interligando a colônia 

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8/17/2019 Interligando a Colônia http://slidepdf.com/reader/full/interligando-a-colonia 1/14 Interligando a Colônia A ação dos tropeiros no Brasil dos Séculos XVIII e XIX Gabriel Passetti [email protected]  2º Ano - História/USP  tropeiros.doc - 51KB INTRODUÇÃO Este trabalho teve como base uma monografia que realizei no Segundo Semestre de 1999 para o curso de História do Brasil Colonial II tendo como professor o incr!vel Istv"n #ancsó$ % fundamenta&'o teórica se deu com base em livros cl"ssicos com base fundamental no estudo econ(mico da história como os de )afalda *$ +emella ,O abastecimento da Capitania das Minas Gerais no século  XVIII - Caio *rado #.nior ,  Formação do Brasil Contemoporâneo (colônia e !ist"ria econômica do Brasil - e Celso /urtado ,  Formação econômica do Brasil -$ 0utros autores que usei como base foram Bóris /austo Srgio Buarque de Holanda e o controverso Ellis #.nior$ Uma tropa atravessando o interior do Rio de Janeiro Minha intenção foi a de estdar as relaç!es econ"micas dentro do Brasil colonial a partir do caso espec#fico da ação dos tropeiros. $ais homens foram respons%veis pela formação de m &rande movimento de com'rcio (e aca)o interli&ando diferentes e lon&#n(as %reas da col"nia. *a ação teve como )ase a comerciali+ação de )ens importados da ,ropa al'm do com'rcio de mlas provenientes das &randes fa+endas prodtoras no Rio rande do *l. / destino dos prodtos era o e0i&ente mercado consmidor das Minas erais a(ecido pelas desco)ertas das a+idas ar#feras e diamantinas. *raticamente n'o havendo produ&'o de tais mercadorias na "rea mineradora cresceu a for&a e a import2ncia dos tropeiros que passaram a abastecer a regi'o tanto de produtos de necessidade b"sica para a

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Interligando a Colônia 

A ação dos tropeiros no Brasil 

dos Séculos XVIII e XIXGabriel Passetti

 

[email protected] 

2º Ano - História/USP  tropeiros.doc - 51KB

INTRODUÇÃO

Este trabalho teve como base uma monografia que realizei no Segundo Semestre de 1999 para o curso deHistória do Brasil Colonial II tendo como professor o incr!vel Istv"n #ancsó$

% fundamenta&'o teórica se deu com base em livros cl"ssicos com base fundamental no estudo econ(micoda história como os de )afalda *$ +emella ,O abastecimento da Capitania das Minas Gerais no século XVIII - Caio *rado #.nior , Formação do Brasil Contemoporâneo (colônia e !ist"ria econômica do Brasil -

e Celso /urtado , Formação econômica do Brasil -$ 0utros autores que usei como base foram Bóris /austoSrgio Buarque de Holanda e o controverso Ellis #.nior$

Uma tropa atravessando o interior do Rio de Janeiro

Minha intenção foi a deestdar as relaç!esecon"micas dentro doBrasil colonial a partir docaso espec#fico da açãodos tropeiros. $aishomens foram

respons%veis pelaformação de m &randemovimento de com'rcio(e aca)o interli&andodiferentes e lon&#n(as%reas da col"nia.

*a ação teve como )ase acomerciali+ação de )ensimportados da ,ropa al'mdo com'rcio de mlasprovenientes das &randesfa+endas prodtoras no Riorande do *l. / destino dosprodtos era o e0i&entemercado consmidor dasMinas erais a(ecido pelasdesco)ertas das a+idasar#feras e diamantinas.

