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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA
MONITORAMENTO DE BLATTELLA GERMANICA EM
RESTAURANTES NA CIDADE DE SALVADOR E
IDENTIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES FAVORÁVEIS À
PROLIFERAÇÃO
Elisa Pereira Lobato Campos
12/2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp
Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Câmpus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana .
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA:
TEORIA E PRÁTICA
MONITORAMENTO DE BLATTELLA GERMANICA EM
RESTAURANTES NA CIDADE DE SALVADOR E
IDENTIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES FAVORÁVEIS À
PROLIFERAÇÃO
ELISA PEREIRA LOBATO CAMPOS
Dr. Marcos Roberto Potenza
12/2015
Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Câmpus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana .
Dedico este trabalho a minha queria
Avó Magdalena, saudades eternas!
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha família, especialmente aos meus pais,
irmãos, cunhados e sogros, ao apoio e coragem que me deram para iniciar o
curso, que inicialmente era tão distante para a sua realização.
À empresa Angelo Freitas Saúde Ambiental que permitiu minhas "fugas"
quinzenais às aulas; proporcionou a realização da pesquisa de campo nos
clientes; e, aos seus colaboradores que me ajudaram na coleta de resultados e
apoiaram-me nas minhas ausências no trabalho, em especial Carol, Thalyta,
Marcos e Luciano.
À BASF que também permitiu no último semestre a conclusão deste curso.
À UNESP Rio Claro, ao Instituto Biológico e aos professores que se
dedicaram e dedicam para formar profissionais especializados, passando suas
experiências e conhecimentos a nós alunos.
Aos queridos colegas da turma, que deixarão uma grande saudade nos
nossos encontros quinzenais. Essa turma que possui excelentes colegas de
trabalho e contribuíram para o crescimento profissional de todos. Não posso
deixar de destacar a dedicação da amiga Marilda, que tornou a mãezona de
todos.
Ao meu amado marido Frederico que me apoiou incondicionalmente de
todas as formas, pelo incentivo do início ao fim. Obrigada pelo carinho, paciência
e compreensão nas minhas ausências. E, agradeço, especialmente pelo nosso
presente abençoado nesta reta final de curso, nosso bebê!!
E finalmente, a Deus que me iluminou e protegeu durante essa jornada.
RESUMO
No presente trabalho foi realizado uma pesquisa em seis restaurantes na
cidade de Salvador, onde foram instaladas armadilhas adesivas em pontos
estratégicos nas áreas da cozinha, depósito e vestiário para contagem e captura de
baratas Blattella germanica. As leituras foram feitas 24 e 48 horas após a colocação
das armadilhas. Esse procedimento foi realizado uma vez ao mês, durante 3 meses
em cada restaurante selecionado. O objetivo deste trabalho foi identificar quais as
áreas apresentavam maior nível de infestação da praga e avaliar o quanto as
condições locais como alto número de frestas, falta de manutenção predial e de
equipamentos, ausência de nutricionistas, alto índice rotatividade de funcionários
influenciavam no nível de infestação, mesmo sendo esses estabelecimentos
tratados quimicamente. Constatou-se que a área dos vestiários tiveram maior
comprometimento, apresentando altos níveis de infestação.
Palavras chave: Blattella germanica, baratas, áreas de alimentação, manejo
integrado de pragas.
ABSTRACT
In the present work was carried out a research in six restaurants in the city of
Salvador, where sticky traps were installed at strategic points of the kitchen, storage
and changing room in order to capture and count cockroaches Blattella germanica.
Readings were taken 24 and 48 hours after trap deployment. This procedure was
performed once a month during 3 months in each selected restaurant. The objective
of this study was to identify which areas had a higher level of pest infestation and
assess how local conditions such as high number of cracks, lack of equipment and
building maintenance, lack of nutritionists and high turnover rate of employees impact
the level of infestation, even though these establishments being chemically treated. It
was found that the area of the changing rooms were compromised, showing high
infestation levels.
Keywords: Blattella germanica, cheap, eating areas, integrated pest management.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................. ..............................07
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................09
2.1 Baratas sinantrópicas................................................................................09
2.1.1 Periplaneta americana..............................................................................10
2.1.2 Blattella germanica....................................................................................11
2.2 Controle Integrado de Pragas..................................... ..............................12
2.2.1 Ações preventivas e corretivas............................................................... ...14
2.2.2 Medidas de controle..................................................................................15
3 METODOLOGIA.............................................................................................17
3.1 Locais de Pesquisa e período..................................... ..............................17
3.2 Coleta de dados.................................................... .....................................18
3.2.1 Questionário aplicados..............................................................................18
3.2.2 Monitoramento de Blattlella germanica......................................................18
3.2.3 Disposição e quantidade de armadilhas....................................................19
3.3 Controle químico: métodos utilizados......................................................21
3.4 Análise dos resultados..............................................................................21
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................22
5 CONCLUSÕES................................................................. ..............................34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................35
7
1 INTRODUÇÃO
As baratas são consideradas um dos insetos mais repulsivos ao homem.
Causam sentimento de aversão e estão entre as pragas mais comuns e incômodas
no ambiente domiciliar. De acordo com pesquisadores, o registro de inseto fóssil
mais antigo é um exemplar de barata, a Paleoblatta douvillei, pertencente à Era
Paleozóica do sistema Siluriano, o que significa cerca de 350 milhões de anos
(FIGUEIREDO, 1998). Estudos dos fósseis mostram que estes animais mudaram
muito pouco nos aproximadamente 400 milhões de anos que existem na face da
terra. Isso mostra a capacidade de adaptação e resistência no reino animal (ZUBEN,
2006).
