grecia

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GRÉCIA A Grécia estava situada ao sul dos Bálcãs, banhada pelos mares Jônio e Egeu. Seu território possuía uma superfície de 56 mil km quadrados. O relevo era montanhoso e seu solo árido e rochoso dificultavam as comunicações terrestres, ao passo que seu litoral com excelentes portos facilitava as comunicações marítimas. Além da Grécia peninsular, existiam a Grécia insular, a Grécia Oriental e a Magna Grécia.Na península Grega disseminam-se, por volta de 3.000 a.C., povoados fortificados de tribos de cultura agrária. Muitos historiadores afirmam que os primeiros habitantes da região foram autóctones, chamados de pelágios ou pelasgos. Entre 1.700 e 1.200 a.C. intensificam-se as migrações de povos de origem Indo-européia ou arianos para a península, como os aqueus, os eólios, os jônios e os dórios, que falam grego, conhecem os metais e utilizam carros de guerra. Por volta de 1220 a.C., a violenta invasão dos dórios provocou a Primeira Diáspora Grega. 1-Período Homérico – Tem início com o predomínio dos aqueus e jônios, por volta de 1.700 a.C. Período pouco conhecido que pode ser reconstituído pelos poemas Ilíada e Odisséia, atribuídos ao poeta grego Homero. Edificam fortalezas monumentais (Micenas, Tirinto, Pilos, Gia e Atenas), desenvolvem o comércio com Tróia, Sicília e península Itálica, fundam colônias (Mileto, Rodes, Lícia, Panfília, Cilícia, Chipre) e assimilam a cultura da ilha de Creta (cultura creto-micênica). Os guerreiros constituem a classe dominante, enquanto os agricultores e pastores são considerados servos e escravos. A organização baseava-se na comunidade gentílica. O genos era a unidade de produção, formada por um grupo de pessoas aparentadas por laços consangüíneos e descendentes de um antepassado comum. A economia gentílica, agrária e pastoril, fundamentava-se na propriedade coletiva da terra. A sociedade era igualitária e se caracterizava pela inexistência de classes. A autoridade política, baseada na religião e na tradição, era exercida pelo pater famílar, o mais velho dos membros do genos. A desintegração dos sistema gentílica vincula-se a dois fatores: o crescimento demográfico e a falta de terras férteis. As disputas por terras férteis provocou violentas guerras. A reunião dos genos formava uma frátria e a reunião de várias frátrias, uma tribo. Nesse momento surgiu a propriedade privada e a divisão de classes. A substituição da propriedade coletiva pela propriedade privada originou uma poderosa

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GRÉCIA

A Grécia estava situada ao sul dos Bálcãs, banhada pelos mares Jônio e Egeu. Seu território possuía uma superfície de 56 mil km quadrados. O relevo era montanhoso e seu solo árido e rochoso dificultavam as comunicações terrestres, ao passo que seu litoral com excelentes portos facilitava as comunicações marítimas. Além da Grécia peninsular, existiam a Grécia insular, a Grécia Oriental e a Magna Grécia.Na península Grega disseminam-se, por volta de 3.000 a.C., povoados fortificados de tribos de cultura agrária. Muitos historiadores afirmam que os primeiros habitantes da região foram autóctones, chamados de pelágios ou pelasgos. Entre 1.700 e 1.200 a.C. intensificam-se as migrações de povos de origem Indo-européia ou arianos para a península, como os aqueus, os eólios, os jônios e os dórios, que falam grego, conhecem os metais e utilizam carros de guerra. Por volta de 1220 a.C., a violenta invasão dos dórios provocou a Primeira Diáspora Grega.

1-Período Homérico – Tem início com o predomínio dos aqueus e jônios, por volta de 1.700 a.C. Período pouco conhecido que pode ser reconstituído pelos poemas Ilíada e Odisséia, atribuídos ao poeta grego Homero. Edificam fortalezas monumentais (Micenas, Tirinto, Pilos, Gia e Atenas), desenvolvem o comércio com Tróia, Sicília e península Itálica, fundam colônias (Mileto, Rodes, Lícia, Panfília, Cilícia, Chipre) e assimilam a cultura da ilha de Creta (cultura creto-micênica). Os guerreiros constituem a classe dominante, enquanto os agricultores e pastores são considerados servos e escravos. A organização baseava-se na comunidade gentílica. O genos era a unidade de produção, formada por um grupo de pessoas aparentadas por laços consangüíneos e descendentes de um antepassado comum. A economia gentílica, agrária e pastoril, fundamentava-se na propriedade coletiva da terra. A sociedade era igualitária e se caracterizava pela inexistência de classes. A autoridade política, baseada na religião e na tradição, era exercida pelo pater famílar, o mais velho dos membros do genos. A desintegração dos sistema gentílica vincula-se a dois fatores: o crescimento demográfico e a falta de terras férteis. As disputas por terras férteis provocou violentas guerras. A reunião dos genos formava uma frátria e a reunião de várias frátrias, uma tribo. Nesse momento surgiu a propriedade privada e a divisão de classes. A substituição da propriedade coletiva pela propriedade privada originou uma poderosa

