geologia - repositório da produção usp

10
GEOLOGIA DO EST ADO DE SAO '-' I- DO MAPA GEOLOGICO FUNDAMENTOS GEOLOGICOS DO RELEVO PAULISiA _..... . CONTRTBU[(;AO: - Aleeu Fdbio Barbosa, Armando Wohlers, Fernando Flavio Marques de Almeida, Jose Epitdcio Passos Guimariie;, Prospero Oesarino Paolielo; Ruy Osorio de Freitas, Sergio Mezzalira, Setembrino Petri e Theodore Knecht, , -

Upload: others

Post on 01-Nov-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: GEOLOGIA - Repositório da Produção USP

GEOLOGIA

DO

EST ADO DE SAO

'-'

~

I - EXPL.ANA~AO DO MAPA GEOLOGICO

FUNDAMENTOS GEOLOGICOS DO RELEVO PAULISiA_......

CONTRTBU[(;AO: - Aleeu Fdbio Barbosa, Armando Wohlers,Fernando Flavio Marques de Almeida,

Jose Epitdcio Passos Guimariie;, ProsperoOesarino Paolielo; Ruy Osorio de Freitas,Sergio Mezzalira, Setembrino Petri eTheodore Knecht,

, -

Page 2: GEOLOGIA - Repositório da Produção USP

Por Valdemar Lefevre 0 •• 0 ••• 0 ••• 0 0 0 • 0 • 0 ••• 0 5Explanacao do Mapa Geologico 0 0 •••••••••••••• 0 • • • • • • 9Quadro Cronogeologico

Organizado por So !Petri, S. Mezzalira e JoE. PassosGuimariies . 0 0 0 • 0 •• • •• 0 •• • 0 0 • • • • 0 0 0 0 0 • 0 • 0 0 0 • 0 0 0 11

Escala Geologica do Tempo .... . 0 ••• •• 0 • 0 •• •••••••• ',' • • • • •• 13Pre-Cambriano Inferior

Por Theodoro Knecht 0 •• • 0 • • • 0 0 0 • 0 • • 0 • 0 •• 0 • • 0 0 • 0 0 • •• 14Pre-Cambriano Superior

Por Prospera C. Paoliello 0 ••••••• 0 • • 0 37

Eruptivas Acidas

Por Alceu Fabio Barbosa. 0 ••• •• ••• •••• •• ••••••••• • • • 44Grupo Parana

Por Jose Epitcicio P. Guimariies 0 0 0 • " 48

I Grupo TubaraoPor Setembrino Petri . 0 • 0 •••••••• 0 ••• 0 0 0 •••••••• • 0 •• 56

Grupo Estrada NovaPor Sergio Mezzalira .... 0 0 • • 0 •••••• ••• 0 •••••••••• •• , 63

Grupo Sao BentoPor Fernando F.M. de Almeida 0 •••••• 0 • " 85

Eruptivas AlcalicasPor Ruy Ozorio de Freitas 0 101

Formacao CaiuaPor Sergio Mezzalira ..... 0 0 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 120

Grupo BauruPor Ruy Oz6~io de Freitas 0 0 ••• • • 0 0 0 • 0 o . 126

Cenozoico .Por Armando Wohlers ... 0 •• • • 0 •••••• o • • • • • 0 ••••• " 0 14

Perfil Geologico do EstadoPor Carlos C. Torres, J. Epitcicio P. Guimariies e Sergio

Mezzalira 0 • • • • • 0 • • 0 0 • • 0 0 • •• • • 0 0 •• 0 • 0 •• • • ••• • • • 16

Sec<;oes no Relevo PaulistaPor Fernando F.M. de Almeida 0 • 0 •••••• 0 • 0 • • •• 16

Fundamentos Geolcgicos do Relevo PaulistaPor Fernando ,""oM. de Almeida .. ... 0 0 0 • 0 ••• ••• 0 • •• o. 1G

*,IOI£3LIOTECA

...~~. ( .:""~:;Z:;1c:.t'~.~ :i::l Ar. ....