Atualmente, são citadas mais de 4.000 espécies de baratas, sendo que
somente 1% do total dessas espécies são consideradas pragas urbanas (COBO,
2008). As principais representantes das espécies domésticas são a Periplaneta
americana conhecida como barata de esgoto e a Blattella germanica também
chamada de alemanzinha ou barata de cozinha (FIGUEIREDO, 1998).
Por habitarem locais contaminados como esgotos e lixeiras, as baratas são
veiculadoras de doenças, através da disseminação mecânica de patógenos. Os
agentes patogênicos mais comuns incluem as bactérias do gênero Salmonella
(veneno alimentar), Staphyloccus, Streptococcus, Coliform, Bacillus e Clostridium, a
bactéria Escherichia coli (diarreia) e Shigella dysenteriae (disenteria), protozoários
causadores de toxoplasmose e antígeno de hepatite B. (POTENZA, 2005). Além
disso, produzem alérgenos presentes no seu corpo, saliva e fezes que podem
induzir exarcebação de processo asmático e sensibilização nos indivíduos
predispostos (POTENZA, 2012).
A Blattella germanica é uma espécie residente, que se prolifera
principalmente em locais de manipulação de alimentos, infestando armários,
freezers, estufas, tetos rebaixados, pisos falsos entre outros (FIGUEIREDO, 1998).
8
De acordo com Figueiredo (1998), o controle de baratas não recai
exclusivamente ao emprego de inseticidas, mas também em técnicas alternativas,
não químicas. É necessário fazer intervenção no ambiente em que elas sobrevivem
e se proliferam. Para medidas de controle contra qualquer praga deve-se aplicar o
Controle integrado de pragas (CIP), onde se combinam ações preventivas,
corretivas e ações de eliminação (NETO, 2008).
Condições inadequadas de higiene, conservação predial e mobiliária
prejudicam o efetivo controle de baratas. Outros fatores como falta de treinamento e
interesse dos funcionários responsáveis pela limpeza e acúmulo de matérias que
propiciam o abrigo de baratas estão entre as maiores dificuldades para que o
controle de baratas seja alcançado.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o nível de infestação de
baratas da espécie Blattella germanica em restaurantes, onde é realizado o controle
de pragas por empresa especializada, para tal, foram vistoriadas as áreas
consideradas críticas (cozinha, depósito e vestiário), relacionando-se a situações
que favoreçam a presença e proliferação das baratas, como abrigo, má
higienização, falta de conservação de equipamentos e mobiliários, falta de
capacitação de funcionários.
9
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Baratas sinantrópicas
As baratas são insetos da ordem Blattodea, do grego Blatt e do latim Blatta
(FERREIRA, 2013), e permanecem inalteradas em relação aos hábitos e forma
corpórea nos últimos 300 milhões de anos (LOPES, 2005). São encontradas em
quase todos os habitats como as florestas tropicais e temperadas, pastagens,
desertos, cavernas, minas, entre outros (BELL et al, 2007). Existem 4 mil espécies
descritas no mundo (RAFAEL, 2008). Dentre essas, 5 são as mais conhecidas,
todas cosmopolitas, sendo elas: Periplaneta americana (LINNAEUS, 1758),
Periplaneta australasiae (FABRICIUS, 1775), Supella longipalpa (FABRICIUS, 1798)
(LOPES, 2006; PAGANELLI, 1997), Blattella germanica (LINNAEUS, 1758) e Blatta
orientalis (Linnaeus, 1758) (DUTRA et al, 2007).
Possuem corpo achatado dorso ventralmente, com tamanho que pode variar
de 2,8 a pouco mais de 100 milímetros. Cabeça hipognata, asas anteriores
esclerotizadas e protegem as asas posteriores que são membranosas. Os ovos são
postos em uma cápsula embrionária coriácea, chamada de ooteca, que contém duas
fileiras de ovos que podem ou não ser carregada pela fêmea (FERREIRA, 2013). As
ninfas das baratas se assemelham as adultas, exceto pela ausência de tagmas e
asas (BELL et al, 2007). Geralmente, possuem atração por ambientes úmido,
quente e com pouca higiene (FERREIRA, 2013). Segundo Figueiredo, 2004,
pesquisas mostram que as baratas abrigam-se em frestas de 1,59 mm até 12,72
mm.
Elas possuem aparelho bucal mastigador e roem papéis, roupas sujas de
alimentos, pêlos, pintura, mel, pão, carne, batatas, gorduras, livros. São onívoras,
isso é, comem tudo que tem algum valor nutritivo, mas são mais atraídas por
alimentos doces, gordurosos e de origem animal (ZUBEN, 2006).
As baratas assumem um papel de grande importância na saúde pública, pois
o combate deste inseto visa prevenir a transmissão de agentes infecciosos (vírus,
bactérias, fungos e protozoários), por via mecânica. A conscientização e cooperação
10
da população frente aos problemas causados por baratas à saúde humana são
essenciais em qualquer programa de controle (SALMERON, 2002). E o convívio com
o seres humanos se estabelece justamente com as condições oferecidas por eles,
de disponibilidade abundante de água, abrigo e alimento (THYSSEN, 2004).
Dentre as espécies de baratas domissanitárias mais importantes estão as
Periplaneta americana e Blattella germanica. São as que mais causam
preocupações no país, pois desenvolvem altas populações em residências, hospitais
e locais de armazenamento e manipulação de alimentos (LOPES, 2005).
