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10 UNIDADE 1 GEOGRAFIA, UMA CIÊNCIA PARA ENTENDER O MUNDO
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Vista de Monte Alegre do Sul, município do estado de São Paulo. Foto de 2011. Um dos primeiros lugares com os quais nos
familiarizamos é a rua onde moramos, como a que podemos ver nesta imagem.
LUGAR: A NOSSA GEOGRAFIA
O conceito de lugar está relacionado aos espaços que nos são familiares e que fazem parte de nosso cotidiano. Quando falamos em lugar, pensamos em referenciais afetivos que desenvolvemos ao longo de nossa vida, que são carregados de emoções e que nos dão a sensação de segurança, de pertencimento, de identidade.
Durante a vida, podemos mudar de lugar várias vezes. Cada mudança exige que passemos por um processo de adaptação, sem, no entanto, perder nossa identidade, que está ligada ao nosso lugar de origem.
Ao recordar passagens de nossa vida, é natural evo-car os lugares que fizeram parte dela: a casa onde nas-cemos, a rua onde brincávamos na infância, a primei-ra cidade para onde viajamos em férias, etc. A princí-pio, nos familiarizamos com a nossa casa, para mais tarde explorar outros lugares, como a rua onde mora-mos, o caminho para a escola, para o centro da cidade, para cidades próximas ou mais distantes. Dessa ma-neira vamos construindo a nossa própria “geografia”.
É através dessa geografia dos lugares, do cotidiano, que começamos a estabelecer relações entre os luga-res. Isso significa que o conhecimento geográfico não é exclusivo de geógrafos, cientistas e técnicos de pla-nejamento; ele envolve conhecimentos e impressões
CAPÍTULO 1
Espaço geográfico, lugar e paisagemO
CAPÍTULO 1 ESPAÇO GEOGRÁFICO, LUGAR E PAISAGEM 11
Confidência do itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem
mulheres
e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te
ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de
visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 68.
que vamos construindo e adquirindo à medida que
nos relacionamos com os lugares que compõem o
espaço que nos rodeia. Não é difícil observar que,
embora os lugares apresentem características próprias
que os tornam singulares, eles estão também interli-
gados e se relacionam entre si em diversos níveis
(local, regional, nacional, global).
O nosso lugar não é uma realidade isolada. Ele faz
parte de um conjunto de lugares, marcados por dife-
rentes aspectos naturais e sociais, que passaram por
vários processos históricos e que fazem parte de uma
realidade mais ampla. A partir da análise do lugar
podemos compreender essa realidade: o espaço geo-
gráfico, assunto que vamos ver neste capítulo.
LEITURA E REFLEXÃO
A cidade de Itabira, com o pico do Cauê ao fundo, em imagem de 2012.
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GEOGRAFIA E LÍNGUA PORTUGUESA
12 UNIDADE 1 GEOGRAFIA, UMA CIÊNCIA PARA ENTENDER O MUNDO
◗ O poeta Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987) nasceu e passou parte de sua
infância em Itabira, Minas Gerais. Nesse poe-
ma ele fala de Itabira e da influência que essa
cidade exerceu sobre ele.
Agora que você já leu o poema, responda a es-
tas questões:
a) Como é retratada a cidade de Itabira da
infância do poeta? Destaque um verso
que exemplifique sua resposta.
b) Identifique em um trecho do poema a rela-
ção entre lugar e memória.
c) É correto afirmar que o poeta tem uma relação
afetiva com Itabira? Justifique sua resposta.
d) Agora pense na sua experiência e responda:
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ele se relaciona com outros lugares?
PAISAGEM: O ESPAÇO QUE
NOSSA VISTA ALCANÇA
Se estivermos viajando de avião, a uma altitude
não muito elevada, teremos ampla visão da porção
do espaço que estamos sobrevoando. Em uma re-
gião bastante transformada pela ação humana, po-
deremos perceber, entre outras coisas, campos cul-
tivados, pastagens, cidades grandes, médias ou
pequenas, interligadas por uma rede de rodovias e
ferrovias.
O conjunto de elementos que podemos observar
nesse voo hipotético e todos os outros arranjos hete-
Vista aérea de Florianópolis (SC), em 2012; ao fundo, distinguem-se as pontes que ligam a ilha ao continente. Na foto, podemos
reconhecer elementos naturais (mar, vegetação, praia) e elementos culturais (construções, ruas, estradas) da paisagem.
rogêneos que observamos diariamente fazem parte
do que chamamos de paisagem.
Assim como o conceito de lugar, o conceito de
paisagem também é bastante complexo. Paisagem
pode ser considerada um conjunto de formas que,
em determinado momento, revelam as relações entre
o homem e a natureza em diferentes épocas.
O geógrafo Milton Santos afirma:
Paisagem e espaço não são sinônimos. A paisagem
é o conjunto de formas que, num dado momento, ex-
primem as heranças que representam as sucessivas
relações localizadas entre homem e natureza. O espa-
ço são essas formas mais a vida que as anima.
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CAPÍTULO 1 ESPAÇO GEOGRÁFICO, LUGAR E PAISAGEM 13
Patrimônio Mundial como
Paisagem Cultural
Por suas praias, clima e beleza natural, entre
as montanhas e o mar, o Rio de Janeiro foi de-
clarado pela Unesco Patrimônio Mun dial, na
categoria paisagem cultural urbana. O reconhe-
cimento aconteceu durante reunião em São
Petersburgo, na Rússia, em 1º- de julho de 2012.
O conceito de paisagem cultural foi criado em
1992 pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e foi in-
corporado como uma nova forma de reconheci-
mento dos bens culturais, conforme a Con venção
de 1972, que instituiu a Lista do Patrimônio
Mundial.
Conhecido como cidade maravilhosa, o Rio de
Janeiro é a primeira cidade do mundo a ser incluí da
na lista. Até então, as paisagens culturais reconhe-
cidas mundialmente relacionavam-se a áreas rurais,
sistemas agrícolas tradicionais, jardins históricos e
outros locais de cunho simbólico, religioso e afetivo.
Até o momento, o Brasil possui mais dezoito
Patrimônios Mundiais.
