info nº22
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Outubro - Dezembro 2010 Engenharia e ProfissãoTRANSCRIPT
Somos Energia
www.jaymedacosta.pt
Jayme da Costa SA.
Sede:Rua de Murraceses, 550Grij - V.N. Gaia - PortugalApartado 704416-901 Pedroso
Tel. 351 22 747 02 50Fax 351 22 764 05 48
Delega oEN 252 - Km 11.50Parque Industrial das Carrascas2855 Pinhal Novo
Tel. 351 21 233 75 00Fax 351 21 233 75 01
3
OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO 2010
SU
MÁ
RIO
CAPA Parque Nacional Peneda Gerês
(foto: Francisco Piqueiro / Foto Engenho Lda.
Carta IGeoE Nº 30)
INFO 22PROPRIEDADE:Ordem dos Engenheiros Região Norte
DIRECTOR:António Carlos Sepúlveda Machado eMoura ([email protected])
SUBDIRECTOR:Miguel Moreira da Silva
CONSELHO EDITORIAL:Fernando Manuel de Almeida Santos,António Carlos Sepúlveda Machado e Moura,António Acácio Matos de Almeida,Carlos Pedro de Castro Fernandes Alves,José Fernando Gomes Mendes,João Abel Peças Lopes,Carlos Alberto Sousa Duarte Neves,Nuno Bravo Faria Cruz,José António Couto Teixeira,Maria Alexandrina Silva Meneses,Vítor Manuel Lopes Correia,José Tadeu Marques Aranha,Tiago André da Silva Braz,Ricardo Jorge Silvério Magalhães Machado,Sérgio Bruno de Araújo Gonçalves da Costa,Luís Manuel Montenegro de Araújo Pizarro,Rosa Maria Guimarães Vaz da Costa,Vítor António Pereira Lopes de Lima,Amílcar José Pires Lousada,Joaquim Manuel Veloso Poças Martins,Manuel Joaquim Reis Campos
COORDENAÇÃO OERN:Alexandra Castro Alves([email protected] )
REDACÇÃO OERN:Miguel Ângelo Sousa([email protected] )Joana Soares([email protected] )Revisão - Rui Feio([email protected] )
GRAFISMOMAV2D
MAQUETIZAÇÃO/IMPRESSÃO EPRODUÇÃO:Costa Carregal Lda
PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL:Edição nº 22 de Dezembro 2010.Tiragem: 13 000 exemplares. ICS:113324. Depósito legal: 29 299/89.SEDE: Rua de Rodrigues Sampaio, 1234000-425 Porto.Tel. 222 071 300. Fax. 222 002 876.http://www.oern.pt/
DELEGAÇÃO DE BRAGA:Rua de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga.Tel. 253 269 080. Fax. 253 269 114.DELEGAÇÃO DE BRAGANÇA:Rua Alexandre Herculano, 138 - R/C F.5300-075 Bragança.Tel. 273 333 808.DELEGAÇÃO DE VIANA DO CASTELO:Av. Luís de Camões, 28 - 1.º / sala 14900-473 Viana do Castelo.Tel. 258 823 522.DELEGAÇÃO DE VILA REAL:Av. 1.º de Maio, 74/1.º dir.5000-651 Vila Real.Tel. 259 378 473.
TRIMESTRAL • OUT NOV DEZ 2010 • € 2
INFORevista informativa da Ordem dos Engenheiros REGIÃO NORTE
22
As competências profissionais são nasua maioria revestidas de actos deconfiança públicaEditorial
ENGENHARIA GEOGRÁFICAMETROLOGIAPAINHAS SAProfissional
MOBILIDADE ELÉCTRICAENERGIA E CLIMATERMOGRAFIAQUANTIFICAÇÃO DE MATOCient fico
FRANKLIN GUERRA PEREIRAPENEDA - GERÊSSocial
ENGENHARIAE PROFISSÃO
EDITORIALENGENHARIA E PROFISSÃO
NOTÍCIAS
PROFISSIONAL
JORNADAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA FOMENTAM DEBATEE PARTILHA DE SABERES.
CONJUNTO ALARGADO DE INICIATIVAS PARA AENGENHARIA GEOGRÁFICA.
CALIBRAR OS EQUIPAMENTOS PARA GARANTIR AQUALIDADE NA PRODUÇÃO E NOS SERVIÇOS TÉCNICOS.
PAINHAS SA
CIENTÍFICO
OS DESAFIOS DA MOBILIDADE ELÉCTRICA NO SISTEMAELÉCTRICO.
A ENGENHARIA NA ERA DO CLIMA E ENERGIA.
A TERMOGRAFIA COMO TÉCNICA DE PRÉ-DIAGNÓSTICO.
QUANTIFICAÇÃO DE MATO ATRAVÉS DO PROCESSAMENTODA CLASSIFICAÇÃO DE IMAGENS DE SATÉLITE. UM CASODE ESTUDO NA REGIÃO DO ALTO TÂMEGA.
SOCIAL
ENTREVISTA – ENG.º FRANKLIN GUERRA PEREIRA
PARQUE NACIONAL DA PENEDA - GERÊS
PUBLICAÇÕES
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Fernando de
Almeida Santos
Presidente do
Conselho Directivo
da Região Norte da
Ordem dos Engenheiros
ENGENHARIA E PROFISSÃO
E D I T O R I A L
A organização da profissão de engenharia como base sólida e consistente para a afirmação doprofissional engenheiro como potencial recurso estratégico de desenvolvimento ao mais alto nível dedecisão e intervenção técnica, obriga a Ordem dos Engenheiros, enquanto Associação Profissional ater um cuidado e uma importância redobrada no reconhecimento das muitas competências profissionaisaos seus membros, pois estas são, na sua maioria, revestidas de actos de confiança pública.
A forma como se faz a admissão de membros nesta Associação Profissional, o seu enquadramentoprofissional em colégios e especialidades e o posterior acompanhamento do desenvolvimento curricularao longo da vida profissional, são reflexo das preocupações da Ordem dos Engenheiros sobre estasmatérias e uma evidência que sempre interveio. A verdade é que com a questão da reformulação doscursos do ensino superior, através do denominado “Processo de Bolonha”, novos desafios se colocamàs instituições que têm a responsabilidade de reconhecerem profissionais das mais diversas áreas deintervenção.
É neste sentido que, volvido praticamente meio ano do actual mandato desta Direcção, a Ordem dosEngenheiros lançou “mãos”, oportunamente, a tão hercúlea tarefa no sentido de discutir e rever todosos paradigmas da profissão. De um ponto de vista do longo prazo e através da macro decisão, a Ordemdos Engenheiros encetou uma discussão interna, aberta a todos os membros, onde procura caminhospara repensar desde logo toda a organização e estrutura interna, bem como a profissão de engenheiroe respectivas competências. Desde logo, a existência de duas Associações Profissionais de Engenharia,ainda que com níveis de intervenção diferenciada na sociedade, provocam entropia e clivagem nautilização de um espaço comum que não deveria, de todo, estar repartido. A eventual resolução destaquestão obriga a Ordem dos Engenheiros a definir que “portas” de entrada existirão e que fronteirasde intervenção profissional serão apostas entre os vários níveis de qualificação profissional, atendendoao facto que a habilitação académica é o ponto de partida para toda a posterior qualificação profissionaldo engenheiro.
Uma segunda questão estratégica premente no curto prazo, é o dia-a-dia das necessidades do membro,enquanto profissional de engenharia. Do ponto de vista da micro decisão, isto é, relacionado com asquestões que envolvem o atendimento aos membros há também questões a melhorar. Com a contínuaevolução da técnica e o aparecimento de novos diplomas legais, regulamentos e normas orientadorasde actividades que implicam a intervenção de muitos profissionais de engenharia, a questão daespecificidade da qualificação profissional é um assunto que nos merece uma imediata actuaçãoperante todos os interessados. Nesse sentido foi criado, a nível Regional, já neste mandato o Gabinetedas Profissões e o Gabinete do Estagiário, que têm como função principal estudar processos, paraposteriormente se definirem recomendações, debates, formações, pareceres, competências, entreoutros, que visem a melhoria da qualidade de actuação do engenheiro no sentido da credibilizaçãosocial da sua actuação.
Assegurada a consumação da estratégia a adoptar para o longo prazo, e estabilizada a opção do curtoprazo, será tempo de se reorganizar e estruturar internamente a Ordem dos Engenheiros, nos seus
AS COMPETÊNCIAS
PROFISSIONAIS SÃO
NA SUA MAIORIA
REVESTIDAS DE ACTOS DE
CONFIANÇA PÚBLICA
5
E D I T O R I A L
patamares intermédios. O debate centrar-se-á então na eventual dissociação de Colégios e deEspecialidades, na reforma das Especializações, no reposicionamento dos níveis de membro, nacriação de um sistema de créditos de desenvolvimento curricular do engenheiro, na criação de bolsasde peritos, avaliadores, orientadores e especialistas e na promoção da discussão de todos os aspectosdo interesse da nossa profissão. Certamente que para toda esta “reengenharia” de processos serãosolicitados contributos de todos os engenheiros.
Este tema da profissão faz parte dos principais objectivos do mandato que exercemos. É um desígnionacional em que o Conselho Directivo Regional está fortemente empenhado em interagir com oConselho Directivo Nacional, pois são questões de interesse comum e que vão trazer ainda maiscondições de reconhecimento aos profissionais de engenharia.
A nível regional haverá sempre o cuidado, de acordo com o Estatuto, bem como com as competênciasque nos estão atribuídas de, sem perder o conjunto e o interesse nacional, como já foi focado, exercero mandato com a devida autonomia e responsabilidade que nos foi conferida. Assim sendo, quer arevista INFO, quer o portal da internet, serão sempre, de forma individualizada, formas de contactoe comunicação aos membros da Região Norte da OE.
Em nome do Conselho Directivo, votos de boa leitura e saudações de engenharia.
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NO
TÍC
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ASSEMBLEIA REGIONALEXTRAORDINÁRIA
Nos termos do n.º 6 do artigo 30.º
do Estatuto da Ordem dos
Engenheiros realiza-se, no próximo
dia 10 de Janeiro de 2011,pelas
18h00,na sede da Ordem dos
Engenheiros - Região Norte, uma
Assembleia Regional Extraordinária.
Esta sessão terá como ordem de
trabalhos a apreciação e deliberação
relativa ao Plano de Actividades e ao
Orçamento para o ano de 2011
propostos pelo Conselho Directivo
(alínea c, ponto 2, do art.º 30.º do
Estatuto) e a Intervenção da Região
N o r t e n a A s s e m b l e i a d e
Representantes em Março de 2011.
Não havendo quórum à hora acima
designada, a Assembleia reunirá 30
minutos mais tarde, em segunda
convocatória, qualquer que seja o
número de Membros presentes.
ORDEM DOS ENGENHEIROSVISITA CENTRALHIDROELÉCTRICA DABEMPOSTA - EDP
Numa iniciativa da Ordem dos
Engenheiros – Região Norte decorreu,
no passado dia 13 de Novembro, uma
visita de estudo às obras do reforço
de potência da Central Hidroeléctrica
da Bemposta.
A nova central, situada no concelho
de Mogadouro, está a ser construída
na margem direita do rio Douro e
permitirá a optimização da gestão da
energia hidroeléctrica a partir da
albufeira de Bemposta. Tendo a EDP
como Gestor e Projectista da Obra,
este projecto envolve várias empresas
de referência nomeadamente, a
SOMAGUE, responsável pela
construção civil, a VA TECH HYDRO
ANDRITZ e a ENSULMECI como
fornecedoras de equipamentos, a
FASE para a fiscalização da obra e a
TABIQUE na coordenação de
Segurança em obra.
Esta visita, que contou com a presença
de cerca de 40 participantes, iniciou-
-se com uma pequena apresentação,
pelo Director de Projecto, Eng.º
António Freitas da Costa, dos
empreendimentos em que a EDP está
a intervir, designadamente, Picote,
Bemposta, Venda Nova, Salamonde,
Paradela e Alqueva, incidindo
especif icamente na obra da
Bemposta. Para o Director do Projecto
estes reforços de potência das centrais
hidroeléctricas justificam-se para
recuperar e aproveitar a energia que
se descarrega (850 hm3 – no caso da
Bemposta), para aumentar a potência
disponível para as horas de ponta e
para aumentar a produção com fontes
renováveis, contribuindo assim para
os objectivos nacionais de emissões
de gases com efeitos de estufa (GEEs).
O projecto consiste na construção de
uma central subterrânea em poço,
equipada com um grupo gerador e
inclui ainda um circuito hidráulico
em túnel. De referir que o importante
nes te t ipo de cons t ruções
subterrâneas é criar condições de
habitabilidade e trabalho aceitáveis,
daí se exigir muito trabalho do ponto
de vista da qualidade e da segurança
da construção. Um dos objectivos do
Director do Projecto é manter este
nível de qualidade, destacando o facto
de, apesar de ainda faltar algum tempo
para o final da construção, não se
terem registado acidentes graves.
Seguiu-se uma visita ao local onde
decorrem os trabalhos de construção,
que se iniciaram em 2008 e que se
espera estarem finalizados em
Setembro de 2011. Esta nova unidade
terá como potência 191 MW, uma
produtibilidade média anual de 134
GWh e uma incorporação nacional de
80% a 85%. Os visitantes tiveram a
oportunidade de aceder a partes do
circuito hidráulico do novo grupo,
designadamente ao interior da espiral
da turbina.
Após visita à obra, seguiu-se o
almoço oferecido pela Somague.
Aproveitando a ocasião o Presidente
do Conselho Directivo da Região Norte
da Ordem dos Engenheiros, Eng.º
Fernando de Almeida Santos,
agradeceu a todos os presentes, e em
especial aos representantes das várias
entidades envolvidas na obra, Eng.º
António Freitas da Costa da EDP,
Eng.º Vasco Dinis da Somague,
Engenheiros Miguel Malheiro e
Alexandre Pedroso pela Fase, e Eng.º
Enrique Ferreira pela Tabique, pela
excelente recepção e disponibilidade,
aos quais ofereceu em nome da
OERN, uma pequena recordação, a
qual foi entregue pelo Eng.º António
Machado e Moura, Vice-Presidente
do Conselho Directivo da Região
Norte.
No final da visita o Eng.º António
Freitas da Costa da EDP destacou a
importância da engenharia para o
desenvolvimento do país e afirmou
ser sempre um prazer e uma honra
receber uma instituição como a Ordem
dos Engenheiros.
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NORMATIVAS TÉCNICAS EMDISCUSSÃO NO 2º SEMINÁRIOPLATENG
O segundo seminário do Projecto
PLATENG (Plataforma para a
mobilidade e cooperação das
Engenharias entre o Norte de Portugal
e a Galiza, integrado no Programa
de Cooperação Transfronteiriça
Espanha – Portugal, POCTEP) teve
lugar, no passado dia 11 de
Novembro, em Vigo, escolhendo
como tema central de discussão as
Normativas Técnicas de Espanha e
Portugal.
A abertura da sessão esteve a cargo
do Presidente do Conselho Directivo
da Ordem dos Engenheiros – Região
Norte, Eng.º Fernando de Almeida
Santos, e do Decano del Colegio de
Ingenieros de Caminos, Canales y
Puertos, Eng.º Carlos Nárdiz Ortiz.
Seguiu-se a apresentação do
projecto pelo Eng.º Vítor Correia. A
análise comparativa dos actos de
engenharia, dos planos de estudo e
seus conteúdos programáticos, dos
cursos de Engenharia Civil espanhol
e português, esteve a cargo da Eng.ª
Ana Martínez Pardo. Num seminário
dominado pela temática das
Normativas Técnicas de Portugal e
Espanha, apresentadas pelos
Engenheiros José Calavera Ruiz e
António Adão da Fonseca, procurou-
se dotar os profissionais de uma visão
geral dos regulamentos técnicos de
ambos os lados da fronteira, assim
como fornecer elementos para a
reflexão de um modelo básico de
mobi l idade da prof issão de
Engenharia Civil que permita iniciar
o desenvolvimento de uma nova
política de mobilidade transfronteiriça
em que as qualificações profissionais
sejam compreendidas e reconhecidas
com transparência, pelo seu valor e
mérito justos.