:} dn: h"" : .'.t ~Wt . t. sa. , ..

._..~--------~

,- .

.''..

Pref'acio

Page 3: GEOLOGIA - Repositório da Produção USP

- 56-

(3) :XXVI-XXVII (resumo de comunicacao) , Rio de J an eiro.WILLIAMS, H. S. e BREGER, G. L. - 1916 - The fauna of the Chap­

man Sandstone of Maine including descriptions of some relatedspecies from the Moose River Sandstone. U .S . Geol . Surv , Prof.Paper, 89, 347 p., 27 ests. Washington.

GRUPO TUBARAO

HIST6RICO E NOMENCLATURA: A primeira referencia a ro­chas que hoje conhecemos como pertencentes ao Tubarao "deve-se aJose Bonifacio de Andrade I' Silva" que em sua "Voyage mineralogi­que dans la Province de Saint Paul au Bresil" puhlicado em 1827,cita "gres" esbranquicado entre Itu c Piracicaba. aparecendo tamhemem Ipanema (hole Varrihagem ) . Foi Woodward, em 1908, quem pri­meiro identificou as rochas conglomeraticas como de origem glaciale, portanto, como tilitos.

A antiga Comissao Geografica e Geologica (atual Instituto Geo­grafico e Geologico de Sao Paulo), ja tinha tcrmos proprios para asf"~ar;oes sedimentares que aparecem na parte paulista da Bacia Pa­rana. Ja Francisco de Paula Oliveira (1889\ dava 0 nome de "gresde Porto Feliz" para os arenitos I' folhelhos da bacia do rio Parana­panema, "colocados acima do Devoniano e abaixo dos xistos com pe­derneiras, xistos betuminosos e calcarios argilosos com Iosseis "Serlede Itapetininga" - A "Serie de Itapetininga" cor-responde a atualForrnacdo Irati. Vemos, portanto, que esses terrnos tern prioridadesobre os de White, criados em 1908 e que hoje sao os que prevalecem.

Joviano Pacheco (1927, pag, 7) descrevendo a parte geologica dorelatorto que trata da exploracao da regiao compreendida pelas Iolhastopograficas de Sorocaba, Itapetininga, Buri, Fax ina, Itaporanga, SeteBarras, Capac Bonito, Ribeirao Branco e Itarare, cita 0 terrno glacialcomo a denominacao dada pelos geologos paulistas ao cornplexo glacialhole chamado Itarare, propondo 0 nome Mandissununga para a forma­r;ao de tilitos. Aos sedimentos post-glaciais "os geologos de Sao Paulodenominaram Tatuhy" (idem, pag, 7).

o termo Itarare, dado por E. P. Oliveira em 1927 para 0 glacial,ja encontra ace itacao em Sao Paulo a partir de 1929 Olorais Rego,in E. Oliveira. 1930, pag. 30; 'Iorais Rego. 1930, pag. 21 \. Washburne(1930, pag. 37) mantem 0 Tatui para as rochas post-glaciais.

o terrno "Serie Itarare-Tubarao" passou a scr usndo pelos geo­logos de Sao Paulo ate 1949 quando Barbosa e Almeida propoern adenominacao unica Tubarao. voltando ass im a antica denornlnariio deWhite, adotada tambern pnr Gordon Jr. em 1947.

ESTRATIGRAFIA E DISTHIBUt;:.W GEOGR.-'.FICA: Barbosa eAlmeida (1949) propfiem a subdivisao do grupo. 110 Yale do Rio T'iete,tomando como base, os testernunhos de uma sondagern perfurada na

Page 4: GEOLOGIA - Repositório da Produção USP

- 57-

fazenda Alves Lima, Vale do Rio Araqua (municipio de Sao Pedro),sondagern esta que atravessou 1155 m de sedimentos do Tubarao, dosquais a maior parte evidenciando origem glacial ou fluvio-glacial,ocorrendo ai, cinco niveis de tiIitos. A seguir e dada, simplificada­mente, essa subdivisao.

