henrique barcellos guimarães
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Henrique Barcellos Guimarães
ANÁLISE DOS GOLS NO CAMPEONATO MINEIRO DE FUTSAL SUB-20 2009
Belo Horizonte
2010
Henrique Barcellos Guimarães
ANÁLISE DOS GOLS NO CAMPEONATO MINEIRO DE FUTSAL SUB-20 2009
Monografia apresentada ao Curso
de Graduação em Educação
Física da Escola de Educação
Física, Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da Universidade
Federal de Minas Gerais, como
requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Educação
Física.
Orientador: Prof. Dr. Pablo Juan
Greco
Belo Horizonte
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG
2010
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos colegas de graduação, turma “NO DOLLARS”, pelo auxilio e
por tornar essa caminhada mais fácil prazerosa.
Ao Professor Pablo Greco, por ser a inspiração da minha formação
acadêmica e me ajudar em mais uma missão.
Aos Professores Pablo Ramon ”Pablito”, Guilherme “Carioca” e Bruno Pena
pelo apoio e artigos de futsal.
Amigos do CECA, Beto, Éder, Marcelo...
Aos treinadores que me apresentaram o futsal de rendimento, em especial
Carlos Henrique “Catatau”, Ronaldo Nogueira “China” e Rafael Cózzi. Além deles
agradeço aos clubes (Atlético-MG, Oásis Clube, Olympico Club e Contagem) onde
tive a oportunidade de conhecer e aprender ainda mais sobre esse esporte tão
especial.
Obrigado a toda minha família por ser à base do meu sonho e permitir que eu
pudesse alcançar o sucesso na graduação.
Agradeço também a Ana pelo seu amor e compreensão e por estar comigo
em todos os momentos da minha vida.
Por fim, agradeço aos amigos e todos aqueles que fizeram parte da minha
história.
A graduação acabou, mas a vida está apenas começando...
Obrigado!
"A nossa arma é o tênis
O nosso lugar é a quadra,
O nosso caminho é o gol.
A nossa amiga é a bola,
O nosso medo é a contusão,
O nosso desejo é se profissionalizar.
O nosso sonho e chegar à seleção brasileira
O nosso ódio é o adversário,
A nossa união é o time,
A nossa musica é o som da torcida!
O nosso vicio é a quadra,
Nosso verbo é jogar,
A nossa fala: eu sou um vencedor,
A nossa vida: é o futsal!"
(Autor Desconhecido)
Epígrafe
“Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar
no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo ou que você
nunca vai ser alguém...
Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si
mesmo
Quem acredita sempre alcança!”
(Renato Russo)
RESUMO
O Futsal é um esporte genuinamente brasileiro e com as alterações nas regras,
evoluções nos regulamentos, a especialização da modalidade em termos técnicos,
tácticos e energético-funcionais, juntamente com o surgimento dos jogadores a partir
das categorias de base, o Futsal afasta-se cada vez mais da modalidade que lhe
deu origem, o Futebol, conquistando um espaço próprio no universo dos Jogos
Esportivos Coletivos (JEC). A análise de jogo a partir da observação do
comportamento dos jogadores e das equipes é uma ferramenta fundamental no
âmbito do controle e prognóstico do treinamento esportivo. Estudar os aspectos
técnico-táticos dos fatores determinantes que interferem na realização do gol, e
consequentemente no resultado da partida torna-se relevante no contexto dos JEC.
O objetivo do presente estudo é identificar os aspectos técnico-táticos relevantes
para a ocorrência dos gols em 5 jogos da fase final, na categoria sub-20, do
Campeonato Mineiro de Futsal de 2009. As variáveis observadas foram setor de
finalização, dominância do atleta, execução da finalização, forma de execução e
situação da finalização, coletadas a partir de uma planilha de scout adaptada de
estudos recentes. De forma a verificar a consistência dos dados analisados no
estudo foi feita uma análise de confiabilidade intra-observador e inter-observador. Os
resultados obtidos mostraram percentagens de acordos acima dos limites mínimos
definidos pela literatura, ou seja, 80% (VAN DER MARS, 1989). Foram encontrados
53 gols, nos 5 jogos analisados, demonstrando que a maioria dos gols foi feito com a
parte externa do pé (43,39%), obtendo melhor aproveitamento com apenas um
toque na bola (49,07%) e ainda com a trajetória da bola rasteira (54,72%). Sugere-
se que a partir do presente estudo novas pesquisas sejam realizadas, avaliando os
aspectos técnico-táticos relevantes na marcação do gol.
Palavras Chave: Futsal, Análise de Jogo, Gol
ABSTRACT
The Futsal (soccer indoor) is Brazilian genuine sport, and the rule changes so as the
development of the modality in technical, tactical and functional-energetic terms
together with the emergence of base category, the Futsal differ even more from the
sport that gave it birth, the soccer, and conquered a unique space in the universe of
the collective team games (JEC). The game analysis of the players’ and teams’
behavior observation is an indispensable tool in the scope of sports training control
and prognosis. Study the technical-tactical aspects of the determinant factors that
interfere in the goal achievement and consequently in the matches’ result become
relevant for the collective team games context. The objective of the present study is
identifying the relevant technical-tactical aspects for the goals occurrence in 5
matches of the sub-20 final round of the Mineiro Championship of 2009. The
observed variables were the sector of conclusion to goal, athlete’s dominance,
execution of conclusion to goal and the situation of conclusion to goal. In order to
verify the analyzed data consistence a reliability analysis between intra-observer and
inter-observer was made. The found data showed higher percentages of agreement
when compared with the data of the remaining literature, it means, 80% (VAN DER
MARS, 1989). 53 goals were found in the 5 analyzed matches, what showed that
most of the goals was done with the external part of the foot (43, 39%), with a better
performance, the goals when the ball was touched just once (49,07%) and with a
ground trajectory (54,72%). It is suggested that from the present study new
researches be done, evaluating the relevant technical-tactical aspects in scoring
goals.
Key words: Futsal (Soccer indoor), Game analysis, Goal.
LISTA DE QUADROS Quadro 1: Capacidades táticas no futsal. ......................................................... 21
Quadro 2: Percentual de acordos inter e intra-obervadores ............................. 35
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Classificação dos esportes de oposição/ cooperação. .......................... 16
Figura 2 – Sub - categorização dos jogos de invasão. ........................................... 17
Figura 3 - Fluxograma de desenvolvimento das estruturas dos JEC. .................... 17
Figura 4 - Fatores que contribuem para o sucesso ou melhoria da performance nos
jogos de invasão .................................................................................................... 18
Figura 5 - Sistema 2-2. ........................................................................................... 24
Figura 6 - Sistema 3-1............................................................................................. 25
Figura 7 - Sistema 2-1-1. ........................................................................................ 25
Figura 8 - Interação do processo de análise do jogo com o treino e a
performance............................................................................................................ 30
Figura 9 - Demarcação utilizada para identificar a área de finalização ................. 32
Figura 10 - Campograma dos valores percentuais de finalização em cada setor ..41
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Descrição geral dos dados do estudo ............................................. 36
Tabela 2 - Valores Percentuais em Relação à Execução ................................ 37
Tabela 3 - Valores Percentuais em Relação à Forma de Execução ................ 37
Tabela 4 - Valores em Percentual do Número de Contatos Precedentes a realização
do gol ................................................................................................................. 38
Tabela 5 - Valores Percentuais em Relação à Circunstâncias do Gol .............. 39
Tabela 6 - Valores Percentuais em Relação ao Setor de Finalização .............. 40
Tabela 7 - Valores Percentuais em Relação à Trajetória do gol ....................... 41
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 13
2.1 Futsal ..................................................................................................... 13
2.2 O Futsal e os Jogos Esportivos Coletivos ......................................... 14
2.3 Futsal e os Aspectos Técnicos e Táticos ........................................... 18
2.3.1 Sistemas de Jogo e Situações de Finalização ............................. 23
2.4 Análise de Jogo ..................................................................................... 28
3 MÉTODOS .................................................................................................... 32
3.1 Amostra ................................................................................................. 32
3.2 Materiais e Métodos .............................................................................. 32
3.2.1 Explicitações das variáveis (aspectos técnico-táticos) .............. 32
3.3 Procedimentos ...................................................................................... 34
3.4 Análise Estatística e Delineamento ..................................................... 34
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ........................................ 36
5 CONCLUSÃO ............................................................................................... 43
6 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 45
7 ANEXO............................................................................................................51
9
1 INTRODUÇÃO
Tal como na maioria das modalidades esportivas, há divergências
na literatura quanto ao surgimento do futsal. Há uma versão de que
tenha surgido em 1934 na Associação Cristã de Moços, em Montevidéu,
Uruguai, sendo chamado de Indoor-foot-ball. Outra versão é que tenha
começado em São Paulo (Brasil), em 1940, também na Associação
Cristã de Moços. A explicação para seu início é que havia uma enorme
dificuldade para se encontrar campos de futebol disponíveis para
praticarem o esporte. Dessa forma começaram a praticar em quadras de
basquete. Somente nos anos 90 do século XX a FIFA passou a realizar
as Copas do Mundo de Futsal de quatro em quatro anos, assim como já
acontecia no futebol. Com isso, evidenciou-se o crescimento dessa
modalidade em nível mundial (CBFS, 2010).
