identificação dos parâmetros de aplicação do sistema light
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Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo
ISBN 978-65-86753-31-8
EIXO TEMÁTICO: ( ) Cidades inteligentes e sustentáveis
( ) Conforto Ambiental e Ambiência Urbana ( ) Engenharia de tráfego, acessibilidade e mobilidade urbana ( ) Habitação: questões fundiárias, imobiliárias e sociais
( ) Patrimônio histórico, arquitetônico e paisagístico ( ) Projetos e intervenções na cidade contemporânea ( ) Saneamento básico na cidade contemporânea
(X) Tecnologia e Sustentabilidade na Construção Civil
Identificação dos parâmetros de aplicação do sistema Light Steel Frame para escolas inclusivas
Identification of Light Steel Frame system application parameters for inclusive schools
Identificación de los parámetros de aplicación del sistema de armazón de acero ligero
para escuelas inclusivas
João Victor Giglioti Da Silva
Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, Unisagrado, Brasil
Giovana Innocenti Strabeli Professora Mestre, Unisagrado, Brasil.
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RESUMO Educação Inclusiva (EI), inclusão social e sustentabilidade são assuntos de extrema importância no Brasil. Entretanto, a precariedade sem precedentes nos ambientes de ensino reforça a urgência das discussões sobre a temática. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), diretamente ligado ao Ministério da Educação, oferece propostas de projetos padronizados e consequentemente, carentes em soluções inovadoras, assim, estão distantes de atender às necessidades de alunos com deficiência, resultando automaticamente na sua exclusão. Neste contexto, esse trabalho objetiva estudar o sistema construtivo Light Steel Frame (LSF) como sistema fundamental principal na
construção de uma arquitetura escolar, visando adaptabilidade, flexibilidade, sustentabilidade e inovação, conceitos fundamentais neste tipo de construção. Pretende-se com estudo promover a reflexão sobre os padrões projetuais especificados pelos órgãos competentes do Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Arquitetura Escolar. Educação Inclusiva. Inclusão Social. Sustentabilidade. Light Steel Framing.
ABSTRACT Inclusive Education (IE), social inclusion, and sustainability are extremely important issues in Brazil. However, the
unprecedented precariousness in educational environments reinforces the urgency of discussions on the subject. The National Fund for Education Development (FNDE), directly linked to the Ministry of Education, offers proposals for standardized projects and, consequently, lacks innovative solutions, thus, they are far from meeting the needs of
students with disabilities, automatically resulting in their exclusion. In this context, this work aims to study the Light Steel Frame (LSF) constructive system as the main fundamental system in the construction of a school architecture,
aiming at adaptability, flexibility, sustainability and innovation, fundamental concepts in this type of construction. The study intends to promote reflection on the design standards specified by the competent bodies in Brazil.
KEYWORDS: School Architecture. Inclusive Education. Social Inclusion. Sustainability. Light Steel Framing. RESUMEN La Educación Inclusiva (EI), la inclusión social y la sostenibilidad son temas muy importantes en Brasil. Sin embargo, la precariedad sin precedentes en los entornos educativos refuerza la urgencia de los debates sobre el tema. El Fondo Nacional para el Desarrollo de la Educación (FNDE), directamente vinculado al Ministerio de Educación, ofrece propuestas de proyectos estandarizados y, en consecuencia, carentes de soluciones innovadoras, por lo que están lejos de satisfacer las necesidades de los alumnos con discapacidad, lo que provoca automáticamente su exclusión. En este contexto, este trabajo pretende estudiar el sistema constructivo Light Steel Frame (LSF) como principal sistema fundamental en la construcción de una arquitectura escolar, buscando la adaptabilidad, flexibilidad, sostenibilidad e
innovación, conceptos fundamentales en este tipo de construcción. Su objetivo es promover la reflexión sobre las normas de diseño especificadas por los organismos competentes en Brasil. PALAVRAS-CLAVE: Arquitectura escolar. Educación inclusiva. Inclusión social. La sostenibilidad. Estructura de acero ligero
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1 INTRODUÇÃO
A educação inclusiva (EI) é uma proposta de aplicação prática ao campo da educação,
oriundo de um movimento mundial, denominado de inclusão social, o qual é colocado como um
novo paradigma, e implica a construção de um processo bilateral no qual as pessoas excluídas e
sociedade buscam, em parceria, efetivar a equiparação de oportunidades para todos (MENDES;
PALHARES; MARINS, 2002).