aristocracia rural, a um contingente de pequenos agricultores e a uma maioria de despossuídos. Uma parte desses últimos passou a trabalhar para aristocracia, outra dedicou-se ao comércio e ao artesanato, os restantes deixaram a Grécia e fundaram diversas colônias nos mares Negro e Mediterrâneo (Segunda Diáspora).

2-Período Arcáico (Formação da pólis grega) – Resulta, entre outros fatores, de migrações dos dórios (1.200 a.C. em diante) e da desagregação do sistema gentílico. Os núcleos urbanos construídos em torno das fortalezas se transformam em comunidades político-religiosas autônomas. De todas as polis, duas se destacaram : Esparta e Atenas. Existiam diferenças profundas entre elas, a começar pela origem. Os espartanos se diziam descendentes dos dórios; já os atenienses tinham como antepassados os jônios.

Esparta – É fundada em 900 aC. no extremo sul da península balcânica, na península do Peloponeso, no planalto da Lacônia, não como pólis, mas como a fusão (sinecismo) de quatro povoamentos rurais dórios no vale do rio Eurotas. A partir de 740 a.C., Esparta conquista Messênia e se expande para o norte da península. Em 706 a.C. funda a colônia de Tarento, na península Itálica, e começa a disputa com Argos pelo predomínio do Peloponeso. Em 660 a.C. os messênios rebelam-se, mas voltam a ser submetidos depois de 20 anos de guerra. Nessa guerra, Esparta adota uma nova formação militar, a falange dos hoplitas, armados de lança e espada e protegidos por escudo e couraça, e se transforma em um Estado militar. O Estado espartano era dirigido por dois reis (diarquia) com funções religiosas e militares, com apoio e controle dos nobres organizados num conselho de 28 anciãos , a Gerúsia. O poder executivo era exercido pelo Eforato, composto por 5 éforos. Existia ainda a assembléia popular, a Apela. Os espartanos são educados pelo Estado e formados para a guerra. A economia depende do trabalho dos camponeses (os hilotas), sevos do Estado e carentes de qualquer direito, e dos habitantes (periecos) das cidades dominadas, obrigadas a fornecer contingentes militares a Esparta. No alto da sociedade encontravam-se os espartanos ou esparciatas, provavelmente descendentes diretos dos dórios.

Atenas – Pólis originada da fortaleza (Acrópole) fundada por volta do século X aC. pelos jônios. Possuía regiões bastante difinidas: a Parália, litoral, a Diácria, região árida e montanhosa e o Pédium, planícies férteis. Desenvolveu-se no comércio marítimo e na fundação de colônias na península Itálica e Mediterrâneo Ocidental, Ásia Menor e costa do mar Negro. A sociedade era formada por eupátridas, grandes proprietários, os geórgois, pequenos proprietários, os thetas, os desafortunados, os demiurgos, comerciantes, metecos (estrangeiros) e escravos (maioria da população).

Instituições Políticas – O poder figurativo era exercido pelo basileus (rei), responsável pela guerra, justiça e culto. Seu poder era limitado pelo Areópogo, conselho de eupátridas. A maior autoridade política era assumido pelo arcontado, formado por nove arcontes: Arconte Basileus; Arconte Epônimo, Arconte Polemarco e Arcontes Thesmothetas, em número de seis.

Legisladores atenienses – Os mais conhecidos são Drácon, Sólon, Psístrato e Clístenes, que procuram abrandar os conflitos sociais que explodem a partir de 700 a.C.