*raticamente n'o havendo produ&'o de tais mercadorias na "rea mineradora cresceu a for&a e aimport2ncia dos tropeiros que passaram a abastecer a regi'o tanto de produtos de necessidade b"sica para a

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alimenta&'o quanto para o trabalho assim como de produtos de lu3o procurados pelos novos ricos no augeda febre mineradora$

4 esta a rela&'o que pretendo estudar5 Como a a&'o dos tropeiros no sculo 67III 8 em decorrncia docomrcio de mulas a partir do :io ;rande do Sul com os mercados em S'o *aulo e o destino final nas)inas ;erais 8 acabou resultando finalmente na unifica&'o dos diversos n.cleos coloniais portugueses e

 possibilitou assim a cria&'o de um con<unto colonial que passaria depois a ser o Brasil$

 A busca pelo ouro 

2esde o in#cio da coloni+ação port&esa na 3m'rica o &overno sempre esteve preocpadocom o desco)rimento de minas de metaispreciosos % (e as possess!es espanholas nomesmo continente assim (e foram con(istadaspassaram a fornecer tais metais 4 metrpole.

,sta )sca não foi f%cil. *omente depois das chamadas6entradas6 e 6)andeiras6 dois s'clos foram desco)ertas asprimeiras &randes a+idas de oro na 3m'rica port&esa.

,ntrando continente adentro )scavam principalmente#ndios (e eram a)sorvidos pelo crescente mercadoconsmidor. 7or'm havia tam)'m sempre o interesse doencontro de metais e pedras preciosas. 3ssim em 1898finalmente são locali+adas as primeiras a+idas consider%veisde oro na 3m'rica port&esa.

 3 not#cia se espalho pela col"nia e pelo Reino e &randesondas mi&ratrias sr&iram desde 7ort&al das ilhasatl:nticas de otras partes da col"nia e de pa#sesestran&eiros.

 

/ palista )andeirante foi

fndamental para a desco)erta das minas

 =este per!odo de 1>?? a 1>@? calcula8se que por volta de >??$??? pessoas tenham imigrado para o Brasiltendo como destino as )inas ;erais fora os incalcul"veis escravos africanos$

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;esta pintra de i&nard est% representada *a)ar% 

ma das vilas mais prsperas devido 4 e0ploração do oro

$ais dados se consideradosproporcionalmente com apoplação do Reino e mesmocolonial são de &rande vltovisto (e a poplação total do

Reino não passava dos doismilh!es de ha)itantes.

;o in#cio o &overno port&<s vicom )ons olhos a imi&ração para a+ona mineradora visto (e havia me0cedente poplacional emdeterminada %reas - como as ilhasatl:nticas - e deseava-se o (antoantes o crescimento da mineração.

=o&o se o)servo (e não eranecess%rio o est#mlo e sim (e se

freasse o fl0o poplacional % (eeste estava &erando o a)andono doscampos em 7ort&al e na col"niaassim como o crescimentoestrondoso do processo inflacion%riodevido 4 &rande )sca por prodtosde primeira necessidade por partedos mineradores com &rande(antidade de dinheiro em mãos.

 Problemas no inicio do processo minerador 

%ssim que as primeiras minas come&aram a funcionar a popula&'o passou por grandes momentos denecessidades$ Segundo +emella5 A #ão é $%cil abastecer centros populacionais nascidos &uase da noite para o dia' !aia )ente demais para ser alimentada* estida* calçada e abri)ada' O abastecimento dasminas tornou+se um problema &ue por e,es se apresentou &uase insol-el* sobreindo crises a)ud.ssimasde $ome* decorrentes da total car/ncia de )/neros mais indispens%eis 0 idaA ,+E)E%$ 199?5191-$

Estas crises de fome afligiram a zona mineradora por longos per!odos quando se chegou inclusive ainterromper os trabalhos e3trativistas para a produ&'o de gneros alimentares$ ais crises de fome forammuito fortes no anos de 1@9>81@9D 1>??81>?1 e em 1>1$

*odemos perceber que as primeiras crises aconteceram quando os n.cleos urbanos e as rotas para as )inas;erais ainda eram e3tremamente prec"rios$ #" a crise do ano de 1>1 mostra que a situa&'o continuou amesma por muito tempo devido inclusive F omiss'o e gan2ncia da Coroa que em diversos momentos

 pre<udicou drasticamente a popula&'o para defender determinados monopólios lucrativos como o do sal por e3emplo$

*orm as crises de fome n'o foram de todo ruim e in.teis afinal com a dispers'o dos mineradores muitasnovas <azidas foram descobertas ao mesmo tempo em que come&ou a ser implantada na regi'o uma

 pequena pecu"ria principalmente de su!nos nos quintais das casas 8 mesmo as da vilas$

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/tro &rande pro)lema (e sr&i em toda acol"nia mas principalmente na capitania de*ão 7alo foi o relativo ao despovoamento de&randes %reas devido 4s mi&raç!es internaspara a re&ião das Minas. 3ssim re&i!es como

as de $a)at' aratin&et% e >t? foramfortemente a)aladas devido ao desco)rimentodas minas ar#feras.