A ideia de inclusão se fundamenta em uma filosofia que reconhece e aceita a diversidade na vida em sociedade. Isto significa garantia de acesso de todos a todas as
oportunidades, independente das peculiaridades de cada indivíduo ou grupo social (ARANHA, 2001, p. 02).
Assim, este ideal foi formado por pessoas e pensamentos que lutam contra a exclusão
social que, historicamente, afeta grupos minoritários que não tem seu devido espaço na
sociedade. Segundo a Organização das Nações Unidas Para A Educação, Ciência E Cultura na
Declaração de Salamanca e Linha de Ação:
O princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas
necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, usam de recursos e parceiras com a comunidade […] dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra que
possam precisar, para que se lhes assegure uma educação efetiva […] (UNESCO, 1994, p. 6).
Mendes, Palhares e Marins (2002) afirmam que não é fácil construir uma escola
inclusiva em uma sociedade altamente excludente.
Segundo Silva (2012), a história da educação especial começou no Brasil no início da
segunda metade do século XIX e, anteriormente, as pessoas com deficiência eram vítimas de
abandono e negligência. Em um primeiro momento, a educação desses indivíduos acontecia em
escolas anexas aos hospitais psiquiátricos em instituições especializadas (SILVA, 2012).
Assim, embora o debate sobre a educação inclusiva não tenha nascido no contexto da
educação especial, se aplica também a ela, na medida em que sua clientela faz parte daquela
população historicamente excluída do sistema de ensino e da sociedade (MENDES; PALHARES;
MARINS, 2002).
Entretanto, ressalta-se que a EI não pode ser reduzida à errônea crença de que para
implementá-la, basta colocar crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais
especiais em escolas regulares ou nas classes comuns (MENDES; PALHARES; MARINS, 2002).
Conforme aponta Jannuzzi (1985, p. 74):
Não havia preocupações com tais crianças no panorama nacional, tanto que nas Conferências Nacionais de Educação promovidas pela Associação Brasileira de
Educação (ABE), surgida nos anos 20, nas quais se discutiam os assuntos considerados relevantes no momento, não se cogitou o deficiente mental.
A autora ainda afirma que, na realidade, o que prevaleceu foi o descaso por essa
educação e pela educação popular como um todo (JANNUZZI, 1985).
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Segundo a Constituição Federal, no Artigo 205, a educação é direito de todos e dever
do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, n. p). Ainda enfatiza no Artigo 206 que o ensino será
ministrado com base nos seguintes princípios:
I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - Gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VI - Garantia de padrão de qualidade;
VII - Piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal; VIII – Garantia de padrão de qualidade (BRASIL, 1988, n. p.).
No entanto, na prática, a integração escolar não obteve êxito, principalmente, porque
era atribuída ao aluno a responsabilidade de se adaptar ao novo ambiente de ensino no qual ele
havia sido inserido (SILVA, 2012).
Tendo em vista a realidade brasileira, nota-se que a real deficiência seja o
entendimento sobre a importância da inclusão e integração de cada aluno ou indivíduo.
A ABNT (2020) define acessibilidade por meio da NRB 9050, como a possibilidade e
condições de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia
de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos (ABNT, 2020).
A norma ainda ressalta a definição do termo acessível como espaço, edificação,
mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e
vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aqueles com mobilidade reduzida (ABNT, 2020).
O termo acessível implica tanto a acessibilidade física como de comunicação. Assim,
para que isso aconteça com êxito, utilizou-se o Ligth Steel Frame (LSF), um sistema alternativo
de construção que visa à flexibilidade projetual, proporcionando uma alternativa mais
sustentável de construção, resultando na otimização de espaços e estruturas do projeto, levando
em conta a necessidade de construir de maneira mais rápida e com menos desperdício (HASS;
MARTINS, 2011).
