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Índice BMJ 497 (2000) ESTUDOS Nota explicativa ao Código de Processo Civil de Macau — José Manuel Borges Soeiro ...... PARECERES Contrato de prestação de serviço — Empregada de limpeza — Incompetência do Tribunal Administrativo — Parecer do Ministério Público, rec. n.º 45 739 ............................... Presidente da Câmara — Exercício efectivo de funções — Remuneração — Actividade privada — Parecer do Ministério Público, rec. n.º 46 022 ......................................... JURISPRUDÊNCIA JURISPRUDÊNCIA FIXADA Contrato de prestação de serviço — Empregada de limpeza — Incompetência do Tribunal Administrativo — Ac. do S. T. A., de 11-5-2000, rec. n.º 45 739 ............................... Presidente da Câmara — Exercício efectivo de funções — Remuneração — Actividade privada — Ac. do S. T. A., de 25-5-2000, rec. n.º 46 022 .......................................... DIREITO CONSTITUCIONAL Fiscalização concreta da constitucionalidade — Direito fiscal — Sisa — Fixação do valor patrimonial em avaliação administrativa — Garantia do recurso contencioso — Ac. do Tribunal Constitucional n.º 269/2000, de 3-5-2000 ........................................ Fiscalização concreta da constitucionalidade — Processo civil — Revelia em processo sumário — Efeito cominatório pleno — Pessoas colectivas — Sector cooperativo e social — Entidades mutualistas — Princípio da igualdade — Ac. do Tribunal Consti- tucional n.º 279/2000, de 16-5-2000 ........................................................................... Fiscalização concreta da constitucionalidade — Direito do trabalho — Regime laboral das guardas de passagem de nível substitutas — Aquisição do estatuto de trabalhadores permanentes — Princípio da segurança no emprego — Ac. do Tribunal Constitucio- nal n.º 280/2000, de 16-5-2000 ................................................................................... Fiscalização concreta da constitucionalidade — Processo penal — Direito ao recurso — Âmbito das competências do Supremo Tribunal de Justiça e das Relações — Recursos versando sobre matéria de facto — Incompetência do Supremo — Remessa dos autos ao tribunal competente — Princípio das garantias de defesa — Ac. do Tribunal Cons- titucional n.º 284/2000, de 17-5-2000 ......................................................................... 5 53 54 59 61 67 77 87 92

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NDICE

ESTUDOS

Nota explicativa ao Cdigo de Processo Civil de Macau Jos Manuel Borges Soeiro ......

PARECERES

Contrato de prestao de servio Empregada de limpeza Incompetncia do TribunalAdministrativo Parecer do Ministrio Pblico, rec. n. 45 739 ...............................

Presidente da Cmara Exerccio efectivo de funes Remunerao Actividadeprivada Parecer do Ministrio Pblico, rec. n. 46 022 .........................................

JURISPRUDNCIA

JURISPRUDNCIA FIXADA

Contrato de prestao de servio Empregada de limpeza Incompetncia do TribunalAdministrativo Ac. do S. T. A., de 11-5-2000, rec. n. 45 739 ...............................

Presidente da Cmara Exerccio efectivo de funes Remunerao Actividadeprivada Ac. do S. T. A., de 25-5-2000, rec. n. 46 022 ..........................................

DIREITO CONSTITUCIONAL

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Direito fiscal Sisa Fixao do valorpatrimonial em avaliao administrativa Garantia do recurso contencioso Ac. do Tribunal Constitucional n. 269/2000, de 3-5-2000 ........................................

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Processo civil Revelia em processosumrio Efeito cominatrio pleno Pessoas colectivas Sector cooperativo esocial Entidades mutualistas Princpio da igualdade Ac. do Tribunal Consti-tucional n. 279/2000, de 16-5-2000 ...........................................................................

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Direito do trabalho Regime laboral dasguardas de passagem de nvel substitutas Aquisio do estatuto de trabalhadorespermanentes Princpio da segurana no emprego Ac. do Tribunal Constitucio-nal n. 280/2000, de 16-5-2000 ...................................................................................

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Processo penal Direito ao recurso mbito das competncias do Supremo Tribunal de Justia e das Relaes Recursosversando sobre matria de facto Incompetncia do Supremo Remessa dos autosao tribunal competente Princpio das garantias de defesa Ac. do Tribunal Cons-titucional n. 284/2000, de 17-5-2000 .........................................................................

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Fiscalizao concreta da constitucionalidade Direito laboral Prescrio de infrac-es disciplinares que configuram simultaneamente infraces criminais Princpioda igualdade Ac. do Tribunal Constitucional n. 287/2000, de 17-5-2000 ............

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Processo penal Concluses da motiva-o do recorrente nus de especificao no recurso que verse sobre matria dedireito Rejeio imediata do recurso Convite ao aperfeioamento Princpio dasgarantias de defesa Ac. do Tribunal Constitucional n. 288/2000, de 17-5-2000

Fiscalizao abstracta sucessiva da constitucionalidade Processo penal militar Pos-sibilidade de reformatio in pejus, em recurso interposto pelo arguido Princpio dasgarantias de defesa Ac. do Tribunal Constitucional n. 291/2000, de 23-5-2000 .....

Fiscalizao concreta da constitucionalidade Direito penal Medidas de clemncia Excluso do perdo relativamente aos condenados por crime de trfico de droga aoabrigo da lei em vigor Princpio da igualdade Ac. do Tribunal Constitucionaln. 300/2000, de 31-5-2000 .........................................................................................

DIREITO PENAL

Concurso de crimes Roubo e sequestro Ac. do S. T. J., de 3-5-2000, proc. n. 155/2000Crime de omisso de auxlio Pressupostos necessrios Ac. do S. T. J., de 10-5-2000,

proc. n. 137/2000 .......................................................................................................Estupefaciente Toxicodependente Trfico de menor gravidade Valorizao global

do facto Ac. do S. T. J., de 10-5-2000, proc. n. 59/2000 .......................................Crime de ofensa integridade fsica de outra pessoa provocando-lhe perigo para a vida

Suspenso da execuo da pena de priso Requisito formal de no poder seraplicada em medida superior a 3 anos Peso das exigncias da preveno geral Ac. do S. T. J., de 17-5-2000, proc. n. 150/2000 .......................................................

Homicdio privilegiado Emoo violenta Atenuao especial da pena Rejeio dorecurso Manifesta improcedncia Ac. do S. T. J., de 31-5-2000, proc. n. 235/2000 ............................................................................................................................

Trfico de estupefacientes Trfico de menor gravidade Ac. do S. T. J., de 31-5-2000,proc. n. 186/2000 .......................................................................................................

DIREITO ADMINISTRATIVO

Licenciamento de obras Prazo do recurso contencioso Publicao do acto admi-nistrativo Publicitao do alvar Pedido de certido Suspenso dos prazosde impugnao Agravo de decises incidentais Ac. do S. T. A., de 4-5-2000,rec. n. 45 812 ..............................................................................................................

Recurso contencioso Arguio de vcios Ac. do S. T. A., de 10-5-2000, rec. n. 40 020Supremo Tribunal de Justia Conselho Superior da Magistratura Regulamento das

Inspeces Judiciais Primeira classificao Ac. do S. T. J., de 11-5-2000, proc.n. 1157/99 ..................................................................................................................

Concesso de servios pblicos Constituio de servido de gs Servido adminis-trativa Projecto de traado de conduta de gs Recorribilidade do acto Tempes-tividade do recurso Legitimidade activa Legitimidade passiva Constitu-cio-nalidade orgnica dos Decretos-Leis n. 374/89, de 25 de Outubro, e n. 11/94, de13 de Janeiro Caducidade de declarao de utilidade pblica Audincia dos

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interessados Fundamentao do acto Violao do direito de propriedade e dainiciativa econmica privada Ac. do S. T. A., de 11-5-2000, rec. n. 40 995 .......

Suspenso de eficcia Contrato de fornecimento de bens Ac. do S. T. A., de 24-5-2000,rec. n. 46 094-A .........................................................................................................

DIREITO FISCAL

IRC Ttulos de dvida Bolsa de Valores Juros decorridos Rendimentos decapitais Reteno na fonte Ac. do S. T. A., de 3-5-2000, rec. n. 24 585 .........

IRC Custos fiscalmente dedutveis Juros de mora relativos a impostos Artigo 41.,n. 1, alnea d), do CIRC Ac. do S. T. A., de 3-5-2000, rec. n. 24 627 ................

Acto de avaliao Impugnao judicial Notificao do acto de avaliao Erradaindicao do meio de defesa Prazo da impugnao judicial Ac. do S. T. A., de17-5-2000, rec. n. 24 382 ...........................................................................................

IRS Iseno fiscal Aco para reconhecimento de um direito Tutela judicial efec-tiva Indeferimento liminar Ac. do S. T. A., de 24-5-2000, rec. n. 24 194 .......

DIREITO DO TRABALHO

Despedimento Reintegrao: direito s remuneraes Deduo de rendimentos dotrabalho Sentena declarativa e ttulo executivo: mbito Oposio execuo(por embargos) e liquidao Ac. do S. T. J., de 3-5-2000, proc. n. 5/2000 .....

Contrato de prestao de servios Contrato de trabalho Docentes do ensino superiorparticular e cooperativo Ac. do S. T. J., de 16-5-2000, proc. n. 351/99 .............

Cessao do contrato de trabalho Resciso unilateral pelo trabalhador Complementode reforma indevido Ac. do S. T. J., de 16-5-2000, proc. n. 291/99 ....................

Anuidades (prmios de antiguidade) Regime aplicvel aos trabalhadores oriundos daEDP e integrados na PGP (Petroqumica e Gs de Portugal, E. P.) Ac. do S. T. J.,de 16-5-2000, proc. n. 349/99 ...................................................................................

Contrato de trabalho Causas de cessao Abandono do trabalho Comunicaoda entidade patronal Prescrio dos crditos laborais Ac. do S. T. J., de22-5-2000, proc. n. 66/2000 ......................................................................................

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Documentao de declaraes orais Artigo 363. do Cdigo de Processo Penal Suainobservncia Ac. do S. T. J., de 3-5-2000, proc. n. 121/2000 ...........................

Recurso extraordinrio para fixao de jurisprudncia em matria contra-ordenacional dacompetncia dos tribunais do trabalho Regime do Cdigo de Processo Penal Requisitos e prazo de interposio Ac. do S. T. J., de 3-5-2000, proc. n. 60/2000

Prova por reconhecimento Crime de homicdio qualificado Circunstncias agravan-tes Medida da pena Ac. do S. T. J., de 11-5-2000, proc. n. 75/2000 ..............

