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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENADORIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E INTEGRAÇÃO ACADÊMICA PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO ISABELLA MATULEVICIUS VILLANOVA RELATÓRIO FINAL INICIAÇÃO CIENTÍFICA: PIBIC CNPq ( ), PIBIC CNPq Ações Afirmativas ( ), PIBIC UFPR TN ( ), PIBIC Fundação Araucária ( ), PIBIC Voluntária (X), Jovens Talentos ( ), PIBIC EM ( ). INICIAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO: PIBITI CNPq ( ), PIBITI UFPR TN ( ), PIBITI Funttel ou PIBITI Voluntária ( ); (De 15/03/2017 a 31/07/2017) RECICLAGEM DE VIDROS EM ARQUITETURA E DESIGN Relatório Final apresentado à COOR- DENADORIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E INTEGRAÇÃO ACADÊMICA da Universi- dade Federal do Paraná UFPR Edital 2016/2017. NOME DO ORIENTADOR: Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto Departamento de Arquitetura e Urbanismo TÍTULO DO PROJETO: Green Architecture: Estratégias de sustentabilidade aplicas à arquitetura e design BANPESQ/THALES: 2014015429 CURITIBA PR 2017

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENADORIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E INTEGRAÇÃO ACADÊMICA

PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO

ISABELLA MATULEVICIUS VILLANOVA

RELATÓRIO FINAL

INICIAÇÃO CIENTÍFICA:

PIBIC CNPq ( ), PIBIC CNPq Ações Afirmativas ( ), PIBIC UFPR TN ( ),

PIBIC Fundação Araucária ( ), PIBIC Voluntária (X), Jovens Talentos ( ), PIBIC EM ( ).

INICIAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO:

PIBITI CNPq ( ), PIBITI UFPR TN ( ), PIBITI Funttel ou PIBITI Voluntária ( );

(De 15/03/2017 a 31/07/2017)

RECICLAGEM DE VIDROS EM ARQUITETURA E DESIGN

Relatório Final apresentado à COOR-

DENADORIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E

INTEGRAÇÃO ACADÊMICA da Universi-

dade Federal do Paraná – UFPR

Edital 2016/2017.

NOME DO ORIENTADOR:

Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto

Departamento de Arquitetura e Urbanismo

TÍTULO DO PROJETO:

Green Architecture: Estratégias de sustentabilidade aplicas à arquitetura e

design

BANPESQ/THALES: 2014015429

CURITIBA PR

2017

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1 TÍTULO

Reciclagem de Vidros em Arquitetura e Design.

2 ALTERAÇÕES NO PLANO DE TRABALHO

Não houve alterações realizadas no cronograma da pesquisa, seguindo-se o plano de

acordo com o que foi preestabelecido.

3 RESUMO

Entre os temas de maior visibilidade hoje em dia está a questão da sustentabilidade, cujo

conceito foi sendo gerado desde o despertar ecológico de meados do século passado. A

industrialização mostrou para a sociedade um novo estilo de vida a ser seguido, o qual acabou

conduzindo ao consumismo e consequentemente ao desperdício de materiais e ao impacto

irreversível sobre o planeta. Este modo de viver adotado pela maior parte da sociedade mostrou-

se insustentável, gerando um desequilíbrio ambiental e colocando em risco a própria

sobrevivência do ser humano. Conferências e relatórios foram realizados com o intuito de unir as

nações em prol de um novo modelo de desenvolvimento econômico que fosse mais ligado às

questões sociais e ambientais, surgindo assim a ideia de desenvolvimento sustentável.

Foi a partir do amadurecimento dessa problemática que a reciclagem apareceu como

método de redução e/ou reparação do desperdício de recursos naturais. Isto fez com que os

materiais não fossem simplesmente descartados no meio ambiente, mas pudessem ser

reutilizados. Este trabalho de iniciação científica faz parte do projeto de pesquisa “Green

Architecture: Estratégias de sustentabilidade aplicadas à arquitetura e design” e tem como objetivo

principal abordar formas de reciclagem possíveis de serem usadas nestas atividades de grande

impacto socioambiental. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa de caráter teórico-

conceitual e cunho exploratório, que está baseada na seleção de fontes e revisão web-

bibliográfica, além do estudo de casos, com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre

reciclagem e reaproveitamento de vidros na arquitetura e design contemporâneo, incluindo

informações históricas, estéticas, funcionais e técnicas para o projeto e execução de edificações e

produtos mais sustentáveis.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Arquitetura Sustentável. Reciclagem.

4 INTRODUÇÃO

Nos últimos dois séculos, devido ao intenso processo de industrialização e consequente

aumento da urbanização em todo o mundo, houve a disseminação do pensamento de que o

progresso estaria intimamente ligado ao crescimento econômico ilimitado. Isto gerou uma visão

unilateral de desenvolvimento, este baseado essencialmente na produção material. Entretanto, tal

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posicionamento da sociedade – que levou a uma nova realidade socioeconômica em paralelo a

muitas inovações tecnológicas – deparou-se com problemas que ela mesma tinha produzido, tais

como: aumento da poluição, violência, precariedade de serviços básicos e perda da

biodiversidade, entre outros. Estes problemas prejudicam a qualidade de vida nas cidades e

colocam em risco a própria sobrevivência humana. (CASTELNOU, 2015)

Foi principalmente após a Segunda Guerra Mundial (1939/45) que teve início o

questionamento sobre o estilo de vida do homem contemporâneo e sua relação com o meio

ambiente. Isto ocorreu, de acordo com a mesma fonte, devido à percepção de riscos ambientais

globais, em especial graças ao risco nuclear. Esta situação revelou problemas ecológicos que não

estariam restritos a territórios limitados, gerando uma questão que deveria ser resolvida

mundialmente. Por iniciativa da ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU, em 1972, realizou-se

uma conferência em Estocolmo (Suécia), onde foi discutida a crescente degradação ambiental.

Tal questão deixava de se restringir somente ao meio natural e passava a incluir o social, devido à

conclusão de que o problema derivava da insustentabilidade do modo de produção, vistos a

tecnologia agressiva e o consumo excessivo, que acabava gerando o desequilíbrio ambiental.

As populações naturais tendem a se estabelecer numa situação de equilíbrio ecológico fluente. Em vez de superexplorar seus recursos, adotam um esquema e uma taxa de utilização destes para que o meio ambiente tenha condições de as sustentar indefinidamente [...] Somos parte de um ecossistema, temos de reconhecer nossas necessidades e participar eticamente. (ADAM, 2001, p. 29)

A conferência do início da década de 1970 – a partir da qual se seguiram graves crises

energéticas e publicações internacionais importantes – trouxe o debate sobre a questão ambiental

para o mundo inteiro, dando origem a várias outros procedimentos para discutir o tema. Um

acontecimento de grande impacto foi a formação, em 1983, da COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO

AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (CMMAD), a qual elaborou um relatório sob a liderança da ex-

primeira-ministra norueguesa Gro Harlen Brundtland (1939-). Este relatório posteriormente

publicado e intitulado Our common future (Nosso futuro comum, 1991) propunha uma agenda

global para uma mudança de comportamento da sociedade. Constituía-se até então do maior

esforço conhecido para conciliar a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento

socioeconômico, dando assim origem à denominação “desenvolvimento sustentável”.