Saad (2000) afirma que apesar das primeiras regras do esporte
terem surgido no Uruguai, foi no Brasil que o futebol de salão se
desenvolveu, evolui e divulgou-se para o mundo inteiro. Dessa forma
pode-se afirmar que o futebol de salão, hoje chamado de futsal, é um
esporte brasileiro.
Com essas alterações nas regras, evoluções nos regulamentos, a
especialização da modalidade em termos técnicos, tácticos e energético-
funcionais, juntamente com o surgimento dos jogadores a partir das
categorias de base, o Futsal parece afastar-se cada vez mais da
modalidade que lhe deu origem, o Futebol, conquistando um espaço
próprio no universo dos jogos esportivos coletivos. (AMARAL;
GARGANTA, 2005)
No entanto, mesmo com o claro desenvolvimento dessa
modalidade às pesquisas científicas ainda são escassas. Sendo que as
investigações existentes têm sido em maior número no sentido dos
aspectos relacionados com sistemas energético-funcionais, mas são
10
menos as direcionadas aos aspectos técnico-táticos. (AMARAL;
GARGANTA, 2005)
Os componentes da técnica, e da tática nos JEC, denominados
no ambiente de futsal como meio técnicos ou de fundamentos técnicos
são elementos constitutivos do rendimento em esportes. Neste estudo
serão considerados ambos na sua interação, e na visão do produto da
ação, ou seja do comportamento técnico-tático no jogo. Será sempre
através de um comportamento técnico-tático que se define a atitude dos
jogadores no que se refere a “o que fazer” (aspecto tático) e “como
fazer” (aspecto técnico) em um jogo. (Greco et.al., 2008 apud Roth,
1989). O comportamento tático na situação de jogo relaciona-se com
aspectos perceptivos e de tomada de decisão o qual apresenta uma
solicitação dos processos cognitivos, particularmente do conhecimento
técnico-tático, do conhecimento processual e do conhecimento
declarativo, que se relacionam com os processos de pensamento
(tático). As ações táticas dos jogos esportivos coletivos de invasão
apresentam situações com alta imprevisibilidade devido ao contexto
ambiental, essa que solicita do atleta a adaptabilidade situacional da
técnica, juntamente com os objetivos táticos característicos da
modalidade. Assim, a inteligência tática (caracterizada como a melhor
tomada de decisão conforme alguns autores – Duarte Araujo, 2006;
Roth, 1989) do atleta é definida tanto pelo seu conhecimento técnico
quanto pelo seu conhecimento tático, fazendo com que ele possa
produzir uma adequada resposta motora de acordo com sua habilidade
cognitiva. (GRECO et. al., 2008)
O Futsal é classificado como um jogo esportivo coletivo, sendo
uma modalidade de oposição/cooperação onde jogadores da mesma
equipe, em cooperação, tentam alcançar seus objetivos ao mesmo
tempo em que os adversários, em oposição, buscam impedir a
realização desses objetivos. O Futsal também é uma modalidade de
invasão, já que suas ações acontecem em um espaço comum, com
participação simultânea de atacantes e defensores em relação à bola,
sem esperar a ação final do adversário. “Assim, em determinados
11
momentos, os jogadores se concentram em pequenos espaços o que,
aliado ao fato do controle da bola ser feito com os pés, diferentemente
de outros esportes, exige dos mesmos, além da capacidade de tomada
de decisão, um elevado refinamento técnico no domínio da bola com os
pés”. (SILVA; GRECO, 2009)
Com isso, a análise de jogo se torna fundamental nos treino e nas
competições, pois fornece informações a respeito do efeito das tomadas
de decisões dos atletas. Sendo que, a partir dessas informações é
possível o aprimoramento dos aspectos técnico-táticos do atleta, assim
como o planejamento e o controle dos treinamentos.
Hoje em dia existem variados meios e métodos para se analisar
os jogos. Esses foram aperfeiçoados ao longo dos anos, com isso,
treinadores e investigadores procuram entender qual é a informação
vinculada à análise do jogo e nela procura benefícios para aumentar os
conhecimentos acerca do jogo e também melhorar a qualidade dos
treinos e consequentemente uma melhora nos jogos. (GARGANTA,
2001)
A informação recebida a partir da análise do comportamento dos
atletas em contextos naturais (treino e competição) é atualmente
considerada uma das variáveis que mais afetam a aprendizagem e a
eficácia da ação no esporte (HUGHES & FRANKS, 1997 apud
GARGANTA, 2001). Assim, o conhecimento da eficiência com que os
jogadores e as equipes podem realizar as diferentes ações durante o
jogo tem-se revelado fundamental para entender como aproximar os
treinamentos da realidade do jogo. Possibilitando assim um maior
direcionamento das atividades realizadas nas sessões de treinamento.
(GARGANTA, 2001)
O presente estudo tem como objetivo identificar os aspectos
técnico-táticos relevantes para a ocorrência dos 53 gols em 5 jogos da
fase final, na categoria sub-20, do Campeonato Mineiro de Futsal de
2009. A partir da análise das ações dos jogadores em quadra, pode-se
aprimorar a qualidade dos treinamentos visando uma maior aproximação
12
da realidade do jogo. Além de contribuir com a, ainda pequena, base de
dados da modalidade.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Futsal
Os jogos de futsal são realizados em uma quadra retangular com as
dimensões conforme o tipo de competição. Para a Liga de Futsal masculina e
competições da categoria adulta, em nível nacional, o comprimento mínimo é
de 36 metros e o máximo de 42 metros, e a largura mínima é de 18 metros e a
máxima de 25 metros (CBFS, 2010). As partidas são disputadas por duas
equipes formadas por até 5 atletas cada, sendo que um obrigatoriamente deve
ser o goleiro. Cada equipe pode ter até sete atletas reservas e é permitido um
número indeterminado de substituições (CBFS, 2010).
Os jogos são compostos por dois períodos de vinte minutos cada, sendo
que o tempo de jogo é efetivo (cronometrado). Ou seja, a cada interrupção do
jogo (faltas, gols, bola fora de jogo, tempo técnico, etc.) o cronômetro é parado
e é iniciado novamente somente quando a partida volta a ser disputada. Cada
equipe tem direito a solicitar um tempo técnico, com duração de um minuto, por
período de jogo (CBFS, 2010).
Em função das constantes interrupções no cronômetro, o tempo total
das partidas de futsal é de aproximadamente 76 minutos (GARCIA, 2004), o
que significa que o tempo real de jogo (40 minutos) é semelhante ao tempo
total de pausa (36 minutos) .
O objetivo do jogo é marcar gols e não deixar que a equipe adversária o
faça. O futsal é caracterizado por ser um jogo coletivo, desta forma exige que o
praticante tenha um conhecimento técnico e tático desenvolvido. “As demandas
físicas e psicológicas também são importantes ao caracterizar a modalidade,
das necessidades físicas podem ser citadas a velocidade, força, flexibilidade,
resistência aeróbica e anaeróbica como importantes para um bom preparo
físico para a modalidade. Já na psicologia pode-se citar a motivação, a
concentração, a coesão de grupo, liderança, ansiedade, personalidade, como
pontos interessantes para serem trabalhados com o futsal” (Caldeira Léo, 2010
apud Goulart, 2008).