Formacfies Membros Espessura Lit 0 log i amaxima

Tupi

TaquaralTatui

Itu

I tapetininga

Capivari

Gramadinho

Tiete

28 m Folhelhos e siltitos cor de cimento.40 m Arenitos finos e siltitos micaceos

e piritosos, concrecionados, comsilex, cor verde predominante.

86 m Arenitos e siltitos argilosos, comfrequente estratificacao cruzada.Localmente com seixos e blocos.Cor vermelha, chocolate predo­minante.

160 m Arenitos grosseiros a fin os, siltitose folhelhos em rapida sucessao.Localmente conglomerados. Len­tes de calcarios e camadas de car­vao, Urn horizonte de tilito podeocorrer quase no topo,

120 m Dois coniuntos de tiIitos, separa­dos, pOI' arenitos, folhelhos evarvitos.

100 m Arenitos e siltitos cinzentos oubrancos, bern estratificados commenores Intercalacoes de folhe­lhos. Conglomerados locais.

580 m Arenitos grosseiros a fin as, conglo-meraticos. Varvitos frequentes.Folhelhos e siltitos. Camadas decarvao. Dois horizontes de tilitos,respeclivamente proximo a basee ao topo .

o Membro Taquaral foi considerado, posteriormente, pOI' Mezza­lira (1957, pags, 40 e 1959, p. 2) e Barbosa e Gomes (1958, pag . 21)como pertencente a Formacao Irati.

A Formacao Itapetininga, foi consider-ada pOI' Barbosa e Almeidaduvidosamente, como depositada em ambiente marinho, baseados emsupostos achados de espiculas poliaxiais de ssponjas. Como nao seconhecem outros fosseis marinhos, e mais provavel que 0 ambienteseia continental.

Quanto a Formacao Capivari, e duvidoso que seja marinho os100 m citados pOI' aqueles autores, uma vez que a camada fossilifera ,siltito mal acamado, e de apenas 20-30 ern, ainda mais que Mendes

Page 5: GEOLOGIA - Repositório da Produção USP

58

(1952, pag, 4) cita um horizonte de tilito a cerca de uma vintena demetros acima da camada fossilifera.

Posteriormente foi descoberta nova ocorrencia marinha em SaoPaulo, na regiao do Itaporanga (Mezzalira, 1956). Essa ocorrenciamarinha foi colocada por Barbosa e Gomes (idem, pag, 19) dentro daFormacao T'iete e, portanto, estratigrilficamente acirna da ingressaornarinha de Capivari. A matriz aqui e um arenito siltico de cor cin­zenta, e a espessura e de 30 em,

A subdivisao proposta por Barbosa e Almeida, para 0 vale doRio 'I'iete, dificilmente poderia ser estendida a todo 0 Estado porIalta de trabalhos de detalhes que permitissem a distincao dos diver­sos niveis de tilitos e rochas associadas. Por outro lado, 0 complexoglacial e muito mais espesso em Sao Paulo do que no Sui, ocorrendocinco a seis niveis de tilitos . Os depositos post-glaciais do grupo Tu­barao, por ontro Iado, em Sao Paulo, totalizam, apenas cerca de 100 m.

Por essa razao niio se pode adotar, para Sao Paulo, a mesma sub­divisao estratigraf'ica dos Estados mais meridionais. Melhor seria 0

agrupamento de todo 0 complexo glacial sob 0 nome de subgrupoItarare rcscrvando 0 antigo nome de Tatui para as rochas post-gla­ciais, Sendo a escala do mapa 1 :1.000.000, foi considerado mais pra­tieo mapear todo 0 grupo como uma unidade.