(PENSAMENTO VERDE, 2014)

No mínimo, o desenvolvimento sustentável não deve pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na Terra: a atmosfera, as águas, os solos e os seres vivos. Na sua essência [...] é um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas. (RELATÓRIO BRUNDTLAND, apud ONU, 2016, p. 01)

Hoje em dia, a sustentabilidade envolve três esferas que se sobrepõem, a saber: a do

desenvolvimento econômico, a do desenvolvimento econômico, a do desenvolvimento social e a

da preservação e conservação ambiental (Figura 01). Em outras palavras, para se explicar

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questões ambientais, atualmente não se pode observá-

las somente pelo ponto de vista ecológico. “Faz-se

necessário considerar os aspectos políticos, sociais,

ecológicos, culturais e outros para que se obtenha uma

visão global do problema e das suas alternativas de

soluções.” (DIAS, 2004, p. 07)

Duas décadas após o evento sueco, em 1992,

ocorreu a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O

MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO (CNUMAD),

também conhecida como a Cúpula da Terra e, por ter

acontecido no Rio de Janeiro, foi chamada de Rio-92 ou Eco’92. Foi graças a ela que se

estabeleceu a Agenda 211, cujas determinações foram revistas em conferências posteriores,

como a Rio+10, ocorrida em Johannesburgo (África do Sul); e a Rio+20, que voltava a ser sediada

em terras cariocas. A partir desta última, o governo brasileiro passou a estimular vários segmentos

da sociedade com o objetivo de criar uma pauta de políticas ambientais sustentáveis de acordo

com as potencialidades e as vulnerabilidades dos recursos naturais do país. Nestes termos, o

Brasil vem se destacando mundialmente quando se fala na proteção à biodiversidade, pois vem

procurando conservá-la em contraposto à rápida degradação de ambientes naturais. (IPEA, 2010)

Em relação à arquitetura e ao urbanismo, principalmente entre o final da década de 1980 e

início da década de 1990, as questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável chegaram a

estes setores, transformando-os definitivamente. Tais segmentos tornaram-se atrativos para o

conceito de sustentabilidade devido aos intensos impactos negativos que trazem ao meio

ambiente. Além de estes serem gerados devido à organização das cidades promoverem grande

consumo de materiais, água e energia, a construção civil também é responsável por 40% do

consumo mundial de energia e por 16% da água utilizada no mundo. (DELNERO, 2014)

Assim, torna-se necessária uma mudança radical na produção arquitetônica e urbanística,

visto que, de acordo com o guia da FEDERAÇÃO DE INDÚSTRIAS DE MINAS GERAIS – FIEMG (2008),

a sociedade e o mercado pressionam esses setores a incorporarem práticas mais sustentáveis em

suas atividades. Portanto, diante desse quadro, ocorre cada vez mais a busca do equilíbrio entre

quatro requisitos, que são os seguintes: a adequação ambiental, a viabilidade econômica, a justiça

social e a aceitação cultural. E é justamente diante disto que surge o conceito de Construção

Sustentável, o qual se baseia na interação entre a tecnologia moderna, as necessidades dos

usuários e, acima de tudo, em soluções que enfrentem os principais problemas ambientais da

atualidade. A noção deste procedimento deve estar presente em todo o ciclo de vida de um

empreendimento.

1 A Agenda 21 foi um programa de ação baseado em um documento de 40 capítulos criado em 1992, que se constituiu na maior

tentativa já realizada até então de promover, em escala mundial, o desenvolvimento sustentável. É usada até hoje como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. (MMA, 2016)

FIGURA 01

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Foi a partir da difusão dessa visão que tanto países europeus como EUA e Canadá

criaram critérios de avaliação para construções sustentáveis já na década de 1990, com a

intenção de encorajar o mercado a obter níveis superiores de desempenho ambiental. No Brasil, o

documento de boa conduta socioambiental mais difundido é a Certificação LEED2 do U. S. GREEN

BUILDING COUNCIL (GBC), porém outros sistemas estão começando a surgir. (DELNERO, 2014)

Uma das consequências do excesso de consumo e do crescimento populacional

corresponderia ao desperdício de materiais, alimentos e energia. De acordo com Fonseca (2013),

como na natureza tudo é reaproveitado, tal situação gera problemáticas com o descarte de lixo.

Alguns dos mecanismos para melhorar este cenário e encontrar a sustentabilidade consistem na

reciclagem3, na reutilização de materiais e na própria redução de produção de resíduos e

consumo. Estes, além de ajudarem na preservação ambiental, também contribuem no âmbito

financeiro, economizando custos e gerando empregos.

Basicamente, o fator principal que diferencia a reciclagem da reutilização de materiais é

que, na primeira, a matéria-prima é usada para a criação e/ou fabricação de novos produtos; e

assim possuem uma nova composição química (FONSECA, 2013). Já reutilizar envolve o

reaproveitamento do material descartado in natura, ou seja, sem haver o seu reprocessamento,

como seria o caso de aplicar pneus ou garrafas pet diretamente em uma nova construção. Isto é

diferente ao fabricar telhas ou tijolos a partir de material descartado, o qual é, portanto, reciclado.

Os principais materiais que podem ser reciclados são: plásticos, vidros, papéis, metais e

lixo orgânico, sendo este último mais reutilizado como adubo. Outros materiais na construção civil

também podem ser reciclados, como a madeira e o concreto. Este setor é um dos principais

geradores de resíduos, uma vez que as perdas em obras variam entre 30 a 100% do material

comprado (ADAM, 2001). Assim, as alternativas de reciclagem e do reaproveitamento tornam-se

uma ótima solução, o que é confirmado pela POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS), a

qual está expressa na Lei Federal n. 12.305/10, que prevê a redução na geração de resíduos, o

aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos e – no caso dessa prática não poder

ser realizada – a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos. (MMA, 2010)

É a partir dessa situação que se torna interessante estudar a aplicação de materiais

reciclados na arquitetura e desenho industrial que, no caso desta pesquisa, centraliza-se na

questão dos vidros. “A menos que aprendamos a preservar e conservar os recursos da Terra, e a

mudar os nossos padrões básicos de consumo, fabrico e reciclagem, podemos não ter futuro”.

(PAPANEK, 1995, p. 17)

2 LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para

edificações, tendo o objetivo de incentivar a sustentabilidade nos projetos, obras e operação das edificações. Atuando em 143 países, possui 07 (sete) dimensões a serem avaliadas nas edificações, sendo elas: Espaço sustentável, Eficiência do uso da água, Energia e atmosfera, Materiais e recursos, Qualidade ambiental interna, Inovação e processos e Créditos de prioridade regional. Todas elas possuem um sistema de práticas obrigatórias e créditos que garantem pontos para uma edificação. Por fim, o nível da certificação é definido, conforme essa quantidade de pontos, variando de 40 a 110 pontos. (GBCB, 2014)

3 Segundo Adam (2001) reciclar refere-se ao processo no qual a matéria-prima e produtos passam para serem reintegrados a um ciclo de produção ou de consumo, seja este o mesmo de sua origem ou outro qualquer. Em outras palavras, reciclar é dar uma nova vida a determinado material, que é reutilizado de outra forma ou em outro lugar. (ADAM, 2001)

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5 REVISÃO DA LITERATURA

Não se sabe ao certo como ocorreu a descoberta do vidro, mas há evidencias de sua

existência desde 4000 a.C.. Citado por Pinheiro (2007), o historiador romano Plinio4 concedeu

este achado aos antigos fenícios, tendo acontecido de forma acidental ao improvisarem fogões

usando blocos de salitre e soda, para aquecer suas refeições, sendo que após algum tempo

notaram que do fogo escorria uma substância brilhante que se solidificava imediatamente: o vidro.

De forma geral, acredita-se que a moldagem do vidro e sua utilização como recipientes

abertos – tais como jarros e tigelas – tenha surgido no Egito em 1500 a.C., a partir de quando

povos da Mesopotâmia, Síria e Grécia, entre outros, passaram também a utiliza-lo na fabricação

desses objetos. A composição do material nessa época era muito parecida com a atual, porém de

aparência opaca e arenosa, devido à falta de tecnologia para se obter um alto ponto de fusão.

