teoria de Aprendizagem Colaborativa Online foca na construo do

    conhecimento e uso das TICs para mediar o processo de educao online. Essa teoria

    prov um modelo de aprendizagem em que os aprendizes so encorajados a estudar,

    trabalhar e se engajar em grupo para criar e transformar o conhecimento, suportada

    pela teoria scio-construtivista, que elenca dois aspectos chaves para construo do

    conhecimento: o discurso e a colaborao. A Teoria de Aprendizagem Colaborativa

    Online, exemplo do scio-construtivismo, define a aprendizagem como um processo

    social alicerado pela linguagem, pela conversao e pelo scaffold, que representa o

    suporte oferecido aos aprendizes na construo do conhecimento, dando-lhes o

    suporte, a motivao e a base para entender e alcanar um potencial nvel de

    desenvolvimento (HARASIM, 2012).

    Muitos trabalhos na literatura tm reportado benefcios da comunicao online

    para a aprendizagem, uma vez que oferecem oportunidades para dilogos e atividades

    colaborativas, diminuindo as limitaes de distncia e tempo atravs das interaes

    (KEAR, 2010). A teoria scio-construtivista, que v a educao como uma prtica

    social, prov uma idia para uma aprendizagem efetiva facilitada por uma consistente

    interao social entre os aprendizes e o professor (LAFFEY et al., 2006). Alm disso, a

    dimenso social em um processo de aprendizagem online ajuda a formar um

    sentimento de comunidade, onde aprendizes desenvolvem laos sociais que suportam

    seu sucesso acadmico (KIM et al., 2011).

    O conceito e os modos de interao na aprendizagem online expandiram-se ao

    longo dos anos atravs de diferentes taxonomias, entre as quais as propostas por

    Moore (1989), Anderson e Garrison (1998) e Hirumi (2006). Estes descrevem as

    formas de interao envolvendo as dimenses: aprendiz, professor, contedo e

    ambiente. Essas interaes incluem formas de discusso sncronas e assncronas

    oferecidas atravs de ferramentas de comunicao que propiciam a colaborao no

    processo de aprendizagem online.

  • 17

    Lowenthal (2010) atribui presena social o conceito mais popular e indicado

    para compreender como as pessoas interagem em ambientes colaborativos virtuais de

    aprendizagem. Segundo Tu e McIsaac (2002), o grau de presena social baseado no

    nvel de percepo do outro no ACVA. Ele pode ser influenciado pelo contexto social

    (orientao da tarefa, privacidade e relacionamento social), pelos recursos de

    comunicao online que o ACVA oferece para transmitir emoes uns aos outros e

    pela interatividade proporcionada aos aprendizes e professores. Tu e McIsaac (2002)

    concluiram que a presena social necessria para melhorar e promover as

    interaes sociais online.

    O professor possui um papel significativo no estabelecimento e manuteno da

    presena social na aprendizagem online. Aragon (2003) e Wheeler (2005) reportam

    algumas prticas docentes que ajudam a promover a presena social: contribuir de

    forma ativa nas ferramentas sncronas e assncronas colaborativas dos ACVAs,

    oferecer feedback imediato e de forma personalizada, compartilhar experincias e

    encorajar a participao dos aprendizes, sempre buscando uma maior aproximao.

    Outros fatores tambm esto diretamente relacionados com a promoo da presena

    social, como a atitude dos aprendizes e a necessidade de criao de um ambiente

    favorvel projeo social dos aprendizes atravs do suporte ferramental oferecido

    pelos ACVAs. Picciano (2002), Russo e Benson (2004), Johnson et al. (2010) e Oncu

    (2007) reportaram a relao entre o grau de presena social e indicadores de

    desempenho como os resultados de aprendizagem em um curso, o engajamento e as

    habilidades individuais de pensamento crtico.

    1.2. Motivao

    A prtica docente online transcende a simples reao demanda dos

    aprendizes, necessitando de uma postura mais ativa como mediador de um processo

    altamente colaborativo e rico do ponto de vista do compartilhamento de conhecimento.

    Garrison et al. (2000), no modelo conceitual de experincia educacional online,

    definem que a presena docente compreende todos os fenmenos que ocorrem

    durante as interaes entre os atores envolvidos no processo de aprendizagem online,

    uma vez que implica em como o professor gerencia, coordena e monitora a dinmica

    social e cognitiva dos aprendizes. Shea et al. (2010) veem a presena docente como

    uma orquestrao instrucional online que impacta no alcance dos resultados de

    aprendizagem discente.

    As competncias do professor na modalidade de ensino a distncia podem ser

    divididas em quatro categorias segundo Lari (2008): pedaggicas, sociais, gerenciais e

  • 18

    tcnicas. As competncias pedaggicas envolvem a facilitao educacional dos

    aprendizes; as competncias sociais criam um ambiente social amigvel propcio para

    a aprendizagem online; as competncias gerenciais envolvem questes

    organizacionais; as competncias tcnicas transferem aos professores o desafio de

    tornar o ambiente tecnolgico confortvel para os aprendizes. As competncias

    pedaggicas e sociais, relacionadas diretamente com os fenmenos de aprendizagem

    percepo e mediao, compreendem o cerne do conceito de presena docente.

    Em um ACVA, quando membros de um grupo desconhecem o que seus

    colegas esto fazendo, ou no sabem onde suas atividades se encaixam no trabalho

    como um todo, tem-se um problema que caracteriza a falta de contexto. O

    fornecimento deste contexto aos membros de um grupo chamado de percepo, que

    permite a cada usurio coordenar e estruturar seu trabalho, pois possibilita-o perceber

    e compreender no que os demais esto trabalhando (SPSITO et al., 2008). A

    mediao pode ser compreendida como a ao de interveno no aprendizado do

    sujeito, seja presencial ou online. Essa ao de mediao concretizada

    essencialmente pelo professor, por meio de signos e de instrumentos auxiliares, que

    conduziro os aprendizes na prtica educativa.