Acidente de viao Responsabilidade civil Conexo entre aco cvel e aco penal Deciso penal condenatria Caso julgado Oponibilidade a terceiros Ac. doS. T. J., de 23-5-2000, proc. n. 397/2000 ..................................................................

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Recurso penal Recurso para o Supremo Tribunal de Justia Matria de facto Matria de direito Reexame da matria de direito Ac. do S. T. J., de 24-5-2000,proc. n. 287/2000 .......................................................................................................

Princpio non bis in idem Reformulao de cmulo anterior Ac. do S. T. J., de24-5-2000, proc. n. 702/99 ........................................................................................

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Impugnao pauliana Requisitos gerais Impugnao de acto oneroso Requisito dam f Matria de facto/matria de direito Juzos de valor Ac. do S. T. J., de3-5-2000, proc. n. 315/2000 ......................................................................................

Embargos de executado Prazo de deduo Artigo 816., n. 3, do Cdigo de ProcessoCivil Norma interpretativa Ac. do S. T. J., de 4-5-2000, proc. n. 306/2000 ...

Execuo Nomeao de bens penhora Penhora de depsitos bancrios Ac. doS. T. J., de 4-5-2000, agravo n. 336/2000 ..................................................................

Hipoteca Validade da hipoteca Registo da hipoteca Falta de registo Ausnciade prova do registo Documento essencial Ac. do S. T. J., de 11-5-2000, proc.n. 351/2000 ................................................................................................................

Processo executivo Suspenso da execuo Sustao da execuo Acto urgente Ac. do S. T. J., de 16-5-2000, revista n. 363/2000 ....................................................

Aco de despejo Falta de pagamento de rendas vencidas Indemnizao Tributa-o Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas Reteno na fonte Escassa importncia do incumprimento Ac. do S. T. J., de 16-5-2000, agravon. 200/2000 ................................................................................................................

DIREITO CIVIL

Direito das obrigaes

Acidente de viao e de trabalho Indemnizao pelo acidente de viao Indemnizaopelo acidente de trabalho Ac. do S. T. J., de 3-5-2000, proc. n. 286/2000 ..........

Acidente de viao Fundo de Garantia Automvel mbito do Fundo Responsveldesconhecido Veculo de matrcula desconhecida Ac. do S. T. J., de 3-5-2000,proc. n. 193/2000 .......................................................................................................

Doao de imvel Fraccionamento do prdio Bons costumes Abuso do direito Nulidade Comodato de imvel Benfeitorias necessrias Possuidor de m f Indemnizao Prescrio Enriquecimento sem causa Posse precria Ob-jecto do recurso Questo nova Conhecimento oficioso Alterao da causa depedir Ac. do S. T. J., de 10-5-2000, proc. n. 887/99 ............................................

Indemnizao Causalidade adequada Correco monetria Juros Ac. do S. T. J.,de 11-5-2000, proc. n. 327/2000 ...............................................................................

Mandato sem representao Execuo especfica Ac. do S. T. J., de 11-5-2000, proc.n. 229/2000 ................................................................................................................

Direito das coisas

Restituio provisria de posse Possibilidade da substituio desta providncia cautelarpor cauo Ac. do S. T. J., de 25-5-2000, proc. n. 416/2000 ..............................

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Direito da famlia

Aco de divrcio Fundamentos do divrcio litigioso Separao de facto Aplicaodas leis no tempo Ac. do S. T. J., de 3-5-2000, proc. n. 284/2000 ......................

Aco de investigao e paternidade Caso julgado mbito e objecto do recurso Ac. do S. T. J., de 3-5-2000, proc. n. 326/2000 ........................................................

Poder inquisitrio do tribunal Alienao de imveis Consentimento conjugal Ac. do S. T. J., de 4-5-2000, proc. n. 310/2000 ........................................................

Comunho de adquiridos Bens prprios dos cnjuges Bens sub-rogados no lugar debens prprios Ac. do S. T. J., de 25-5-2000, proc. n. 1128/99 ............................

DIREITO COMERCIAL

Sociedades comerciais Responsabilidade dos gerentes Responsabilidade para com asociedade Legitimidade activa Aco social uti singuli Litisconsrcio necess-rio Responsabilidade civil extracontratual Assentos Uniformizao de juris-prudncia Despacho saneador Caso julgado Ac. do S. T. J., de 3-5-2000,proc. n. 171/2000 .......................................................................................................

Sociedade annima: rgos de fiscalizao Suspenso e destituio de director Justacausa Indemnizao Ac. do S. T. J., de 16-5-2000, revista n. 259/2000 .........

Sociedade por quotas Aco especial de prestao de contas da gerncia Legitimidadeactiva Falta de impugnao de factos Confisso Fora probatria Matriade facto Poderes do Supremo Convocatria de assembleia geral Ampliaoda matria de facto Falta de prestao de contas Inqurito judicial Erro naforma de processo Inexistncia do direito Ac. do S. T. J., de 16-5-2000, proc.n. 335/2000 ................................................................................................................

Marcas Semelhana grfica Dissemelhana fontica Confuso do consumidor Imitao Ac. do S. T. J., de 31-5-2000, proc. n. 369/2000 ..................................

Sumrios dos acrdos

Supremo Tribunal Administrativo

I Tribunal Pleno:

Amnistia Efeitos da amnistia do ilcito criminal no ilcito disciplinar Ac. de16-5-2000 ............................................................................................................

Militares Promoo por escolha Prtica de acto processual alm do prazo rgos e agentes do Estado Iseno de multa Fundamentao Suaobrigatoriedade em acto contrrio a informao oficial Ac. de 16-5-2000 ......

Notificao ao recorrente na pessoa do mandatrio Substabelecimento sem re-serva Falecimento do mandatrio Ac. de 16-5-2000 ................................

Prescrio do procedimento disciplinar Suspenso do prazo prescricional porinstaurao de processo de inqurito Poderes de cognio do pleno da 1. Sec-o do Supremo Tribunal Administrativo Matria de facto Ac. de 17-5-2000

Professor Contrato administrativo Clusula remuneratria Alterao Ac. de 17-5-2000 .................................................................................................

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II 1. Seco:

Amnistia Alnea c) do artigo 7. da Lei n. 29/99, de 12 de Maio Pena acessriade cessao de comisso de servio Aplicao da amnistia em processospendentes Direito tutela jurisdicional Ac. de 3-5-2000 ...........................

Concesso rgia Resciso da concesso e expropriao sem indemnizao Presuno derivada do registo Erro nos pressupostos do acto determinante daresciso da concesso Ac. de 31-5-2000 .......................................................

Direito de reverso de bem expropriado Obra contnua Ac. de 24-5-2000 .....Licenciamento de construo em desconformidade com licena de loteamento Nuli-

dade Prescries do alvar de loteamento Ac. de 24-5-2000 ...................Ordem de demolio de muro Usurpao de poder Funo jurisdicional

Ofensa de caso julgado Nulidade por ofensa de contedo essencial de direitofundamental Direito de propriedade Extemporaneidade do recurso con-tencioso Requisitos da notificao Prazo de interposio de recurso con-tencioso Ac. de 24-5-2000 ..............................................................................

Processamento de vencimentos Prazo de revogao Caso resolvido Reposi-o Prazo Ac. de 31-5-2000 ......................................................................

Recurso contencioso Pluralidade de fundamentos do acto impugnado Invalidadede um dos fundamentos invocados Ac. de 10-5-2000 ....................................

Recurso contencioso de despacho de rejeio de recurso hierrquico por extempora-neidade Tempestividade do recurso contencioso Objecto do recurso con-tencioso Ac. de 10-5-2000 ..............................................................................

Responsabilidade civil dos entes pblicos (pressupostos) Artigo 7. do Decreto-Lein. 48 051, de 21 de Novembro de 1967 Acto anulado por vcio de forma Falta de fundamentao Consequncias da no execuo do julgado Causa-lidade Ac. de 31-5-2000 .................................................................................

Responsabilidade por actos lcitos Acesso s vias pblicas Dano indemniz-vel Ac. de 25-5-2000 ......................................................................................

Revogao do acto Substituio Artigo 47. da Lei de Processo nos TribunaisAdministrativos Extino do recurso Ac. de 24-5-2000 ............................

III 2. Seco:

Benefcios fiscais Deduo de lucros retidos e reinvestidos Contribuio indus-trial Proibio de aplicao analgica Interpretao extensiva Distri-buio de lucros reinvestidos Venda de participao em empresa Ac. de17-5-2000 ............................................................................................................

Contra-ordenao fiscal Renncia ao jus puniendi Transmisso dos crditos porcoimas para terceiro Graduao da coima Ac. de 17-5-2000 ..................

Contribuio autrquica Sujeito passivo Execuo fiscal Venda por meio depropostas em carta fechada Momento da transmisso da propriedade Ac. de 31-5-2000 .................................................................................................

Contribuio industrial Conceito de actividade comercial ou industrial Venda deprdio construdo para fruio Efeitos da notificao deficiente do acto tribu-trio Ac. de 3-5-2000 .....................................................................................

Decreto-Lei n. 130/87, de 17 de Maro Reduo da taxa Disperso de capital Princpio da equivalncia das participaes indirectas e directas Ac. de31-5-2000 ............................................................................................................

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Reclamao de crditos Pedido implcito Caducidade do direito de reclama-o Subsdios de frias e de Natal Lei n. 17/86, de 14 de Junho Ac. de10-5-2000 ............................................................................................................

Tribunais de Segunda Instncia:

I Relao de Lisboa:

Aco de regulao do poder paternal Procedimento cautelar de arresto Ac. de4-5-2000 ..............................................................................................................

Apoio judicirio a sociedade comercial Ac. de 12-5-2000 ....................................Arrendamento urbano Resoluo do contrato pelo senhorio Falta de residncia

permanente Desintegrao do agregado familiar Ac. de 4-5-2000 ..........Atribuio de casa de morada de famlia Alegao e prova Receio de extravio ou

dissipao Presuno juris et de jure Ac. de 25-5-2000 ............................Cheque Priso por dvidas Condio resolutiva Ac. de 25-5-2000 .............Clusulas contratuais gerais Publicidade da sentena Interesse pblico

Ac. de 11-5-2000 .................................................................................................Condenao em juros no peticionados Violao do artigo 661. do Cdigo de

Processo Civil Ac. de 18-5-2000 ....................................................................Contrato de arrendamento urbano Denncia para habitao Limitaes ao

direito de denncia Ac. de 18-5-2000 .............................................................Demandante cvel Legitimidade Recurso Ac. de 11-5-2000 .........................Excesso de pronncia Comunicao ao senhorio da morte do arrendatrio

Incomunicabilidade do arrendamento Inconstitucionalidade do artigo 1. doDecreto-Lei n. 278/93, de 10 de Agosto Ac. de 18-5-2000 ...........................