Entre seus elementos estavam: a sílica, o cálcio, a cal, a barrilha e o potássio. (PINHEIRO, 2007)

Segundo o mesmo autor, o aspecto do vidro mudaria também no Egito através da técnica

de fole5 aplicada ao forno, a qual possibilitou o aumento do calor e tornou a massa vítrea mais

maleável. Tal descoberta propiciou a evolução em termos de fabricação de produtos. Já o método

do sopro foi descoberto na Síria, possibilitando a fabricação de objetos com vidro oco, tais como

garrafas, potes e copos. Nessa época, Roma já difundia seu domínio sobre o Oriente Médio. Foi

quando, por volta de 100 a.C, os romanos criaram o vidro plano e a produção por sopro começou

a ser feita dentro de moldes prensados, aumentando a possibilidade de fabricação em série de

vasilhas simples e objetos de arte. Com o progresso desses métodos, junto à sua característica

de proporcionar transparência e luz aos ambientes, surgiu o interesse de utiliza-lo em janelas.

De acordo com o site da FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO – FAUUSP (2016), a atividade da produção de vidro teve seu apogeu no século XII,

mais precisamente em Veneza (Itália), onde se concentrou nas fábricas na ilha de Murano, com a

intenção de se evitar que os segredos de sua fabricação fossem divulgados. Tais fábricas

especializaram-se na arte do vidro, sendo contemporâneo o aparecimento do cristal. Descobre-se

nesta época um novo processo para a produção de vidros planos: por sopro de cilindros6.

Da Idade Média em diante, a fabricação do vidro tem sido um assunto de peritos guardado com ciúmes contra restrições familiares e espionagem industrial [...] A introdução do vidro crown trefilado [por exemplo] foi realizada por volta de 1680 por John Bowles com suborno e roubo da França e a British Cast Plate Glass Company, estabelecida em Ravenhead St. Helensm em 1773, perto das jazidas

4 Gaius Plinius Secundus, conhecido como Caio Plínio Segundo ou simplesmente Plínio, o Velho (23-79 d.C.) foi um naturalista romano

que atuou como escritor, historiador, gramático, administrador e oficial na Roma antiga. Foi o autor clássico de História Natural (77 d.C.); um vasto compêndio das ciências antigas distribuído em 37 volumes e dedicado a Tito Flávio (39-81 d.C.), futuro imperador de Roma. Nesta obra, Plínio citou o conhecimento científico até o começo do cristianismo, reunindo mais de 35 000 fatos úteis selecionados a partir de 2.000 livros de cerca de 146 autores romanos e 327 estrangeiros. (N. autora)

5 Denomina-se fole um utensílio que serve para produzir vento. Utilizado originalmente por ferreiros para atiçar o fogo na hora da forja de metais, é composto de uma sanfona de pele entre duas peças de madeira com cabo, que quando aproximadas expulsa o ar para fora da sanfona. (N. autora)

6 Por ação simultânea de sopro e força centrípeta, originária da movimentação de um cano, obtinha-se um cilindro, o qual depois era colocado em um forno – denominado de “estendeira” – e deixado para estender, produzindo assim o vidro plano. (FAUUSP, 2016).

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de areia de Cheshire, dependia da habilidade importada da França. (FAUUSP, 2016, p. 01)

A França foi um país de extrema importância na história do vidro. Produzindo-o desde a

época dos romanos, sua primazia pode ser exemplificada pela Compagnie de St. Gobain,

instalada em 1665 para envidraçar o Palácio de Versalhes. De acordo com Pinheiro (2007), esta

fábrica criou em cerca de 1700 um processo de laminação de vidro plano desenvolvido por Louis

Lucas de Néhon, o qual consistia em correr um rolo sobre o vidro despejado sobre uma mesa,

permitindo assim a realização de grandes placas de vidro. Ademais, a associação do britânico

Robert Lucas Chance (1782-1865) com o francês Georges Bontemps (1818-85) foi necessária

para que se empregasse a fabricação de vidro com cilindro soprado – técnica conhecida por

artesãos franceses em 1832 – para a construção do Palácio de Cristal por Joseph Paxton (1803-

65) na Primeira Exposição Universal de Londres, em 1851. (FAUUSP, 2006)

Com a industrialização crescente, novas técnicas de produção de vidro surgiram, tais como

a fabricação da folha estirada ou do vidro de flutuação7; estas possibilitaram a produção em

massa de vidro plano. (PINHEIRO, 2007) Apareceram folhas de vidro cada vez mais finas, sem

irregularidades e com melhor acabamento, o que transformou esse material em um dos mais

importantes do mundo, sendo também aplicado na arquitetura e construção civil.

Segundo o site Jornal do Vidro (2015), a história do vidro no Brasil iniciou-se em 1637, com

as invasões holandesas na então Capitania de Pernambuco. Foi neste local que foi montada por

artesões uma oficina de vidro que fabricava janelas, copos e frascos. O método utilizado era o de

sopro ou por prensagem. Contudo, a fábrica fechou com a saída dos holandeses do país. O vidro

voltou a ser fabricado aqui somente em 1812, na Bahia, mas por problemas financeiros,

burocráticos e trabalhistas essa fábrica pioneira fechou em 1825. Finalmente, em 1895, foi

instalada a Vidraria Santa Marina na cidade de São Paulo, considerada a mais antiga do país e

sendo até hoje uma das grandes empresas brasileiras8. (PINHEIRO, 2007)

Basicamente, o vidro é uma substancia inorgânica, homogênea e amorfa, sendo originado

do resfriamento de sua massa em fusão. Suas características físicas são: transparência, dureza,

impermeabilidade, baixo índice de dilatação e condutividade térmica, além de ser classificado

como dielétrico. Ele é feito à base de sílica e tem composição química variada (Figura 02 –

Composição química do vidro comum), a qual depende da função que o material deve exercer.

7 Em 1952, conforme Pinheiro (2007), um dos donos da Pilkington, uma fábrica de vidro na Inglaterra, iniciou pesquisas sobre a

fabricação de um produto com melhor equilíbrio entre suas faces. Foi quando teria percebido em sua pia da cozinha que a água e o óleo não se misturavam e, quando em contato, não alteravam suas características. Assim, em 1959, esta empresa desenvolveu o método de produção que revolucionou a fabricação do vidro plano que consistia na ideia da massa vítrea derretida flutuar de modo contínuo sobre um banho de estanho. Devido ao efeito do seu próprio peso e do calor, tal estratégia proporcionava uma perfeita planicidade à superfície da placa de vidro (float-glass), além de maior polidez e espessura uniforme.

8 Foi também com duas fábricas de São Paulo que, em 1935, o empresário mineiro Nadir Dias de Figueiredo (1891-1983) passou a produzir vidro no país, tendo adquirido uma terceira empresa após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), desta vez no Rio de Janeiro. O empreendedor foi estudar nos EUA novas tecnologias para empregar nas suas fábricas e, no início da década de 1970, passou a produzir peças em vidro para forno e mesa, resistentes ao choque térmico, surgindo assim a Brasividro . Em 1978, foi a vez do grupo Pilkington investir no país, adquirindo a fábrica de vidros para veículos automotores chamada Providro, uma das mais importantes desse setor. (PINHEIRO, 2007)

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Assim, pequenas alterações em sua fórmula são feitas de modo a proporcionar propriedades

específicas, por exemplo: Para se obter vidros de diferentes cores, acrescenta-se em sua

composição corantes como Selênio (Se), Óxido de Ferro (Fe2O3) e Óxido de Cobalto (Co3O4).

(PINHEIRO, 2007; SANVIDRO, 2015)

No início, conforme

Pinheiro (2007), seu uso na

arquitetura era devido à

possibilidade de se obter luz

natural no ambiente, além da

proteção de intempéries, porém

com a evolução da tecnologia foi

possível atender outras funções

como o controle termoacústico e

a proteção contra lesões em

possíveis acidentes, raios ultravioleta (UV), incêndios e disparos de armas de fogo. De acordo

com o site Ecycle (2015), essas funções variadas geram diversos tipos de vidros, sendo alguns

dos mais utilizados os seguintes:

- Float: Trata-se do vidro comum obtido a partir do processo de flutuação inventado pela empresa Pilkington em 1952. É muito utilizado, apesar de menos resistente a impactos físicos se comparado a outros tipos de vidros. Porém, tem grande durabilidade, facilidade de manuseio, resistência química, alta transparência e principalmente baixo custo. Encontra-se este tipo de vidro em potes, frascos, vidro de perfume, janelas antigas e garrafas.