    A mediao de grupos de aprendizagem online requer que o professor esteja

    atento ao comportamento dos aprendizes. A comunicao, seja para estabelecer a

    empatia atravs do dilogo aberto, seja para promover o engajamento atravs do

    incentivo colaborao ou para orientar o percurso do aprendiz visando a

    aprendizagem, deve ser adequada s necessidades especficas dos aprendizes

    (KAMPFF et al., 2008).

    Baseado nas taxonomias propostas por Moore (1989), Anderson e Garrison

    (1998) e Hirumi (2006) para as diferentes formas de interao na educao distncia,

    que envolvem dimenses como aprendiz, professor, contedo e ambiente, pode-se

    enxergar a quantidade de possibilidades de interaes de naturezas distintas que

    precisam ser acompanhadas pelos professores nos ACVAs (SILVA, 2009). As

    interaes sociais crescem a medida que a quantidade de ferramentas sncronas e

    assncronas de comunicao aumentam nos ACVAs, oferecendo um suporte ao

    discurso e colaborao, mas dificultando o acompanhamento por parte do professor.

    A facilitao proporcionada pelo professor atravs da sua presena docente

    um fator que afeta diretamente o engajamento, o alcance e a reteno dos aprendizes

    em ambientes colaborativos virtuais de aprendizagem (ONCU e CAKIR, 2011). De

    acordo com Anderson (2003), engajamento desenvolvido atravs da interao,

  • 19

    sendo portanto funo vital do professor a conduo dessas interaes nas mais

    diversas formas.

    A prtica docente no contexto da aprendizagem online no que tange a

    mediao de grupos de aprendizagem, com pouco ou nenhum contato face a face,

    requer um alto grau de percepo das interaes que ocorrem nos ACVAs de forma

    que o professor possa intervir nas experincias dos aprendizes direcionando as

    atividades realizadas e as trocas sociais entre os atores que compem o processo de

    ensino aprendizagem.

    Para alcanar um grau satisfatrio de presena docente, o professor precisa

    organizar as suas aes pedaggicas, acompanhando e mediando as interaes no

    ACVA de forma a evitar ou minimizar o sentimento de isolamento dos aprendizes,

    situaes de abandono, conflitos internos em grupos e a desorientao no espao de

    aprendizagem, promovendo a colaborao e o suporte necessrio para que sejam

    alcanados os objetivos de aprendizagem.

    Acompanhar as interaes em ACVAs com uma quantidade cada vez maior de

    ferramentas de comunicao sncronas e assncronas, que muitas vezes estende os

    limites do ACVA, oferecendo o suporte adequado e em tempo real aos aprendizes de

    modo a promover uma boa experincia social de aprendizagem um dos desafios

    mais intensos e exaustivos que os professores online enfrentam. Nesse sentido, esta

    tese de doutorado almeja discutir questes, criticar solues encontradas na literatura

    e na prtica docente para propor uma abordagem de monitoramento abrangente das

    interaes sociais em ambientes colaborativos virtuais de aprendizagem com o

    objetivo de dar suporte a presena docente..

    1.3. Problemtica e Justificativa

    Diversos estudos mostram as mudanas de papel e de competncias dos

    professores na modalidade de educao a distncia em relao ao ensino presencial.

    Se por um lado, a falta ou a grande diminuio de contatos face-a-face no ensino

    online torna-se um complicador para o acompanhamento dos comportamentos que

    ocorrem diariamente em sala de aula, por outro lado as inmeras possibilidades de

    interao, bem como a persistncia das mesmas, oferecem um leque valioso para o

    enriquecimento do processo de aprendizagem e consequentemente da prtica de

    avaliaes formativas (LONN e TEASLEY, 2009).

    A experincia do usurio em ambientes colaborativos virtuais de aprendizagem

    no se limitam s interaes com contedos e ferramentas. Acompanhar trabalhos

  • 20

    entregues e provas realizadas, comuns em processos de avaliao somativa, no

    configura um real problema para o professor, uma vez que so atividades planejadas

    previamente no design instrucional. No entanto, acompanhar as interaes sociais dos

    aprendizes nas diferentes ferramentas scronas e assncronas dos ACVAs,

    identificando comportamentos de aprendizagem, configura-se uma funo desafiadora

    na prtica docente online.

    Devido a dificuldade de monitoramento manual das interaes sociais dos

    aprendizes pelos professores, espera-se que algum suporte automtico seja oferecido

    pelas tecnologias da informao e comunicao. Alguns ACVAs acumulam grandes

    arquivos de logs com os registros das interaes dos aprendizes e usualmente

    possuem funcionalidades que oferecem alguns dados estatsticos como logins de

    usurios, histrico de pginas visitadas, quantidade de mensagens enviadas nas

    ferramentas de comunicao, tarefas realizadas e resultados de avaliaes, atividades

    comumente relacionadas as interaes entre aprendizes - contedos e aprendizes -

    ferramentas, no contemplando as interaes sociais (MAZZA e MILANI, 2004).

    Os professores podem utilizar essas estatsticas para monitorar os aprendizes,

    intervindo quando necessrio no processo de ensino aprendizagem. Contudo, os

    registros armazenados nesses logs so frequentemente incompreensveis e com uma

    pobre organizao lgica, sendo difcil a extrao e agregao em profundidade, alm

    do que uma parcela significativa das interaes dos aprendizes ocorrem externamente

    aos ACVAs e portanto no so registrados em seus volumosos logs (Ferguson, 2012).

    H muitas iniciativas na literatura de trabalhos que propes abordagens de

    monitoramento das interaes em ACVAs. Os trabalhos geralmente propem solues

    para ACVAs j existentes, oferecendo algum suporte na forma de relatrios, alertas e

    visualizaes gerados atravs da minerao dos logs de dados. Uma das limitaes

    identificadas que esses logs seguem o padro Common Log Format, dos servidores

    Web, que no foram projetados para prover dados para anlise e monitoramento de

    ambientes virtuais e sim para coletar dados para administradores de sistemas

    (BORGHUIS, 1997). Esses logs no so contextualizados e principalmente no

    representam as interaes sociais entre os atores envolvidos no processo de ensino

    aprendizagem (MEDEIROS e GOMES, 2012).