14
2.2 O Futsal e os Jogos Esportivos Coletivos
Os aspectos estruturais presentes no jogo de futsal apresetam uma
contextualização no meio dos JEC. Assim, torna-se importante a descrição das
estruturas funcionais do jogo de futsal, com o intuito de se estabelecer
semelhanças e diferenças com outras modalidades. Desse modo, a
classificação do futsal no contexto JEC permitirá evidenciar as suas
especificidades.
Segundo Souza (2002), os JEC caracterizam-se pelos(as):
Noção de confronto e de colaboração, ou seja, momentos de oposição
pelos adversários e de colaboração dos colegas (GRECO, 1998);
Fatos cuja freqüência, ordem cronológica e complexidade não podem
ser previstas antecipadamente (GARGANTA, 1998);
Elevada variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade das ações, no
qual duas equipes em confronto, disputando objetivos comuns, disputam
para administrar em proveito próprio, o tempo e o espaço, realizando em
cada momento, ações reversíveis de sinal contrário (ataque – defesa)
sustentadas em relações de oposição – cooperação (GARGANTA,
1998);
Ações de cada atleta, que variam de acordo com a situação ambiental
(placar do jogo, jogo em casa ou fora, jogador a mais ou a menos na
equipe, etc.) relacionadas com os objetivos do jogo (GRECO,1998);
Fatores comuns a todas as modalidades esportivas coletivas: a bola, o
espaço, o objetivo do jogo (gol, ponto, etc.), o regulamento (tempo de
jogo, delimitações do campo de jogo, número de jogadores, formas
permitidas de jogar / lançar / rebater a bola, características da bola
formas de comportamento perante o adversário, punições e
penalidades), colegas, adversários, público e situação (BAYER, 1986).
15
Ocupação do espaço de jogo, que no caso do futsal, de acordo com a
abordagem do Teaching Games for Understanding (TGFU), é
classificado como um jogo de invasão territorial (HOPPER; BELL, 1999).
Para a classificação do futsal nos JEC, este estudo adotou como base a
caracterização apresentada por Bayer (1986), aliadas as observações de
Moreno (1994) e de Read e Edwards (1992). Portanto, leva-se em
consideração:
A interação entre os aspectos: espaço; forma de participação.
A natureza do conflito ou forma de interação entre os atletas.
Os aspectos físicos e regulamentares que influenciam diretamente a
dinâmica do jogo.
Dessa forma Moreno (1994) classifica os esportes de cooperação /
oposição em três grupos de esportes de equipe:
formado por aqueles esportes cuja ação se desenvolve num espaço
separado e com a participação sobre a bola de forma alternada;
constituído por aqueles esportes que possuindo um espaço comum para
as duas equipes, a forma de intervenção ou de ação sobre a bola
(móvel) deve acontecer de forma alternada;
esportes que desenvolvem sua ação em um espaço comum e com
participação sobre a bola, de forma simultânea. Esta classificação pode
melhor ser visualizada na FIGURA 1.
16
Figura 1: Classificação dos esportes de oposição/ cooperação (MORENO, 1994).
Hughes e Bartlett (2002) apresentaram, na figura seguinte (FIGURA 2),
as subdivisões dos esportes de invasão, exemplificando esportes comuns a
cada categoria. As regras do jogo são os parâmetros levados em consideração
para esta classificação. Apesar desta diferença, os indicadores da performance
são muito comuns dentro destas categorias de análise.
CAM
Companheiro – Adversário – Meio Ambiente
Espaço
Comum Separado Simultâneo Alternado
Basquetebol
Handebol
Futebol
Hockey
FUTSAL
Squash
Tênis
Voleibol
Badminton
Participação
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Figura 2: Sub-categorização dos jogos de invasão, com alguns exemplos comuns(HUGHES e
BARTLETT, 2002).
Segundo Irokawa (2009) o Futsal pode ser entendido como “uma
modalidade de espaço de jogo comum entre as duas equipes; de participação
e disputa pela posse da bola de forma simultânea; que tem a partida finalizada
a partir do tempo de jogo; que dentro dos esportes de invasão é classificado
como jogo de objetivo de rebatida (como o futebol).”
Greco (1995) elaborou um fluxograma de desenvolvimento das
estruturas de um jogo. A seqüência das ações do jogo de Futsal, também pode
ser visualizada nessa matriz do desenvolvimento das estruturas dos JEC. Veja
Figura 3.
Figura 3: Fluxograma de desenvolvimento das estruturas dos JEC (adaptado de Greco,
1995)
18
Como uma modalidade classificada nos JEC, afirma-se que o futsal
contém vários indicadores do desempenho esportivo, assim como em outros
esportes. Hughes e Bartlett (2002) apresentam a figura abaixo (FIGURA 4)
para facilitar a compreensão dos indicadores de performance no futebol, no
entanto os autores indicam que a mesma pode ser adaptada a qualquer jogo
de invasão. No presente estudo, a adaptação na nomenclatura do indicador de
performance será feita para o futsal.
Figura 4: Alguns fatores que contribuem para o sucesso ou melhoria da performance nos jogos de
invasão (HUGHES e BARTLETT, 2002).
Dentre os indicadores apresentados na figura acima, o gol, entendido
como o momento de definição do jogo, é o foco desse estudo.
2.3 Futsal e os Aspectos Técnicos e Táticos
Souza (1998) infere que a técnica no futsal, são os meios que os atletas
utilizam para alcançar um objetivo previamente definido. Desse modo, pode se
remeter a técnica como um dos meios utilizados pelos jogadores para
resolverem situações-problemas que certamente ocorrerão em diferentes
momentos de uma partida.
19
De acordo com Sampedro (1997) e Fidelis (2004) as técnicas no futsal
são realizadas em espaços reduzidos, o que exige de seus praticantes uma
execução de forma rápida e precisa dos gestos técnicos. Assim, seria
exatamente esta técnica que diferenciaria um jogador do outro. Alguns
jogadores executam os movimentos técnicos com extrema facilidade,
habilidade e plasticidade. (IROKAWA, 2009).
A utilização dos gestos técnicos no futsal pode ocorrer, com ou sem a
bola, assim, Souza (2002) dividiu as técnicas em: técnicas de ataque e técnicas
de defesa. A partir dessa diferenciação, Pessoa (2005), definiu as técnicas
individuais como:
Passe: é o ato de entregar a bola diretamente ao colega ou a um
espaço vazio em que o colega poderá alcançar.
Recepção: “é o ato de interromper a trajetória da bola vinda de
passes ou arremessos” (FERREIRA, 1994).
Condução: é a ação de andar ou correr com a bola próxima aos
pés pelos espaços da quadra.
Drible: “ação individual, exercida com a posse de bola, visando
ludibriar, um oponente tentando ultrapassá-lo” (FERREIRA,
1994). Para Voser (2001) a finta é o movimento executado sem
bola e pode ser feito com qualquer parte do corpo, basta realizar
um movimento e se deslocar no inverso.
Chute: “ação de golpear a bola, visando desviar ou dar trajetória à
mesma, estando ela parada ou em movimento” (FERREIRA,
1994).
Marcação: “a marcação é a ação de impedir que o adversário
receba a bola, ou que o mesmo progrida pela quadra de jogo”
(VOSER, 2001).
A tática no esporte pode ser entendida como a resolução dos problemas
que aparecem nas diversas situações e consiste em saber o que fazer, quando
20
há algo a fazer. É a ação em curto prazo que permite um sucesso momentâneo
(SILVA, 2007).
Nos jogos esportivos coletivos, se relaciona com os fatores espaço-
tempo-bola-colega-adversário representando para o atleta, uma tarefa ou
problema a ser resolvido (GRECO; BENDA, 1998).
Greco (2000) define a tática como uma capacidade senso-cognitiva,
baseada em processos psico-fisiológicos de recepção, transmissão, análise de
informações, elaboração de uma resposta até a execução motora concretizada
com o emprego de uma técnica específica. Assim, é possível inferir que a partir
de um parâmetro situacional, constituído na trilogia que abrange tempo-
espaço-situação (SOUZA, 2002), um comportamento tático correto implicará
em uma tomada de decisão em relação ao objetivo proposto, escolhida entre
um leque de alternativas de ação.