2.1.1 Periplaneta americana
A Periplaneta americana, também conhecida como barata de esgoto e
voadora, tem preferência por ambientes quentes e úmidos. Encontram-se
associadas ao homem em locais como restaurantes, residências, supermercados,
depósitos de garrafas de bebidas, porões, esgotos, bocas de lobo, caixas de gordura
e caixas de esgoto (DUTRA et al, 2007).
Os machos e as fêmeas adultas podem voar, sobrevivem 90 dias com água e
sem comida. As ootecas são depositadas em local seguro até que haja a eclosão.
Possuem cerca de 4 cm de comprimento na média e possuem coloração marrom
avermelhada. (ROBINSON, 2005).
Pelo seu tamanho e morfologia são muito repulsivas e estão mais
correlacionadas com o habitat e hábitos da população do que baratas de outras
espécies. Porém, esta praga é de mais fácil controle, por ser mais susceptível a ação
de inseticidas e por estarem localizadas em locais com maior facilidade das ações de
desinsetização (MENDONÇA, 2013).
11
Figura 2: Ooteca da Periplaneta americana.
Figura 1 - Periplaneta americana.
2.1.2 Blattella germanica
A Blattella germanica também é conhecida como alemanzinha, francesinha,
paulistinha (ZUBEN, 2006) é a espécie de barata mais conhecida. É umas das
pragas mais importantes encontradas em residências, restaurantes, depósitos,
hospitais, centros de saúde e outros tipos de edificações em todo o mundo
(ROBINSON, 2005). Ela pode reproduzir-se com mais rapidez comparada a
qualquer outra espécie urbana de barata (PARREIRA, 2007).
Esses insetos são hemimetábolos, ou seja, possuem desenvolvimento
incompleto. As fases do ciclo de desenvolvimento são ovo, ninfa e adulto. A fase de
ninfa a adulto em condições ideais de temperatura e em grupo pode ocorrer em 40
dias. Possui reprodução sexuada e os ovos ficam retidos em uma cápsula protetora
chamada de ooteca na porção final do abdômen até que ocorra a eclosão das
ninfas. O número de ovos por ooteca varia entre 30 e 40 (LOPES, 2005).
As Blattella germanica possui quimiorreceptores nas antenas e peças bucais
que fazem a seleção dos alimentos. O canibalismo pode ocorrer quando a
população é exposta a deficiências nutricionais. É comum serrem observadas
durante o dia quando há excesso da população ou quando há falta de comida.
Costumam se esconder em grupos em locais próximos a fontes de alimentos
(SALMERON, 2002).
Fonte: autoria própria Fonte: autoria própria
12
Seu tamanho pode variar de 1,3 a 1,6 cm de comprimento, com cor marrom
para tom pálido (ROBINSON, 2005).
A dispersão dessas baratinhas ocorre com facilidade. Devido a seu corpo que
é achatado dorso ventralmente podem se alojar em pequenas frestas, caixas de
papelão, sacos plásticos e outros materiais, onde passam a maior parte da sua vida.
Saem à noite em busca de alimentos num raio de 10 metros (FIGUEIREDO, 2009).
Figura 3 - Blattella germanica ninfa e adulta
De acordo com Neto (2008), as pragas urbanas, dentre elas a Blattella
germanica então presentes nos estabelecimentos alimentícios, pois é onde
encontram elementos vitais para a perpetuação da espécie, que são os “quatro AS”:
água, acesso, abrigo e alimento.
2.2 Controle Integrado de Pragas
Os termos Controle Integrado de pragas (CIP) e Manejo Integrado de Pragas
(MIP) surgiram nas décadas de 50 e 60 utilizados na área agrícola. A FAO (Food
and Agricultural Organization), em 1972 definiu o MIP como termo mais correto a ser
utilizado, conceituando-o como “o sistema de manejo de pragas que no contexto
associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utiliza todas as técnicas
apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível e mantém a
população da praga em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico”
(CARVALHO; BARCELOS, 2012).
Fonte: autoria própria Fonte: Andrade, 2015.
().
Figura 4: Ooteca da Blattella germanica.
().
13
Apesar de ambos os termos possuírem o mesmo objetivo e fundamentos, o
CIP é o conceito mais utilizado no controle de pragas urbanas.
Para se realizar o controle de baratas nas áreas de alimentação são utilizados
os inseticidas (controle tradicional). Porém, empresas controladoras têm aplicado a
metodologia do Controle Integrado de Pragas. Neste processo o técnico realiza
inspeções minuciosas no local e identifica as condições que propiciam sua
proliferação (MANNES, 2003). Além disso, a implantação do CIP minimiza a
probabilidade de resistência de inseticidas e a exposição a humanos e/ou animais
(BONNEFOY et al, 2008).
Quadro 1 - Comparação entre a filosofia de um programa de Controle de Pragas Tradicional e o CIP.
Estratégia Tradicional CIP
Filosofia Curativa Preventivo
Conscientização e
comunicação com o cliente
Mínima Máxima
Aplicação de praguicidas Máxima Quando necessário
Tratamento nas áreas sensíveis Aerossol Iscas
Uso de inseticidas por
aplicações espaciais
Extensivo Mínimo e localizado
Técnica de aplicação de
praguicidas
Generalizada Localizada
Técnica de planejamento e
aplicação
Subjetivo e pouco enfática Objetivo com mapeamento e
monitoramento.
Fonte: FIGUEIREDO (2014).
Ações de apenas combater as pragas avistadas perde-se tempo e dinheiro.
Deve-se agir na origem das infestações. A contratação de empresas idôneas e
profissionais, estratégias de qualidade e higiene colaboram na redução dos insetos.
