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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
“O olhar sensibilizador da Psicopedagogia no processo
de aprendizagem do autista na escola inclusiva.”
Por: Nair Tomaz Vila Nova.
Orientador
Profª. Dayse Serra
Rio de Janeiro
2010
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
2
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
“O olhar sensibilizador da Psicopedagogia no
processo de aprendizagem do autista na escola
inclusiva.”
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia.
Por: Nair Tomaz Vila Nova.
AGRADECIMENTOS
3
A todo corpo docente do “Instituto A
Vez do Mestre”, em especial a
professora Dayse Serra pelo apoio,
orientação e dedicação que tanto
contribuiu para a confecção desse
trabalho acadêmico. E especialmente
as famílias dos autistas que acreditam
no pleno desenvolvimento emocional,
intelectual e social de seus filhos.
DEDICATÓRIA
4
Dedico esse trabalho primeiramente a
Deus, que está sempre presente e
atuante em minha vida.
A minha mãe a quem eu amo e tem
demonstrado sua confiança no meu
potencial.
Ao meu esposo Marcio pela sua paciência
e compreensão durante o processo de
construção.
Ao meu filho Murilo Angelo pelo seu amor
incondicional, mesmo nas minhas
ausências.
EPÍGRAFE
5
“Se você quiser, você pode.
O Universo conspira a favor do que deseja
com afinco e com amor.
Vá, lute, crie, recrie, transforme-se,
Mas seja você!”
Maria Dolores Fortes Alves
RESUMO
O presente estudo tem como meta: conhecer e repensar o autismo
infantil; sensibilizar a todos que o mais importante é saber tratá-lo com uma
6profunda e imprescindível dose de amor, sem o ranço do preconceito que
muitas vezes está impregnado no profissional da educação, por puro
desconhecimento do transtorno aqui em foco. E deve ser com emoção e
doação onde sentimentos se entrelaçam a uma reflexão para melhor
entendermos o universo de sujeitos como os autistas e suas famílias.
Entendo que é um estudo complexo, mas muito pertinente à educação.
E está pesquisa pretende ter ciência e identificar o autismo, que possui
diferentes níveis de gravidade e que está relacionado com outros sintomas que
começam na infância.
Assim, o tema a ser desenvolvido neste estudo está longe de ser
esgotado, mas nasce da inqueitação em repensar práticas psicopedagógicas
que permitam a inclusão desses sujeitos aprendentes, porque a inclusão
escolar começa na alma do psicopedagogo, do ensinante... contagiando seus
sonhos e ampliando este ideal de conhecer e identificar o autismo, mostrar o
que o ensinante necessita saber e revelar o que construir com o sujeito,
oferecendo um currículo de atividades funcionais e significativas, enfatizando
sobre a importância da parceria da escola e família, para assim falicitar todo o
transcorrer do conhecimento na escola inclusiva e do ambiente inclusivo. E não
esquecendo da valiosíssima contribuição da Psicopedagogia com suas
intervenções no processo de aprendizagem que visa tecer e olhar com um
olhar sensibilizador, medidas estratégicas para a inclusão do autista no
ambiente escolar.
METODOLOGIA
Centrado nos estudos fundamentado em Psicopedagogia Institucional e
o Autismo,esta pesquisa estará permeada pelas contribuições de inúmeros
7autores que abordam de modo esclarecedor as problemáticas aqui
abordadas.Além das investigações bibliográficas, a pesquisa também será
subsidiada por artigos periódicos e científico, extraídos de materiais impressos
e de tecnologias avançadas de informação, utilizados para a compreensão do
autismo, na medida em que enfatizam suas conceituações, intervenções e
inúmeras questões necessárias para entendermos a inclusão dos autistas.
SUMÁRIO
8INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I
UM ESTUDO COMPLEXO: O QUE É O AUTISMO? 12
CAPÍTULO II
O AUTISTA E A ESCOLA
28
CAPÍTULO III
O OLHAR SENSIBILIZADOR DA PSICOPEDAGOGIA AOS SUJEITOS
APRENDENTES PORTADORES DE AUTISMO 35
CONCLUSÃO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 53
BIBLIOGRAFIA CITADA 55
ÍNDICE 56
FOLHA DE AVALIAÇÃO 58
INTRODUÇÃO
Desde os primórdios, a educação escolar sempre esteve impregnada de
fatores inerentes a escola, tornando o ato de educar um grande desafio para
9os profissionais atuantes na área educacional. De acordo com a afirmativa, a
escola, instituição que visa trabalhar com a socialização dos indivíduos em
todos seus aspectos, tem sido constantemente “testada” a articular fatores
internos e externos em prol de uma Educação qualitativa e inclusiva.
A Educação Inclusiva é fundamentada nos direitos humanos onde há a
junção de seres humanos que aprendam a conviver com as diferenças tendo
valores que levem à igualdade em um contexto global na sociedade.
“...diante da aceleração das mudanças das novas
descobertas das ciências e das tecnologias modernas, é
preciso que estejamos sempre de espírito aberto à
pesquisa, à busca incessante de novas respostas que
nos ajudem repensar o velho e enfrentar o novo...”
(CARTOLANO,1998,p.18).
Sendo assim, faz-se urgente repensar e refletir a organização da equipe
técnico-pedagógica inserindo o psicopedagogo, este profissional com seu olhar
sensibilizador ao sujeito aprendente que incutirá aos demais da equipe a
sensibilidade, sentimento que inspira reflexão e proposta em favor de valores
de vida e de convivência na escola e na sociedade, refletindo e repensando no
ser cognoscente como um sujeito que deve ser visto nas dimensões
biopsicossocial.
Em vários momentos de nossa vida costumamos nos emocionar diante
de uma cena, história ou até mesmo ao ouvir uma música; ante o sofrimento e
a alegria, próprios ou alheios. E não só, temos a necessidade de compartilhar
nossas emoções com os outros. Mas para isso é necessário ultrapassar as
fronteiras da língua aprendida rumo ao plano das metáforas, a fim de tornar
entendido; e mais do que isso compartilhável sentimentos e emoções. Quando
falamos algo, gostamos de imaginar o que nosso ouvinte sente ou pensa,
mesmo sem nos darmos conta inferimos o tempo todo o que passa na cabeça
dos outros.
10No plano da comunicação e do reconhecimento sociais, a empatia e a
capacidade imaginativa e ou simbólica são fundamentais para que possamos
supor intenções e afetos alheios, algo que nos norteia nas interações sociais,
nos aproxima dos outros e nos protege de situações indesejadas. Agora
imagine se essas habilidades nos faltam, pois não chegaram a se desenvolver.
Na falta delas,resta o isolamento, o diálogo e os pensamentos pautados pela
concretude. É o que ocorre com as pessoas portadoras de autismo.
O autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento que tem sido
alvo de muitos estudos, pois suas causas ainda são tratadas como
probabilidades do caso. Sem qualquer comprovação cientifica pais e
profissionais interessados no despontar das relações sociais destas crianças
buscam auxilio para modificabilidade de seus comportamentos.
É importante ressaltar que para efetivar um desenvolvimento satisfatório
deve-se investir em uma educação sistemática e metodológica, dirigida às
desordens comportamentais e de comunicação, sendo assim, está criança terá
possibilidade de suprimir comportamentos indesejáveis que o distancia do
outro e de tudo ao seu redor, e lhe causam isolamento e estereotipia,
fortalecendo condições para estabelecer relacionamentos sociais.
Como um dos grandes desafios na educação de uma criança autista
são os rompimentos das barreiras limítrofes da percepção do outro, do objeto e
do espaço. Esta quando alcançada deve concomitantemente oferecer uma
educação significativa, da qual este indivíduo desfrute de uma aprendizagem
rica de subsídios para suas vivencias diárias e o exercício de sua cidadania.
Tal desafio propõe um sistema educacional com currículo, métodos, materiais
e profissionais qualificados para o atendimento das crianças portadoras do
transtorno.
Este trabalho oportuniza ao leitor um entendimento mais claro das
minúcias do espectro autístico e das necessidades educativas especiais,
respeitando suas singularidades e oferecendo suporte para um trabalho em
11que o ponto de partida é o indivíduo e não um modelo de transtorno e um alvo
a ser alcançado.
Arremetendo-nos a uma realidade onde só as instituições de assistência
especializada tem o devido preparo para o acolhimento e que o sistema de
ensino regular ainda sofre com as precariedades para ofertar uma educação
especial não a crianças autistas, mas a todo aquele que foge um padrão de
evolução em sua aprendizagem.
Na busca de mais informações que atenda a demanda educacional das
crianças portadoras do espectro autístico, este material torna-se um suporte
indispensável para psicopedagogos, educadores e pais que necessitam de
técnicas envolvente que ofereçam uma aprendizagem importante, para que a
criança desfrute de uma vida saudável e feliz e principalmente compreenda o
mundo que vive podendo usufruir dele e modificá-lo por suas ações.
CAPÍTULO I
UM ESTUDO COMPLEXO: O QUE É O AUTISMO ?
“Mas o que é realmente autismo? Essa pergunta não é
tão fácil de responder, pois não se conseguiu, até hoje,
12uma definição e uma delimitação consensual das
terminologias sobre ele. A multiplicidade das
terminologias fenomenológicas e respectivamente, se os
sinônimos demonstram a complexidade do problema e a
diversidade dos princípios de esclarecimento existentes
até hoje.” (FACION, 2005, p.17).
