jornal da federação nacional dos trabalhadores em ... · edição finalizada em 11/04/2009...

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Jornal da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUT Ano VI - N o 24 - Abril de 2009 IMPRESSO AERUS AGU, Varig e Instituto constroem acordo sobre ação no STF Pág. 3 ENTREVISTA Os efeitos da crise nas negociações salariais Pág. 8

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Jornal da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUT

Ano VI - No 24 - Abril de 2009

IMPR

ESSO

AERUS AGU, Varig e Instituto constroem acordo sobre ação no STFPág. 3

ENTREVISTA Os efeitos da crise nas negociações salariaisPág. 8

ExpEdiEntE

O jornal CONEXÃO é uma publicação da Fentac/CUT - Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUTAv. Franklin Roosevelt, 194/702Cep 20021-120 - Rio de Janeiro - RJFone: (21) 2232.9385 - [email protected]: Celso KlafkeDiretor de Comunicação: Francisco Lemos

Edição, projeto gráfico e redação: Virya Comunicação - www.virya.netFone: (21) 4062-9991 / (11) [email protected] / Jorn. Resp.: MTB 1136 Foto da capa: Marco Cavalcanti/Ag. O GloboEdição finalizada em 11/04/2009Tiragem: 11 mil exemplares

Sindicato dos Aeroviários de GuarulhosRua Santo Antônio, 10 - Guarulhos - SPCep 07110-150 - Fone: (11) 6408.3039e-mail: [email protected]

Sindicato dos Aeroviários de PernambucoRua Cruzeiro do Forte, 640 - Recife - PECep 51030-620 - Fone: (81) 3341.4745e-mail: [email protected]

Sindicato dos Aeroviários de Porto AlegreR. Augusto Severo, 82 - Porto Alegre - RSCep 90240-480 - Fone: (51) 3343.4302e-mail: [email protected]

Sindicato Nacional dos AeronautasAv. Franklin Roosevelt, 194 - salas 802-805Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep 20021-120 Fone: (21) 2532.1163 - e-mail: [email protected] / www.aeronautas.org.br

Sindicato Nacional dos AeroportuáriosAv. Antônio Souza, 18 - Guarulhos - SPCep 07013-090 - Fone: (11) 6440.6622e-mail: [email protected] / www.sina.org.br

Sindicato Nacional dos AeroviáriosAv. Churchill, 97 - 4º andar - Rio de Janeiro - RJCep 20020-050 - Fone: (21) 2220.2016e-mail: [email protected] / www.sna.org.br

Os textos editoriais e os artigos são de inteira responsabilidade da direção desta entidade.

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EditORiAL OpiniÃO

Menos spread, mais empregos e saláriosDemorou, mas o governo brasileiro

acabou fazendo mais um de seus deveres de casa: declarou – com ações – que o Brasil não pode continuar com um spread bancário tão alto. Ao menos não em um banco do Estado. A ação foi a demissão do presidente do Banco do Brasil (BB), Antônio Francisco de Lima Neto, no dia 8 de abril. O recado poderia servir a todos os bancos.

Spread é a diferença entre o custo pago pelo banco para captar recursos e o juro que ele cobra dos clientes. Em 2008, segundo a Folha de São Paulo, os brasileiros gastaram com o spread 2,5 vezes o orçamento do governo destinado à Saúde. O BB se comportou como um banco privado, aplicando altas taxas de spread, em busca de lucratividade. O presidente Lula já havia pedido mudanças às quatro instituições: BB, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste. Não foi ouvido. Então, Lima Neto, do BB, foi demitido.

“Combatemos dirigentes de bancos públicos que se comportam como dirigentes de bancos privados”, disse a ministra Dilma Rousseff. Foi mais um passo do governo, com firmeza, em prol da economia nacional, dos empregos, do afastamento da crise.