Guerra de Tróia– Provocada pela disputa entre gregos e troianos pelas terras do litoral do mar Negro, ricas em minérios e trigo. Segundo a lenda, o estopim da guerra é o rapto de Helena, mulher de Menelau, rei de Amicléia (futura Esparta), por Páris, príncipe troiano. Para resgatar Helena, os gregos entram na fortaleza troiana escondidos dentro de um gigantesco cavalo de pau enviado como presente a Páriis.

decorrentes do endividamento dos camponeses, pressão demográfica, ascensão dos comerciantes e arbitrariedades da nobreza.

Drácon – Em 621 a.C. publica leis para impedir que os nobres interpretem as leis segundo seus interesses. Mesmo assim, a legislação é considerada severa, daí a expressão draconiana, mas é o primeiro passo para diminuir os privilégios da aristocracia.

Sólon – Em 594 a.C. Sólon anistia as dívidas dos camponeses e impõe limites à extensão das propriedades agrárias, diminui os poderes da nobreza, reestrutura as instituições políticas, dá direito de voto aos trabalhadores livres sem bens e codifica o direito.

Pisístrato – As desordens e a instabilidade política resultantes das reformas de Sólon levam à tirania de Pisístrato, em 560 a.C., que impõe e amplia as reformas de Sólon, realizando uma reforma agrária em benefício dos camponeses. As lutas entre aristocratas e trabalhadores livres conduzem a novas reformas, entre 510 e 507 a.C.

Clístenes – É considerado o fundador da democracia ateniense. Introduz reformas democráticas baseadas na isonomia, o princípio pelo qual todos os cidadãos têm os mesmos direitos, independentemente da situação econômica e do clã ao qual estejam filiados. Divide a população ateniense em dez tribos. O governo foi organizado com base nessa nova divisão territorial: 50 membros de cada tribo formavam o Conselho dos 500 – Bule - misturando homens de diferentes origens e condições. Os arcontes passaram a ser dez e o órgão mais importante passou a ser a eclésia, assembléia formada por todos os cidadãos. Introduz a execução dos condenados à morte com ingestão de cicuta (veneno) e a pena do ostracismo (cassação de direitos políticos e exílio daqueles que ameaçassem a democracia, por dez anos). A partir de suas reformas, Atenas converteu-se na maior potência econômica da Grécia entre 490 e 470 a.C.

3-Expansão grega – Acentua-se a partir de 750 a.C., resultado do crescimento da população, da expansão do comércio, das disputas internas e das guerras entre as póleis. Jônios, aqueus, eólios e dórios fundam colônias no Egito, Palestina, Frígia, Lídia, na costa do mar Negro, sul da península Itálica, Sicília e sul da Gália. Os gregos enfrentam os assírios e os medo-persas, na Ásia Menor, e os fenícios, particularmente de Cartago, no Mediterrâneo ocidental e no norte da África. O assédio dos medo-persas resulta nas guerras médicas, entre 492 e 479 a.C.

4- Período Clássico

Guerras médicas – Têm origem no domínio persa sobre as cidades jônias da Ásia Menor, a partir de 546 a.C. Em 500 a.C. as cidades jônias se rebelam, sendo derrotadas em 494 a.C. A partir de 492 a.C. os medo-persas ocupavam a Trácia e a Macedônia e desencadeiam a 1a Guerra Médica. Em 490 aC. Dario I comanda os persas na Batalha de Maratona, mas é derrotado pelos atenienses. Em 480 a.C. o exército persa comandado por Xerxes avança sobre a Tessália, Eubéia, Beócia e Ática, na Batalha do estreito das Temópilas. Dessa vez os gregos eram comandados por Leônidas, general espartanos. Os medo-persas ocupam a Beócia e a Ática e saqueiam Atenas. Mas os gregos vencem as batalhas de Salamina (480 aC), Platéia (479 aC.) e Micale (478 aC), o que leva os persas a desistirem da conquista da Grécia, entrando logo depois em decadência.

Péricles (495 a.C.-429 a.C.), filho de uma família de elite, educado por filósofos, é o maior dirigente da democracia ateniense. Tornou-se arconte (chefe político) em 432 a.C., com uma plataforma de reformas democráticas. Reelege-se, anualmente, durante mais de 30 anos. Célebre orador e estrategista, tornou-se o principal artífice da expansão imperial de Atenas como potência comercial da Grécia. Instalou novas colônias e ampliou a hegemonia ateniense sobre 400 cidades-Estado, através da Liga de Delos, contra os persas. Realizou grandes construções em Atenas, como o Parthenon, e estimula as artes e a cultura. Criou a mistoforia, ou seja, passou a remunerar os cargos públicos. Morre em 429 a.C., durante a Guerra do Peloponeso, de uma peste que elimina um terço da população da Ática.