Mesmo o ;ordeste tradicional centro econ"mico dacol"nia sofre profndas alteraç!es devido 4s minas./s *enhores de ,n&enho a)atidos com a crise dacana de aç?car e interessados em &randes lcrospassaram a vender &rande parte de sa mão de o)raescrava para a prspera re&ião das Minasdespovoando assim os canaviais mas mantendo aomesmo tempo o mesmo fl0o de cai0a anti&o.

,ste com'rcio era ile&al e com)atido mas se davaprincipalmente com o a0#lio da e0celente via decontato (e era o Rio *ão rancisco. / contra)andode escravos e &<neros de toda esp'cie foi mito&rande entre as re&i!es mineradoras e as doscanaviais. 7rovas disso são por e0emplo as sntosasi&reas constr#das por todo o ;ordeste com osrecrsos captados na crendice do povo e com o orodas Minas.

 3 escravidão assmi ma import:ncia 

cada ve+ maior para a mineiração

0s principais problemas enfrentados pelos mineiros em seus primeiros momentos surgemdevido a alguns fatores facilmente reconhecidos e listados por +emella$ S'o eles5 oafastamento dos centros de produ&'o a pequena produ&'o nas zonas abastecedoras

 pouca tradi&'o de comrcio interno F Col(nia dificuldade de obten&'o de moedas poucos e prec"rios meios de transporte dificuldades na conserva&'o de v!veres e problemas com pesados impostos para a importa&'o$

O mercado consumidor 

%pesar destes problemas que muitas vezes se tornaram cr(nicos a zona mineradora conseguiu com otempo manter uma rotina clara de rotas de comrcio que a mantinham sempre abastecida de todo o tipo de

 produtos necess"rios e suprfluos$

Isto se deu devido principalmente F r"pida concentra&'o de capitais o que chamou a aten&'o de toda a

col(nia que passou a produzir muitas vezes em fun&'o do mercado mineiro 8 este maior do que o da canade a&.car mesmo em seu auge$

Gesta forma a partir do rearran<o interno da col(nia n'o ocorreram mais as crises de fome$ Estas geravam principalmente a alta dos pre&os a paralisa&'o dos trabalhos e3trativos a dispers'o dos mineradores acria&'o de ro&as locais o retorno de migrantes Fs suas regies de origem as mortes por inani&'o alm decontribu!rem tambm para a e3alta&'o dos 2nimos e o in!cio da Guerra dos 1mboabas$

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/s fncion%rios da Aoroa 

respons%veis pela arrecadação 

de impostos aca)aram com 

a atonomia dos palistas

Um &rande pro)lema enfrentado pela Aoroa comrelação 4s Minas erais foi relacionado 4 moeda.>nicialmente adoto-se o oro em p como moedapor'm este sistema )rlava facilmente o Real,r%rio (e )scava principalmente o imposto do

(into - m (into da prodção mineira eradestinado 4 Aoroa. 3l'm disso m tr(e mitocomm (e passo a ser tili+ado foi o deadicionamento de otros metais ao oro em pespeclando-se assim so)re o no)re metal.

7rocro-se desta forma impedir a livre circlação do oroem p a partir da criação das casas de fndição em ila Rica*a)ar% *ão João 2el ReC e ila do 7r#ncipe para citarsomente as dentro do centro minerador. 2esta forma as)arras de oro com o selo real passaram a ser a moeda localsendo o oro em p permitido somente em pe(enas(antidades.