    Muitos trabalhos mineram os logs histricos gerados ao longo de vrios anos

    em ACVAs com o objetivo de descobrir padres de comportamentos dos aprendizes.

    Pascual-Miguel et al. (2010) e Chanchary et al. (2008) extrairam e classificaram os

    registros de logs de ACVAs verificando se o nvel de interao tinha algum

  • 21

    relacionamento com a performance do aprendiz. Black et al. (2008) estudou e verificou

    o relacionamento das interaes extradas de logs de ACVAs com a percepo dos

    aprendizes, enquanto Jesus e Moreira (2009) compararam mtodos de ensino e

    ferramentas de comunicao a partir da anlise de registros extrados de logs de

    ACVAs. Esses trabalhos, bem como muitos outros com este mesmo enfoque, no

    tiveram como objetivo dar suporte ao professor atravs de um monitoramento em

    tempo real.

    O captulo 5 desta de tese de doutorado apresenta uma reviso sistemtica da

    literatura em relao as abordagens de monitoramento das interaes dos aprendizes

    em ACVAs cujo objetivo seja suportar em tempo real a prtica docente (MEDEIROS e

    GOMES, 2012). Buscou-se trabalhos primrios que focassem em dois momentos

    distintos do monitoramento, o primeiro relacionado aos processos e teorias utilizados

    para modelar e persistir as interaes dos aprendizes e o segundo s arquiteturas e

    modelos utilizados para capturar, analisar e processar os registros das interaes.

    Uma limitao encontrada nos trabalhos pesquisados foi o alcance das e

    interaes analisados nas abordagens de monitoramento propostas, que se restringem

    s ferramentas de colaborao internas dos ACVAs. Acredita-se que para

    compreender as relaes sociais entre os atores envolvidos no processo de ensino a

    distancia ou blended learning tem-se que estender a anlise das interaes para alm

    dos muros dos ACVAs.

    Atravs da reviso sistemtica da literatura, enxergou-se a pouca ateno

    dispendida aos modos de interao relacionados a presena social dos aprendizes,

    atravs das interaes aprendiz-aprendiz e aprendiz-professor. Poucos trabalhos

    utilizam tcnicas e modelos para acompanhar e analisar a interao social entre os

    aprendizes. Pesquisamos trs trabalhos com esse objetivo, Goggins et al. (2010)

    procura enriquecer os dados do log com as interaes sociais entre os aprendizes, no

    objetivando oferecer suporte docente. Bakharia e Dawson (2011), apesar de no

    validar sua abordagem empiricamente, propem uma abordagem para analisar a

    evoluo do comportamento dos aprendizes utilizando exclusivamente as interaes

    em fruns de discusso. Suh e Lee (2006) prope uma abordagem de monitoramento

    das interaes sociais em ferramentas colaborativas sncronas e assncronas com o

    objetivo de oferecer feedback personalizado aos aprendizes, no comprovando a

    abordagem atravs de experimentos. Nenhuma das abordagens propostas estendem a

    experincia do aprendiz para alm das ferramentas do ACVA.

  • 22

    Uma outra limitao encontrada relativa linguagem utilizada na

    apresentao dos relatrios, alertas e visualizaes analisadas das abordagens de

    monitoramento das interaes como suporte a presena docente. Oferecer um apoio

    ao professor atravs de anlises estatsticas, grficos e tabelas, certamente acarretar

    em um efeito contrrio facilitao proposta atravs desse suporte. Os professores

    possuem formaes e nveis de conhecimento diferenciados, portanto o suporte deve

    ser claro o suficiente para que a maioria desses professores possam usufru-lo.

    Esta tese utilizar Anlise de Redes Sociais (Social Network Analysis) para

    oferecer assistncia presena docente no que tange a medio e representao das

    relaes sociais estruturais dos aprendizes em ACVA, explicando porque elas ocorrem

    e quais so suas consequncias. Relacionamentos estruturais so mais importantes

    para entender os comportamentos observados que atributos isolados dos atores que

    se relacionam. Redes sociais afetam a percepo, crenas e aes atravs de uma

    variedade de mecanismos estruturais que so socialmente construdos por relaes

    entre os atores (KNOKE e YANG, 2008).

    Contatos diretos e interaes efetivas proporcionam s entidades melhores

    informaes, maior conscincia e uma maior susceptibilidade para influenciar e ser

    influenciado pelos outros. Relaes indiretas atravs de intermedirios tambm traz

    exposio para para novas ideias e acesso potencial para recursos que podem ser

    adquiridos atravs de transaes com outras entidades. Em anlises de redes sociais

    as relaes estruturais devem ser vistas como processos dinmicos, que mudam

    constantemente atravs das interaes entre as entidades que as formam.

    1.4. Questo de Pesquisa e Hipteses da Tese

    As questes de pesquisa que norteiam esta tese de doutorado so: (i) Como

    gerar uma soluo, denominada Amadeus-SIMM, para o monitoramento das

    interaes sociais dos aprendizes em ACVAs de forma a suportar adequadamente a

    presena docente? (ii) O suporte presena docente atravs do Amadeus-SIMM ajuda

    na promoo da presena social dos aprendizes?

    As hipteses a serem testadas nesta tese de doutorado so:

    Hiptese H1:

    O Amadeus-SIMM contribui para o aumento da percepo de padres de

    comportamento social dos aprendizes pelo professor, dando suporte ao

    fenmeno de presena docente.

    Hiptese H2:

  • 23

    As intervenes do professor nas interaes sociais dos aprendizes apoiados

    pelos relatrios e visualizaes gerados pelo Amadeus-SIMM promovem um

    aumento da coeso social do grupo de aprendizes do curso, segundo a mtrica

    Group Density de Anlise de Redes Sociais.