- Temperado: É gerado após o vidro comum passar por um tratamento térmico ou químico9, fazendo-o adquirir as propriedades de dureza e resistência mecânica. Também é conhecido por vidro de segurança, devido ao fato de ser mais resistente ao choque térmico, flexão, fogo, torção e peso, além de possuir cinco vezes mais de resistência física que o vidro comum. Tal característica faz com que se fragmente em pequenos pedaços pouco cortantes, o que diminui o risco de ferimentos. Uma desvantagem do vidro temperado é que, após passar pela têmpera, não pode ser furado ou cortado, exigindo que tais procedimentos sejam realizados antes do processo. Trata-se de um tipo encontrado frequentemente no cotidiano, como em utensílios de cozinha, janelas de habitações e automóveis, boxes de banheiro, portas, móveis e decorações, incluindo espelhos.

- Laminado: Constitui-se de duas lâminas de vidro comum, que são unidas fortemente por uma ou mais camadas de resina plástica, geralmente Polivinil Butiral (PVB). Tal material é responsável por filtrar 99% dos raios UV, sendo sua união ao vidro ocorrida através de um processo em estufa. Em seguida, retira-se o ar que possivelmente haja entre os materiais e assim o conjunto é submetido à pressão de 10 a 15 atm em 100°C. Como no vidro temperado, o laminado possui a funções de proteção e segurança10, porém, quando se quebra, seus estilhaços aderem ao PVB. Em relação a impactos frontais, o vidro temperado oferece mais resistência que o laminado simples. Outras características são: resistência à pressão d’água, controle termoacústico, bloqueio do UV e diversidade de cores. Em comparação aos outros vidros, possui um custo maior de fabricação e montagem, sendo encontrado em divisórias, portas, janelas, claraboias, para-brisas de veículos, vitrines, fachadas, cobertura de edifícios e blindagens, na qual sua espessura é definida de acordo com o calibre das balas que o vidro deverá suportar.

9 Existem dois tipos de fabricação de vidros temperados, sendo o mais popular o aquecimento do vidro comum controlado, o que é

chamado de processo de têmpera. Este ocorre em um forno a aproximadamente 600°C, o qual depois é resfriado rapidamente. Outro processo produção é o químico, que acontece quando o vidro comum fica imerso em um tanque de Nitrato de Potássio derretido, onde ocorrem as trocas de íons entre este e o Óxido de Sódio do vidro. (ECYCLE, 2015)

10 Conforme o site Ecycle (2015), para obter essa característica é preciso produzir o vidro “laminado múltiplo”, o qual se constitui de três ou mais laminas de vidro entremeado por duas ou mais películas de PVB.

FIGURA 02

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- Reflexivo: Também chamado de vidro low-e, devido ao fato de ser baixo emissivo, é produzido como vidro comum ou laminado, porém com a adição de uma película metálica, que pode ser de titânio, cromo, alumínio, estanho ou aço inox. Este revestimento proporciona a redução do calor em ambientes fechados em até 70%, impedindo a passagem de raios UV, do calor e da luz. Tal característica faz com que promova economia de energia, reduzindo a necessidade de climatização artificial e protegendo móveis do desbotamento ocasionado pela radiação solar. Pode ser encontrado em diversas cores, sendo empregado em fachadas e coberturas de edifícios, janelas, sacadas e claraboias.

- Cristal: Vidro obtido a partir da adição de óxido de chumbo (Pb3O4), sendo sua porcentagem de 10% a 25%; substancia esta encarregada de promover dureza e brilho dos cristais. Segundo o site da Anavidro (2013), quanto maior o teor de chumbo, mais delicado é este tipo de vidro, sendo possível também a adição de óxido de bário (BaO) e dióxido de titânio (TiO2). Sua utilização é voltada principalmente para produtos mais refinados, como taças e lustres.

Conforme Fonseca (2013), o vidro consegue resistir até 150°C sem perder suas

características físicas e químicas, o que possibilita reutilizar este material infinitas vezes, não

tendo perda de qualidade ou pureza. Tal método pode ser feito de duas formas: através do

reaproveitamento do material como foi produzido ou da reciclagem. Tecnicamente, o vidro é a

única matéria-prima 100% reciclável, não ocorrendo perdas de material durante seu processo de

fusão. Assim, pode-se dizer que uma tonelada de caco de vidro limpo gera uma tonelada de vidro

reciclado. (ARAÚJO, 2011; FONSECA, 2013)

Entretanto, de acordo com o site Ecycle (2015), há diversos problemas envolvidos nesse

processo de reciclagem do vidro. Devido ao fato desse material ser cortante, pesado e barato, as

cooperativas e agentes ambientais de reciclagem têm pouco interesse econômico. Outra

adversidade é que existem vidros em geral, os quais não são reciclados por precisarem ser

fundidos a uma temperatura maior que a do vidro comum, necessitando de mais energia.

Segundo a ASSOCIAÇÃO TÉCNICA BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS AUTOMÁTICAS DE VIDRO –

ADIVIDRO (2016), deve haver uma análise do material em questão antes da etapa de lavagem.

Seu objetivo seria eliminar impurezas que podem contaminar o vidro que irá ser produzido,

causando mudanças de cor, manchas ou bolhas. Para a reciclagem do vidro comum são

consideradas impurezas: concreto, pedras, cerâmicas, louças, cristais, metais e materiais

orgânicos, além de vidros farmacêuticos ou de laboratórios. Esta última categoria precisa ser

descontaminada caso passe por algum sistema de reciclagem. Destaca-se ainda que o vidro

aramado não é reciclável11.

Para que a reciclagem do vidro comum torne-se possível, é preciso que uma série de

etapas seja cumprida (Figura 03). Primeiramente, ocorre a triagem, na qual os vidros são

separados por tipos de uso, segundo sua cor – sendo que as mais comuns são âmbar,

translúcido, verde e azul – e de acordo com sua comercialização, ou seja: frascos, potes e

11 Acrescenta-se que composições diferentes do vidro comum necessitam de outras tecnologias para a retirada dos componentes

adversos, o que geralmente não é vantajoso para as empresas. O vidro laminado, por exemplo, deve passar por um processo de retirada do PVB, o qual também ser reciclado (ECYCLE, 2015). Porém, como cita Corrêa (2009), a adição de filmes e películas ao vidro é um fator que pode impedir a reciclagem, já que estes precisam ser retirados através de processos químicos tóxicos, sendo muitas vezes impossíveis de realizar.

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garrafas que serão vendidos por unidade

para reuso; ou aqueles que serão triturados,

para reciclagem. (CAMPOS, 2013;

RECICLOTECA, 2016)

Em seguida, os vidros que não serão

vendidos por unidade são lavados para a

retirada de suas impurezas; e faz-se a sua

trituração. Depois seus cacos são

misturados com mais sílica, cálcio, sódio e

outros minerais (Figura 04), sendo na

sequência fundidos a temperaturas acima de

1.000°C. Por fim, os objetos feitos com esse

material são distribuídos para os

consumidores, reiniciando o ciclo do vidro.