Em resumo, 0 sub-grupo Itarare consiste de5 a 6 niveis de tilitosintercalados em conglomeratos, arenitos, variando em sua granula­.;:'io de conglomeraticos a finos, folhelhos, calcarios, argilitos e siltitosIluvio-glaciais. varvitos, pequenas camadas de carvao alern de siltitose arenitos depositados por duas ingrcss6es marinhas. 0 Tatui con­siste de arenitos fin os e siltitos com frequente estratificacao cruzadade cores variegadas, prcdominando 0 vcrmclho chocolate cmbaixo everde em cima, sendo post-glaciais e provavelmente depositados emambiente aquoso, nao marinho.

o Grupo Tubarao atinge em Sao Paulo sua maior espessura. Jafalamos da sondagern de Araqua onde foram atravessados 1155 m de se­dimcntos. Segundo Leinz e Sallentien (1962, pag , 36) urna sondagernfeita pel a Pctrobras no municipio dc Paraguacu Paulista, atravessou13S4 m dc sedimentos di-sse Grupo.

Alguns diques de diabasio dc idade retica cortam os sedimentosdo grupo.

As rochas desse grupo afloram em uma larga faixa que vai desdeo rio Itarare entre as cidades de Itarare e Carlopolis ate a divisa deMinas Gerais ao norte de Mococa,

Essa faixa e limitada a leste pelo embasamento cristalino pre­devoniano, com excecao de pequena area ao suI constituida por rochasdevonianas.

A oeste, a faixa de roehas do grupo Tubarao e Iimitada pelos aflo­ramentos da formacao Irati.

A faixa do Tubarao "possu i larguras de 40 a 70 Km em toda a

Page 6: GEOLOGIA - Repositório da Produção USP

- 59-

extensao do sul ao norte do Estado, ate as proximidades de SantaCruz da Palmeiras; dai para 0 norte eia diminui bruscamente para10 a 20 Km. Esse drastico adelgaeamento pode significar que a espes­sura dos sedimentos diminui muito para 0 norte ou que os mergulhosaumentam no mesmo sentido ou ainda que existem perturbacdes tee­tOnicas nessa regiao.

Nitida discordancia angular separa esse grupo das rochas maisantigas ; e possivel que 0 contato superior com a Formacao Irati, sejaconcordante ou se houver discordancia esta nfio e nitida.

Os mais belos contatos desse grupo com 0 embasamento pre-devo­niano se IocaIiza na regiao de Itu e Salto, no Vale do Rio Tiete. EmSalto as rochas basais do grupo sao constituidas por tilltos, argiIitose varvitos em contato com granito roseo. Os sedimentos glaciaisocupam depressoes alongadas mais ou menos circundadas por coIinasde granites.

A presenea de manchas de sedimentos glaciais e mixtos em umapequena area a cerca de 12 Km de Jundiai, mostra a possibilidadede maior extensao para leste dos sedimentos do Grupo Tubarao, holeerodidos.

A regiao ocupada hoie pelos sedimentos do Grupo Tubarao e sua­vemente ondulada. TiIitos aparecem frequentemente ocupando altode colinas. Os solos sao pobres. A area ocupa altitudes baixas (500a 600 rn) em relacao tanto a area do embasamento como a faixa doGrupo Sao Bento situada mais a oeste. Ela tern sido chamada, porisso, de depressao periferica ; incIui-se na depressao, a faixa de sedi­mentos do Grupo Estrada Nova.

F6SSEIS, IDADE E PALEOECOLOGIA : Representantes da floraGlossopteris ocorrem desde a base ate 0 tapo do subgrupo Itarare.Barbosa e Almeida (1949, tab. apos pag, 16) citam os seguintes generosde plantas fosseis, nos primeiros 580 m basais da coluna do vale dorio T'iete: Phylloteca, Gangamopteris, Noeggerathia, Glossopteris, Sa­marnpsis, Lepidodendron, Psygmophyllum e Paranocladus.