É necessário haver integração do controle de pragas com os programas de boas
práticas: Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), Procedimento
Operacional Padrão (POPs) e 5S. Métodos não químicos de prevenção e
monitoramento são imprescindíveis e ações de inspeção para e eliminação de
insetos devem ser cada vez mais requeridas para o controle (GIORDANO e SILVA,
2011).
14
Portanto, controle integrado de pragas se resume no croqui descrito abaixo:
2.2.1 Ações preventivas e corretivas
Segundo Neto, 2008, as ações preventivas são medidas que devem ser
tomadas para que impeça a entrada da barata no ambiente, e se ocorrer o acesso,
não terem condições de sobreviverem e proliferarem.
As ações corretivas são aquelas que corrigem as condições favoráveis que
estão permitindo a sobrevivência, permanência e proliferação do inseto (NETO,
2008).
Para as duas medidas é necessário fazer uma inspeção da área para
identificar quais são os pontos críticos e definir quais as estratégias serão tomadas,
que podem ser:
Instalar barreiras físicas (tela em ralos drenos e janelas);
Instalar rodo de porta;
Inspecionar mercadorias antes de armazená-las e retira-las de caixas
de papelão;
Calafetar fendas e rachaduras;
Fazer limpeza rigorosa de forma que não tenha resíduos alimentares;
Ações
Preventivas
Ações de
Eliminação
Ações
Corretivas
Controle
Integrado
15
Armazenar adequadamente o lixo;
Manter alimentos bem armazenados;
Fazer a limpeza periódica de máquinas e equipamentos;
Descartar materiais inservíveis;
Eliminar vazamentos de água.
2.2.2 Medidas de Controle
Os métodos de eliminação podem ser mecânico (aspirador e armadilhas) ou
através da aplicação de inseticidas líquidos e pó através da pulverização e
polvilhamento respectivamente.
Ingrediente ativo Grupo Químico Formulação
Azametifós Organosfosforado Isca granulada
Alfacipermetrina Piretróide Suspensão Concentrada
Betacyfluthrin Piretróide Suspensão Concentrada
Cipermettrina Piretróide Concentrado emulsionável, pó molhável e pó seco
Clorpirifós Organofosforado Concentrado emulsionável
Cyfluthrin Piretróide Concentrado emulsionável
Deltametrina Piretróide Concentrado emulsionável, pó seco e suspensão
concentrada
D-fenotrina Piretróide Concentrado emulsionável
Diazinon Organofosforado Concentrado emulsionável, pó molhável, Suspensão
aquosa microencapsulada
Diclorvós Organofosforado Concentrado emulsionável
Esbiothrin Piretróide Concentrado emulsionável
Fipronil Fenilpirazol Gel
Hidrametilona Amidohidrazona Gel
Lambdacialotrina Piretróide Suspensão aquosa microencapsulada , Pó molhável,
Suspensão Concentrada
Permetrina Piretróide Concentrado emulsionável
Pralletrina Piretróide Concentrado emulsionável
Propoxur Carbamato Concentrado emulsionável, Gel
Triflumuron Benzoilfenil-uréia Suspensão Concentrada
Quadro 2 - Alguns ingredientes ativos de uso profissional para o controle de baratas.
Fonte: POTENZA, 2005.
16
As iscas, os líquidos e pó devem ser aplicados nos locais de abrigo das
baratas (fissuras, rachaduras e locais ocos), sempre minimizando a exposição de
pessoas e animais (BONNEFOY et al, 2008).
Após o tratamento é interessante que se faça monitoramento, para verificar se
o cliente está cumprindo as orientações de medidas preventivas e corretivas, fazer
instalações de armadilhas para averiguar o grau de infestação das baratas e fazer a
aplicação de isca, caso seja necessário (POTENZA, 2005).
17
3 METODOLOGIA
3.1 Locais de pesquisa e período
O trabalho foi realizado em 06 estabelecimentos na cidade de Salvador,
localizado nos seguintes bairros: Barra, Ondina, Caminho das Árvores e Pituba, na
parte leste e sul da cidade, considerado os bairros mais ricos da cidade. O valor do
refrigerante variou entre R$ 4,30 e R$ 6,00, demonstrando que a variação de padrão
comercial dos locais selecionados foram baixos.
Os restaurantes selecionados são clientes de uma empresa controladora de
pragas de Salvador, que já possuíam um contrato de desinsetização a mais de um
ano com esta empresa. As ações químicas de controle de pragas ocorriam
quinzenalmente, através da aplicação de inseticidas líquidos, nas formulações de
suspensão concentrada e concentrado emulsionável, além da aplicação de gel.
Figura 5 - Localização dos bairros dos restaurantes de pesquisa
Fonte: Wikipedia, Salvador.
18
O período da pesquisa foi entre os meses de novembro de 2014 a março de
2015. Durante esses meses, não ocorreram variações significantes na temperatura,
que teve a média de 26°C.
3.2 Coleta de dados:
3.2.1 Questionários aplicados
Foi aplicado um check list (apêndice A) obtendo-se informações de cada
restaurante, contendo as metragens das áreas, número de frestas, número de
armários dos vestiários, presença ou não de caixas no depósito e prateleiras de
madeira, nível de higienização do estabelecimento e preparação para o dia
agendado na ação de pulverização.
Também foi aplicado um questionário (apêndice B) aos responsáveis dos
restaurantes, contendo informações importantes que influenciam no controle de
pragas, como: a presença de nutricionista, treinamento de boas práticas, turnover
dos funcionários de higienização (SGs), rotina de limpeza, reforma e manutenção
predial e dos equipamentos.