(ECYCLE, 2015; RECICLOTECA, 2016)

O vidro reciclado tem uma grande

variedade em seu uso, da joalheria ao design

de produtos e luminárias, podendo haver

uma diferenciação dele feita nas

embalagens, por exemplo, no setor de

alimentos, como ocorre na coleção

“Flutuantes” (Figura 05) da designer

brasileira Mana Bernardes (1981-) em parceria com a empresa Tok&Stok, na qual se criou, a

partir de sobras de vidros de fábricas, 14 peças de tom esverdeado, com base de camada grossa

e laterais finas, incluindo saladeiras, copos, potes, vasos

centros de mesa (TOK&STOK, 2016). Por sua vez, a marca

londrina Pamina, citada por Cadore (2015), criou uma

coleção de joias a partir da reciclagem de prata e vidros

quebrados de veículos (Figura 06). O designer que se propõe

a trabalhar com esse tipo de material tem a opção de renovar

a aparência do produto – ou deixar seu acabamento com

característica de reciclável, exibindo manchas e cores

diferentes. Isto é muito explorado em pisos, muros e balcões

(Figuras 07 e 08), entre outras aplicações. O vidro também

podem ser derretido e transformado em grandes lajes de

pedra, podendo ser reutilizado para revestimento de paredes

e pavimentação externa. Bancadas de pias feitas de vidro

FIGURA 03

FIGURA 06

FIGURA 05

FIGURA 04

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reciclado também estão disponíveis, em uma variedade de

cores e acabamentos para satisfazer as mais diversas

necessidades. Há igualmente ornamentos de jardim que

podem ser feitos inteiramente de vidro reciclado, assim como

incluírem componentes de vidro usado. (4D PROJETOS,

2012)

Na arquitetura, o vidro geralmente é reutilizado em

forma de cacos moídos que são aplicados como agregados

na fabricação de cimento e concreto asfáltico, além de

janelas, claraboias e filtros, entre outros produtos que podem

ser empregados como acabamento de superfícies (Figura

09). Adicionando um polímero como o PVB na reciclagem do

vidro, pode-se obter ótimos isolantes e vernizes para pisos de

madeira, já que substituiria o óxido de alumínio no seu

processo de fabricação, tornando esses vernizes bem mais

econômicos. Para revestimento de paredes, a empresa norte-

americana Artaic, por exemplo, fabrica pastilhas provenientes

do reprocessamento de vidro usado (Figura 10), criando

assim várias texturas que remetem a diversos materiais de

aspecto envelhecido, como sucata, madeira recuperada ou

mesmo papel rasgado – mas todas produzidas com 100% de

vidro reciclado. (REISS, 2016)

São muitos os benefícios que tais procedimentos

trazem para o meio ambiente. Visto que, segundo o site

Ecycle (2015), o vidro é um material que demora cerca de

5.000 anos para se decompor, a diminuição do volume de

aterros sanitários nos quais compõe grande parte do material descartado – é de grande

importância. Ademais, como consequência da reutilização de vidros, há uma redução no consumo

de matérias-primas – que são retiradas da natureza – e também de energia, sendo que seus

cacos utilizam em sua fabricação uma menor quantidade de tempo e temperatura na fusão.

(RECICLOTECA, 2016)

A fabricação de uma tonelada de vidro reciclado evita a extração de uma tonelada de areia. Além disto, gasta-se menos de 32% de energia, 50% de água e evita em 20% a poluição atmosférica inerente ao processo de fabricação. (ARAÚJO, 2011, p.21)

Como forma de reutilização mais direta do vidro, ou seja, sem o seu reprocessamento, há

vários exemplos em que garrafas, utensílios domésticos e até janelas são aplicados como

reciclagem. Cita-se aqui o pavilhão La Fabrique (Figura 11), que foi feito perto de Genebra (Suíça)

FIGURA 07

FIGURA 08

FIGURA 09

FIGURA 10

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em 2013 pelo Bureau A e que é quase inteiramente composto por janelas recolhidas de

demolições, inspirando-se no antigo e mudo curta-metragem One Week (1920), em que um casal

tenta construir uma pequena casa para si, mas acabam discutindo sobre a desorganização dos

componentes. Buscou-se assim combinar a seriedade de um empreendimento de construção com

a leveza de uma experiência lúdica (GROZDANIC, 2013). Outro exemplo corresponderia ao teto

da sede da empresa australiana Aesop, que foi inteiramente feito em 2010 por diversos frascos

reciclados de vidro âmbar (Figura 12). Situada na cidade de Adelaide, a edificação teve seu

interior tratado de forma inusitada, o que acabou reforçando o caráter da empresa; fabricante de

produtos botânicos para cuidados da pele que é conhecida pela ênfase estética de suas

embalagens. (WEB ECOIST, 2010)

Em termos sociais, o reuso do vidro possibilita a

geração de empregos, além de, no âmbito econômico,

caracterizar-se por ser economicamente viável. Em uma

visão mais ampla, um dos aspectos mais sustentáveis dessa

atividade corresponde à diminuição de custos no setor de

coleta urbana (FONSECA, 2013). Entretanto, conforme

Campos (2013), um dos motivos de encarecimento do vidro

reciclado é o frete do mesmo, este podendo chegar a 30%

do valor. Soma-se a isto o fato de que, no Brasil, a visão

empresarial da reciclagem de vidros é muito precária, apesar

de esta técnica ter grande potencial de lucratividade, se

houver investimento (ADIVIDRO, 2016). Contudo, esta

atividade cresce a cada dia, gerando uma mudança que

pode ser percebida a partir de dados estatísticos. Entre 1991

e 2007, a reciclagem de embalagens de vidro no país passou de 15% para 47%, om que foi

promovido pela inclusão deste assunto nas pautas das indústrias, dos políticos e também do

cidadão comum. Mesmo assim ainda há um grande percurso pela frente: nosso país tem um

índice bastante baixo de reciclagem de vidros se comparado aos países europeus. Se o

reaproveitamento do caco de vidro na Suíça chega perto de 95%, no Brasil, varia apenas entre

45% e 55%. (INDRIUNAS, 2016)

6 MATERIAIS E MÉTODOS

De caráter teórico-conceitual e cunho exploratório, esta pesquisa foi baseada em revisão

web e bibliográfica com estudo de casos, realizando-se por meio da investigação, seleção e coleta

de fontes impressas, nacionais e internacionais; ou ainda publicadas on line, que tratavam direta

ou indiretamente sobre uso e reciclagem de vidros na arquitetura e design. Em suma, a

metodologia de pesquisa seguiu as seguintes etapas:

FIGURA 11

FIGURA 12

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a) Revisão Bibliográfica e Coleta de Dados: Esta etapa baseou-se na pesquisa sobre a

conceituação de termos fundamentais para a mesma – como: sustentabilidade,

desenvolvimento sustentável, reciclagem e reuso –, ocorrendo também a contextualização

histórica e prática destes, dando ênfase para a questão dos vidros.

b) Seleção e Descrição de Obras: Esta etapa envolveu a identificação e descrição de 04

(quatro) exemplares de arquitetura e design contemporâneo que utilizam de alguma forma

a reciclagem de e/ou reaproveitam vidros em sua composição, sendo estes reconhecidos

em sua importância no âmbito do assunto discutido.

c) Análise e Avaliação dos Casos: Nesta fase foram analisados 04 (quatro) casos de

arquitetura e design que tivessem como material principal o vidro reciclado, assim sendo

evidenciadas as técnicas de uso e seu potencial estrutural, visual e ambiental. Estes

exemplos escolhidos foram descritos e ilustrados com imagens.

d) Conclusão e Redação Final: O fechamento desta pesquisa deu-se através da elaboração

do RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA, além de material expositivo por ocasião do Evento de

Iniciação Científica da UFPR – EVINCI, previsto para outubro de 2017.

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir do que foi abordado na revisão web-bibliográfica sobre sustentabilidade e

reciclagem, com enfoque no material específico vidro, foram coletados e escolhidos 04 (quatro)

exemplos que pudessem demonstrar a sua utilização em arquitetura e design. O principal critério

de seleção foi mostrar que é possível inserir o vidro reciclado de várias formas em uma

construção ou reutilizá-lo em um produto, dando-lhe uma outra função. O que há em comum em

todos esses exemplares descritos e analisados é a efetiva preocupação com o meio ambiente, a

partir de atitudes relacionadas à busca pela redução da poluição e à constatação do uso finito de

matéria-prima. Todos procuram, de algum modo, melhorar o local onde se situam, contribuyindo

assim com a sustentabilidade socioambiental.