Mais ainda são necessárias outras ações para superarmos os efeitos da crise, como uma política diferenciada para os setores mais afetados, subordinada ao fortalecimento do mercado interno, e contrapartidas sociais, com garantia de emprego e renda. Os trabalhadores do setor aéreo e de todos os outros setores da economia clamam por isso. Boa leitura!

Vi a cena há pouco tempo, na televisão: na favela, um negro sai correndo, de calção rasgado, chinelo de dedo, morro abaixo. O helicóptero da polícia sobrevoa, e do helicóptero partem tiros. Era uma caça, foi abatido.

São esses os traficantes? Negros de calção rasgado e chinelos de dedo? Gente miseravelmente vestida?

Ora, esses são os soldados do tráfico, talvez até escravos do tráfico. As armas utilizadas são caras, fabricadas no exterior e contrabandeadas para cá.

Os verdadeiros traficantes, os que são donos de jatinhos, os que dominam os esquemas de remessa da droga, os que corrompem policiais, esses não estão nos morros ou nas favelas.

Essa gente – esses milionários do tráfico – é atingida quando há investigações das Varas de Lavagem de Dinheiro. É a partir de lá que se identifica a movimentação de quantias bilionárias de dinheiro sendo lavado em diversos países.

Primeiro foi a UBS (União de Bancos Suíços) que foi obrigada a abrir o sigilo bancário de alguns de seus “correntistas”. Agora foi o Deutsche Bank alemão que se viu obrigado a indenizar porque estava ajudando a lavar dinheiro da corrupção de Paulo Maluf. Segundo o promotor de Justiça responsável

Quem são os verdadeiros traficantes?Por Luis Antonio Castagna Maia*

pelo caso, Maluf teria desviado 93 milhões de reais da Prefeitura de São Paulo. Ou seja, há um evidente conluio de grandes bancos internacionais que sobrevivem exatamente disso, das “aplicações” da bandidagem de colarinho branco. São sua clientela “vip” e invocam o sigilo bancário para proteger um dinheiro sabidamente vindo do crime e da corrupção.

As varas de lavagem de dinheiro é que têm conseguido, a partir do trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público, localizar os verdadeiros donos do tráfico, os verdadeiros bandidos. E, não raro, as campanhas financiadas com esse dinheiro ilícito.

Daí a cautela com que se deve observar a cada notícia contrária à existência dessas varas, a cada denuncia de abuso. O abuso pode existir, e é provável que exista, e deve ser coibido. Coibir o abuso, no entanto, não significa garantir a permanente invalidação das provas colhidas legalmente contra os criminosos.

*Advogado previdenciário, assessor

dos sindicatos cutistas e da Fentac/CUT nas ações em

defesa dos participantes do Aerus, e editor do blog http://www.

castagnamaia.com.br/blog/

Cátia Cilene/Ag. Virya

Valte

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Manifestantes protestam contra a ajuda dos governos aos bancos, durante reunião do G20, em São Paulo, em novembro de 2008

A nova gestão do Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos tomou posse no dia 13 de dezembro de 2008. Em apenas dois

meses, conquistou 513 novos sócios. O Sindicato está de espírito renovado e com maior unidade. Além disso, foi ampliado o número de empresas cujos funcionários estão representados na chapa. A festa da posse foi realizada na sede campestre, em Santa Isabel.

Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos de cara nova

a e r o v i á r i o sd e g u a r u l h o s

S i n d i c a t o d o s

O novo presidente do Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos, Orisson Melo, fala durante a posse, no dia 13 de dezembro

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Rumo ao 7º CongressoA Confederação Nacional dos

Trabalhadores em Transporte (CNTT/CUT) realiza, de 16 a 19 de abril, seu 7º Congresso

Nacional. O evento reunirá cerca de 150 sindicatos do ramo. Juntas, as entidades representam, aproximadamente, um milhão de trabalhadores. No Congresso, será definida a pauta de lutas para o próximo período e eleita a nova gestão da CNTT.