O Projecto PLATENG visa dinamizar
a economia da região fronteiriça, com
o objectivo de desenvolver a
mobi l idade prof iss ional das
Engenharias nos dois países. Este
projecto, de conteúdo interdisciplinar,
contribui para a valorização dos
recursos técnicos transfronteiriços e
pretende intensificar as relações
comerciais, culturais e económicas.
VÍTOR CORREIACOORDENADOR DO COLÉGIODE AGRONÓMICAHOMENAGEADO EM ESPANHA
A XV Assemble ia Gera l de
Representantes do Conselho Geral
dos Colégios Oficiais de Engenheiros
Agrónomos de Espanha, que
decorreu nos passados dias 18 e 19
de Novembro em A Corunha,
Espanha, decidiu atribuir a Medalha
do Conselho ao Eng.º Vítor Correia,
Coordenador do Conselho do Colégio
de Engenharia Agronómica da Região
Norte, pelos serviços prestados em
prol do desenvolvimento da actividade
profissional dos Engenheiros
Agrónomos de Espanha e Portugal,
do contributo para a sua mobilidade
transfronteiriça, nomeadamente
através do Projecto PLATENG, e para
a dignificação e desenvolvimento
da Actividade Agro-alimentar.
A cerimónia de homenagem decorreu
durante o jantar de gala no Palazo
de Vilaboa, onde também foi
homenageado o desaparecido
Decano do Colégio Oficial de
Engenheiros Agrónomos da Galiza,
D. Ramón Giménez de Azcárate
Cornide.
A A s s e m b l e i a G e r a l d e
Representantes do Conselho Geral
dos Colégios Oficiais de Engenheiros
Agrónomos de Espanha é o órgão
deliberativo que reúne os Colégios
de Engenheiros Agrónomos de todas
as autonomias de Espanha e é
presidido pelo D. Baldomero Segura
que simultaneamente é também o
Decano do Colégio Oficial de
Engenheiros Agrónomos do Centro
e Canárias.
Desde 2006 que as relações entre
os Colégios da Galiza e Castela, e
Leão e Cantábria e a Região Norte
de Portugal, são muito próximas com
reuniões conjuntas e participações
cruzadas em eventos de cada uma
das organizações. Em cada ano, é
promovido um evento conjunto de
cada um dos lados da fronteira. O
Projecto PLATENG- Plataforma para
a Mobilidade e Cooperação das
Engenharias, envolve a Ordem dos
Engenheiros da Região Norte de
Portugal (Colégios de Agronomia,
Ambiente, Civil, Electrotecnia,
Mecânica e Química) o Conselho dos
Colégios Oficiais de Engenheiros
Agrónomos de Espanha e os Colégios
Oficiais de Engenheiros de Caminhos,
Portos e Pontes e de Engenheiros
Industriais da Galiza.
OERN E CÂMARA MUNICIPALDE VILA REAL ASSINAMESCRITURA DE TERRENOPARA FUTURAS INSTALAÇÕESDA DELEGAÇÃO DISTRITAL
A Ordem dos Engenheiros e a
Câmara Municipal de Vila Real,
efectuaram no passado dia 4 de
Novembro de 2010, a escritura de
um terreno, cedido pela autarquia,
no qual será construída a nova sede
da Delegação Distrital de Vila Real.
Estiveram presentes na escritura, em
representação da Ordem dos
Engenheiros, o Engenheiro Fernando
de Almeida Santos – Presidente
do Conselho Directivo da Região
Norte, o Engenheiro Luís Manuel
Montenegro de Araújo Pizarro –
Delegado Distrital, o Engenheiro
Manuel Carlos Trindade Moreira -
Delegado Adjunto e o Engenheiro
João Inácio Cancelinha de Oliveira -
Delegado Adjunto Distrital.
O Sr. Presidente da Câmara,
Dr. Manuel Martins, repetiu as
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TÍC
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OERN NA ORGANIZAÇÃO DOCONGRESSO CONCRETA
A Ordem dos Engenheiros - Região
Norte integrou a Comissão
Organizadora da 3ª edição do
Congresso Concreta. A valorização dos
resultados da produção Portuguesa no
Mundo, no campo da engenharia,
arquitectura e construção foi o objectivo
deste Congresso Concreta 2010, com
o título Portugal no Mundo, que teve
lugar no dia 4 de Novembro na
Exponor.
O Congresso que acolheu cerca de
500 participantes, esteve articulado
em vários painéis onde foi feita uma
reflexão sobre as tendências e
especificidades do sector da
construção, a sua capacidade de
competição e sua integração no
mercado global por forma a conseguir
conquistar novos mercados.
CAFÉ NA ORDEM
O ciclo de encontros de engenharia
“Café na Ordem” registou mais uma
sessão no passado dia 11 de
Outubro, na Delegação Distrital de
Vila Real, e, desta vez, o tema
escolhido para este encontro foi “A
Responsabilidade técnica dos
Engenheiros em Instalações
Eléctricas – Sessão -Debate sobre
Decreto-Lei 229/2006 e Decreto-Lei
26/2010.
De referir que o ciclo de encontros
“Café na Ordem” é um evento
promovido pela Delegação Distrital
de Vila Real desde há três anos,
caracterizando-se pela abordagem
“leve” de assuntos da actualidade e
de interesse para a profissão, distrito
e região.
recomendações feitas, aquando do
IV Dia Regional Norte do Engenheiro
realizado em Vila Real, afirmando
que “aqui deverá ser executada uma
estrutura de excelência, condigna
com o local onde vai ficar”.
O terreno, situado na Vila Velha, área
requalificada pelo programa Polis
deverá ser um paradigma, deve ser
algo que se distingue e para toda a
gente olhe e saiba que é a casa dos
engenheiros”.
Após a realização da escritura, os
presentes dirigiram-se ao local do
terreno, onde se reafirmou que a
sede da Delegação Distrital deverá
ser a bitola da requalificação urbana,
do casco histórico de Vila Real e o
exemplo para outras cidades.
É de toda a justiça, que em nome
da Ordem dos Engenheiros, se
faça aqui um profundo e sincero
agradecimento à Câmara Municipal
de Vila Real, na pessoa do seu
Presidente Dr. Manuel Martins, que
sempre respondeu de forma positiva
a todas as solicitações da OE.
9
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FEIRA FERRALIA-FIMAPS E M I N Á R I O – N O V A STECNOLOGIAS NO SECTORFLORESTAL
O Seminário – Novas Tecnologias no
Sector Florestal, integrado na feira
Ferralia-Fimap da Exponor decorreu
no passado dia 21 de Outubro, tendo
sido abordados temas como a
utilização de películas de parafina
como forma de minimizar o efeito do
descortiçamento, a relação entre a
disponibilidade de biomassa vegetal
em ambiente urbano e a sua
utilização em processos de produção
de energia, o valor energético da
biomassa vegetal e a situação do
sector florestal na Região Norte. Pode
dizer-se que a biomassa vegetal tem
um elevado poder calorífico e que
poderia ser uma alternativa ao uso
de combustíveis fosseis. Este facto
torna a biomassa vegetal num bem
com valor económico, o que poderá
criar condições de interesse para a
CERTIFICADO DEDESEMPENHO ENERGÉTICO EDA QUALIDADE DO ARINTERIOR ATRIBUÍDO AOEDIFÍCIO DA OERN
Na sequência do processo de
remodelação a que as instalações da
Sede da OERN foram sujeitas e dos
objectivos essenciais desta intervenção,
a saber, a adaptação do edifício às
exigências de utilização dos dias de
hoje, nomeadamente no que diz
respeito à certificação energética, à
criação de melhores condições de
trabalho para dirigentes e funcionários
e a criação de condições que
permitam uma maior fruição do edifício
pelos membros da OERN, vimos dar
conhecimento da atribuição do
CERTIFICADO DE DESEMPENHO
CLASSE ENERGÉTICA
35,6
43,3
30,7
INDICADORES DE DESEMPENHO
Valor do Indicador de Eficiência Energéticanominal (IEEnom) calculado por simulaçãoenergética
Valor do Indicador de Eficiência Energética dereferência (IEEref) para edifícios novos (limiteinferior da classe B¯ )
Valor do Indicador de Eficiência Energéticacorrespondente ao limite da classe A+
Emissões anuais de gases de efeito de estufaassociadas ao IEE nominal
40,2 toneladas de CO2
equivalentes por ano
sua recolha, reduzindo o envio de
biomassa vegetal urbana (podas de
árvores e de arbustos) para aterros
e para a redução da carga de mato
nas florestas, minimizando o perigo
de incêndio florestal. No entanto,
também foram apresentados
argumentos que evidenciam que nem
tudo é favorável à sua utilização como
fonte de energia.
Em termos de balanço oferta-procura,
as necessidades energéticas urbanas
supera largamente a oferta, pelo que
a biomassa resultante de podas e
limpezas poderia contribuir para
al imentar pequenas centrais
termoeléctricas, mas não suportaria
todas as necessidades.
Em termos de emissões de gases, a
combustão do mato liberta produtos
químicos que danificam as estruturas
de queima, o que obriga a utilizar
centrais termoeléctricas com
especificações técnicas dispendiosas,
o que poderá induzir à desvalorização
da biomassa vegetal resultante de
matos e, consequentemente, à
criação de povoamentos florestais
energéticos.
Esta situação não desagrada aos
produtores florestais, que na região
Norte reúnem condições, técnicas e
humanas, para uma actividade
intensa, o que poderia ser um factor
de desenvolvimento económico e de
sustentabilidade florestal.
ENERGÉTICO E DA QUALIDADE DO
AR INTERIOR.
No processo de remodelação foi
considerado o aumento da eficiência
energét ica dos s istemas de
cl imat ização, de vent i lação,
iluminação e dos equipamentos de
escritório, assim como a melhoria da
envolvente do edifício através da
inclusão de isolamento térmico. Estas
considerações e consequente
aplicação, permitiu ao nível da
Certificação Energética, atingir uma
C L A S S E D E E F I C I Ê N C I A
ENERGÉTICA B.
Actualmente está em curso a
avaliação por parte da Comissão
Europeia, a atribuição do galardão
Green Building na sequência de
candidatura promovida pela Ordem
dos Engenheiros.
10 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
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VI DIA REGIONAL NORTE DOENGENHEIRO
Dando continuidade a uma iniciativa
da OERN que teve início em 2005,
teve lugar no passado dia 16 de
Outubro, no Centro Cultural de Vila
Flor, em Guimarães, a sexta edição
do Dia Regional Norte do Engenheiro.
A Sessão de Abertura começou com
uma breve palavra do Presidente da
Mesa da Assembleia Geral Norte,
Eng.º José Ferreira Lemos, a que se
seguiu a Mensagem de boas-vindas
a cargo da Eng.ª Rosa Maria Vaz
Costa, Delegada Distrital de Braga.
Nesta Sessão registaram-se ainda as
intervenções do Eng.º José Mendes,
Vice-Reitor da Universidade do
Minho, em representação do
Magnífico Reitor, do Presidente da
Câmara Municipal de Guimarães,
Dr. António Magalhães, e do
representante do Governador Civil do
Distrito de Braga.
Antes do intervalo teve lugar a Palestra
proferida pelo orador convidado
Professor João Serra, Administrador
ORDEM DOS ENGENHEIROSVISITA PORTO EXTERIOR DACORUNHA
A OERN, em parceria com o Colegio
de Ingenieros de Caminos, Canales
y Puertos da Galiza, realizou no
passado dia 13 de Outubro, uma
visita às obras de Construção do Porto
Exterior da Corunha na Punta
Langosteira.
Esta visita, que se iniciou com uma
recepção e apresentação da obra em
curso, permitiu aos visitantes
perceberem a dimensão da obra,
bem como as dificuldades e questões
técnicas que foram necessárias
implementar. No decorrer da visita
foi possível ver em acção as maiores
gruas existentes a nível mundial, uma
pinça especialmente feita para
recuperação dos blocos de betão do
fundo do mar, e a produção e
armazenamento dos blocos usados
na construção do Porto.
A Visita terminou com um almoço
na cantina do Consórcio UTE
Langosteira, responsável pela
execução da Obra.
Executivo, para a área da cultura da
Fundação Cidade de Guimarães,
subordinada ao tema “Guimarães
Capital Europeia da Cultura 2012”.
A segunda parte do Programa
incluiu a Cerimónia Protocolar de
Homenagens e um Momento
Musical, tendo sido aberta pelo
Presidente do Conselho Directivo da
Região Norte, Eng.º Fernando de
Almeida Santos e encerrada pelo Sr.
Bas toná r i o da Ordem dos
Engenheiros, Eng.º Carlos Matias
Ramos.
Nesta sessão foram, ainda,
homenageados o Prof. Eng.º Sérgio
Machado dos Santos, grande figura
do mundo académico, antigo Reitor
da Universidade do Minho, e o Eng.º
Adelino Coelho Lima, figura de
grande intervenção do nosso meio
empresarial/industrial.
O elogio dos homenageados esteve
a cargo dos Engenheiros José Manuel
Pereira Vieira, Vice-Presidente
da Ordem dos Engenheiros, e
Renato Jorge Ramos Morgado,
respectivamente.
A Sessão incluiu ainda uma Recepção
aos novos Membros da OERN, bem
como uma Distinção a Membros que
completaram, 25 e 50 anos de
inscrição na OERN e ainda como 1.º
ano de iniciativa o alfinete de bronze
referente aos 10 anos. O Programa
do VI Dia Regional prosseguiu com
um Almoço Convívio nas instalações
do Centro Cultural Vila Flor e terminou
com uma visita guiada ao Centro
Histórico de Guimarães, que contou
com a presença da Arquitecta
Alexandra Gesta, figura de grande
relevo no projecto de intervenção para
a recuperação do Centro Histórico
de Guimarães, e actualmente
vereadora da Câmara Municipal de
Guimarães.
OERN PROMOVE CICLOS DEDEBATE SOBRE LEGISLAÇÃOPROFISSIONAL
O exercício da profissão de engenheiro,
a par das recentes alterações na
matéria legal, serviu de mote à
realização de um conjunto de ciclos
de debates promovidos pela OERN,
que decorreram nos meses de Outubro
e Novembro no Auditório da Sede.
A abertura deste ciclo de debates
esteve a cargo do Eng.º Fernando de
Almeida Santos, Presidente do
Conselho Directivo, que salientou a
importância destes encontros como
sendo um ponto de partida para a
entreajuda e esclarecimento no
aumento da intervenção e visibilidade
dos Engenheiros e da Engenharia.
O primeiro debate “As competências
do engenheiro na construção” teve
como moderador o Eng.º António Matos
de Almeida, secretário do Conselho
Directivo da OERN e como oradores o
Eng.º Hipólito de Sousa, Professor da
FEUP e a Eng.ª Cristina Machado,
Presidente do Conselho Nacional do
Colégio de Engenharia Civil da OE.
Entre outros assuntos, destacou-se
o pedido de um maior envolvimento
por parte dos Engenheiros no sentido
de definirem melhor o espaço da
Engenharia, de forma a transmitir à
sociedade a importância dos seus
contributos no desenvolvimento e
bem-estar de que hoje usufruímos.
Também mereceu atenção por parte
dos participantes o respeito pelos
princípios técnicos e ético –
deontológicos na prática de actos de
engenharia, que requerem confiança
pública, postos em causa pela
Portaria n.º 1379/2009, decorrente
da Lei n.º 31/2009, pelo que se impõe
a sua revogação, já que o resultado
final é prejudicial para o sector. Esta
Portaria não leva devidamente em
conta as diferenças entre a formação
dos engenheiros e dos engenheiros
técnicos, estabelecendo que a
diferenciação dos níveis de
qualificação na OE é feita por graus
que obrigam a avaliação curricular
na área, enquanto que para a Ordem
dos Arquitectos e para a Associação
Nacional dos Engenheiros Técnicos
(ANET) estabelece apenas uma
diferenciação baseada em anos de
actividade.
Num debate que se revelou muito
participado, foi ainda abordada a falta
de coordenação estratégica por parte
das escolas na área da engenharia,
nos domínios da definição prospectiva
de necessidades, dos planos de
estudos e na formação contínua, bem
como as alterações associadas ao
11
SENHOR BASTONÁRIOPARTICIPA EM REUNIÃOORDINÁRIA DO CONSELHODIRECTIVO DA REGIÃO NORTE
Anuindo a convite formulado pelo Sr.