Guerra do Peloponeso – Começa em 431 a.C. Decorre do antagonismo entre os interesses econômicos e políticos de Corinto (aliada de Esparta) e Atenas. Atenas ataca e domina Potidéia, mas seu exército é derrotado em Espartalos. A guerra continua até a Paz de Nícias, em 421 a.C. Em 415 a.C. Esparta e Atenas voltam a se enfrentar pelos mesmos motivos. Finalmente, em 405 e 404 a.C., os espartanos vencem os atenienses em Egospótamos e invadem Atenas, que é obrigada a destruir sua muralha de defesa, dissolver a Liga de Delos, entregar a esquadra, fornecer tropas e reconhecer a hegemonia de Esparta. A aristocracia substitui a democracia pela oligarquia.

5-Economia e sociedade gregas – A introdução da metalurgia do bronze e do ferro, o desenvolvimento do artesanato e a intensificação do comércio aumentam a produtividade entre os séculos VI e IV a.C. Esses fatores, associados às migrações e às guerras, modificam as antigas relações sociais, baseadas em clãs. Os habitantes passam a agrupar-se principalmente nas póleis. O trabalho na agricultura e nas demais atividades manuais fica a cargo de escravos (em geral presas de guerra) e parceiros semilivres. As terras comunais ou gentílicas passam à propriedade de uma classe de proprietários territoriais, a nobreza. O desenvolvimento do comércio faz surgir uma classe de comerciantes e artesãos ricos. 6-Artes e ciências gregas – Os gregos desenvolvem a dramaturgia. O teatro foi uma das maiores realizações dos gregos. Foram praticados dois gêneros dramáticos: A TRAGÉDIA e a COMÉDIA. A Tragédia foi origina das Dionísicas, festas em homenagem ao deus Dioniso, simbolizado por um bode (tragos). Os três grandes autores de Tragédia são: Sófocles, que escreveu Édipo Rei e Antígona, Ésquilo, autor de Prometeu Acorrentado e Eurípedes, autor de Medeia e Troiamos. Aristófanes, por sua vez, foi o maior autor de Comédias. Satirizou os costumes, a sociedade e a justiça de sua época. Entre suas obras destacam-se: As Rãs e as Nuvens. A poesia épica e lírica (Homero, Anacreonte, Píndaro, Safo), a História (Heródoto, Tucídides, Xenofonte), as artes plásticas (Fídias – esculpiu os frisos do Parthenon e as estátuas da deusa Pala-Atena e o Zeus de Olímpia; e Míron – esculpiu O Discóbulo) e a arquitetura (Ictinas e Calícrates). Particularmente em relação à arquitetura, devemos destacar três estilos: O Dórico, caracterizado pela sobriedade das linhas e solidez das construções; os Jônico, gracioso e elegante; e o Corinto, rebuscado e com abundância de detalhes.

7-Mitologia e religião gregas– A mitologia é particularmente rica ao registrar toda a diversidade da religiosidade e da vida econômica e social da Antiguidade e dos períodos anteriores à civilização grega. Na religião politeísta, praticada pela aristocracia e difundida por Homero, os deuses Zeus (senhor dos deuses, do céu e da terra) Posêidon (senhor dos mares), Hades (senhor do submundo), formavam uma trilogia. Os outros deuses eram: Hera (esposa de Zeus e protetora da mulher e do lar), Deméter (deusa da terra e da fecundidade), Ares (deus da guerra), Apolo (deus do sol e da luz), Ártemis (deusa da caça e da natureza), Hermes (mensageiro dos deuses e deus do comércio), Atena (deusa das artes , da sabedoria e das ciências), Afrodite (deusa do amor e da beleza) e Dioniso (deus do vinho). Moravam no Olimpo, se alimentavam de mel e ambrósia e estavam relacionados aos elementos naturais e humanos. Concebidos à imagem e semelhança dos seus criadores, possuíam as paixões e os sentimentos dos homens, reproduzindo seus defeitos e suas virtudes.