A complexidade e as repercussões que o autismo tem no ser humano
torna-se evidente a procura de explicações sobre as alterações inerentes a
este transtorno do desenvolvimento. Surgiram ao longo do tempo várias teorias
psicológicas sobre o assunto.
O termo autismo vem do “grego autos” e denota o comportamento de
voltar- se para si mesmo. Foi utilizado pela primeira vez em psiquiatria por
Eugen Bleuler na suiça, em 1911, para referir-se ao quadro de esquizofrenia
que consiste na limitação das relações humanas e com o mundo externo.
Porém, ao contrário da esquizofrenia descrita por Bleuler , o quadro de autismo
parecia se fazer presente desde o nascimento.
Desde a década de quarenta vem sendo estudado, seu percussor foi
Léo Kanner, um psiquiatra austríaco, que descreveu como Distúrbio autístico
do contato afetivo, em sua primeira publicação, após uma minuciosa
investigação em crianças com distúrbios do desenvolvimento, observada em
seus comportamentos estranhos e peculiares, caracterizado por estereotipias e
dificuldades nos relacionamentos interpessoais. Kanner foi quem desassociou
o autismo da esquizofrenia, pois foi assim compreendido durante algumas
décadas. Após ele outros estudiosos se aprofundaram em suas pesquisas,
podendo assim ter mais clareza sobre os comportamentos da pessoa autista.
Hoje, sabe-se que o autismo não é uma doença única, mas um
transtorno de desenvolvimento complexo, que é definido de um ponto de vista
comportamental, que se apresentam etiologias múltiplas e que se caracteriza
por graus variados de gravidade.
13Os diferentes graus de possibilidades na comunicação, nas habilidades
sociais e nos padrões de comportamento na criança autista motivaram a
expressão transtornos invasivos do desenvolvimento, que constituem o
espectro autistas.
Embora tenham sido realizado muitas pesquisas sobre o assunto as
causas do autismo, ainda é um mistério, pesquisas apontam causas
ambientais, alterações pré, peri e pós natais que causam sofrimento fetal
agudo ou crônico; fatores genéticos, altas taxas de prevalência em gêmeos
MZ, e no sexo masculino, além da presença de sintomas autísticos em
doenças geneticamente definidas (Rett; X- Frágil; ET; etc.); aspectos
imunológicos, como a presença de auto-anticorpos e disfunção do sistema
imunológico; Infecções congênitas (TORCHS) e algumas viroses pós-natais.
Pode estar também associado à co-morbidades, tais como: síndrome de down,
deficiência auditiva, visual.
Essa multicausalidade faz com que hoje o autismo seja tratado como
espectro autístico, ou seja, existem diferentes graus de autismo e variação dos
quadros de uma pessoa para outra. O espectro engloba os transtornos
invasivos do desenvolvimento, a síndrome de Asperger, o autismo verbal, não-
verbal e com ecolalia.
O autismo pode ser classificado em seu diagnóstico como de baixo
funcionamento, que são crianças muito comprometidas, mesmo assim, são
capazes de aprender muitas coisas e de alto funcionamento, mais capazes de
levar uma vida normal. Porém não há nenhuma associação com a genialidade,
alguns podem até apresentar altas habilidades, mas nesse caso pode ser
considerada uma co-morbidade e não característica do espectro.
Atualmente está classificado pelo Código Internacional de Doenças, em
sua décima edição (CID-10), publicado pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) em mil novecentos e noventa e três, como transtornos invasivos do
desenvolvimento. Caracterizado por prejuízos na interação social, atraso na
aquisição da linguagem e comportamentos estereotipados e repetitivos.
14 No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, na sua
quarta edição (DSM-IV), publicado em mil novecentos e noventa e quatro, com
a mesma nomenclatura, porém abarcando além do autismo outros transtornos
que apresentam desvio acentuado no desenvolvimento ou na idade mental.
O transtorno tem seu inicio ainda na infância, a criança acometida
resiste aos primeiros contatos, natural e involuntário, não se aconchega no
colo da mãe, chora muito ou é excessivamente calma e sonolenta, fica olhando
horas para um determinado lugar, não olha para pessoas, seu olhar é
disperso, não responde com balbucios, não reage ao ser chamado pelo nome,
apresenta dificuldades para dormir, não demonstra aprendizado a gestos,
contudo muitos pais só vão perceber entre o segundo e o terceiro ano de vida,
quando as características se manifestam de forma mais intensificada,
apresentando até mesmo perda de habilidades outrora adquiridas.
“È possível que simplesmente sempre existiram várias
crianças com Autismo e não eram diagnosticadas; agora
com maior número de profissionais lidando com a saúde
infantil e com melhores informações à respeito, propiciou-
se maior possibilidade de diagnósticos.” (ASSENCIO-
FERREIRA,2005,p.102)
Dos casos em que a diagnóstico, não chega a 50 (cinqüenta) mil, com
maior incidência no sexo masculino, essa numérica tem origem nos Estados
Unidos, onde já houve uma campanha de mobilização para o levantamento de
casos no país, oferecendo informações as famílias para que se detectasse o
problema. O número de casos é mais ou menos o mesmo em qualquer país,
não costuma haver variações grandes de autismo entre diferentes populações.
A taxa média de prevalência de quinze casos a cada grupo de dez mil
pessoas, sendo predominante no sexo masculino, com variáveis de três a
quatro meninos para cada menina.
No Brasil não há nenhum estudo sério quanto à incidência, porém,
suspeita-se que haja ainda cerca de um milhão de autistas não diagnosticados.
15Segundo Rosa Magaly Moraes “a pediatria não está preparada para
reconhecer os sintomas do autismo” (Época, 2007, p.76), quando há a
suspeita a criança já está por volta dos dois anos de idade, e ainda tem que
percorrer uma longa trajetória investigativa, multidisciplinar que envolve a
fonoaudiologia, psiquiatria, neurologia, psicoterapia, psicopedgogo e outros de
acordo com cada caso.
A avaliação de autistas requer uma equipe multidisciplinar e o uso de
escalas objetivas. Técnicas estruturadas devem ser utilizadas para a avaliação
tanto do comportmento social das crianças quanto da sua capacidade de
imitação. Uma das escalas de avaliação mais usadas é a Childhood Autisn
Rating Scale (CARS), que consiste em entrevista estruturada de quinze itens
(podendo ser aplicada em 30 a 45 min.) com os pais de uma criança autista
maior de dois anos de idade.A cada um dos itens aplica-se uma escala de sete
pontos, o que permite classificar formas leves, moderadas ou graves de
autismo.
Um dos exames hoje utilizado para o diagnóstico é chamado eye-gaze,
que registra o percurso do olhar do paciente e compara-os com os exames
realizados em pessoas não autistas. O teste aponta que autistas têm padrões
diferentes de olhar, quando exibido rostos não olham nos olhos e sim pontos
distintos, até um fio de cabelo de cor diferente, e quando exibido pessoas com
objetos o foco visual tende a se dirigir aos objetos e outros pontos isolados,
sem direcionamento importante.
Até o momento não existe cura para tal transtorno, o tratamento
terapêutico é fundamental e pode amenizar os distúrbios comportamentais,
deve estar baseado nas co-morbidades, em função das características
particulares de cada individuo. As terapias aplicadas exploram a teoria
behaviorista, também conhecida como teoria comportamental, um estudo das
interações entre o indivíduo e o ambiente em que as ações do homem são
consideradas respostas aos estímulos provocados pelo ambiente.
16“A quem quiser controlar ou modificar o comportamento
humano, basta apenas controlar o ambiente, aconselha
Skinner” (GÊISER, 1977, p.30).
Com os autistas esta teoria favorece os programas de modificação do
comportamento, através de reforçadores positivos para comportamentos
desejados. O terapeuta oferece um estímulo, que gera uma resposta esta
quando satisfatória é reforçada positivamente. Os reforçadores são peculiares
a cada criança, variando de acordo com o grau de comprometimento. É
importante que este tratamento seja individualizado, porque no trabalho com
crianças autistas a possibilidade de erro é reduzida ao máximo.
Os medicamentos psicotrópicos podem auxiliar em alguns casos
regulando os comportamentos, porém nem sempre é recomendado. A ingestão
destes reguladores já apresentou insucesso, assim como, resultados opostos
ao desejado, o uso mais comum é no tratamento de co-morbidades.
Nessa trajetória de busca para responder e compreender as questões
referentes ao autismo quem tem um papel mais importante a desempenhar e
que influenciará muito no desenvolvimento de uma criança portadora do
transtorno, é a família, essa sim é um forte aliado no tratamento.
Depois do choque que a descoberta pode causar o melhor é encarar o
problema, tratar as co-morbidades, buscar auxílio terapêutico para amenizar os
problemas cognitivos comportamentais, e lutar para fazer valer as políticas
públicas já existentes.
1.1 Autismo numa visão fisiológica
Numa visão fisiologica do autismo, de acordo com a ASA (Autism
Society of American), os sintomas são causados por disfunções físicas do
cérebro. Estes sintomas podem ser verificados pela anamnese ou presentes
no exame ou entrevista com o indivíduo e incluem as seguintes características:
171. Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e
lingüísticas.
2. Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas
são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter
o corpo.
3. Fala e linguagem ausentes ou atrasadas. Certas áreas específicas do
pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de
idéias. Uso de palavras sem associação com o significado.