    Hiptese H3:

    As intervenes do professor nas interaes sociais dos aprendizes apoiados

    pelos relatrios e visualizaes gerados pelo Amadeus-SIMM promovem um

    aumento da homogeneidade das interaes sociais do grupo de aprendizes,

    segundo a mtrica Group Degree Centrality de Anlise de Redes Sociais.

    Hiptese H4:

    As intervenes do professor nas interaes sociais dos aprendizes apoiados

    pelos relatrios e visualizaes gerados pelo Amadeus-SIMM promovem um

    aumento de engajamento social dos aprendizes do curso, segundo a mtrica

    outdegree de Anlise de Redes Sociais.

    Hiptese H5:

    As intervenes do professor nas interaes sociais dos aprendizes apoiados

    pelos relatrios e visualizaes gerados pelo Amadeus-SIMM promovem um

    aumento da visibilidade dos aprendizes do curso, segundo a mtrica Centrality

    Degree de Anlise de Redes Sociais.

    Hiptese H6:

    As intervenes do professor nas interaes sociais dos aprendizes apoiados

    pelos relatrios e visualizaes gerados pelo Amadeus-SIMM promovem o

    aumento do grau de intermediao da informao dos aprendizes do curso,

    segundo a mtrica Betweenness Centrality de Anlise de Redes Sociais.

    Hiptese H7

    As intervenes do professor nas interaes sociais dos aprendizes apoiados

    pelos relatrios e visualizaes gerados pelo Amadeus-SIMM promovem o

    aumento do grau prestgio dos aprendizes do curso, segundo a mtrica

    indegree de Anlise de Redes Sociais.

    Hiptese H8:

    As intervenes do professor nas interaes sociais dos aprendizes apoiados

    pelos relatrios e visualizaes gerados pelo Amadeus-SIMM promovem um

    aumento da percepo da presena social nos aprendizes do curso.

  • 24

    5.4. Objetivos da Tese

    O objetivo geral deste trabalho :

    Investigar como uma abordagem de monitoramento abrangente das interaes

    sociais dos aprendizes em ambientes colaborativos virtuais de aprendizagem

    pode impactar positivamente na percepo e mediao docente de forma a

    promover uma melhoria do comportamento social online dos aprendizes.

    Para atingir este objetivo geral, foram definidos os seguintes objetivos especficos:

    1. Investigar atravs de uma pesquisa qualitativa: (i) se h e quais so as

    limitaes nas ferramentas de colaborao sncronas e assncronas para

    promover a presena social dos aprendizes; (ii) se estender as interaes

    sociais para ferramentas de colaborao externas aos ACVAs contribui para o

    aumento da presena social dos aprendizes; (iii) se as prticas docentes,

    associadas s funcionalidades das ferramentas colaborativas oferecidas nos

    ACVAs, contribuem para promover a presena social dos aprendizes.

    2. Conceber uma arquitetura orientada a servios que d suporte ao

    desenvolvimento do mdulo de monitoramento Amadeus-SIMM vinculado ao

    ACVA Amadeus para monitoramento das interaes sociais dos aprendizes

    com suporte a presena docente.

    3. Planejar e executar um experimento atravs de um curso online para testar as

    hipteses desta tese de doutorado.

    1.5. Mtodo

    Considerando o objetivo geral e as hipteses levantadas nesta pesquisa,

    prope-se os procedimentos metodolgicos divididos em trs fases, cada uma

    abordando um dos objetivos especficos desta tese de doutorado:

    Fase I:

    Os procedimentos desta fase foram divididos em trs etapas. Na primeira etapa

    foram aplicados mtodos de pesquisa etnogrficos para capturar a experincia dos

    usurios em ACVA. Foi realizado um estudo de campo na instituio UFPB Virtual

    vinculada a Universidade Aberta do Brasil, envolvendo um processo de educao a

    distncia e utilizando o mtodo de etnografia rpida [Millen, 2000]. Este mtodo inclui trabalho de campo nos ambientes naturais do usurio, estudo global para se entender

    de forma ampla e detalhada o contexto no qual ocorrem as atividades, descries ricas

    de pessoas, ambientes e interaes, e tentativa de se compreender as atividades sob

  • 25

    a tica do usurio. Para melhor compreenso das interaes realizadas pelos

    aprendizes, que no dispem de um local fixo e obrigatrio de estudo, foi utilizada uma

    conta de professor para acompanhar em tempo real as interaes dos aprendizes no

    ACVA Moodle. Observaes tambm foram realizadas no plo presencial da cidade de

    Joo Pessoa, especialmente para compreender as atividades que ocorrem antes e

    depois da interao efetiva com o ambiente, bem como a interao do aprendiz com o

    tutor presencial.

    A etnografia rpida caracterizada por estudos com focos mais dirigidos com o

    objetivo de coletivamente fornecer uma pesquisa mais rica de campo em uma menor

    quantidade de tempo. O princpio-chave desta tcnica estreitar o escopo da pesquisa

    de campo, dando um zoom nas atividades mais relevantes. Alm disso, prope-se

    buscar o auxlio de informantes chave, o uso de mltiplos observadores e fazer uma

    anlise qualitativa colaborativa dos dados e/ou anlise assistida por computador

    [Millen, 2000]. O estudo qualitativo contou com o auxlio de um segundo observador,

    utilizou informantes chaves identificados ao longo da pesquisa de campo e codificou

    todos os dados coletados nas observaes, entrevistas, surveys e anotaes com o

    auxlio do software de anlise da dados qualitativos WebQDA.

    Na segunda etapa desta fase, os dados coletados foram compilados de acordo

    com os conceitos da Teoria da Atividade. As atividades identificadas foram modeladas

    segundo o modelo sistmico de Atividade de Engestrm. Cada uma das atividades foi

    descrita em termos de sujeitos, ferramentas, objetivos, comunidade, regras, diviso do

    trabalho e objeto. Esta modelagem teve o objetivo de refinar, organizar e comparar os

    dados brutos coletados.

    Com os dados coletados e compilados, foram construdos os cenrios de

    interao, que so descries narrativas informais sobre as pessoas e suas atividades.