Além dos deuses, existiam os heróis ou semi-deuses, autores de grandes feitos, cuja mitologia povoava o imaginário popular. Héracles, dos doze trabalhos impossíveis,

”Na origem, segundo a mitologia grega, nada tina forma. Tudo se confudia, e não era possível distinguir a terra do céu nem do mar. Esse abismo nebuloso se chama se chamava Caos. Quanto tempo durou? Até hoje não se sabe. Uma forma força misteriosa, talvez um deus, resolveu pôr ordem nisso. Começou reunindo material para moldar o disco terrestre, depois o pendurou no vazio. Em cima, cavou a abóboda celeste, que encheu de ar e luz. Era necessário um casal de divindades para gerar novos deuses. Foram Urano, o Céu e Gaia, a Terra, que puseram no mundo uma porção de seres estranhos. Da união deles nasceram seis meninos e seis meninas, os Titãs e as Titânides, todos de natureza divina, como seus próprios pais. Os coitados viviam no Tártaro, uma região escondida nas profundezas da terra. Nenhum deles podia ver a luz do dia, porque seu pai os proibia de sair. Gaia, a mãe, juntamente com um dos seus filhos, Crono, arquitetaram um plano que deveria acabar com o domínio tirânico de Urano. Certa noite, guiado pela mãe, Crono entrou no quarto dos pais. Com um golpe de foice, cortou os testículos de Urano. Algumas gotas de sangue da ferida de Urano caíram na terra e a fecundaram, dando origem aos demônios, as erínias, a outros monstros, os gigantes e às ninfas. Vencedor de seu pai, Crono se tornou o senhor todo-poderoso do universo. Em vez de beneficiar seus parentes, libertando os irmãos, preferiu reinar sozinho e os deixou encerrados nas profundezas da terra. Sua mãe, furiosa, predisse seu fim: “Você também, filho meu, será deposto do trono por dos seus filhos!” Temendo a realização da profecia, Crono fez como seu pai: arranjou um jeito de eliminar os filhos, que lhe dava sua esposa Réia. Cada vez que nascia um, ele o devorava. Isso ocorreu com os cinco primeiros recém nascidos. A mãe deles, desesperada foi ver Gaia. “Você precisa ser mais astuciosa do que ele, minha filha”, respondeu-lhe maliciosamente Gaia. “Enrole uma pedra em uma coberta e entregue a Crono, no lugar do bebê. Ele nem vai desconfiar e vai engolira pedra, como engoliu os outros filhos!” A profecia de Gaia não tardaria a se realizar: o bebê que elas acabavam de salvar era Zeus. O jovem deus logo tomou do pai o poder absoluto sobre o mundo...” (adaptado da obra Contos e Lendas da Mitologia Grega; Pouzadox, Claude; Cia da Letras – São Paulo 2001).

Teseu, que matou o Minotauro, Perseu, venceu a Medusa, Édipo, que decifrou os enigmas da esfinge e Jasão, realizador de grandes aventuras com os argonáutas. Os Titãs, os Ciclopes e os Monstros sem-braços eram outras criaturas muito freqüentes na mitologia dos gregos.

8-Organização política grega – A princípio, as póleis assimilam a forma monárquica de governo dos povos submetidos. Em diferentes momentos, os nobres destronam os reis e estabelecem governos oligárquicos ou ditatoriais. pobres, artesãos, comerciantes e camponeses lutam entre si para fazer predominar seus interesses. A presença de numerosa população escrava estrangeira traz a ameaça constante de rebeliões. O processo de luta entre essas classes desemboca na democracia. São concedidos direitos civis aos estratos livres da população, independentemente da classe social a que pertençam. Os escravos, não sendo parte do povo, são mantidos alijados desses direitos. As diversas póleis gregas, com diferentes formas de governo, travam guerras entre si pelo predomínio de seu sistema político.