4. Relacionamento anormal com os objetivos, eventos e pessoas.
Respostas não apropriadas a adultos e crianças.
5. Dificuldade de relacionamento com outras crianças.
6. Riso inapropriado.
7. Pouco ou nenhum contato visual.
8. Aparente insensibilidade à dor.
9. Preferência pela solidão; modos arredios.
10. Rotação de objetos.
11. Inapropriada fixação em objetos.
12. Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade.
13. Ausência de resposta aos métodos normais de ensino.
14. Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina.
15. Não tem real medo do perigo (consciência de situações que
envolvam perigo).
1816. Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras;
colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente
liberando-a após tocar de uma determina maneira os alisares).
17. Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal).
18. Recusa colo ou afagos.
19. Age como se estivesse surdo.
20. Dificuldade em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no
lugar de palavras.
21. Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente.
22. Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas
pode arrumar blocos.
De acordo com a ASA, nem todos os indivíduos com autismo
apresentam todos estes sintomas, porém a maioria dos sintomas está presente
nos primeiros anos de vida da criança. Estes variam de leve a grave e em
intensidade de sintoma para sintoma. Adicionalmente, as alterações dos
sintomas ocorrem em diferentes situações e são inapropriadas para sua idade.
1.2 Atraso, falhas ou dificuldades na aquisição da linguagem
“Segundo Wallon, a linguagem é o instrumento
indispensável aos progressos do pensamento” (GALVÃO,
1955, p.770).
Com posse deste a criança deixa de agir somente aquilo que se impõe
concretamente a sua percepção, tornando-o um instrumento da consciência
19com o atributo de compor, controlar e planejar o pensamento. Passando então
a se relacionar com o mundo de forma bem distinta aos primeiros contatos.
A linguagem aqui tratada não se refere à fala propriamente dita, mas
sim a forma de expressão do pensamento, que contribui para o ajustamento
social do indivíduo, impulsionando-o a interagir com os demais.
No autismo ela é considerada como o maior obstáculo. Mesmo os
autistas de alto funcionamento apresentam problemas para aquisição da
mesma, e quando há manifestação desta pode surgir de forma ecolálica,
repetição imediata ou posterior do que lhe é dito, ou estereotipada, deixando a
comunicação muito dificultosa, pois não há manifestação de espontaneidade, é
tendenciosa ao monólogo, com uma compreensão muito literal do que lhe é
dito. Ainda pode ocorrer perda das vocalizações já adquiridas, e até
emudecimento, comportando-se como se fossem surdos.
A dificuldade de expressar seus desejos pode levar o autista puxar a
pessoa de contato ou chorar quando quer algo, empurrar e gritar quando quer
dizer não, risos, choros e gritos desconexos e oscilantes em determinados
momento.
As limitações apresentadas a linguagem envolve todos os aspectos da
comunicação verbal e não-verbal, não só palavras, mas o gesto de apontar, a
caricia, o abraço, as expressões faciais que comunica os sentimentos, o olhar
que dá direcionamento de foco, as representações simbólicas escrita ou
codificada por signos de acordo com cada cultura.
Algumas crianças, com tratamento adequado, podem adquirir algum
grau de comunicação verbal, como falar pequenas frases e serem capazes de
seguir instruções simples. Porém, os problemas relacionados à linguagem são
bastante acentuados no autismo, apontado até como severamente
incapacitante. Acreditasse que dos autistas não verbais, cerca de cinqüenta
por cento permanecerão mudos pelo resto de suas vidas. Ainda há casos de
crianças que apresentaram uma linguagem funcional em sua primeira infância,
20mas foram perdendo progressivamente e muitas acabaram em um intenso
isolamento social, envolvidas em rituais e estereótipos.
Hoje os autistas são subsidiados por chamadas comunicação
suplementar, embora algumas famílias ainda resistam o sistema, este auxilia
fortemente as relações interpessoais da criança e a manifestação de seus
desejos.
1.2 Prejuízos qualitativos na sociabilização
Partindo do pressuposto que o desenvolvimento do indivíduo é mediado
pelas relações que ele estabelece com o outro. O convívio social da criança,
desde o seu nascimento, com a mãe, depois com a família e os demais
grupos, proporciona a mesma a rica oportunidade de interagir com o meio, um
tipo troca involuntário, mas que a insere no mundo da comunicação e da
participação social. Seus movimentos e expressões verbais vão sendo
interpretados e devolvidos em forma de ação ou fala estes são apreendidos,
codificados e transformados para atender as necessidades em novas
situações.
Segundo Vygotsky, a aprendizagem sempre inclui relações entre as
pessoas, sendo considerado tal desenvolvimento como um processo que se dá
de fora para dentro. É por isso que as relações sociais são de fundamental
importância para o desenvolvimento do indivíduo.
Já a relação do autista com o outro, é de total distanciamento, é como
se para o mesmo não houvesse necessidade de interação. Desde a mais tenra
idade ele não assume a postura antecipatória como colocar seus braços à
frente para serem levantados pelos pais, é indiferente ao afeto e não mostram
expressão facial ao serem acariciados, demonstrando assim a estreita relação
dos prejuízos apresentados na comunicação.
21“Eles nos surpreendem com certa impenetrabilidade e
distância, demonstradas nas formas de interação ou
ausência de interação” (ORRÚ, 2007, p.41)
Com o objeto a criança do espectro autístico possui uma maneira
peculiar de se relacionar, uma forma de interação descontextualizada, como
lamber, bater sobre alguma superfície, posicioná-lo e rodar em volta ou pular
frente o mesmo, além de demonstrar interesse restrito, não é qualquer objeto
que atrai uma criança autista.
Considerando que a partir das relações que o sujeito estabelece com o
outro é que ele incorpora a cultura e desenvolve aprendizagens significativas
ao seu desenvolvimento, esse afastamento do autista em relação ao outro e ao
objeto provoca comportamentos socialmente não aceitos e dificuldades de
convivência social, podendo causar isolamento, acarretando um envolvimento
maior com seus rituais e esteriotipias.
1.4 Comportamentos estereotipados e repetitivos: falhas na
imaginação
Estereotipia é o termo empregado para definir movimentos repetitivos
que os autistas usam. Esses movimentos costumam ser descontextualizados
e praticamente sem comunicação externa, como bater forte e muitas vezes as
mãos, rodar determinado objeto, lamber-se, morder brinquedos, puxar cabelo,
balançar o corpo, com se estivesse ouvindo uma música, porém em estado de
muita tensão esses movimentos podem se intensificar.
Os autistas apresentam interesses restritos, insistência em rotinas e
rituais. O autista faz todo dia à mesma atividade, no mesmo horário, se veste
do mesmo jeito, tira o sapato sempre da mesma forma, qualquer alteração em
sua rotina pode lhe desestruturar. Às vezes apresenta problemas alimentares,
como recusa, gosto restrito ou compulsão alimentar.
22
1.5 Síndromes relacionadas ao autismo
“As dificuldades parecem tornar-se maiores quando
quadros clínicos de outras síndromes muito semelhantes
conduzem a certas confusões.” (FACION,2005,p.36)
São síndromes que apresentam a tríade dos sintomas comuns no
espectro autístico, dificuldades no relacionamento social, problemas no uso da
linguagem para a comunicação e desordens comportamentais.
As incidências dos distúrbios apresentada em crianças autistas,
aparecem de forma muito marcantes nos portadores das síndromes de
Asperger e Rett, podendo ser tratadas de forma semelhante ao autismo com
restrições diante as suas singularidades e seus comprometimentos mais
severos.
1.5.1 - Síndrome de Asperger
A síndrome de Asperger considerada um autismo de alta funcionalidade
dentro do espectro, foi descrita pelo médico austríaco Hans Asperger em 1944,
pediatra vienense, descreveu primariamente sob a designação de "psicopatia
autística" uma nova categoria de desordem de desenvolvimento ,o que
caracterizou como um quadro caracterizado por déficit na sociabilidade,
interesses circunscritos, linguagem sem atraso, porém pedante, repetitiva e
formal e habilidades intelectuais preservadas. De acordo com as suas
observações, os indivíduos com esta perturbação começavam a falar
aproximadamente na mesma altura que as crianças sem a doença, adquirindo
um controle completo da gramática mais cedo ou mais tarde, mas mantendo
muitas vezes dificuldades na utilização de pronomes. O conteúdo do discurso
era muitas vezes anormal, consistindo em longas considerações sobre algum
assunto especial. Algumas palavras ou frases eram repetidas de modo
23estereotipado. Outras características descritas por Asperger incluíam a
dificuldade na interação social, ignorando regras ou códigos de conduta e
mostrando dificuldade em entender o sentimento alheio ou as consequências
dos seus atos. Muitos apresentavam capacidades excelentes de pensamento
abstrato, sendo alguns deles detentores de originalidade e criatividade em
áreas restritas.
No entanto, só em 1981 a síndrome foi divulgada na literatura inglesa,
quando Lorna Wing publicou um artigo muito influente, no qual descreve uma
série de casos clínicos. Wing usou pela primeira vez o termo “síndrome de
Asperger”, sugerindo que este fosse considerado parte do espectro autista,
acreditando tratar-se de uma forma ligeira de autismo em crianças inteligentes.
Considerando o Manual de Transtornos Mentais DSM IV os critérios
para a definição da Desordem Asperger e do Autismo são idênticos, exigindo a
presença de pelo menos um dos sintomas.
“Um dos sintomas mais característicos da
Síndrome de Asperger refere-se a preocupação com
padrões restritos de interesse.