Expropriao Valor de terreno onerado com servido administrativa Ac. de11-5-2000 ............................................................................................................

Furto Bens comuns do casal Rejeio do recurso Falta de indicao da normajurdica violada Ac. de 17-5-2000 ..................................................................

Instruo Inquirio de testemunha Ausncia do advogado do assistente Nulidade No pronncia Ac. de 3-5-2000 .................................................

Legtima defesa Excesso Ac. de 18-5-2000 .......................................................Lide temerria Lide dolosa Litigncia de m f Ac. de 4-5-2000 ................Normas gerais Normas especiais Normas excepcionais Penhora de direitos

de crdito Substituio processual do executado Execuo especial poralimentos Ac. de 25-5-2000 ............................................................................

Nulidade da sentena Erro de julgamento Contrato de comodato Clusulaacessria a termo incerto Obrigao de restituio Ac. de 25-5-2000 .....

Pena de multa Priso subsidiria Suspenso Ac. de 17-5-2000 ..................Penhora de estabelecimento comercial Artigo 862.-A, n. 3, do Cdigo de Processo

Civil Penhoras ordenadas aps 1 de Janeiro de 1997 Ac. de 11-5-2000 ....Poderes da Relao Transcrio Leitura de documento Perdo Ac. de

11-5-2000 ............................................................................................................Priso preventiva Falta de concluses Ac. de 1-5-2000 ...................................Priso preventiva Ac. de 4-5-2000 ........................................................................Processo abreviado Ac. de 4-5-2000 ....................................................................

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Processo de divrcio Extino de tribunal de crculo Criao e instalao detribunal de famlia e menores Competncia Ac. de 4-5-2000 ....................

Processo de injuno Ttulo executivo extrajudicial Juzos de pequena instnciacvel Juzos cveis Competncia Ac. de 4-5-2000 ..................................

Proveito comum do casal Mtuo para aquisio de veculo automvel Dvidasolidria Ac. de 25-5-2000 .............................................................................

Recurso Despacho que o no admite Reclamao Crime cometido no estran-geiro Ac. de 17-5-2000 ...................................................................................

Recurso Rejeio Erro notrio na apreciao da prova Manifesta improce-dncia Ac. de 3-5-2000 ...................................................................................

Regime de semideteno Ac. de 25-5-2000 ............................................................Repetio de julgamento Juiz competente Ac. de 25-5-2000 .............................Suspenso da audincia Requisio pelo juiz de documentos a terceiro Desco-

berta da verdade Responsabilidade civil contratual Indemnizao por da-nos no patrimoniais Ac. de 4-5-2000 ...........................................................

II Relao do Porto:

Aco de alimentos Tribunal competente Ac. de 23-5-2000 ..............................Aco de impugnao pauliana Registo Ac. de 25-5-2000 ...............................Aco de indemnizao Obrigao ilquida Mora Ac. de 8-5-2000 ............Acidente de trabalho Remio da penso Regime aplicvel Ac. de 15-5-2000Acidente simultaneamente de viao e de trabalho Direito de regresso da segura-

dora laboral Prescrio Contagem do prazo Ac. de 30-5-2000 ..........Alimentos Facto extinto da obrigao nus da prova Ac. de 29-5-2000 ....Arrendamento Cesso da explorao de estabelecimento comercial No comuni-

cao ao senhorio Ac. de 4-5-2000 ................................................................Arrendamento rural Denncia Ac. de 18-5-2000 .............................................Arrendamento urbano Resoluo Alterao substancial da estrutura Utiliza-

o para fim diferente Ac. de 4-5-2000 ..........................................................Contrato de trabalho Resciso por mtuo acordo Subsdio de desemprego

Ac. de 15-5-2000 .................................................................................................Deciso instrutria Nulidade Ac. de 10-5-2000 ...............................................Depsito bancrio Contitularidade Propriedade do dinheiro Ac. de 8-5-2000Energia elctrica Erro de facturao Lei n. 23/96, de 26 de Julho Ac. de

30-5-2000 ............................................................................................................Execuo Direito de remio Bens de sociedade comercial Ac. de 9-5-2000Execuo Iseno de penhora Agregado familiar Ac. de 8-5-2000 .............Falncia Cessao da actividade do devedor Ac. de 25-5-2000 ......................Falncia Inexistncia de bens Ac. de 23-5-2000 ...............................................Partilha dos bens do casal Condio suspensiva Ordem pblica portuguesa

Ac. de 23-5-2000 .................................................................................................Penhora de crdito Execuo contra o devedor Ac. de 11-5-2000 ...................Penhora Estabelecimento comercial Ac. de 22-5-2000 .....................................Perdo Condio resolutiva Ac. de 17-5-2000 .................................................Prescrio do procedimento criminal Interrupo Ac. de 17-5-2000 ..............Processo penal Gravao da prova Transcrio Ac. de 17-5-2000 ...........Processo penal Instruo Falta de defensor Ac. de 10-5-2000 ....................

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Processo penal Recurso em matria de facto Ac. de 31-5-2000 .......................Recurso penal Tribunal colectivo Recurso da matria de facto Ac. de

17-5-2000 ............................................................................................................Salrios em atraso Privilgio imobilirio geral Graduao de crditos Ac. de

2-5-2000 ..............................................................................................................Seguro automvel Direito de regresso Danos provocados por queda de carga

Ac. de 23-5-2000 .................................................................................................Sociedade comercial Direito dos scios Ac. de 18-5-2000 ...............................Suspenso de deliberaes sociais Tribunal competente Ac. de 8-5-2000 ........Testamento Incapacidade do testador nus da prova Ac. de 8-5-2000 ......Transaco judicial Mandato sem representao Ratificao do mandante

Ac. de 2-5-2000 ...................................................................................................

III Relao de Coimbra:

Acidente de trabalho in itinere Responsabilidade da entidade patronal e da segura-dora Caso julgado Ac. de 25-5-2000 ........................................................

Actuao dolosa e negligente Violao dos artigos 11., n. 1, alnea a), do Decreto--Lei n. 50/97, de 20 de Novembro, e 22., n. 1, alnea a), do Decreto-Lei n. 19/93,de 23 de Janeiro Ac. de 31-5-2000 .................................................................

Acusao nula Ac. de 3-5-2000 .............................................................................Apoio judicirio Oportunidade da deduo do pedido Ac. de 23-5-2000 .........Arresto Justo receio Critrio de apreciao Ac. de 30-5-2000 ....................Cauo econmica Existncia de fundado receio de falta ou diminuio substancial

das garantias de pagamento da indemnizao civil derivadas do crime Ac. de3-5-2000 ..............................................................................................................

Conduo sem habilitao Estado de necessidade Inibio de conduzir Ac. de3-5-2000 ..............................................................................................................

Conflito negativo de competncia Princpios da imediao e da plenitude Ac. de30-5-2000 ............................................................................................................

Contrato de arrendamento Acordo revogatrio Conhecimento oficioso da nuli-dade Ac. de 2-5-2000 .....................................................................................

Contrato de arrendamento Falta de pagamento da renda Excepo do nocumprimento do contrato Ac. de 9-5-2000 ....................................................

Contrato de arrendamento Prova Ac. de 2-5-2000 ..........................................Crime de abuso de poder Assistente Instruo Nulidade Ac. de 31-5-2000Crime de abuso sexual de crianas Acto sexual de relevo Ac. de 3-5-2000 .....Crime de contrafaco, imitao e uso ilegal de marcas Amnistia Ac. de

31-5-2000 ............................................................................................................Crime de emisso de cheque sem proviso Despenalizao Ac. de 31-5-2000Crime de falsificao de documento Bem jurdico tutelado Constituio de assis-

tente Legitimidade para recorrer Ac. de 3-5-2000 ....................................Crime de fraude de mercadorias Ac. de 3-5-2000 ................................................Depoimento de parte Admissibilidade Ac. de 2-5-2000 ....................................Doena prolongada Justificao das faltas Ac. de 11-5-2000 ..........................Eficcia da notificao do despacho dado ao abrigo dos artigos 311. e 312. do actual

Cdigo de Processo Penal, para efeitos da suspenso e interrupo da prescriode crimes cometidos na vigncia do Cdigo de Processo Penal anterior Ac. de24-5-2000 ............................................................................................................

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Embargo de obra nova nus de prova Ac. de 2-5-2000 .................................Embargos de executado Factos supervenientes Admissibilidade Ac. de

2-5-2000 ..............................................................................................................Embargos de terceiro Caducidade do direito Ac. de 2-5-2000 .........................Execuo cambiria Causa de pedir Actos dos gerentes Juros legais Ac. de

16-5-2000 ............................................................................................................Falta de comparncia Sucesso de leis no tempo Ac. de 3-5-2000 ...................Gravao da prova Transcrio Ac. de 24-5-2000 .........................................Interrupo do prazo prescricional Notificao do arguido para interrogatrio

perante o juiz de instruo criminal Ac. de 3-5-2000 ....................................Nulidade do negcio jurdico Obrigao de juros Ac. de 9-5-2000 .................Prazo de prescrio artigo 117., n. 1, alnea c), do Cdigo Penal Ac. de

3-5-2000 ..............................................................................................................Princpio da boa f contratual Abuso do direito Litigncia de m f Ac. de

16-5-2000 ............................................................................................................Processo de falncia Admissibilidade da citao edital Ac. de 16-5-2000 ........Prova Gravao nus da transcrio Ac. de 31-5-2000 ............................Reclamao de crditos Concurso e graduao entre o imposto indirecto e um

penhor Ac. de 16-5-2000 ................................................................................Recurso da deciso instrutria Recorribilidade Crime de fraude na obteno de

subsdio Consumao Competncia territorial Ac. de 17-5-2000 ........Recurso de reviso Natureza do prazo Ac. de 16-5-2000 ................................Recursos Questes novas Arguio de inconstitucionalidade Ac. de 2-5-2000Salrios em atraso Suspenso ou resciso do vnculo laboral Ac. de 4-5-2000

IV Relao de vora:

Aco de despejo Causa de pedir Falta de residncia permanente Falta depagamento de renda Ac. de 11-5-2000 ..........................................................

Arrendamento para habitao Denncia para habitao do senhorio Necessi-dade de habitao Caso intencionalmente criado Ac. de 18-5-2000 .........