No futsal a capacidade tática, representa o conjunto de possibilidades
das tomadas de decisão ou de escolhas das alternativas, baseadas em
conhecimentos adquiridos, que procuram resolver situações-problema que
atletas encontram numa situação de jogo (SOUZA, 1999). Assim, o
comportamento tático de uma equipe refere-se muito aos conhecimentos de
cada atleta e sua capacidade de selecionar ações corretas para uma
determinada situação, estimulando o pensamento divergente e convergente
durante execução de tarefas.
As decisões sobre “o que fazer”, “quando fazer”, “onde fazer”, “por que
fazer” e “como fazer” são elementos importantes de compreensão do jogo, o
que possibilita aos atletas se comportar de maneira inteligente durante a
partida, com isso, Souza (2002) apresenta características relevantes ao
comportamento tático no futsal. (QUADRO 1).
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C
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FUNÇÃO
DEFESA ATAQUE GOLEIRO
INDIVIDUAL INDIVIDUAL INDIVIDUAL
Marcação à distância;
Acompanhamento;
Antecipação;
Abordagem;
Desarme.
Quando: passar, chutar,
driblar, conduzir e
receber;
Desmarcação;
Levar marcação,
abrindo espaços.
Situações padronizadas:
- Ex: penalidade máxima,
escanteio, tiros livres com
ou sem barreira;
Quando realizar:
empunhadura, espalmar,
saída do gol, lançar e
queda lateral.
GRUPO GRUPO GRUPO
Troca de marcação;
Flutuação;
Cobertura;
Ajuda;
Balanço defensivo.
Tabela;
Bloqueio;
Cruzamento;
Corta-luz.
Distribuição de tarefas
nos tiros livres com
barreira, cobrança de
arremessos de laterais e
de canto em relação ao
colega de fecha a linha de
passe ou chute;
Saída de bola e/ou
início de contra-ataque.
Opção ofensiva.
CONJUNTO CONJUNTO CONJUNTO
Quanto ao tipo:
- Individual;
- Zona;
- Misto.
Quanto ao espaço:
- Meia-quadra;
- Meia-pressão;
- Pressão no homem da
bola;
- 1-2-1;
- Meio aberto;
- 1-1-2.
Bolas Paradas.
Jogo posicional ou
sistemas de jogo:
- 2-2, 2-1-1, 3-1, 1-3, 4-0;
Jogo com câmbio de
formação;
Tática de contra-
ataque;
Infiltrações com o pivô
no lado contrário;
Utilização do pivô;
Bolas paradas.
Uso ou não do contra-
ataque;
Posição frente ao ataque
da própria equipe (como
líbero no 1-3);
Comportamento frente
a situações especiais:
- pressão;
- superioridade numérica;
- inferioridade numérica;
Adaptar-se ao sistema
defensivo;
Distribuição de tarefas
nos tiros livres com
barreira;
Opção ofensiva através
de um posicionamento
pré-determinado (goleiro-
linha). Quadro 1: Capacidades táticas no futsal (Adaptado de Souza, 2002).
Desse modo, os comportamentos dos jogadores de futsal são induzidos
pelas relações de cooperação e de oposição e, portanto, pelas sucessivas
transformações que ocorrem durante a partida. Portanto, para que a
cooperação seja eficiente, alcançando o objetivo pretendido, é necessário “um
22
conjunto de procedimentos ou capacidades especificas para a organização do
desenvolvimento do jogo, para a coordenação das ações individuais e para as
relações recíprocas de comunicação-cooperação” (SOUZA, 2002).
A partir dessa relação de cooperação e oposição a capacidade tática
pode ser diferenciada em táticas individuais, tática de grupo e táticas coletivas
(GRECO, 1995).
A tática individual diz respeito à ação de um jogador, que através da
aplicação de uma técnica, visa atingir um determinado objetivo (GRECO;
BENDA, 1998; SOUZA, 2002). Presente nas situações de 1x1 e pode ser
exemplificada no futsal, pela escolha de um jogador na utilização de
determinado fundamento técnico (passe, drible, chute, etc.) com o objetivo de
resolver um problema.
A tática de grupo pode ser evidenciada nas ações entre dois ou três
jogadores, através da realização de uma seqüência de técnicas individuais,
visando um objetivo comum (GRECO; BENDA, 1998; SOUZA, 2002). No futsal
pode ser explicitada por elementos táticos de ataque como: tabela, cruzamento
e corta luz; e de defesa como: troca de marcação, flutuação, cobertura, ajuda e
balanço defensivo (SOUZA; LEITE, 1998).
Já a tática coletiva é entendida como ações que envolvam mais de três
jogadores, realizadas a partir de um plano geral pré-estabelecido, no intuito de
alcançar o objetivo desejado (GRECO; BENDA, 1998; SOUZA, 2002). No futsal
um bom exemplo seriam os “padrões de jogo” (movimentações organizadas,
planejadas e padronizadas) que têm o objetivo de confundir o adversário,
provocando erros em seu posicionamento e permitindo a infiltração do atacante
nos espaços livres para se obter posição favorável à finalização (MUTTI, 2003).
Assim, em função dos objetivos deste estudo, serão descritas algumas
circunstâncias táticas nas quais uma oportunidade de gol pode ocorrer. Estas,
envolvem ações táticas de conjunto como o jogo organizado ou posicional,
contra-ataque, bola parada, além de situações como expulsão de algum
jogador e jogo com goleiro-linha. Também serão abordados aspectos como:
23
número de contatos com a bola precedentes à finalização, e o setor no qual
essas finalizações podem acontecer.
2.3.1 Sistemas de Jogo e Situações de Finalização
No intuito de reduzir a interferência do adversário na trajetória da bola,
os jogadores das equipes promovem movimentações para que a finalização
ocorra da melhor maneira possível. Entre elas, podemos citar as ações
realizadas com o jogo-organizado, os contra-ataques e as movimentações dos
jogadores nas situações de bolas paradas.
a) Jogo Organizado
Segundo Irokawa (2009) a “denominação deste tipo de situação é muito
vasta, podendo encontrar nomenclaturas como: sistemas ofensivos, jogo
posicional, manobras estratégicas ofensivas, combinações previamente
definidas, dentre outras nomenclaturas”. Assim, para facilitar a compreensão,
no presente estudo essas ações serão tratadas como jogo organizado. Essas
que podem ser definidas como sendo uma forma planejada (organizada) de
aplicar um sistema de jogo, a fim de tirar vantagens de todas as circunstâncias
da partida e obter resultados nas manobras realizadas (MUTTI, 2003).
O jogo organizado ou sistema de jogo ofensivo se constitui de situações
na qual a equipe visa desequilibrar a defesa adversária, através de conceitos e
padrões de jogo preestabelecidos, nos quais a movimentação é conhecida por
todos envolvidos na ação, com o objetivo imediato de concretização da jogada
em finalização a meta adversária.
Na literatura atual encontram-se os sistemas ofensivos, que dentre eles
serão descritos os mais utilizados e suas possíveis variações táticas de acordo
com Mutti (2003). Os sistemas de ataque podem ser: 2-2, 3-1 e 2-1-1. A partir
desses sistemas vários padrões de jogo podem ser aplicados.
24
Sistema 2x2
O sistema 2x2 (FIGURA 5) oferece poucas opções de jogadas, em razão
da colocação dos jogadores em quadra, pois a participação é limitada a dois
jogadores na quadra defensiva e dois na meia quadra ofensiva (MUTTI, 2003).
Muito utilizado para iniciantes no futsal devido a sua limitação de
movimentações e sua facilidade de execução.
Sistema 3x1
O Sistema 3x1(FIGURA 6) é considerado por Mutti (2003) como sendo
uma evolução do sistema 2-2, onde um dos atacantes retorna ao
posicionamento defensivo para dar maior consistência no inicio das jogadas
ofensivas da equipe. Desse modo, basicamente os jogadores ficam
posicionados 3 (três) em sua meia quadra defensiva e 1(um) na meia quadra
ofensiva. Nesse tipo de sistema, fica visível o posicionamento dos atletas com
suas determinadas funções, ou seja, fixo, alas e pivô. Esse sistema ofensivo
oferece uma variada gama de opções no que diz respeito a ações ofensivas, e
é o mais utilizado pelas equipes que possuem jogadores mais qualificados
(MUTTI, 2003).