Em contraste com autismo, quando outros
sintomas nesta área podem ser muito acentuados, os
indivíduos com Síndrome de Asperger não deixam de
relatar e expor seus conhecimentos e preocupações
excessivas sobre um determinado assunto nos qual
adquire grande conhecimento com demasia preocupação
exploração acima da média. Isso normalmente é
demonstrado em atitudes e comportamento e nas suas
interações sociais falando constantemente do mesmo
tema, mostrando grande interesse e não desviando o
assunto.
24 É comum pessoas com Síndrome de Asperger
ficar com um determinado assunto por mais de dois anos
seguidos, imergindo frequentemente na profundidade de
descobertas e de domínio sobre o tema, de forma a
ocupar todo seu tempo.
Mesmo que esse sintoma não possa ser
facilmente reconhecido na infância, pois as crianças
muitas vezes ficam tempos com um mesmo assunto de
interesse, é possível perceber na criança com Síndrome
de Asperger, um interesse demasiado, gravando nomes e
série de fatos, como por exemplo, colecionando
dinossauros de brinquedos, sabendo tudo a respeito de
cada espécie, nomes, ano, período, etc., apresentando
um conhecimento e uma fixação acima da média das
outras crianças.
Este comportamento é peculiar no sentido em que
muitas vezes guardam e decoram uma extraordinária
quantidade de informações factuais sobre tópicos muito
circunscritos (exemplos: tipos de cobras, nomes de
estrelas, mapas, guias e programação completa da TV,
horários mundiais, etc.).Uma outra característica que
ajuda no diagnóstico e no reconhecimento da Síndrome
de Asperger em crianças é o retardo psicomotor,
comportamento motor atrasado, com a criança mostrando
uma falta de jeito de andar, sentar, levantar, escrever,
comer, etc.
Os indivíduos com síndrome de Asperger
podem ter uma história de atraso na aquisição de
habilidades motoras, tais como pedalar bicicleta, apanhar
uma bola, abrir frascos, escalada e assim por diante.
25 São muitas vezes visivelmente desajeitados,
exibindo padrões rígidos de marcha, postura ímpar,
pobres habilidades manipulativas, e déficits significativos
na coordenação visual-motora.
Embora esta apresentação contraste com o
padrão de desenvolvimento motor em crianças autistas,
para quem a área de habilidades motoras é muitas vezes
uma força relativa, é semelhante em alguns aspectos ao
que é observado em indivíduos autistas mais velhos.
No entanto, a comunhão, em fases posteriores da
vida pode resultar de diferentes fatores subjacentes,
como por exemplo, déficits psicomotores, no caso de
Síndrome de Asperger, e empobrecimento da imagem
corporal e senso de autocontrole no caso de autismo” (2).
(2) Manual de Transtornos Mentais DSM IV.
Os estudos apontam à possibilidade de fatores genéticos devido à alta
incidência apresentada em uma mesma família. Porém, ainda hoje, não se tem
comprovações cientificas sobre a causa. Estima-se que a síndrome de
Asperger atinja cerca de vinte a vinte e cinco pessoas a cada grupo de dez mil
pessoas e a maior incidência de ocorrência são em meninos, tal como o
autismo.
O tratamento é semelhante ao autismo, como a criança portadora de
asperger apresenta maior vulnerabilidade a outros transtornos psíquicos,
tratam-se tais co-morbidades com uso de medicação. Quanto aos seus
comportamentos a terapia cognitiva comportamental é uma grande auxiliar
para seu desenvolvimento. É importante envolvê-lo em atividades que
estimulem a socialização como: dança, esporte, música e a independência,
pois os resultados podem ser mais promissores que no autismo, devido sua
melhor habilidade intelectual.
26
1.5.2 - Síndrome de Rett
“Distúrbio neurológico que causa progressivo
comprometimento de funções motoras, do
desenvolvimento intelectual, da fala e do comportamento”
(Educação e Família, p.26).
Por ser uma síndrome de caráter progressivo, evolui em quatro estágios:
primeiro, a desaceleração precoce; no segundo um quadro rapidamente
destrutivo; o terceiro é um quadro aparentemente estacionário; o quarto é o de
deteriorização motora tardia.
A criança portadora da síndrome de Rett nos primeiros meses de vida
apresenta desenvolvimento normal, entre os seis e dezoito meses se inicia o
processo progressivo de perda das aquisições motoras e cognitivas adquiridas
anteriormente.
O crescimento do crânio que até então era normal passa por um
processo de desaceleração, ocorrendo uma microcefalia adquirida. O uso
funcional ou intencional das mãos vai se ausentando, surgindo movimentos
estereotipados (contorções, aperto, bater palmas, levar as mãos à boca). O
desenvolvimento motor passa a apresentar sérios comprometimentos, como
falta de instabilidade ao andar até incapacidade para tal movimento. A
comunicação sofre disfunção, apresentando sinais de retardo mental perdendo
o interesse em brincar. Podem ocorrer problemas respiratórios como ataxia e
convulsão e ainda perda temporária do contato visual.
Após o período de aparente estabilização o quadro se agrava num
aparecimento de retardo mental severo, escoliose progressiva, graus variados
de espasticidade e rigidez muitas vezes levando a dependência em cadeiras
de rodas.
27A manifestação é mais comum no sexo feminino, embora já tenha sido
diagnosticada em meninos.
Uma doença da qual ainda não se tem a cura e seu caráter
degenerativo pode levar à criança a automutilação e ao afastamento do outro
inviabilizando o convívio social.
CAPITULO II
O AUTISTA E A ESCOLA
“O aluno com autismo não é incapaz de aprender, mas
possui uma forma peculiar de responder aos estímulos,
culminando por trazer-lhe um comportamento
diferenciado, que pode ser responsável tanto por grandes
angústias como por grandes descobertas, dependendo da
ajuda que ele receber”.(WILLIAMS e WRIGHT,2008,p.44)
Durante uma longa trajetória as crianças com deficiência sofreram as
duras penas da exclusão. Nos tempos mais remotos da história eram
sacrificadas, por serem consideradas inúteis. Depois de uma longa trajetória
sem direito a vida tais crianças eram rejeitadas diante da crença em estarem
possuídas por demônios. Só no final do século XVIII, é que começam a ser
28tratadas de modo mais humano. Mas foi a partir do século XIX, que se
começou a pensar em uma educação diferenciada para o atendimento dessas
pessoas. E em meados do século XX, as políticas educacionais incluíram a
educação especial no rol de suas atenções, com o advento da nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 9.394 (nove mil novecentos e
noventa e quatro), em 1996 (mil novecentos e noventa e seis). A educação
especial deixa de ser assistencialista passando a ser considerada como
modalidade da educação escolar. Sendo assim, hoje o portador de
necessidade especial, usufrui de seus direitos como cidadão e de políticas
educativas para sua aprendizagem.
“Entende-se por educação especial, para os efeitos desta
Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos portadores de necessidades especiais” (LDB
9394/96, art.58).
A criança autista é um portador de necessidades educativas especiais.
Porém como criança lhe é “assegurado o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”
(ECA, art.4º), como portador de necessidades educativas especiais lhe é
“assegurado pelos sistemas de ensino, currículo, métodos, técnicas, recursos
educativos e organização específicos, para atender suas necessidades” (LDB
9394/96, art.59).
O plano educacional diferencial direcionado a crianças com
necessidades especiais, é um direito da mesma como educando do sistema
regular de ensino, pois a menção que a lei faz quanto às adaptações ocorrerão
concomitantemente à inclusão desta criança, que deve ser recebida, acolhida,
respeitada e principalmente ensinada, que é o dever primordial da escola.
Porém, é de notório saber que para ocorrer uma integração escolar
satisfatória da criança autista, principalmente nos casos de autismo clássico,
29deve se haver um investimento muito incessante em sua adaptação a
instituição e ao grupo de compartilhamento, tanto quanto, se faz a qualquer
criança que chega até a escola. Mas, com o autista é indispensável à crença
na possibilidade ambiental e a aplicação de métodos facilitadores ao
aprendizado desta.
Uma criança com espectro autístico apresenta fortes resistências
adaptativas, o novo a assusta, a quebra de rotinas é agressiva, e esses fatores
são aliados ao seu primeiro contato com a instituição podendo advir grandes
obstáculos para seu ajustamento.
O trabalho com autista deve partir do pressuposto que o ambiente
educacional é modelador de comportamentos, intensificando as propostas
educacionais especiais, isso auxiliará o desenvolvimento pleno da mesma e
contribuirá para seu convívio social, previsto por lei.
“A criança e o adolescente têm direito à educação,
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
preparo para o exercício da cidadania...”(ECA, art.53)
Portanto, a educação especial, oferecida desde a mais tenra idade,
deve proporcionar ao indivíduo uma vida adulta o mais independente possível,
com trabalhos, atividades domésticas, cuidados com a higiene pessoal,
esporte e lazer. Ou seja, educar para exercício de sua cidadania e sua
participação em sociedade.
Os programas educacionais devem ser desenvolvidos individualmente,
respeitando as singularidades de cada indivíduo, e quando se trata de crianças
autistas deve se estar atento às variações dos casos e características do
espectro.