    Os cenrios inicialmente refletiram os dados coletados e compilados segundo a Teoria

    da Atividade e sobre o estudo etnogrfico. Posteriormente, em um processo iterativo e

    incremental, os cenrios foram refinados e cenrios futuros foram criados

    representando necessidades identificadas no estudo de campo. A partir dos cenrios e

    das necessidades identificadas, prottipos foram concebidos e posteriormente

    codificados. Os prottipos foram avaliados atravs da tcnica de grupo focal,

    possibilitando uma nova iterao de codificao para solucionar problemas detectados.

    Fase II Relacionada a arquitetura do mdulo Amadeus-SIMM. Esta fase

    dividida em seis etapas:

  • 26

    Etapa 1: Elaborao de um modelo de orientao s ferramentas de

    comunicao que almejem sua incluso na abordagem de monitoramento das

    interaes sociais Amadeus-SIMM. O modelo foi construdo atravs de uma interface,

    que uma classe puramente abstrata do paradigma orientado a objetos.

    Etapa 2: Modelagem da persistncia das interaes sociais atravs da

    reestrutura do banco de dados e de um esquema XML no formato .graphml.

    Etapa 3: Integrao da rede social Twitter ao ambiente colaborativo virtual de

    aprendizagem Amadeus estendendo a experincia social do usurio.

    Etapa 4: Redesign das ferramentas de comunicao Frum de Discusso e

    Mensagem scrona e assncrona do Amadeus considerando os requisitos identificados

    no estudo etnogrfico.

    Etapa 5: Investigao das mtricas e mtodos de Anlise de Redes Sociais

    (ARS) quanto s adaptaes e contribuies ao suporte da presena docente no

    processo de ensino e aprendizagem online.

    Etapa 6: Implementao da arquitetura orientada a servios que compreende a

    implementao das mtricas de ARS agregando as interaes sociais das ferramentas

    sncronas e assncronas do ACVA Amadeus com as interaes da rede social Twitter,

    alm da gerao de relatrios e visualizaes para suportar a presena docente.

    Fase III Nesta fase foi planejado, realizado e analisado um experimento de campo

    para validao das hipteses da tese.

    O experimento foi realizado em um curso a distncia livre de Introduo a

    Linguagem de Programao Phyton com aprendizes dos cursos superiores de

    tecnologia em Sistemas para Internet e Redes de Computadores, alm do bacharelado

    em Engenharia Eltrica, Cincia da Computao e Engenharia da Computao. O

    experimento foi conduzido com 70 aprendizes, que atende ao tamanho mnimo (mais

    que 30) para considerar um distribuio amostral de mdias que se aproxima de uma

    curva normal. Os aprendizes fizeram parte de uma mesma turma, considerando que

    tiveram os mesmos professores e que utilizaram o mesmo espao no ambiente

    colaborativo virtual de aprendizagem Amadeus. O curso foi conduzido por um

    professor, licenciado em Cincia da Computao, e por um tutor, bacharel em

    Sistemas de Informao.

    Os aprendizes, durante todo o andamento do curso, utilizaram o mesmo ACVA.

    Por sua vez, o professor e o tutor utilizaram verses diferentes em dois momentos

    distintos do curso. Nas trs primeiras semanas, o professor e o tutor no utilizaram o

  • 27

    Amadeus-SIMM, que o mdulo de monitoramento de interaes sociais do ACVA

    Amadeus. Na quarta e quinta semanas, o professor e o tutor utilizaram o Amadeus-

    SIMM integrado ao Amadeus, como apoio ao acompanhamento e mediao das

    interaes sociais dos aprendizes.

    A avaliao da hiptese H1, parcialmente validade em um experimento piloto

    realizado atravs da tcnica de Grupo Focal, foi complementada com a tcnica de

    entrevistas semi-estruturadas com o professor e o tutor deste experimento. As

    hipteses H2 e H3 foram testadas considerando a diferena dos graus obtidos em

    relao a aplicao das respectivas mtricas nos dois momentos distindos, bem como

    atravs do desvio padro das medidas obtidas nos dois momentos de coleta. As

    hipteses H4, H5, H6 e H7, foram verificadas utilizando o mtodo estatstico teste de

    diferena entre mdias para duas medies da mesma amostra. Esta tcnica foi

    escolhida devido as caractersticas do experimento em questo: caractersticas do

    nvel de mensurao, nesse caso intervalar; tamanho e normalidade da amostra, nvel

    de exigncia esperado do teste e necessidade de estudar a mesma amostra em dois

    momentos distintos, minimizando possveis variveis estranhas que interfiram no

    experimento.

    O teste de diferena entre mdias foi calculado em dois momentos sobre a

    mesma amostra: a primeira considerando as interaes sociais no frum de discusso,

    mensagem sncrona e assncrona e no Twitter na segunda e terceira semanas do

    curso, a segunda considerando as interaes sociais na quarta e quinta semanas do

    curso. Os relatrios referentes a cada comportamento social foram gerados

    individualmente, o que facilitou a ao do pesquisador na comparao das amostras.

    As hipteses foram testadas considerando um nvel de significncia de 0,95, ou seja,

    com erro amostral de 0,05 ou 5%.

    Para testar a hiptese H8 foi utilizado o instrumento (survey) desenvolvido e

    testado por Kim (2011) para medir a presena social dos aprendizes em ACVAs. O

    survey, aplicado de forma voluntria, foi aplicado com os participantes do experimento

    nos dois momentos avaliados e teve como propsito avaliar o grau de correlao entre

    a varivel "intervenes do professor nas interaes sociais dos aprendizes apoiadas

    pelo Amadeus-SIMM" e vrias questes relacionadas a presena social dos

    aprendizes. O modelo estatstico utilizado para testar a hiptese H8 foi o teste de qui-

    quadrado. Este modelo foi escolhido devido as caractersticas do nvel de mensurao,

    ao tipo de instrumento utilizado no teste e a natureza da hiptese testada.