Figura 5: Sistema 2-2
25
Sistema 2-1-1
Segundo Saad e Costa (2001), esse sistema é uma variação do sistema
2-2, utilizado contra uma marcação pressão, onde há dois jogadores da defesa
próximos a área de meta, um próximo ao meio da quadra e um na quadra
adversária. O sistema 2-1-1 (FIGURA 7) também é muito utilizado em saídas
de bola, no arremesso de meta, onde é pretendido atacar e confundir a defesa
adversária que possivelmente se encontraria despreparada devido ao
posicionamento ofensivo dos atletas (MUTTI, 2003).
A partir das combinações realizadas nos sistemas de jogo, ocorrerão os
padrões de jogo. Estes que são as movimentações, deslocamentos, trocas de
posições de forma planejada, organizada e padronizada, com o objetivo
ludibriar a marcação adversária para conseguir realizar uma finalização
Figura 6: Sistema 3-1
Figura 7: Sistema 2-1-1
26
(VOSER, 2003). O tipo de padrão de jogo a ser adotado deve ser coerente com
o sistema de jogo adotado pela equipe e pela capacidade técnica/tática de
seus jogadores. Dentre os utilizados podemos citar: o “padrão Redondo” e o
“padrão de Beirada”. (IROKAWA, 2009)
O Padrão redondo (circular) é caracterizado pela movimentação
simultânea dos quatro jogadores em forma circular (MUTTI, 2003). São
movimentações que favorecem os passes em profundidade e as jogadas pela
ala. Com uma boa execução pode-se rapidamente chegar ao chute na meta
adversária.
O padrão de Beirada caracteriza-se pelo fato de o jogador da ala tocar a
bola e movimentar-se em diagonal para receber um futuro passe em
profundidade, o pivô ocupa-se do espaço deixado pelo jogador que executou o
passe criando outra possibilidade para o companheiro que esta com a posse
de bola (MUTTI, 2003).
Equipes qualificadas, como por exemplo, a amostra utilizada pelo estudo
comumente utilizam-se de sistemas de jogo e suas possibilidades de
movimentações.
b) Contra-Ataque
O contra-ataque é um elemento técnico-tático ofensivo onde a equipe
recupera a posse de bola e sai rapidamente para o ataque visando à
finalização. Essa ação deve acontecer de forma mais rápida e eficiente
possível para que o objetivo venha a ser alcançado. (VOSER, 2003).
Essa ação de jogo exige habilidades técnico-táticas por parte de toda a
equipe. O goleiro precisa realizar uma boa reposição de bola, após uma defesa
ou um arremesso de meta e os jogadores devem realizar uma boa recepção,
condução, passe e finalização para que a jogada venha resultar em gol
(SAMPEDRO, 1997).
De acordo com Santana (2004) times fortes defensivamente conseguem
com freqüência, induzir a equipe adversária ao ataque e recuperar a posse de
bola iniciando rapidamente uma oportunidade de contra-atacar seu oponente.
27
Assim, o contra-ataque pode começar a partir da interceptação de um passe,
por uma defesa do goleiro, de um desarme ou por uma reposição rápida
(arremesso de meta ou tiro lateral).
c) Bola Parada
As jogada de bola parada tem por objetivo principal ludibriar a equipe
adversária, através de fintas, ou deslocamentos rápidos, de maneira a
possibilitar que a equipe chegue facilmente à meta adversária (MUTTI, 2003).
Jogadas de bola parada são cada vez mais aplicáveis nas partidas de
futsal, pois estão tornando-se, não raramente, momento mais claro de
finalização dentro da partida. Equipes de alto nível demonstram um repertório
cada vez maior deste tipo de combinação (SAMPEDRO, 1997).
Vários autores consideram que as jogadas de bola parada iniciam-se
das seguintes situações: saídas de bola, tiro lateral, tiro de canto, e tiro livres
diretos e indiretos (Irokawa, 2009).
d) Goleiro Linha
Para Voser (2003), nessa situação é necessário que o goleiro-linha
tenha além de uma boa qualidade de passe uma relevante eficiência em
finalizações de média distância. Mutti (2003) infere que esse tipo de ação
ofensiva é uma das mais ousadas do futsal e possibilita um posicionamento
diferenciado na quadra de ataque, gerando uma superioridade numérica
criando situações de finalização.
Já para Saad e Costa (2001) esse tipo de manobra ofensiva é utilizada
geralmente quando uma equipe está em desvantagem no placar e a partida
está próxima do fim. Porém, algumas equipes podem utilizar desse tipo de
manobra como padrão de jogo, ou seja, durante grande parte do tempo dentro
da partida.
Vale ressaltar que a regra do jogo permite que o jogador atuante neste
tipo de manobra pode também ser um jogador de linha substituindo um goleiro.
28
e) Jogador Expulso
De acordo com as regras que regulam o futsal no Brasil (CBFS, 2010)
uma equipe quando sofre a punição de ter um jogador expulso (receber o
cartão vermelho) fica durante dois minutos, após a punição, ou até sofrer um
gol, com um jogador a menos dentro da quadra de jogo, oferecendo ao
adversário uma situação de superioridade numérica que, geralmente, costuma
favorecer para se obter oportunidades de finalização a gol.
Para Voser (2003), a equipe que estiver com superioridade numérica
deve manter a calma, ter paciência em suas ações, pois a pressa resulta em
erros de passe. Jogadas individuais devem ser evitadas nestas situações.
2.4 Análise de Jogo
Cunha (2003) considera a observação sistemática como uma forma de
coletar dados para pesquisa e, portanto, sua finalidade é tornar científico o
aspecto real que se pretende estudar. Na literatura, os estudos realizados
nesta área encontram diferentes denominações do mesmo tema, dentre as
quais se destacam: observação de jogo, análise de jogo e análise notacional.
A observação de jogo é definida por Greco, Filho e Gomes (2000) como
“um processo de percepção seletiva, concentrada e planejada, que consiste no
registro de processos, eventos e condutas (reações) de pessoas com
dependências de determinadas situações de jogo”.
A metodologia observacional é uma das opções de estudo científico do
comportamento humano, apresentada como uma estratégia de investigação
apropriada para analisar a ação motora nos JEC. Tendo como objeto de estudo
“o indivíduo inserido em qualquer um dos seus contextos habituais de atuação,
nesse caso específico, o desporto” (AMARAL; GARGANTA, 2005).
Para Hughes e Bartlett (2002) a análise notacional estuda a interação
entre jogadores, movimentações e comportamentos individuais/coletivos
principalmente em esportes de ambientes instáveis. Foca-se geralmente em
indicadores técnico-táticos e que contribuem para a compreensão destes
29
parâmetros, juntamente com os aspectos fisiológicos e psicológicos. Taylor e
James, (2002) valorizam a análise notacional no que tange a transcendência
da subjetividade por parte dos treinadores, entendendo tal observação como
uma coleção objetiva de informações que podem ser usadas para promover o
feedback da performance no auxilio do trabalho de treinadores e atletas.
Amaral e Garganta (2005) citam a análise seqüencial como “um conjunto
de técnicas que têm como objetivo evidenciar as relações, associações e
dependências seqüenciais entre unidades de conduta. Este tipo de análise
consiste em averiguar as probabilidades de ocorrência de determinadas
condutas, em função da prévia ocorrência de outras. Como meta procura-se a
comprovação de uma ordem seqüencial, isto é, uma dada estabilidade na
sucessão de seqüências, que se encontre acima das probabilidades que são
explicáveis pelo acaso”.
Desse modo, a metodologia observacional, realizada em contextos
naturais ou habituais, consiste em um procedimento científico que dá destaque
à ocorrência de condutas perceptíveis, para verificar a sua organização e
também à sua análise – tanto qualitativa como quantitativa – mediante a um
instrumento adequado e parâmetros convenientes, possibilitando a detecção
das várias relações existentes entre elas e avaliando-as. Assim, essa
metodologia, considerada um procedimento científico, trás informações
objetivas. Extraídas dos comportamentos, episódios, atividades e situações em
que há interesse de se avaliar e que ao longo de diversas fases se organiza,
apura e analisa a informação registrada.
A partir disso, informações obtidas, a partir da análise de comportamento
dos atletas no contexto natural (treino e competição), são consideradas
atualmente uma das variáveis que mais afetam a aprendizagem e a eficácia da
ação esportiva. Para tanto, os pesquisadores vêem procurando esclarecimentos
sobre o desempenho de jogadores e equipes, na tentativa de identificar os fatores
que condicionam significativamente o rendimento esportivo e, sobretudo a forma
como eles se relacionam para alcançar a eficiência (GARGANTA, 2001).