Elaborado pelos autores com base em: Unesco
declara cidade do Rio de Janeiro Patrimônio Mundial
(O Estado de Minas) e Patrimônios Mundiais no Brasil (IPHAN).
Disponível em: <www.em.com.br> e
<http://portal.iphan.gov.br>. Acessos em: 18 set. 2012.
◗ Pesquise em livros, jornais ou na internet e cite
três elementos naturais e três elementos cultu-
SBJT�EB�QBJTBHFN�EB�DJEBEF�EP�3JP�EF�+BOFJSP�
A palavra paisagem é frequentemente utilizada em
vez da expressão configuração territorial. Esta é o
conjunto de elementos naturais e artificiais que fisi-
camente caracterizam uma área. A rigor, paisagem é
apenas a porção da configuração territorial que é pos-
sível abarcar com a visão.
Podemos identificar nas paisagens todos os ele-
mentos que fazem parte do espaço em interação:
■ Elementos naturais: relevo, clima, vegetação, rios,
oceanos.
■ Elementos culturais: plantações, cidades, estradas,
indústrias e outras realizações da sociedade.
Observe a paisagem da página à esquerda e a que apa-
rece na página 14. Nelas é possível descrever não só os
principais elementos naturais e culturais que as constituem;
mais ainda, é possível identificar, analisando os diversos
arranjos existentes entre eles, as relações econômicas, so-
ciais e culturais expressas por eles em diferentes momentos.
Saber interpretar os processos naturais, sociais e
econômicos que moldam as feições de uma paisagem
é o verdadeiro objetivo do estudo da geografia. Essa
interpretação pode ser feita por meio de observação
local, de fotos, mapas, fotografias aéreas ou imagens de
satélites, como veremos no capítulo 4.
Vista aérea da baía de Guanabara, com destaque para o Pão de Açúcar e o morro da Urca. Foto de 2012.
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AMPLIANDO O CONHECIMENTO
14 UNIDADE 1 GEOGRAFIA, UMA CIÊNCIA PARA ENTENDER O MUNDO
ESPAÇO GEOGRÁFICO: OBJETO DE ESTUDO DA GEOGRAFIA
A geografia tem como principal objeto de estudo o espaço geográfico.
O conceito de espaço geográfico é complexo e abrangente. Entre as variadas definições possíveis, podemos considerar espaço geográfico a combinação entre elementos naturais e construídos pelo ser hu-mano (fixos), e as pessoas, mercadorias, finanças e informações (fluxos).
O espaço geográfico pode ser definido como re-sultado das relações econômicas, políticas e culturais, tendo como ator principal o ser humano. Assim, a geografia dedica-se ao estudo dessas relações e seu papel na construção e transformação do espaço.
Segundo o geógrafo Jacques Levy, a distância é o elemento central do espaço geográfico. É preciso que fique claro que a distância aqui mencionada não é a distância física – aquela medida por algum instru-mento –, mas sim uma dimensão ampliada, em que ocorrem as relações estabelecidas entre os grupos sociais. Dependendo da maior ou menor capacidade desses grupos sociais em percorrer ou diminuir as distâncias entre seus indivíduos e outras coletivida-des, mais ou menos complexas vão ser as interações entre esses grupos. Daí a grande importância dos meios de comunicação modernos e atualizados.
Para compreender como o espaço geográfico é construído e se transforma, partimos da análise da
paisagem e do lugar, que expressam espacialmente essas relações em diferentes arranjos.
O conhecimento da organização do espaço geográ-fico é fundamental para a compreensão do mundo de hoje, pois suas várias etapas e transformações explicam os atuais sistemas econômicos, sociais e culturais.
ESPAÇO, PAISAGEM E TEMPO A intervenção das sociedades humanas no espaço,
intensificada pela evolução do desenvolvimento téc-nológico, vem transformando as paisagens terrestres. Além da ação humana, a natureza também atua mo-dificando as paisagens através de fenômenos como o vulcanismo, o tectonismo, a ação das águas, dos ven-tos, entre outros.
As paisagens revelam os variados graus de inter-venção humana em diferentes épocas. Através da observação de uma paisagem, é possível reconhecer o trabalho humano impresso em tempos passados e no tempo atual.
Para explicar as transformações das paisagens, o geógrafo pode utilizar diferentes escalas de tempo:
■ O tempo histórico, que é contado em séculos e assinala fatos históricos marcantes, como o fim e o início de grandes civilizações, as Grandes Navegações (séculos XV e XVI), a Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX).
■ O tempo cíclico, que marca a ocorrência de um fenômeno que se repete em ciclos, ou seja, em
Centro da cidade do
Recife (PE), em 2010.
Na foto, podemos
notar os contrastes
criados pelo tempo:
antigos casarões de
séculos passados e
modernos edifícios
com muitos andares.
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CAPÍTULO 1 ESPAÇO GEOGRÁFICO, LUGAR E PAISAGEM 15
intervalos de duração variá-
vel. Podemos citar, por
exemplo, eventos sociais,
como a migração de traba-
lhadores rurais do Agreste
para a Zona da Mata do
Nordeste, nos períodos de
safra, e eventos naturais, como terremotos, erup-
ções vulcânicas e o El Niño.
■ O tempo geológico, calculado em eras e períodos.
Marca acontecimentos de duração muito longa,
como a história da formação da Terra e dos con-
tinentes.
Em geral, as transformações realizadas pelo ser
humano nas paisagens são identificadas por meio de
ações associadas aos tempos cíclico e histórico.
Podemos perceber as modificações causadas pela
ação humana na paisagem de um lugar do espaço
geográfico observando os contrastes criados pelo
tempo, como mostra a foto da página ao lado.
As mudanças causadas pela natureza podem ser
marcadas pelo tempo cíclico ou pelo tempo geológico.
A formação de uma cadeia de montanhas ou a evo-
lução de uma bacia hidrográfica, por exemplo, podem
ser explicadas pela história da formação da Terra, me-
dida pelo tempo geológico (veja a imagem abaixo).
Algumas forças da natureza alteram muito rapida-
mente o espaço geográfico e, por isso, são marcadas pelo
tempo cíclico. Entre elas, podemos citar as erupções
El Niño:fenômeno de aquecimento das águas do oceano Pacífico, que se manifesta no litoral do Peru.