7or'm este sistema tam)'m não fnciono pois passo-se araspar as )arras para o recolhimento de oro al'm dafalsificação de )arras com o selo do (into. inalmente em1DE5 foram criadas casas da moeda na re&ião e ao mesmotempo o &overno tento impedir a entrada de moeda para (eos mineradores se vissem o)ri&ados a cnhar se oro parapoder tili+a-lo.

/ sistema de coleta de impostos da Aoroa era e0tremamenter#&ido na +ona mineradora pois o oro e os diamantes sãoprodtos (e podem ser transportados facilmente mitas

ve+es de forma ile&al.

*ara evitar isso criou8se uma cota anual obrigatória de 1?? arrobas 8 apro3imadamente uma tonelada emeia 8 de ouro$ uando tal ta3a n'o era alcan&ada supunha8se que a evas'o havia aumentado e assimdividia8se entre a popula&'o a quantia AdevidaA ao governo$

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Aomo em todas as 'pocas de a)ertra deminas a &an:ncia s)i 4 ca)eça dos mineiros(e passaram a comprar escravos em msistema de pa&amento a pra+o com rose0or)itantes de cerca de E5 a FGH ao ano.

>ma&inando (e com (antos mais escravostivessem mais oro iriam o)ter mitos mineirosse endividaram e aca)aram perdendo tdo o(e tinham - inclsive escravos e a+idas. /trofator (e não foi considerado na hora dosc%lclos para a procra pelos empr'stimos foi asone&ação por parte dos prprios escravos (emitas ve+es escondiam parte do prodto dese tra)alho e &astavam-no em )e)idasalcolicas e ta)aco principalmente. $ais prodtoseram tili+ados para savi+ar o %rdo tra)alho

na )sca pelo oro.I interessante o)servar o r%pido crescimento das comprasde prodtos sp'rflos 4 medida em (e a (antidade deoro e diamantes amentava. 7assaram a che&ar 4 re&iãoprodtos das mais variadas ori&ens desde loças etapeçarias da Ahina e da ndia at' veldos vinhos e(eios da ,ropa.

 3 e0ploração de diamantes otroprodto

 

importante das minas tam)'m sedava 

principalmente com a mão-de-o)raescrava

*orm n'o só produtos banais foram importados para as )inas$ ambm o eram todo o tipo de produtosque n'o podiam ser produzidos na col(nia assim como o ferro com seus e3orbitantes pre&os e os escravosafricanos indispens"veis ao trabalho$

 =a ordem de prioridades de compras listada por +emella podemos ver que os produtos que encabe&am alista s'o5 sal e carne seguidos de ferro e a&o armas e escravos vestimentas e cal&ados animais e artigos delu3o$ % autora coloca F parte o tabaco e a aguardente por considerar estes dois produtos essenciais para otrabalho "rduo na minera&'o$

Entretanto devido aos altos pre&os dos produtos e Fs crises de fome muitas vezes animais e escravaria passavam necessidades diretas por falta de alimenta&'o e de itens muito importantes tais como o sal pore3emplo$ Enquanto os animais apenas morriam ou se enfraqueciam muitas vezes os escravos se rebelavamou partiam para o mundo do crime para tentarem amenizar tal situa&'o$

Enquanto muitas negras 8 escravas e forras 8 vendiam diretamente seus produtos nas <azidas propriamenteditas lo<as e vendas a<udaram a formar as primeiras aglomera&es populacionais que depois se tornaramvilas e finalmente cidades$

 Escassez de produtos em outras províncias

Jm dos primeiros refle3os do boom econ(mico da zona mineradora foi a escassez imediata de produtos eservi&os alm da infla&'o nas demais capitanias da col(nia portuguesa na %mrica$

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Enquanto mineiros apresentavam recursos financeiros suficientes para a compra de comidas vestimentas eanimais de toda a col(nia as outras capitanias mantiveram8se estagnadas inicialmente e desta formasofreram com a debandada de alimentos animais e prestadores de servi&o para esta "rea agora maisinteressante$

% especula&'o sobre os produtos chegou a n!veis alarmantes onde as C2maras )unicipais tentaram

interferir para impedir a falncia social e econ(mica das cidades pois enquanto os produtos se tornavamcada vez mais caros e inacess!veis profissionais como ferreiros padeiros marceneiros e oleiros setransferiram para o emergente e promissor mercado$