Com isso a análise das informações importantes sobre o jogo, são
fundamentais para otimizar os comportamentos dos jogadores e das equipes na
competição, permitindo configurar modelos de jogo, que possibilitem construir
métodos de treino e estratégias de trabalho mais eficazes. Neste sentido, através
30
dos denominados sistemas de observação, os especialistas procuram
desenvolver instrumentos e métodos que lhes permitam reunir informações
substantivas sobre as partidas (GARGANTA, 1997; GARGANTA, 2001).
Através dessa interpretação Garganta (1997) diz que a análise de jogo
possibilita a organização das equipes e suas ações na competição, elaborar o
treino e as estratégias de trabalho de forma eficaz e específica; estabelecer
planos táticos adequados a determinado adversário; regular o processo de
ensino-aprendizagem-treinamento (Figura 8).
Esse mesmo autor ainda subdivide a análise de jogo em três grandes eixos:
a) Análise centrada nas ações e movimentações dos jogadores: Esta
modalidade de análise tem sido utilizada para estudos de caso, que para
elaborar perfis individuais de jogadores, relativamente a uma posição
especifica, que para comparar perfis de jogadores com atribuições táticas
semelhantes ou distintas.
b) Análise centrada nas ações ofensivas: Este tipo de análise tem incidido,
sobretudo, na dimensão quantitativa da expressão técnica, no quadro das
ações que conduzem às finalizações no gol, objetivando o tento.
c) Análise centrada no jogo: tem possibilitado o estudo dos designados padrões
de jogo, a partir das regularidades comportamentais evidenciadas pelos
jogadores, no quadro das ações ofensivas.
Figura 8: Interação do processo de análise do jogo com o treino e a performance (GARGANTA, 1997).
31
Em seu trabalho de conclusão de curso Lima (2010), cita que Garganta
(2001) desenvolveu uma síntese cronológica da evolução da tecnologia
empregada no contexto da análise e observação de jogo, esta se dá na
seguinte maneira:
“1. Sistemas de notação manual com recurso na técnica de papel e lápis
(Reep & Benjamin, 1968).
2. Combinação de notação manual com relato oral para ditafone (Reilly
& Thomas, 1976).
3.Utilização do computador após observação, para registro,
armazenamento e tratamento dos dados (Ali, 1988).
4. Utilização do computador para registro dos dados em simultâneo com
a observação, em direto ou em diferido (Dufour, 1989).
5. A introdução de dados no computador através do reconhecimento de
categorias veiculadas pela voz (voice-over) é um sistema que tem vindo a ser
desenvolvido (Taylor & Hughes, 1988) e que, segundo Hughes (1993), no
futuro poderá facilitar a recolha de dados, mesmo a não especialistas.
6. O sistema mais evoluído que se conhece pelo nome de AMISCO que
permite digitalizar semi-automaticamente as ações realizadas pelos jogadores
e pelas equipes, seguindo o jogo em tempo real e visualizando todo o terreno
de jogo. Com base na utilização de 8, 10 ou 12 câmeras fixas é possível
monitorar e registrar toda a atividade dos jogadores.”
Além disso, Greco, Filho e Gomes (2000) determinam quatro formas
diferentes de observação possíveis a serem utilizadas no jogo: gráfica, escrita,
oral e vídeo-filme. O vídeo-filme é um recurso audiovisual que segundo
Garganta (1997) permite a visualização repetida das ações e seqüências do jogo,
quantas vezes forem necessárias, e diminuem a possibilidade de erros durante a
observação. Esse foi o método utilizado no presente estudo.
32
3 MÉTODOS
3.1 Amostra
Foram analisados os cinco jogos finais do campeonato mineiro sub-20
de futsal do ano de 2009. Sendo que 6 equipes participaram da fase final do
torneio, essas equipes jogaram entre si em turno único, sendo considerado o
campeão a equipe que alcançasse o maior número de pontos ao final do turno.
Analisou-se 53 gols em 5 jogos.
3.2 Materiais e Métodos
Todos os cinco jogos foram filmados com uma câmera de vídeo digital
Sony DCR SX40 (Sinal de Vídeo com sistema de cor NTSC, padrão EIA.
Formato de gravação do filme - Vídeo MPEG2-OS - Áudio Dolby Digital 2ch,
Dolby Digital Stereo Creator. Zoom Óptico: 60x. Zoom Digital: 2000x). Como
instrumento da coleta de dados, foi utilizada uma planilha de scout adaptada de
Gomes e Fagundes (2007), objetivando uma maior fidelidade das análises das
finalizações (presente no anexo 01 do estudo). Ressalta-se que o instrumento
oferece uma captação detalhada das ações de finalizações, corroborando
assim com os objetivos deste estudo.
3.2.1 Explicitações das variáveis (aspectos técnico-táticos)
a) Setor de finalização – nesta variável é observado o local onde
ocorre o ato de finalização em si, sendo que no presente estudo a quadra de
jogo foi dividida em 6 zonas de finalização (FIGURA 9).
33
b) Dominância do atleta – variável esta adotada para verificar qual o
lado de preferência na realização das finalizações de cada atleta envolvido na
amostra, ou seja, explicitar se o atleta é canhoto ou destro.
c) Execução da finalização – nesta, consta a parte do corpo do atleta
que entra em contato com a bola no momento da finalização, podendo ser este
com os pés, cabeça ou qualquer outra parte do corpo.
d) Forma de execução – variável relacionada estritamente com a
ação de chute a gol, ou seja, a parte do pé que entra em contato com a bola no
momento da finalização, podendo ser: parte interna e externa do pé, dorso do
pé, sola do pé, bico do pé ou cavada em uma trajetória parabólica.
e) Contatos – nesta variável foram levados em consideração os
contatos para a finalização, podendo ser classificados em: direto (sem dominar
a bola), com dois contatos, três contatos ou mais de três contatos.
f) Situação da finalização – foi considerada a circunstância pela qual
a equipe utilizou-se para chegar à finalização na meta adversária, sendo
consideradas as seguintes situações: jogo organizado, contra-ataque, bola
parada, expulsão do adversário e o goleiro linha (5x4).
g) Trajetória da finalização - variável esta que consta a trajetória que
a bola tomou após o contato considerado como finalização a meta adversária,
sendo: rasteira, meia altura e alta.
4
3
2
5
1 6
1 – finalização dentro da área. 2 – finalização lado esquerdo antes tiro de 10m. 3 – finalização lado direito antes tiro de 10m. 4 – finalização lado esquerdo depois tiro de 10m. 5 – finalização lado direito depois tiro de 10m. 6 – finalização quadra defensiva.
Figura 9: demarcação utilizada para identificar a área de finalização
34
h) Resultado - esta variável foi classificada de acordo com o
resultado da finalização, podendo ser: gol, bola fora alto, fora lateral, trave,
defesa do arqueiro e interceptação da defesa. No presente estudo, apenas o
gol será considerado, estando assim, de acordo com os objetivos já citados.
3.3 Procedimentos
A técnica de observação utilizada foi à análise centrada no jogo, já
utilizada em alguns estudos como os de Irokawa (2009), Lima (2010) e
Caldeira Léo (2010). Os jogos ocorreram na cidade de Belo Horizonte, na
Arena Juscelino Kubitschek, no Minas Tênis Clube, em uma quadra com
dimensões de 38x18 metros, onde os jogos foram gravados a partir da cabine
de imprensa. O processo de análise de dados será realizado no Centro de
Estudos de Cognição e Ação (CECA), da Escola de Educação Física
Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da Universidade Federal de
Minas Gerais UFMG.
Cabe ressaltar que eram assistidos somente dois vídeos por dia, para
evitar erros por cansaço ou dispersão dos avaliadores. A análise dos jogos foi
feita por dois avaliadores independentes e em dias diferentes.
3.4 Análise Estatística e Delineamento
O estudo é caracterizado como um tipo de pesquisa aplicada, pois tem
um valor imediato para os profissionais do futsal e do esporte em geral. No
entanto, na pesquisa aplicada as condições e variáveis não podem ser
inteiramente controladas pelo pesquisador (THOMAS; NELSON; SILVERMAN,
2007).
