inovação tecnológica como fator propulsor do crescimento

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Page 1: Inovação Tecnológica como Fator Propulsor do Crescimento

Inovação Tecnológica como Fator Propulsor do Crescimento

Inovação e crescimento econômicoA associação entre inovação tecnológica e crescimento econômico, já podia ser notada

pelo estudo de Fagerberg (1988), onde o autor analisou alguns parâmetros como o PIB per capita, gastos em P&D (em relação ao PIB) e o número de patentes para alguns países. O resultado mostrou que os países mais avançado em termo tecnológicos são também os que se apresentam mais economicamente avançados. A partir daí o investimento em tecnologia nos países industrializados vem crescendo cada vez mais.

A relação entre o desempenho tecnológico e o econômico vem se tornando cada vez mais forte, pois existe correlação entre capacidade de inovar (adoção de novas tecnologias) e a participação na exportação no mercado mundial (além de aumento na renda per capita e taxas de crescimento). A tecnologia pode ser considerada uma fonte de competitividade estrutural para um país, fazendo com que se mude a estrutura das vantagens comparativas e também os inputs utilizados na produção. Essa inovação tecnológica está diretamente ligada a competitividade de um país. Como Porter (1993) afirma em seu livro A vantagem competitiva das nações, a inovação e o melhoramento em métodos e tecnologia são elementos principais de uma nova teoria sobre vantagem competitiva, assim como a base dessa vantagem está na criação de um ambiente favorável à inovação pelo Estado.

A dinâmica da inovação e o impacto econômico depende do contexto considerado. Tecnologia e crescimento econômico podem apresentar relações distintas quando se levam em conta fatores como períodos recessivos, nível de abertura ou protecionismo econômico, intervencionismo estatal, natureza do investimento tecnológico (civil ou militar), entre outros.

O papel da empresa no sistema de inovação de um país é outro ponto a ser analisado. O conceito de “Sistema Nacional de Inovação” foi criado por Christopher Freeman e Richard Nelson e é definido como uma construção institucional, produto de uma ação planejada e consciente ou de um somatório de decisão não planejadas e desarticuladas, que impulsiona o progresso tecnológico em economias capitalistas complexas. Esta construção institucional é composta por universidade, agências governamentais, empresas, entre outros, que completam o circuito dos agentes responsáveis pela geração e difusão das inovações tecnológicas. Cabe ao sistema nacional de inovação identificar oportunidades, e o país terá de decidir se é capaz de aproveitá-las ou não de acordo com o conhecimento científico e tecnológico fundamental existente. Pode-se afirmar que um país não se desenvolverá tecnologicamente sem uma atuação conjunta dos diversos atores que compõem seu sistema nacional de inovação – governo, universidade e empresas.

O esforço das empresas em gerar descobertas tem sido cada vez mais focado em áreas ou centros de P&D. Sendo assim, as grandes corporações passaram a se tornar o principal veículo da inovação, substituindo a figura do empreendedor individual. O que caracterizou a P&D industrial no pós-guerra, se comparada com a atividade inovativa dos séculos XVIII e XIX foi o grau de profissionalização que está associado a 3 fatores: aumento do caráter científico da tecnologia (contratação de técnicos especializados); crescente complexidade da tecnologia; tendência geral da divisão e especialização do trabalho (favorecimento dos centros P&D em virtude de seu aparato científico, serviços de informação e pessoal altamente qualificado).

Inovação tecnológica no BrasilO processo de industrialização no Brasil é recente quando comparado com países

desenvolvidos. Por isso foi necessária elevada rapidez nesse processo e isso fez com que o empresário brasileiro tivesse que procurar no exterior a tecnologia necessária para garantir o funcionamento das empresas, já que no país não existiam recursos humanos e materiais para a criação do know-how nacional. Assim esse know-how foi adquirido através de acordos de assistência técnica, licenças e emprego de técnicos estrangeiros. Com o intuito de garantir uma otimização da tecnologia importada, foi necessária a criação de uma equipe P&D. Tal equipe

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fez os ajustes para adaptar a tecnologia vinda do exterior às condições da empresa. Porém, o investimento maciço no setor P&D das empresas começou a ocorrer apenas após a abertura de mercado, no início da década de 1990.

O papel do Estado no investimento em P&D, é um pouco mais antigo, a partir da década de 1960, com a criação do Programa Estratégico de Desenvolvimento (PED), onde o governo passou a se preocupar de forma mais explícita com o desenvolvimento científico e tecnológico. Foram criados planos e políticas específicas, agências de fomento e bancos de investimentos para o desenvolvimento desta área. Porém ainda existem contradições entre a política de C&T (Ciência e Tecnologia) e a política econômica vigente, causando uma precariedade nas articulações entre empresa, governo e universidade.

Percebe-se que P&D tem um papel fundamental no desenvolvimento econômico dos países. Porém, P&D deve ser considerada uma condição necessária, mas não suficiente. Muitas variáveis influenciam, como a forma de utilizar os gastos em P&D, o impacto dos investimentos (acompanhados ou não de mudanças sociais), a adoção de políticas econômicas e de P&D compatíveis, uma boa articulação no relacionamento empresa, governo e universidade, entre outras.