Presidente do Conselho Directivo,
Eng.º Fernando de Almeida Santos,
o Senhor Bastonário, Eng.º Carlos
Matias Ramos, participou na última
reunião ordinária de Conselho
Directivo, realizada a 07 de
Outubro. Com uma Ordem de
Trabalhos preenchida, para além
do tratamento dos assuntos
correntes de natureza associativa,
administrativa e financeira foi dado
ênfase à análise e discussão de
temáticas relacionadas com a
Cooperação Transfronteiriça e com
a promoção e discussão da Profissão,
da Qualificação Profissional e da
acção aos membros, através do
Gabinete do Estagiário e do
Observatór io do Engenheiro.
processo de Bolonha, que estão a
gerar confusão no sistema de Ensino,
quer por via da redução de tempo
de licenciatura, quer por serem
atribuídos títulos académicos comuns
a realidades distintas.
No segundo debate, realizado a 26
de Outubro, e que teve como
moderador o Eng.º José Ribeiro Pinto,
Vogal do Conselho Nacional do
Colégio de Engenharia Mecânica, e
oradores o Eng.º António Vilarinho
do Instituto de Soldadura e Qualidade
(ISQ) e o Eng.º Carlos Neves, pelo
Conselho Directivo da OERN, foram
abordadas as Responsabilidades
Técnicas em Redes e Instalações de
Gás. O terceiro debate, no dia 8 de
Novembro, inc id iu sobre a
Responsabilidade das Instalações
Eléctricas, tendo o Eng.º Mário Luís
Fonseca Neto da Direcção Geral de
Energia e Geologia (DGEG), o Eng.
José Manuel Freitas da C.M. de
Matosinhos e Eng.º António Machado
e Moura, pelo Conselho Directivo da
OERN, participado como oradores,
sob a moderação de Vítor Ribeiro,
Professor Convidado da FEUP.
O Sistema de Certificação Energética
foi o tema escolhido para o quarto
debate, realizado a 22 de Novembro
com o Eng.º Arlindo Louro do Instituto
Electrotécnico Português (IEP) no
papel de orador e o Eng.º Carlos
Neves, Coordenador do Conselho
Regional do Colégio de Engenharia
Mecânica, como moderador.
12 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
ORGANIZADASPELO COLÉGIO
DE ENGENHARIAGEOGRÁFICA
Alexandrina Meneses
Coordenadora do Colégio de
Engenharia Geográfica e
Vogal do Conselho Directivo
da Região Norte
P R O F I S S I O N A L
JORNADAS DE INFORMAÇÃOGEOGRÁFICA FOMENTAMDEBATE E PARTILHADE SABERES
Com o objectivo de divulgar a Engenharia Geográfica nas várias áreas de actuação, fomentando o
debate e a partilha de saberes de interesse, à geocomunidade centrada na Região Norte, nasceram
em 2009 as Jornadas de Informação Geográfica (JIG), uma sessão de debate anual organizada pelo
Colégio de Engenharia Geográfica da Região Norte.
A 1.ª edição da JIG subordinada ao tema ‘A Informação Geográfica na Modernização da Administração
Local’, decorreu na Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira, tendo sido dinamizada por várias
personalidades ligadas à Engenharia Geográfica entre elas o Prof. Doutor José Alberto Gonçalves, o
Eng.º Valente de Oliveira e a Eng.ª Ana Fonseca, onde foram abordadas questões pertinentes, tais
como a transformação de coordenadas para o sistema de referência ETRS89 (European Terrestrial
Reference System 1989), a actualização da cartografia digital, a gestão documental e a sua integração
com os SIG’s municipais.
‘As Tecnologias de Informação Geográfica ao Serviço do Ordenamento do Território’ foi o tema da 2.ª
edição da JIG realizada em Junho de 2010. O principal objectivo da JIG deste ano consistiu em dar
a conhecer ao público o estado da arte em relação à aplicação das ferramentas SIG no Ordenamento
do Território, a sua utilização na Administração Pública (Central e Local) e privada, bem como a sua
aplicação na revisão dos Planos Directores Municipais de 2.ª geração.
O Planeamento e Ordenamento do Território, a Modernização Autárquica e a disponibilização de
informação ao cidadão (WEBGIS) são as áreas de maior evolução nos últimos tempos, em termos de
utilização de ferramentas SIG. De facto, a utilização das novas Tecnologias de Informação Geográfica
em cima‘A Informação Geográfica
na Modernização daAdministração Local’
13
P R O F I S S I O N A L
está a proporcionar alterações decisivas no funcionamento de empresas e da Administração Central
e Local. Os desafios que as autarquias enfrentam e aos quais têm que dar resposta face às novas
exigências da sociedade, obrigam-nas a evoluir para novos modelos organizacionais e a considerar a
utilização de novas ferramentas de planeamento e gestão.
Os exemplos apresentados reflectem a utilização dos SIG’s no Ordenamento do Território, nomeadamente,
a) o IGP (Instituto Geográfico Português) através da disponibilização da informação geográfica do SNIG
(Sistema Nacional de Informação Geográfica); b) a DGOTDU (Direcção Geral do Ordenamento do
Território e Desenvolvimento Urbano) através da apresentação do SNIT (Sistema Nacional de Informação
Territorial); c) a CCDR-N (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte) através da
apresentação da solução Expedientíssimo & Mapoteca; d) o CIBIO (Centro de Investigação em
Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto) que apresentou a aplicação das
ferramentas SIG ao planeamento e gestão de uma rede metropolitana de parques; e) a ARH do Norte
(Administração da Região Hidrográfica do Norte) que focou a utilização destas técnicas ao serviço do
planeamento e gestão dos recursos hídricos; f) a Câmara Municipal de Arouca que apresentou a sua
experiência na revisão do PDM e sua disponibilização ao público através do seu portal geográfico; g)
as empresas SIG2000 e Geometrics apresentaram as suas soluções no âmbito dos SIG’s aplicados
ao planeamento territorial.
Para além da problemática do Ordenamento do Território versus SIG, foi abordado pelo IGP a questão
da Directiva INSPIRE (Infra-Estrutura de Informação Espacial na Comunidade Europeia) e as suas
implicações na comunidade geográfica. Como é do conhecimento público, a Directiva INSPIRE,
Directiva 2007/2/EC do Parlamento Europeu e do Conselho, em vigor desde 15 Maio de 2007,
estabelece a criação da Infra-estrutura Europeia de Informação Geográfica que pretende promover a
disponibilização de informação de natureza espacial, utilizável na formulação, implementação e
avaliação das políticas ambientais da União Europeia. Esta Directiva obriga os Estados Membros a
gerirem e a disponibilizarem os dados e os serviços de informação geográfica (IG) de acordo com os
princípios e as regras comuns (metadados, interoperabilidade de dados e serviços, utilização de
serviços de IG, princípios de acesso e partilha de dados). Da leitura dos princípios, compreende-se
ao lado‘A Informação Geográficana Modernização daAdministração Local’
14 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
P R O F I S S I O N A L
a necessidade de definição e adopção de um sistema global de referência (ETRS89) entre a informação
geográfica de cada Estado-Membro.
A segunda apresentação do IGP focou a problemática da Regulamentação das Actividades de Produção
de Cartografia, assim como qual a cartografia a utilizar nos instrumentos de gestão territorial (Decreto-
Regulamentar 10/2009). De facto, segundo o DL 193/95 republicado pelo DL 202/2007 de 25 de
Maio, “qualquer entidade pode produzir cartografia ou desenvolver actividades no domínio da produção
cartográfica, desde que para o efeito, esteja habilitado por lei “ou haja efectuado a declaração prévia
prevista no artigo 8.º do referido DL, ou seja, com excepção dos organismos produtores de cartografia
oficial, encontram-se sujeitos a declaração prévia ao IGP (ou Instituto Hidrográfico), o exercício de
actividades no domínio da produção de cartografia topográfica ou temática de base topográfica (ou
cartografia hidrográfica e levantamentos hidrográficos).
No entanto, segundo o artigo 15.º, “para fins de utilização pública, a produção cartográfica referida
anteriormente encontra-se sujeita a homologação”, sendo que são condições de homologação, entre
outras, a garantia de actualização e respeito pelas especificações técnicas, acompanhada de relatório
técnico pormenorizado assinado por um Engenheiro Geógrafo com cédula profissional válida da Ordem
dos Engenheiros. Efectivamente, a profissão de Engenheiro Geógrafo encontra-se regulamentada e
reconhecida como tal, segundo a Directiva das Profissões Lei 9/2009 de 4 de Março, podendo a
mesma ser consultada na página da European Commission Regulated Professions Database.
A 2.ª edição das JIG possibilitou o encontro de técnicos Municipais, de empresas privadas e dos
principais representantes dos softwares SIG, permitindo o conhecimento do estado da arte, referente
a estas questões na Administração Local.
De uma maneira geral, e como se pode verificar na análise dos gráficos apresentados, o público
participante considerou como Bom e Muito Bom quer a relevância dos temas apresentados, quer a
avaliação geral do evento. Os principais temas considerados pertinentes para uma abordagem em
sessões futuras incluem a Cartografia, Cadastro, Sistemas de Informação Geográfica (SIG), Planeamento
e Gestão do Território.
O Colégio de Engenharia Geográfica da Região Norte congratula-se com a forte adesão do público e
aproveita a oportunidade para agradecer ao Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento
do Território, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a colaboração na organização da
JIG. Agradece ainda a presença de todos os participantes que muito contribuíram para
o intercâmbio de ideias, conhecimentos e experiências no âmbito da Informação Geográfica.
à direita‘As Tecnologias de Informação
Geográfica ao Serviço doOrdenamento do Território’
16 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
ACTIVIDADESPARA 2011
P R O F I S S I O N A L
CONJUNTO ALARGADODE INICIATIVAS PARAA ENGENHARIAGEOGRÁFICA
Inserido no Plano de Actividades para 2011, o Colégio
de Geográfica está a organizar um conjunto alargado
de iniciativas, a decorrer em Maio, em parceria com
o Departamento de Geociências, Ambiente e
Ordenamento do Território da Faculdade de Ciências
da Universidade do Porto, que envolverá a realização
de diversas actividades de divulgação da engenharia
geográfica [1] e suas áreas de intervenção. Embora
visando primordialmente os jovens do ensino
secundário, esta iniciativa é aberta à comunidade
em geral.
O Mês de Geográfica será dinamizado com várias
actividades e sessões temáticas, das quais se
destacam a mostra de instrumentos utilizados em
Engenharia Geográfica ao longo dos tempos; o
Congresso Nacional de Cartografia e Geodesia (a
realizar nos dias 5 e 6 de Maio na FCUP) organizado
pelo Conselho Nacional do Colégio de Engenharia
Geográfica da Ordem dos Engenheiros; as visitas de
estudo ao Observatório Astronómico “Prof. Manuel
de Barros”, dirigidas a alunos do ensino secundário;
e as Sessões temáticas e de debate na sede da
OERN.
As actividades propostas incidirão na recolha de
informação diversa para produção de mapas e
em cimaTeodolito Salmoiraghi
(usado por GagoCoutinho)
modelos 3D, que incluem a localização e
navegação com o sistema GPS, e o uso de imagens
aéreas e de satélite para a visualização e
manipulação de informação 3D. Pretende-se assim
apresentar aos jovens as técnicas que suportaram
este tipo de desenvolvimentos através da
aprendizagem de conceitos básicos de
georreferenciação e detecção remota.
As sessões de divulgação da Engenharia Geográfica
no Observatório Astronómico “Prof. Manuel de
Barros”, serão dinamizadas por engenheiros
geógrafos e professores, sob a orientação da Engª
Luísa Bastos.
O Observatório Astronómico “Prof. Manuel de
Barros” é um estabelecimento dependente da
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
vocacionado para o desenvolvimento de actividades
de investigação e de ensino nas áreas das Ciências
da Terra, do Espaço e da Engenharia Geográfica,
que desenvolve investigação nos domínios do
Posicionamento e Navegação por Satélite –
aplicações aéreas, marítimas e terrestres, da
Geodesia Espacial e Geodinâmica, dos Sistemas
de Informação Geográfica e Mobile Mapping, da
Meteorologia do Espaço e da Radioastronomia
Solar. Para além da actividade científica, colabora
Alexandrina Meneses
Coordenadora do Colégio de
Engenharia Geográfica e
Vogal do Conselho Directivo
da Região Norte
17
P R O F I S S I O N A L
em cursos de pós-graduação, acções de formação
e de divulgação científica. Os investigadores
ligados ao Observatório Astronómico estão
envolvidos em projectos de investigação nacionais
e internacionais, no âmbito dos quais colaboram
investigadores doutorados (pós-doutoramento) e
alunos de doutoramento e mestrado, com
trabalhos em diversas áreas.
As sessões temáticas e de debate, a realizar na
sede da OERN, serão subordinadas a três temas
de grande relevância actual: Aplicações SIG
Open-Source; WebGis, Mapping e Mobile
Mapping e Riscos Naturais e Tecnológicos.
Associado a estes eventos decorrerá, ao longo
de todo o Mês de Geográfica, uma mostra de
instrumentos usados em Engenharia Geográfica
ao longo dos tempos.
O Colégio de Engenharia Geográfica da Região
Norte convida todos os interessados a participar
nesta iniciativa, que contribuirá para a promoção
de acções multidisciplinares, envolvendo as várias
áreas da engenharia, bem como para o
intercâmbio de ideias e experiências, valorizando
assim a engenharia nacional e em particular a
engenharia geográfica.
[1] “A Engenharia Geográfica tem as suas raízes namatemática, na física, na mecânica racional e na astronomia,tendo integrado mais recentemente, as tecnologiaselectrónicas de posicionamento e os sistemas de informação,revestindo-se das características de engenharia por ter umaforte componente de instrumentação e uma eminenteaplicação prática. Na essência, o trabalho do EngenheiroGeógrafo consiste em recorrer a técnicas geodésicas,topográficas e fotogramétricas para a definição de sistemasde referência e respectiva materialização através de redesde pontos coordenados e, posteriormente, na aquisição etratamento de Informação Geográfica (IG)”(Actos deEngenharia Geográfica, Colégio Nacional de EngenhariaGeográfica, Ordem dos Engenheiros).
18 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
METROLOGIA: FERRAMENTAPARA A QUALIDADE
Paulo Cabral
IEP - Instituto
Electrotécnico Português
Laboratório de Metrologia
e Ensaios
P R O F I S S I O N A L
CALIBRAR OS EQUIPAMENTOSPARA GARANTIR A QUALIDADENA PRODUÇÃO E NOS SERVIÇOSTÉCNICOS
Um dos requisitos colocados pelas normas da série ISO 9000, desde a sua primeira edição, às
organizações que pretendam ter um sistema de gestão da qualidade é a garantia de que as medições
que efectua são fiáveis. Essa fiabilidade é caracterizada, na terminologia metrológica, pela rastreabilidade,
conceito no qual está implícita a estimativa do nível de incerteza da medição. De acordo com a edição
em vigor do Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM), a rastreabilidade metrológica é a
«propriedade de um resultado de medição através da qual o resultado pode ser relacionado a uma
referência por intermédio de uma cadeia ininterrupta e documentada de calibrações, cada uma
contribuindo para a incerteza de medição» (VIM:2007, 2.41).
O grande objectivo de se estabelecerem cadeias metrológicas rastreáveis internacionalmente é permitir
a comparabilidade dos resultados das medições, podendo-se com isso normalizar regras e critérios
técnicos e conseguir-se assim uma maior confiança entre as diversas partes envolvidas (clientes,
fornecedores, legisladores, etc.), as quais têm, em regra, interesses antagónicos. Essa necessidade
surge com maior premência numa época em que a globalização é um dado adquirido e em que
frequentemente um produto final resulta da combinação de peças e de componentes produzidos nas
mais diversas partes do mundo e que têm de funcionar conjuntamente.
Para que a rastreabilidade das medições feitas com um dado instrumento seja conseguida, torna-se
necessário compará-las com outras, de adequado grau de confiança. A essa comparação chama-se
calibração, designando-se por padrões os instrumentos que servem de referências dos correspondentes
valores das grandezas.
As versões actuais das normas da série ISO 9000 reconhecem a enorme importância da medição,
de tal forma que no ciclo de melhoria contínua PDCA (Plan-Do-Check-Act) em que se baseia a
abordagem por processos, ela constitui justamente o fulcro de uma das fases (o Check, ou medição,
análise e melhoria). Os dados resultantes das medições são essenciais para se poderem tomar decisões
baseadas em factos.