Cânion do Itaimbezinho, no Parque Nacional de Aparados
da Serra, em Cambará do Sul (RS), Foto de 2012.
A foto de satélite mostra o aeroporto da cidade
de Higashi-Matsushima e arredores, no Japão,
antes do terremoto e do tsunami que
devastaram essa região, em março de 2011.
A cidade de Higashi-Matsushima, no Japão,
logo após ter sido atingida pelo tsunami.
vulcânicas, os furacões, os terremotos e os maremotos.
Por meio da observação de fotos do local atingido antes
e depois da ocorrência, podemos perceber as modifica-
ções causadas na paisagem pelas forças da natureza.
Observe um exemplo disso nas imagens de satéli-
te, a seguir. Depois, leia o boxe da página seguinte.
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Se você fizer uma trilha na mata e se perder do grupo, poderá achar o caminho de volta orientando-se por uma
bússola. Se tiver acesso às novas tecnologias, como um GPS – lembrando que esse equipamento tem a
desvantagem de depender do satélite e pode não conseguir a captação do sinal –, será possível obter a localização
exata do lugar de onde você partiu ou aonde você quer chegar. Na foto, Parque Estadual do Ibitipoca, no município
de Conceição do Ibitipoca, Minas Gerais, em 2012.
CAPÍTULO 2
A localização no espaço geográfico
AS DIREÇÕES NO ESPAÇO GEOGRÁFICO
Os instrumentos mencionados anteriormente uti-
lizam duas maneiras de orientação e localização no
espaço geográfico: os pontos cardeais e as coordena-
das geográficas.
Embora o conceito de espaço geográfico envolva
elementos concretos e abstratos, para localizar qual-
quer lugar nesse espaço precisamos trabalhar com
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20 UNIDADE 1 GEOGRAFIA, UMA CIÊNCIA PARA ENTENDER O MUNDO
algo concreto: um local onde podemos nos mover,
levando em conta as direções e a altitude.
Em geografia, a ideia de direção nos é dada pela
orientação, baseada nos pontos cardeais, colaterais e
subcolaterais.
As direções indicadas pelos pontos cardeais
(leste, oeste, norte, sul) baseiam-se no movimento
aparente do Sol, desde o momento que ele despon-
ta ao amanhecer até desaparecer no horizonte.
Entre cada par de pontos cardeais encontram-se
os pontos colaterais e, entre estes, os subcolaterais.
Para relembrar, observe a seguir um modelo de
rosa dos ventos.
Veja na página 23 um exemplo de localização de
um ponto na superfície terrestre utilizando coorde-
nadas (planisfério “Latitude e longitude”).
Ao longo da história, muitos aparelhos foram cria-
dos para facilitar o trabalho de localização, como a
bússola, o sextante e o astrolábio.
Hoje, porém, existe um sistema de localização
muito preciso – o GPS (Global Positioning System
ou Sistema de Posicionamento Global) –, que for-
nece as coordenadas geográficas e a altitude de um
ponto a partir de sinais captados por satélites arti-
ficiais que giram em torno da Terra. Veja mais de-
talhes sobre esse assunto no capítulo 4.
Rosa dos ventos
COORDENADAS GEOGRÁFICAS: IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO
Desde que o mapa ou a bússola estejam com a
direção norte representada corretamente, qualquer
ponto da superfície terrestre pode ser localizado
com exatidão, com o auxílio das coordenadas geo-
gráficas, que se baseiam em linhas imaginárias
traçadas sobre a Terra. Essas linhas são os parale-
los e os meridianos, que se cruzam formando um
sistema de coordenadas geográficas: a latitude,
medida nos paralelos, e a longitude, medida nos
meridianos.
Sextante: aparelho óptico utilizado há mais de duzentos anos para auxiliar a navegação marítima. Permite medir a posição de certas estrelas. Baseado nos valores obtidos, o observador calculava a latitude da sua posição, ou seja, quanto estava ao norte ou ao sul do equador.Astrolábio: antigo aparelho astronômico, desenvolvido ainda na Antiguidade, utilizado para medir a altura de um astro acima da linha do horizonte. Também era usado para resolver problemas geométricos, como calcular a altura de um edifício ou a profundidade de um poço.
ESA/CE/Eurocontrol/SPL/Latinstock
Os paralelos e a latitudeComo sabemos, o principal paralelo, o equador,
determina a divisão da Terra em duas partes iguais,
o hemisfério norte ou setentrional e o hemisfério sul
ou meridional.
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Adaptado de: ATLAS geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. p. 15.
Rede de satélites usados no Global Positioning System (GPS).
CAPÍTULO 2 A LOCALIZAÇÃO NO ESPAÇO GEOGRÁFICO 21
A partir da linha do equador, traçamos os demais
paralelos. Podemos traçar 90 paralelos no hemisfério nor-
te e 90 no hemisfério sul. Eles são indicados por graus de
circunferência, sendo o equador o paralelo inicial, de 0º.
Além do equador, outros quatro paralelos, como
sabemos, têm denominação própria: o círculo polar Ártico e o trópico de Câncer, no hemisfério norte, e o
trópico de Capricórnio e o círculo polar Antártico, no
hemisfério sul, conforme se pode ver na figura a seguir:
Equador
Norte
LesteOeste
Sul
Círculo PolarÁrtico
Trópico deCâncer
Paralelos no
hemisfério
norte
Paralelos
no hemisfério
sul
Trópico deCapricórnio
Círculo PolarAntártico
0°
90° 80°
80°90°
70°
70°
60°
60°
50°
50°
40°
40°
30°
30°
Oeste
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Paralelos
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A latitude é a distância, medida em graus, de qual-
quer ponto da superfície terrestre ao equador. Como
vimos, ela é expressa em graus e varia de 0º a 90º para
o norte (N) ou para o sul (S). Assim, todos os pontos
situados ao norte do equador têm latitude norte e os
que ficam ao sul dessa linha têm latitude sul.