MOViMEntO

A edição do Fórum Social Mundial 2009, em Belém do Pará, entre os dias 27 de janeiro e 1º de fevereiro, reuniu 142 países, 5808 organizações e 113 mil participantes. Mais de 2300 atividades foram realizadas, dentre painéis, debates, seminários, atividades culturais, marchas e espaços abertos para a interação direta entre os participantes do evento na região amazônica.

A convergência de movimentos e organizações da sociedade civil saiu fortalecida ao final, promovendo novas alianças para enfrentar as crises mundiais. Representantes dos sindicatos que compõe a Fentac/CUT participaram do FSM e das atividades promovidas pela CUT ao longo do evento.

ix FSM reúne 113 mil pessoas em Belém

Henrique Lessa/APN

Henrique Lessa/APN

Mulheres na lutaMais de cinco mil pessoas participaram,

no dia 8 de março, do evento internacional promovido pela Coordenadora de Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS), na fronteira Livramento-Rivera, para marcar o Dia Internacional das Mulheres.

A luta por igualdade de oportunidades e salários, soberania alimentar e combate à violência contra a mulher marcaram a atividade. O evento contou com o apoio da CUT, que integra a CCSCS, e reuniu manifestantes do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. A direção do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre participou da atividade (foto).

Expo Center Norte - São Paulo - SP

TEMÁRIO: • Conjuntura Internacional e Nacional

• Balanço do Mandato • Estratégia • Estatuto • Eleição da Direção Executiva Nacional e Conselho Fiscal

Para dar conta das despesas, sindicatos, federações e confederações dispõe de três fontes de recursos: o imposto sindical, a contribuição assistencial e as mensalidades dos associados.

O imposto sindical, conforme rege a legislação, é descontado de todos os trabalhadores, uma vez por ano, e equivale a um dia de trabalho. Ele foi criado em 1966. Dos recursos arrecadados, 60% são destinados aos sindicatos, 15% às federações, 5% às confederações, e 20% a uma conta especial administrada pelo governo. A Fentac/CUT e os sindicatos cutistas do setor aéreo são contrários ao imposto, por seu caráter compulsório, e defendem a criação de um mecanismo de financiamento espontâneo, como a contribuição negocial. A CUT tem lutado para alterar a legislação nesse sentido. Todavia, enquanto essa proposta não for contemplada e uma forma mais justa de arrecadação não for estabelecida, nossas entidades e os sindicatos sérios do país usarão os recursos para potencializar a luta dos

trabalhadores.Já a contribuição assistencial, que também é descontada

de todos, é fruto de uma decisão tomada e referendada de forma democrática em assembléia de trabalhadores, ano a ano. Seus recursos destinam-se ao ressarcimento das despesas com as campanhas salariais. O percentual descontado também é decidido pelos trabalhadores. A contribuição é justa, porque todos se beneficiam com os resultados das campanhas, e tem o apoio da Federação.

A terceira fonte de recursos vem das mensalidades pagas pelos associados dos sindicatos, que dão conta das despesas com folha de pagamento, investimentos em infraestrutura, assessoria técnica e assistência prestada pelas entidades.

É essencial que todos tenham ciência e consciência sobre essas fontes de recurso, fiscalizem sua entidade sindical e valorizem suas ações e lutas. Do contrário, serão manipulados por oportunistas que, para obter privilégios nas empresas, enfraquecem a unidade dos trabalhadores.

Imposto sindical versus contribuição assistencial: fique ligado!

Divulgação/Sindicato

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O presidente Lula sancionou, no dia 18 de fevereiro, o Decreto nº 6.780, que aprova a Política

Nacional de Aviação Civil (PNAC), formulada pelo Conselho de Aviação Civil (Conac). Ela estabelece o conjunto de diretrizes que irão nortear as ações dos órgãos e entidades públicas e privadas responsáveis pelo desenvolvimento da aviação civil no Brasil.

Segundo o Ministério da Defesa (MD), a PNAC contou com contribuições de organizações privadas, como sindicatos, associações, entidades de classe e instituições de ensino. A Secretaria de Aviação Civil (que integra o MD) será responsável por acompanhar a implementação das políticas pela Anac, Infraero e Aeronáutica, dentre outros órgãos.