Por si sós, as normas da série ISO 9000 pouca orientação fornecem quanto à forma de pôr em prática
os sistemas de medição. A título de exemplo, a ISO 9001 refere, sobre o controlo dos dispositivos de
monitorização e de medição, que «A organização deve determinar a monitorização e a medição a
serem efectuadas e os dispositivos de monitorização e de medição necessários para proporcionar
19
P R O F I S S I O N A L
evidência da conformidade do produto com determinados requisitos. (...) Onde for necessário assegurar
resultados válidos, o equipamento de medição deve ser calibrado e/ou verificado, ou ambos, em
intervalos especificados, ou antes da utilização, face a padrões de medição rastreáveis a padrões de
medição internacionais ou nacionais» (ISO 9001:2008, 7.6) Como tais objectivos podem ser alcançados,
e de que forma todo o sistema metrológico da empresa pode ser criado e mantido, são aspectos que
foram remetidos pela ISO para uma norma complementar, a ISO 10012, que conheceu a sua primeira
edição em 1992. Esta norma foi profundamente revista, tendo sido publicada uma nova edição em
2003. No essencial, a actual versão da norma ISO 10012 estabelece um sistema de gestão do parque
de instrumentação de uma empresa que pretenda estar em conformidade com as normas da série
ISO 9000. Esse sistema, designado por sistema de controlo da medição, consiste num conjunto de
elementos interrelacionados ou interactuantes, necessários para se obter a confirmação metrológica
e o controlo permanente dos processos de medição. Tal sistema assenta em:
• Recursos humanos - responsabilidades, competências e formação de cada elemento afecto à
função metrológica da empresa.
• Recursos de informação - procedimentos documentados e validados; software controlado e testado;
registos das operações efectuadas; identificação do estado metrológico de cada instrumento.
• Recursos materiais - disponibilidade dos equipamentos necessários, convenientemente identificados
e confirmados; armazenamento, transporte e manipulação adequados dos equipamentos, para
evitar deterioração das suas características metrológicas; existência das condições ambientais
requeridas para a correcta operação dos equipamentos.
• Fornecedores externos - requisitos a impor aos fornecedores de produtos e de serviços relacionados
com os sistemas de medição, devendo ser avaliados e seleccionados com base na sua capacidade
de corresponder aos requisitos da empresa.
Por confirmação metrológica entende-se «o conjunto de operações necessárias para assegurar a
conformidade de um equipamento de medição com os requisitos da utilização pretendida»
(ISO 10012:2003, 3.5)
CALIBRAÇÃO “IN HOUSE” OU “OUTSOURCING”?
Um aspecto cada vez mais sensível para qualquer organização são os seus custos operacionais,
incluindo-se aqui ambas as componentes de custos fixos e variáveis. Com a gestão dos recursos
metrológicos a situação em nada difere, neste aspecto, da gestão de qualquer outro recurso de que
a empresa necessita para operar.
Durante muitos anos e devido à reduzida oferta de serviços então existente no mercado, muitas
empresas, em particular as industriais de maior dimensão, optaram por criar e manter departamentos
próprios para a calibração dos seus instrumentos, sendo que isso ainda hoje acontece em muitos
casos. Uma tal política, se bem que permita à empresa manter o total controlo sobre os seus meios
de medição, acarreta elevados encargos fixos, em particular com:
• Instalações - construção, mobiliário, ar condicionado, energia, água, etc.
• Equipamentos - aquisição e calibração periódica dos padrões.
• Pessoal - salários, encargos sociais, formação.
• Meios informáticos - hardware e software, suporte técnico, upgrades.
Com o surgimento no mercado de entidades especializadas na gestão de parques de instrumentação,
e devido à crescente exigência de racionalizar recursos, cada vez mais as organizações optam por
subcontratar uma parte ou mesmo a totalidade das tarefas relacionadas com a sua função metrológica.
20 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
P R O F I S S I O N A L
Assim, é possível hoje em dia adquirir serviços tais como:
• Gestão dos inventários e dos planos de calibração, com a emissão de alertas antes de expirarem
os prazos estabelecidos.
• Calibração da totalidade dos instrumentos, quer as realizadas na própria empresa (in situ), quer
as realizadas em laboratórios exteriores, incluindo aqueles equipamentos cuja calibração tenha
que ser subcontratada a outras entidades.
• Análise dos resultados, confrontação com os critérios de aceitação pré-definidos e decisão sobre
a aceitabilidade do equipamento.
• Reparação ou ajuste, nos casos em que tal seja necessário para repor o equipamento num
funcionamento adequado à sua função. Frequentemente, isto implica o envio dos equipamentos
para o seu fabricante.
• Conservação de toda a informação relativa a cada equipamento, acessível via internet sempre que
a empresa dela necessite (por exemplo, durante auditorias).
No fundo, trata-se aqui de evitar que a empresa se afaste do seu core business, focando-se naquilo
que é a sua actividade e entregando a parceiros da sua confiança as tarefas que não são, directamente,
fontes de proveitos para si. Citando Tom Peters, «do what you do best and outsource the rest».
OS SERVIÇOS OFERECIDOS PELO IEP
Ao serviço da indústria portuguesa desde 1988, o Laboratório do IEP oferece presentemente uma
gama alargada de serviços metrológicos que procuram ir de encontro às necessidades identificadas
junto dos seus clientes. Tais serviços podem-se dividir em:
• Calibração de instrumentos de medição, e
• Outros serviços de apoio metrológico à indústria, tais como consultoria técnica e formação.
No primeiro grupo incluem-se as actividades de calibração de instrumentos de medição e os ensaios
para caracterização metrológica de equipamentos. As calibrações e os ensaios efectuados pelo
Laboratório do IEP estão acreditados pelo IPAC, Instituto Português de Acreditação. Os certificados
de calibração e os relatórios de ensaio que emite são reconhecidos em toda a Europa por via dos
acordos EA, European cooperation for Accreditation, bem como noutras regiões do mundo através
dos acordos ILAC, International Laboratory Accreditation Cooperation e IAF, International Accreditation
Forum, dos quais Portugal é signatário.
As principais actividades de calibração desse Laboratório são nos seguintes domínios metrológicos:
• Electricidade - corrente contínua e baixa frequênciaAbrangendo grandezas tais como tensão e corrente (contínuas e alternadas); resistência; capacidade;
indutância; tempo e frequência; fase (ângulo eléctrico); potência; distorção harmónica.
• Electricidade - radiofrequências e microondasInclui a caracterização de equipamentos em potência RF e nos índices de modulação em amplitude,
frequência e fase.
• TemperaturaAbrange uma extensa gama de temperaturas, desde -90 ºC até 1 200 ºC, permitindo a calibração
de numerosos tipos de termómetros (de vidro, electrónicos, de contacto superficial, pirómetros
ópticos) e a realização de ensaios para caracterização metrológica de meios termoregulados, tais
como estufas, banhos, fornos, muflas, etc.
• Opto-electrónicaNo domínio das tecnologias de comunicação ópticas o Laboratório efectua a calibração de toda
P R O F I S S I O N A L
21
a instrumentação hoje utilizada nas redes de fibra óptica, tais como medidores de potência óptica,
reflectómetros ópticos no domínio dos tempos (OTDR), analisadores de espectros ópticos, etc.
Para além das calibrações efectuadas no próprio Laboratório, muitos destes serviços de calibração
podem também ser prestados in situ, isto é, nos locais onde os equipamentos se encontram instalados.
Essa actividade encontra-se também acreditada.
Para além de possuir laboratórios de calibração e de ensaios acreditados, o IEP é também uma
empresa de serviços certificada segundo o referencial ISO 9001. Nos domínios metrológicos em que
não possui meios laboratoriais próprios, o IEP mantém acordos com outras entidades, em Portugal e
noutros países, no sentido de oferecer às empresas com que trabalha um serviço completo e com
garantia da máxima qualidade. Dessa forma, é possível ao IEP dar uma resposta integral às necessidades
dos seus parceiros de negócio, permitindo-lhes assim ter um único interlocutor para todos os aspectos
relativos à gestão dos seus meios de medição e ensaio.
Nessa perspectiva foi criado um serviço inovador de gestão global dos equipamentos de medição.
Esse serviço, que é gratuito, permite às empresas que o subscrevam transferir para o IEP grande parte
das actividades relacionadas com a gestão dos seus planos de calibração. Destacam-se aqui algumas
dessas actividades:
• Alertas de proximidade da data da próxima calibração de cada item.
• Possibilidade de receber orçamentos individuais para a calibração de cada equipamento, ou de
celebrar contratos globais de calibração incluindo os itens cuja calibração não seja efectuada pelo IEP.
• Recolha dos equipamentos na empresa e sua devolução após a calibração, quando aplicável.
Por outro lado, têm sido identificadas em muitas empresas industriais necessidades relacionadas com
a metrologia mas que não dizem directamente respeito à calibração de equipamentos. Nesse sentido,
são também prestados serviços de formação de técnicos e de consultoria em instrumentação industrial,
serviços que são orientados para a optimização dos processos de medição industrial e para o aumento
do rigor nas medições envolvidas, tendo sempre em vista a máxima rentabilização dos meios físicos
e humanos.
FONTES DE INFORMAÇÃO MAIS RELEVANTES
• SPMet - Sociedade Portuguesa de Metrologia, Fórum Metrologia e Calibração: http://metrologia.no.sapo.pt
• IEP - Instituto Electrotécnico Português: http://www.iep.pt
• IPQ - Instituto Português da Qualidade: http://www.ipq.pt
• IPAC - http://www.ipac.pt
• EA - http://www.european-accreditation.org
• ILAC - http://www.ilac.org
• IAF - http://www.iaf.nu
• Norma internacional ISO 9000 (2005) Sistemas de Gestão da Qualidade. Fundamentos e Vocabulário
• Norma internacional ISO 9001 (2008) Sistemas da Qualidade. Requisitos
• Norma internacional ISO 10012 (2003) Sistemas de gestão das medições. Requisitos para os processos de
medição e para os dispositivos de medição
• Norma internacional ISO/IEC 17025 (2005) Requisitos gerais de competência para laboratórios de ensaio e
calibração
• Guia ISO/IEC 99 (2007), tradução portuguesa de 2008 – VIM, Vocabulário Internacional de Metrologia
22 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
EMPRESA DE RELEVODO NOSSO TECIDO
INDUSTRIAL
P R O F I S S I O N A L
PAINHAS SA
É propósito referido no Estatuto Editorial fazer mostra de uma empresa de relevo do nosso tecidoindustrial. Desta feita a Empresa Painhas SA, inserida num vasto grupo de empresas cobrindo diferentessectores de mercado foi a empresa seleccionada. Actuando nos mercados da Energia e telecomunicações,conta nos seus quadros com 450 colaboradores directos, de entre os quais cerca de 50 são engenheiros,sendo também apoiada por mais 425 técnicos, correspondentes a terceiros. Possui como AdministradoraExecutiva, Helena Painhas, Engenheira Electrotécnica pela Faculdade de Engenharia da Universidadedo Porto.
Em conversa informal com o Eng. Manuel Painhas, Presidente do Conselho de Administração,apercebemo-nos e agora partilhamos o que move uma empresa de sucesso, quais são os propósitosdefinidos e os resultados esperados. Entendemos que os casos de eficácia e eficiência resultam deuma força motriz norteada e norteadora, que encoraja e orgulha a nacionalidade portuguesa. Fazendotambém parte do Conselho Geral do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, deixa as seguintespremissas para o sucesso, a reter:
Missão e Visão, materializada nos seus valores, “A empresa Painhas ambiciona ter um reconhecimentoibérico e um volume de negócios relevante no mercado internacional; Simultaneamente, pretendemanter uma actuação direccionada para a criação de valor junto dos seus accionistas e parceiros,geradora de bem-estar para todos os seus colaboradores.”
Pessoas, “As pessoas são o legado, são a fonte do sucesso, nas organizações e nos países. O segredoestá em manter uma equipa motivada, bem organizada, co-responsável e actualizada. A formaçãocontínua e continuada, na qual o papel das universidades está longe de ser o requerido - apesar doesforço que está já a ser desenvolvido em algumas escolas, como por exemplo no Instituto Politécnicode Viana - é factor de crucial importância, com impacto quer na motivação pessoal, quer na evoluçãoe inovação da própria empresa.
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Acreditamos que o aprofundamento do conhecimento, por um lado das matérias específicas e poroutro das transversais, cria a competência necessária para a adaptação rápida às mudanças.
As pessoas são empenhadas, dedicadas e trabalhadoras. Não podem parar intelectualmente. Temosque investir nas áreas que conferem mais-valia às organizações.”
Diversificação de Produtos e Serviços, “Fomos diversificando dentro do mesmo ramo. O facto de nãose depender só de uma área de negócio, com intervenção em diferentes nichos de mercado, nãodescurando o propiciar, dentro do mesmo grupo, de serviços complementares, também contribui deforma sustentada para o sucesso. A título de exemplo referira-se a empresa de formaçãoProva de Êxito, que para além de actuação individualizada, com oferta de formação para diferentespúblicos/grupos alvo, actua como entidade formadora para os Programas de Formação das empresasdo grupo.”
Internacionalização, “A aposta na internacionalização reverte de forma positiva para as organizaçõese para o estado, como forma de redução do défice externo. A internacionalização é exigente.Competitividade no mercado externo significa eficácia, eficiência e Qualidade/conformidade deprodutos e serviços. Profissionalismo e empenho são quesitos necessários para o sucesso.”
Refira-se que a empresa Painhas SA foi escolhida como o “caso de sucesso em internacionalização”,pelo Millenium BCP, sendo que o exemplo da competitividade empresarial pós-crise, foi o motede uma apresentação realizada no dia 15 de Outubro, no Hotel AXIS em Viana do Castelo.
Modelo de Gestão, “Um modelo de Gestão, que melhore continuamente, é fundamental para o sucessodas organizações. A forma como a organização procura a sua Performance e se empenha na suamelhoria é naturalmente de crucial importância.”
Vontade, “O Quero deve ser a primeira palavra, o princípio que determina a acção e que busca o queé necessário empreender para alcançar o Sucesso.”
Enquanto Grupo de empresas são diferentes as estratégias de desenvolvimento, entre as quais a apostaem Mercados Emergentes em fase de desenvolvimento, como Angola e os países do Médio Oriente(Qatar e a Arábia Saudita) e a aposta nas Energias alternativas não poluentes como a Energia SolarFotovoltaica e a Biomassa, biocombustíveis gasosos, são exemplos.
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C I E N T Í F I C O
NOVO TIPO DECONSUMIDORES
OS DESAFIOS DAMOBILIDADE ELÉCTRICANO SISTEMAELÉCTRICO
J. A. Peças LopesINESC Porto & Faculdade
de Engenharia da UP
Resumo - O Sistema Eléctrico de Energia enfrenta um novo desafio que resulta de se prever para um
futuro breve a presença de um novo tipo de consumidores: os sistemas de carregamento das baterias
de veículos eléctricos (VE). Por forma a minimizar a necessidade de efectuar investimentos adicionais
que venham a dificultar o desenvolvimento dos novos paradigmas de mobilidade eléctrica é fundamental
identificar e vir a implementar estratégias de gestão e controlo para promover o carregamento controlado
das baterias dos veículos eléctricos.
Palavras Chave - Veículo Eléctrico, Smart Charching, Gestão e Controlo, Agentes de Agregação
1.INTRODUÇÃO
O Sistema Eléctrico de Energia enfrenta um novo
desafio que resulta de se prever para um futuro
breve a presença de um novo tipo de
consumidores: os sistemas de carregamento das
baterias de veículos eléctricos (VE). Com efeito, a
necessidade de reduzir fortemente as emissões
de gases de efeito de estufa, associado ao facto
de se prever um aumento do preço do petróleo
resultante da diminuição do volume de reservas
deste combustível fóssil, conduzirá a uma mudança
de paradigma no domínio da mobilidade que
envolverá uma progressiva substituição dos veículos
convencionais, que utilizam motores de combustão
interna, por veículos com motores eléctricos.