Caa Perda dos instrumentos da infraco Ac. de 2-5-2000 ...........................Contrato de compra e venda a prestaes com reserva de propriedade Resolu-

o Ac. de 4-5-2000 .......................................................................................Contrato-promessa Formalidades ad substantiam Nulidade Ac. de 4-5-2000Crime de emisso de cheque sem proviso Prejuzo patrimonial Ac. de 23-5-2000Determinao da medida da pena de multa Crime de ofensa integridade fsica

Ac. de 2-5-2000 ...................................................................................................Processo disciplinar laboral Audio de testemunhas Ac. de 23-5-2000 .........Processo do trabalho Interposio de recurso Ac. de 23-5-2000 ....................Prova por reconhecimento Ac. de 30-5-2000 ........................................................Rejeio oficiosa da execuo Suspenso da instncia Caso julgado Ac. de

18-5-2000 ............................................................................................................Seguro obrigatrio de responsabilidade civil automvel Direito de regresso da

seguradora Conduo sob o efeito do lcool Nexo de causalidade Ac. de11-5-2000 ............................................................................................................

Suspenso da execuo da pena de priso Pressuposto material Ac. de 9-5-2000

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V Tribunal Central Administrativo:

I Seco do Contencioso Administrativo:

Abonos devidos a tarefeiros da Direco-Geral das Contribuies e Impostos Juros de mora Ac. de 4-5-2000 ......................................................................

Abonos pagos em execuo de sentena Juros de mora Ac. de 4-5-2000 ........mbito de recurso jurisdicional No impugnao de um dos fundamentos da deci-

so recorrida objecto de recurso contencioso Competncia material dos tribu-nais administrativos Ac. de 11-5-2000 ..........................................................

Artigo 12., n. 2, da Lei n. 47/84, de 5 de Abril, em conjugao com o artigo 10.,n. 1, do Decreto-Lei n. 194/96, de 16 de Outubro Ac. de 11-5-2000 ..........

Artigo 78., n. 4, do Decreto-Lei n. 267/85 (Lei de Processo nos Tribunais Adminis-trativos) Ac. de 4-5-2000 ...............................................................................

Concurso interno geral Princpio da imparcialidade Divulgao atempada doscritrios de avaliao Ac. de 11-5-2000 ........................................................

Extemporaneidade do recurso hierrquico necessrio Acto de processamento devencimentos ou abonos Caso decidido ou resolvido Deciso voluntria eunilateral Juros de mora Prescrio Ac. de 18-5-2000 ........................

Prazo de interposio de recurso contencioso de acto anulvel Ac. de 18-5-2000Princpio da igualdade Artigo 8. do Decreto-Lei n. 299/97, de 31 de Outubro (no

violao do princpio da igualdade) Ac. de 11-5-2000 ..................................Suspenso de eficcia Juno de documentos com a resposta Admisso da

juno dos documentos e desentranhamento da resposta No notificao dajuno Nulidade processual Ac. de 11-5-2000 ..........................................

II Seco do Contencioso Tributrio:

Arresto Necessidade de verificao do requisito do fundado receio de diminuio degarantia de cobrana de crditos fiscais para o arresto dos bens do devedororiginrio e do responsvel subsidirio Admissibilidade do arresto de bens doresponsvel subsidirio Ac. de 2-5-2000 .......................................................

Contribuio autrquica Conceito de prdio no caso de um mvel designado roulotte,assente no solo, com carcter de permanncia Ac. de 2-5-2000 ...................

Imposto de mais-valias Terrenos para construo Destino declarado no ttulotranslativo Presuno Ac. de 2-5-2000 .....................................................

IVA Desconformidade no NIPC do fornecedor Ac. de 30-5-2000 ....................Oposio Duplicao de colecta Ac. de 9-5-2000 ............................................Oposio Nulidade do ttulo executivo Nulidade de citao, duplicao de

colecta Ac. de 16-5-2000 ................................................................................Oposio execuo fiscal nus da prova na insuficincia do patrimnio

Inconstitucionalidade do artigo 13. do Cdigo de Processo do Trabalho Ac. de 2-5-2000 ...................................................................................................

Tarifa de ligao de esgoto Fixao do valor Ac. de 9-5-2000 ........................

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BOLETIM DO MINISTRIO DA JUSTIA

DirectorProcurador-Geral da Repblica

ProprietrioMinistrio da Justia

RedacoProcuradoria-Geral da RepblicaRua da Escola Politcnica, 140

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EditorGabinete de Documentao e Direito Comparado

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Assinatura e distribuioInstituto de Gesto Financeira e Patrimonial da Justia

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Composio em processo informticoGabinete de Documentao e Direito Comparado

RevisoManuel Vasconcelos

ImpressoEuropress, L.da

Depsito legaln. 3602/83

Tiragem5500 exemplares

5 EstudosBMJ 497 (2000)

NOTA EXPLICATIVA AO CDIGO DE PROCESSOCIVIL DE MACAU

por Jos Manuel Borges Soeiro

Foi intencional e bem emblemtico o facto de a primeira disposio legaldo novo Cdigo de Processo Civil de Macau ter por epgrafe Garantia deacesso aos tribunais.

Vem sendo considerado como um princpio estruturante do Estado de direitoe pretende ser a sequncia natural do normativo contido no artigo 20. da Cons-tituio da Repblica Portuguesa:

A todos assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para defesados seus direitos e interesses legalmente protegidos, no podendo a jus-tia ser denegada por insuficincia de meios econmicos.

Para os constitucionalistas este preceito tem contornos perfeitamente defini-dos, que se traduzem em direito de aco (direito subjectivo de levar determi-nada pretenso ao conhecimento de um rgo jurisdicional, solicitando a aber-tura de um processo, com o consequente nus do mesmo rgo de sobre ela sepronunciar mediante deciso fundamentada), direito do processo (direito devista do processo, incluindo a possibilidade de consulta dos autos), direito aprazos razoveis de aco ou de recurso (que no prejudiquem ou inutilizemo exerccio dos respectivos direitos), o direito a uma deciso judicial atempada(isto , sem dilaes indevidas), o direito a um processo justo (com assentonos princpios da prioridade e da sumariedade no caso daqueles direitos cujoexerccio pode ser aniquilado pela falta de medidas de defesa expeditas, odireito a um processo de execuo (que d sequncia e torne efectivo o direitodeclarado) e o direito ao recurso das decises proferidas pelos tribunais e

6Estudos BMJ 497 (2000)

expresso no duplo grau de jurisdio (vide, Gomes Canotilho e Vital Moreira,Constituio da Repblica Portuguesa Anotada, 3. ed., pgs. 163 e seguinte).

Valer a pena desenvolver um pouco a expresso direito a um processojusto, que, como nos d notcia Gomes Canotilho, Direito Constitucionale Teoria da Constituio, pg. 448, emerge do artigo 39. da Magna Carta,recebendo, posteriormente, a maior receptividade na Constituio dos EstadosUnidos da Amrica e nas suas subsequentes Emendas.

Com o evoluir histrico, passou a ser considerado como proteco alargadade direitos fundamentais, quer nas dimenses processuais, quer nas dimensessubjectivas. A proteco alargada atravs da exigncia de um processo equita-tivo significar tambm que o controlo dos tribunais relativamente ao carcterjusto ou equitativo do processo se estender, segundo as condies parti-culares de cada caso, s dimenses materiais e processuais do processo no seuconjunto (ob. cit., pg. 451).

O direito tutela jurisdicional veio a ser consagrado, em termos inequvocos,no artigo 20., n. 3, da Constituio da Repblica Portuguesa (aps a reviso de1997), quando prescreve todos tm direito a que uma causa em que interve-nham seja objecto de deciso em prazo razovel e mediante processo equita-tivo.

Assim, o direito tutela jurisdicional ou o direito de acesso aos tribunaiscomo direito de acesso a uma proteco jurdica individual adequada estabeleceespecial nfase no facto de a via judiciria que se abre aos particulares possuirum grau acrescido de eficcia, no sentido da garantia judiciria no ser ummero jogo formal, mas que seja obtida uma deciso sobre o fundo da causa,fundada no direito.

No dizer de Gomes Canotilho (ob. cit., pg. 454):

A sequncia direito de acesso aos tribunais garantia da via judici-ria direito ao processo direito a uma deciso fundada no direito deixaintuir que todas estas dimenses do direito de acesso no so incompatveiscom a exigncia de pressupostos processuais, ou seja, de um conjunto derequisitos cuja verificao e observncia necessrio para um rgo judicialpoder examinar as pretenses formuladas no pedido. No entanto, o direito tutela jurisdicional no pode ficar comprometido em virtude da exigncia legalde pressupostos processuais desnecessrios, no adequados e desproporcio-nados.

Como concretizao desta ideia, importar fazer especial referncia revo-gao dos preceitos que, no regime vigente, condicionam o normal prossegui-mento da instncia e a obteno de uma deciso de mrito, ou o uso em juzo dedeterminada prova documental, demonstrao do cumprimento de diversasobrigaes tributrias.

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No mesmo sentido, eliminam-se os preceitos que estabelecem reflexosgravosos e muitas vezes desproporcionais no andamento e deciso da causa doincumprimento de obrigaes pecunirias emergente da legislao sobre custas,pondo-se termo, designadamente, previso, como causa de extino da instn-cia e de desero do recurso, de falta de preparo inicial ou de pagamento decustas, bem como consagrao, como excepes dilatrias, da falta de paga-mento de custas na aco anterior.

Entende-se, com efeito, que a conduta violadora de preceitos de naturezatributria deve sofrer uma sano estritamente pecuniria dos montantes devi-dos, sem que a falta deva ter influncia no andamento do processo, realidadeque dever ser conjugada na futura legislao sobre custas.

No mesmo sentido de privilegiar a deciso de fundo, importa consagrar,como regra, que a falta de pressupostos processuais sanvel (vide, exposiode motivos do Decreto-Lei n. 329-A/95, de 12 de Dezembro, que, alis, vimosseguindo de perto).

Mas a proteco jurdica encetada atravs dos tribunais implica a garantiade uma proteco eficaz e realizada em tempo til.

Com efeito, ao requerente de uma pretenso jurdica deve ser garantida quea deciso seja proferida, com fora de caso julgado, com adequao temporale sem dilaes indevidas.

Deve, ainda, ser garantido o direito execuo das sentenas.Mas o desenvolvimento de todos estes direitos seria insubsistente se a lei

fizesse depender o seu exerccio da capacidade econmica dos respectivostitulares.

Por isso que o legislador constitucional veio acrescentar que o recurso justia no pode ser denegado por insuficincia de meios econmicos.