O aço tem sido muito utilizado em várias aplicações, por ser um sistema construtivo
adaptável às mais diversas situações e condições atuais.
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI, 2015) afirma que a
construção metálica teve início na Era do Ferro Fundido, que durou até 1850, passando pela Era
do Ferro Forjado, por volta de 1890, até chegar à Era do Aço, sempre evoluindo em resistência
mecânica e outras características, como a ductibilidade, soldabilidade e resistência à corrosão.
No Brasil, na década de 1920, o desenvolvimento de indústrias siderúrgicas começou
com a companhia siderúrgica Belgo Mineiro, que na mesma época, alcançava 94 mil toneladas
(ABDI, 2015).
Devido ao baixo consumo interno, na década de 1970 o Brasil começou a exportar em
uma escala mundial, e a partir desse período foram surgindo em todo o país grande número de
fabricantes, projetistas, desenhistas e outras profissionais do ramo (BELLEI, 2008).
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Na construção em aço, como ocorre com toda solução estrutural, o sucesso da
construção está atrelado a um projeto bem compatibilizado e o sistema construtivo deve ser
definido no projeto arquitetônico, para que os benefícios advindos da construção industrializada
sejam apreciados (ABDI, 2015).
Muitos espaços escolares, ainda que em grande escala, são considerados padronizados
por não corresponderem às atuais dinâmicas da educação e da comunidade. Segundo o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE, 2009) em sua Cartilha Técnica, estes projetos
obedecem aos conceitos dos padrões mínimos construtivos disseminados ao longo dos anos,
dotados de arquitetura condizente com a clientela escolar cada vez mais exigente e carente de
ambientes adaptados às atividades de ensino-aprendizagem (FNDE, 2009).
O desejo de se fazer uma escola com flexibilidade construtiva, idealiza a proposta
projetual de aliar a arquitetura com a pedagogia criando uma escola diferenciada, que além de
ensinar, o ambiente proporcionará debates, reuniões e palestras que trabalhem a integração
social de todos os indivíduos, para que alunos e professores possam ter experiências
diferenciadas ligadas ao lazer, diversidade, inclusão, cultura e ensino, possibilitando que todos
respeitem as diferenças individuais de cada aluno sendo no ambiente escolar ou na sociedade
em que habita.
A escolha do sistema construtivo Steel Framing ou Light Steel Framing (LSF) se deu não
só pela sustentabilidade, agilidade, racionalidade construtiva e redução de tempo e matérias,
mas também por proporcionar diversas soluções arquitetônicas.
Devido à sua alta resistência mecânica, o uso de estruturas de aço cria melhores
condições para se vencer grandes vãos, permitindo a concepção de projetos arquitetônicos
arrojados (ABDI, 2015).
Sendo assim, neste trabalho será utilizado o sistema modular, no qual exista a
possibilidade de trabalhar a projeção de espaços amplos e com múltiplas utilidades. Fazer isso
significa criar laços e facilitar relacionamentos, além de permitir o bem-estar de quem o utiliza
e, por consequência, estimular a criatividade; também atenderá à demanda da adaptabilidade,
quebrando a barreira do preconceito perante a pessoa com deficiência (PCD), que existe nas
escolas e na sociedade, dando sentido a inclusão social.
2 OBJETIVOS
Sintetizar os parâmetros e requisitos do sistema Ligth Steel Frame, que atenda às
exigências normativas quanto à acessibilidade, com vistas à sustentabilidade para a proposta de
projeto de uma escola inclusiva.
3 METODOLOGIA
O presente trabalho, de natureza qualitativa foi elaborado por meio de pesquisa
exploratória e bibliográfica, a partir do levantamento em diversos livros e artigos acadêmicos
disponíveis fisicamente e virtualmente, junto à biblioteca Cor Jesu no Centro Universitário
Sagrado Coração, na biblioteca Rodrigues de Abreu Bauru – SP e na Divisão Técnica de Biblioteca
e Documentação – UNESP, Bauru.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura (IBDA, 2020), O Light Steel Framing (LSF) é um sistema construtivo estruturado em perfis de aço galvanizado formado a frio, esses perfis são projetados para suportar as cargas da edificação, garantindo o funcionamento desta.