Os meridianos e a longitudeConhecer apenas a latitude não é suficiente para
determinar a localização exata de um ponto na su-
perfície terrestre. Por exemplo, as cidades de São
Paulo, no Brasil, e Alice Springs, na Austrália, estão
quase à mesma latitude (aproximadamente 23o S),
mas em lugares muito distantes entre si. Saber a lo-
calização exata dessas duas cidades só é possível com
a ajuda dos meridianos e das longitudes.
LesteOeste
Norte
Sul
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Meridianos
no hemisfério ocidental
Meridianos
no hemisfério oriental
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Meridianos são linhas imaginárias que cortam
perpendicularmente os paralelos e vão de um polo a outro.
Paralelos, linhas imaginárias traçadas paralelamente ao
equador.
Todos os pontos que se encontram ao longo de um mesmo
paralelo têm a mesma latitude, isto é, estão a igual distância
do equador.
Imagem aérea do monumento Marco Zero do Equador em
data de ocorrência do equinócio, momento em que o Sol
está exatamente sobre a linha do equador. Macapá (AP),
23 de março de 2000.
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22 UNIDADE 1 GEOGRAFIA, UMA CIÊNCIA PARA ENTENDER O MUNDO
Nenhum meridiano circunda totalmente a esfera terrestre. Na outra face está o meridiano oposto, ou antimeridiano. O meridiano inicial tem longitude 0º e, por convenção internacional, foi adotado como ponto de partida para a numeração dos demais me-ridianos. É uma linha que passa pelos jardins do Observatório Real Astronômico de Greenwich, um subúrbio londrino (Reino Unido). Daí ser chamado meridiano de Greenwich.
LesteOeste
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L o n g i t u d e
100° 80° 60° 40° 20° 20° 40°0°
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Sul
Longitude
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Adaptado de: NATIONAL Geographic Student Atlas of the World. 3. ed. Washington, D.C.: National Geographic Society, 2009. p. 13.
O meridiano oposto ao de Greenwich é a Linha Internacional de Data e tem longitude 180º. Ambos marcam a divisão da Terra em hemisfério oriental (leste) e hemisfério ocidental (oeste). Todos os infini-tos pontos situados à direita do meridiano de Greenwich têm longitude leste e os situados à esquer-da têm longitude oeste.
Todos os lugares atravessados por um mesmo me-ridiano têm a mesma longitude e estão a igual dis-tância do meridiano de 0º.
Vista do Observatório Real de Greenwich, no Reino Unido. A
linha demarcada no piso, à direita na foto, representa o zero
grau de longitude. Foto de 2012.
0º20º 20º
40º 40º
60º 60º
80º 80º
100º 100º
120º 120º
140º 140º
160º
180º
160º
Meridiano de Greenwich
Linha Internacional de Data
Fim do sábado
Começo do domingo
Antimeridiano: a Linha Internacional de Data
Latitude e longitude – Mais aplicações
Latitude e longitude não são importantes apenas para determinar a localização exata de um ponto na superfície terrestre. O clima de determinado lu-gar depende bastante da latitude, pois esta define a maneira como os raios solares atingem a superfí-cie do planeta. Embora outros fatores, como a alti-tude e a proximidade do mar, também interfiram para que ocorram as diferenças de temperaturas, de modo geral, elas diminuem do equador para os polos.
Veja no planisfério a seguir alguns exemplos de localização de cidades determinada por latitude e longitude.
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Longitude é a distância, medida em graus, de qualquer lugar
da Terra ao meridiano de Greenwich, e varia de 0º a 180º
para leste (E) ou para oeste (O).
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CAPÍTULO 2 A LOCALIZAÇÃO NO ESPAÇO GEOGRÁFICO 23
Os paralelos delimitam as zonas climáticas ou térmicas da Terra:
Zona tropical ou intertropical. Localiza-se en-tre os trópicos de Câncer (23º27’ de latitude norte) e de Capricórnio (23º27’ de latitude sul). Pelo fato de os raios solares incidirem quase perpendicular-mente durante o ano todo, é a zona mais quente da Terra.
Zonas temperadas. A zona temperada do Norte está localizada entre o trópico de Câncer (23º27’ de latitude norte) e o círculo polar Ártico (66º33’ de latitude norte); a zona temperada do Sul está lo-calizada entre o trópico de Capricórnio (23º27’ de latitude sul) e o círculo polar Antártico (66º33’ de latitude sul). São zonas menos quentes do que a zona tropical porque recebem raios solares mais inclinados (oblíquos).
Zonas polares ou glaciais. Localizam-se ao norte do círculo polar Ártico – 66º33’ de latitude norte (zona polar ou glacial Ártica) – e ao sul do círculo polar Antártico – 66º33’ de latitude sul (zona polar ou glacial Antártica). Os raios solares atingem essas zonas de modo muito inclinado e somente durante parte do ano, o que torna as zonas polares as mais frias da Terra.
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OCEANO
PACÍFICO
OCEANOPACÍFICOOCEANO
ATLÂNTICO
OCEANOÍNDICO
0º 30º30º 60º60º 90º90º 120º120º 150º150º 180º180º
0º 30º30º
30º
30º
60º60º
60º
90º90º 120º120º 150º150º 180º180º
Pequim
Equador0º
Longitude: 116º22´ L
Longitude: 149º07´ L
Longitude: 133°52´ L
Washington
Cidade do México
São Paulo
Buenos AiresM
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e G
reen
wic
h
Longitude: 77°01´ O
Latitude: 38°53´ N
Longitude: 102°00´ O
Latitude:23°00´ N
Latitude:23° 32´ S
Latitude:34°37´ S
Latitude: 39º55´ N
60º
Longitude: 58°23´ O
Latitude:35º17´ S
Latitude:23°41´ S
Camberra
Alice Springs
Longitude: 46°37´ O
N
S
LO
Latitude e longitude
Adaptado de: 1. ATLANTE Geografico Metodico De Agostini 2012. Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2012. p. 12-13. 2. IL MONDO: Grande Atlante Geografico. Novara: Istituto Geografico De Agostini, 1998. p. 287-387.
CírculoPolar Ártico
66°33'
Trópico de Câncer
Círculo Polar Antártico
Trópico deCapricórnio
EquadorZona tropical
Zona temperada do Norte
Zona temperada do Sul
Zona polar do Norte
Zona polar do Sul 66°33'
23°27'
23°27'
0°
Zonas térmicas da Terra
Adaptado de: ATLAS geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. p. 58.