O primeiro caso trata da reciclagem de diversas janelas envidraçadas, as quais foram

aplicadas em um edifício no Japão chamado Kamikatz Public House, projetado pelo arquiteto

Hiroshi Nakamura. Já o segundo exemplo refere-se à reutilização de milhares de garrafas de vidro

no templo tailandês Wat Lan Khuat, sendo que a ideia surgiu dos próprios monges. O terceiro

caso corresponde a uma tentativa da empresa Heineken de aliar o lucro com uma ação

socioambiental, criando a World Bottle – WoBo, a qual, posteriormente ao seu uso original como

recipiente para cerveja, seria usada como tijolo na construção civil. Por fim, o quarto e último

exemplo refere-se à exposição “Segunda vida: Design de vidro reciclado da Finlândia”, a qual

mostrava objetos feitos a partir de diversos vidros reciclados, da autoria dos designers Jukka

Isotalo e Jan Tortensson

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ESTUDO DE CASO I Kamikatz Public House

2015, Kamikatsu – Japão

Hiroshi Nakamura & NAP

Situada em Kamikatsu, que pertence à Prefeitura de

Takushima, Província de Katsuura (Japão), a Kamikatz

Public House (Figura 13) consiste em um bar e loja de

artigos diversos da autoria do arquiteto japonês Hiroshi

Nakamura em conjunto ao escritório de arquitetura NAP,

tendo a sua estrutura feita com materiais 100% reciclados,

entre os quais: azulejos reaproveitados, papeis de jornal,

móveis que haviam sido descartados, tinta natural e diversas

janelas antigas abandonadas. Devido a este caráter

inovador, o projeto foi premiado no WAN AWARDS 2016 na

categoria “Edifícios Sustentáveis”, em que estavam

concorrendo outros 05 (cinco) participantes12. (CONTE,

2016; CASA E JARDIM, 2017)

De acordo com o site da Gazeta do Povo (HAUS,

2017), seu projeto alinha-se com um programa municipal,

aprovado em 2003, segundo o qual se pretende reutilizar

efetivamente 100% do que ali se produz, em termos de lixo,

até o ano de 2020. Atualmente, o índice de reciclagem da

cidade já chega a quase 80%, sendo que são os próprios

cidadãos que se comprometeram com esse objetivo, já que

não existe sistema de coleta no local.

As janelas envidraçadas recicladas que foram

implantadas no edifício (Figura 14) surgiram de garimpos em

locais de descarte feitos pelo próprio arquiteto responsável,

consistindo assim em esquadrias que serviram a localidade

anteriormente e, com esta nova aplicação, voltam a serem

úteis, tendo além de sua função estrutural e ambiental o

objetivo de preservar a história local (ARCHITZER, 2015).

Estas janelas ocupam toda parede lateral da construção,

formando um amplo painel de 08 (oito) metros de altura que,

junto com o pé-direito alto, ajudam a refrescar o ambiente

durante o verão. (CONTE, 2016; ORTON, 2016)

A intenção que norteou o projeto, segundo o site da

Gazeta do Povo (HAUS, 2017), foi criar uma verdadeira

“casa pública”. Logo, a construção possui em seu interior

uma cervejaria, um pub e uma loja que vende artigos e

comida (Figura 15), onde também se encontra um pendente

com garrafas reutilizadas. Da mesma forma, outros materiais

foram reaproveitados na obra, como baús e equipamentos

agrícolas encontrados nos centros de reciclagem. Garrafas

vazias transformaram-se em lustres e jornais em papel de

parede. Conforme Conte (2016), o exterior foi revestido com

cedro localmente produzido e colorido com tinta de origem

natural. Todas essas improvisações criativas tinham um

único objetivo: o desperdício zero (Figuras 16 e 17).

12 O World Architecture News Awards – WAN AWARD consiste em um programa anual de prêmios de arquitetura internacional que tem

ao todo 22 (vinte-e-duas) categorias de diferentes áreas. Considerado uma das maiores premiações do mundo, engloba edificações nas áreas residencial, comercial, cultural, educacional, transporte, etc. (HAUS, 2017)

FIGURA 13

FIGURA 14

FIGURA 15

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FIGURA 16

FIGURA 17

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ESTUDO DE CASO II Templo Wat Lan Khuat

2009, Khun Han – Tailândia

Monges Budistas

O templo budista Wat Lan Khuat (Figura 18) situa-se

no Distrito de Khun Han, que pertence à Província de

Sisaket, localizada no leste da Tailândia, perto da fronteira

do Camboja. É composto inteiramente de garrafas de vidro –

que totalizaram aproximadamente 1,5 milhões de unidades –

, sendo a maioria delas das marcas de cerveja Heineken e

Chang, que variam respectivamente nas cores verde e

marrom. (ECOVILA DA MONTANHA, 2017)

Designado também de Wat Pa Maha Chedi Kaew

(“Templo de Um Milhão de Garrafas”), o edifício teve sua

construção iniciada através de uma ação dos próprios

monges que habitavam no local, os quais iniciaram uma

coleta para decorar seus abrigos em 1984, mas acabaram

juntando uma quantidade tão grande que conseguiram fazer

não somente esta, mas 20 (vinte) outras construções até

2009. Tornando-se um dos principais pontos turísticos e de

peregrinação da região, atraíram o olhar de várias pessoas

que, por sua vez, doavam cada vez mais garrafas. Segundo

os monges, as garrafas de vidro simbolizam a necessidade

de clareza de propósitos na vida. (THE PLACES WE GO,

2013)

Ainda conforme o site Ecovila da Montanha (2017),

as garrafas foram usadas em diferentes tipos e tamanhos,

simetricamente assentados na argamassa de paredes, além

de vigas, muros, pontes e suas tampas em murais de

mosaicos decorativos13 (Figuras 19 e 20). Os ambientes

compostos são diversos, como: crematório, banheiros e

abrigos envolventes (THAILANDÉE, 2017). Logo na entrada

do edifício principal, que é utilizado para cerimônias e festas,

é possível ver um muro feito dessas garrafas (Figura 21),

localizado delicadamente em cima de um espelho d’água

com carpas coloridas (Figura 22). O vidro também permite a

entrada de luz natural em alguns espaços.

Essa atitude voltada à reutilização e reaprovei-

tamento de materiais descartados foi pioneira na Tailândia,

pois, mesmo em 2009, as taxas de reciclagem do país não

passavam de 22%. O templo é um “lembrete visual para o

que pode ser feito usando a criatividade na reciclagem dos

resíduos nas comunidades” (ECOVILA DA MONTANHA,

2017, p. 01). A edificação também melhorou as condições do

entorno, usando vasilhames de vidro de maneira harmoniosa

e coerente, limpando a poluição da paisagem próxima e

criando uma estrutura útil (Figura 23). Apesar de se tornar

turístico, deve-se destacar que ainda é um lugar de adoração

e quietude. É preciso portanto manter a seriedade ao visitá-

lo, como sempre lembram os monges locais.

13 No templo, um mosaico de Buda é igualmente feito a partir da reciclagem de tampas de garrafas de cerveja. (THA HOLIDAY, 2017)

FIGURA 18

FIGURA 19

FIGURA 20

FIGURA 21

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ESTUDO DE CASO III Heineken World Bottle (WoBo)

1960/63, Amsterdã – Holanda

Nicholas John Habraken

No início da década de 1960, a Heineken

International projetou uma garrafa de cerveja (Figura 24), a

qual poderia posteriormente ser usada como tijolo na

construção civil, representando uma iniciativa inovadora no

quesito de reciclagem para aquela época. De acordo com o

site Ciclo Vivo (2012), a ideia de criar esse design

revolucionário surgiu quando Alfred Heineken (1923-2002) –

então proprietário da maior empresa cervejeira da Holanda,

comprada em 1864 por seu avô, Gerard Adrian Heineken

(1841-1893) –, visitou a ilha caribenha de Curaçao, onde se deparou com diversas garrafas de vidro

descartadas na praia devido à falta de dinheiro para que estas fossem devolvidas ao local de

engarrafamento, o que provocava a poluição de todo o meio ambiente. Heineken também observou que

naquela localidade era difícil o acesso a materiais de construção para a população de baixa renda.