O Light Steel Framing é um sistema construtivo estruturado em perfis de aço galvanizado formado a frio, projetados para suportar às cargas da edificação e trabalhar em conjunto com outros sub-sistemas industrializados, de forma a garantir os requisitos de funcionamento da edificação. É um sistema construtivo aberto, que
possibilita a utilização de diversos materiais de revestimento; flexível, devido à facilidade de reformas e ampliação; racionalizado, otimizando a utilização dos recursos e o gerenciamento das perdas; customizável, permitindo total controle dos gastos já
na fase de projeto; além de durável e reciclável (CAMPOS, 2020, n. p.).
Segundo o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura (IBDA, 2020) Light Steel Framing vem da língua inglesa, e pode ser traduzida como Estruturas em Aço Leve, a palavra steel indica a matéria prima usada na estrutura, o aço, a palavra Light, ou leve, indica que os elementos em aço são de baixo peso uma vez que são produzidos a partir de chapa de aço com espessura reduzida, ressalta – se também a flexibilidade, que permite qualquer tipo de acabamento exterior e interior.
Framing é a palavra usada na língua inglesa para definir um esqueleto estrutural composto por diversos elementos individuais ligados entre si, passando estes a funcionar em conjunto, para dar forma e suportar o edifício e o seu conteúdo (IBDA, 2020).
Segundo Castro (2005) pode ser definida por: Processo pela qual compõe - se um esqueleto estrutural em aço formando por diversos elementos individuais ligados entre si, passando estes a funcionar em conjunto para resistir às cargas que solicitam a edificação e dando forma a edificação (CASTRO, 2005).
Resultando em um sistema construtivo, ele é composto por vários componentes e “subsistemas”, esses subsistemas vão além do estrutural, são agregados componentes de fundação, de isolamento, de fechamento interno e externo, e instalações elétricas e hidráulicas (CONSUL STEEL, 2002).
4.1 Características gerais
Light Steel Framing (LSF) ou Steel Framing, assim conhecido mundialmente, é um sistema construtivo de concepção racional, que tem como principal característica uma estrutura constituída por perfis formados a frio de aço galvanizado que são utilizados para a composição de painéis estruturais e não-estruturais, vigas de piso, vigas secundárias, tesouras de telhado e demais componentes (CASTRO, 2005).
Este sistema construtivo é uma proposta de construção que alia rapidez, qualidade construtiva e habitacional, além de apresentar características mercadológicas e de negócios diferenciadas das construções tradicionais (CAMPOS, 2020).
Como citado anteriormente, este tipo de sistema construtivo não se restringe somente à construção residencial, devido à sua flexibilidade e agilidade construtiva. Segundo ABDI (2015), o sistema construtivo (LSF) é indicado para uso em residências unifamiliares térreas ou sobrado, edifícios de até oito pavimentos, hotéis, edifícios da área de saúde, clínicas, hospitais, comércio em geral, creches, edifícios para educação e ensino, fachadas de edifícios em geral incluindo os de grande altura, retrofit e ampliações de edifícios existentes (ABDI, 2015).
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Campos (2020) afirma que as levezas da estrutura, aliada a alta capacidade resistente dos painéis e a sua grande versatilidade de uso, estão mudando os conceitos dos construtores e dos meios técnico e, cada vez mais, a construção seca, a industrializada.
Outra característica é a precisão do sistema, tanto dos cálculos quantitativos, quantidade de material que será utilizado, quanto da execução; a geração de resíduos é praticamente zero, já que a estrutura é fabricada com as dimensões definidas em projeto, dispensando o corte de peças, consequentemente isso gera uma construção mais barata, rápida e limpa (PEREIRA, 2020).
4.2 Métodos construtivos
Basicamente a estrutura em LSF é composta de paredes, pisos e cobertura, reunidos eles possibilitam a integridade estrutural da edificação, resistindo aos esforços que solicitam a estrutura (CASTRO, 2005).