A PNAC nasce com o objetivo de cumprir as resoluções 12/2007 e 20/2007 do Conac e foi aprimorada com a realização de consulta pública, em junho de 2008. Na ocasião, cerca de 170 representantes do setor, incluindo dirigentes sindicais, participaram de um workshop promovido pela Secretaria de Aviação Civil, para debater e contribuir com o texto do projeto. Os direitos dos trabalhadores do setor, o fortalecimento das empresas brasileiras e a expansão do mercado de forma responsável, sem práticas predatórias e respeitando as condições de concorrência das companhias nacionais, foram alguns dos pontos defendidos pelos sindicatos de trabalhadores neste evento.

Para a Fentac/CUT e os sindicatos cutistas, a PNAC é um grande avanço em prol do desenvolvimento do mercado de aviação, mas precisa ser respeitada pelos órgãos do setor, como a Anac e o MD. Do contrário, as empresas seguirão em um ambiente de insegurança e autofagia, e ao invés de fortalecerem-se, irão repetir a história das companhias que faliram nos últimos anos.

A lei destaca a importância da Aviação Civil no desenvolvimento interno, na integração nacional e internacional, nas atividades sociais e econômicas. Neste contexto, a grande tarefa da PNAC é assegurar um sistema de aviação civil nacional que seja eficiente, seguro, econômico, sustentável em termos ambientais e integrado à infraestrutura de transporte e produção do país. Ou seja, fazer com que diferentes órgãos caminhem em um mesmo sentido, atuando de forma coordenada, construindo uma unidade de discurso e prática a favor do setor, dos usuários, da estabilidade e manutenção dos serviços, da segurança de voo e aeroportuária.

Os fundamentos da PNAC são as convenções e tratados internacionais ratificados pelo Brasil. Eles defendem tanto a observância da legislação brasileira quanto do que houver de melhor (em termos de práticas) na Aviação Civil em âmbito internacional. Na matéria, o governo afirma a importância de constituição de um marco legal para a Aviação Civil - que é a própria PNAC - como requisito essencial ao desenvolvimento do setor aéreo. Isto se deve, especialmente, à necessidade de planejamento de longo prazo das empresas de aviação - para a aquisição de aeronaves, por exemplo - e do próprio governo, nos investimentos em infraestrutura aeroportuária e integração regional. A matéria ressalta também o papel do governo em defesa dos interesses nacionais. Ela é dividida em três partes: objetivos, estratégias, e metodologia.

Qualquer cidadão interessado pode, a partir da PNAC, saber o que o governo pretende fazer no setor aéreo, em termos gerais. Resta saber se ele irá, através dos órgãos que implementarão essas políticas, respeitar as determinações da lei, garantindo, por exemplo, as condições de segurança de voo, que muitas vezes têm sido desprezadas em nome da redução de custos e ampliação de receitas.

Governo sanciona Política Nacional de Aviação Civil

CApA

Destaques da PNAC

SXC

ObjetIvOs

SEGURANÇAO objetivo permanente que orienta e aprimora as ações da aviação civil é a segurança, sendo essa, portanto, prerrequisito para o funcionamento do setor.

DESENVOLVIMENTO DA AVIAÇÃO CIVIL Poucos setores econômicos abrangem um conjunto de atividades tão complexas quanto às da aviação civil. Trata-se de um setor marcado pela regulação e fiscalização, que exige altos investimentos de capital, mão-de-obra qualificada e tecnologia de ponta. O setor aéreo, por outro lado, é vulnerável às condições meteorológicas, geográficas, e aos acordos internacionais.