  • 28

    1.6. Organizao do documento da tese

    Esta tese est dividida em 10 captulos. O captulo 2 descreve o referencial

    terico que d suporte a este trabalho: a teoria scio-construtivista e a teoria de

    aprendizagem colaborativa online. Aborda tambm o modelo conceitual da experincia

    educacional online definida atravs de trs elementos: presena social, presena

    cognitiva e presena docente. O captulo 3 busca contextualizar esta tese dentro da

    rea de aprendizagem colaborativa suportada por tecnologias. So apresentadas

    taxonomias que abordam os modos de interao em aprendizagem online. O captulo

    ainda reune estratgias para estabelecer a presena social e referencia alguns

    trabalhos que relacionam a presena social com indicadores de desempenho do

    aprendiz.

    O captulo 4 est relacionado com a motivao que guiou o desenvolvimento

    deste trabalho e discorre sobre as competncias do professor no contexto da

    experincia de aprendizagem online. Uma ateno especial dada aos fenmenos de

    aprendizagem percepo e mediao que sintetizam o conceito de presena docente.

    O captulo concludo com uma discusso sobre as diferentes limitaes para uma

    efetiva presena docente online. O captulo 5, atravs de uma reviso sistemtica da

    literatura sobre o monitoramento das interaes dos aprendizes em ACVAs, busca

    oferecer lacunas e oportunidades que justifiquem o desenvolvimento desta tese de

    doutorado.

    O captulo 6 relata o estudo etnogrfico sobre a presena social de professores

    e aprendizes na aprendizagem online. Apresenta de forma detalhada a codificao das

    fontes de dados coletadas no estudo de campo. Essa pesquisa qualitativa foi guiada

    por trs questes de investigao e ofereceu o conhecimento que suportou o redesign

    das ferramentas sncronas e assncronas de colaborao do ACVA Amadeus, parte

    integrante da abordagem de monitoramento abrangente proposta Amadeus-SIMM. O

    captulo 7 apresenta o processo de modelagem, prototipagem e codificao das

    ferramentas do Amadeus.

    O captulo 8 apresenta o Amadeus-SIMM atravs da sua arquitetura e da

    descrio dos comportamentos sociais representados atravs de mtricas da Anlise

    de Redes Sociais. O captulo finalizado com a descrio do experimento piloto que

    objetiva avaliar a eficcia das mtricas utilizadas na representao dos

    comportamentos sociais e as parties que compem a arquitetura do Amadeus-

    SIMM.

  • 29

    O captulo 9 descreve o planejamento, a execuo, os dados coletados no

    experimento realizado atravs do curso de Introduo a Linguagem Python e a

    verificao das hipteses desta tese. O captulo 10 apresenta as concluses e indica

    trabalhos futuros originados a partir desta tese de doutorado. As consideraes finais

    transcorrem sobre os resultados do trabalho e sobre as contribuies que esta tese

    oferece a cincia e a sociedade.

  • 30

    Captulo 2 2. Referencial Terico

    A teoria de aprendizagem construtivista, do mesmo modo que outras teorias

    pedaggicas, no pode ser considerada uma entidade unificada. Duffy e Cunningham

    (1996) enxergam a teoria construtivista como um termo genrico que representa uma

    gama de perspectivas baseadas em duas premissas comuns: (i) aprendizagem um

    processo ativo de construo em vez de aquisio do conhecimento e (ii) instruo

    um processo de mediao construo ao invs da comunicao do conhecimento.

    Segundo Gotardo et al. (2012), duas correntes do construtivismo destacam-se:

    o construtivismo cognitivo, representado pelo terico Jean Piaget, que aborda como o

    aprendiz entende o mundo em termos de estgios de desenvolvimento biolgicos e o

    scio-construtivismo, representado pelo terico Vigotsky, que vai alm de uma

    concepo individualizada do construtivismo e oferece educao a perspectiva de

    uma aprendizagem baseada no desenvolvimento scio-cultural, enfatizando a essncia

    social da construo do conhecimento.

    Para Vygotsky, as funes psicolgicas superiores so fruto do

    desenvolvimento scio-cultural e d-se pela atividade instrumental e prtica, em

    interao e cooperao social. Interaes sociais so portanto essenciais como parte

    do desenvolvimento cognitivo humano e o processo de converso de relaes sociais

    para funes psicolgicas superiores mediado por algum tipo de ferramenta ou

    instrumento (REGO, 1994). A concepo de Vygotsky sobre as relaes de

    desenvolvimento e aprendizado pode ser postulada atravs do conceito de Zona de

    Desenvolvimento Proximal (ZDP), definida como:

    [...] a distncia entre o nvel de desenvolvimento real, determinada pela

    soluo independente de problemas, e o nvel de desenvolvimento potencial,

    determinado por meio da soluo de problemas sob a orientao de adultos

    ou em colaborao com pares mais capazes. (VYGOTSKY, 1996)

    Scaffold ou andaime, uma metfora muito associada ao scio-construtivismo

    e mais especificamente ao conceito de ZDP, representando o suporte oferecido aos

    aprendizes na construo do conhecimento, dando-lhes um contexto, motivao e

    base para entender e alcanar um potencial nvel de desenvolvimento (QUEIROZ et

  • 31

    al., 2011). A premissa que esse suporte temporrio no seja uma instruo, mas

    uma forma de colaborao entre o professor e os aprendizes, de modo que os

    aprendizes possam construir um conhecimento prvio e internalizar novas informaes

    (VAN DER STUYF, 2002). A Figura 1 apresenta uma sintetizao do conceito de ZDP.

    Figura 1. Zona de Desenvolvimento Proximal (VYGOTSKY, 1996)

    A teoria scio-construtivista enfatiza que a aprendizagem ativa, contextual e

    social. O professor um facilitador e guia os aprendizes, que so vistos como

    participantes ativos do processo de aprendizagem. As atividades conduzidas nos

    grupos devem ser interessantes, relevantes, que engagem os aprendizes, foquem em

    contextos reais e envolvam produo (KUNDI e NAWAZ, 2010).