Unindo os dois problemas, o empresário teve a ideia de

criar esse projeto, o qual foi denominado de Heineken World

Bottle (“Garrafa Mundial”) ou simplesmente WoBo, contando

com o auxílio do arquiteto holandês Nicholas John Habraken

(1928-). Foram necessários três anos para que o modelo ficasse

pronto, tendo sido considerados diversos pontos para baratear a

construção, assim como para diminuir o uso de argamassa, o

que fez com que os engradados possuíam o formato certo para

se encaixarem uns aos outros. (CICLO VIVO, 2012)

As primeiras tentativas foram rejeitadas por serem muito

caras, além de serem difíceis de produzir ou por não serem

muito bonitas para vender as cervejas (RACKARD, 2013). No

final, o design da WoBo acabou sendo um recipiente de vidro

verde esmeralda, produzido para ser utilizado horizontalmente

(Figuras 25 e 26). Para que fosse possível o uso deste modo foi

preciso engrossar o vidro das garrafas originais. Logo, o modelo

foi feito na forma retangular, com o fundo da garrafa ondulado –

de forma que se ligasse com o topo da próxima garrafa – e a

superfície dos lados foram feitas de modo com que fosse mais

fácil para se segurar a garrafa e aplicar a argamassa. (CICLO

VIVO, 2012; WILSON, 2013)

Tendo em vista que a maneira de se construir com as garrafas WoBo era a mesma de se executar a

construção com tijolo e argamassa, um dos problemas que se tinha era como fazer com que aquelas

FIGURA 25

FIGURA 26

FIGURA 24

FIGURA 25

FIGURA 22

FIGURA 23

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fossem utilizadas sem que seus cantos fosse cortados. O

modelo criado por Habraken resolveu esse problema, de acordo

com Kriscenski (2012), produzindo-se a WoBo em 02 (dois)

tamanhos: de 350 mm e 500 milímetros. Apesar desta

providência de projeto, restavam ainda duas dificuldades que

não foram resolvidas: seu formato quadrado aumentava as

chances de lascar durante o transporte e a construção; e, além

disto, também não havia como unir duas garrafas se estas se

encontrassem fundo com fundo. (RACKARD, 2013)

Em 1963, conforme Rackard (2013), foram produzidas

100.000 garrafas WoBo como teste, as quais possibilitavam a

construção de um ambiente de 33 m2. Heineken insistiu tanto na

ideia que planejou colocar instruções de como utilizar as

garrafas na construção, além da descrição de um modo mais

seguro de transporte, porém o Departamento de Marketing da

cervejaria acabou decidindo não dar continuidade à sua

produção. Isto justificado pela preocupação com a imagem da

empresa caso alguma casa caísse e se relacionasse a marca de

cerveja à ideia de pobreza. Outro problema estava no fato da

WoBo não ser acessível a todos devido ao seu alto preço.

Atualmente, a garrafa WoBo é item valioso para colecionadores, existindo ainda algumas unidades

em exposição no museu da marca Heineken em Amsterdã (Holanda). Segundo Kriscenski (2012), também

foram realizadas apenas 02 (duas) construções com esse material alternativo, sendo estas um pequeno

galpão demonstrativo (Figura 27) e uma parede na propriedade da marca (Figura 28), a qual comprovava

que era possível este feito.

ESTUDO DE CASO IV Second Life: Upcycling Glass Design

2011/15, Hensinki – Finlândia

Jukka Isotalo / Jan Tortensson

A exposição Second Life: Upcycling Glass Design

(“Segunda Vida: Design em Vidro Reciclado”) ocorreu

originalmente em 2011, no Museu do Vidro de Helsinki

(Finlândia). Depois, foi para a Alemanha, sendo exposta no

Museu de Arte de Düsseldorf em 2012 e, no ano seguinte, para a

Áustria, ocupando o Museu Otto Wagner, situado na capital

Viena. Em 2014, voltou para as terras alemãs, sendo exibida no

Glasmuseum Frauenau, cidade da Baviera. Finalmente, foi

exposta no Município de Marinha Grande, pertencente ao Distrito

de Leiria, em Portugal. (MARINHA GRANDE, 2015)

Em termos gerais, trata-se de uma exposição (Figura 29)

que demonstra diferentes formas de trabalhar com o vidro

reciclado, reunindo o trabalho de 02 (dois) finlandeses: o

designer industrial Jukka Isotalo (1962-) e o vidreiro e também

designer Jan Torstensson (1960-). Ambos têm em comum a

preferência pela reutilização do vidro, porém as técnicas que

usam para trabalhar são diferentes. Enquanto Isotalo opta pela

tecnologia a frio, o que envolve cortadores, moinhos, máquinas

de biselar e pedras abrasivas, Torstensson prefere a técnica

tradicional de aquecer e derreter o vidro. (UBIQUARIAN, 2013)

FIGURA 27

FIGURA 28

FIGURA 29

FIGURA 30

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Formado pela Universidade de Artes e Design de

Helsinki, Jukka Isotalo fez intercâmbio em Estocolmo (Suécia),

onde se deu conta da quantidade de garrafas de vidro que eram

desperdiçadas pelos estudantes após a realização de festas

universitárias. Ao retornar à sua terra natal, decidiu produzir uma

variedade de objetos, todos feitos com vidro reciclado, acabando

por abrir um estúdio próprio, o Evolum AG. Segundo ele próprio,

em entrevista ao site Ubiquarian (2013), seu trabalho é muito

direto, dedicando-se a marcar, cortar e polir o vidro usado que,

por último, recebe um ar de personalidade com um jato de areia

em algumas partes. Ele sempre utiliza a peça original, sem

derreter, tendo sido considerado o artesão do ano na Finlândia

em 2003 e 2009. Como exemplos de sua obra destaca-se os

copos e castiçais da linha Toppen, feitos em 2013 (Figuras 31 e

32). (EVOLUM, 2017)

Por sua vez, Jan Torstensson, tem formação em

engenharia mecânica e apaixonou-se por vidro após uma visita

ao museu dedicado a este material em Riihimäki, cidade que

fica no sul da Finlândia. Após realizar cursos de especialização,

abriu seu próprio estúdio em 2003, iniciando assim sua

experimentação. Projetou e desenvolveu dispositivos que eram

adequados para a produção de itens de vidro reciclado, em

pequenas séries. A sua primeira linha de produção bem

sucedida – os copos Hik (Figuras 33 e 34), criados entre 2004 e

2005 para o aeroporto de Helsinki-Vantaa – foi premiada no

mesmo ano na Feira de Artesanato em Tampere (Finlândia).

Devido à maior demanda por seus produtos, Torstensson

ampliou sua emoresa, adicionando novas máquinas e fornos

ecológicos para aquecimento e derretimento de vidro reciclado.

Atualmente, de acordo com o site Ubiquarian (2013), está

gravando vidro por jateamento, formando discretos padrões

decorativos.