Assim, no conforme Constituio da Repblica Portuguesa um regimede custas judiciais de tal modo gravoso que torne insuportvel o acesso aostribunais, a sujeio das aces ou dos recursos a caues ou outras garan-tias financeiras incompatveis ou o condicionamento da tramitao do recursoao depsito prvio de determinada quantia que o recorrente no est em condi-es de satisfazer (Gomes Canotilho e Vital Moreira, ob. cit., pg. 165).

Ao assegurar aos cidados o direito de acesso aos tribunais para defesa dosseus direitos e interesses, instituiu, por parte do Estado, o indeclinvel dever deadministrar justia ou um dever de garantia institucional de justia, o que im-pe a proibio da autodefesa, a no ser em circunstncias excepcionais previs-tas na lei.

Afirma-se, ainda, como princpio estruturante de todo o processo civil o prin-cpio do contraditrio.

No dizer de Lebre de Freitas, Introduo ao Processo Civil Conceitoe Princpios Gerais, pg. 96, por princpio do contraditrio entendia-se tradi-

8Estudos BMJ 497 (2000)

cionalmente a imposio de que, formulado um pedido ou tomada uma posiopor uma parte, devia outra ser dada oportunidade de se pronunciar antes dequalquer deciso, tal como oferecida uma prova por uma parte, a parte contr-ria devia ser chamada a control-la e ambas sobre ela tinham o direito de sepronunciar, assim se garantindo o desenvolvimento do processo em discussodialctica, com as vantagens decorrentes da fiscalizao recproca das afirma-es das partes.

A esta concepo, vlida mas restritiva, substitui-se hoje uma noo maislata de contraditoriedade, com origem na garantia constitucional do rechlichesGehor germnico, entendida como garantia da participao efectiva das partesno desenvolvimento de todo o litgio, mediante a possibilidade de, em plena igual-dade, influrem em todos os elementos (factos, provas, questes de direito) quese encontrem em ligao com o objecto da causa e que em qualquer fase doprocesso apaream como potencialmente relevantes para a deciso.

O escopo do princpio do contraditrio deixou assim de ser a defesa, nosentido negativo de oposio ou resistncia actuao alheia, para passar a sera influncia, no sentido positivo de direito de incidir activamente no desenvolvi-mento e no xito do processo.

Por isso mesmo que Lebre de Freitas (ob. cit., pg. 96), citando Frohn,fala do processo como um sistema de comunicaes entre as partes e o tri-bunal.

O princpio do contraditrio incide nuclearmente no que se refere alega-o de factos, dando-se parte contrria sempre a possibilidade de os vir acontraditar, o que sucede, em regra, na fase dos articulados; no que concerne produo de prova, dando-se s partes a faculdade de requererem quaisquermeios probatrios e de impugnarem os apresentados pela parte contrria; final-mente, no atinente questo de direito, o princpio do contraditrio postula queantes de ser proferida a deciso se deva possibilitar que as partes se pronun-ciem sobre a questo jurdica, isto , sobre todos os fundamentos de direito emque a deciso se baseie, quer sejam substantivos, quer adjectivos.

Por exemplo, se o juiz se propuser qualificar um contrato de forma diversado feito pelas partes ao longo do processo, dever, antes da sentena, permitirque elas sejam confrontadas com essa qualificao para poderem invocar assuas razes; igualmente, se o juiz equacionar a questo da ilegitimidade de umadas partes, sem que nenhuma delas tivesse arguido essa excepo, deverconvid-las para se pronunciarem sobre esse pressuposto processual.

Tem-se em vista fundamentalmente evitar a prolao de decises surpresade aplicao no s nos tribunais de 1. instncia, como nos tribunais de re-curso, pelo que se no for dada satisfao ao comando contido no artigo 3.,n. 3, do Cdigo de Processo Civil de Macau, tal situao gera nulidade (ar-tigo 147., n. 1).

9 EstudosBMJ 497 (2000)

Esta opo legislativa encontra apoio, no direito comparado, nos sistemasjurdicos alemo ( 278, III, pg. 280) e no artigo 16., n. 3, do Cdigo deProcesso Civil Francs de 1975.

Tambm merece destaque no novo Cdigo de Processo Civil o princpio deigualdade das partes, prescrevendo-se que o tribunal deve assegurar ao longode todo o processo um estatuto de igualdade substancial das partes, designa-damente no exerccio de faculdades, no uso de meios de defesa e na aplicaode cominaes ou de sanes processuais (artigo 4.).

No obstante ser particularmente difcil estabelecer um verdadeiro equilbrioentre as partes, pois que o autor tem na sua disponibilidade o tempo que reputenecessrio para intentar uma aco enquanto que o ru tem um prazo prefi-xado na lei para contestar, o certo que se tentou atenuar essas desigualdades.

Exemplo marcante o regime previsto no artigo 403., n.os 4 e 5, em que secolocou o Ministrio Pblico, em p de igualdade com qualquer parte que podevir a solicitar o alargamento do prazo para contestar at 30 dias, se invocarrazes ponderosas, o mesmo sucedendo com todos os articulados subsequentes contestao (artigo 422.).

No implicando este princpio uma identidade formal absoluta de todos osmeios, que a diversidade das posies das partes impossibilita, exige, porm, aidentidade de faculdades e meios de defesa processuais das partes e a suasujeio a nus e cominaes idnticos, sempre que a sua posio perante oprocesso equiparvel, e um jogo de compensaes gerador do equilbrio glo-bal do processo, quando a desigualdade objectiva intrnseca de certas posiesprocessuais leva a atribuir a uma parte meios processuais no atribuveis ou-tra (Lebre de Freitas, ob. cit., pgs. 105 e seguinte).

Na parte final do que vem sendo referido desigualdade objectiva intrn-seca de certas posies processuais encontra-se, por exemplo, a diversi-dade processual do exequente e do executado, em toda a marcha do processoexecutivo.

No que se refere exacta definio da regra do dispositivo, estabelece-seque a sua vigncia no preclude ao juiz a possibilidade de fundar a deciso noapenas nos factos alegados pelas partes, mas tambm nos factos instrumen-tais que, mesmo por indagao oficiosa, lhes sirvam de base.

E, muito em particular, consagra-se em termos de claramente privilegiara realizao da verdade material a atendibilidade na deciso de factos es-senciais procedncia do pedido ou de excepo ou reconveno que, emborainsuficientemente alegados, resultem da instruo e discusso da causa, desdeque o interessado manifeste vontade de os aproveitar e parte contrria tenhasido facultado o contraditrio (vide Exposio de motivos do Decreto-Lein. 329-A/95, de 12 de Dezembro).

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o que, eventualmente, se passar nas situaes em que a causa de pedir complexa, tendo havido omisso na alegao de alguns factos que, posterior-mente, se vm a provar na instruo e discusso da causa.

uma inovao de longo alcance, no sentido de ser atingida a verdadematerial, mas que ter de ser utilizada com extremo bom senso, por forma queo dispositivo e o contraditrio no saiam beliscados, razo pela qual se denota ocuidado com que foi redigido o n. 3 do artigo 5. (vide, sobre factos instrumen-tais, com maior desenvolvimento, Teixeira de Sousa, Estudos sobre o NovoProcesso Civil, pgs. 70 e segs.).

Para ser efectivada a justia, necessrio se torna que o juiz, com a cola-borao das partes, persiga a verdade, que consiga a realizao da justia ma-terial.

Por isso mesmo que no artigo 6. do Cdigo de Processo Civil de Macause encontra tabelarmente exarado que iniciada a instncia, cumpre ao juiz, semprejuzo do nus de impulso que cabe s partes, providenciar pelo andamentoregular e clere do processo, promovendo oficiosamente as diligncias necess-rias ao normal prosseguimento da aco []. E acrescenta a citada disposi-o, onde se encontra bem explicitado o princpio da oficiosidade ou do inquisitrioque o juiz providencia, mesmo oficiosamente, pelo suprimento da falta de pres-supostos processuais susceptveis de sanao.

E a concluir estatui o referido normativo: Incumbe ao juiz realizar ou or-denar, mesmo oficiosamente, todas as diligncias necessrias ao apuramentoda verdade e justa composio do litgio, quanto aos factos que lhe lcitoconhecer.

A confluir, tal como ponto de encontro entre o princpio da oficiosidade ouinquisitrio e o princpio do contraditrio, encontra-se uma nova realidade e umanova afirmao no ordenamento jurdico processual civil de Macau.

Trata-se da explicitao de que o processo civil no deve ser visto comouma lide, onde as partes se degladiam, utilizando toda a espcie de expedientes,com vista consecuo dos seus objectivos, cabendo ao juiz o papel de rbitro,de mero regulador a quem a aco nada diz e, como tal, deve limitar-se, apenas,a assegurar que sejam cumpridas as regras do jogo.

Esta viso individualista e tendencialmente autoritria do juiz deu lugar quese consagrasse o princpio da cooperao, previsto no artigo 8. do Cdigo deProcesso Civil de Macau, como forma de a transformar numa viso mais plurale, como tal, mais participada.

A se preconiza que na conduo e interveno no processo devem osmagistrados, os mandatrios judiciais e as prprias partes cooperar entre si,contribuindo para se obter, com brevidade e eficcia, a justa composio dolitgio.

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Isto significa que no s as partes, mas tambm o juiz, cooperando todosentre si, deve estar interessado em que o litgio se decida com justia.

Trata-se de explicitar uma evoluo histrica do processo liberal eindividualstico, de tipo francs, para o processo social e publicstico, caracters-tico do cdigo austraco de Klein de 1895, onde se verificou a mais profundamudana na concepo do processo civil dos ltimos dois sculos: que dofenmeno essencialmente privatstico e individualstico que apenas interessavas partes em litgio (com forte expresso na viso duelstica ou agonstica dainstituio processual) passa a ser considerado como um fenmeno social demassa que interessa sociedade no seu todo o que levou Klein a qualificareste novo tipo de processo como um instituto de bem-estar social e tem levadoa doutrina mais recente a contrapor as duas concepes do processo liberale social chamando primeira um micro direito judicirio e segunda omacro direito judicirio (Pessoa Vaz, Direito Processual Civil, pg. 12).

Um dos desenvolvimentos deste princpio, que no se pretende meramenteindicativo nem muito menos piedoso, encontra-se exarado no mesmo artigo 8.no seu n. 4, quando prev que sempre que alguma das partes aleguejustificadamente dificuldade sria em obter documento ou informao [] cominteresse para a deciso da causa deve o juiz, sempre que possvel, providen-ciar pela remoo do obstculo.