As atividades de maior importância e prevalência devem ser as
experiênciadas ou manipuladas, pois quando o corpo participa da ação a
aprendizagem é mais significativa. O indivíduo se apropria naturalmente do
saber que lhe é necessário, e se tratando da criança especial, pode se afirmar
30que ela aprende somente fazendo, em alguns casos fazendo várias vezes, a
mesma coisa, até que se aprenda. Por isso a ênfase em uma educação
sistemática.
Como a grande parte dos autistas possua a inteligência comprometida
cerca de 70% apresentam retardo mental esse fator fará com que a
aprendizagem seja mais lenta, mais processual, contudo num dado momento
ela se manifestará.
Em respeito a estas limitações é importante uma aplicação gradual, feita
por etapas, subdividindo o objeto de estudo até que se dê sua completude.
Levando-o a compreensão de todas as partes, como um quebra cabeça, onde
cada fragmento tem importância para o todo, sem perder a sua unicidade.
Uma educação que estabelece parâmetros oportuniza uma percepção
mais evidente nos processos avaliativos do desenvolvimento da aprendizagem
destas crianças e as reais necessidades de uma educação diferenciada em
instituições especializadas.
Desvia a atenção as características apresentadas pelo quadro do
transtorno, que aparentemente comprometeria todas as condições de
aprendizagem e socialização, impedindo até sua matricula, para uma avaliação
pela participação diária nas atividades escolares que é direito de toda criança,
autista ou não.
2.1 - Escola inclusiva
Desde a década de 70 (setenta) ocorre uma mobilização para o
recebimento de crianças e adolescentes portadores de deficiência em classes
comuns, ou pelo menos em ambientes que promova a participação deste
educando na comunidade escolar, sem segregá-lo, é a chamada fase da
integração. Porém se tratava de uma adaptação desta criança ao sistema
educacional, respaldados pela lei, caso a não ocorrência desta adaptação a
31criança seria encaminhada para uma instituição especializada, pois a mesma
lei, faz menção do atendimento preferencialmente na rede regular de ensino, e
não obrigatório. Salvaguardando quaisquer encaminhamentos a escola
especial e sem nenhuma exigência de preparo do profissional para o
atendimento deste alunado.
Na segunda metade da década de 80 (oitenta) surge a fase da inclusão,
que se promulga com a declaração de Salamanca, em 1994 (mil novecentos e
noventa e quatro), com a chamada educação para todos.
“... reafirmamos pela presente Declaração, nosso
compromisso com a Educação para Todos,
reconhecendo a necessidade e a urgência de ser o
ensino ministrado, no sistema comum de educação, a
todas as crianças, jovens e adultos com necessidades
educativas especais...” (Declaração de Salamanca, p.9).
Oferecendo parâmetros para novas diretrizes e bases da educação
nacional, lei 9.394 (nove mil trezentos e noventa e quatro), de 20 (vinte) de
dezembro de 1996 (mil novecentos e noventa e seis).
As novas propostas inclusivas que perduram até o presente,
regulamentam a importância dos sistemas de ensino criar meios para
promover uma escolarização de direito igualitário, como promulgado
anteriormente na Constituição de 1988 (mil novecentos e oitenta e oito),
“Educação é um direito de todos”.
As políticas integradoras se invertem, após as novas elaborações para o
atendimento de portadores de necessidades educativas especiais, as
instituições passam a ter que adaptar-se para o recebimento de seus alunos,
promovendo a inclusão dos mesmos. Para tanto, é preciso à reestruturação do
espaço escolar além de uma mudança nos seus valores educacionais e de
aprendizagem. Criando uma estrutura adequada de acessibilidade, utilizando
de metodologias inovadoras que auxiliam o processo ensino-aprendizagem e
32programa de capacitação de profissionais, pois estes agora estão diante de
novos desafios educacionais.
Uma escola regular só pode ser considerada inclusiva depois que se
reestruturou para atender a diversidade do novo alunado em termos de
necessidades especiais. O que antes era dever da criança, em troca de sua
socialização com alunos considerados normais, agora é da escola, como prova
de respeito ao outro indistintamente.
A educação inclusiva propõe escolas capazes de atender às diferenças
sem discriminar, proporcionando ao educando autista, como a qualquer outro
especial ou não um ambiente de desenvolvimento auxiliado pelo convívio de
crianças distintas, expondo-os deste a mais tenra idade ao convívio com as
diferenças e a valorização à diversidade.
Portanto, a instituição deve estar atenta às singularidades de seus
educandos, quais conhecimentos são importantes e necessários à formação
deste. É por isso que as medidas educacionais abordam a importância de
metodologias adequadas ao nível de maturidade, pois cada aluno tem o seu
tempo, tem sua necessidade especifica e por vezes especial.
No Brasil as crianças autistas sofrem, enquanto famílias lutam pela
garantia do direito de seus filhos de não serem discriminados e de serem
educados em uma escola para todos, os sistemas de ensino são respaldados
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a encaminhá-los para instituições
especializadas, tendo em vista os bloqueios adaptativos de integração
apresentado por quem possui o transtorno, já crianças com síndrome de
Asperger tem a matrícula mais facilitada, embora apresente algumas
dificuldades de relacionamento, não apresentam déficit cognitivo e nem muitas
resistências às interações e ao novo.
2.2 - Escola Especial
33São instituição de atendimento à portadores de necessidades
educativas especiais, porém difere do sistema de inclusão pois agrupa
crianças portadoras da mesma síndrome ou transtorno, reunindo condições
apropriadas para o atendimento deste alunado.
As escolas especiais utilizam de metodologia específica a cada
necessidade, currículo adaptado, equipe interdisciplinar, recursos materiais e
pedagógicos adequados. Além de profissionais habilitados para o trabalho com
crianças de necessidades específicas em diversas áreas do desenvolvimento.
A assistência é realizada em turmas de número reduzido de alunos,
oportunizando a possibilidade de um trabalho mais individualizado. Se tratando
de instituições de atendimento a crianças autistas, chega ao número máximo
de cinco alunos por classe, de acordo com o comprometimento, atendidos por
um profissional e um auxiliar.
Na rede pública de ensino no Rio de Janeiro esse tipo de trabalho
ocorre dentro das escolas regulares, formando as chamadas classes especais,
porém é mais considerada uma espécie de inclusão parcial do que uma
proposta dicotomizadora de ensino. Agrupam-se crianças de acordo com seu
quadro clínico oferecendo um ensino diferenciado, com profissional qualificado
para o atendimento até que está criança esteja apta a ser integrada em
classes regulares. Este sistema é regulamentado pelo Instituto Helena Antipoff
referência na área de assistência aos portadores de necessidades especiais
no Brasil, responsável pela educação especial da rede municipal com cursos
de formação específica e de atualização para os profissionais da rede,
confecção de recursos multissensoriais e assistência direta aos educandos,
com avaliações e atendimento multidisciplinar. O serviço especializado, mesmo
se tratando de escola especial e seguindo os parâmetros educacionais de
ensino, se referem a um sistema assistencialista e não de formação
acadêmica, ainda assim, lidam com fenômenos de ensino aprendizagem que
não têm sido ocupação do sistema regular. Algumas instituições fazem
34convênios com escolas regulares para avaliações seriais de seus educandos, a
fim de promover sua inserção social.
CAPÍTULO III
O OLHAR SENSIBILIZADOR DA PSICOPEDAGOGIA
AOS SUJEITOS APRENDENTES PORTADORES DE
AUTISMO
“A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana,
que adveio de uma demanda _ o problema de
aprendizagem, colocado em um território pouco
explorado, situado além dos limites da Psicologia e da
própria Pedagogia _ e evolui devido à existência de
recursos, ainda que embrionários, para atender a essa
demanda, constituindo-se, assim, em uma
prática.”(BOSSA,2007,p.32)
A escola mudou com o passar dos tempos. Novas tecnologias e
metodologias se incutiram no dia-a-dia escolar. E é neste contexto atual que o
psicopedagogo vem conquistando gradativamente seu espaço em âmbito
escolar.
O psicopedagogo é um profissional multi-especialista em aprendizagem
humana, que reuni conhecimentos de diversas áreas a fim de intervir neste
35processo para fortalecê-lo ou para remediar possíveis dificuldades, utilizando
instrumentos próprios da Psicopedagogia para este fim.
E o principal papel deste profissional em foco é olhar em detalhe com
uma observação minuciosa e uma escuta sem pré conceitos, com total
imparcialidade, para detectar a real problemática da instituição escolar para
intervir positivamente no processo de aprendizagem, para assim estar sanando
as dificuldades e prevenindo-as durante o processo, percebendo eventuais
complicações, participando da dinâmica da comunidade educativa,
favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo
com as características e particularidades dos sujeitos do grupo, realizando
processos de re-orientação visando o interesse e o prazer do educando e do
ensinante, garantindo-lhes o sucesso escolar .
3.1 A Psicopedagogia e um pouco de sua trajetória
“Os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados
na Europa, em 1946, por J. Boutonier e George Mauco,
com direção médica e pedagógica. Estes Centros uniam
conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e
Pedagogia, onde tentavam readaptar crianças com
comportamentos socialmente inadequados na escola ou
no lar, e atender indivíduos com dificuldades de
aprendizagem.”(BOSSA,2000,p.39)
Através da união dos estudos da Psicologia, Psicanálise e da Pedagogia
esperava-se conhecer o sujeito aprendente e o seu meio, para que fosse
possível compreender a dificuldade de aprendizagem para determinar uma
ação reeducadora e diferenciar os que não aprendiam, apesar de serem
inteligentes, daqueles que apresentavam alguma deficiência mental, física ou
sensorial. No início a Psicopedagogia teve uma trajetória de caráter médico-
pedagógico. Hoje essas ações são independentes, mas complementares.