A longitude é essencial para saber as diferenças de horário de um lugar para outro. Essas diferenças dependem da localização do lugar em relação ao me-ridiano de Greenwich. Veja mais sobre o assunto no capítulo 3.
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27
Estas imagens mostram
que o tempo é um dos
aspectos fundamentais da
transformação das
paisagens no espaço
geográfico.
O MOVIMENTO DE ROTAÇÃO, OS DIAS E AS NOITES
A organização do espaço geográfico é resultado
dos movimentos da sociedade através do tempo. Para
entender essa relação, pensemos nas diferentes esca-
las de tempo.
CAPÍTULO 3
A medida do tempo no espaço geográfico
Nossa vida é regulada por horas, dias, meses e anos;
espaços de tempo que definem períodos mais longos,
como as eras, que medem o tempo geológico desde as
primeiras manifestações de vida na Terra, e os séculos,
que usamos para datar a história da humanidade.
Se considerarmos os fatores naturais, o tempo no
espaço geográfico é determinado pelos dois principais
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A: Bairro da Cidade Velha com Catedral da Sé e
baía do Guajará ao fundo. Na imagem é
possível distinguir também, em segundo
plano, o mercado Ver-o-Peso (construção de
1625). Belém (PA), foto de c. 1910.B: A mesma vista de Belém, mais aproximada,
com destaque para o mercado Ver-o-Peso. Belém (PA), 2008.
A
B
28 UNIDADE 1 GEOGRAFIA, UMA CIÊNCIA PARA ENTENDER O MUNDO
movimentos que a Terra realiza no espaço: o movi-
mento de rotação e o movimento de translação.
A Terra leva 24 horas para realizar o movimento
de rotação em torno de si mesma ou de seu eixo ima-
ginário. Nesse movimento, o planeta gira de oeste
para leste, a uma velocidade média de 1649 km por
hora, na altura do equador, e vai diminuindo em di-
reção aos polos.
O tempo que a Terra demora para dar uma volta
completa em torno de si mesma é chamado dia solar
e dura 24 horas, baseado no nascer e no pôr do sol.
Porém, a nossa vida diária é regulada pelo dia civil,
estabelecido em 1925 em um acordo internacional.
O dia civil tem a mesma duração de 24 horas, mas,
ao contrário do dia solar, não é marcado pelo apare-
cimento e desaparecimento do Sol no horizonte. Pela
convenção, ficou determinado que o dia civil come-
ça depois da meia-noite.
Eventos esportivos em horários tão diferentes dos
nossos podem ser explicados pela diferença de horá-
rio existente entre os países. A hora local de uma
cidade é dada pelo fuso horário, recurso criado para
medir o tempo nas diferentes partes do mundo (veja
mais detalhes sobre fusos horários no próximo item).
A cidade de Pequim (ou Beijing, como também é
conhecida), por exemplo, que está localizada a leste
do meridiano de Greenwich e já foi sede dos Jogos
Olímpicos, tem seu horário adiantado em 11 horas
em relação à cidade de Brasília, capital do Brasil, que
fica a oeste desse meridiano. Assim, enquanto em
Brasília são três horas da tarde (15 horas), em Pequim
já são duas horas da manhã do dia seguinte.
Além dos fusos horários, outro critério estabele-
cido pelo ser humano para lidar com fenômenos e
aspectos naturais do nosso planeta é a definição dos
pontos cardeais, que permitem a orientação no espa-
ço geográfico: norte e sul, os dois extremos do eixo
de rotação da Terra; leste (onde o Sol desponta) e
oeste (onde o Sol se põe), fixados pelo próprio movi-
mento de rotação.
São consequências da rotação da Terra:
■ a sucessão dos dias e das noites, que regula a or-
ganização e o planejamento das nossas atividades;
■ o movimento aparente do Sol, que surge no
Oriente e se oculta no Ocidente;
■ a formação das correntes marítimas, que podem
ser alteradas pelo desvio dos ventos, influindo na
navegação marítima e na localização de áreas
pesqueiras.
Além disso, vale também ressaltar que a comuni-
cação entre os continentes tem sido beneficiada pela
utilização de satélites artificiais que acompanham o
movimento de rotação da Terra.
Os fusos horários
A diferença de horas entre os vários lugares da
Terra criou a necessidade de estabelecer uma forma
comum de marcar a hora local. Foi definido um sis-
tema de 24 fusos horários, 12 faixas para leste e 12
para oeste, que resultam da divisão da circunferência
terrestre pelas 24 horas do dia. Esse sistema pode ser
explicado da seguinte maneira:
Ao girar, a Terra expõe ao Sol a superfície terrestre,
que tem 360° de circunferência. Considerando que o
planeta leva 24 horas para realizar seu movimento de
rotação, veremos que, a cada hora, o Sol ilumina uma
Consequências do movimento de rotação
Quando há um campeonato mundial de futebol,
de vôlei ou uma corrida de Fórmula 1 em países do
Oriente, quem quiser acompanhar a transmissão do
evento ao vivo, no Brasil, tem de levantar muito cedo
ou ficar acordado de madrugada.
Eixo imaginário da Terra
Sentido do movimentoda Terra em torno deseu eixo (rotação)
Equador
Polo Norte
Polo Sul
Oeste
Leste
Movimento de rotação da Terra
Adaptado de: ATLAS de la República de Chile. Santiago: IGM – Instituto Geográfico Militar de Chile, 2011. p.12. Ilustração esquemática, sem escala.
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CAPÍTULO 3 A MEDIDA DO TEMPO NO ESPAÇO GEOGRÁFICO 29
faixa de 15° na superfície terrestre (360° : 24 = 15°). Essas faixas são chamadas fusos horários.
Exatamente no meio de cada uma dessas faixas (7°30’) passa um meridiano que determina a hora local do fuso, chamada hora legal. Geralmente, a hora legal de cada lugar é determinada pela hora legal de seu fuso. Para economizar energia, alguns países adiantam a hora legal no verão. É o horário de verão, que altera ainda mais as diferenças entre os fusos.