8-Democracia grega – Forma de governo adotada por várias póleis, baseada nos princípios da soberania popular e na distribuição eqüitativa do poder político. Os diversos estratos da população têm os mesmos direitos civis e políticos e participam do controle das autoridades. A forma democrática de governo criada pelos gregos é única durante a Antigüidade e só é retomada na Idade Moderna. 9 –Filosofia – O desenvolvimento da filosofia grega está associado ao momento da expansão colonizadora na Ásia Menor. A filosofia foi fundada na Ásia Menor, na Escola de Mileto. Seus principais representantes foram: Tales, que fundamentou as bases do materialismo espontâneo ou Filosofia da Natureza; para ele a base de tudo na natureza era a água. Anaxímenes, que estabeleceu que tudo na natureza baseia-se no ar. Anaximandro determinou que a base de tudo era a matéria. Outra escola foi a Pitagórica, que afirmou que todas as coisas são explicadas por conceitos matemáticos. Seu maior representante foi Pitágoras. Heráclito e Parmênedes afirmaram que todas as coisas possuem como elemento comum o átomo, que segundo eles, era a menor partícula da natureza, indivisível. Os sofistas foram importantes professores. Ensinavam aos jovens aristocratas a arte da política, através da retórica, da oratória e da eloqüência. Segundo essa escola, a verdade é relativa. Seu maior representante, Protágoras, afirmava: “o homem é a medida de todas as coisas”. No fim do século V a.C. iniciou-se, em Atenas, a segunda fase da filosofia grega, conhecida como socrática ou antropológica. Um dos maiores pensadores desse período foi Sócrates. Para ele as verdades são universais. Para encontrá-las era necessário descobrir suas razões. Quando questionado sobre um problema, ajudava cada qual a descobrir por si suas próprias respostas. Questionava para isso as pessoas sobre suas dúvidas, até que, por si mesmas, chegassem ao conhecimento. Esse método é conhecido como maiêutica, que do grego significa “trabalho de parteira”. Uma das frases mais célebres de Sócrates foi :”só sei que nada sei”. Por criticar a democracia ateniense, defendendo um sistema oligárquico, Sócrates foi acusado de corromper a juventude e condenado a ingerir cicuta, em 399 a.C.. Platão, discípulo de Sócrates, defendeu o mundo da metafísica, alegando que todas as coisas que vemos ou sentimos, nada mais é que uma tênue lembrança do “mundo das idéias”. Tentava explicar seu pensamento pelo “mito da caverna”. Segundo ele, quando passamos por uma caverna onde se encontra um prisioneiro, pela sombra refletida na pedra, temos a certeza que ele está ali, mesmo sem vê-lo. Foi o fundador da Academia de Atenas e sua obra mais famosa é a República, na qual defende uma forma ideal de governo para a sociedade. Segundo ele, o poder deveria ser exercido por sábios e sustentado pela mão de obra escrava.

Aristóteles, discípulo de Platão, foi o principal pensador da sistemática. Considerado como o “pai da lógica”, fundou o Liceu e realizou vários estudos sobre os mais diversos assuntos. Observou as plantas os animais, o movimento dos corpos, os astros, etc. Assim, Aristóteles deixou grandes contribuições para a ciência moderna.

Império Macedônico – Séculos seguidos de guerras internas e externas debilitaram o poderio grego e abriram espaço para a ascensão da Macedônia, região no norte da Grécia anteriormente ocupada por tribos trácias que foram assimiladas pelas migrações e cultura gregas. A expansão macedônica começa em 359 a.C., com o início das campanhas de Filipe II. À frente do governo, Filipe realizou uma reforma no exército, criando uma poderosa cavalaria e uma infantaria (falange macedônica), que utilizava longas lanças com lâminas nas pontas, chamadas sarissas. Além disso, impulsionou uma reforma administrativa, instituindo tributação e implantando uma moeda, chamada de filípia, cunhada a partir da exploração de ouro das minas do monte Pangeu. Pressentindo o perigo, Demóstenes, grande orador ateniense, começou a alertar seus concidadãos sobre o avanço do inimigo. Seus discursos ficaram conhecidos como Filípicas. Quando os gregos se deram conta do perigo, já era tarde. Em 338 a.C., na Batalha de Queronéia, atenienses e tebanos foram derrotados pelas forças macedônicas. Com astúcia política, conhecedor do individualismo das cidades-estados, Filipe respeitou sua autonomia. Pôde, assim, organizar os gregos para um ataque contra os persas. As relações econômicas e culturais entre o Mediterrâneo e o Oriente se intensificaram com o estabelecimento do Império Macedônico. Mas, em 336 a.C., quando acabava de ser eleito chefe da liga militar greco-macedônica, na Conferência de Corinto, Filipe II foi assassinado. Foi sucedido por seu filho Alexandre, o Grande, que expandiu o império, fundando mais de 70 cidades, muitas conhecidas como Alexandria, inclusive, a mais famosa, no Egito. Essas cidades funcionavam como mercados de intercâmbio com a China, Arábia, Índia e o interior da África e facilitam a difusão cultural grega.