J no se est perante um juiz passivo, um juiz neutral, mas perante um juizactivo, que remove obstculos.

Como explanao ainda deste princpio consagram-se, naturalmente, o daboa f e o dever de recproca correco, que tem particular campo de incidn-cia na marcao do dia e hora das diligncias, passando por um encontro deagendas do juiz e dos mandatrios (artigo 105.), como forma de evitar um dosfenmenos que mais abala a celeridade processual o adiamento das aludidasdiligncias, nomeadamente a audincia de discusso e julgamento.

A violao do princpio da cooperao poder levar a que as partes sejamcondenadas como litigantes de m f, j que este conceito sofreu uma alteraono sentido de nele poderem ser enquadrveis comportamentos negligentes [ar-tigo 385., n. 2, alnea c)].

Mas com vista realizao da justia material so dados, ainda, mais am-plos poderes ao juiz, podendo, inclusivamente, ser ele prprio a escolher o con-junto de actos processuais que melhor se adeqem aos fins do processo.

Trata-se do princpio da adequao formal, muito utilizado nos tribunaisarbitrais, e que tem em vista, segundo se dispe no artigo 7. do Cdigo deProcesso Civil de Macau, a seguinte previso:

Quando a tramitao processual prevista na lei no se adequar sespecificidades da causa, deve o juiz oficiosamente, ouvidas as partes,

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determinar a prtica dos actos que melhor se ajustem aos fins do pro-cesso.

Ser um meio que poder ser utilizado, julga-se com alguma frequncia, nosprocessos especiais, j que esto vocacionados a cobrir uma realidade proces-sual extremamente diversificada e no raras vezes os mltiplos processos tipoprevistos no Cdigo de Processo de Civil no sero os mais adequados ao fimpretendido pelos diversos intervenientes processuais, quando litigam.

Considera-se vantajosa a maleabilidade que este normativo e a disposiofundamental que consubstancia poder permitir, pois que o juiz, depois de ouvi-das as partes, poder como que escolher o figurino mais ajustado realizaoda justia, no caso concreto.

Uma primeira nota para referir a alterao introduzida na enunciao dospressupostos processuais, merecendo a competncia a justificada opo de surgirem primeiro lugar, traduzindo essa opo uma lgica consequncia do facto deser a primeira das excepes a conhecer, nomeadamente no despacho saneador[artigo 230., n. 1, alnea a)].

Ainda, face especificidade do territrio de Macau, deixou de fazer sentidodistinguir-se a competncia absoluta da competncia relativa, j que esta ltima,naturalmente, nunca ocorrer.

S a incompetncia em razo da matria, da hierarquia e a internacional (ouexterna, conforme a terminologia empregue no Cdigo) levar incompetnciaabsoluta dos tribunais de Macau.

Mas como deixar de se poder falar de incompetncia relativa, no h ra-zo para continuar a perfilhar o conceito de incompetncia absoluta.

Falar-se-, to-somente, de competncia dos tribunais de Macau.Por outro lado, a competncia em razo da matria e a competncia em

razo da hierarquia sero reguladas nas leis de organizao judiciria.Com efeito, a tero a sua sede a competncia do tribunal de competncia

genrica, instruo criminal, administrativo (competncia em razo da matria),como tambm a tero reguladas as suas competncias o tribunal de 2. instn-cia e o tribunal de ltima instncia (competncia em razo da hierarquia).

Assim, na legislao processual civil, s nos restar a competncia anterior-mente designada de internacional e hoje de externa.

Falar-se-, pois, simplesmente da competncia dos tribunais de Macau.

No artigo 15., prevem-se as circunstncias gerais determinantes da com-petncia dos tribunais de Macau, onde na alnea a) se consubstancia o princ-pio da causalidade, segundo o qual reconhecida a competncia aos tribunais

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do territrio, quando tenha sido praticado em Macau o facto que serve de causade pedir na aco.

Por sua vez, na alnea b) enuncia-se o princpio da reciprocidade: ser ruum no residente e o autor um residente, desde que, se idntica aco fosseproposta pelo ru nos tribunais do local da sua residncia, o autor pudesse a serdemandado.

Finalmente, na alnea c) faz-se aplicao do princpio da necessidade,reconhecendo-se a competncia dos tribunais de Macau, quando o direito dodemandante no possa tornar-se efectivo seno por meio de aco proposta noterritrio, ou no seja exigvel ao autor a sua propositura no exterior de Macau,desde que o objecto do litgio e a ordem jurdica local exista elemento ponderosode conexo, pessoal ou real.

Enuncia-se, depois, no artigo 16. as circunstncias determinantes da com-petncia para certas aces.

De realar o normativo que fixa a competncia exclusiva dos tribunais deMacau, disposio esta que corresponde ao actual artigo 65.-A do Cdigo deProcesso Civil ainda em vigor.

A razo de se atribuir aos tribunais de Macau, em confronto com os tribu-nais do exterior, competncia exclusiva para instruir e julgar certas causasest no interesse econmico e social que o controlo das matrias constantes nopreceito seja feito pelos rgos de jurisdio do territrio (vide Rodrigues Bas-tos, Notas ao Cdigo de Processo Civil, vol. I, 1999, pg. 127).

No que se refere personalidade judiciria (artigo 42.), procurou arti-cular-se o regime da personalidade judiciria das sociedades irregulares ao novoregime da aquisio da personalidade jurdica pelas sociedades comerciais, nadecorrncia do artigo 178. do Cdigo Comercial de Macau.

Introduzem-se, tambm, certas correces e aperfeioamentos, de ndolesistemtica, na matria da representao cumulativa do menor pelos pais queexercem o poder paternal, prevendo-se, expressamente, na lei de processo apossibilidade j contida na Lei de Bases da Organizao Judiciria de oMinistrio Pblico poder propor aces em representao dos incapazes.

De harmonia com o princpio da oficiosidade no suprimento das excepesdilatrias, concede-se ao juiz poderes acrescidos no sentido de sanar a incapa-cidade judiciria e a irregularidade de representao.

Optou-se, em sede de legitimidade, tomar inequvoca posio sobre a longapolmica existente acerca do estabelecimento do critrio de determinao dalegitimidade das partes, explicitando-se, para tal, na titularidade da relao ma-terial controvertida, conforme configurada pelo autor, na linha do que vinhasendo defendido pelo Prof. Barbosa de Magalhes.

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Aproveitou-se, ainda, o ensejo de depurar no artigo 58. o conceito precisode legitimidade, relegando para o interesse processual ou o interesse em agir oconstante nos n.os 1 e 2 do artigo 26. do Cdigo de Processo Civil revogado.

Regulou-se quem detm legitimidade para propor aces e procedimentoscautelares destinados defesa da sade pblica, do ambiente, da qualidade devida, do patrimnio cultural e do domnio pblico, bem como proteco doconsumo de bens e servios.

So as aces destinadas a tutelar os interesses difusos e a respectivalegitimidade concedida a qualquer cidado no gozo dos seus direitos civis epolticos, s associaes e fundaes defensoras dos interesses em causa, aosrgos municipais e ao Ministrio Pblico (artigo 59.).

Na linha do que a doutrina mais representativa vinha defendendo, estabele-ceu-se que se trata de uma questo de legitimidade e no de capacidade judi-ciria toda a problemtica relativa s aces que tm de ser propostas porambos ou contra ambos os cnjuges (artigo 62.).

No que se refere coligao, puseram-se fim a algumas restries que notinham razo de ser, permitindo-se no s quando haja relaes de dependnciados pedidos, mas tambm de prejudicialidade (artigo 64., n. 1).

No n. 3 do mesmo preceito deu-se ainda resposta a outra polmica doutrinale jurisprudencial que incide sobre os pedidos que se fundem em obrigaocartular e na relao subjacente, no se antevendo razes que impeam a coli-gao, nessas situaes.

Previu-se, ainda, em homenagem ao princpio da economia processual, osuprimento da coligao ilegal, facultando-se ao juiz poder mandar notificar oautor para indicar o pedido a apreciar nos autos, absolvendo o ru dos outrospedidos (artigo 66.).

Com vista realizao efectiva da justia e a no criar entraves de ndoleprocessual prev-se, ainda, a formulao subsidiria do mesmo pedido, ou aformulao de pedido subsidirio, por autor ou contra ru diverso do que de-manda ou demandado a ttulo principal, no caso de dvida fundamentada so-bre o sujeito da relao material controvertida (artigo 67.).

Ser uma via a encetar quando, v. g., haja fundadas dvidas sobre a identi-dade do devedor, por se ignorar em que qualidade jurdica interveio em certonegcio jurdico.

Como supra j se deixou insinuado, autonomizou-se, em sede de pressupos-tos processuais, o interesse processual ou o interesse em agir (artigo 72.),questo muito debatida na doutrina e que agora encontra a soluo que se julgaa maioritariamente sufragada, considerando-se que haja interesse processualsempre que a situao de carncia do autor justifica o recurso s vias judiciais.

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Finalmente, no atinente ao patrocnio judicirio, regulou-se, com detalhe,a renncia do mandato judicial, procurando alcanar-se um justo equilbrio entrea inexigibilidade ao mandatrio de prosseguir com o patrocnio do seu cliente eo interesse do autor em ver o conflito existente entre o ru e o seu mandatriorepercutir-se negativamente no clere andamento da lide (artigo 81.).

O ttulo dos actos processuais inicia-se com um princpio programtico queenuncia que no lcito realizar no processo actos inteis, alargando este pre-ceito a todos os intervenientes processuais e no s aos funcionrios como faza disposio contida no Cdigo de Processo Civil revogado, que os admoestavacom responsabilidade disciplinar (artigo 137. do Cdigo de Processo Civil revo-gado e artigo 87. do Cdigo de Processo Civil de Macau).

Na forma dos actos processuais, de salientar que se abre a porta ao usode meios informticos no tratamento e execuo de quaisquer actos ou peasprocessuais (artigo 88., n. 5).

Encontra-se, assim, permitida a informtica de gesto a incidir, nomeada-mente, no funcionamento das secretarias judiciais.

De salientar, ainda, que ser utilizada nos actos processuais uma das duaslnguas oficiais, sendo assegurado a qualquer interveniente no processo que noconhea ou domine a lngua que est a ser empregue a traduo para a outradas duas lnguas (artigo 89.).

Importante alterao radica no regime institudo no artigo 94. do Cdigo deProcesso Civil, j que passa a vigorar a regra da continuidade dos prazos, pondofim a uma prtica processual que tantos custos trouxe a todos quantos lidavamde perto com a prtica forense e que se viam, muitas vezes, em situao difcilpara computar os prazos processuais, havendo mesmo quem tivesse criado ca-lendrios especiais para contar os prazos.