Ações estrAtégIcAs

• permanente atualização da legislação, incorporando as práticas recomendadas pela Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) • conscientização sobre prevenção de acidentes • aprimoramento dos sistemas de segurança • formação, capacitação e atualização dos profissionais • atualização constante da documentação sobre segurança operacional • fiscalização das condições de aeronavegabilidade • redução das atividades urbanas de atração de aves nas áreas de aeródromos • promoção de esforços para que os serviços sejam pautados pela segurança, eficiência, continuidade, regularidade e pontualidade • fiscalização das empresas • estímulo à redução dos níveis de ruídos e da emissão de gases dos motores das aeronaves • fomento à educação ambiental • diversas ações de proteção ao consumidor

a grande tarefa da PNAC é assegurar um sistema de aviação civil nacional que seja eficiente, seguro, econômico, sustentável ambientalmente e integrado à infraestrutura de transporte e produção do país“

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AERUS

A Secretaria de Previdência Complementar (SPC) decretou, no dia 10 de fevereiro, a liquidação extrajudicial dos planos I e II da Sata Serviços Auxiliares, do plano II da VarigLog, dos planos I e II da Rio Sul Linhas Aéreas e dos planos I e II da Nordeste.

A SPC substituiu o administrador judicial do Aerus, José da Silva Crespo Filho, por Aubiérgio Barros de Souza Filho, que também irá responder como administrador e liquidante dos planos da Rio Sul e da Nordeste.

Crespo passa a responder como administrador e liquidante dos planos I e II da Sata e do plano II da VarigLog. A decretação de liquidação extrajudicial desses planos e as nomeações foram oficializadas através das portarias 2.736 a 2.743 da SPC, publicadas no Diário Oficial da União.

SpC liquida mais sete planos do Aerus

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 3 de abril, a portaria n° 474 (de 1º/04/09), expedida pelo ministro José Antônio Toffoli, da Advocacia Geral da União (AGU), que estabelece a criação do Grupo de Trabalho (GT) responsável pela análise da proposta de acordo sobre o caso Varig.

O grupo irá debruçar-se sobre as matérias tratadas no Recurso Extraordinário n° 571.969 e SL 127, em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF). A portaria determina que o GT seja composto por representes, titulares e suplentes, da AGU e ministérios da Fazenda, Planejamento, Previdência Social, Casa Civil e Presidência da República. A coordenação ficará a cargo da AGU, que deverá concluir os trabalhos em 60 dias.

O acordo que criou o GT foi realizado em 24 de março, quando representantes da Varig solicitaram, em petição dirigida à ministra Cármen Lúcia, a suspensão do andamento do processo da ação de defasagem tarifária, incluindo o julgamento previsto para o dia 25. A petição foi assinada pela Varig, Instituto Aerus e AGU. A ministra Cármen Lúcia deferiu o pedido.

Os sindicatos cutistas e a Fentac/CUT já vinham em contato com a AGU buscando um acordo que acelerasse o pagamento integral das pensões e aposentadorias do Aerus, mas foram informados sobre a petição e o adiamento do julgamento no STF em reunião realizada à noite, na AGU, no dia 24. Nesta audiência, compareceram o

Governo cria grupo de trabalho que irá construir proposta de acordo sobre caso Varig

interventor do Aerus, Aubiérgio Souza Filho, o gestor judicial da Varig, Aurélio Penellas, e advogados do Aerus e dos escritórios que representam a Varig na ação de defasagem tarifária.

Na ocasião, o ministro-chefe da AGU

afirmou que a União expressava, naquele momento, formalmente, seu desejo de chegar a um acordo sobre o tema, e que justamente por isso havia firmado, em conjunto com a Varig e o Aerus, uma petição solicitando a suspensão do andamento do processo. Ele também expressou sua opinião de que a orientação do ministro presidente do STF, verbalizada no dia 19 de dezembro, durante o julgamento do agravo regimental, era no sentido da busca de um acordo, e que esta posição espelhava as preocupações do STF em relação à ação de defasagem.

Com o GT, ambos os temas – ação de defasagem tarifária e ação civil pública que concede a antecipação dos efeitos da tutela – devem ser negociados em conjunto, pois são um passivo único a ser resolvido pela União.