3.2.2 Monitoramento de Blattlella germanica
Foram utilizadas armadilhas adesivas da marca Trap-A-Roach®, que vem na
forma de uma “casa”. No interior, no centro da “casinha”, é colocado uma isca
Tabela 1 - Tabela climática de Salvador
Fonte: http://pt.climate-data.org/location/854/
19
atrativa com feromônio. Ao entrarem, as baratas ficam presas no adesivo. Desta
forma, foi possível contar o número de baratas capturadas nos ambientes.
Foram colocadas fitas dupla
Foram colocadas fitas dupla face para a fixação das armadilhas em paredes e
pisos e todas foram devidamente etiquetadas, com número para checagem e
identificação como material de pesquisa.
3.2.3 Disposição e quantidade de Armadilhas
As armadilhas foram colocadas nas áreas da cozinha, depósito e local onde
ficam os armários dos funcionários (vestiários). Esses ambientes foram avaliados
durante as inspeções de rotina como sendo os pontos mais críticos de restaurantes.
Fonte: Própria autora.
Figura 6 - Armadilhas Trap a Roach® fechada e aberta.
Fonte: Própria autora.
Figura 7 - armadilha Trap-A-Roach® fixada e sinalizada.
20
Tabela 2: Metragem (m²) e número de armadilhas instaladas (n) em cada área dos Restaurantes.
Salvador, novembro de 2014 a março de 2015.
Local
Rest. A Rest. B Rest. C Rest. D Rest. E Rest. F
m ² n m ² n m ² n m ² n m ² n m ² n
Cozinha 58 3 72 4 32 3 35 3 40 3 27 3
Depósito 6 2 6 2 10 2 18 3 9 2 21 2
Vestiário 3 2 8 2 6 2 10 2 12 2 12 2
Para a escolha dos locais de instalação das armadilhas foi considerado
comportamento e biologia das baratas sobre os locais preferenciais de abrigo, além
do histórico de ocorrência da praga no restaurante, assim como o vestígio de fezes,
sendo eles: atrás do armário dos funcionários no vestiário, atrás e embaixo das
prateleiras no depósito, atrás de bancadas, móveis e eletrodomésticos na área da
cozinha.
Figura 8 - locais de instalação das armadilhas.
Fonte: Própria autora.
21
A armadilhas foram instaladas três dias antes da pulverização dos
restaurantes. As leituras foram feitas 24 e 48 h após instalação. Este monitoramento
foi realizado 1 vez ao mês, durante três meses, ou seja, foram realizadas 3 leituras
em cada restaurante, e armadilhas foram instaladas no mesmos pontos nas 3
contagens.
3.3 Controle químico: métodos utilizados
Todas as áreas avaliadas dos 6 restaurantes eram pulverizados
quinzenalmente e feita a aplicação de gel, e durante o período de coletas de dados,
não foram trocados os inseticidas utilizados bem como a equipe responsável pelo
tratamento permaneceu a mesma.
3.4 Análise dos resultados
Para avaliar o níveis de infestação das áreas foi considerado como
parâmetro os valores citados por Potenza (2005):
Nível Número de Baratas
Capturadas
Baixo 0 a 5
Moderado 6 a 20
Alto 21 a 100
Muito Alto + 100
Fonte: citado por Potenza (2005).
Quadro 03 - número de indivíduos capturados por armadilha e o respectivo nível de infestação.
22
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre as 132 armadilhas, 3 foram perdidas pois não foram encontradas para
leitura. Nas cozinhas foram instaladas um número maior de armadilha devido a
maior metragem deste ambiente.
Gráfico 1 - Número de armadilhas instaladas por área.
Ao todo, foram capturadas 3.479 baratas da espécie Blattella germanica,
sendo que 1.159 adultas e 2.320 ninfas que representam 66,68% dos indivíduos
coletados. Outras espécies capturadas como formigas e Periplaneta americana,
foram consideradas de ocorrência acidental, uma vez que a armadilha foi
desenvolvida para B. germanica.
23
Gráfico 2: Incidência de Baratas Adultas x Ninfas capturadas.
No restaurante A, foram dispostas em cada leitura sete armadilhas, sendo
três na cozinha, duas no depósito e duas no vestiário. Ao todo, foram capturadas
1026 baratas, sendo 299 adultas e 727 ninfas. A área dos vestiários teve o maior
números de indivíduos capturadas nas armadilhas.
24
RESTAURANTE A
LOCAL
LEITURA 1
LEITURA 2 LEITURA 3
06.11.14 07.11.14 04.12.14 05.12.14 08.01.15 09.01.15
24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h
Armadilha 1 cozinha
A 4 7 3 10 1 4
N 51 80 40 20 3 5
T 55 87 43 30 4 9
Armadilha 2 cozinha
A 1 1 0 1 0 0
N 1 3 0 0 0 1
T 2 4 0 1 0 1
Armadilha 3 cozinha
A 0 0 0 0 0 0
N 2 6 2 6 4 6
T 2 6 2 6 4 6
Armadilha 4 depósito
A 2 3 3 4 2 2
N 3 5 2 5 3 5
T 5 8 5 9 5 7
Armadilha 5 depósito
A 0 0 0 0 1 1
N 1 4 2 4 2 3
T 1 4 2 4 3 4
Armadilha 6 vestiário
A 8 18 17 29 16 27
N 27 59 24 58 20 39
T 35 77 41 87 36 66
Armadilha 7 vestiário
A 11 30 28 42 6 17
N 36 60 26 65 13 31
T 47 90 54 107 19 48
No restaurante B, foram instaladas quatro armadilhas na cozinha, duas no
depósito e duas no vestiário em cada leitura. Foram capturadas 163 baratas adultas
e 273 ninfas, num total de 436 baratas. A cozinha e depósito apresentaram de baixo
a moderado nível de infestação.