*orm passado este momento inicial de caos econ(mico na col(nia ela passou a se reformular em torno detal mercado consumidor gigantesco que foi criado o que possibilitou o desenvolvimento de zonasespecializadas na cria&'o engorda ou negocia&'o de animais por e3emplo$

 Especialização da produção

al especializa&'o na produ&'o p(de ser vista em todas as regies da col(nia$ Enquanto o Sul se afirmavacada vez mais como o centro produtor de animais de carga e tra&'o em grandes fazendas produtoras a

regi'o de Curitiba passou a engordar tais animais após a longa viagem$

0 :io de #aneiro passou a se tornar a principal cidade da col(nia 8 e posteriormente sua capital 8 devido Finfluncia direta do pró3imo mercado consumidor mineiro que com a abertura do Camin2o #oo passou ase utilizar deste porto para as suas importa&es e e3porta&es em detrimento de Santos no litoral paulistaque vinha sendo utilizada anteriormente$

S'o *aulo e mais especificamente a regi'o de Sorocaba se especializou na comercializa&'o dos animais decarga$ % citada cidade criou uma grande feira de animais que ocorria anualmente entre os meses de abril emaio$ Em tal feira cerca de ?$??? animais eram vendidos anualmente sendo que destes metade era

 proveniente da regi'o dos pampas$

%t o surgimento deste novo mercado a produ&'o paulista era restrita ao seu próprio mercado internosendo diminuta$ %pós as )inas ;erais S'o *aulo foi conquistando cada vez mais for&a e poder dentro danova ordem econ(mica e social passando em 1>?9 a ser uma prov!ncia distinta do :io de #aneiro$ Em1>K? as )inas ;erais dei3am de fazer parte desta prov!ncia e passam a ser geradas independentemente$

Jm fator interessante da especializa&'o regional na produ&'o em decorrncia do crescimento do mercadomineiro foi a e3istncia de cidades especializadas em AfornecerA tropeiros$ Este era o caso de )ogi8)irimCampinas e #undia! mas com principal destaque nesta .ltima$ " concentrava8se grande parte da m'o deobra que após as feiras era empregada para levar as mulas at a regi'o onde seriam vendidos e utilizados$

O tropeiro

AOutra caracter.stica da economia mineira* de pro$undas conse&3/ncias para as re)i4es i,in2as*radicaa em seu sistema de transporte' 5ocali,ada a )rande distância do litoral* dispersa em re)iãomontan2osa* a população mineira dependia para tudo de um comple6o sistema de transporte' 7 tropa demulas constitui aut/ntica in$ra+estrutura de todo o sistema' (''' Criou+se* assim* um )rande mercado paraanimais de car)aA ,/J:%G0 19>9-$

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Aomo fica )em destacado neste trecho de Aelso rtado otropeiro passo a ser o principal senão o ?nico a)astecedordo mercado das Minas erais. $radicionalmente se associa 4ima&em do palista o tropeiro mas tal ima&em ' infndadavisto (e &rande parte dos palistas foram em direção das

Minas ficando assim a atividade comercial dos tropeirosli&ada principalmente a &rpos de port&eses.

7rimeiramente os tropeiros se tili+avam do lom)o escravo como meio detransporte para as sas mercadorias mas com a a)ertra de novoscaminhos e melhora dos anti&os passo a ser tili+ado s)stancialmente olom)o das mlas para tal tarefa.

>nicialmente o com'rcio era reali+ado a partir o do Caminho Paulista odo Caminho Velho do Rio de Janeiro. / primeiro levava dois meses parache&ar 4s Minas via ale do Aamandcaia Mo&i-Mirim e &ar&anta do,m). J% o se&ndo se tili+ava tam)'m de transporte mar#timo - o (eera m inconveniente - e drava apro0imadamente F dias.

Aom a a)ertra do Caminho Novo (e se&ia do Rio de Janeirodiretamente para as Minas o tempo de via&em cai drasticamente - paraal&o em torno de 1G a 1L dias dependendo da rota tili+ada e do clima.2evido a esta diferença &i&antesca de tempo tili+ado *ão 7alo ltopela e0tinção deste novo caminho mas as forças econ"micas dametrpole falaram mais alto e o mantiveram.