O acordo evitará a morosidade da fase de execução e precatórios.

Para o advogado dos trabalhadores no processo, Dr. Luis Castagna Maia, a construção do acordo, agora, é absolutamente concreta. “Sem dúvida foi um momento extraordinário, fruto da iniciativa do SNA de propor a celebração de um acordo e da mobilização de todos os participantes do Aerus em todo o país. Não mais temos o imponderável pela frente, mas um processo de negociação formalmente anunciado pelo ministro-chefe da AGU e com o prazo de 60 dias para ser finalizado. Começamos, finalmente, e com um passo concreto, a sair do inferno”, afirma Maia.

Representantes do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) e da Fentac/CUT reuniram-se, no dia 9 de fevereiro, com o ministro José Antônio Toffoli, da AGU. O objetivo foi interceder em prol dos participantes do Aerus e dos demitidos da Varig. No dia 12, as entidades protocolaram no órgão uma proposta de acordo, para que a União pagasse as pensões e aposentadorias dos planos I e II da Varig e os créditos trabalhistas. Os recursos viriam dos juros de títulos públicos na ordem de R$ 5 bilhões. O valor é equivalente às estimativas do que é devido à Varig na ação de defasagem tarifária.

A folha de pagamento integral do Aerus é, hoje, estimada em R$ 23 milhões mensais. Pela proposta, a União, ao garantir esses valores, não pagaria nada em duplicidade e ainda estaria cumprindo sua função social, uma vez que é papel do governo a fiscalização dos planos de previdência complementar.

sindicatos e Fentac propuseram acordo à AgU em fevereiro

Cerca de 40% dos participantes dos planos Varig, Rio Sul, Nordeste, Transbrasil, Interbrasil, Aeroclube I, Variglog, Sata (todos em liquidação extrajudicial) ainda não realizaram o seu recadastramento junto ao Instituto Aerus.

No momento, o Aerus está realizando triagem, digitação e análise dos dados informados pelos participantes, via Correios e Internet.

O recadastramento é uma exigência legal da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) do Ministério da Previdência Social. Segundo comunicado do Instituto, não haverá suspensão do pagamento enquanto o recadastramento estiver em andamento, o que deve encerrar-se ainda em abril. Dos 22 mil participantes, 13.094 já se recadastraram. Mais informações em www.aerus.com.br.

RECADASTRAMENTO NO AERUS

Aposentados fazem protesto na Esplanada dos Ministérios, em 28 de agosto de 2007

Abril de 2009

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A Fentac/CUT e o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) lutam na Justiça para reverter decisão da Anac que permitiu a redução do número mínimo de comissários na tripulação dos aviões EMB-170 e EMB-190. A decisão beneficia a Azul, que utiliza as aeronaves da Embraer no país.

Para Graziella Baggio, presidente do SNA, além de implicar em risco à segurança dos passageiros dentro das aeronaves, a decisão da Anac levará as companhias aéreas em funcionamento a pleitear a redução do número de tripulantes em seus vôos, com reflexos indesejáveis no nível de emprego no setor.

Federação luta para reverter redução de comissários na AzulHenrique Lessa/APN

Governo quer reestruturar infraero

O governo federal anunciou, no dia 5 de março, a contratação de uma consultoria, através do BNDES, para realizar estudos visando a reestruturação da Infraero. A conclusão dos estudos, que podem embasar a abertura de capital da empresa pública, está prevista para maio de 2009. Com a decisão, parece estar descartada a privatização dos aeroportos Galeão (Rio) e Viracopos (SP).

O Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) defende a manutenção da Infraero na administração dos aeroportos. Com o slogan “A Infraero é nossa: aeroportos do Brasil, dos brasileiros”, a entidade refuta a hipótese de privatização. Mas a abertura de capital também não é bem-vinda para o Sindicato. Contudo, a pior situação continua sendo a privatização da estatal, ou de suas bases.