Logo abaixo do subgrupo Tatui os mesmos autores citarn Ganga­mopteris, Samaropsis, Phylloteca, Cardiocarpon, Plagiozamites e Noeg­gerathia.

~sses generos precisam ser revistos. Assim, por exempIo, os Le­pidodendron da bacia do Parana sao hoje considerados como perten­centes ao genero Lycopodiopsis.

Restos de peixes paJeoniscideos sao comuns em tada a seccao dosubgrupo Itarare.

Mezzalira (1951) cita 0 euriptcridio Hastimima em sedimentos queafloram nas proximidades de Tatui e TIete:

Crustaceos (filopodes, ostracodios e malacostraceos?) sao tamberncitados por Mezzalira (1958, pag. 70; 1959, pag. 1).

Page 7: GEOLOGIA - Repositório da Produção USP

- 60

Nos carvoes ocorrem as especies de csporos, Lagenoisporites bra­siliensis (Dijkstra) e L. sinuatus (Dijkstra) .

Nos sedimentos marinhos de Capivari apareccm braquiopodes:Crurithyris aff. pIanoconvexa (Shum.), Rhynchopora grossopunctataMendes, Nuculana? sp. I' outros Iamclilib ranquios, gasteropodes I' pla­cas de colunas ell' crinoides descobertos recentemcntc, pc 10 autor,

Nos sedimentos marinhos de Itaporanga aparccern 0 braquiopode,Orbiculoidea cf. guaraunensis Oliveira e 0 lamclibranquio Nuculanalimai Mezzalira.

o genero Lageinosporites distribui-se do Mississipiano ao Pensil­vaniano Superior. A idade do grupo Tubarao deveria ser do Carbo­nifero Superior uma vez que 0 Irati, que ocorre acima, aparentcmenteem concordancia, e datado como Permiano Inferior. Essa opiniaonao e unanirne entre os geologos hrasi leiros havendo os que cons ide­ram 0 Tubarao como Permiano.

A falta de boas exposicoes, 0 pcqucno nurnero de sondagens I' afalta de horizontes guias, nfio perrnitem ter-se ideia precisa do mer­gulho regional. Admite-se que esse mergulho seja da ordem de 1 ou2°N\V. Nfio existern dobramentos generalizados podendo ocorrer do­bras Iocais devido a presenca de intrusivas basicas de idade retica.Falhas sao comuns, contudo de pouca amplitude podendo-se dizer quetodo 0 pacote de sedimentos do Grupo esta pouco perturbado. Do­bras c falhas adiastr6ficas provocadas pelo movimento dc gcleiras so­bre sedimentos pouco consolidados, por simples acomodacoes de ca­madas e ainda nor intrusoes de diabasio, s50 encontradas com certa-;"quencia. Na rodovia Itu-Porto Feliz-Tiete ocorrem inumcros exern­pios dessas perturbacfies.

CORRELACAO : Niio existe. no momento, possihilidade ric COI'­

relacionar as Iormacoes de grupo Tubarao que ocorrem em Sao Paulocom as que ocorrem em Santa Catarina, onde sc situa a colima padrfiopara a bacia do Parana. A coluna de Santa Catarina, proposta porWhite (1908), foi revista por Gordon Jr. (1947 ). Estc ultimo autorsuhdividiu 0 Tubarao nos "grupos" Itarare e Guata, £slc como javimos , e muito espesso naqucle Estado e 0 Itarare multo delgado, jus­tamente 0 contra rio do que acontecc em Sao Paulo (0 termo Tatuida eoluna paulista cor-responde aos depositos do grupo Tubarfio post­glaciais I' ncsse sentirlo e equivalente ao subgrupo Gunta ) , Como aespessura do Itarare aumcnta pr-ogrcssivamente para 0 norte ao eon­trario do que acontece com 0 Guata, existe a possihilid ade de umacdentacao de maneira qu e parte do Guata de Santa Catarina corres­ponderia a parte do Itarare de Sao Paulo.