/ (e diferenciava o 

tropeiro palista do mineiro era sa

capa e se chap'

7eri&os e dificldades estavam sempre presentes nos caminhos das tropas

/ com'rcio palista praticame)nte fali. >stosomente não ocorre devido 4 desco)erta deminas de oro nas re&i!es de oi%s e Matorosso locais (e se tornaram praticamente6monoplios6 de palistas e incentivaram o

crescimento desta 7rov#ncia.

 3s tropas de mlas sa#am em direção das Minaserais provenientes dos mais diferentes pontos maspara nosso estdo )asearemo-nos principalmente nasrotas de com'rcio com o *l da col"nia prodtor demares e com as &randes feiras e concentraç!escomerciais de *ão 7alo.

2rante os meses de setem)ro e ot)ro as tropassaiam do *l devido ao re&ime de chvas e portantoaos f%ceis pastos drante o caminho indo em direçãonorte rmo a Ariti)a.

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Ahe&ando a esta vilamares e tropeiros ficavamen(anto os animaisen&ordavam e a&ardavampelas feiras soroca)anas

(e aconteciam drante osmeses de a)ril e maio.

2rante os meses de setem)ro eot)ro as tropas saiam do *ldevido ao re&ime de chvas eportanto aos f%ceis pastosdrante o caminho indo emdireção norte rmo a Ariti)a.Ahe&ando a esta vila mares etropeiros ficavam en(anto osanimais en&ordavam ea&ardavam pelas feiras

soroca)anas (e aconteciamdrante os meses de a)ril emaio.

/s tropeiros aproveitavam os campos verdeantes dos mesesde 

chva para levarem as mlas e terem alimento &ratito para osanimais

al trabalho passou a ser um empreendimento de lucros alt!ssimos muitas vezes maiores do que os dos próprios mineradores visto que estes dependiam dos tropeiros$ Segundo Srgio Buarque de Holanda houveem 1>LM uma tropa que pode ser considerada a maior <" registrada5 >D? mulas fizeram o percurso do :io;rande do Sul Fs )inas ;erais$

,stes lcros possi)ilitaram aascensão social desta &ente (e

passo a ostentar ses s#m)olos deri(e+a e a &astar vltosas (antiasem ca)ar's o&os e teatros al'm dericos ornamentos para sascaval&adras. /s tropeiros sãoencontrados nas ra#+es de diversasfam#lias importantes dos ,stados de*ão 7alo e Minas erais.

$ais homens passaram a serem respeitadospor se poder econ"mico e pol#tico al'm deter tam)'m se tornado 6figura extremamente

 popular o tropeiro se no prin!"pio #a eraminera#ora teve $ual$uer !ousa #o antip%ti!o pela espe!ula&'o $ue fa(ia #os g)neros aos pou!os foi a#$uirin#o ao la#o #a fun&'o puramente e!on*mi!a #e a+aste!e#or #as,erais um papel mais so!ial e simp%ti!o #e porta#or #e not"!ias mensageiro #e !artas ere!a#os .epresentava um ver#a#eiro tra&o#e uni'o entre !entros ur+anos

,s(ema das principais rotas dos tropeiros pelo 

,stado do 7aran% com desta(e 4s cidades 

fndadas devido a este movimento

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afasta#"ssimos levan#o #e uns para outrosas novi#a#es pol"ti!as as informa&es so+reas !ousas #e uso !orrespon#)n!ias mo#aset!  6 N,M,==3 199GO.