36No final do século XIX educadores, psiquiatras e neuro-psiquiatras
preocuparam-se com as variantes que interferiam na aprendizagem e
começaram a organizar novos métodos para a Educação Infantil. Nesta época
apontaram como grandes colaboradores: Seguim, Esquirol, Montessori,
Decroly ...entre outros.
Nos Estados Unidos, o mesmo movimento se desenvolvia, porém a
ênfase dada era maior nos aspectos médicos, dando um caráter biológico à
abordagem das dificuldades de aprendizagem.
Na Europa o movimento originou a Psicopedagogia. Na outra vertente, o
movimento americano proliferou a crença de que os problemas de
aprendizagem tinham causas orgânicas e precisavam de atendimento
especializado, o que influenciou parte do movimento da Psicologia Escolar. A
corrente européia influenciou a Argentina, que passou a cuidar de suas
pessoas portadoras de dificuldade de aprendizagem, há mais de 30 anos,
realizando um trabalho de reeducação. Os conhecimentos da Psicanálise e da
Psicologia Genética, além de todo o conhecimento de linguagem e de
psicomotricidade, eram acionados para melhorar a compreensão das referidas
dificuldades.
A Psicopedagogia chegou ao Brasil em uma época, década de 70, cujas
dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma disfunção neurológica
denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste
período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos.
O Brasil recebeu influências tanto americanas, quanto européias, através da
Argentina. Notadamente no sul do país, a entrada dos estudos de Quirós,
Jacob Feldmann, Sara Paín, Alicia Fernández, Ana Maria Muñiz e Jorge Visca,
enriqueceu o desenvolvimento desta área de conhecimento no Brasil.
Temos o professor argentino Jorge Visca como um dos maiores
contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil. Foi o criador da
Epistemologia Convergente, uma linha teórica que propõe um trabalho com a
aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia:
37Psicogenética de Piaget; Escola Psicanalítica (Freud); e a Escola de Psicologia
Social de Enrique Pichon Rivière. Visca propõe o trabalho com a aprendizagem
em que o principal objeto de estudo são os níveis de inteligência, com as
teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais que
representam seu interesse.
De acordo com Bossa, o objeto de estudo da Psicopedagogia é o
próprio processo de aprendizagem e seu desenvolvimento normal e patológico
em contexto. Sejam estes relacionados com a realidade interna ou com a
realidade externa, sem deixar de lado os aspectos cognitivos, afetivos e sociais
que mesmo de forma implícita, estão inseridos em tal processo do trabalho
com as questões de aprendizagem.
A autora propõe que o objeto de estudo deve ser entendido a partir de
dois enfoques: o enfoque de caráter preventivo, que corresponde ao ser
humano em desenvolvimento e as alterações desse processo podendo
esclarecer sobre as características das diferentes etapas do desenvolvimento;
e o enfoque de caráter terapêutico, que é a identificação, análise e a
elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades
de aprendizagem.
Podemos perceber através do trabalho de pesquisa, que embora seja
ainda um campo jovem de atuação no Brasil, a Psicopedagogia parece já
possuir sua identidade como um todo.
A identidade do psicopedagogo, muito atrelada à sua atuação, remete-
se ora à identidade clínica, ora à institucional, mas explicita que ambas estão
vinculadas ao processo de aprendizagem. De acordo com esse sentido,
encontra-se o psicopedagogo como sendo um profissional ligado
historicamente à educação.
Atualmente, a Psicopedagogia integra com propriedade as prerrogativas
de educação para o terceiro milênio, sendo que as dificuldades a serem
superadas resumem-se na disposição de continuar se posicionando frente à
38realidade, promovendo a integração e a articulação das unidades e dos
diferentes conhecimentos sobre o ensinar e o aprender. O que significa a
abertura para uma nova forma de produzir conhecimento.
3.2- O Psicopedagogo como agente de inclusão
“É através da escola que a sociedade adquire,
fundamenta e modifica conceitos de participação,
colaboração e adaptação.Embora outras instituições
como família ou igreja tenha papel muito importante, é da
escola a maior parcela.”(MELO,2001,p.26)
A educação nas escolas inclusivas, independentemente do grau de
severidade, deve ser vivenciada individualmente na sala de recursos e na sala
de ensino regular, favorecendo a sociabilidade, porque incluir é aprender junto.
A escola deve educar, também, para o desenvolvimento da autonomia
do sujeito aprendente, abrangendo toda complexidade que há na
individualidade de cada um. E este é o olhar sensibilizador psicopedagógigo, é
ver o outro em sua natureza humana e complexa, é enxergar o outro
biopsicossocialmente.O psicopedagogo intérvem na situação e não no sujeito,
já que este possa desenvolver-se paulatinamente.
Na abordagem psicopedagógica da escola, é bom que a estrutura da
avaliação seja estabelecida nos primeiros contatos com o aluno e com a
família. Entrevista familiar, anamnese, sessões lúdicas e de avaliação
pedagógica, laudo médico e o histórico do caso são importantes ferramentas
na ação do psicopedagogo. Entretanto, para além do número de instrumentos
avaliativos utilizados, estará a sensibilidade do educador para identificar as
dificuldades e implementar as possibilidades de aprendizagem.
A relação afetiva do aluno autista com o educador é o início do processo
de construção da sua autonomia na escola. Ainda que o autista encontre
39dificuldades para compreender sentimentos e a subjetividade das pessoas, ele
não está desprovido de emoções. Isto descortina a possibilidade de projetos
curriculares baseados nos liames afetivos. O educador pode trabalhar a
interpretação das emoções, o que seria perfeitamente adequado para qualquer
grupo de estudantes, em escola especial ou comum, inclusiva ou não.
Acima de tudo, deverá prevalecer a virtude de saber esperar, não por
resultados imediatos, mas por conquistas. E a primeira delas é o vínculo
afetivo. Para isso, o educador deve priorizar seu aluno.
O aluno com autismo não é incapaz de aprender, mas possui uma forma
peculiar de responder aos estímulos, culminando por trazer-lhe um
comportamento diferenciado, que pode ser responsável tanto por grandes
angústias como por grandes descobertas, dependendo da ajuda que ele
receber.
O primeiro passo para a construção de um currículo para o aprendente
autista é a avaliação para saber quais habilidades necessitam ser
conquistadas. Ele deve desenvolver aptidões básicas, motoras e acadêmicas.
Em uma criança típica, alguns detalhes nem sempre se avaliam, como contato
ocular, interação espontânea, respostas a estímulos afetivos. Na incidência do
autismo, no mais das vezes, as habilidades naturais devem ser priorizadas.
Por meio da convivência na escola e de um currículo que descerre
aspectos sociais, o aluno poderá descobrir:
● Que as pessoas ao seu redor são importantes;
● Os valores da amizade;
● O afeto, o carinho e o amor;
● As regras sociais que ajudam a memorização;
● O convívio com outras crianças;
40● As rotinas diárias que ajudarão sua independência e autonomia;
● A importância de compartilhar sentimentos e interesses.
Ademais, o educador deve estimular a capacidade de concentração
durante as tarefas, pois o que mais impede o aprendizado do autista na vida
cotidiana é o déficit de atenção à fala de alguém ou aos processos de
aprendizagem que estão ao seu redor, em razão das suas dificuldades
comunicativas, e não a existência de algum problema cognitivo.
O ensino do aluno com autismo dá ênfase à terapia comportamental,
pois utiliza estímulo, reforço, extinção e expressões verbais. Algumas técnicas
podem representar um valioso auxílio na sala de aula e na família para a
redução de atitudes que interferem negativamente no desenvolvimento do
aprendente. Ignorar comportamentos prejudiciais e recompensar
comportamentos desejáveis pode ser uma forma simples, mas são eficazes na
ajuda.
O uso ideal dessas técnicas, mais uma vez, dependerá da sensibilidade
do educador, pois o período de concentração de uma criança com autismo é
muito pequeno, bem como é difícil ela se dispor a fazer o que não quer. É
preciso paciência e perseverança.
Quando se pensa em uma escola inclusiva que atenda plenamente
alunos com comprometimento autistico, pode-se considerar que esta necessita
de adaptações curriculares de acessibilidade e adaptações pedagógicas,
referente à eliminação de barreiras físicas e metodológicas, porque o universo
do autista é totalmente complexo e cheio de singularidades, o psicopedagogo
é a peça fundamental que irá proporcionar as condições físicas, os materiais e
de comunicação, o apoio ao docente e a equipe escolar.
O universo autista é complexo, mas atender e planejar uma ação
adaptativa para o autista requer do psicopedagogo não apenas preencher uma
lacuna na tentativa de compreender este universo, mas criar pontes para que
pessoas com transtorno do espectro autístico seja reconhecida não como
41individuo especial, mas como cidadão que assim como todos nós temos
nossas singularidades e complexidades e que merecem ser respeitadas.
3.3 Metodologias diferenciadas para educação de crianças
autistas
“O autista é vítima de uma síndrome e muito dos seus
distúrbios comportamentais podem ser modificados à
medida que ele consegue expressar-se e entender o que
se espera dele. Outro dado importante que são mais
responsivas às situações dirigidas que as livres e também
respondem mais consistentemente aos estímulos visuais
que aos auditivos” (Autismo entre dois pontos, p.21).