Tabela 3 - Indivíduos de Blattella germanica adultas (A), ninfas (N) e totais (T) capturadas em armadilhas adesivas Trap a Roach®, no Restaurante A. Salvador, novembro de 2014 a janeiro
de 2015.
25
.
RESTAURANTE B
LOCAL LEITURA 1 LEITURA 2 LEITURA 3
06.11.14 07.11.14 04.12.14 05.12.14 08.01.15 09.01.15
24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h
Armadilha 1 cozinha
A 0 1 1 2 1 1
N 0 0 2 3 1 2
T 0 1 3 5 2 3
Armadilha 2 cozinha
A 1 2 0 1 1 1
N 3 12 1 4 0 0
T 4 14 1 5 1 1
Armadilha 3 cozinha
A - - 1 1 0 0
N - - 3 4 0 2
T - - 4 5 0 2
Armadilha 4 cozinha
A 0 0 0 0 0 0
N 0 0 3 4 0 0
T 0 0 3 4 0 0
Armadilha 5 depósito
A 0 0 0 2 0 0
N 0 2 2 5 0 1
T 0 2 2 7 0 1
Armadilha 6 depósito
A 0 2 2 2 1 1
N 1 4 4 4 1 2
T 1 6 6 6 2 3
Armadilha 7 vestiário
A - - 7 14 8 16
N - - 16 31 10 17
T - - 23 45 18 33
Armadilha 8 vestiário
A 17 40 6 18 4 9
N 4 40 14 41 9 21
T 21 80 20 59 13 30
No restaurante C foram dispostas 21 armadilhas, sendo sete armadilhas em
cada leitura (três na cozinha, duas no depósito e duas no vestiário). 844 indivíduos
foram capturadas, sendo 304 adultas e 540 ninfas. As áreas apresentaram de
moderada a alto o nível de infestação.
Tabela 4 - Indivíduos de Blattella germanica adultas (A), ninfas (N) e totais (T) capturadas em armadilhas adesivas Trap a Roach®, no Restaurante B. Salvador, novembro de 2014 a
janeiro de 2015.
26
RESTAURANTE C
LOCAL LEITURA 1 LEITURA 2 LEITURA 3
14.01.15 15.01.15 11.02.15 12.02.15 11.03.15 12.03.15
24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h
Armadilha 1 cozinha
A 4 19 4 5 1 1
N 7 21 6 20 4 6
T 11 40 10 25 5 7
Armadilha 2 cozinha
A 2 7 2 6 4 15
N 5 13 7 13 11 17
T 7 20 9 19 15 32
Armadilha 3 cozinha
A 6 15 3 11 1 3
N 10 19 9 16 3 7
T 16 34 12 27 4 10
Armadilha 4 depósito
A 0 0 0 0 0 0
N 2 3 1 1 0 1
T 2 3 1 1 0 1
Armadilha 5 depósito
A 3 7 1 5 3 3
N 4 7 5 8 4 5
T 7 14 6 13 7 8
Armadilha 6 vestiário
A 7 23 10 19 11 30
N 11 37 14 31 17 51
T 18 60 24 50 28 81
Armadilha 7 vestiário
A 3 7 11 19 14 19
N 10 28 16 28 20 42
T 13 35 27 47 34 61
No restaurante D foram apreendidas 119 baratas (91 ninfas e 28 adultas) em
24 armadilhas: 8 em cada leitura (três na cozinha, três no depósito e duas no
vestiário). Todas áreas apresentaram de baixo a moderado nível de infestação.
Tabela 5 - Indivíduos de Blattella germanica adultas (A), ninfas (N) e totais (T) capturadas em armadilhas adesivas Trap a Roach®, no Restaurante C. Salvador, janeiro a março de 2015.
27
RESTAURANTE D
LOCAL LEITURA 1 LEI.TURA 2 LEITURA 3
09.12.14 10.12.14 06.01.15 07.01.15 02.02.15 03.02.15
24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h
Armadilha 1 cozinha
A 0 1 2 2 0 0
N 2 4 0 1 1 3
T 2 5 2 3 1 3
Armadilha 2 cozinha
A 0 0 0 0 0 0
N 0 1 1 1 0 0
T 0 1 1 1 0 0
Armadilha 3 cozinha
A 1 1 1 3 0 0
N 3 3 1 1 0 1
T 4 4 2 4 0 1
Armadilha 4 depósito
A 1 2 0 0 0 0
N 0 0 0 0 0 0
T 1 2 0 0 0 0
Armadilha 5 depósito
A - - 0 0 0 0
N - - 0 0 4 5
T - - 0 0 4 5
Armadilha 6 depósito
A 0 0 2 2 0 0
N 0 0 2 4 1 3
T 0 0 4 6 1 3
Armadilha 7 vestiário
A 0 0 0 0 1 2
N 3 5 4 5 1 4
T 3 5 4 5 2 6
Armadilha 8 vestiário
A 1 1 0 0 1 4
N 4 6 0 0 5 12
T 5 7 0 0 6 16
No restaurante E, foram capturadas 460 baratas ( 145 adultas e 315 ninfas)
em 21 armadilhas instaladas , 7 em cada leitura. O vestiário foi onde apresentou o
menor controle.
Tabela 6 - Indivíduos de Blattella germanica adultas (A), ninfas (N) e totais (T) capturadas em armadilhas adesivas Trap a Roach®, no Restaurante D. Salvador, dezembro de 2014 a
fevereiro de 2015.