Segundo uns, 0 uuico tilit o que OCO!'l' C no Rio Gran de do Sui eSanta Catarina correspondcria ao ultimo tililo do perfil com pie to doParana I' Silo Paulo (Beurlcn e Martins 195G, pag. 3\. Segundo outros,('sse tilito corresponderia iJ parte media rla coluna de Sfio P:1II10 (Bar-

Page 8: GEOLOGIA - Repositório da Produção USP

- 61

bosa e Gomes, 1958, tab. entre pags, 8 e 9). Josue C. Mendes (cornu­nicacao verbal) e da opiniao que a glaciacao poderia ter atingido ini­cialmente posicdes extremas no SuI do Brasil mas as modificaeoes eli­maticas teriam determinado 0 progressivo recuo do gelo para 0 norte.o tilito do Rio Grande do SuI poderia entao corresponder a primeiraou uma das primeiras glaciacdes ou entao ter-se-ia originado de umaglaciacao local, sem relacao com os tilitos do norte.

A falta de fosseis indices ou de camadas chaves impede que setente essas correlaeoes em bases mais seguras, Mesmo para as camadasmarinhas faltam elementos de correlacao, Ja chamamos a atencao paraas fatmulas diferentes que ocorrem nas camadas de Capivari e Iapo­ranga. As camadas de Capivari possuem uma associacao peculiar,diferente de todas as faimulas marinhas conhecidas do grupo Tubarao.Ja a de Itaporanga, possui 0 braquiopode Orbiculoidea cf . guaraunen­lis Oliveira que ocorre no horizonte marinho de Teixeira Soares noParana (folhelho Passinho) podendo existir ai urn possivel elcmentode correlacao.

POSSIBILIDADES ECONDMICAS:

1 - Agua subterrdnea e Certos sedimentos do Grupo em SaoPaulo, possuem possibilidades de serem bons armazenadores de aguapols sao frequentes Intercalacfies arenosas em sedimentos pouco per­meaveis (Mezzalira, 1958, pag. 51). Por enquanto essa possibilidadeexiste apenas na zona periferlca da bacia do Parana ja que na zonacentral tais sedimentos estao a grande profundidade (Leinz e Sallen­tien, 1962, pag, 36).

2 - Carviio: Este ocorre em pequenas bacias isoladas em SaoPaulo sendo de pequena espessura (0,40 a 0,70 m). Ocupa posi!;aoestratigrdfica diferente, aparecendo desde muito baixa na seccao ateproximo ao topo da coluna.

Sao localizadas em cinco bacias: Itapeva, Buri, Tatui, Cerquilhoe Jacuba-Reboucas. Esta ultima e a de posicao estratlgrafica maisinferior, ocorrendo abaixo do primeiro tilito ; a de Cerquilho e a maissuperior ocorrendo, contudo, abaixo do ultimo tilito.

Durante a ultima guerra dcsenvolvcu-se a exploracdo em Cerqui­Iho e Malo Seco que forneceram carvao para a Estrada de Ferro So­rocabana e para diversas industrias, tendo a producao chegado a28 000 t no ana 'de 1943. Essas minas foram depois abandonadas pornao terem sido encontrados horizontes promissores.

Carvao de Itapeva: Em Eng. Bacelar, municipio de Itapeva, nafazenda Jose Oliveira Pio, ocorre mil pacote de folhelho siltico, comcamadas carbonosas, tres das quais possuern possanca da ordem de15 a 20 cm. Contem pirita. No periodo da 2.0 Grande Guerra foitentada a sua exploracao, porern, sem qualquer sucesso. .