A contagem dos fusos inicia-se no meridiano de Greenwich, o meridiano inicial. A hora marcada nesse meridiano é conhecida como GMT (Greenwich
Mean Time – Hora Média de Greenwich), e o pri-meiro fuso – o fuso de Londres – está compreendi-do entre 7°30’ O e 7°30’ L do meridiano inicial, totalizando os 15° que formam um fuso horário. Levando em consideração que a Terra, em seu mo-
vimento de rotação, gira de oeste para leste e que o Sol surge primeiro nos lugares situados a leste, sem-pre que caminhamos nessa direção as horas aumen-tam. No sentido contrário (oeste), as horas dimi-nuem. Portanto, todos os fusos a leste do meridiano de Greenwich têm seus horários adiantados e todos os fusos a oeste têm seus horários atrasados em re-lação ao meridiano inicial.
Alguns países estabeleceram modificações no tra-çado dos fusos para que as horas coincidissem dentro do limite de países, estados, etc. Essa modificação distingue a divisão das faixas em fuso horário teórico (em que a divisão das faixas é exata) e fuso horário
político ou civil (em que ocorre a acomodação de determinada faixa em relação aos limites estaduais ou nacionais de um país). Observe a acomodação dos traçados dos fusos no mapa abaixo.
Meio-dia
Domingo
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0º
Meia-noite
Segunda-feira
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+1
2 h
–1
2 h
–11 h –10 h –9 h –8 h –7 h –6 h –5 h –4 h –3 h –2 h –1 h 0 h +1 h +2 h +3 h +4 h +5 h +6 h +7 h +8 h +9 h +10 h +11 h
Horas pares
Horas ímpares
Horas fracionadas
1 p.m. 2 p.m. 3 p.m. 4 p.m. 5 p.m. 6 p.m. 7 p.m. 8 p.m. 9 p.m. 10 p.m. 11 p.m. 12 a.m. 1 a.m. 2 a.m. 3 a.m. 4 a.m. 5 a.m. 6 a.m. 7 a.m. 8 a.m. 9 a.m. 10 a.m. 11 a.m. 12 p.m.
Trópico de Capricórnio
Círculo Polar Antártico
Círculo Polar Ártico
Trópico de Câncer
Equador
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Fusos horários – Civil
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3.
A adoção do fuso horário político ou civil facilita as relações entre comércio, bancos e meios de transporte.
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30 UNIDADE 1 GEOGRAFIA, UMA CIÊNCIA PARA ENTENDER O MUNDO
Fusos horários do Brasil e horário de verão
A principal consequência do fato de nosso país estar localizado totalmente no hemisfério ocidental é que
nossos fusos horários são todos atrasados em relação ao meridiano de Greenwich. Além disso, em razão de
sua grande extensão, até 2008 o Brasil apresentava quatro faixas de fusos horários. Para adaptar melhor as
atividades comerciais em território nacio-
nal, desde 25 de junho de 2008 o governo
estabeleceu apenas três fusos horários no
Brasil. A hora oficial do Brasil é a de sua
capital, Brasília.
Os fusos horários brasileiros tam-
bém são alterados durante a vigência
do horário de verão.
A adoção do horário de verão tem
como principal argumento a redução no
consumo de luz artificial. Durante parte
do ano, nos meses de verão, o Sol nasce
antes que a maioria das pessoas tenha
se levantado. Quando os relógios são
adiantados, a luz do dia é mais bem apro-
veitada, uma vez que a maioria da popu-
lação passa a acordar, trabalhar, estudar,
etc., em consonância com a luz do Sol.
O primeiro país a adotar o horário
de verão foi a Alemanha, em 1916, se-
guido por diversos países da Europa,
devido à primeira Guerra Mundial. A
economia de energia elétrica foi vista
como um esforço de guerra, pois pro-
piciaria economia de carvão, a principal
fonte de energia da época.
No Brasil, o uso do horário de verão
foi instituído por decreto em 1931, de-
terminando “em todo o território nacio-
nal a hora de economia de luz”. Essa
determinação deixou de ser válida para
todo o Brasil a partir de 1988, quando o
governo passou a limitar o horário de
verão a alguns estados brasileiros, ex-
cluindo alguns do Norte e do Nordeste.
Veja a seguir os mapas de fusos ho-
rários brasileiros, com e sem horário de
verão.
Texto elaborado pelos autores com base em:
Observatório Nacional (Ministério de Ciência e
Tecnologia), Portal Divisão Serviço
da Hora (DSHO) <http://pcdsh01.on.br/>. Acesso
em: 12 nov. 2012.Fonte: ATLAS geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. p. 91.
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Equador0º
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Trópico de Capricórnio
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– 5 horas – 4 horas – 3 horas – 2 horas
0 500 1 000 km
ESCALA
OCEANO ATLÂNTICO
Brasil: fusos horários com horário de verão (2012/2013)
0º
55º O
Equador0º
55º O
Trópico de Capricórnio
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– 5 horas – 4 horas – 3 horas – 2 horas
0 500 1 000 km
ESCALA
OCEANO ATLÂNTICO
Brasil: fusos horários sem horário de verão
Fonte: ATLAS geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. p. 91.
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CAPÍTULO 3 A MEDIDA DO TEMPO NO ESPAÇO GEOGRÁFICO 31
A Linha Internacional de Data
A Linha Internacional de Data – oposta ao meridia-
no de Greenwich – determina a mudança de data civil
no planeta. Por isso, ao cruzar essa linha, a data deve ser
alterada, dependendo da direção para a qual se viaja.
Por exemplo, quem sai do México, do Brasil ou dos
Estados Unidos em voo direto para Tóquio numa segun-
da-feira chegará lá na terça-feira. Leia mais sobre esse
assunto no texto da seção Ampliando o conhecimento, a
seguir, e você vai entender por que isso acontece.
O lugar onde o calendário muda
Existe uma linha que corta o globo de polo a
polo, onde a data dá um salto de um dia.
Imagine que você resolva fazer uma viagem
diferente no fim do ano: uma travessia pelo ocea-
no Pacífico, a bordo de um transatlântico. Uma
noite, no final do jantar, o navio em mar aberto,
o comandante anuncia: “Atenção, senhoras e se-
nhores! Vamos brindar o Ano-Novo!”.