O trabalho metodológico é de fundamental importância, porém sua valia
só se efetivara se houver uma resposta às condições oferecidas para
aprendizagem, não se trabalha qualquer método para qualquer criança, e sim
um método que atenda as necessidades da mesma.
Enquanto as metodologias voltadas à aprendizagem educacional, de um
modo geral, estão preocupadas com o nível de conhecimento conteúdista que
ao longo da vida acadêmica as crianças vão adquirindo. Os programas
desenvolvidos para autista propõem formas educacionais e reabilitadoras para
que o indivíduo se desenvolva de acordo com suas condições cognitivas e
interacionais.
A teoria behaviorista norteia as bases metodológicas do trabalho com
autistas, pois se detém o foco no comportamento do ser humano. Nesta teoria
entende-se que o ambiente é um estimulador para as respostas ou ações do
individuo, como uma interação entre indivíduo e ambiente. E a conservação
destas respostas é efetivada mediante a, reforços positivos, que aumenta a
probabilidade de ocorrência ou negativo que remove ou atenua.
42Como a criança autista não apresenta um comportamento funcional, os
trabalhos baseados nesta abordagem se tornam fartos de treino e de repetição
até que a criança aprenda a realizar o comportamento desejado e adequado.
Embora as correntes que se dedicam ao trabalho com crianças autistas
utilizem das mesmas bases teóricas para modificabilidade do comportamento,
cada uma tem a sua visão quanto à capacidade de aprender desta criança.
No método que se dedica ao desenvolvimento cognitivo, entende que a
construção da aprendizagem a partir de determinadas práticas é transferida
em outras situações, para tanto explora a linguagem em todos os sentidos. Já
o método comportamental e psicolingüístico, trabalha com pistas visuais que
orientam as atividades diárias, pois não acredita na possibilidade de
generalização do autista, mas que todos são capazes pensar e compreender,
ainda que por canais diferentes, dentro de suas limitações e seus graus de
déficit.
3.3.1 - Programa TEACCH
O TEACCH, Treatment and Education of Autisticand Related
Comunication Handicapped Children (Tratamento e Educação para Autistas e
Crianças com Déficits Relacionados com a Comunicação) é um programa
educacional e clínico, com uma prática psicopedagógica, desenvolvido em
1966, na Universidade da Carolina do Norte, EUA, pelo Dr. Eric Schopler, a
partir de um projeto de pesquisa.
O programa é baseado na teoria comportamental e pressupostos da
psicolingüística. E fundamenta-se na afirmação de que a imagem visual é
geradora da comunicação. Para tanto, desenvolve repertórios de
comportamentos que são direcionados por meio de recurso visual.
O ambiente é totalmente manipulado pelo profissional de maneira que
comportamentos indesejáveis da criança desapareçam, ou amenizem e
condutas adequadas recebam reforços. Os sistemas trabalhados são
programados individualmente e a aplicação é mediada pelo profissional com
43uso de cartões de apoio visual até que a criança apresente habilidade para a
execução sem ajuda, apenas sendo guiada pelos cartões. É importante com
autistas dificultar ao máximo a probabilidade de erro.
A aprendizagem se inicia com exploração direta ao objeto de ensino,
depois o objeto é substituído por um símbolo pictográfico com associação
lingüística, através da escrita, ficando ao final deste processo só o símbolo
lingüístico. O TEACCH utiliza constantemente pistas visuais (cartões com
fotos, desenhos, símbolos, palavra escrita ou objetos concretos em seqüência)
que indicam visualmente as atividades que serão desenvolvidas naquele dia na
escola, assim como, auxiliam no desenvolvimento da comunicação. A
informação dada visualmente tem como objetivo amenizar as dificuldades de
comunicação existentes.
Geralmente existe um quadro indicando a seqüência de atividades ou
tarefas que a criança realizara. Alguns quadros são feitos de maneira a induzir
a criança a retirar o cartão com a foto ou desenho da próxima atividade e
depositá-la no local onde deve ir. É claro que a utilização desse material requer
um aprendizado. Inicialmente alguém fará cada passo com a criança,
colocando os cartões em sua mão e ensinado-a a colocá-lo no local. Quando a
atividade tiver acabado, a criança deve voltar ao quadro de tarefas para ver
qual a próxima atividade e pegar seu respectivo cartão. Com o tempo ela
poderá realizar a tarefa de maneira independente. Este tipo de orientação pode
servir para qualquer coisa que se queira ensinar para a criança.
É um dos programas mais utilizado no mundo no tratamento de crianças
autistas, no Brasil a AMA (Associação de Amigos de Autistas), localizada em
São Paulo, uma das instituições mais conceituadas no país de assistência à
portadores do espectro utiliza-se do programa TEACCH no atendimento a seus
pacientes.
3.3.2 - Método Miller
44Este método foi desenvolvido no Centro de Desenvolvimento Cognitivo e
da Linguagem (The Language and Cognitive Development Center, LCDC), em
Boston, EUA, pelo Dr. Arnold Miller e pela sua esposa Dra. Eileen Eller Miller.
Fundamentado na teoria dos sistemas de desenvolvimento cognitivo.
Objetiva desenvolver o comportamento funcional por meio de sistemas lúdicos
e estimula à linguagem oral acompanhada da linguagem de sinais, essa é
reforçada pela crença de que sua existência se dá em uma fase de transição
no desenvolvimento da linguagem, sendo os sinais uma ponte entre a palavra
e sua referência.
O trabalho é realizado com pranchas de madeira elevadas cinqüenta
centímetros a noventa centímetros de altura do chão, de formato quadrangular,
denominada quadrado elevado. Ele possibilita que diferentes tarefas sejam
realizadas dentro de espaços delimitados, estruturando o comportamento da
criança.
Todas as ações realizadas pela criança são narradas e sempre
acompanhadas pela linguagem de sinais. A criança se sente guiada pelos
sinais e palavras nessas atividades e desenvolve um repertório de significados,
o qual pode ser literalmente transferido para o solo.
Os materiais utilizados no método Miller variam, o principal é o quadrado
elevado, pois norteia a utilização dos posteriores, tais como: carrinhos, blocos
de madeiras, rampas, bolas.
O método avalia como difere as reações da criança diante de cada
situação, porém propicia a mesma vivenciar tal situação para que não se sinta
parte integrante e sim sujeito da ação. Isso proporciona condições para que a
criança transfira o aprendizado para soluções de novos problemas.
É elaboração do programa a ser desenvolvido é individualizado,
baseado nas necessidades de cada indivíduo, o trabalho se inicia com
atividades motoras e tarefas simples à medida que à criança vai conseguindo
realizá-las com eficiência o quadrado elevado e os materiais vão sendo
45modificados, tornando as atividades mais difíceis. Como o autista tem tarefas
motoras a cumprir continuamente os movimentos repetitivos vão sendo
cortados naturalmente.
Os trabalhos com o método Miller foram desenvolvidos com crianças
autistas dentro do contexto escolar, em classes regulares de instituição pública
nos Estados Unidos. Os programas de aula seguem normais, porém é
desenvolvido um trabalho específico com cada criança e com o grupo de
acordo com os parâmetros da metodologia.
No Brasil, ainda não se há divulgação de tal método que facilita a
aplicação de conteúdos nas classes inclusivas.
3.3.3 Método ABA (Applied Behavior Analysis)
Uma grande dificuldade que as famílias de autistas enfrentam refere-se
ao seu comportamento, pessoas com autismo emitem comportamentos pouco
usuais e de difícil manejo podendo exibir mais de um comportamento
problema, além das estereotipias e maneirismos, muitos apresentam
comportamentos agressivos. A utilização de uma metodologia como a ABA –
Analise aplicada do comportamento (Applied Behavior Analysis), permite que
sejam analisadas as causas do que provoca o comportamento inadequado, o
que estimula e como eliminar, gerando uma busca de alternativas pelo
profissional.
A intervenção comportamentalista tem uma grande influência do
psicólogo behaviorista Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), para o psicólogo
uma educação planejada possibilita a modelagem do aluno.
As intervenções comportamentalistas como técnica para o autistas são
muito criticadas porque diz que os autistas são robotizados, porém, o reforço
positivo faz parte da vida e não podemos considerar que na vida comum
ninguém não faça nada motivado por algum reforço positivo. O uso de
reforçadores positivos se faz necessário pelo fato do autista não conseguir
generalizar suas ações e comportamento, ou seja, o que aprende a fazer na
46escola não consegue associar e realizar a mesma atividade na sua casa ou
outros locais, sabendo que tem a mesma função.
Portanto, na intervenção psicopedagógica a utilização de reforçadores
positivos irá estimular o aprendizado, sendo importante que em sua avaliação
o profissional elabore um questionário para os pais onde permitam, perceber
quais são os reforçadores positivos que estimulam o autista, ou seja, quais são
as coisas que o autista gosta. Ressaltando que esta interferência não irá
mudar o nível de autismo de grave para leve, mas irá melhorar o seu
desempenho através de uma hierarquia de treinamentos partindo dos pontos
emergentes e reforçando os pontos fracos.