28
RESTAURANTE E
LOCAL LEITURA 1 LEITURA 2 LEITURA 3
14.01.15 15.01.15 11.02.15 12.02.15 11.03.15 12.03.15
24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h
Armadilha 1 cozinha
A 0 1 0 0 0 0
N 0 0 0 0 1 2
T 0 1 0 0 1 2
Armadilha 2 cozinha
A 3 6 0 1 0 0
N 3 11 2 5 4 5
T 6 17 2 6 4 5
Armadilha 3 cozinha
A 1 3 1 2 2 4
N 4 71 1 3 2 2
T 5 74 2 5 4 6
Armadilha 4 depósito
A 1 1 0 0 0 0
N 3 4 1 2 0 2
T 4 5 1 2 0 2
Armadilha 5 depósito
A 0 0 0 0 0 0
N 2 5 3 3 0 0
T 2 5 3 3 0 0
Armadilha 6 vestiário
A 6 27 6 10 5 24
N 16 35 6 15 9 25
T 22 62 12 25 14 49
Armadilha 7 vestiário
A 4 10 3 5 6 13
N 7 23 1 6 10 21
T 11 33 4 11 16 34
No restaurante F, foram instaladas sete armadilhas em cada leitura, três na
cozinha, 2 no depósito e 2 no vestiário, num total de 21 armadilhas. Foram
capturadas 220 indivíduos adultos e 374 ninfas. Depósito e vestiário apresentaram
alto nível de infestação de pragas.
Tabela 7 - Indivíduos de Blattella germanica adultas (A), ninfas (N) e totais (T) capturadas em armadilhas adesivas Trap a Roach®, no Restaurante E. Salvador, janeiro a março de 2015.
29
RESTAURANTE F
LOCAL LEITURA 1 LEITURA 2 LEITURA 3
09.12.14 10.12.14 06.01.15 07.01.15 02.02.15 03.02.15
24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h
Armadilha 1 cozinha
A 3 6 0 4 3 7
N 4 11 5 9 7 15
T 7 17 5 13 10 22
Armadilha 2 cozinha
A 2 5 2 2 0 0
N 2 7 0 3 1 3
T 4 12 2 5 1 3
Armadilha 3 cozinha
A 2 6 1 5 0 3
N 9 12 2 14 2 6
T 11 18 3 19 2 9
Armadilha 4 depósito
A 3 8 1 3 3 3
N 6 14 4 10 2 4
T 9 22 5 13 5 7
Armadilha 5 depósito
A 4 11 2 8 1 6
N 7 16 3 14 0 8
T 11 27 5 22 1 14
Armadilha 6 vestiário
A 12 25 7 22 5 13
N 13 37 12 34 9 21
T 25 62 19 56 14 34
Armadilha 7 vestiário
A 4 11 2 8 1 6
N 7 16 3 14 0 8
T 11 27 5 22 1 14
A rotina de limpeza de 100% dos estabelecimentos, segundo os responsáveis
que responderam a pesquisa, era integral (manhã, tarde e noite). Ainda assim, como
demonstra o gráfico 3, os níveis de infestação mostraram-se altos.
Tabela 8 - Indivíduos de Blattella germanica adultas (A), ninfas (N) e totais (T) capturadas em armadilhas adesivas Trap a Roach®, no Restaurante F. Salvador, dezembro de 2014 a
fevereiro de 2015.
30
0,77%
10,85%
17,05%
13,95%
0,00%
3,10%
13,95%
12,40%
5,40%
16,28%
5,40%
0,77%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
16,00%
18,00%
Muito Alta Infestação Alta Infestação Moderada Infestação Baixa Infestação
Cozinha Depósito Vestiário
6,20%
21,13%
36,43%
30,23%
Muito alta Alta Moderada Baixa
No gráfico 4 pode-se comparar quais as áreas possuem os maiores
problemas quanto ao nível de infestação.
Os vestiários representaram 62,34% da captura de baratas de todas as
áreas pesquisadas. Raras foram as coletas em que obtiveram baixa infestação,
demonstrando ser ponto crítico nos estabelecimentos. Também foi observado que
os depósitos em comparação a cozinha e ao vestiário tiveram um melhor controle.
Gráfico 4 - áreas que apresentam maiores problemas.
Gráfico 3 - Percentual do nível de
infestação das áreas dos estabelecimentos
31
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0,21 F/m²
0,37 F/m²
0,41 F/m²
0,45 F/m²
0,56 F/m²
1,24 F/m2
18
167
18
304
319
366
N° Baratas capturadas
Ao contar o número de frestas nos ambientes, para relacionar ao número de
baratas capturadas, foi desconsiderada a área dos vestiários, pois os armários já
possuem orifícios para a entrada das baratas, que servem de esconderijo para se
protegerem e é um local com boas condições de desenvolvimento. Portanto, os
orifícios da própria estrutura do armários não foram considerados frestas.
Foi feito um levantamento de número de frestas por metro quadrado, pois
como há diferença de metragem das áreas o número de frestas poderia ficar
subestimado.
Nota-se no geral que as áreas com menor número de frestas por metro
quadrado possuem menos baratas capturadas. Mas também existe área com baixo
número de frestas por metro quadrado com alto número de baratas capturadas,
demonstrando que a alto número de frestas pode contribuir para aumentar o nível de
infestação, mas não é o único fator determinante.
Ainda relativo ao número de frestas, o restaurante de que possui menor
número de frestas e menor número de baratas capturadas fez a reforma do
estabelecimento 2 meses antes da aplicação do questionário. Em contrapartida, no
restaurante com maior número de frestas e maior números de Blattella germanica
nas armadilhas, o responsável (gerente) não se lembrava a última vez que fez a
reforma.