O delineamento do estudo será descritivo, o seu valor baseia-se na
premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas
através da observação, análise e descrição objetivas e completas (THOMAS;
NELSON; SILVERMAN, 2007).
35
A observação fornece meios de coleta de dados e é um método
descritivo para pesquisar certos problemas (THOMAS; NELSON; SILVERMAN,
2007).
De forma a verificar a consistência dos dados analisados no estudo será
feita uma análise de confiabilidade intra-observador e inter-observador. A
análise foi feita com diferença de uma semana após o final da coleta de dados
do primeiro observador. Os resultados obtidos (QUADRO 2) demonstraram que
as percentagens estão de acordo com os limites mínimos (80%) definidos pela
literatura (VAN DER MARS, 1989).
Variáveis
observadas
Percentual de acordos
Inter-observador
Percentual de acordos
Intra-observador
Dominância 100.00% 100.00%
Execução 100.00% 100.00%
Forma 98.23% 92.09%
Contatos 100.00% 100.00%
Situação 97.20% 96.19%
Setor 100.00% 100.00%
Resultado 100.00% 100.00%
Trajetória 97.12% 94.89%
Quadro 2: Percentual de acordos inter e intra-obervadores
Os dados foram tabulados e tratados utilizando-se o software
SPSS for Windows® versão 17.0. Foram utilizados procedimentos de
estatística descritiva, compostas por distribuição de freqüência.
36
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS
Foram analisados os dez jogos da fase final do Campeonato Mineiro de
Futsal 2010, na categoria sub-20 relevantes aos aspectos técnico-táticos dos
gols marcados. Inicialmente serão apresentados e discutidos os dados que
abordam aspectos como o número de gols e os aspectos técnicos e táticos dos
tentos marcados. Em seguida serão apresentadas associações entre variáveis
que permitem caracterizar a construção dos momentos ofensivos do jogo.
Número de Jogos 5
Número total de Gols 53
Média de Gols por Partida 10,6
Tabela 1: Descrição geral dos dados do estudo
A média de gols encontrada foi alta, quando comparada a outros
estudos, como por exemplo os de Cunha et al. (2009) que apresentaram uma
média de 3,7 gols no Campeonato Brasileiro de Seleções Adulto. Pessoa et aI.,
(2009) analisou 20 jogos da primeira fase da Liga Futsal 2008, que evidenciou
uma média de 5,85 gols por partida. A copa do mundo, categoria Adulta no ano
de 2004, teve uma amostra de 40 jogos, e a média de gols por partida foi de
5,95 (DIAS e SANTANA, 2006). Essa diferença na média de gols pode ser
explicada por uma possível disparidade técnica entre as equipes no
campeonato regional, o que possivelmente não ocorreria, ou se fosse o caso
seria em menor escala, em campeonatos de níveis nacionais e mundiais.
37
Execução N %
Pé Direito 29 54,71%
Pé Esquerdo 23 43,39%
Cabeça 0 0%
Outras Partes 1 1.90%
Total 54 100.00%
Tabela 2: Valores Percentuais em Relação à Execução
Com o intuito de caracterizar os gols quanto à execução, a Tabela 2
apresenta que 54,71% dos gols ocorreram com o pé direito, por outro lado as
ações com o pé esquerdo representam 43,39% do total. Nota-se que 1,9% das
finalizações foram realizadas com outras partes, e nenhuma ação foi executada
com a cabeça. Outros estudos que avaliaram as finalizações no jogo de futsal,
como o de Irokawa (2009), Chaves (2008) e Lima (2010) identificaram valores
próximos aos apresentados no presente estudo, onde 51,3% (pé direito) e
46,1% (pé esquerdo) 52,40% (pé direito) e 45,20% (pé esquerdo) e 57,3% (pé
direito) e 42,7% (pé esquerdo) ações foram observadas, respectivamente.
Tabela 3: Valores de Percentuais em Relação à Forma de Execução
A Tabela 3 apresenta a percentual dos gols de acordo com a forma de
execução, desse modo podemos verificar que a Face Interna do Pé foi a parte
mais utilizada para se fazer o gol, com 43,39%, seguido do Dorso do Pé com
32,08%, do Bico do Pé com 15,09% e da Cavada e Outros com 1,89%. Não foi
registrado nenhum gol com a sola do pé. Esse resultado corrobora com o
Forma N %
Face Interna 23 43,39%
Face Externa 3 5,66%
Dorso do Pé 17 32,08%
Bico do Pé 8 15,09%
Cavada 1 1,89%
Sola do Pé 0 0.00%
Outros 1 1,89%
Total 53 100.00%
38
estudo de Irokawa (2009) que avaliou os 4 jogos finais da Copa Do Mundo de
Futsal 2008 aonde ocorreram 15 gols, sendo que 46% deles ocorreram com a
face interna do pé e 33% com o dorso do pé. Apesar de Mutti (2003) justificar
que a maioria das finalizações ocorre com o dorso do pé devido a potência que
essa técnica dá aos arremates, o futsal não exige apenas a potência no
arremate, há também o componente precisão, que é melhor alcançada nas
finalizações com a Face Interna do Pé (CHAVES & COSTA, 2008; IROKAWA,
2009).
Quanto ao número de contatos realizados antes da realização do gol, a
Tabela 4 revela os seguintes resultados:
Número de contatos N %
Direto 26 49,07%
Dois Toques 14 26,41%
Três Toques 6 11,32%
Mais de Três Toques 7 13,20%
Total 53 100.00%
Tabela 4: Valores em Percentual do Número de Contatos Precedentes a realização do gol
Os resultados apresentados demonstram que os atletas efetuam
pouquíssimos toques para fazer o gol sendo que o toque “de primeira” aparece
em grande escala (49,07%) seguido do arremate de dois toques (29%), ou
seja, domínio e finalização, comprovando a velocidade e dinamismo do Futsal.
Outros estudos encontraram resultados semelhantes em relação ao gol
realizado, Pessoa et al. (2009) encontrou que 59% dos gols na Liga Futsal
2008 ocorreram “de primeira” e 29,9% com dois toques, já no estudo de
Irokawa (2009) dos 15 gols marcados na fase final da Copa Mundo, 10 foram
anotados quando os chutes aconteceram direto. Demonstrando assim a
relevância desse tipo de finalização.
39
Circunstância da Finalização N %
Jogo Organizado 19 35,84%
Contra-ataque 16 30,20%
Bola Parada 15 28,30%
Jogador Expulso 0 0.00%
Goleiro-Linha 3 5,66%
Total 53 100.00%
Tabela 5: Valores Percentuais em Relação à Circunstância que levaram ao Gol
Na tabela 5 podemos observar as circunstancias em que ocorreram os
gols. Nota-se que 35,84% dos gols ocorreram a partir do jogo organizado,
30,2% a partir de contra-ataque, 28,3% de bola parada e ainda 5,66% com o
goleiro-linha. Não foi observado nenhum gol a partir da situação de jogador
expulso. No estudo de Chaves e Costa (2008) foi encontrado um valor de
34,6% das ações de finalização que ocorreram quando as equipes estavam
realizando seus padrões de jogo. Como segunda e terceira circunstâncias mais
utilizadas para se criar uma oportunidade de finalização os autores
encontraram as jogadas de bola parada com 28,2% e em seqüência os contra-
ataques que representaram 25,9% das ações. Silva et al. (2004) analisou as
ações ofensivas da seleção brasileira sub-20 no mundial do Egito em 2003,
encontrando 11 gols em 4 partidas, encontrando os seguintes resultados:
38,46% no jogo organizado, 53,84% nos contra-ataques e 7,7% nas bola
paradas. O autor explica esses resultados devido a sua pequena amostra e
também pela postura defensiva adotada nas equipes que jogaram contra a
seleção brasileira. Assim, os resultados podem diferir do presente estudo
devido a uma maior postura ofensiva adotada pelas equipes, durante o
campeonato mineiro de 2009, afinal o campeonato era curto e com o sistema
de pontos corridos.
A alta freqüência de gols em ações de jogo organizado pode ser
explicada pela obediência tática das equipes em busca de movimentações que
favoreçam o surgimento de espaços vazios para infiltrações e
conseqüentemente arremates ao gol adversário. De acordo com Irokawa
(2009), o tamanho oficial das quadras de futsal (40m x 20m) é também um
40
facilitador das ações de jogo organizado, já que propícia ao atleta mais espaço
para ações táticas.