Estes veículos poderão ser veículos híbridos,
dotados simultaneamente de motor de combustão
interna e baterias de acumuladores com motores
eléctricos, ou veículos eléctricos puros, onde não
existe motor de combustão interna, ou no caso
de existir será apenas um motor auxiliar de baixa
potência com o objectivo de garantir autonomia
ao veículo no caso de se esgotar a energia
armazenada nas baterias. As baterias destes
veículos serão recarregáveis através da ligação à
rede eléctrica pública, utilizando tomadas especiais
e pontos de carregamento de vários tipos.
A progressiva integração deste tipo de
novos consumidores nas redes eléctricas exige
que se desenvolvam um conjunto de estudos,
enquadrados numa abordagem metodológica,
com vista a perceber os impactos que estes
consumidores podem provocar no sistema eléctrico
e posteriormente conceber a forma de adequar o
sistema a esta nova realidade.
É importante desde logo referir-se que o veículo
eléctrico tem algumas características interessantes:
1. Tem grande flexibilidade, podendo as baterias
fig. 2 (em cima)Impacto da ligação
de VE nas redesde distribuição
25
C I E N T Í F I C O
ser carregadas com diferentes taxas de
carregamento ao longo de um período, sendo
portanto o VE, quando parqueado e ligado
à rede, um natural candidato à adopção de
estratégias de gestão activa da procura;
2. Dada a p resença das ba te r i a s de
acumuladores, é também um dispositivo de
armazenamento de energia, móvel, que pode
ser util izado para injectar energia na
rede eléctrica em situações de emergência.
É fundamental que se defina, desde logo, que o
desenvolvimento deste paradigma deve ser
efectuado procurando reduzir as barreiras ao
desenvolvimento do conceito, pelo que se devem
procurar as soluções que minimizem a necessidade
de reforço, e portanto de investimento, nas
infraestruturas do sistema electroprodutor e da
rede eléctrica associada.
2. COMPREENDER O COMPORTAMENTODOS CONDUTORES
O primeiro dos estudos a desenvolver para perceber
o impacto da futura massificação da presença de
VE ligados sobre a rede eléctrica deve consistir
num estudo comportamental que permita perceber,
entre outros, os seguintes aspectos:
1. Local onde se irão preferencialmente efectuar
os carregamentos;
2. Momento do dia em que os condutores
tencionam preferencialmente fazer o
carregamento das baterias dos VE;
3. Autonomia requerida pelos VE, tendo em
conta o padrão de mobilidade.
Num estudo desenvolvido recentemente [1],
no âmbito do projecto Europeu MERGE (Mobile
Energy Resources for Grids of Electricity), de
que o INESC Porto é líder científico, e onde foi
efectuado um inquérito a nível Europeu via
internet, foi possível identificar os seguintes
aspectos relevantes:
1. Mais de 70% dos futuros condutores de VE
preferirão carregar as baterias dos seus
veículos eléctricos em casa, nas suas garagens,
ou próximo de casa quando estacionados na
rua;
2. Aos dias de semana, verifica-se que na grande
maioria das situações a última viagem que os
condutores de um qualquer veículo individual
de transporte fazem, termina entre as 18 e as
20 horas de cada dia;
3. O padrão de mobilidade típico em Portugal,
nos dias de semana, corresponde em 75%
dos casos a que o total de km percorridos por
dia seja inferior a 60 km.
3. AVALIAÇÃO DO IMPACTO NO SISTEMAELÉCTRICO PORTUGUÊS
Em face dos resultados preliminares resultantes do
estudo efectuado, procurou-se perceber qual o
impacto no sistema electroprodutor e nas redes de
distribuição de Portugal que resultaria da presença
de um volume de VE correspondentes a 10 % da
frota automóvel portuguesa. Para isso admitiu-se
que o sistema de carregamento de cada VE teria
uma potência de 3 kW e que cada condutor iniciaria
um carregamento lento das baterias do seu VE logo
após ter efectuado a última viagem do dia. Esta
situação corresponde a um carregamento de baterias
não controlado e anárquico.
O efeito da presença destes “novos” consumidores
no diagrama de cargas global do sistema
electroprodutor num dia típico de semana, pode
ser observado na Figura 1, pela presença de uma
nova área de cor cinzenta. Tal corresponderia a
um acréscimo de consumo à hora de ponta de
mais de 900 MW, situação que facilmente se
percebe ser pouco desejável.
fig. 1 (em baixo)Impacto da ligação de VEno diagrama de cargas dosistema electroprodutorportuguês
Simultaneamente as redes de distribuição de BT
e MT das zonas urbanas, e em particular das
áreas habitacionais, seriam fortemente solicitadas,
podendo ocorrer situações de sobrecarga em
alguns ramos e quedas de tensão significativas
em alguns ramais, conforme se procura evidenciar
na figura 2 (ramos sobrecarregados – cores a
vermelho).
Nesta análise não foram estudados os impactos
do carregamento rápido de baterias, por se admitir
que o seu impacto é em termos de rede eléctrica
muito localizado e globalmente reduzido em termos
do diagrama de cargas, uma vez que o número
de veículos que irão recorrer ao carregamento
rápido julga-se que será uma percentagem
reduzida do volume total de VE em circulação.
4.DEFINIÇÃO DE SOLUÇÕES DE GESTÃOE CONTROLO
Da análise dos resultados apresentados é fácil
perceber que o desenvolvimento deste novo
paradigma exige que se identifiquem e
implementem soluções que permitam efectuar o
carregamento controlado e inteligente – Smart
Charging – das baterias dos VE, transferindo a
carga eléctrica associada a este carregamento
para as horas de vazio, gerindo ao mesmo tempo
este carregamento por forma a evitar problemas
técnicos (sobrecargas em ramos e quedas de
tensão exageradas) nas redes eléctricas. Este tipo
de solução permite assim minimizar o reforço nas
infraestruturas do sistema eléctrico, conforme se
referiu anteriormente.
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C I E N T Í F I C O
Naturalmente que os proprietários de VE que
pretendam efectuar os carregamentos em períodos
coincidentes com as horas de maior consumo do
sistema, poderão sempre fazê-lo, tendo apenas
que pagar mais pela energia que irão consumir
para este efeito.
Para o desenvolvimento das soluções de Smart
Charging, e mesmo para as situações de
carregamento não controlado, é necessário
desenvolver uma infraestrutura de gestão e controlo
com uma forte componente de tecnologias da
área dos s is temas de informações e
telecomunicações. Para este efeito é necessário
especificar o fluxo bidireccional de informações
que será necessário estabelecer, definir o suporte
para estas comunicações e desenvolver uma
arquitectura de gestão e controlo com novos
agentes e funcionalidades, onde o operador das
redes de distribuição terá que ter um papel
determinante para validar as condições de
operação das redes para as próximas horas.
A Figura 3 descreve sinteticamente o fluxo de
informação que foi já identificado no âmbito dos
projectos MERGE e REIVE (Redes Eléctricas
Inteligentes com Veículos Eléctricos – financiado
pelo Fundo de Apoio à Inovação).
Entre os novos agentes que será necessário
conceptualizar está o agente agregador que irá
gerir um portfolio de clientes VE, que estabelecerá
um relacionamento comercial com estes
consumidores, mas que servirá também de
interface para o envio de set points aos
carregadores das baterias para definir os
momentos do início dos carregamentos e as taxas
de carregamento a seguir pelos carregadores.
A articulação funcional deste agente agregador
com os seus diferentes clientes (clientes
individuais, parques de estacionamento públicos
ou de superfícies comerciais) e com o Mercado
de Electricidade e Operadores de Rede está
descrita na Figura 4.
O desenvolvimento desta solução poderá envolver
soluções proprietárias e ou explorar infraestruturas
de gestão técnica e comercial das redes de
em baixo fig. 3Fluxo de
informação entreos diferentes agentes
distribuição e seus consumidores que se espera
estejam no terreno a curto prazo, como é o caso
das soluções de SmartMetering [3,4] que
actualmente estão a ser desenvolvidas em Portugal
em projectos como o InoVGrid.
Em termos de arquitectura de gestão e controlo
o desenvolvimento destas soluções será
hierarquizado em dois níveis:
1. Controlo local, residente ao nível do interface
electrónico entre a bateria / posto de
carregamento (CP) e a rede eléctrica, envolvendo
capacidade de resposta e adaptação das cargas
de carregamento das baterias a variações de
frequência da rede e variações de tensão no
ponto de ligação;
2. Controlo de nível superior instalado no agregador
e se materializará no envio de set points de
controlo, conforme referido anteriormente [2].
5. CONCLUSÕES
O desenvolvimento dos paradigmas de mobilidade
eléctrica exigirá durante os próximos anos uma atenção
especial relativamente aos procedimentos de
exploração a adoptar e ao planeamento do reforço e
expansão do sistema eléctrico. A minimização do
volume de investimento em infraestruturas pesadas
do sistema (grupos produtores e rede eléctrica) exigirá
a adopção de soluções de controlo e gestão dotadas
de inteligência distribuída, envolvendo os interfaces
electrónicos entre as baterias dos VE e a rede eléctrica
e a utilização de soluções de controlo de nível regional,
envolvendo novos agentes e explorando soluções de
comunicação avançadas.
A adopção destas arquitecturas de gestão e controlo
permitirá também que os VE possam ser fornecedores
de serviços de sistema de reserva e de apoio à solução
de problemas técnicos nas redes eléctricas,
contribuindo para o aumento da robustez global de
exploração do sistema.
Também estas arquitecturas de gestão e comunicação
permitirão promover o consumo de energia eléctrica
nos períodos em que existe abundância de recursos
energéticos primários renováveis, permitindo desta
forma que o desenvolvimento deste paradigma seja
efectivamente orientado para permitir uma redução
do volume de emissões de gases de efeito de estufa,
uma vez que assim se substituem efectivamente os
combustíveis fósseis por energias renováveis no
domínio da mobilidade.
Este desafio constituí também uma oportunidade
ímpar para a indústria portuguesa, que utilizando
a capacidade de produção de conhecimento
avançado e de transferência de tecnologia das
instituições do sistema científico e tecnológico
português, pode desenvolver em antecipação
soluções e produtos inovadores para colocar no
mercado internacional, promovendo desta forma a
criação de riqueza em Portugal.
6. REFERÊNCIAS
[1] Downing N., Ferdowsi, M., Deliverable D1.1,
“Identification of Traffic Patterns and Human
Behaviours”, April, 2010. http://www.ev-merge.eu/
[2] Soares, F. J., Rocha Almeida, P. M., Peças Lopes,
J. A., Luís Seca, Moreira, C. L., “A Technical
M a n a g e m e n t a n d M a r k e t O p e r a t i o n
Framework for Electric Vehicles Integration into
Electric Power Systems”, Proceeding of the Smart
Grids and Mobility Conference, Brussels,
October, 2010.
[3] Peças Lopes, J. P., Rua, D., Issicaba, D., Soares, F.
J., Almeida, P. M. R., Rei, R. J., “Advanced Metering
Infrastructure Functionalities for Electric Mobility”,
to be presented at ISGT Europe, Gothenburg,
Sweden, Oct. 2010.
[4] MERGE Project. Deliverable D1.1. “Specify Smart
Metering for EV”, Aug. 2010,http://www.ev-merge.eu/
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C I E N T Í F I C O
fig. 4 (em baixo)Articulaçãofuncional dosdiferentes agentes
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C I E N T Í F I C O
DESAFIOS CLIMÁTICOS,ENERGÉTICOS E
GEOPOLÍTICOS
A ENGENHARIANA ERA DO CLIMAE ENERGIA
Miguel Moreira da SilvaEng.º Electrotécnico (Itron) e
Investigador (FEUP)
DESAFIOS: ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E DEPENDÊNCIA ENERGÉTICA
A evidência científica é agora clara e preocupante. As alterações climáticas apresentam riscos globais
e exigem uma acção colectiva urgente. Independentemente dos alertas dos especialistas, o fluxo das
emissões de gases com efeito de estufa (GEE) continua a aumentar, sendo que em 2035 o nível de
CO2 será de 550 ppm, ou seja, o dobro do valor existente na era pré-industrial. Como consequência,
há mais de 77% de probabilidade que a temperatura média global aumente mais do que 2ºC durante
este século.
As projecções indicam que os países em vias de desenvolvimento de hoje serão os responsáveis pelo
maior crescimento na taxa de emissão de CO2, dado o aumento da população e do PIB que estes
irão observar. No entanto, o Mundo não deverá escolher entre mitigar as alterações climáticas ou
promover o desenvolvimento. Com políticas eficazes do lado da procura e da oferta de energia, será
possível descarbonizar tanto os países desenvolvidos como os em vias de desenvolvimento, em
conjugação com estratégias para o desenvolvimento económico.
Resumo - O presente artigo alerta para a premência em responder aos actuais desafios climáticos,
energéticos e geopolíticos. A resposta a estes desafios não se pode sustentar em planos de acção
imediatistas, mas sim numa visão clara e objectiva do caminho a seguir durante os próximos anos.
É necessária uma política sintonizada com os desafios económicos e com as carências sociais e que,
ao mesmo tempo, promova o crescimento limpo. Nesse sentido, é apresentada neste artigo uma Visão
para o Clima e Energia em 3D, baseada em três pilares: Eficiência Energética no consumo; Tecnologias
Limpas na produção de electricidade; e promoção de Mercados Concorrenciais. Em suma, o presente
texto enfatiza o papel da Engenharia para a criação da Internet da Energia, que representa o encontro
entre as Tecnologias de Informação e as Tecnologias da Energia.
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Para além do desafio climático, emerge em paralelo a urgência em reduzir a dependência energética.
Ao longo dos últimos anos tem-se registado uma transferência de riqueza de países consumidores
de energia, para países produtores de energia, à medida que o preço do petróleo e do gás vai subindo.
Estes países produtores de energia são maioritariamente não democráticos, sendo alguns deles
controlados por extremistas islâmicos. São as chamadas Petroditaduras. Tal como afirmou Thomas
Friedman, quando o preço do petróleo aumenta, o ritmo da liberdade diminui; e quando o preço do
petróleo diminui, o ritmo da liberdade aumenta.
DIAGNÓSTICO DA ENERGIA EM PORTUGAL
Não obstante a eficiente promoção mediática da actual política nacional para a Energia, Portugal tem
aumentado o seu consumo de energia primária e tem aumentado muito o consumo de electricidade
nos últimos anos, continuando a crescer acima da média europeia. Em paralelo com o aumento da
capacidade instalada de renováveis, a última década tem apresentado um significativo crescimento
do consumo de electricidade, o que fragiliza a política energética do Governo sustentada nas renováveis.
Por conseguinte, Portugal vê-se necessitado de reduzir drasticamente a sua ineficiência energética,
do lado da procura, e ao mesmo tempo actuar no sistema electroprodutor, dando especial ênfase às
tecnologias limpas e com baixo custo de investimento, de operação e manutenção. Por outro lado, é
necessário abordar o sector dos transportes de forma integrada no restante sistema de energia.
No que diz respeito aos Mercados de Energia, o quadro legislativo tem sido menos estável do que
seria desejável, tal como sublinhou a OCDE. Fazendo uma análise ao funcionamento do mercado de
electricidade, tem-se verificado que os sistemas eléctricos de Portugal e Espanha não dispõem de
uma capacidade de interligação suficiente para permitir o livre-trânsito de electricidade e, por
conseguinte, sustentar um preço ibérico único. Ao contrário de Espanha (que permitiu a entrada de
novos players no mercado, EDP inclusive), Portugal encontra-se numa situação sensível, por o mercado
ainda ser dominado por uma única empresa.
em cimaFonte: Thomas Friedman, Hot,Flat and Crowded, 2008Relação entre o preço dopetróleo e o grau de liberdade
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C I E N T Í F I C O
VISÃO DO CLIMA E ENERGIA EM 3D: EFICIÊNCIA, TECNOLOGIAS LIMPAS E MERCADOSCONCORRENCIAIS
O mundo enfrenta duas crises: a crise económico-financeira, originada pela incapacidade em gerir o
risco - no sector financeiro - e em controlar o défice e a dívida dos Estados; e a crise climática, cujas
consequências parecem distantes mas dependentes das atitudes do presente. Apesar de aparentemente
desfasadas, estas duas crises podem gerar uma estratégica e bem sucedida simbiose. É necessária
uma política sintonizada com os desafios económicos e com as carências socais, e que ao mesmo
tempo promova o crescimento limpo. Vários líderes mundiais - dos EUA à China - já perceberam que
o “crescimento verde” não é um acto abnegado de caridade, mas uma solução para recarregar as
economias locais e criar empregos. Este tipo de investimento não só daria um estímulo à economia,
no curto prazo, como aumentaria a competitividade de Portugal, uma vez que os países pioneiros em
tecnologias limpas estarão em vantagem face aos demais. Portugal tem a oportunidade para gerar
crescimento baseado em tecnologias limpas, combatendo os negócios incumbentes ligados à cultura
do petróleo e promovendo empregos de “colarinho verde”. Mas não julguemos que esta visão será
facilmente implementada… Como escreveu Maquiavel: “A inovação tem por inimigos todos aqueles
que se saíram bem nas antigas condições e por defensores pouco convictos aqueles que talvez se
possam sair bem nas novas”.