No n. 3 do mesmo preceito ps-se fim a dvidas que tiveram eco na juris-prudncia a propsito de serem integrados nos feriados as situaes de tole-rncia de ponto. Optou-se em sentido afirmativo, j que, numa perspectivafctica, no haver distines a fazer que levasse a que a opo fosse outra.

No n. 4 do mesmo artigo estabelece-se que os prazos para a propositura deaces previstos no Cdigo de Processo Civil seguem o regime do aludido pre-ceito.

Sabe-se da abundante jurisprudncia que foi criada volta da qualificaode um prazo como substantivo ou processual. Ora, esta disposio, no dizer deRodrigues Bastos, ob. cit., pg. 212, corta cerce o problema no que respeita aosprazos para a propositura de aces: os previstos neste Cdigo seguem todoso regime indicado neste artigo.

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E os outros (pergunta o mesmo autor)? Os previstos no Cdigo Civil e emleis avulsas? De harmonia com o critrio formal, que parece ter norteado olegislador, somos levados a supor que os prazos indicados no Cdigo Civil segui-ro as regras constantes do seu artigo 271.; quanto aos demais, na falta deregulamentao prpria, continuaro a necessitar que se distinga entre normasde carcter substantivo e normas de carcter processual, para adoptar um ououtro dos regimes referidos.

No que se refere ao artigo 95. do Cdigo de Processo Civil de Macau, enomeadamente ao seu n. 5, verifica-se que a prtica do acto fora do prazoimplica sempre o requerimento simultneo do pagamento imediato da multadevida.

E s se requerido o pagamento imediato da multa, ela no for paga, s ento que a secretaria mandar notificar a parte faltosa para proceder ao pagamentoda multa e da sano fixada no n. 6 do mesmo preceito.

Isto , esta ltima notificao no tem lugar na hiptese de a prtica do actoter sido desacompanhada do requerimento para imediato pagamento da multadevida, hiptese em que o prazo se tem por perdido.

O n. 7 deste preceito inovador e visa assegurar o princpio da proporcio-nalidade no atingir a multa valores desrazoveis em virtude do elevadovalor do processo e da igualdade substancial das partes, nomeadamente nassituaes de manifesta carncia econmica.

Na definio do justo impedimento (artigo 96., n. 1) foi conseguida umadefinio muito mais malevel e flexvel, relativamente prevista no Cdigo deProcesso Civil revogado.

No novo conceito de justo impedimento faz-se apelo a solues ponderadasde justo equilbrio. Deve exigir-se s partes que procedam com a diligncianormal, mas j no de lhes exigir que entrem em linha de conta com factos ecircunstncias excepcionais.

Como se escreve na exposio de motivos do Decreto-Lei n. 329-A/95, de12 de Dezembro, permitiu-se essa flexibilidade em termos de possibilitar a umajurisprudncia criativa uma elaborao, densificao e concretizao, centradasessencialmente na ideia da culpa, que se afastou da excessiva rigidificao quemuitas decises proferidas com base na definio constante da lei em vigor,inquestionavelmente revelam.

Prev-se, ainda, no artigo 98. do Cdigo de Processo Civil a regra da pror-rogabilidade dos prazos, que pode suceder por exemplo na juno aos autos dearticulados, quando o tribunal considere que h razes ponderosas para prorro-gar o prazo da sua juno.

Tambm o n. 2 prev a possibilidade dele ser prorrogado, havendo acordodas partes, por uma s vez e por igual perodo.

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Naturalmente que o acordo das partes ter de ser expresso e no tcito.No que se refere aos actos das partes, importante salientar que o n. 2 do

artigo 100. do Cdigo estabelece a possibilidade de ser utilizada a telecpia oumeios telemticos na comunicao que as partes devero estabelecer com otribunal.

Um comentrio merece, igualmente, o artigo 103. do Cdigo ao fixar umaregra geral sobre o prazo, quer seja para requerer, quer seja para responder.Fixou-se em 10 dias.

Considerou-se vantajoso caminhar-se para a uniformizao dos prazos, notendo os diversos intervenientes processuais de, constantemente, andarem aquie acol, ao longo de todo o Cdigo, a verificar o prazo que tm para requerer oque tiverem de requerer ou de responderem aos requerimentos da parte con-trria.

No tocante aos actos dos magistrados, um comentrio merece o artigo 105.do Cdigo, onde, conforme j se salientou supra, se procura na marcao dasdiligncias um encontro de agendas entre o tribunal e os mandatrios, comoforma de obstar ocorrncia de adiamentos, sempre perniciosos e uma dasprincipais causas do atraso no andamento dos processos.

Faculta esta disposio que o juiz encarregue a secretaria desta tarefa eque poder levar a cabo essa incumbncia, as mais das vezes, de uma formainformal, como seja a via telefnica.

Prev-se uma estreita colaborao, ainda, entre o tribunal e os mandatriosjudiciais, estabelecendo-se uma natural via de comunicao entre todos quelevem ao conhecimento mtuo de qualquer facto, com antecedncia, que possaocasionar o adiamento da diligncia.

Estabeleceu-se, tambm, no n. 6 um salutar dever de pontualidade por partedo tribunal, devendo os diversos intervenientes processuais ficarem desoneradosda sua presena na diligncia se decorridos 30 minutos subsequentes horadesignada nenhuma informao obtiverem acerca da sua realizao.

Faro constar da acta a sua presena e aquela ocorrncia, ficando automa-ticamente dispensados de continuarem a estar presentes.

No que se refere, ainda, aos actos dos magistrados, e na decorrncia doscomandos constitucionais que tm em si incita a prpria legitimao do poderjudicial, encontramos no artigo 108. do Cdigo de Processo Civil de Macau odever de fundamentar a deciso, enunciando-se, com preciso, que a justifica-o no pode consistir na simples adeso aos fundamentos alegados no reque-rimento ou na oposio.

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No pode, assim, o juiz, mesmo que os faa seus por mera integrao nodespacho ou na sentena, fundar-se apenas em peas processuais constantesno processo. Ter, sempre, de encetar um processo elaborativo o chamadosilogismo judicirio (premissa maior lei aplicvel; premissa menor valorao do caso sub judice e deciso), e no um processo da adeso, nosentido de que assim decide por concordar com o que vem requerido ou alegado.

Refira-se, finalmente, que no artigo 110. do Cdigo se encontra, ainda, pre-visto um prazo geral para a prtica de actos por parte dos magistrados osdespachos judiciais e as promoes do Ministrio sero proferidos no prazo dedez dias, a no ser que sejam considerados de mero expediente, pois que, assimsendo, usufruiro apenas do prazo de cinco dias.

Prescrevem-se, em termos genricos, quais as funes das secretarias judi-ciais, estabelecendo-se expressamente que a respectiva actuao processual seencontra na dependncia funcional do magistrado competente, incumbindo se-cretaria a execuo dos despachos proferidos, cumprindo-lhe realizar oficiosa-mente as diligncias necessrias a que o fim daqueles possa ser prontamentealcanado, sendo, ainda, sempre possvel a deduo de reclamao para o juizdos actos ou omisses dos funcionrios judiciais, o que corporiza existir umaestreita relao de dependncia funcional.

Como matria inovadora, a merecer uma seco prpria no Cdigo de Pro-cesso Civil, encontramos a temtica que se prende com a publicidade e acessoao processo.

Consagrou-se a regra da publicidade, que apenas ceder, nos casos previs-tos excepcionalmente na lei, para garantia do direito dignidade das pessoas, intimidade da vida privada e familiar, moral pblica ou quando a eficcia dadeciso a proferir seja afectada pelo acesso de terceiros aos autos (Exposiode motivos do Decreto-Lei n. 329-A/95, de 12 de Dezembro).

Preenchem, nomeadamente, esta previso os processos de anulao de ca-samento, divrcio e os que respeitem ao estabelecimento ou impugnao dafiliao e os processos cautelares que apenas podem ter acesso as partes e osseus mandatrios, sendo que no caso das providncias cautelares ordenadassem audio do requerido s o requerente e o seu mandatrio delas podertomar conhecimento (artigo 118.).

Regulou-se, ainda, toda a questo atinente confiana do processo e faltada sua restituio dentro do prazo, procurando trazer-se a maior transparncias relaes que se estabelecem entre os mandatrios e as secretarias judiciais,tentando pr fim a prticas ancestrais de moralidade discutvel.

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Uma ateno especial merece a seco relativa s comunicaes dos actos.Deixando de relevar, pelas razes j aduzidas, a competncia territorial,

temos que a consequente decorrncia judiciria, no que se refere ao funciona-mento e relacionamento dos diversos tribunais, a extino das cartas pre-catrias.

E, assim, sempre se salvaguardando a existncia de disposio em contrrioou de conveno internacional aplicvel em Macau ou de acordo no domnio dacooperao judiciria, ser sempre empregue a carta rogatria, quando se soli-cite a prtica de actos processuais que exijam a interveno de tribunais ououtras autoridades do exterior de Macau.

Ser vantajoso no relacionamento dos tribunais de Macau, na futura RegioAdministrativa Especial de Macau, com os tribunais sediados na Repblica Po-pular da China e com Portugal, e, eventualmente, tambm com a vizinha RAEHK(Regio Administrativa Especial de Hong-Kong), que venham a estabelecer-selaos de apertada cooperao judiciria, opo esta que, no entanto, pertenceao poder poltico.

A vantagem seria, no entanto, de realar como um importante meio de tor-nar eficaz e clere a administrao da justia no territrio.

Para alm da carta rogatria prevem-se ainda como forma de comunica-o dos actos o mandado, no caso de o tribunal ordenar a execuo de actoprocessual a entidade que lhe est funcionalmente subordinada, ou o ofcio,quando se pretende o envio de informaes ou de documentos (artigo 126.).

Prev-se, tambm, a comunicao telefnica, devendo sempre ficar documen-tada no processo, sendo que relativamente s partes s pode ser utilizada comoforma de transmisso de uma convocao ou desconvocao para actos pro-cessuais (artigo 127.).

Ainda no que se refere s cartas rogatrias e frequncia com que amesma ir ser utilizada, optou-se pela escolha de um regime mais malevel,permitindo-se que seja endereada directamente a tribunal ou outra autoridadedo exterior de Macau (artigo 131., n. 1) e, igualmente, que seja recebida porqualquer via (artigo 134., n. 1).