Os métodos de construção e montagem de edificações em LSF variam de acordo com o projetista e a empresa construtora. Quanto maior o nível de industrialização proposto pelo projeto, maior é a racionalização empregada no processo de construção (ABDI, 2015).
De forma geral, existem três métodos para a construção de edificações em LSF. O Stick no qual os perfis são cortados no canteiro da obra. Painéis, lajes, coluna,
contraventamentos e tesouras de telhados são montados no local. Os perfis podem vir perfurados para a passagem das instalações elétricas e hidráulicas. Os demais subsistemas são instalados posteriormente à montagem da estrutura. Esta técnica é usada quando a pré-fabricação não é viável (Figura 1), (CASTRO, 2005).
Figura 1 – Light Steel Framing montado pelo método stick
Fonte: Castro (2005)
Os painéis estruturais ou não, lajes e tesouras de telhado podem ser pré-fabricados
fora do canteiro ou no próprio local da obra. A confecção dos componentes é realizada em mesas
especiais de trabalho com a orientação dos projetos estruturais, quanto maior a organização das
atividades melhor a qualidade e precisão dos componentes, os painéis e subsistemas são
conectados no local usando as técnicas convencionais como parafusos auto brocantes e auto
atarraxantes (Figura 2), (CASTRO, 2005).
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Figura 2 – Light Steel Framing montado pelo método de painéis
Fonte: Castro (2005)
Modular é um processo altamente industrializado e caracteriza-se pelo uso de
unidades modulares completamente pré-fabricadas que podem ser entregues no local da obra
com todos os acabamentos internos prontos: revestimentos, louças sanitárias, bancadas,
mobiliários fixos, metais, instalações elétricas e hidráulicas etc. As unidades podem ser
estocadas lado a lado, ou uma sobre as outras já na forma da construção final. Esse método é
vantajoso principalmente em obras maiores onde há grande repetição dos módulos (Figura 3),
(CASTRO, 2005).
Figura 3 – Light Steel Framing montado pelo método modular
Fonte: Oliveira (2019)
4.3 Etapas construtivas
Por ser muito leve, a estrutura de LSF e os componentes de fechamento exigem bem
menos da fundação do que outras construções, a escolha do tipo de fundação vai depender,
além da topografia, do tipo de solo, do nível do lençol freático e da profundidade de solo firme,
as fundações são efetuadas segundo o processo da construção convencional e como em
qualquer outra construção deve-se observar o isolamento contra a umidade (ABDI, 2015).
É importante destacar que um bom projeto e execução da fundação implicam em
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maior eficiência estrutural, e a qualidade final da fundação está intimamente ligada ao correto
funcionamento dos subsistemas que formam o edifício (CONSUL STEEL, 2002).
O radier é um tipo de fundação rasa que funciona como uma laje e transmite as cargas
da estrutura para o terreno, os componentes estruturais fundamentais do radier são a laje
contínua de concreto e as vigas no perímetro da laje e sob as paredes estruturais ou colunas e
onde mais for necessário para fornecer rigidez no plano da fundação (Figura 4), sempre que o
tipo de terreno permite, a laje radier é a fundação mais comumente utilizada para construções
em Light Steel Framing (CASTRO, 2005).
Na Figura 5 mostra-se o detalhe do esquema de ancoragem de um painel estrutural a
uma laje radier.
Figura 4 – Corte esquemático laje radier
Fonte: Castro (2005)
Figura 5 – Detalhe esquemático de ancoragem do painel
estrutural à laje radier
Fonte: Castro (2005)
A sapata corrida é um tipo de fundação indicada para construções com paredes
portantes, onde a distribuição da carga é contínua ao longo das paredes, constitui-se de vigas
que podem ser de concreto armado, de blocos de concreto ou alvenaria que são locados sob os
painéis estruturais, o contrapiso desse tipo de fundação é obtido por meio de perfis galvanizados
que apoiados sobre a fundação (Figura 6) constituem uma estrutura de suporte aos materiais
que formam a superfície do contrapiso (CASTRO, 2005).