Ou seja, o Governo português tem neste âmbito um papel crucial. É necessário que o Governo construa
as “estradas” rumo à sustentabilidade energética e apresente aos cidadãos/consumidores os incentivos
certos para que estes “viagem” eficientemente. Não se pede ao Governo planos de acção imediatistas
– normalmente baseados em jargões anglófonos - mas sim uma visão clara e objectiva do caminho
a seguir. O Infante D. Henrique impulsionou a exploração atlântica; Franklin Delano Roosevelt apresentou
o New Deal, como solução para a Grande Depressão; John Fitgerald Kennedy identificou a expedição
lunar como objectivo primordial; Margaret Thatcher liberalizou a então estatista economia do Reino
Unido. Hoje, o desafio é climático e energético!
Uma estratégia para a Energia é sempre um problema multi-objectivo, em que é necessário maximizar,
ao mesmo tempo, o crescimento económico, a segurança do abastecimento e a protecção do Ambiente.
à direitaFonte: NIST
O novo paradigmada energia
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C I E N T Í F I C O
Para tal, defendo uma Visão para o Clima e Energia em 3D, baseada em três pilares: Eficiência
Energética no consumo; Tecnologias Limpas na produção de electricidade; e promoção de Mercados
Concorrenciais.
O PAPEL DA ENGENHARIA
Para que a Visão para o Clima e Energia em 3D se concretize, é necessário dotar o sistema de energia
de inteligência. O novo paradigma da Energia integra, de forma interdependente, conceitos como as
Redes Inteligentes de Energia (Smart Grids); Telegestão Inteligente de Energia (Smart Metering) e
Gestão da Procura (Demand Side Management); produção distribuída de electricidade e fontes de
energia renováveis; segurança de abastecimento; e redução das emissões de GEE (gases com efeito
de estufa). As redes inteligentes de energia englobam a telegestão inteligente de energia e a
microprodução de electricidade. Deve ser sublinhado que a telegestão de energia é o alicerce das
redes inteligentes, constituindo a plataforma de comunicação dinâmica entre o consumidor, os
operadores da rede e o mercado. Só através de uma efectiva telegestão inteligente de energia se
poderão desenvolver novos conceitos, como a gestão da procura, as microredes e a mobilidade
eléctrica.
A telegestão de energia, para além de proporcionar ganhos decorrentes da leitura e gestão remota
dos parâmetros dos contadores, permite efectuar à distância outras relevantes funcionalidades (corte/re-
ligação da fornecimento de electricidade, gestão de cargas, controlo da iluminação pública, contagem
multi-utility). A figura de baixo apresenta a arquitectura de uma rede inteligente.
Segundo a Agência Internacional de Energia, a telegestão de energia contribuirá para uma redução
média de 10% do consumo de energia residencial, bem como para o aumento da elasticidade do
cliente/cidadão em função do preço da electricidade, através da disponibilização em tempo real do
perfil de consumos.
Em suma, estamos perante a criação da “Internet da Energia”, que representa o encontro entre as
Tecnologias de Informação e as Tecnologias da Energia.
à esquerdaFonte: ItronSistema de TelegestãoInteligente de Energia
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C I E N T Í F I C O
MANUTENÇÃO DESISTEMAS ELÉCTRICOS
E MECÂNICOS
A TERMOGRAFIACOMO TÉCNICA DEPRÉ-DIAGNÓSTICO
António CardosoEng.º Electrotécnico, FEUP
Level III Thermographer,
ITC – Boston
CATIM – Centro de Apoio
Tecnológico à Indústria
Metalomecânica
Resumo - A Termografia por infravermelhos tem vindo a assumir uma importância crescente no
domínio da manutenção de sistemas eléctricos e mecânicos, por ser uma técnica não-invasiva, e
porque a evolução tecnológica permitiu o aparecimento de câmaras leves, compactas e de baixo custo,
bem distantes dos modelos usados há anos. O artigo mostra exemplos de aplicação em vários domínios,
vincando a necessidade de promover a qualificação de técnicos no domínio da termografia.
Ainda há pouco mais de uma década, a
Termografia por infra-vermelhos era uma
tecnologia cara e pesada, a portabilidade era
reduzida por causa do peso e do volume dos
equipamentos. O preço também não era nada
convidativo, em 2004 os equipamentos início de
gama ainda custavam 25k€. Hoje em dia, tudo
mudou, temos equipamentos a pesarem 500g e
com preços abaixo dos 2k€. Em termos
comparativos, hoje em dia fica mais barato comprar
uma câmara termográfica, de que atestar duas
vezes um camião de longo curso.
Neste período de tempo, muitas coisas mudaram.
A desclassificação feita em 1992 pelo governo dos
EUA da tecnologia dos microbolómetros, tecnologia
secreta desenvolvida pela Honeywell na década
de 70 do século passado, foi o primeiro passo no
sentido da portabilidade e acessibilidade que
temos hoje em dia. Os detectores anteriores tinham
de ser arrefecidos a -200°C, o que implicava uma
pequena máquina de fazer frio por efeito de Peltier
ou uma bomba de calor. Tudo isto implicava muito
peso (baterias incluídas), muito consumo de
energia e um tempo de estabelecimento muito
longo. As câmaras termográficas, hoje, ligam-se
e começa-se a “disparar” termogramas, tal como
fazemos nas “máquinas digitais”. A velocidade
da imagem também aumentou, qualquer
equipamento faz hoje 9Hz e é muito comum a
frequência de 60Hz.
33
C I E N T Í F I C O
Por exemplo o atrito de rolamento dos pneus é a fonte de calor quenos permite verificar se um pneu está com pressão a mais ou amenos.
A imagem de termografia permite verificar rapidamente, sem tercontacto com o pneu, que o mesmo está a rolar mais apoiado nosbordos que no centro.
O inverso também é verificável.
Aqui pode-se verificar que o pneu está mais quente no centro, logorola mais apoiado no centro.
Convém mencionar, que uma diferença de 0,1bar em relação àpressão desejada provoca diferença de temperatura 1°C entre osbordos e centro do pneu.
Um eixo empenado faz com que o centro da jante descreva umacircunferência centrada no centro do eixo antes de empenar. Aorolar, o pneu vai exercer mais pressão contra o piso nuns sítios doque outros. Como se pode verificar o pneu não mantém umatemperatura constante ao longo da sua própria circunferência.
Todas estas alterações abriram um leque
vastíssimo de aplicações. A manutenção predictiva
eléctrica e mecânica, a detecção de sindromas
gripais em grandes aeroportos e espaços públicos,
o diagnóstico de enterocolite necrosante em recém-
nascidos prematuros com menos de 1kg, a
medição da temperatura interna em humanos, o
diagnóstico da gota, a medição do U das paredes
em construção edificada, a detecção de infestação
por térmitas ou vespas em casa de madeira e a
detecção de derrames de petróleo na superfície
da água são alguns dos diferentes exemplos de
aplicações em ramo de actividades completamente
distintos. Visão nocturna e detecção de gases são
exemplos de aplicações noutra área distinta, o
“IR- imaging”, que também beneficiou do avanço
desta tecnologia.
O exemplo seguinte é um estudo que foi feito em
vários concessionários do ramo Automóvel com
o intuito de avaliar a capacidades das câmaras
termográficas para fazer o pré¬ diagnóstico de
avarias ou determinar condições de utilização no
momento em que as viaturas chegam à recepção.
As características térmicas dos objectos, as
condições impostas pelo meio ambiente envolvente
e fontes de calor presentes impõem padrões de
temperatura na superfície dos objectos que por
sua vez impõem padrões de emissão de radiação.
Segundo a lei de Stefan – Boltzmann,
qualquer objecto com uma temperatura superior
ao zero absoluto emite radiação. Radiação essa,
que é usada para estimar a temperatura na
superfície do objecto pela fórmula
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C I E N T Í F I C O
Em veículos pesados é imperativo a recauchutagem de pneusporque uma carcaça tem uma vida duas a três vezes superior àduração do piso. No entanto, esta prática tem um problema inerente.Se a recauchutagem decorrer de forma imprópria, o piso do pneuvai descolar precocemente da carcaça, e soltar-se em andamentopodendo causar acidentes graves. Da imagem pode-se verificarque a temperatura do talude externo do pneu exterior é ligeiramentesuperior à temperatura do piso do pneu interno, logo as mais baixastemperaturas do piso do pneu externo não se devem ao factodo pneu exterior rolar fazendo pouca pressão contra o solo, massim do facto do piso estar descolado da carcaça do pneu.
O erro de cambêr, neste caso negativo, implica um apoio inclinadodo pneu, provocando este esbater do aquecimento em direcçãoao bordo externo.
O foco de calor que este diferencial apresenta na zona do pinhãode ataque, revela um sobreaquecimento provável do rolamento dopinhão com nível baixo de lubrificante. Quando não existemproblemas, e por haver um líquido em constante movimento nointerior, o diferencial tem de apresentar uma temperatura uniformena superfície. Por oposição ao diferencial e pneu de camiãoanteriormente apresentado, temos neste termograma dois pneusem óptimas condições de estado e de utilização, temperaturasuniformes nos pisos e nos taludes.
O desenvolvimento anormalde calor num cubo, porcomparação com o respectivopar poderá denunciar umagripagem dos rolamentos ouda redutora, quase sempre porfalta de lubrificação.
O excesso de convergênciatambém se detecta. O esforçosuplementar aplicado no bordoexterior provoca o aquecimentoque se vê nas imagens. Convémmencionar, que neste casohavia também uma certa sub-pressão. Quando há divergência,o aquecimento suplementaraparece nos bordos internos.
35
C I E N T Í F I C O
A implementação de câmaras de termografia nas recepções das oficinas de mecânica automóvel e
em camiões de longo curso permitiria poupar muitos recursos. Por exemplo, neste momento é possível
reduzir o prémio do incêndio de um edifício se forem apresentadas regularmente provas da execução
de inspecções termográficas aos sistemas eléctricos. A execução de inspecções termográficas no fim
de um dia de trabalho em camiões de longo curso, permitiria também baixar o risco associado à
exploração e, implicitamente, garantir melhores condições para os segurados no momento da negociação
dos prémios, a par com a diminuição dos custos envolvidos na manutenção dos veículos.
A vulgarização desta tecnologia devido à descida do preço e à facilidade de utilização implica a
necessidade de apostar na formação de técnicos qualificados. Por exemplo, seguindo a prática
internacional, a qualificação faz-se em três níveis, respectivamente Nível I – Execução de termogramas,
Nível II – Aplicação de técnicas de diagnóstico e Nível III – Criação de técnicas de diagnóstico.
A grande difusão de câmaras de termografia está relacionada com a detecção precoce não invasiva
de avarias. Há muitos problemas, que não produzem numa fase inicial sintomas palpáveis, e que a
partir dum certo nível de deterioração, evoluem rapidamente para uma situação de ruptura implicando
custos de reparação elevados ou mesmo provocando acidentes graves.
Para terminar, dois problemas
eléctricos. Uma bateria com
dois elementos deteriorados,
devido ao curto-circuito estes
elementos não aquecem
quando se tenta carregá-la.
O desembaciador traseiro tinha
várias linhas partidas, esta
verificação pode ser feita em
pleno verão. Não é necessário
ter o vidro embaciado.
36 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
C I E N T Í F I C O
BIOMASSA FLORESTAL QUANTIFICAÇÃO DE MATOATRAVÉS DO PROCESSAMENTODA CLASSIFICAÇÃO DE IMAGENSDE SATÉLITE. UM CASO DE ESTUDONA REGIÃO DO ALTO TÂMEGA
Resumo - As alterações climáticas e o aumento das emissões de gases com efeito de estufa (GEE)
tem originado a procura de novas fontes de energia, nomeadamente através do uso de biomassa
florestal. A esta política, associa-se a necessidade em controlar o crescimento do mato, de modo a
minimizar o flagelo dos fogos florestais que todos os anos ocorrem em Portugal.
O trabalho que agora se apresenta resultou da necessidade em classificar e em quantificar esta
biomassa florestal através de processos expeditos e pouco dispendiosos. O processamento e a
classificação de imagens de satélite, baseado em trabalho de campo anteriormente feito, surge assim
como um processo expedito que permite avaliar a quantidade de biomassa florestal (mato) que existe
e que pode ser recolhida em cada ano.
A metodologia seguida consistiu na criação de um índice de vegetação, o NDVI (Normalized Diference
Vegetation Index) e na classificação assistida de uma imagem do satélite Landsat TM de 2006.
Posteriomente, através da criação de um Sistema de Informação Geográfica, associou-se a posição
de 400 parcelas de estudo, extraiu-se o valor do NDVI de cada uma e procedeu-se à análise de
regressão entre os valores de biomassa (ton./ha) e os valores de NDVI.
Os resultados obtidos mostram que a quantidade de mato variou entre as 2 e as 9 ton./ha (valor seco
a 30% de humidade) em áreas recentemente ardidas e em áreas ardidas no passado.
Palavras chave - Biomassa Florestal, Detecção Remota, SIG, Fogos Florestais
INTRODUÇÃO
A medição e o cálculo da biomassa florestal aérea tem sido feita com base em processos tradicionaisde inventário, baseado no estabelecimento de parcelas de amostragem e de recolha de dados decampo. Este processo é rigoroso e eficiente, no entanto é extremamente dispendioso quer em tempoquer em recursos financeiros. Com o advento dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG), emassociação com o uso do Sistema de Posicionamento Global (GPS) e da Detecção Remota (DR), têmsurgido novos processos de medição e avaliação da biomassa florestal, como complemento ou alternativaaos processos tradicionais.
Estes novos processos baseiam-se na associação de trabalho de campo, feito no passado recente, ametodologias baseadas em funcionalidades SIG e em Modelação Multivariada. Combinando aspotencialidades dos SIG para trabalhar com informação georreferenciada, aos dados de campo e à
Em co-autoria
José AranhaDepartamento de Ciências Florestaise Arquitectura Paisagista (CIFAP)UTAD
Helder VianaInstituto Politécnico de Viseu, Escola
Superior Agrária
Rosália RodriguesBioflag – Consulting – Santo Tirso
37
C I E N T Í F I C O
informação disponibilizada pelas imagens de satélite, é possível desenvolver modelos matemáticosde estimação de quantidades de biomassa com base em índices de vegetação, como seja o NDVI(Normalized Diference Vegetation Index), cujo cálculo se baseia numa razão normalizada entre ocomprimento de onda do vermelho (Red - 0.63 -0.69μm) e do infra vermelho próximo (NIR 0.78 -0.90 μm) (Eq. 1):
NDVI = (NIR - Red) / (NIR + Red)
O trabalho que agora se apresenta resultou da combinação das técnicas anteriormente descritas eintroduz uma equação de regressão que permite estimar, com base em imagens de satélite,a biomassa florestal (matos) que cresceu em áreas ardidas e pode ser cortada para fins energéticos.
ÁREA DE ESTUDO
A região do Alto Tâmega foi seleccionada como área de estudo para o desenvolvimento deste trabalho,uma vez que é uma região predominantemente florestal e por ser uma das melhores zonas para aprodução de pinheiro bravo, a principal espécie florestal em Portugal Continental. Esta região localiza-se entre o Minho e Trás-os-Montes, como se apresenta na Figura 1.
A altitude varia entre os 150m junto ao Rio Tâmega, perto de Ribeira de Pena, e os 1250m, na Serrado Barroso. Esta região encontra-se sob influência Atlântica, caracterizando-se por apresentar umatemperatura média anual de 10,0 ºC e uma precipitação média anual acumulada de 800mm.
MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento deste estudo, usou-se o seguinte material:• Ortofotomapas do voo de 2005, a cores com uma resolução espacial de 0,5m;• Folhas da Carta Militar de Portugal Continental, série M888 à escala 1:25000;• Uma imagem do satélite Landsat TM de Julho de 2006;• Um Sistema de Informação Geográfica anteriormente criado para a região (GISVAT, Aranha, 1998);• Um aparelho receptor de sinais GPS, com 14 canais e correcção diferencial em tempo real via
EGNOS;• Dados recolhidos em 400 parcelas de amostragem, estabelecidas segundo uma grelha sistemática.
O desenvolvimento do trabalho foi feito em ambiente IDRISI32, uma aplicação informática que permitecriar projectos SIG em ambiente matricial e que incorpora muitas rotinas para processamento eclassificação de imagens de satélite. Posteriormente, a informação produzida em ambiente IDRISI32,foi exportada para ambiente ArcGis 9.1, uma aplicação informática que permite criar projectos SIGem ambiente vectorial e explorar bases de dados.
A imagem de satélite foi previamente sujeita a operações de correcção do efeito de neblina e ageorreferenciação ao sistema de coordenadas Datum Lisboa, Hayford Gauss Militar. Sobre esta imagem,e com base em vectores recolhidos com um receptor de sinais GPS (Differential), foram criadasassinaturas espectrais e feita a classificação assistida da imagem, recorrendo ao método da DistânciaMínima. Numa segunda fase, foi calculado o NDVI.
A recolha de campo foi feita em 400 parcelas de amostragem, estabelecidas ao longo do Vale doTâmega, em manchas ardidas entre 2000 e 2006 (ambas as datas inclusive), tendo-se estabelecidoduas linhas de perfil perpendiculares, para medição da altura e da largura das faixas de mato, bemcomo a densidade de ocupação. Após as medições, o mato foi cortado pela raiz, pesado in loco etransportado para o laboratório, a fim de ser seco e pesado a 30% de humidade.Posteriormente, a tabela de atributos, relativa às parcelas de amostragem, foi actualizada com os
fig. 1 (em cima)Localização daárea de estudo
38 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
C I E N T Í F I C O
respectivos dados de campo, volumes e pesos de mato e valores de NDVI. Depois de actualizada, a
tabela foi exportada para o formato de base de dados (dbf) e importada para um programa de
desenvolvimento de modelos de regressão (JMP 4).
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A imagem de satélite foi classificada em 11 classes de ocupação do solo (Figura 2), com uma certeza
de classificação geral de (Overall Accuracy) 80% e um valor de fiabilidade (K de Cohen) de 0.75.
Após processamento estatístico dos dados, chegou-se ao modelo de predição da quantidade de mato,
que se apresenta na Equação 1.
Mato = 9,17 + 3,000 Ln (NDVI)(R2
ajt = 0.355; p-value < 0.01, EQM = 28%)Sendo:
Mato – Biomassa florestal de regeneração após fogo (peso seco a 30% expresso em ton./ha)
Ln – Logaritmo Natural
NDVI - (Normalized Diference Vegetation Index), índice de vegetação por razão normalizada
A equação obtida mostra um bom ajustamento entre o índice de vegetação e a quantidade de mato
que cresceu em áreas ardidas. Esta equação permite, assim, transformar a imagem NDVI, obtida
através do processamento duma imagem de satélite, numa carta de biomassa florestal, como se
apresenta na Figura 3.
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos mostram que as imagens do satélite Landsat TM são adequadas à identificação
e mapeamento de classes de ocupação do solo e, concretamente, de áreas ardidas.
Os mesmos resultados também mostram que, através da aplicação de técnicas de Análise Multivariada,
é possível classificar e quantificar a quantidade de mato que cresce após a ocorrência de fogos
florestais.
AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de agradecer à UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) e ao CITAB
(Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas) o apoio concedido para a realização
deste trabalho.
fig. 2 (à esquerda)Carta de ocupação
de solo em 2006
fig. 3 (à direita)Carta de biomassa
florestal (matos) em 2006
39
C I E N T Í F I C O
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40 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
E N T R E V I S T A
À CONVERSA COMENG.º FRANKLIN GUERRA PEREIRA
A COMPETITIVIDADEE A PRODUTIVIDADEDE UM PAÍS ESTÃO NASMÃOS DOS ENGENHEIROS
Ser engenheiro electrotécnico correspondia àsua vocação?Mais ou menos. Quando me formei desenvolveu-
se muito a electrificação de Portugal. Até aí a
electrificação era uma coisa muito pequena, muito
reduzida, mas o boom da electricidade deu-se
mais ou menos na altura em que me formei. De
maneira que os cursos de electrotecnia da
Faculdade de Engenharia do Porto, que eram
para meia dúzia de pessoas, passaram a ser para
dezenas. Deu um salto brusco. Nessa altura, um
pouco antes, saiu a lei da electrificação do país
e houve uma explosão da electricidade em
Portugal. Antes não havia nada, havia redes muito
separadas umas das outras, mas em poucos anos
Nascido a 3 de Fevereiro de 1923, formado em Engenharia Electrotécnica pela Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto em 1946, o Eng.Franklin Guerra Pereira dedicou 65 anos da sua vida à
Engenharia. Ao longo da sua carreira profissional trabalhou na Bastian & Costa, na construção da
barragem do Pego do Altar e seus canais de rega, na Brown-Boveri (actual ABB), nos departamentos
de tracção eléctrica e de centrais térmicas, e na EFACEC, na direcção dos estudos gerais, reparação
de alternadores e transformadores, construção de motores eléctricos e serviço de investigação &
desenvolvimento.
fizeram-se as barragens todas e produziu-se
bastante energia. A energia era de tal forma barata
que no Porto criou-se o terceiro escalão, que
depois se estendeu a todo o país. O terceiro escalão
era para quem consumia muito, o que provocou
o aumento do consumo. Esta enorme explosão
de energia eléctrica e o seu embaratecimento
levou à fabricação e desenvolvimento dos fornos
eléctricos e das ferro-ligas. Mais tarde a
electricidade deixou de ser barata provocando a
morte destas indústrias.
Pode dizer-se que escolheu a profissão idealpara o momento…Sim.
41
E N T R E V I S T A
Estávamos em 1946. Como sentia o ensino daengenharia electrotécnica na época?Em certas coisas era muito rudimentar mas depois
mudou. Tinha bons professores e professores
muito fraquinhos. Bons professores eram por
exemplo o Engenheiro Manuel Corrêa de Barros,
mais tarde Reitor da Universidade, e o Engenheiro
Sarmento Beires, que também foi professor do
meu tempo. Na altura não havia as exigências de
agora para se entrar para a Universidade como
Professor, agora exige-se o doutoramento. Naquele
tempo também era lei que ao fim de 5 anos de
ensino fosse necessário ter o doutoramento, mas
os doutoramentos eram muito facilitados, eram
os doutoramentos em casa e só passados alguns
anos é que passaram a ser feitos no estrangeiro,
em Inglaterra (Manchester e Birmingham). Pouco
a pouco foi-se criando um grupo de doutores em
engenharia electrotécnica que acabaram por formar
escola e hoje não é necessário ir ao estrangeiro
para fazer o doutoramento, faz-se em Portugal.
Sentia-se bem preparado para o exercício daprofissão?Ninguém é bem preparado. Nós éramos
preparados só teoricamente. Conhecemos as Leis
de Maxwell muito bem e as de electricidade que
eram mais complicadas, conhecemos estas coisas,
mas teoricamente. O domínio e o conhecimento
da profissão só vêm com a prática. Assim que me
formei comecei logo a trabalhar na construção da
barragem do Pego do Altar no Alentejo e foi preciso
um, dois anos para conseguir conjugar aquilo que
aprendi teoricamente com aquilo que estava a
fazer.
Quer partilhar algumas das suas memóriasacadémicas?As boas memórias que tenho da vida académica
são do Liceu (andei no Liceu Alexandre Herculano)
da Universidade nem por isso. A Faculdade de
Ciências era interessante mas a Faculdade de
Engenharia já não era. Não guardo grandes
recordações da Faculdade até porque fui preso
pela PIDE quando estudante da Faculdade de
Engenharia. Estive preso uns meses e fui fazer
um exame sob prisão. Por isso não tenho grandes
recordações da Faculdade de Engenharia, mas
fiz lá bons amigos.
Qual foi a experiência profissional maisdeterminante?Foi a da EFACEC porque estive lá muitos anos.
Na Bastian &Costa estive dois, três anos, até ao
fim da construção da barragem no Alentejo. Não
estive propriamente na construção da barragem
porque sou engenheiro electrotécnico e a
construção de barragens é para engenheiros civis,
mas nos serviços auxiliares como caminhos-de-
ferro, linhas aéreas, máquinas, caterpillars. Gostei
imenso de trabalhar na construção, no ar livre,
em estaleiro. Não era um trabalho de gabinete,
de computadores, mas ao ar livre, em que era
preciso actuar depressa e mesmo improvisar. Daí
cheguei à conclusão que a melhor sorte que pode
ter um engenheiro depois de se formar é trabalhar
num estaleiro. Um engenheiro civil trabalhar num
estaleiro civil, o electrotécnico trabalhar num
estaleiro. É a melhor maneira de começar uma
carreira.
Quer sublinhar algum momento especial naactividade desenvolvida?Na Bastian & Costa estive poucos anos e quando
saí ainda fui professor durante um ano em Viana
do Castelo, onde casei dois anos mais tarde com
a mulher que foi minha companheira durante 57
anos. Depois fui para a EFACEC. Entretanto
desentendi-me com o director e fui para a Suiça
trabalhar na Brown-Boveri, nos departamentos de
tracção eléctrica e de centrais térmicas. Regressei
à EFACEC, o director escreveu-me uma carta a
dizer para deixar passar as coisas e que voltasse.
Estive lá até me reformar. Na EFACEC fui passando
por muitos lugares, houve uma altura em que a
construção de motores eléctricos dependia de
mim, passei também pela reparação de
alternadores e transformadores, pelos estudos
gerais, que é a construção dos edifícios fabris e
dos seus equipamentos, por fim chefiei o serviço
de investigação & desenvolvimento.
Foi dirigente da Ordem dos Engenheiros - RegiãoNorte. Pode falar-nos da sua experiência enquantoPresidente?Gostei imenso. Primeiro fui secretário da Direcção
do Conselho Regional, numa direcção encabeçada
por um engenheiro civil já falecido, e só depois fui
Presidente do Conselho Regional, eleito para o
42 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
E N T R E V I S T A
triénio 1969/71. Estávamos em plena “primavera
marcelista” e este ambiente político marcou acções
nunca vistas na Região Norte da Ordem. A reforma
do ensino dirigida pelo ministro Veiga Simão foi
amplamente discutida em conferências e painéis,
que culminaram numa sessão final muito concorrida
(e agitada), presidida pelo bastonário, onde o Dr.
Miller Guerra foi a figura de destaque. Numa
Assembleia Geral Extraordinária a Região Norte
associou-se às outras regiões na libertação do Eng.º
Blanqui Teixeira, preso politico condenado às
temíveis “medidas de segurança”. A Região Norte
organizou também uma sessão de homenagem
pública ao Dr. Abel Salazar, no 25º aniversário da
sua morte. Notáveis intelectuais enalteceram a sua
obra de pintor, escritor, médico, filósofo e cientista.
Uma exposição de cobres trabalhados de Abel
Salazar esteve patente ao público da cidade na sala
nobre da Região.
Como pensa que a Ordem dos Engenheiros temlevado a cabo as suas atribuições?Acho que está muito bem. Vejo algumas intervenções
da Ordem na televisão e até acho que devia intervir
mais. A competitividade, a produtividade e tudo o
mais de um país estão nas mãos dos engenheiros,
universitários e não universitários, que são pessoas
de grande valor e intervêm muito no desenvolvimento
económico do nosso país.
Afirmou recentemente que “há dentro de mimum bichinho para esgravatar a história e queentrou quando há alguns anos atrás tive deapresentar uma sinopse sobre o tema numCongresso da Academia das Ciências”. Esta podeser a explicação para um legado de 11 livros e80 artigos sobre temas culturais e técnicos sobrea história da Engenharia?A Academia de Ciências fez um Congresso sobre
a história da ciência em Portugal até ao fim do
século XIX e resolveu também meter a história da
engenharia, logo era preciso alguém para falar. O
director da Academia de Ciências pediu ao
Presidente da Direcção do Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC) para indicar um engenheiro
que estivesse a par da história da engenharia e ele
indicou o meu nome, não porque eu já tivesse
escrito alguma coisa sobre a história da engenharia
em Portugal mas porque tinha escrito muita coisa
sobre a história da engenharia para a revista
Electricidade. De maneira que este engenheiro,
director do LNEC, lia esses artigos e sabia que havia
aqui um sujeito no Porto que gostava de história
de engenharia e indicou o meu nome. O director
da Academia de Ciências procurou-me e a minha
primeira resposta foi não, porque não tinha
conhecimentos sobre a história da engenharia em
Portugal, conhecia melhor a história da engenharia
de Inglaterra e dos Estados Unidos mas sobre
Portugal não conhecia nada, além do que tinha só
três meses para escrever e eu disse nem pensar.
Mas ele não tinha mais ninguém a quem recorrer
e tanto apertou que eu disse que sim. O que
apresentei na Academia de Ciências foi uma coisa
pequenina, cerca de 10 páginas, e embrionária
mas foi aí que surgiu o bichinho da história da
engenharia em Portugal. De modo que pensei
quando me reformar vou escrever a história da
engenharia portuguesa. Passados alguns anos
reformei-me e passei 10 anos a estudar a história
da engenharia em Portugal, que publiquei em livro
no ano de 1995.A 1ª edição esgotou-se. A
PUBLINDUSTRIA publicou em 2010 a 2ª edição.
Pode contar-se com a sua motivação para continuara escrever?Sim, só não sei sobre o quê. Agora a engenharia
é completamente diferente do meu tempo. Eu sou
engenheiro de correntes fortes e correntes fracas,
ou seja, de energia e electrónica. Havia uma cadeira
que se chamava Electricidade Aplicada segunda
parte, que era tudo aquilo que hoje um engenheiro
electrónico estuda, durante anos. Eram os telégrafos,
os telefones, já aparecia o diodo, triodo e pêntodo
era o esboço da Electrónica. A Electrónica
revolucionou por completo a Electrotécnica, não
há muitos anos, e eu mal acompanhei.
A “História da Engenharia em Portugal”, nãosendo uma obra científica, trata-se de um livroque os estudantes de engenharia e os engenheirosdeveriam ler?Acho que sim. Todos os engenheiros deviam
conhecer a história da sua profissão. Isto não sou
só eu que pensa assim, também pensava assim o
Marquês de Pombal que reformou a Universidade
43
E N T R E V I S T A
de Coimbra. Nessa reforma está mencionado que
na primeira aula devia ser passada pelo professor
a história da disciplina, seja matemática, física ou
outra. Eu defendi várias vezes que devia haver uma
cadeira de História de Engenharia na Faculdade
de Engenharia. Agora já não penso assim. Acho
melhor que cada professor no início do ensino da
sua cadeira dela dê a história resumida. O engenheiro
deve conhecer a história da sua profissão, como
ela evoluiu, porque há coisas brilhantes que se não
devem esquecer e são até guia para o futuro.
Que momento destacaria da história da engenharia?Aquele que mais o marcou ao escrever, por serdiferente, por ser o mais original, por ter sido ummarco?O que destaco é a construção naval do século XVI,
quando estivemos na vanguarda da engenharia
europeia. Mas há outros pontos altos da nossa
engenharia, sobretudo a construção das catedrais
românicas e góticas, a cartografia e a electrificação
do país no século XX.
Portugal protagonizou alguma inovação que tevereferência internacional?Não muito, mas algumas coisas. Umas foram
inovações ocasionais, como a Passarola do Pe.