    O princpio chave do scio-construtivismo a colaborao, particularmente

    entre os aprendizes, mas tambm incluindo professores e outros atores que se

    relacionem com o aprendiz. Diferentemente de cooperao, onde cada membro do

    grupo contribui com uma parte independente do todo atravs de uma diviso de

    trabalho, na aprendizagem colaborativa os membros do grupo participam e interagem

    do comeo ao fim em um processo de co-produo (HARASIM, 2012).

    A relao das tecnologias de comunicao com a educao aproximaram-se

    nas ltimas dcadas com o advento das tecnologias digitais e multimdia. As

    tecnologias associadas com aprendizagem construtivista e scio-construtivista

    evoluram desde os micromundos, da dcada de 80, passando pelos ambientes de

    aprendizagem construtivistas baseado em computador e as redes de aprendizagem ou

    telecolaborao da dcada de 90, s plataformas de distribuio de cursos e

    aprendizagem online da dcada passada (CHAVES, 1998).

    Aprendizagem,Futura

    ZDPDesenvolvimento+apoiado+pelo+professor,+pais+ou+pares+mais+capazes

    Nvel,de,Desenvolvimento,corrente

    Nvel,de,Dicu

    ldad

    e

  • 32

    A necessidade de plataformas online que suportem a distribuio de cursos

    online ou atividades educacionais tornou-se reconhecida e na dcada de 90 uma

    variedade de softwares emergiram com este propsito. Esses softwares receberam

    diferentes denominaes, tais como sistemas ou plataformas de gerenciamento de

    aprendizagem, ferramentas de gerenciamento de cursos, ambientes virtuais de

    aprendizagem e software de aprendizagem colaborativa suportada por computadores.

    Apesar de terem surgido na dcada de 80, foi na dcada de 90 que os softwares de

    educao online se equipararam com ferramentas de colaborao assncronas

    utilizadas at os dias de hoje, como sistemas de fruns de discusso, questionrios,

    planilha de notas e outras ferramentas administrativas [HARASIM, 2012].

    As plataformas de educao online proporcionam a criao de situaes

    preconizadas pela teoria scio-construtivista na medida em que oferecem aos

    usurios, professores e aprendizes, o suporte a discusso online, ao discurso e ao

    trabalho com projetos colaborativos. Muitas ferramentas, projetadas na dcada de 90,

    evoluiram no sentido de incorporar um maior suporte pedaggico e caractetsticas e

    ferramentas mais explcitas que facilitem a construo do conhecimento e a

    aprendizagem colaborativa. Com a emergncia em utilizar as tecnologias de

    comunicao e de informao servio da aprendizagem colaborativa, bem como

    estudar e avanar quanto as suas especificidades como teoria de aprendizagem,

    Harasim (2012) prope e delineia uma Teoria de Aprendizagem Colaborativa Online.

    2.1. Teoria de Aprendizagem Colaborativa Online

    A Aprendizagem Colaborativa Online uma teoria proposta que foca na

    aprendizagem colaborativa, construo do conhecimento e uso de tecnologias da

    informao como um meio para remodelar a educao formal e informal no sculo XXI

    ou era do conhecimento. Ela envolve indivduos como membros do grupo, mas

    tambm envolve fenmenos como a negociao e o compartilhamento dos

    entendimentos, incluindo a construo e a manuteno das concepes

    compartilhadas das tarefas, que so cumpridas colaborativamente atravs de

    processos em grupo (STAHL, 2010). So dcadas de pesquisa e prtica em todo o

    mundo que indicam que a aprendizagem colaborativa online tem potencial no s para

    melhorar os processos de aprendizagem tradicionais e a distncia, mas oferecer novas

    e melhores opes de aprendizagem (BEREITER e SCARDAMALIA, 2006).

    Apesar do grande crescimento da educao a distncia, ela tem sido pouco

    definida e teorizada, com pouca explicao sobre quais teorias pedaggicas,

    abordagens, ferramentas e ambientes podem ser utilizados e em que condies, para

  • 33

    se obter melhores resultados. Allen e Seaman (2007) afirmam que os desafios quanto

    ao comportamento dos professores diante de estratgias claras a serem adotadas e o

    suporte e alcance de ferramentas adequadas, so em parte ocasionados pela

    ausncia de diretrizes guiadas por uma teoria.

    Segundo Harasim (2012), h pelo menos trs modelos distintos englobado sob

    o ttulo de aprendizagem online, so elas: aprendizagem colaborativa online, do termo

    em ingls online collaborative learning (OCL), educao a distncia online, do termo

    em ingls online distance education e cursos online ou treinamento online, do termo

    em ingls online courseware. Todas as denominaes tm em comum o uso de

    tecnologias da informao na educao, como a Internet e a Web, mas diferem

    substancialmente quanto s teorias de aprendizagem adotadas e s tecnologias de

    aprendizagem aplicadas.

    O modelo de aprendizagem colaborativa online emprega a importncia do

    papel do professor e d nfase no discurso e colaborao entre os aprendizes, o

    modelo de educao a distncia online utiliza um modelo de distribuio de cursos,

    estudos individualizados e comunicao direta entre aprendiz e professor e/ou tutor e o

    modelo de cursos ou treinamento online que baseado em aprendizagem

    individualizada sem professor ou colaborao com pares. Os modelos de educao a

    distncia online e cursos online so instncias de tecnologias instrucionais baseados

    na teoria de aprendizagem cognitiva tradicional, fundamentalmente individualizadas e

    passivas.

    A teoria de Aprendizagem Colaborativa Online prov um modelo de

    aprendizagem em que aprendizes so encorajados a estudar, trabalhar e se engajar

    em grupo para criar e transformar o conhecimento. Vygotsky, atravs da sua teoria

    scio-construtivista, avanou quando abordou os dois aspectos chaves para a

    construo do conhecimento: o discurso e a colaborao, definindo a aprendizagem

    como um processo social alicerado pela linguagem, pela conversao e pel ZDP.