É exatamente meia-noite de 30 de dezembro.
Como é possível pular o dia 31? Os passageiros
ficam intrigados. O que existe de diferente nesse
pedaço do mundo? É como se ali, num ponto
qualquer, perdido em pleno mar, o tempo de re-
pente sofresse uma descontinuidade, fazendo o
calendário pular de 30 de dezembro para 1o de
janeiro. O mais estranho de tudo é que a hora
continua a mesma: meia-noite. Você saberia re-
solver esse enigma?
É que, exatamente à meia-noite de 30 de dezem-
bro, o navio cruzava a Linha Internacional de
Data. Essa linha corta o globo terrestre do polo
norte ao polo sul, seguindo mais ou menos o me-
ridiano de 180°, do lado oposto ao meridiano de
Greenwich, na Inglaterra. A partir de Greenwich
são acertados os relógios de todo o mundo, pelos
fusos horários. A leste dele, adianta-se uma hora,
a cada 15 graus.
Só que, quando se chega à Linha Internacional
de Data, não é o relógio que muda, e sim a folhi-
nha: a leste da linha, voltamos 24 horas no tempo.
Ou seja, quem atravessa essa linha de oeste para
leste volta para ontem. Sabe por quê? Para acer-
tar o calendário.
Veja a seguir o problema que teríamos, por
exemplo, se apenas contássemos as horas, a cada
fuso horário.
Suponha que é meia-noite do dia 30 de dezem-
bro e você está em São Paulo (desconsidere o ho-
rário de verão). Se ligar para outra cidade, mais
a leste, digamos a Cidade do Cabo, na África do
Sul, vai ver que lá serão 4 horas da manhã do dia
31 de dezembro, porque a cidade fica cinco fusos
horários a leste. Quanto mais a leste mais tarde
será. No Japão já será meio-dia, e, no Havaí, 6
horas da tarde. Da mesma forma, no Peru seriam
23 horas, também do último dia do ano. Assim,
se completasse a volta ao mundo, você chegaria
à conclusão de que seu vizinho de oeste já estaria
vivendo a meia-noite do dia 31, mas você ainda
estaria no dia 30.
Para assinalar uma única data, é preciso fazer
um acerto em algum ponto. Então, por conven-
ção, diminui-se um dia quando se passa pela
Linha Internacional de Data, de oeste para leste.
Para evitar problemas no dia a dia das pessoas,
a Linha Internacional de Data não segue exata-
mente o meridiano de 180°. Ela faz algumas cur-
vas, desviando-se de ilhas e regiões em terra firme
onde possam existir comunidades.
Veja um exemplo da confusão que reinaria
numa cidade cortada pela Linha Internacional de
Data. No caso de inflação alta, o cliente de um
banco poderia ganhar um bom dinheiro apenas
atravessando a rua. Bastaria fazer um depósito
na agência bancária do lado leste da cidade e
retirar imediatamente o dinheiro em outra agên-
cia, do lado oeste. Ele lucraria os juros de um dia
em poucos minutos. E mais: os compromissos
teriam de ser marcados levando em conta o lado
da cidade onde cada pessoa mora. Ou seja, todos
teriam de manipular duas agendas.
DAMINELI NETO, Augusto. O lugar onde o
calendário muda. Superinteressante,
São Paulo: Abril, v. 11, 10 nov. 1995. p. 82-84.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
32 UNIDADE 1 GEOGRAFIA, UMA CIÊNCIA PARA ENTENDER O MUNDO
O MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO E AS ESTAÇÕES DO ANOObserve as paisagens:
Dia de sol e calor na praia do Peró, Cabo Frio (RJ),
dezembro de 2010.
Pessoas andam de trenó na neve no Central Park,
em Nova York (EUA), dezembro de 2010.
Essas imagens retratam situações vividas na mes-
ma época do ano, porém em países localizados em
hemisférios opostos. Assim, enquanto os brasileiros,
no mês de dezembro, desfrutam do calor no hemis-
fério sul, os britânicos se protegem do frio e da neve
no hemisfério norte.
Nessa época do ano, o hemisfério sul fica mais
exposto à luz e ao calor do Sol, enquanto o hemisfé-
rio norte é atingido com menor intensidade pelos
raios solares. Por isso, no hemisfério sul é verão e no
hemisfério norte, inverno. No mês de junho ocorre
exatamente o contrário.
Portanto, quando você vai para casa mais cedo
para aproveitar as longas noites frias de inverno, ou
quando aproveita a luminosidade dos dias quentes
de verão, você está sentindo as consequências do
movimento de translação da Terra, cujas duração
e características exercem influência direta sobre
nossa vida.
O movimento de translação é o que a Terra reali-
za ao redor do Sol com os outros planetas. Nesse
movimento, ela percorre um caminho que tem a for-
ma de uma elipse, à qual chamamos órbita.
A Terra, em sua órbita, não
mantém a mesma velocidade,
que é maior quanto mais o
planeta se aproxima do Sol
(periélio) e menor quanto mais
se afasta dele (afélio). O Sol não
está no centro da elipse; por
isso, a Terra não está sempre à
mesma distância do Sol.
O tempo que o nosso planeta demora para dar uma
volta completa ao redor do Sol é chamado ano. O ano
civil, adotado por convenção, tem 365 dias. Como o
tempo real do movimento de translação (ano sideral)
é de 365 dias e 6 horas, a cada quatro anos temos um
ano de 366 dias, o ano bissexto. São anos bissextos
Periélio: ponto da órbita em que um planeta está mais próximo do Sol.Afélio: ponto da órbita em que um planeta está mais afastado do Sol.
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CAPÍTULO 3 A MEDIDA DO TEMPO NO ESPAÇO GEOGRÁFICO 33
Inverno
Verão
21 de março
Equinócio
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Primavera
21 de junho
Solstício
21 de dezembro
Solstício
23 de setembro
Equinócio
Sol
Primavera
Inverno
Verão
Outono
As estações do ano
Adaptado de: ATLAS geográfico para la educación. Santiago: IGM – Instituto Geográfico Militar de Chile, 2011. p. 13. Ilustração esquemática, sem escala.
aqueles que são divisíveis por 4 e se o ano
terminar em 00 (dois zeros) é preciso que
o número seja divisível por 400. O ano 2016,
por exemplo, é um ano bissexto.