3.3.4 Sistemas PECs
A utilização de sistema de PECs (sistema de comunicação por troca de
figuras) pode ser um fortalecedor na comunicação para os autistas que não
desenvolvem a linguagem, poucos autistas têm uma fala funcional este recurso
seria um facilitador permitindo que o autista se expresse para isto é preciso
que o autista possua um nível de compreensão mínimo, não tenha
comprometimento visual e tenha coordenação motora mínima. Este tipo de
comunicação por troca de figuras tem que ser significativo para o autista e por
ser comportamental estimula a criança a pedir o que deseja através da figura
correspondente ao seu desejo de expressar, além de estimular o pensamento
simbólico. Muitos comportamentos inapropriados do autista possuem suas
raízes na dificuldade de comunicação. É um sistema de comunicação muito útil
caso a família deseje adotar em parceria com a escola, não exigindo que
sejam especialistas para utilizar este sistema, é importante que os problemas
de comunicação primeiramente sejam resolvidos para que posteriormente o
psicopedagogo possa orientar a prática pedagógica.
CONCLUSÃO
47O Autismo pode ser caracterizado como uma alteração cerebral que
afeta a comunicação do indivíduo com o meio externo. Mas, depois de várias
pesquisas e leituras, verificamos que essa condição clínica ainda não tem uma
definição, o que deixa verdadeiras janelas para a compreensão da interação
corpo- mente nos seres vivos, gerando uma grande interrogação nos campos
do saber.
Cada ser é único e que mesmo com suas “dificuldades”, pode se obter
êxito em seu tratamento, a partir da aposta de seus terapeutas, pais,
educadores, de que existe um sujeito dentro daquele individuo, e que ele
próprio dá os sinais de sua existência como parte do mundo em que vive.
Vimos que atualmente, embora o Autismo seja bem mais conhecido ele
ainda surpreende pela diversidade de características e por associações a
diversas síndromes, mas isso deve ser visto com cuidado, levando-se em
conta a margem de erro de diagnósticos, pois os sintomas podem variar
amplamente.
Apesar do grande número de pesquisas e investigações clínicas
realizadas em diferentes áreas e abordagens de trabalho, não se pode dizer
que o autismo é um transtorno claramente definido. Há correntes teóricas que
apontam as alterações comportamentais nos primeiros anos de vida
(normalmente até os 3 anos) , manifestando-se por um alheamento da criança
e no decorrer do desenvolvimento, no adulto acerca do seu mundo exterior,
encontrando-se centrado em si mesmo. Esse distúrbio do desenvolvimento
humano se caracteriza por um quadro comportamental peculiar, que envolve
sempre as áreas de interação social, da linguagem e do comportamento, em
graus variáveis de severidade, de acordo com os pesquisadores. O autismo
acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum
no sexo masculino do que no sexo feminino. É encontrado em todo o mundo e
em famílias de qualquer configuração racial, étnica e social.
É comum dizer que a maioria das crianças não fala e, quando falam, é
comum a ecolalia (repetição de sons ou palavras), inversão pronominal etc.O
48comportamento delas é constituído por atos repetitivos e estereotipados; não
suportam mudanças de ambiente e preferem um contexto inanimado. Alguns
permanecem indiferentes, não entendendo muito bem o que se passa na vida
social. Elas se comportam como se as outras pessoas não existissem, olham
através delas como se não estivesse lá e não reagem a alguém que fale com
elas ou as chame pelo nome. Frequentemente, suas faces mostram muito
pouco de suas emoções, exceto se estiverem muito bravas ou agitadas. São
indiferentes ou têm medo de seus colegas e, muitas vezes, usa o outro como
objeto quando querem obter alguma coisa.
Não se conseguiu até agora provar qualquer causa psicológica no meio
ambiente dessas crianças, que possa causar a doença.
Entretanto, não se desconsidera o fato de que há de se cuidar dessas
crianças o quanto antes, inserindo-as num tratamento que leve em
consideração sua subjetividade, seus afetos e sentimentos, e não apenas o
aspecto comportamental.
Então, veremos que, apesar de não se conhecer uma cura definitiva, já
é possível chegar a um grau satisfatório de interação com um autista, e deste
com a sociedade, a partir do investimento em bons tratamentos que podem
torná-lo em alguns casos , independente e produtivo.
A escola ainda está desprovida de informações que a oriente no
trabalho com essas crianças, por isso que julga ser praticamente impossível.
Como ensinar alguém que tem olho e não olha? Que está perto mais não
interage? Que tem condições para falar mais não consegue, que tem um jeito
peculiar de desfrutar de um objeto mesmo sendo seu e que pouco se importa
se você está ali ou não?
As regulamentações dadas pelas Leis vigentes, não oferecem subsídios
a nossos profissionais para incluir, tais como suporte qualificado e
especializado para acompanhar cada uma dessas crianças no contexto
escolar. Os acompanhamentos dos Núcleos regulamentadores estão em seus
49postos para quem quiser buscar e se o educador não quer pode ficar com suas
crenças quanto à inclusão e desenvolvê-la como convir.
A psicologia disponibiliza para educação teorias que auxiliam na
modificabilidade dos comportamentos da criança autista, fato que contribui
muito para sua aprendizagem, porém tais metodologias têm sua aplicação
prática vista somente em instituições especializadas. A formação profissional
que oferece habilitação para desenvolver tais métodos ainda é muito cara e
escassa. Mas encontramos hoje disponibilizado materiais que facilitam a
compreensão e possibilitam a aplicabilidade, mas uma vez é preciso buscar e
querer.
Tais metodologias abordam a importância de um acompanhamento
sistemático e contínuo para aprendizagem efetiva de um autista, porém um
dos métodos, o TEACCH sistematiza a aprendizagem e oferece
constantemente pistas para auxiliar a memória, a criança aprende cada parte
do processo e no MILLER a aprendizagem também é sistemática mais
apreendida e transferida em outras situações, a criança aprende o processo.
Ambas são um forte auxiliar para o sistema educacional, basta adaptá-las às já
existente. O mais importante é que nossa criança seja acompanhada em todo
o processo seja qual for o método. É fundamental a preparação do
psicopedagogo através de um programa adequado de diagnose e avaliação
dos resultados globais no processo de aprendizagem, já que a criança especial
se caracteriza pela falta de uniformidade no seu rendimento, levando-se em
consideração o nível de desenvolvimento da aprendizagem que geralmente é
lenta e gradativa.Portanto, caberá ao professor adequar o seu sistema de
comunicação a cada aluno, respectivamente.
Além do acompanhamento escolar, é importante que se tenha em curso
o tratamento terapêutico e psiquiátrico dessas crianças para que em conjunto
se obtenha uma conclusão do melhor tipo de intervenção educacional a partir
da troca com o autista.
50É interessante também que o próprio professor/educador dessas
crianças estejam frequentando uma terapia para que possam ter um espaço
de discussão /supervisão, dividindo as dificuldades e superações encontradas
no lidar com essas crianças especiais.
A educação do autista devido à falta de informação mais específica,
juntamente com a própria rigidez do currículo que não respeita as
singularidades e as diferentes formas de aprender de cada um, acaba por
causar um grande prejuízo ao autista que não consegue atingir a autonomia. A
escola estabelece os padrões de normalidade e aceitação social, porém, a
própria formação dos docentes não permite que suas teorias de ensino-
aprendizagem sejam de acordo com a realidade, ou não preparam o professor
para as dificuldades do cotidiano escolar, além de diversas situações de
estresse provocadas pelo sistema, que fazem com que o autista seja excluído
mesmo estando inserido dentro da escola regular
Existem hoje em dia algumas técnicas e métodos educacionais “prontos”
para auxiliar na educação e nas intervenções de apredizagens dos autistas,
portanto, após o estudo desse distúrbio, concluímos que o desenvolvimento de
cada uma dessas crianças é muito diferente e peculiar, e devemos agir com
cada uma delas de acordo com o que elas tem pra oferecer. Seja um som, um
gesto ou um movimento, e a partir daí, apostar na existência de um sujeito
dentro de cada um desses indivíduos para então abordarmos a melhor forma
de intervir.
Que a educação de uma criança autista seja sempre para a vida, que a
ensine viver em sociedade, e a assegure de que ela não está só sempre
existirá alguém para ajudá-la a chegar ao fim.
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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9 – WILLIAMS,Chris e WRIGHT, Barry. Convivendo com Autismo e Síndrome
de Asperger: estratégias práticas para pais e profissionais. São Paulo:
M.Books Editora,2008.
ÍNDICE
55
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I
UM ESTUDO COMPLEXO: O QUE É O AUTISMO? 12
1.1 – Autismo numa visão fisiológica 16
1.2 – Atraso,falhas ou dificuldades na aquisição da linguagem 18
1.3 – Prejuízos qualitativos na sociabilização 20
1.4 – Comportamento estereotipado e repetitivos: falhas na imaginação 21
1.5 – Síndromes relacionadas ao autismo 22
1.5.1 – Síndrome de Asperger 22
1.5.2 – Síndrome Rett 26
CAPÍTULO II
O AUTISMO E A ESCOLA 28
2.1 – Escola Inclusiva 31
2.2 – Escola Especial 33
CAPÍTULO III
O OLHAR SENSIBILIZADOR DA PSICOPEDAGOGIA AOS SUJEITOS
APRENDENTES PORTADORES DE AUTISMO 35
3.1 – A Psicopedagogia e um pouco de sua trajetória 36
3.2 – O psicopedagogo como agente de inclusão 38
3.3 – Metodologias diferenciadas para educação de crianças autistas 41
3.3.1 – Programa TEACCH 43
3.3.2 –Método Miller 44
3.3.3 – Método ABA ( Applied Behavior Analysis) 46