O centro produtor de muares

Inicialmente a cria&'o de mulas para carga se deu nas prov!ncias hisp2nicas do *rata$ " havia <" umatradi&'o na cria&'o de tais animais visto que estes eram levados para os trabalhos nas minas de *otos!$Seguindo a tradi&'o o governo portugus utilizou8se disso para incentivar a ocupa&'o de t'o problem"ticaregi'o$

Gisputada durante anos por guerras entre portugueses e espanhóis após assinados os acordos de paz ogoverno luso tratou de ocupar os terrenos dos atuais Estados do Sul$ %ssim a cria&'o de mulas bois ecavalos em fazendas de n.cleos familiares mas de avanta<ados tamanhos foi a solu&'o ideal encontrada

 pelos governantes$

Conciliando tal necessidade com a crescente procura por tais animais por parte da zona mineradora foramcriadas as condi&es ideais para o estabelecimento da cultura da pecu"ria nesta regi'o$ Sendo o pontoinicial das tropas a mobiliza&'o na regi'o come&ava nos meses de setembro e outubro quando tais tropassubiam na dire&'o norte aproveitando8se do regime das chuvas que possibilitava a e3istncia de e3celentes

 pastos durante o caminho para os animais$

 As grandes rotas 

/s caminhos das tropas foram se tornando&radativamente rotas de passa&em ecom'rcio

6Ca#a ano su+iam #o .io ,ran#e #o Sul#e(enas #e milhares #e mulas as $uais!onstitu"am a prin!ipal fonte #e ren#a #a

regi'o 0sses animais se !on!entravam naregi'o #e S'o Paulo on#e em gran#esfeiras eram #istri+u"#os aos !ompra#ores$ue provinham #e #iferentes regies 1estemo#o a e!onomia mineira atravs #e seusefeitos in#iretos permitiu $ue searti!ulassem as #iferentes regies #o sul #o

 pa"s6 UR$32/ 19L9O.

,m 1LFF passa a primeira tropa de mlas por *ão7alo em direção 4s Minas erais. 3 partir desta

data este ' m movimento incessante at'apro0imadamente 1DL5 (ando as estradas de ferrofinalmente sprimem o transporte por mlas nestare&ião do Brasil.

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 3companhando estes caminhos foram sr&indo roças estala&ens e povoados

2rante m s'clo e meio h%ma &rande linha de com'rcio

 ntando o *l da col"nias 4sMinas erais. I a linha decom'rcio palista tropeira.

Aom ela prosperaram diversascidades. 3 principal foi*oroca)a com se mercadode animais. Mas fora elatemos tam)'m >tapetinin&aAa)re?va 3pia# >tarar' 3var'e tantas otras assim como odesenvolvimento do porto de*antos.

;os caminhos das frotas aospocos foram instalando-sepe(enas roças estala&ens e pastos(e fncionavam como pontos dea0#lio para tropeiros viaantes detoda esp'cie e ses animais. 3oredor destes n?cleos a&re&adoressr&iram diversas cidades e vilas.

/tra importante rota (e entretantonão ser% estdada a fndo a(i ' arota (e li&a *ão 7alo 4s minas deoi%s e do Mato rosso.

Giferentemente do processo ocorrido com as )inas ;erais nestas outras o relacionamento entre as regiesse deu principalmente por vias fluviais com as chamadasmonç4es$

Segundo Caio *rado #.nior A 7 necessidade de abastecer a população concentrada nas minas e na noacapital* estimular% as atiidades econômicas num lar)o raio )eo)r%$ico &ue atin)ir% não somente ascapitanias de Minas Gerais e 8io de 9aneiro propriamente* mas também :ão ;aulo' 7 a)ricultura e maisem particular a pecu%ria desenoler+se+ão )randemente nestas re)i4es' (''' #estas condiç4es* osmineradores terão de se abastecer de )/neros de consumo indos de $oraA ,*:%G0 #: 19>M-$

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 )apa da articula&'o econ(mica da Col(nia em torno da minera&'o

 Decadência e renascimento

anto as )inas ;erais quanto S'o *aulo tiveram per!odos de glória no sculo 67III deca!ram e depoisrenasceram$ =as )inas depois do final da era do ouro e dos diamantes quando n'o mais eraeconomicamente vi"vel a e3tra&'o do metal e da pedra preciosa a regi'o passou a se dedicar intensamenteF agricultura e F pecu"ria$

ais mudan&as foram ocorrendo gradativamente de modo que n'o interferiram profundamente na ordemsocial vigente$ N medida em que as lavras de ouro foram se fechando o governo lusitano foi concedendosesmarias com a obriga&'o da utiliza&'o na pecu"ria$ Gesta forma após a decadncia da minera&'o a zonadas )inas ;erais tornou8se um importante centro agro8pecu"rio do Brasil apesar de suas AcidadeshistóricasA n'o terem mantido a import2ncia que tiveram e terem se estagnado econ(mica pol!tica social eculturalmente$