Ao salientarmos os gols provenientes de contra-ataques podemos
associá-los diretamente com um bom trabalho defensivo da equipe executante.
Defesas bem postadas taticamente favorecem as ações de contra-ataques, em
que o desarme e a transição defesa-ataque ocorre rapidamente surpreendendo
o adversário que estava na fase ofensiva do jogo (JUNIOR, 1998). As equipes
que sofrem contra-ataque, comumente, se encontram em inferioridade
numérica, desse modo facilitam as ações de finalização do adversário, o que
torna essa circunstância de execução do chute mais eficaz na realização de um
gol.
O futsal e demais esportes coletivos possuem grande demanda de
jogadas pré-determinadas em seu repertório ofensivo. O elevado número de
finalizações em jogadas de bola parada pode ser explicado por essa
possibilidade tática. Aspectos como o possível treinamento de movimentações
seqüenciais ou simultâneas através da análise dos adversários, repetidas
vezes, são aspectos determinantes para a escolha desses tipos de ações
(SAMPEDRO, 1997).
Setor N %
1 18 33,96%
2 12 22,64%
3 9 16,98%
4 5 9,45%
5 7 13,20%
6 2 3,77%
Total 53 100.00%
Tabela 6: Valores Percentuais em Relação ao Setor de Finalização
Em relação ao setor da quadra em que ocorreram os gols, a Tabela 6
apresenta um equilíbrio entre as zonas de finalização fora da área. O setor em
que mais ocorreram gols foi o 1 (dentro da área) com 33,96%, seguido dos
setores 2 com 22,64% e o 3 com 16,98% do total, que representam
respectivamente os corredores laterais esquerdo e direito, à frente da linha do
tiro de dez metros. Logo após, aparecem os setores 5 com 13,20%, 4 com
41
9,45% e por último o setor 6 com 3,77% do total de finalização. Uma maior
compreensão dos dados apresentados pode ser alcançada na visualização da
figura 10.
Na Tabela 7 abaixo, encontramos o perfil dos gols realizados pelos
atletas em relação à trajetória da bola.
Trajetória N %
Rasteira 29 54,72%
Meia Altura 9 19,98%
Alta 15 28,30%
Total 53 100.00%
Tabela 7: Valores Percentuais em Relação à Trajetória do gol
É possível verificar que a maioria dos gols ocorrera com trajetória
rasteira, com 54,72% logo após tem-se gols com bola alta 28,3% e por último
os gols de meia altura. Esses dados podem ser explicados pela grande
utilização do conceito de ataque no futsal, chamado de “fechar o segundo
poste (trave)”. Esse conceito consiste em que quando um atleta estiver em
condições de chutar uma bola cruzada ao gol, outro atleta deve se posicionar
ao lado da trave, para que caso haja um rebote, ou que a bola ultrapasse pelo
4
3
2
5
1 6
Figura 10: Campograma com os valores percentuais de finalização em cada setor
16,98%
22,64%
33,9%
13,2%
9,45%
3,77%
42
goleiro, ele possa apenas “rolar” para o gol. Esse conceito também pode
explicar por que de tantos gols (33,9%) terem ocorrido no setor 1, como já
apresentado no pressente estudo.
43
5 CONCLUSÃO
Através dos resultados encontrados na análise notacional dos aspectos
técnico-táticos no presente estudo, tentou-se caracterizar como ocorreram os
gols da categoria sub-20 na fase final do Campeonato Mineiro de Futsal 2009.
Com isso foi possível concluir que os gols, quase em sua totalidade, foram
realizados com os pés (98,1%), sendo que outras formas de execução
representaram somente 1,9%.
Quanto á forma de realização do gol observou-se que a face interna pé
(43,39%) foi à forma mais utilizada para o chute, sendo seguida pelo dorso do
pé (32,08%) e bico do pé (15,09%). Esses resultados corroboram com os
estudos de Chaves e Costa (2008) e Irokawa (2009), indicando que para se
realizar o gol a precisão é tão importante quanto a potencia no momento da
finalização.
Pode-se observar que, quanto ao número de contatos que o atleta
realiza para fazer o gol, houve uma predominância da utilização das
finalizações de forma Direta (49,07%) seguida pelas finalizações com Dois
toques (26,41%) e com Mais de três toques (13,2%). Essa predominância pode
ser explicada pelo fato de que quando se arremata “de primeira” a marcação
estaria afastada, promovendo poucas, ou nenhuma, alterações na trajetória da
bola.
Para o item Circunstância da finalização verificou-se não haver uma
clara tendência, entretanto as situações de Jogo Organizado, Contra-Ataque e
Bola Parada demonstraram ter maior influência na marcação de um tento.
Ao analisar o setor da quadra que ocorreu o gol destaca-se a alta
porcentagem no setor 1, com 33%. Nos outros setores da quadra há uma
distribuição equilibrada dos gols da meia quadra ofensiva. O setor 1, pode ter
sido favorecido pela utilização das equipes do conceito de jogo ofensivo
denominado: “fechar o segundo pau (trave)”. As equipes no futsal atual, além
de utilizar padrões de jogo, também são treinadas por conceitos, tanto
ofensivos quanto defensivos, promovendo um jogo com possibilidades
diversas, ao invés de ficarem “presas” a padrões pré-determinados.
Quanto à trajetória do chute, foi vista uma tendência nos gols rasteiros
(54,71%). Fato que também pode ser explicado pelo conceito de jogo
44
supracitado, afinal se a finalização for rasteira, o jogador presente no segundo
pau (trave) terá maior facilidade em fazer o gol. Por isso, essa situação é
comumente treinada nas equipes de futsal de rendimento.
Na literatura atual, muitos estudos (SILVA et al. 2004; CUNHA et
al.,2009; IROKAWA, 2009; LIMA, 2010) analisam os aspectos técnicos-táticos
relevantes a finalização. No entanto, poucos estudos (GOMES & FAGUNDES,
2007; PESSOA et al., 2009) apresentaram a efetividade dessas finalizações, já
que seria relevante entender como de fato ocorreram os gols e não somente
como ocorreram as finalizações. A partir disso, sugere-se que haja novos
estudos investigativos analisando os aspectos técnico-táticos importantes na
realização do gol, utilizando-se amostras maiores para que se possa garantir
uma maior precisão na base de dados do Futsal.
45
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Anexo 01 - Tabela de Scout Adaptada N
°Dom
inânciaExecução
Forma
ContatosSituação
SetorResultado
TrajetóriaPlacar
Dominância
Situação
1DESTRO
- 1J. O
RGANIZADO
- 1
2CAN
HOTO
- 2CO
NTRA ATAQ
UE - 2
3BO
LA PARADA - 3
4Execução
GOLEIRO
LINHA - 4
5PÉ DIREITO
- 1REBO
TE - 5
6PÉ ESQ
UERDO - 2
REBOTE J. O
RGANIZADO
- 5.1
7CABEÇA - 3
REBOTE CO
NTRA ATAQ
UE- 5.2
8O
UTRAS PARTES - 4REBO
TE BOLA PARADA- 5.3
9REBO
TE GOL-LIN
HA -5.4
10Form
aEXPULSÃO
- 6
11FACE IN
TERNA - 1
EXPULSÃO J. O
RGANIZADO
- 6.1
12FACE EXTERN
A - 2EXPULSÃO
CON
TRA ATAQUE- 6.2
13DO
RSO DO
PÉ - 3EXPULSÃO
BOLA PARADA- 6.3
14BICO
DO PÉ - 4
EXPULSÃO GO
L-LINHA -6.4
15CAVADA - 5
16SO
LA DO PÉ - 6
17O
UTROS - 7
Resultado
18GO
L - 1
19Contatos
FORA ALTO
- 2
20DIRETO
- 1FO
RA LATERAL - 3
21DO
IS TOQ
UES - 2TRAVE - 4
22TRÊS TO
QUES - 3
DEF. GOLEIRO
- 5
23M
AIS DE TRÊS TOQ
UESIN
TERCEP. DEFESA - 6
2425Trajetória
26RASTERIA - 1
27M
EIA ALTURA - 2
28ALTO
- 3
29
Jogo: _________ X _________ - Equipe observada: ___________