Alexandre, o Grande (356 a.C.-323 a.C.), filho de Filipe II, assumiu o reino da Macedônia aos 20 anos, após o assassinato do pai. Aluno de Aristóteles, passou a apreciar a filosofia e as ciências. Estabeleceu completo domínio sobre a Grécia, após sufocar uma revolta de várias cidades-estados. A cidade de Tebas, líder da revolta, foi destruída. Em 334 a.C., na Batalha de Granico, apossou-se da Ásia Menor. Conquistou a Palestina e Egito, avançou através da Mesopotâmia e chegou à Índia. Em 13 anos, Alexandre, também conhecido como Magno, cria o maior império territorial até então conhecido. No delta do rio Nilo funda Alexandria, que logo se projeta como pólo cultural e comercial. Morre de febre aos 33 anos, na Babilônia.

Divisão do império – O império Macedônico se organiza em nove reinos ou diádocos, considerados propriedade privada. A base do poder desses reinos é o exército mercenário e a coleta de impostos. A morte de Alexandre, em 323 a.C., abre um processo de disputas em que se envolvem os diádocos ou generais pelo domínio do império e se estendem até 280 a.C. Resultam na formação de três grandes reinos com dinastias independentes: o Reino da Macedônia, incluindo a Grécia, ficou com Antígono; o Reino do Egito, com Ptolomeu; a Ásia Menor ficou com Seleuco. Nos séculos II e I a.C., os reinos helenísticos foram conquistados paulatinamente pelos romanos, que se tornaram os verdadeiros sucessores do império criado por Alexandre Magno.

9-Período Helenístico – Estende-se de 338 a 30 a.C., período que corresponde à expansão e o posterior declínio do império de Alexandre, o Grande, da Macedônia. As conquistas de Alexandre e a fundação dos reinos diádocos difundem a cultura grega no oriente. A biblioteca de Alexandria, com 100 mil rolos de papiros, transforma-se no centro de irradiação cultural do helenismo, incentivando um novo florescimento da geografia, matemática, astronomia, medicina, filosofia, filologia e artes. Em 220 a.C. começa uma crise econômica e política, a ascensão de novas potências e a

reação dos povos gregos contra o helenismo, contribuindo para o seu declínio. A tomada de Alexandria pelas legiões romanas, em 30 a.C., encerra o período.

Desafio

1. (COVEST/91) Aristóteles, ao afirmar que: “o privilégio do homem livre não é a liberdade, mas a ociosidade”, revela o sentido do trabalho e o papel do escravo na Cidades-Estados gregas. Quanto ao escravo na Grécia Antiga, identifique as proposições verdadeiras e as falsas.

0-0-era principal responsável pela produção exportada, permitindo o desenvolvimento do comércio. 1-1-trabalhava exclusivamente na agricultura produzindo alimentos para a sociedade. 2-2-era obrigado a pagar as banalidades e os impostos “in natura”, para garantir o sustento do seu senhor. 3-3-dirigia e orientava trabalhadores na indústria, ocupando lugares de administradores. 4-4-possuía direitos civis e políticos, devido à intensa participação na vida econômica.

2. (UNICAP/90) Principais características da cidade-Estado grega (pólis)

0-0-foi, essencialmente, a base da organização religiosa e econômica dos povos gregos; 1-1-era formada pela acrópolis, a parte central da cidade, e as terras em volta eram utilizadas

para a caça; 2-2-o seu centro político e religioso se localizava no alto e era denominado “acrópole”. 3-3-os habitantes do território, exceto os escravos e estrangeiros, eram cidadãos e , juntos,

organizavam a vida política da cidade. 4-4-a base rural-escravista foi o sutentáculo de sua organização e impediu problemas de

abastecimento.

3. “Com a nova divisão da sociedade, qualquer cidadão poderia participar das decisões do poder. Apenas os escravos e os metecos (estrangeiros) não participavam das decisões políticas , pois não tinham direito de cidadania."

Ao texto pode-se associar:

A) Dracon e a expansão colonial em direção ao Mediterrâneo. B) Sólon e a militarização da política espartana. C) Psístrato e a helenização da península Balcânica. D) Péricles e a hegemonia cultural grega no Peloponeso. E) Clístenes e a democracia escravista.