No seu caminho ao redor do Sol, a
Terra segue realizando também o seu mo-
vimento de rotação. O eixo imaginário, em
torno do qual a Terra faz a rotação, tem
uma inclinação de 23°27’ em relação ao
plano da órbita terrestre. Por esse motivo,
a iluminação do Sol não é igual em todos
os lugares da Terra, ao longo do ano.
Consequências do movimento de translação
O movimento de translação tem como consequên-
cia um fato fundamental para a vida na Terra: as esta-
ções do ano, que condicionam as atividades agrope-
cuárias e a existência de variados tipos de vegetação e
espécies animais em diferentes lugares do planeta. Elas
são determinadas pela posição da Terra em relação ao
Sol. Em razão da inclinação do eixo terrestre, as esta-
ções não são iguais nos dois hemisférios, alternando-se
em relação à linha do equador. Veja o quadro ao lado.
As datas que marcam o início das estações do ano de-
terminam também a maneira e a intensidade com que
os raios solares atingem a Terra em seu movimento de
translação. Esses dias recebem a denominação de equi-
nócio e solstício, veja a ilustração abaixo).
Hemisfério
sul
Entre
os dias
Hemisfério
norte
Início da
primavera
22 e 23 de
setembroInício do outono
Início do verão21 e 23 de
dezembroInício do inverno
Início do outono 20 e 21 de marçoInício da
primavera
Início do
inverno21 e 23 de junho Início do verão
Adaptado de: Centro de divulgação científica e cultural. Disponível em: <http://www.cdcc.usp.br/>. Acesso em: 2 out. 2012.
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Adaptado de: ATLAS geográfico para la educación. Santiago: IGM – Instituto Geográfico Militar de Chile, 2011. p. 13-14. Ilustração esquemática, sem escala.
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Movimento de translação da Terra
Sentido do movimento da Terra
Eixo imaginário
da Terra
TerraSol
34 UNIDADE 1 GEOGRAFIA, UMA CIÊNCIA PARA ENTENDER O MUNDO
Equinócio
Entre os dias 20 e 21 de março, os raios de sol incidem perpendicularmente sobre a linha do equa-dor, fazendo com que o dia e a noite tenham a mesma duração (exatamente 12 horas) na maior parte dos lugares da Terra. Daí o nome equinócio (noites iguais aos dias). Nesse dia, no hemisfério norte, é o equinó-cio de primavera e, no hemisfério sul, o equinócio de outono. Entre os dias 22 e 23 de setembro, ocorre o contrário: é o equinócio de primavera, no hemisfério sul, e o equinócio de outono, no hemisfério norte.
Solstício
Entre os dias 21 e 23 de junho os raios solares che-gam verticalmente ao trópico de Câncer (23°27’ LN).
Nesse momento, ocorre o solstício de verão no hemis-fério norte. É o dia mais longo e a noite mais curta do ano, que marcam o início do verão. No hemisfério sul, acontece o solstício de inverno, com a noite mais lon-ga do ano, marcando o início da estação fria.
Entre os dias 21 e 23 de dezembro, os raios de sol caem verticalmente sobre o trópico de Capricórnio (23°27’ LS). É o solstício de verão no hemisfério sul, com o dia mais longo do ano e o início do verão. No hemisfério norte, é a noite mais longa do ano e o início do inverno.
Nas regiões intertropicais, principalmente nas proximidades do equador, a duração dos dias e das noites quase não varia e as estações do ano são pouco diferenciadas.
1. Nos meses de junho e julho, as temperaturas po-
dem atingir 40 ºC na Espanha e em outros países
europeus. Nessa mesma época, há queda de neve
em países como o Chile, a Argentina e, esporadi-
camente, na região Sul do Brasil. Em sua opinião,
o que explica temperaturas tão diferentes?
2. Aponte uma consequência para a vida na Terra
caso não houvesse o movimento de rotação.
3. Por que as áreas próximas ao equador apresen-
tam menores variações de temperatura ao lon-
go do ano?
4. Os estados do norte do Brasil não adotam o ho-
rário de verão. Você saberia explicar por quê?
5. Com base no que você estudou no capítulo,
responda:
a) Por que as horas não são iguais em todos os
lugares da Terra?
b) Em relação ao meridiano inicial, como estão
dispostos os fusos horários brasileiros?
c) Se em Brasília são10 horas, que horas serão em
Pequim, Lima, Tóquio e na Cidade do México?
6. Identifique duas implicações políticas ou econô-
micas do fato de as principais cidades do mundo
terem diferença de horas e até mesmo de dias.
7. Um avião saiu de uma cidade A,
localizada a 135º L, às 12 horas,
com destino a uma cidade B, situada a 15º O.
Sabendo que a viagem dura 9 horas, calcule:
a) A diferença de horas entre a cidade A e o
meridiano inicial;
b) A diferença de horas entre a cidade B e o
meridiano inicial;
c) A hora em que o avião chegou à cidade B.
8. Os países de Tonga e Samoa, localizados na
Polinésia, estão distantes apenas uma centena
de quilômetros; porém, a localização geográ-
fica desses países faz com que a diferença en-
tre seus fusos horários seja de 24 horas. Com
base nessa informação, responda às questões
que seguem.
a) Explique por que, apesar de haver pequena
distância entre os dois países, há 24 horas de
diferença entre eles.
b) Se em Tonga são 24 horas do dia 4, que horas
serão em Samoa? Por quê?
9. O século XIX, que começa no ano
de 1801 e vai até o ano de 1900,
tem 24 anos bissextos, pois nesse século há 24
anos que são múltiplos de 4 (os anos de
1804,1808,1812, ..., 1892, 1896); esse século
teria 25 anos bissextos se 1900 fosse divisível
por 400. Quais são os séculos, anteriores ao
atual e posteriores ao nascimento de Cristo, que
possuem 25 anos bissextos?
REFLETINDO SOBRE O CONTEÚDO
GEOGRAFIA E MATEMÁTICA
GEOGRAFIA E MATEMÁTICA