introducao ao controle
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8/17/2019 Introducao Ao Controle
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Introdução ao Sistema de Controle
Controle 1
Prof. Paulo Roberto Brero de Campos
0.1 Introdução
Controle é o ato de exercer comando sobre uma variável de um sistema para que
esta variável siga um determinado valor, chamado valor de referência. Um sistema
projetado para seguir um valor de referência que se altera continuamente é chamado servo
ou controle de rastreamento. Um sistema projetado para manter uma saı́da em um valor
fixado, independente de perturbações que possam ocorrer, é chamado um regulador ou
um controle de regulação.
Na figura 1 é mostrado como é realizado o controle de temperatura de um ambiente de
forma manual. Um operador fica continuamente verificando a temperatura do ambiente,
através de um medidor, e ajusta a tensão aplicada no aquecedor elétrico, para aumentar
ou diminuir a potência aplicada à resistência elétrica do aquecedor e com isto aumentar
ou diminuir a temperatura do ambiente.
Figura 1: Controle de temperatura manual
Os sistemas de controle são projetados para desempenhar tarefas espećıficas, sendo1
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que os requisitos impostos aos sistemas de controle são chamados de especificações de
desempenho. Estas especificações podem ser relativas à estabilidade, velocidade de
resposta, etc.
Nesta apostila serão vistos os conceitos iniciais para se compreender e analisar um
sistema de controle.
0.2 Definições
Realimentação (feedback) – também conhecido como retro-alimentação. Procedi-
mento através do qual parte do sinal de sáıda é transferida para a entrada, com o objetivo
de controlar a sáıda.
Sistema de Controle – é um conjunto de componentes f́ısicos conectados ou relaci-
onados de maneira a comandar, dirigir ou regular a si mesmo ou a outros sistemas.
Planta – é qualquer objeto f́ısico a ser controlador. Exemplo: um motor DC.
Processo – sequência de fatos ou operações que apresentam certa unidade. Pode ser
conceituado como qualquer operação a ser controlada. Exemplos: processos qúımicos,
processos econômicos, processos biológicos. Um processo possui uma entrada, uma sáıdae realiza uma determinada operação. Assim os termos Planta e Processo podem ser
utilizados como sinônimos, mas Processo é sempre mais abrangente que Planta.
Sistema – é uma combinação de componentes que atuam em conjunto e realizam um
determinado objetivo. O conceito de sistemas pode ser aplicado à fenômenos abstratos,
dinâmicos, tais como os encontrados em economia.
Perturbação (ou distúrbio) – é um sinal que tende a afetar de forma adversa o valor
da sáıda do sistema. A perturbação pode afetar qualquer parte de um sistema. Na figura
2 é mostrado uma perturbação na sáıda do sistema.
R(s) C(s) Y(s)
+D(s)
+
Figura 2: Função de transferência em malha aberta com perturbação
2
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Sistema de controle em malha aberta – um sistema em que a sáıda não tem
nenhum efeito sobre a ação de controle. O sistema não faz medições da sáıda e não há
correção do sinal atuante para que a saı́da seja a justada conforme o sinal de entrada. O
sistema da figura 2 é um sistema em malha aberta.
Sistema de controle realimentado (malha fechada) – é um sistema que mantémuma relação prescrita entre a sáıda e alguma entrada de referência comparando-as e uti-
lizando a diferença como um meio de controle.
Um sistema em malha fechada é representado pelo diagrama de blocos da figura 3. O
bloco G(s) representa a planta ou processo a ser controlado. O bloco H (s) representa o
transdutor que fará a leitura da sáıda do sistema. O bloco C (s) representa o compensador
ou controlador, acrescentado para alterar alguma caracteŕıstica do sistema em malha
fechada.
–
+R(s) Y(s)
K C(s)
D(s)
+ G(s)
H(s)
Figura 3: Função de transferência em malha fechada
Servossistema – é um sistema de controle realimentado em que a sáıda é alguma
posição mecânica, velocidade ou aceleração. O termo servossistema é normalmente usado
para indicar um sistema de controle de posição.
Sistema regulador automático (regulador) – é um sistema de controle realimentado
em que a entrada de referência (ou a sáıda desejada) é constante ou varia lentamente com
o tempo e que a tarefa principal consiste em manter a sáıda real no valor desejado na
presença de perturbações.
Sistema de controle de processos – é um sistema regulador automático em que a
saı́da é uma varíavel, tal como: pressão, temperatura, fluxo, ńıvel de ĺıquido, PH, etc.
Exerćıcios:
1) Explique o que significam: a) Set-point (valor de refer̂encia); b) Sinal atuante; c)
Variável manipulada; c) Variável controlada; d) erro; e) off-set; f) tempo morto;3
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2) Qual o objetivo de se fazer o controle realimentado?
3) Qual a diferença entre servomecanismo e regulador?
4) O que significam representação nominal e representação real da planta?
0.3 Caracteŕısticas dos sistemas realimentados
Vantagens:
1. Menor sensibilidade a variações nas caracteŕısticas dos sistema.
2. Aumento da largura de faixa
3. Exatidão aumentada - capacidade de reproduzir a entrada com fidelidade.
4. Redução do efeito de não-linearidades e distorções.
5. Permite estabilizar sistemas que sejam instáveis em malha aberta.
Desvantagem:
1. Instabilidade - tendência para oscilação.
O objetivo da disciplina de controle I é inicialmente estudar como representar
matematicamente o processo (planta) a ser estudado. Em seguida analisar se o sistema
em malha fechada é estável ou não, e o que pode ser feito para estabilizá-lo de forma a
obter determinados tipos de respostas.