4. (UNIFOR) Considere as seguintes proposições:

I. As leis de Sólon tornaram-se célebres por sua rigidez; II. Drácon fez aprovar, em Atenas, leis de caráter popular; III. Clístenes instituiu um tipo de democracia em Atenas; IV. Os arcontes eram magistrados que governaram Atenas, após a queda da monarquia. Marque: A) se apenas II e III forem verdadeiras; B) se todas forem verdadeira; C) se apenas II e IV forem verdadeiras; D) se apenas III e IV forem verdadeiras.

5. Analise a alternativa correta: a) A democracia grega consagrou princípios da igualdade social e política, universalizando a cidadania para todos, respeitando a liberdade de escolha política.

b) A mitologia e a religião gregas destacavam a fragilidade dos deuses, com desejos e necessidades humanas, mas subordinadas à vontade de Zeus, que não foi desafiada.

c) O auge da democracia grega coincidiu com o fim das tiranias políticas, o fim do militarismo espartano e consagração de sua unidade administrativa e econômica tão significativa para sua cultura.

d) A arte grega pouco contribuiu para as concepções estéticas romanas, sendo impossível estabelecer comparações entre suas obras, pois negaríamos o relativismo histórico.

e) A cultura grega foi marcante para o mundo ocidental e sua importância, ainda hoje, é visível na produção do conhecimento e mesmo na compreensão que temos do mundo e do homem.

6. Sobre a primeira e segunda Diásporas (dispersão) grega é incorreto afirmar que: a) A chegada dos dórios à Grécia reforçou a expansão da civilização micênica em direção à Ásia.

b) Os aqueus, jônios e eólios realizaram a primeira experiência grega de colonizar outras terras.

c) A expansão territorial grega muito se deve as técnicas de navegação adquiridas pelos cretenses.

d) A tomada de Tróia, cidade da Ásia Menor permitiu o domínio grego no comércio marítimo entre o mar Egeu e o mar Negro.

e) A Segunda expansão grega durou mais de dois séculos e levou a civilização cretomicênica à África e a China.

7-A cultura clássica não surgiu num vazio histórico. Ela tem suas vinculações com as invenções,

pensamentos e ações dos outros povos da Antigüidade. A filosofia grega é um exemplo do que afirmamos anteriormente.

Neste sentido, seria correto afirmar que: a) os gregos e os romanos foram os únicos povos que realmente contribuíram para a

construção da cultura ocidental; b) os romanos conseguiram uma originalidade destacada na maneira de pensar os

problemas gerais do ser humano; c) apenas a arquitetura grega se destaca pela sua originalidade; d) a mitologia grega é apenas uma síntese das crenças do antigo oriente; e) a própria filosofia teve, no início, seus principais representantes na Escola Jônica de

origem asiática.

8. Na construção da sociedade ocidental, há um destaque, dado por muitos historiadores, aos feitos da civilização grega, nos setores mais diversos da sua vida. Muitos feitos culturais dos gregos:

a) Permanecem atuantes na contemporaneidade, contribuindo para o pensamento ocidental, inclusive na formulação de seus valores éticos e políticos.

b) Distanciam-se totalmente dos princípios dos nossos tempos, não sendo retomados pelos pensadores do mundo atual.

c) Estão restritos aos tempos da Antiguidade clássica, onde predominavam os interesses da aristocracia comercial de Atenas.

d) São diferentes dos feitos dos romanos e dos de outros povos da Antiguidade, pela universalização das suas práticas democráticas e estéticas.

e) Ficaram restritas as conquistas estéticas da Arquitetura e da escultura, onde se salientava a harmonia das formas como princípio estético.

9. A arte grega construiu espaço significativo na história do mundo ocidental. Sobre esta arte, pode-

se afirmar que a) Privilegiou a pintura e a música, inspirando os artistas do tempo medieval e do

renascimento. b) Teve, na arquitetura, obras de destaque, em que um dos princípios básicos era a

harmonia das formas.

c) Se destacou com originalidade, na música da antiguidade, influenciando depois os grandes artistas modernistas.

d) Se preocupou em seguir os ensinamentos realistas de Platão – o filósofo maior da cultura grega que se dedicou ao estudo da estética.

e) Não teve penetração na vida cotidiana das grandes cidades gregas, sendo apenas admirada pelas escolas estilizadas.

GABARITO: 1-fffff; 2-vfvvf; 3-e; 4-d.5-e;6-e;7-e;8-a;9-b;.