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Figura 6 – Corte detalhado da fundação sapata corrida
Fonte: Castro (2005)
4.4 Fixação dos painéis na fundação
Para evitar o movimento da edificação devido à pressão do vento, a superestrutura
deve ser firmemente ancorada na fundação, esses movimentos podem ser de translação ou
tombamento com rotação do edifício (CASTRO, 2005).
A escolha da ancoragem mais eficiente depende do tipo de fundação e das solicitações
que ocorrem na estrutura devido às cargas, condições climáticas e ocorrência de abalos sísmicos
(CONSUL STEEL, 2002).
Os tipos mais utilizados de ancoragem são: a química com barra roscada; a com fita
metálica e a fixação com barra roscada tipo “J”.
Diferente dos dois outros tipos de ancoragem, a química com barra roscada é colocada
depois da concretagem da fundação, consiste em uma barra roscada com arruela e porca, que é
fixada no concreto por meio de perfuração preenchida com uma resina química a base de epóxi
formando uma interface resistente com o concreto. A fixação à estrutura se dá por meio de uma
peça em aço que é conectada à barra roscada e à guia e aparafusada ao montante geralmente
duplo, a (Figura 7) ilustram a fixação do painel à fundação (CASTRO 2005).
Figura 7 – Ancoragem química com barra roscada
Fonte: Castro (2005)
As fitas metálicas são peças de aço (Figura 8), com uma extremidade engastada na
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fundação, colocada antes da concretagem e a outra extremidade é aparafusada nos montantes
da estrutura (CASTRO 2005).
Uma recomendação construtiva é que essas fitas não devem ser fixadas aos “cripples”,
montantes curtos localizado embaixo de vãos de janela. (CONSUL STEEL, 2002, n.p.).
Figura 8 – Ancoragem com fita metálica
Fonte: Castro (2005)
A ancoragem com barra roscada tipo “J” (Figura 9) consiste em uma barra roscada e
curvada, engastada na fundação, pois é colocada antes da concretagem, a parte curva é
posicionada no interior da fundação e a parte reta serve para ser fixada à guia ou ao montante,
não é uma ancoragem muita recomendada, devido à dificuldade de locação da barra roscada.
Quando fixado à guia é necessário o uso de um reforço de comprimento mínimo igual a 150 mm
de um perfil Ue (CASTRO, 2005).
Figura 9 – Ancoragem com barra roscada
tipo “J”
Fonte: Castro (2005)
O conceito estrutural do sistema Light Steel Framing é dividir as cargas em um número
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maior de elementos estruturais, sendo que cada um é projetado para receber uma pequena
parcela de carga, o que possibilita a utilização de perfis conformados com chapas finas de aço
(ABDI, 2015).
Nem todos os painéis precisam ser estruturais, os painéis são estruturais ou auto
portantes quando compõem a estrutura, suportando as cargas da edificação, que podem ser
tanto internos quanto externos, e são não estruturais quando funcionam apenas como vedação
externa ou divisória interna, ou seja, sem ter função estrutural (CASTRO, 2005).
Os elementos estruturais mais utilizados para garantir a estabilidade estrutural dos
painéis e, consecutivamente da edificação do sistema, são as fitas e placas de contraventamento
e as linhas de bloqueadores (ABDI, 2015).
Externamente, os painéis podem ser fechados com placas cimentícias ou OSB,
independentemente do acabamento, as placas de OSB devem ser protegidas externamente da
umidade e da água, com uma manta ou membrana não tecido, formando uma barreira
impermeável à água (ABDI, 2015).
Os painéis no sistema LSF exercem basicamente a finalidade de componentes do
sistema estrutural da edificação, e associados a elementos de fechamento, desempenham a
função de vedação vertical (CASTRO, 2005).
Antes de se fechar o lado interno do painel, deve-se proceder à colocação do material
de isolamento térmico e acústico, com o avanço tecnológico dos produtos e processos de cálculo,
consegue-se mensurar a real necessidade do isolamento e quantificar o material isolante
necessário, os materiais mais empregados são as mantas de lã de vidro ou de rocha (ABDI, 2015).