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#" para S'o *aulo foram duas as e3perincia traum"ticas5 a derrota na Guerra dos 1mboabas quando perdeu8se o dom!nio das )inas ;erais t'o procuradasO e quando houve a abertura do Camin2o #oo <untando diretamente as )inas ;erais como :io de #aneiro$

Em ambos os casos a popula&'o paulista manteve seu poderio econ(mico$ S'o *aulo permaneceu sendo oentreposto entre as zonas criadoras e consumidoras de mulas e tambm e3erceu toda a influncia que tinha

 perdido nas )inas ;erais sobre as minas de ;oi"s e )ato ;rosso$ =o contato com estas zonas e3istiu praticamente um monopólio paulista de comrcio 8 via monç4es 8 e uso das lavras$

*osteriormente com a decadncia das minas goianas e mato8grossensses S'o *aulo <" havia conquistado o posto de principal centro econ(mico com a produ&'o cafeeira e posteriormente com a produ&'o industrial$

CONSIDERAÇÕES FINAIS

%pós a leitura de obras important!ssimas da historiografia brasileira e o estudo desenvolvido acerca dasrela&es entre a produ&'o de muares no :io ;rande do Sul com as )inas ;erais e S'o *aulo via tropeiros

 podemos chegar a algumas considera&es finais$

$oda a col"nia se articlo em torno do com'rcio com 

a +ona mineradora. ,0emplo de m rancho no *l criando mlas para o crescente mercado consmidor das Minas erais

/ intenso com'rcio &eradopelas tropas (e sediri&em 4s Minas eraispassa a formar pelaprimeira ve+ em nossahistria m interc:m)iointerno na col"nia. 3ssima import:ncia das tropas

para a formação do Brasilfoi fndamental para li&ar enir %reas tão distintas etão distantes.

 3 mineração torno tam)'mposs#vel a criação de m centrodin:mico na col"nia onde asrelaç!es comerciais entrere&i!es mito distantesformaram ma teia de relaç!esde interdepend<ncia onde

mercado consmidor centroprodtor e centro deor&ani+ação interna estãointimamente li&ados.

Gesde esta poca o Brasil passou a manter relativamente a mesma ordem econ(mica e pol!tica estandoestes trs Estados aqui estudados ,S'o *aulo )inas ;erais e :io ;rande do Sul- comandando a log!sticanacional$

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Encerrando gostaria de utilizar duas cita&es de diferentes autores que foram e3tremamente elucidativos para a composi&'o deste trabalho5 )afalda *$ +emella e Celso /urtado$

A ;ela primeira e, no Brasil apareceu intenso comércio interno de arti)os de subsist/ncia< a circulaçãodos )/neros obri)ou 0 abertura de ias de penetração no sertão* 0 criação de um sistema de transportes*baseado no muar A ,+E)E% 199?-$

A ;or um lado* eleou substancialmente a rentabilidade da atiidade pecu%ria* indu,indo a uma utili,açãomais ampla das terras e do reban2o' ;or outro* $e, interdependentes as di$erentes re)i4es* especiali,adasumas na criação* outras na en)orda e distribuição e outras constituindo os principais mercadosconsumidores' = um e&u.oco supor &ue $oi a criação &ue uniu essas re)i4es' >uem as uniu $oi a procurade )ado &ue se irradiaa do centro dinâmico constitu.do pela economia mineiraA ,/J:%G0 19>9-$

BIBLIOGRAFIA

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/J:%G0 Celso$ A/orma&'o econ(mica do BrasilA Cia$ Editora =acional S'o *aulo 19>9$ 1@R Edi&'o$

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+E)E% )afalda *$5 A0 abastecimento da capitania das )inas ;erais no sculo 67IIIA$ Cole&'oEstudos Históricos Hucitec8Edusp S'o *aulo199?$