Bartolomeu de Gusmão, o dispositivo eléctrico do
Prof. Adriano de Paiva, precursor da televisão, ou
o forno solar do Pe. Malafaia. Mas as inovações
mais importantes deram-se na construção naval,
na época dos Descobrimentos. Portugal esteve na
construção naval à frente de todos os países,
inclusive de Veneza. Em Portugal em toda a foz dos
rios havia um estaleiro naval, o mais importante era
o de Lisboa, a Ribeira das Naus, onde trabalhavam
600 carpinteiros e outros tantos calafates. Muitos
lenhadores rachavam lenha para fazer o carvão de
madeira, componente da pólvora. No total, no
estaleiro de Lisboa trabalhariam mais de 2000
operários. O Estaleiro de Veneza, potência dominante
no Mediterrâneo, dizem que tinha 6000 empregados,
mais do que em Lisboa, mas Portugal tinha muitos
estaleiros ao longo de toda a costa e como tal não
devíamos andar muito longe do volume de produção
de Veneza. Veneza construía barcos para ir a
Constantinopola ou até ao Egipto, o Mediterrâneo
é de águas tranquilas, enquanto que Portugal fazia
barcos para mar alto. A construção naval esteve à
frente em todo o mundo, foi o ponto mais alto que
a engenharia portuguesa atingiu.
Quer destacar a sua preferência por uma obra dearte de engenharia em Portugal?A barragem de Aguieira.
O que pensa da evolução da profissão deengenheiro?As actividades de engenharia de hoje são
incomparavelmente superiores às do meu tempo.
Agora há computadores. Antigamente para construir
um barco era preciso fazer um projecto em tamanho
natural. Nos estaleiros navais havia uma sala
chamada a sala do risco, na Ribeira das Naus a
sala tinha 1600 m2, em que se desenhava o barco
à mão, peça a peça, segundo regras empíricas.
Hoje há um programa de computador em que se
carrega no botão e sai o barco, está tudo feito. Não
há semelhança nenhuma entre o trabalho de um
engenheiro de agora com o de antigamente.
Quais os desafios que se colocam à Engenhariana actualidade?Há problemas terríveis na humanidade. O principal
problema é a energia. Como toda a gente sabe, a
nossa civilização está ameaçada de destruição
quando acabar o petróleo e o gás. Este é um
problema global, não é só o caso de Portugal, e é
um problema da engenharia mas também de toda
a organização social.
Alguma sugestão ou nota à Ordem dosEngenheiros?Quem sou eu para deixar notas ou sugestões à
Ordem dos Engenheiros ou aos seus associados?
Para a necessidade do aperfeiçoamento constante
dos seus projectos? Para o rigor dos seus trabalhos,
a visão ética da sua profissão? Numa palavra deve-
se ter sempre presente este aforismo de Ortega Y
Gasset, que encontrei na revista da Escuela de
Caminos,de Barcelona : “vean, pues, los ingenieros,
cómo para ser ingeniero non basta con ser
ingeniero”.
44 INFO 22 • OUT NOV DEZ 2010
S O C I A L
HOMENAGEM A UMADAS SETE MARAVILHAS
NATURAIS DE PORTUGAL
PARQUE NACIONALDA PENEDA - GERÊS
António Machado e Moura
Vice Presidente do
Conselho Directivo
da Região Norte da
Ordem dos Engenheiros
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A OERN pretende através deste pequeno artigo prestar uma singela homenagem a esta Área Protegidalocalizada na zona norte de Portugal e que acaba de ser justamente galardoada com a distinção deMaravilha Natural de Portugal, em cerimónia levada a cabo na cidade de Ponta Delgada, nos Açores,no passado mês de Setembro.
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Panorâmicasobre a albufeirada Caniçada
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em baixoBarragem e albufeira
de Vilarinho das Furnas
O Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG) é uma das áreas protegidas localizadas na Região Nortedo país e é a única com o estatuto de Parque Nacional, tendo sido criada pelo Decreto-Lei nº 187/71de 8 de Maio, o que lhe confere o estatuto da mais antiga de Portugal. Possui uma área total de cercade 70000 hectares abrangendo territórios de 22 freguesias que se distribuem por cinco municípios(Melgaço, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Terras do Bouro e Montalegre), dos quais quatro nazona de fronteira com Espanha (Galiza). Esta área protegida forma actualmente um contínuo com oparque natural galego da Baixa Limia - Serra do Xurés, constituindo com este último e desde o anode 1997 o Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés, com uma área aproximada de 100 000 hectares.O PNPG ocupa uma extensa área montanhosa, bastante acidentada, de natureza essencialmentegranítica, envolvendo alguns dos relevos mais marcantes a norte do rio Douro, como as serras daPeneda e do Soajo, a serra Amarela e a serra do Gerês, com altitudes máximas que oscilam entreos 1350 m e os 1550 m, aproximadamente. O predomínio das rochas graníticas confere ao relevoum aspecto vigoroso e um carácter desnudado, com formas extremamente diversas. Das várias serraspresentes, o destaque vai naturalmente para a serra do Gerês, que se estende por um comprimentode cerca de quarenta e cinco quilómetros, desde as proximidades da vila de Amares até à Portelade Pitões no concelho de Montalegre. Alguns dos seus mais altos cumes, localizados na zona defronteira, ultrapassam a altitude da serra do Larouco (1535 m) situada no concelho de Montalegre efrequentemente (e erroneamente...) apontada como a segunda maior altitude de Portugal Continental.
Os cumes mais altos da serra do Gerês são o Altar de Cabrões (1538 m) e a Nevosa. Esta última, comos seus 1548 m no pico mais elevado, detém com efeito, o título de segunda maior altitude doterritório nacional Continental. De referir ainda que na proximidade destes altos cumes se situam asruínas de uma exploração mineira muito famosa, a Mina dos Carris, desactivada no início da
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ao ladoAldeia submersa
de Vilarinho das Furnas
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década de 1970 e bem conhecida dos muitos caminhantes apaixonados pela serra do Gerês.Esta área protegida, insere-se numa zona de grande pluviosidade e é atravessada por inúmeros cursosde água, sendo os principais o rio Lima e o rio Cávado, enquanto que muitos outros, também magníficos,têm lá a sua origem, como o rio Homem, afluente do Cávado e o rio Vez, afluente do Lima. De salientarainda a presença de dezenas de outros cursos de água, de menor dimensão, mas não menor beleza,de que é de elementar justiça referir o nome de alguns, como os casos do rio Arado e sua famosacascata, do rio Fafião, do rio Cabril, do rio Peneda e do rio Laboreiro. O vale do alto Homem, na serrado Gerês é particularmente impressivo e magestoso, denotando claros vestígios glaciários em grandeparte da sua extensão. Na sua parte intermédia, entre as serras Amarela e do Gerês, nas proximidadesduma antiga aldeia hoje submersa, o rio Homem alimenta uma albufeira criada pela barragem deVilarinho das Furnas, criando paisagens de rara beleza, muito bem retratadas em algumas das belasfotos aéreas da autoria do Engº Francisco Piqueiro, que inserimos em conjunto com este texto. Ao seuautor, os nossos sinceros agradecimentos pela valiosa colaboração e as mais vivas felicitações pelaexcelência do seu trabalho.
Outros vestígios glaciários podem ainda ser encontrados noutras zonas elevadas do PNPG,nomeadamente nas cabeceiras do rio Vez na serra da Peneda e no maciço central da serra do Gerês,no circo glaciário do Coucelinho.
O clima do PNPG apresenta como importante particularidade a considerável pluviosidade, a qual varia,em valores médios, entre os 1600 mm no Planalto da Mourela na zona oriental e os mais de 3000mm nas zonas de altitude das serras da Peneda e do Gerês, facto que torna esta zona na mais pluviosado país. Para além das albufeiras de Vilarinho das Furnas no rio Homem e do Alto Lindoso no rio Lima,a periferia sul e sudeste do PNPG é limitada por diversas outras albufeiras criadas no rio Cávado nodecurso da década de cinquenta do século passado. Para além de uma valiosa contribuição para aprodução de energia eléctrica, as albufeiras da Caniçada, de Salamonde e da Paradela, tambémdesempenham um importante papel no desenvolvimento turístico da região, e contribuem para valorizarpaisagens de invulgar beleza.
Além de incluir uma beleza paisagística ímpar, o PNPG possui uma grande riqueza em termos de florae de fauna. Do ponto de vista botânico, das muitas espécies vegetais existentes, merecem destaqueo lírio e o feto do Gerês. No que se refere à fauna, o destaque vai para uma comunidade de vertebradosterrestres muito diversificada com mais de 230 espécies, incluindo algumas de elevado valor para aconservação, como o caso do lobo-ibérico, da águia-real e da salamandra-lusitanica.
Na área do PNPG subsistem diversos núcleos populacionais, localizados em zonas de boa exposiçãosolar e próximos de linhas de água. As construções erguem-se normalmente sobre os afloramentosrochosos, procurando libertar os solos mais férteis para a actividade agrícola. A população total residenteé actualmente estimada em cerca de uma dezena de milhar de habitantes.
Pode percorrer-se o PNPG através de diversos percursos automóveis e pedestres que, na sua maioriaestão devidamente sinalizados. Julgamos que as notáveis fotos do colega Piqueiro permitem desdejá ter uma breve perspectiva da indiscutível beleza do Parque e constituem, seguramente, um conviteirrecusável para a possibilidade de uma visita longa e sem pressas...
ao ladoPenedia graníticana Serra do Gerês
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PU
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Coordena oAnt nio Vasconcelos
Troleicarros do PortoQUATRO D CADAS NACIDADEREGI O NORTE
Homenagem, a Joaquim Sampaio,«poucos como ele, terão marcado tantas
g e r a ç õ e s d e E n g e n h e i r o s
civis … foi um professor dedicado ao
ensino e à procura incessante
d o c o n h e c i m e n t o … » , a
Barreiros Martins, «o seu exemplo será
invocado pelos que foram seus
contemporâneos, apontando-o como
paradigma de referência por onde se
orientarão os vindouros…» a AugustoFarinas de Almeida, «…engenheiro de
minas, professor dos mais ilustres da
FEUP, docente de méritos bem
reconhecidos… investigador na área
do que então se chamava “Pressão dos
Terrenos”, criador dos conceitos,
inovadores para a altura, de “pressão
sensível” e “expansão dos terrenos”…»,
a Alberto de Morais Cerveira «… papel
extremamente relevante que
desempenhou na sua qualidade de
Professor Universitário e Cientista,
docente do Curso de Engenharia de
Minas da FEUP … projectos com
elevada expressão, obras-primas de
sapiência e racionalidade que marcaram
a arte de minas na segunda metade do
século XX …», e a Corrêa de Barros«…figura ímpar da Engenharia e da
Cultura Portuguesa do Século XX…».
Vários
Preço: 5.00 € (IVA Incluído)
TROLEICARROS DO PORTO:QUATRO DÉCADAS NACIDADE
Recordar os troleicarros, em
particular aqueles que serviram
durante quase quatro décadas
(entre 1959 e 1997) a cidade do
Porto e a sua região, chegando a
constituir uma das maiores redes
da Europa Ocidental.
Um indiscutível valor documental
- tanto em termos tecnológicos,
como do design dos veículos - e
também um belo documento que
nos mostra a cidade do Porto de há
umas décadas atrás, através de um
conjunto notável de fotos, muitas
das quais propriedade de autores
estrangeiros que nos visitaram com
o objectivo expresso de recolherem
imagens daqueles veículos.
Álvaro Costa, António Vasconcelos
(coord.), Argemiro Walgode, Cristina
Pimentel, Emídio Gardé, José Abreu
Teixeira, José Lopes Cordeiro
Preço: 25,00 € (IVA Incluído)
Membros: 22,5 € (IVA Incluído)
PONTE MARIA PIAA OBRA-PRIMA DE SEYRIG
O contributo que a Ponte Maria
Pia prestou ao desenvolvimento
da Engenharia Civil residiu, por um
lado, numa espectacular economia
de meios que decorria das soluções
técnicas adoptadas, e por outro,
no método utilizado para efectuar
cálculos dos efeitos do vento e na
arrojada concepção do grande arco
metálico, o elemento fundamental
do conjunto.
O livro recheado de desenhos,
tanto a história como a evolução
da Ponte Maria Pia, dando também
uma proposta para a recuperação
da mesma.
António Vasconcelos, Horácio da
Maia e Costa, José Ferreira Queiroz,
José Lopes Cordeiro, José Andrade
Gil, Manuel Maria Moreira, Pedro
Ramalho, Rosa de Sousa Gomes
Preço: 25,00 € (IVA Incluído)
HISTÓRIA BREVE DAENGENHARIA CIVIL
A História da Engenharia Civil pode
estudar-se em campos diferentes,
conforme as opções do historiador
e os objectivos a alcançar. Assim,
podemos seguir, ao longo do
tempo, o progresso das Ciências
e a evolução das Técnicas, que
Engenharia Civil, ou escolher, nas
várias épocas, as suas realizações
práticas, postas ao serviço da
Humanidade, ajudando a construir
civilizações, particularmente a
Ocidental.
O livro acompanhado de desenhos
a evolução da Engenharia a partir
dos engenhos, desde a simples
alavanca, à deslocação dos grandes
blocos de pedra das construções
megalíticas, caminhando ao longo
do tempo e civilizações até aos
nossos dias.
Adriano Vasco Rodrigues
Preço: 29,00 € (IVA Incluído)
MEMÓRIAS CINCO VIVÊNCIASDE ENGENHARIA
VOZ AO ENGENHEIRO
A Ordem dos Engenheiros – Região Norte entende que deve ser dada oportunidade aos seus membros
de participação directa na revista INFO. Nesse sentido o Conselho Directivo e o Director da Revista
convidam ao envio de contributos para possibilidade de publicação. O Conteúdo da Revista INFO
divide-se nos três domínios fundamentais referidos no Estatuto da Ordem dos Engenheiros: Científico,
Profissional e Social, pelo que os artigos a enviar devem possuir uma das três naturezas referidas.
Cada edição da revista faz alusão a três dos Colégios/Especialidades, pelo que em cada número serão
considerados para os artigos os contributos dos membros dos colégios envolvidos.
Todos os interessados deverão enviar os artigos para o email [email protected] identificando-se
com Nome, N.º Cédula Profissional ou N.º de Inscrição Regional e telefone para contacto.
Os artigos deverão ser redigidos tendo em conta as seguintes regras de redacção/apresentação:
• texto em língua portuguesa;
• formato Electrónico Word;
• a ocupar no máximo três páginas – de 5500 a 15000 caracteres;
• caso seja possível, uma fotografia para cabeçalho com mínimo de 12,5 cm de largura e 300 dpi’s/
mínimo 1500 pixels de largura;
• fotografias ilustrativas do artigo com 300 dpi’s;
Cabe ao Director da revista a selecção das propostas de artigos para publicação, de acordo com os
princípios e objectivos a observar e referidos no Estatuto Editorial da Revista INFO e ainda de acordo
com o conteúdo editorial identificado.
Edição Colégios Data Limite Envio
Jan – Fev – Mar Civil, Geológica e Minas e Informática Dez 2010
Abr – Mai – Jun Mecânica, Materiais e Ambiente Mar 2011
Jul – Ago – Set Química e Biológica, Agronómica e Naval Jun 2011
ESTATUTO EDITORIAL DA REVISTA INFO
A revista INFO é a Revista de informação trimestral da Região Norte da Ordem dos Engenheiros:
• é uma publicação que se pauta por normas de rigor, isenção e honestidade, respeitando a
Constituição da República Portuguesa e todas as demais leis da República, nomeadamente as que
se enquadram nos direitos, obrigações e deveres da Lei de Imprensa;
• é uma publicação que se pauta por normas de rigor, isenção e honestidade, respeitando o Estatuto
e demais regulamentos da Ordem dos Engenheiros;
A revista INFO tem por missão basilar oferecer informação relativa à actividade profissional, científica
e social desenvolvida na região Norte da Ordem dos Engenheiros:
• pretende dar voz aos Engenheiros através da publicação dos seus contributos;
• pretende informar sobre os principais acontecimentos da vida associat iva;
• pretende contribuir para a divulgação do conhecimento teórico e empírico,
divulgando a investigação de qualidade e as melhores práticas de engenharia produzidas na
região;
• pretende promover a divulgação de diplomas legais e referenciais normativos de relevância para
o exercício da profissão de engenheiro;
• pretende promover a divulgação do património cultural e natural da região;
• presta informação relativa a eventos planeados e realizados por iniciativa da região e a protocolos
estabelecidos;
• assegura a comunicação de acórdãos disciplinares.