No que se refere nulidade dos actos, merece especial destaque o novoregime preconizado para a citao pessoal, uma vez que se optou pela via postal.

Da resultou a total reformulao da questo da falta e nulidade de citao,abandonando-se o complexo sistema da distino entre formalidades essenciaise secundrias (tipificadas na lei de processo relativamente a cada modalidadede realizao do acto), substituindo pela incluso de uma clusula geral, se-

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gundo a qual ocorre falta de citao sempre que o respectivo destinatrio ale-gue e demonstre que no chegou a ter conhecimento do acto por facto que lheno seja imputvel [artigo 141., alnea e)].

Quanto s modalidades, forma de arguio e momento do conhecimento dasnulidades, no houve particulares alteraes ao regime constante no Cdigorevogado.

Merece um breve desenvolvimento toda a temtica que se prende com acitao.

Em primeiro lugar, e ao contrrio do que sucedeu com a reforma portuguesade 1995, manteve-se a necessidade de haver despacho prvio que a determine(artigo 177., n. 1).

As razes que estiveram na origem da sua abolio em Portugal no exis-tem em Macau, nomeadamente a enorme litigiosidade que na Repblica existe eque transformou o despacho de citao num mero despacho tabelar.

Por outro lado, receou-se que ainda no fosse a melhor a preparao tc-nica dos funcionrios judiciais para que na fase inicial do processo a sua actua-o no fosse sindicada pelo juiz.

Acresce, ainda, que se mitigou a desigualdade do tratamento das partes,quando, em vez do despacho liminar a ordenar a citao, o juiz opte pelo despa-cho de aperfeioamento, naturalmente dirigido ao autor.

Com a introduo do despacho pr-saneador, como se ver mais adiante,o juiz tem a faculdade de no convidar apenas o autor, mas tambm o ru acorrigir os seus articulados.

Com este expediente encontra-se assegurada, nesta fase processual, a igual-dade substancial das partes.

No que concerne ainda citao, estabeleceu-se como regime regra, noatinente citao pessoal, a citao por via postal [artigos 180., n. 2, alnea a)e 182.], incumbindo ao distribuidor do servio postal um leque de funes maisamplas das que tem hoje.

A citao postal tanto tem lugar com as pessoas singulares como com aspessoas colectivas.

Se se vier, no entanto, a frustrar esta forma de citao pessoal, ela serfeita mediante contacto pessoal do funcionrio de justia com o citando (ar-tigo 185., n. 1).

Igualmente inovadora a citao promovida por mandatrio judicial (arti-gos 191. e 192.).

Refira-se que, face s especificidades do territrio, permitiu-se uma acen-tuada possibilidade, em termos de espao, na efectivao da citao nestesmoldes.

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Com efeito, no artigo 191., n. 2, do Cdigo prev-se que seja qual for olocal em que se encontre o citando o mandatrio judicial pode, na petio ini-cial, declarar o propsito de promover a citao por si.

Isto significa que o mandatrio judicial pode efectivar a citao no exte-rior de Macau, se a tanto se no opuser a legislao local, o que um assinalvelmecanismo no sentido de poder tornar expedito um acto judicial que, normal-mente, moroso.

No artigo 192. previu-se um regime cautelar no sentido de o juiz controlar aactividade a desenvolver, j que se ela no ocorrer no prazo de 30 dias o juiz,em regra, determinar que ela seja feita nos termos gerais.

Previu-se, ainda, nesse regime cautelar, a responsabilidade civil, disciplinarou penal que a actuao ou omisso do mandatrio ou seu representante culpo-samente venham a desenvolver.

De realar ainda a forma como se deve efectivar a citao de ru residenteno exterior de Macau.

O n. 1 do artigo 193. do Cdigo determina que deve ser observado oprevisto nas convenes internacionais aplicveis em Macau e nos acordos nodomnio da cooperao judiciria.

Na falta de conveno ou acordo, ser feita pelo correio, com carta regis-tada, com aviso de recepo; se esta se vier a frustrar, realizar-se- ento porcarta rogatria (n. 5 ibidem).

No atinente instncia, ampliaram-se, de forma muito significativa, os casosde apensao de aces, estendendo-se tal possibilidade, potenciadora de umjulgamento conjunto a todas as situaes de aces conexas, por se verificaremos requisitos do litisconsrcio, da coligao, da oposio ou da reconveno eprevendo-se, de forma inovadora, a possibilidade de o juiz determinar oficiosa-mente a apensao, quando se trate de causas que corram os seus termosperante o mesmo juiz (artigo 219., n.os 1 e 4).

No que se refere suspenso da instncia, prev-se a possibilidade de aspartes, por acordo, poderem suspender aco por um prazo no superior a seismeses (artigo 223., n. 4).

Na linha do que foi assinalado, quando nas disposies fundamentais sefocou a problemtica do acesso ao direito e aos tribunais, no artigo 224. doCdigo preconiza-se que no h lugar a suspenso da instncia, por incum-primento de obrigaes fiscais.

Esse incumprimento no obsta, tambm, que os documentos a elas sujeitosejam valorados como meio de prova em juzo, sem prejuzo da participao dasinfraces que o tribunal verifique.

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Igualmente, nas aces fundadas em actos provenientes do exerccio deactividades sujeitas a tributao, e se o interessado no demonstrar o cumpri-mento de obrigao fiscal que lhe incumba, a secretaria comunicar a pendn-cia da causa e do seu objecto administrao fiscal, no sendo, no entanto,nunca suspenso o andamento normal do processo.

Reviu-se, ainda, o regime de suprimento da nulidade da transaco, desis-tncia ou confisso que provenha unicamente da falta de poderes ou de irregu-laridade do mandato, constante do n. 5 do artigo 300. do Cdigo de ProcessoCivil revogado.

Face ao actual regime, o mandante se quiser opor-se ao acto do mandatrioj no carece de interpor recurso para o que, em princpio, necessitaria de cons-tituir novo mandatrio; basta-lhe declarar, por termo no processo ou atravs derequerimento por si subscrito, que no ratifica o acto do mandatrio, desde queo faa nos dez dias seguintes notificao da sentena homologatria.

Nos artigos 244. e seguintes do Cdigo de Processo Civil de Macau am-plia-se a tramitao tipo ao processamento de qualquer tipo de incidente dainstncia, que no apenas aos nominados, prevendo-se a fase da indicao dasprovas e oposio, o nmero de testemunhas e o registo dos depoimentos.

A estruturao e concreta regulamentao das diversas formas de interven-o de terceiros no Cdigo de Processo Civil revogado tem-se prestado a fun-dadas crticas, j que se nos depara uma excessiva multiplicidade de tipos deinterveno de terceiros, delineados por vezes em critrios pouco coerentes.

Tal situao determina a existncia de sobreposio parcial de campos deincidncia de que resultam verdadeiros concursos de normas processuais.

No Cdigo de Processo Civil de Macau, e na linha da reforma portuguesade 1995 (vide Exposio de motivos do Decreto-Lei n. 329-A/95, de 12 deDezembro, que se vai seguir muito de perto), partiu-se essencialmente da an-lise dos vrios tipos de interesse em intervir (ou ser chamado a intervir) e dasligaes que devem ocorrer entre tal interesse, invocado como fundamento dalegitimidade do interveniente e a relao material controvertida entre as partesprimitivas, concluindo-se pela possibilidade de reconduzir a trs as formas outipos de interveno, distinguindo-se:

Os casos em que o terceiro se associa, ou chamado a associar--se, a uma das partes primitivas, com o estatuto de parte principal,cumulando no processo a apreciao de uma relao jurdica prpria dointerveniente, substancialmente conexa com a relao material contro-

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vertida entre as partes primitivas, em termos de tornar possvel um hipo-ttico litisconsrcio ou coligao inicial este o esquema que definea figura da interveno principal, caracterizada pela igualdade ouparalelismo do interesse do interveniente com o da parte que se associa;

As situaes em que o interveniente, invocando um interesse ourelao conexo ou dependente da controvertida, se apresta a auxiliaruma das partes primitivas, procurando com isso evitar o prejuzo queindirectamente lhe decorria da deciso proferida no confronto das partesprincipais, exercendo uma actividade processual subordinada da parteque pretende coadjuvar: so os traos fundamentais da interveno aces-sria;

Finalmente, as hipteses em que o terceiro faz valer no processouma pretenso prpria, no confronto de ambas as partes primitivas afir-mando um direito prprio e juridicamente incompatvel, no todo ou emparte com o direito do autor, direito este que, no sendo paralelo oudependente dos interesses das partes originrias, no determina a asso-ciao na lide que caracteriza a figura da interveno principal: o es-quema que caracteriza a figura da oposio.

Por sua vez, qualquer destes tipos ou formas de interveno, quando pers-pectivados em funo de quem tomou a iniciativa de a suscitar, podem surgircaracterizados nas modalidades de interveno espontnea, se desencadeadapor terceiro que pretende intervir em causa alheia pendente, ou de intervenoprovocada, quando suscitada por alguma das partes primitivas, que chamou aqueleterceiro a intervir na lide.

Assim, a reconduo das diferentes formas de interveno de terceiros aalguma destas trs modalidades essenciais teve como consequncia o desapare-cimento da previso, como incidentes autnomos, da nomeao aco, dochamamento autoria e do chamamento demanda.

Nas situaes de possuidor e detentor, comitente e comissrios encontrarotratamento perfeitamente adequado na previso da interveno principal, j quese configuram como titulares de situaes jurdicas paralelas, qualquer delespodendo ser demando pelo reivindicante ou pelo lesado logo desde o incio dacausa ou em consequncia de subsequente interveno litisconsorcial na lide.

No que se refere ao chamamento demanda e continuando a acompanhara Exposio de motivos do Decreto-Lei n. 329-A/95, de 12 de Dezembro,optou-se pela sua incluso no mbito da interveno principal provocada pas-siva, j que tal incidente regulado no artigo 330. do Cdigo de Processo Civilrevogado mais no que uma subespcie da interveno principal, provocadapelo ru demandado como co-devedor e atravs da qual o mesmo ru chamapara o seu lado os outros, ou alguns dos outros, co-devedores.

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Apresenta-se, assim, uma unificao do tratamento processual das situa-es susceptveis de integrarem, quer o actual chamamento demanda, quer ainterveno principal provocada passiva, a requerimento, englobando todos oscasos em que a obrigao comporte pluralidade de devedores ou quando exis-tam garantes da obrigao a que a aco reporta, tendo o ru interesse atendvelem os chamar demanda, quer para propiciar defesa conjunta quer para acau-telar o eventual direito de regresso ou sub-rogao que lhe possa assistir.

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