Gráfico 5 - Relação número de frestas por m² nas áreas do depósito e cozinha por número de
baratas capturadas.
32
0
100
200
300
400
Restaurante A
Restaurante B
Restaurante C Restaurante
D Restaurante E Restaurante
F
Nutricionista presente Nutricionista ausente
Foi feito também o levantamento da presença de nutricionista nos
estabelecimentos, já que quando estão presentes buscam implantar as normas da
Resolução da ANVISA, a RDC 216, que dispõe sobre o regulamento técnico de
Boas Práticas para Serviços de Alimentação.
O estudo mostra que a quantidade de baratas capturadas ao longo dos 3
meses é relativamente menor nos restaurantes que possuem nutricionistas.
Apenas o restaurante D, que teve o menor índice de pragas nas armadilhas,
possui nutricionista todos os dias da semana. Mas isoladamente também não é
garantia de um bom controle.
Ainda é importante destacar que os restaurantes que possuem
nutricionistas, apresentam de bom a ótimo o nível de higienização das áreas e
também de boa a ótima a preparação da loja para receber o tratamento químico
de controle de pragas.
Portanto, recomenda-se que os estabelecimentos tenham apoio de
profissionais capacitados, para garantirem que as boas práticas sejam
realizadas, permitirem e colaborarem para um trabalho eficiente dos profissionais
controladores de pragas.
Gráfico 6 - Incidência de baratas capturadas (cozinha e depósito) nos estabelecimentos com ou sem
nutricionistas
33
Restaurante A
Restaurante B
Restaurante C
Restaurante D
Restaurante E
Restaurante F
Nú
me
ro d
e b
arat
as c
aptu
rad
as
Leitura 1 Leitura 2 Leitura 3
Nenhum dos estabelecimentos fazem manutenção predial em períodos
pré-determinados. Apenas quando há necessidade, o que favorece a proliferação
das baratas.
Os restaurantes C e F não possuem periodicidade na manutenção e
limpeza dos equipamentos (balança e eletrodomésticos). Sendo que os dois
representaram 41.33% das baratas capturadas ao longo da pesquisa.
Apenas um estabelecimento (A) disse que a rotatividade de funcionários
de limpeza é baixo, o que também dificulta o controle das baratas.
Durante os trabalhos realizados nos restaurantes, a curiosidade dos
funcionários, desde gerente a nutricionistas, serviços gerais entre outros, em ver
a armadilhas com pragas e a quantidade de baratas capturadas em cada
ambiente foi alta. Até mesmo os controladores de pragas (aplicadores) queriam
saber a cada instalação de armadilha, se o número capturado tinha aumentado
ou diminuído. Então, mesmo que a forma de controle não tenha mudado, nem
mesmo o inseticida aplicado, de alguma forma, saber onde estavam os maiores
problemas gerou algum resultado, pois, como demonstra o gráfico 7, todos os
estabelecimentos, no final das 3 leituras, reduziram o número de baratas
capturadas.
Gráfico 7 - Proporção de baratas capturadas em cada leitura
Portanto, o monitoramento de pragas no local do trabalho é mais uma
arma para a obtenção de eficácia nos resultados
34
5 CONCLUSÕES
Os restaurantes apresentaram no geral, valores altos de número de
baratas capturadas em todas as vistorias. Isso reforça que o controle
somente químico às pragas, mesmo realizado por uma empresa
especializada, não é solução para obtenção de resultados satisfatórios.
Os vestiários demonstraram ser o local mais comprometido em todos os
restaurantes.
Ações de medidas de controle e de boas práticas feitas de forma
isolada não garantem um ambiente livre de baratas.
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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36
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37
APÊNDICE A – Check List dos Restaurantes avaliados
Estabelecimento:__________________________________________________________________
1. Cozinha:
a. Metragem____________________________________________________________
b. Número de frestas:______________________________________________________
2. Deposito:
a. Metragem:____________________________________________________________
b. Número de frestas:______________________________________________________
c. Alimentos armazenados em caixas ( ) Sim ( ) Não
d. Prateleiras/Palets de madeira ( ) Sim ( ) Não
3. Vestiários
a. Metragem:___________________________________________________________
b. Número de frestas: _____________________________________________________
4. Nível de Higienização da loja: ( )Ótimo ( ) Regular ( ) Ruim
5. Nível de preparação da loja para aplicação de inseticida: ( ) Ótimo ( ) Regular ( ) Ruim
38
APÊNDICE B – Questionário de avaliação de Restaurantes em Salvador - BA
Estabelecimento:___________________________________________________________________
Horário de funcionamento: _________________________________Fundada em: ____/____/______
Responsável:____________________________________ Cargo:___________________________________
Nº de funcionários:__________________________________________________________________
Valor de referência de item refrigerante lata 350 ml: R$___________________________________
1. Quantos funcionários são responsáveis pela:
a. Preparação do alimento ?___________
b. Higienização e limpeza?_____________
2. Existe nutricionista atuante no Restaurante?
( ) Sim
( ) Não
Em caso positivo: quantas vezes por semana? __________________________
3. Manutenção predial ocorre somente quando há necessidade ou em períodos predeterminados?
_____________________________________________________________________________
4. Qual foi a última reforma feita no estabelecimento:___________________________________
5. Manutenção e limpeza dos equipamentos (balança, eletrodomésticos )é realizada de quanto em
quanto tempo?_________________________________________________________________
6. Qual a rotina de limpeza do Restaurante?
( )Manhã
( )Tarde
( ) Noite
7. Qual o índice de Turnover dos funcionários de limpeza é alto?
____________________________________________________________________________