0.4 Estabilidade
Diremos que um sistema será estável se a aplicação de um sinal de entrada limitado
resultar em um sinal limitado na sáıda, como mostrado nos dois primeiros gráficos da figura
4. Note que apesar da saı́da do segundo sistema ser oscilatória, ela ainda é limitada. Este
tipo de sistema é dito ser marginalmente estável. Nos dois últimos gráficos da figura 4
são mostrados dois exemplos de sistemas instáveis.
0.5 Modelamento de um sistema mecânico
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Figura 4: Sistemas estáveis e instáveis
Um sistema de controle será útil apenas se for estável. Deve-se então buscar alguma
forma de estudar a estabilidade de um sistema de controle. Conhecer um sistema é
conhecer cada um dos elementos que compõe o sistema de controle. Uma maneira de se
obter isto é através do estudo das relações dinâmicas que definem o comportamento de
cada elemento. Para isto é necessário fazer o modelamento matemático de cada elemento.
O modelo matemático de um sistema dinâmico é definido como um conjunto de
equações que representam a dinâmica do sistema precisamente, ou pelo menos, sensivel-
mente bem.
A dinâmica de um sistema, seja elétrico, mecânico, térmico, econômico, biológico, pode
ser descrita em termos de Equações diferenciais.
Estas equações podem ser obtidas utilizando-se as leis f́ısicas que governam um sistema
particular, por exemplo: leis de Newton para sistemas mecânicos, leis de Kirchoff para
sistemas elétricos, etc.
A resposta de um sistema dinâmico a uma determinada entrada pode ser obtida se as
equações diferenciais envolvidas forem resolvidas.
0.5.1 Aplicação da 2a lei de Newton
Considere o sistema mostrado na figura 5.
Figura 5: Sistema mecânico, com atrito
Um bloco de massa M está se movendo em uma superf́ıcie horizontal sob a influência5
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de uma força externa F , sofrendo o impedimento de uma força de atrito D(v), que é
função da velocidade.
Da segunda Lei de Newton:F = ma e a = dv
dt
Como o atrito se opõe à força F : F −
D(v) = M dv
dt
dv
dt = F
M −
D(v)M
Estas equações definem o movimento da massa.
0.5.2 Prinćıpio de D’Alembert
Em qualquer instante um corpo em movimento está em equiĺıbrio dinâmico, ou seja, a
soma de todas as forças que agem sobre o mesmo é nula (incluindo a força de inércia quesempre se opõe à aceleração).
Exemplo: considere o bloco de massa M se movendo em uma superf́ıcie sem atrito,
sob a influência de uma força externa f (t), como mostrado na figura 6. Para este sistema
o somatório de forças é dado por:
f (t) = M ÿ = M v̇ = Ma
Figura 6: Sistema mecânico, sem atrito
0.5.3 Elementos mecânicos
Massa (M) – armazena energia cinética (é um elemento análogo à indutância). Uni-
dade [Kg]
Mola linear (k)– armazena energia potencial (é um elemento análogo ao capacitor).
Caracterizado pela constante de elasticidade da mola (k), também denominada rigi-
dez da mola. A força da mola depende do seu deslocamento: f (t) = ky(t). O desenho da
mola é mostrado na figura 7.6
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Amortecedor (b) – é um componente que resiste à velocidade imposta. Ele dissipa
energia: f (t) = bẏ(t). O desenho do amortecedor é mostrado na figura 8.
y
f (t)
Figura 7: Mola linear, sendo y=deslocamento
y
f (t)
Figura 8: Amortecedor
Exemplo 1: Considere um sistema massa-mola, em que inicialmente em repouso a
mola tem um comprimento y0. Isto é mostrado no primeiro desenho da figura 9. No
segundo desenho, a massa é solta e o sistema atinge um equiĺıbrio estático. No terceiro
desenho é mostrado o equilı́brio de forças.
y0
M
y0
y(t)
M
Equiĺıbrio estático
P = Mg
M ky
Mg=ky
Figura 9: Sistema massa-mola.
Exemplo 2: Neste sistema será aplicada uma força externa f à massa. As forças
presentes neste sistema são mostradas na figura 10.7
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y0
x1
y
Ponto de equiĺıbrio
estático
x
M
f P = Mg
Mg
f
M
kx1
M ẍ1
Figura 10: Sistema massa-mola, sujeito a força externa f
Lembrando que no equiĺıbrio estático, o sistema estaria na posição y0 + y. Devido àforça f o sistema se desloca x1 = x + y.
O equilı́brio de forças resulta em: f + Mg −M ẍ1 −Kx1 = 0
Substituindo x1 = x + y, obtem-se:
f + Mg −M ̈x−Kx−Ky = 0, sendo que ky = Mg.
Resultando então: f + Mg −M ẍ−Kx−Mg = 0, finalmente chega-se a:
f = M ẍ + Kx
A força da gravidade age da mesma forma em qualquer ponto, por isto acaba sendosimplificada.
Por esta razão, sempre os sistema mecânicos serão equacionados em relação à posição
de equiĺıbrio estático.
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