4.5 Lajes
O conceito estrutural do sistema Light Steel Framing, que é basicamente dividir as
cargas entre os perfis, também é utilizado para os elementos que suportam as lajes e coberturas,
os elementos trabalham biapoiados e deverão sempre transferir as cargas continuamente, ou
seja, em elementos de transição até as fundações (ABDI, 2015).
As lajes no sistema LSF também são compostas de estrutura metálica em aço leve e
fechadas com materiais específicos, entre estes diversos tipos de laje (Figura 10), como exemplo,
pode-se citar a laje seca onde o piso é composto por um painel estrutural específico, ou a laje
“úmida”, que recebe este nome porque é construída com o contraventamento em OSB, aplicação
de manta impermeabilizante e com uma pequena camada de concreto para piso sobre este
contraventamento (MUNDO STEEL, 2020).
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Figura 10 – Tipos de lajes no Light Steel Frame
Fonte: Mundo Steel (2020)
4.6 Coberturas
A cobertura ou telhado é a parte da construção destinada a proteger o edifício da ação
das intempéries, podendo também desempenhar uma função estética, telhados podem variar
desde simples cobertas planas até projetos mais complexos com grande intersecção de águas ou
planos inclinados (CASTRO, 2005). Pode ser calculada para suportar qualquer tipo de telha.
Assim como os demais painéis, deve ser contraventada e bloqueada para suportar as cargas de
vento (ABDI, 2015).
A versatilidade do sistema Light Steel Framing possibilita a realização dos mais variados
projetos de cobertura (CASTRO, 2005).
4.7 Reflexões
A partir do exposto, entende-se que o sistema construtivo Ligth Steel Frame, a partir
da sua composição modular, pode ser eficaz quando aplicado à arquitetura escolar. e ser utilizado
para projetos modulares permanentes e/ou realocáveis isso significa que, os espaços de
interação e salas de aula de uma escola inclusiva poderão oferecer maior flexibilidade
favorecendo a acessibilidade.
O sistema modular é considerado uma opção que corresponde às intenções
sustentáveis já que o modelo racional de construção supera em muitos níveis os métodos
tradicionais de construção, entre eles, segundo o Portal Steel Frame (2020):
1. Maior flexibilidade e reutilização: Edifícios modulares podem ser
desmontados e os módulos realocados ou reformados para um novo uso,
reduzindo a demanda por matéria-prima e minimizando a quantidade de
energia gasta para atender a nova necessidade.
2. Menos desperdício de materiais: Ao construir em uma fábrica, o desperdício
é eliminado pela reciclagem de materiais, controle de estoque e proteção dos
materiais de construção.
3. Melhor qualidade do ar: Como a estrutura modular é substancialmente
concluída em um ambiente controlado de fábrica, com materiais secos, a
possibilidade de altos níveis de umidade serem retidos em novas construções
é eliminada (Portal Steel Frame, 2020).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É de extrema necessidade projetar escolas que atenda às reais necessidades dos
indivíduos que irão utilizá-la, de forma que os ambientes físicos não resultem em espaços
inacessíveis e insustentáveis.
A proposta de projeto para futuras escolas deve refletir sobre o cenário das escolas
atuais, na qual grande parte segue a padronização do FNDE, que impacta diretamente nos
indivíduos que a frequentam diariamente, em especial, as pessoas com deficiência
A partir dos resultados, constata-se que o sistema LSF remete a inúmeras vantagens
que viabilizam a construção mais ampla, flexível e sustentável, sucedendo ambientes planejados,
tipologia básica das edificações escolares.
6 REFERÊNCIAS
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http://www.abramat.org.br/datafiles/publicacoes/manual-construcao.pdf. Acesso em: 30 mar. 2020. ARANHA, Maria Salete Fábio (2001). Inclusão social e municipalização In: MANZINI, E. J. (org.) Educação especial:
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CAMPOS, Alessandro de Souza. Light Steel Framing traz novas possibilidades para a arquitetura. Publicado por Fórum da Construção. Disponível em: http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo. php?a=29&Cod=84. Acesso em: 27 maio 2020.
CONSUL STEEL. Construcción con acero liviano – Manual de Procedimiento. Buenos Aires: Consul Steel, 2002. 1 CD-ROM. 258p.
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