Carviio de Buri: 0 carvao ai possui espessuras variaveis de 0,40mal m; localiza-se principalmente no Ribeirfio da Enxovia, cerca de

Page 9: GEOLOGIA - Repositório da Produção USP

- 62-

12 Km de Buri. Contem alto teor de agua (10-13%), 20-30% de vola­teis e 15-22% de cinzas. Contem muita pirita. Deposito reduzido.Foi explorado, no periodo da 2.° Grande Guerra, sem resultado.

Carvio de Tatui: Fazenda Mato Seco, 20 Km da cidade. Foi ex­plorado durante a ultima guerra. 0,25 a 0,40 m de espessura, 440 000 m2

de area e reserva de 170 000 t. Contern cerca de 5% de umidade,22-24% de volateis, 49-50% de C fixo e 21-22% de cinza, Elevado teorde enxofre. Poder calorifico entre 5300 a 5500 Kcal/Kgr,

Carvjio de Jacuba-Reboucase Esses carvoes ocorrem na fazendaJacuba, proxima a Monte Mor e Reboucas, municipio de Campinas.A reserva e muito limitada com 0,30 a 0,35 m de espessura, 2-7% deagua, 28-35% de volateis, 5-12% de cinzas. 0 poder calorifico e supe­rior a 6500 Kcal/Kgr, Contudo a bacia e muito pequena para poderter interesse comercial.

Carvjio de Cerquilho: Ocorre nos arredores de Cerquilho e dacidade de Tiete. A bacia de Cerquilho e a mais importante das con he­cidas em Sao Paulo e foi objeto de exploracao a partir de 1940. Con­tern carvao semibetuminoso e ~ntracitoso. 0 tipo antracitoso, de Cer­quilho, segundo Abreu (1962, pag, (1) e resultante do metamorfismoprovocado pelos diabasios ; os outros carvdes sao betuminosos com 25a 30% de volateis. A producao atingiu 134121 t entre os anos de 1940e 1948 (Abreu, idem, pag. 123). Espessura 0,30-0,70 m. A pirita apa­rece sob a forma de nodules grandes facilmente separaveis. Possui9~15% de volateis, 20-30% de cinzas, 2-3% de enxofre e 6000-6400KcallKgr.

Entre Cerquilho e Tiete foram encontradas pequenas camadas decarvao."

As reservas de Cerquilho foram avaliadas em 1 milhao de tone­ladas, podendo esse numero ser duplicado com verificaeao em areasadjacentes.

As reservas da bacia de Tatui sao menores enquanto as de Burie Jacuba parecem ser despreziveis, principalmente as da ultima bacia.

OBRAS CONSULTADAS

ABREU, S. F. - 1962 - Recursos minerais do Brasil, vol. II, combus­tiveis fosseis e minerios metalieos, Min. Indust. e Com., Inst. Nacs.de Tecnologia, 696 p , ilus ,

BARBOSA, O. e ALMEIDA, F. F. M. - 1949 - A serie tubarao nabacia do 'I'iete, Estado de Sao Paulo, Brasil, Div, Geol, Min., NotasPrel, e Estudos ns. 48, 16 p. 1 tab.

B'ARBOSA, O. e GOMES, F. A. - 1958 - Pesquisas de petroleo nabacia do rio Corumbatai, Estado de Sao Paulo. Brasil. Div. GeoI.Min. B. 171, 40 p., 6 fig. 1 tab. e mapas ,

BEURLEN, K. e MARTINS, E . A. - 1956 - 0 escudo sul-riogranden­se. B. Mus. Nac., n.s. Geol. 23, 25 p.

GORDON JR., M. - Classifica~ao das formac;oes gondwanicas do Pa-

;

Page 10: GEOLOGIA - Repositório da Produção USP

- 63-

rami, Santa Catarina e Rio Grande do SuI. Brasil. Div. Geo!. Min.,N otas Prel, e Estudos ns . 38, 20 p ,

LEINZ, V. e SALLENTIEN, B. - 1962 - Agua subterrfinea no Esta­do de Sio Paulo e regides limitrofes. B. Soc. Bras. Geo!., 11 (1):27-35, ilus.