O nome da exposição foi dado em função de se criar

um duplo sentido, significando tanto uma segunda chance para

os vidros reciclados, que serão usados para novos ofícios e

não apenas descartados, quanto a saída destes objetos

reciclados do mundo do design para o mundo real, onde

deixam de ser uma obra de arte e passam a ter utilidade

(FINNISH GLASS, 2017). A questão ambiental foi o principal

motivo da exposição, que a cada edição foi reunindo o trabalho de outros designers finlandeses dedicados à

reciclagem de vidro, como: Emma Woffenden, Megan O’Hara, Maria Sparre-Peterson, Debra Ruzinsky,

Harry Morgan, Agnes Deli, Minna Rombo Zetterlund e Matthew Durran. (GLASS IS MORE, 2015)

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base no que foi pesquisado, pode-se afirmar que, o estilo de vida contemporânea, em

sua esssência, é insustentável, porque desrespeita a capacidade da própria natureza de se

manter, uma vez que todos os recusrsos naturais do planeta são indiscutivelmente finitos. Hoje

em dia, a reciclagem de materiais é essencial para que a humanidade não esgote esses recursos,

contaminando o meio ambiente cada vez mais com descartes e, como consequência, colocando

em risco a própria sobrevivência da humanidade.

FIGURA 32

FIGURA 31

FIGURA 33

FIGURA 34

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Este relatório, baseado em uma pesquisa de iniciação científica e, portanto, introdutória ao

tema, mostra que o vidro reciclado pode ser aplicado de diversas maneiras, tanto na arquitetura

como no design, sendo que suas técnicas para isso também são bastante variadas. A

preocupação com a situação atual do planeta vem aumentando cada vez mais e, com isto,

também cresce o número de profissionais que se interessam por pesquisar e aplicar novos

métodos de reciclagem. A partir dos casos apresentados, observou-se que o vidro pode ser

reutilizado in natura, seja por leigos como profissionais, para a criação de peças artísticas,

acabamentos de edifícios, materiais de construção e objetos de uso cotidiano.

A efetiva reciclagem do vidro pode passar a ter real utilidade para o dia-a-dia se se encara

suas vantagens econômicas, estruturais e socioambientais, além dos benefícios do material, como

poder atrativo, beleza plástica, transparência e abundância; estes somados à grande facilidade e

manutenção das peças que frequentemente são descartadas como lixo em quase todas as

periferias urbanas. Esta pesquisa evidencia a importância que tal tema deve ter na nossa

sociedade, demosntrando que é possível escolher formas mais sustentáveis de se criar e produzir,

optando-se pela reciclagem e reaproveitamento de vidros por parte de arquitetos e designers.

9 REFERÊNCIAS

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FONTES DE ILUSTRAÇÕES

Figura Disponível em: Acesso em:

01 http://www.landofthe http://www.infap.org.br/attachments/Image/ Pegada_ecol__gica/desenvolvimento_sustent__vel.jpgbrave.info/images/colonies-map.jpg

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03 http://www.portalresiduossolidos.com/wp-content/uploads/2013/09/GBM-024-2014.04.10-20.25.jpg 08 nov. 2016

04 http://www.portalresiduossolidos.com/wp-content/uploads/2013/09/GBM-024-2014.04.10-20.20.jpg 08 nov. 2016

05 http://manabernardes.com/wp-content/uploads/2013/10/01.jpg 06 nov. 2016

06 https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/e4/e2/ 38/e4e23814b61f78ac133a57920575fc55.jpg 08 nov. 2016

07 http://www.freshdesignpedia.com/wp-content/uploads/eco-friendly-kitchen-design-with-reusable-materials/kitchen-design-work-surface-glass-kitchen-recycled-glass.jpg

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08 http://www.freshdesignpedia.com/wp-content/uploads/eco-friendly-kitchen-design-with-reusable-materials/recycling-kitchen-ideas-glass-kitchen-silestone.jpg

08 nov. 2016

09 https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/c4/12/1d/c4121d464c372ba8da610ae8b7accd15.jpg 08 nov. 2016

10 http://assets.inhabitat.com/wp-content/blogs.dir/1/files/2015/05/0310203_SM-1020x610.jpg 08 nov. 2016

11 http://assets.inhabitat.com/wp-content/blogs.dir/1/files/2013/09/La-Fabrique-Bureau-A.jpg 06 nov. 2016

12 http://cdn1-www.webecoist.momtastic.com/assets/uploads/2010/12/eco-store-design-aesop-glass-ceiling.jpg

06 nov. 2016

13 http://www.gazetadopovo.com.br/haus/wp-content/uploads/2017/02/hiroshi-nakamura-japao-casa-sustentavel-materiais-reciclados.jpg

15 maio 2017

14 http://www.gazetadopovo.com.br/haus/wp-content/uploads/2017/02/hiroshi-nakamura-japao-casa-sustentavel-materiais-reciclados-parede-de-janelas-esquadrias-1.jpg

15 maio 2017

15 http://www.gazetadopovo.com.br/haus/wp-content/uploads/2017/02/hiroshi-nakamura-japao-casa-sustentavel-materiais-reciclados-parede-de-janelas-esquadrias-lustre-garrafas-velhas.jpg

15 maio 2017

16 http://architizer-prod.imgix.net/media/1488992796318d84f8976-6648-42cb-b2f6-b0c50f102792.jpg?q=60&auto=format,compress&cs=strip&w=1680

25 maio 2017

17 http://architizer-prod.imgix.net/media/1488992796678a605af53-3f6e-401f-818c-ff47f7ec11fe.jpg?q=60&auto=format,compress&cs=strip&w=1680

25 maio 2017

18 http://static.panoramio.com/photos/large/53236482.jpg 15 maio 2017

19 https://www.globespots.com/pictures/gallery/bottle_temple/bottle_temple_2.jpg 15 maio 2017

20 http://4.bp.blogspot.com/-dfs5RBQgjaY/VK_O37F0k5I/AAAAAAAAFkI/IjsELbgL1Is/s1600/DSC06408.JPG

15 maio 2017

21 https://ecoviladamontanha.org/wp-content/uploads/2014/05/btemplefour1.jpg 15 maio 2017

22 https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/4a/91/0c/4a910c2e091ef0d7bc072183bce54961.jpg 15 maio 2017

23 https://thaholiday.com/wp-content/uploads/2012/12/628.jpg 15 maio 2017

24 http://ciclovivo.com.br/wp-content/uploads/2015/009/img/noticias/10-16-wobo-bottle-1%20copy.jpg 15 maio 2017

25 http://images.adsttc.com/media/images/5405/df95/c07a/801b/0400/0006/large_jpg/VOOV_195-2_(1).jpg?1409671053

15 maio 2017

26 http://assets.inhabitat.com/files/wobo_2.jpg 15 maio 2017

27 http://images.adsttc.com/media/images/5148/dd06/b3fc/4bb3/b600/0023/newsletter/wobo04.jpg?1363729668

15 maio 2017

28 https://thonilitsz.arq.br/wp-content/uploads/2012/08/dsc03535.jpg 15 maio 2017

29 http://staging.ubiquarian.net/wp-content/uploads/2013/10/preview-512x287.jpg 15 maio 2017

30 http://www.cm-mgrande.pt/thumbs/uploads/event/image/82/valokeilat_site_1_728_2500.jpg 15 maio 2017

31 http://www.evolum.fi/index_66_2806701795.jpg 15 maio 2017

32 http://staging.ubiquarian.net/wp-content/uploads/2013/10/2ndlife-02-512x349.jpg 15 maio 2017

33 https://media.treehugger.com/assets/images/2011/10/hik-glasses.jpg 15 maio 2017

34 http://staging.ubiquarian.net/wp-content/uploads/2013/10/2ndlife-12-512x435.jpg 15 maio 2017

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10 PARECER DO ORIENTADOR

A acadêmica realizou adequadamente as tarefas previstas no plano de trabalho inicial da

pesquisa, apresentando alguma dificuldade em conciliar essas atividades com as demais obrigações

escolares, dificultando o adequado cumprimento do cronograma previamente definido. De qualquer

forma, conseguiu chegar a um resultado satisfatório com a conclusão do Relatório Final e a possibilidade

de apresentação com qualidade no Encontro de Iniciação Científica da UFPR, previsto para ocorrer em

outubro de 2017.

11 DATA E ASSINATURAS

Curitiba, 25 de maio de 2017.

Acadêmica Isabella Matulevicius Villanova

Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou Nt