    A teoria de Aprendizagem Colaborativa Online preconiza um processo

    composto por trs fases, seguindo as quais a construo do conhecimento orientada

    pelo discurso converge a partir de pensamentos divergentes, associadas a

    questionamentos, respostas e solues originadas em um ambiente de colaborao

    em grupo, passando por uma fase de organizao das idias, que demonstra um

    progresso no confronto de novas ou diferentes idias, chegando a uma fase de

    convergncia e clarificao de idias entre os membros do grupo, denominada de

    convergncia intelectual (HARASIM, 2012). Na seo 2.1.1 ser discutida como a

  • 34

    teoria de Aprendizagem Colaborativa Online enxerga o papel do professor como

    mediador da construo do conhecimento e na seo 2.1.2 ser abordada o papel da

    tecnologia como ferramenta de aprendizagem colaborativa e como ambiente de

    aprendizagem colaborativa.

    2.1.1. Pedagogia aplicada Aprendizagem Colaborativa Online

    A aprendizagem online disseminou-se em todos os nveis de educao, ensino

    profissionalizante, educao superior, ps-graduao e educao corporativa, em

    modalidades de ensino a distncia ou blended learning. A educao online tounou-se

    ubqua, diminuindo cada vez mais a noo de distncia e tempo, ao mesmo tempo que

    agrega um nmero cada vez maior de aprendizes.

    O maior desafio e paradoxo a necessidade de uma teoria de aprendizagem e

    pedagogia concomitantes que se adequem a realidade da era do conhecimento. A

    Teoria de Aprendizagem Colaborativa Online enriquece e contribui com as atividades

    pedaggicas provendo um framework terico que suporta a conduo de atividades

    como seminrios online e trabalhos em grupo com processos de mudanas conceituais

    e convergncia intelectual.

    O professor assume um papel de destaque, cuja principal competncia

    engajar os aprendizes no processo de comunidade do conhecimento. Os professores

    so representantes das suas comunidades de conhecimento e como tal, introduzem os

    aprendizes utilizando uma linguagem apropriada se adequando as especificidades de

    uma determinada disciplina.

    A Figura 2 ilustra a abordagem pedaggica de um grupo de discusso e o

    progresso da divergncia para a convergncia intelectual mediada pelo professor, que

    age como facilitador. Pode-se observar claramente as fases do processo exemplificada

    pelo grupo de discusso. Na primeira fase, da gerao de idias, os aprendizes se

    engajam no grupo de discusso sobre algum tpico especfico da disciplina, na qual

    cada partipante do grupo expe suas idias e articulam seus pontos de vista, gerando

    uma gama de perspectivas divergentes sobre o tema.

    Na segunda fase, de organizao de idias, os aprendizes interagem uns com

    os outros, confrontam novas idias e se engajam com materiais e idias moderadas

    pelo professor e por outras fontes de informao sugeridas pelos pares. As entradas

    vo se consolidando e a percepo a apreciao de cada aprendiz sobre o tpico vai

    sendo enriquecida. Aprendizes iniciam um processo de organizao e anlise de

    idias, considerando as sugestes e materiais propostos pelo professor. O professor

  • 35

    ento introduz novos termos analticos que so utilizados pelos aprendizes para

    aprofundar a discusso e iniciar o agrupamento e refinamento das idias em

    categorias.

    Figura 2. Processo de Aprendizagem Colaborativa Online em prtica (HARASIM, 2012)

    Na terceira fase, atravs das discusses em grupo moderadas pelo professor e

    do suporte documental analisado, aprendizes alcanam o nvel de convergncia

    intelectual, que pode refletir em um produto final co-produzido como um relatrio, um

    artigo, uma apresentao ou um modelo, como mostrado na Figura 2. O papel do

    professor essencial para facilitar o processo e prover aos aprendizes os recursos e

    as atividades que os ajudaro na construo colaborativa do conhecimento, usando as

    tecnologias da informao. O processo de aprendizagem colaborativa contribui para o

    crescimento do entendimento e conhecimento de uma forma cclica e incremental,

    progredindo e melhorando atravs da experincia e das discusses ao longo do

    tempo.

    Onrubia e Engel (2009) descrevem uma estratgia de construo de

    conhecimento colaborativo de forma similar ao que Harasim (2012) prope, cujas fases

    so denominadas de: Fase de iniciao, fase de explorao, fase de negociao e

    fase de co-construo.

    Na fase de iniciao, os membros do grupo lanam suas ideias sem se

    preocuparem ou questionarem as ideias dos demais membros. Na fase de explorao,

    h um maior nvel de reciprocidade e contingncia entre os membros do grupo, com

    explcitas referncias contribuies anteriores. Nesta fase, os membros do grupo

  • 36

    completam e clarificam ideias j propostas por outros membros, no havendo ainda

    crticas ou questionamentos. As contribuies refletem uma construo acumulativa.

    A fase de negociao caracterizada pela presena de complexas sequncias

    de apresentao, explanao, clarificao, verificao, reparao e confirmao dos

    significados apresentados. Nesta fase os aprendizes tratam as ideias dos outros de

    forma crtica e construtiva. H um grande progresso no processo de compartilhamento

    de significados. Na fase de co-construo, os aprendizes alcanam o senso nos

    significados construdos e finalizam a elaborao do documento final para ser entregue

    ao professor, revisado e aprovado pelos membros do grupo. Para que a construo do

    conhecimento seja efetiva, segundo o modelo de Onrubia e Engel, o projeto da

    aprendizagem abordado pelo professor ou designer instrucional, bem como o ambiente

    colaborativo virtual de aprendizagem, devem oferecer aos aprendizes a possibilidade

    de experimentar todas as fases do processo.

    2.1.2. Tecnologia aplicada a Aprendizagem Colaborativa Online

    As tecnologias de comunicao evoluram a deram o suporte ao processo de

    educao a distncia. Desde os primrdios dessa modalidade de ensino, com os

    cursos por correspondncia, passando pela edu