MENDES, J. C. - 1952 - Faunula permo-carbonifera marinha deCapivari. Fac. Fi!. Cit Letr , Univ. S . Paulo, B. 134, Geo!. 7:1-17, 2 fig., 1 est.

MEZZALIRA, S. -- 1951 - Ocorrencia do euripteridio Hastimima noEstado de Sao Paulo. Brasil. Div . Geo!. Min., Notas Prel . eEstudos n. 52, 14 p.- 1956 - Novas ocorrencias de camadas marinhas permo-car­boniferas no Estado de S. Paulo. B. Soc. Bras. Geol , 5 (1) :61-69,4 fig. , 1 mapa.- 1957 - Ocorrencias fossiliferas novas da serie Passa Dois nareglfio Limeira - Rio Claro - P:iracicaba, B. Soc. Bras. Geo!.,6, (2) :37-58, ilus.- 1958 - Dados sobre agua anbterranea nas series Passa Dois eTubarao do Estado de SliD Paulo. B. Soc. Bras. Geol. 7. (1) :49-53 .- 1959 - Nota preliminar sobre as recentes descobertas paleon­tohigicas no Estado de Sao Paulo no periodo de 1958-1959. SaoPaulo, Inst. Geogr , Geol. N otas Previas , n. 2, 9 p ,

MORAIS REGO, L. F. - 1930 - A Geologia do Petr6leo no Estadode S. Paulo, Brasil. Servo GeoI. Min. , B. , 46, 110 p . 23 fotos, 3perfis.

OLIVEIRA, E. P. - 1927 - Geologia e Recursos minerais do Estadodo Parana. Brasil, Serv , Geol. Min., Moriogr. 6, 172 p. ilus.

- - 1930 - Relatorio anual do Diretor, ano 1929. Brasil, Serv .Geol. Min., p. 29-36.

OLIVEIRA, F. P . - 1889 - Reconhecimento geolOgico no vale do rioParanapanema, S. Paulo, Com. Geogr . Geol., B. n. 2, p. 3-31. .

PACHE CO, J. - 1927 - Relat6rio elucidativo do esbdco geol6gico daregilio compreendida entre 0 meridiano 4.°, 'r io Itarare e os pa­ralelos 23°34' e 24°38'. In Exploraefie da regilio compreendidapelas folhas topograficas de Sorocaba, Itapetininga, Bury, Itapo­ranga, Se te Barras, Capiio Bonito, Ribeirlio Branco e Itarare. SaoPaulo. Com. Geogr, Geol. p. 9-12, ilus,

SILVA, J. B. A. c ANDRADA , M.F.R . - 1~27 - Voyage rninera lo­g[que dans la province de Sn int Panl ~1l Bres i l. Arch . Ge ogr . (h19me siccle, t 36, p. 69-80, 216-227, Paris.

TRINDADE, N. M. - 1959 - 0 genero Lagenoisporites no Gondwanabrasileiro - Brasil. Div. Geol , Min . , Notas Pre!' e Estudos n.?112, 13 p . 2 ests ,

WASHBURNE. C. - 1930 - Petroleum Geology of the State of SaoPaulo. Com. Geogr. Geol . B . 22. 272 p , Bus . mapa.

WHITE, I. C . - 1908 - Brasil, Comissao estudos minas de carvao,Relat6rio final, 617 p . ilus., 14 est., mapas,

WOODWARD, J. B. - 1912 - Geological Expedition to Brazil andChile. 1908-1909. Harvard College, Mus. Comp. Zool 55 (1) :1-137,37 est.

GRUPO ESTRADA NOVA

HIST6RICO E NOiW~NCLATURA: I. C. White em seu relator!osabre 0 problema do carvao e da geologia do Estado de Santa Catarina