A diretora-presidente da Anac, Solange Vieira, pula de paraquedas, no final de 2008.

Rodrigo K

ristensen/Isto é - 10/11/2008

No dia 7 de abril, foi realizada audiência no processo movido pelo Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) contra a Infraero, para reverter as transferências arbitrárias efetivadas pela empresa.

A Infraero apresentou defesa e uma proposta de acordo que previa o cancelamento de dezessete transferências. O Sina recusou a proposta e deixou registrado em ata a necessidade de consultar os envolvidos. A próxima audiência será no dia 29.

Sina vai à Justiça para reverter transferências

MOViMEntO

A Justiça solicitou informações ao Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) e Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo (SAESP) e deu um prazo de 30 dias para que as entidades informem como irão administrar a fazenda Piratininga, da família Canhedo.

Com as informações, o juiz deve, finalmente, conceder a posse da propriedade às entidades. Durante a adjudicação, os sindicatos irão direcionar recursos da fazenda para o pagamento da dívida trabalhista da Vasp. A propriedade tem valor estimado em mais de R$ 500 milhões e rende R$ 10 milhões por ano.

Avança processo de adjudicação no caso Vasp

Adiel Lira/Panoramio

Frente ao impasse nas negociações entre aeroviários e o Sindicato Nacional das Empresas de Táxi Aéreo (SNETA), as entidades sindicais cutistas, com o aval dos trabalhadores, aceitaram a proposta do sindicato patronal para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

Em novembro de 2008, o SNETA havia proposto zero de reajuste. Depois, passou para 1,5% o índice de aumento. Com o acordo, os trabalhadores do Táxi Aéreo receberão, retroativo a dezembro, 8% de reajuste sobre os salários, pisos e demais itens econômicos.

O Ministério Público do Trabalho (MPT)de São Paulo mediou a negociação entre as entidades, em audiências realizadas nos dias

Assembleias optam por acordo na campanha salarial do Táxi Aéreo

27 de janeiro e 17 de fevereiro. Em fevereiro, os aeronautas aprovaram em assembléia a assinatura do acordo nas mesmas condições aceitas, em março, pelos aeroviários.

O grande entrave no final da negociação foi o parcelamento proposto pelo SNETA. Enquanto a maioria das empresas já havia repassado 4% de reajuste aos trabalhadores (como um adiantamento daquilo que seria acordado na CCT), o sindicato patronal foi irredutível em propor o reajuste em quatro parcelas de 2%. A primeira será retroativa a 1º de dezembro; a segunda será paga em 1º de maio; a terceira, em 1º de julho; e a última, em 1º de outubro de 2009. Com exceção dos pisos, todos os demais itens econômicos terão o reajuste aplicado de forma parcelada, nestas datas.

A procuradora Oksana Maria Dziura Boldo, do MPT, estava disposta a preparar a formalização do dissídio para o TRT-SP. Os sindicatos, contudo, entenderam que o dissídio poderia ser pior para os trabalhadores, pelo tempo que o processo demandaria até uma decisão e pelo risco de não ser garantida a retroatividade. Em assembléias realizadas pelo país, os aeroviários do setor concordaram com a posição das entidades, que foram autorizadas a assinar a Convenção com o SNETA.

Osvaldo Rodrigues, diretor do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, e Carlos Camacho, do Sindicato Nacional dos Aeronautas, ambos dirigentes da Fentac/CUT, durante audiência no MPT-SP

Kalinka Kaminski/APN

Com a cabeça nas nuvens

Em busca de modelosA diretora-presidente da Agência Nacional

de Aviação Civil (Anac), Solange Paiva Vieira (foto abaixo), e outros três diretores estiveram na Alemanha, entre os dias 9 e 12 de março, para conhecer o modelo alemão de concessão de aeroportos à iniciativa privada. Nos dias 2 a 10 de abril, uma delegação viaja ao Chile e Austrália com o mesmo propósito. A Anac já visitou o Reino Unido, a Bélgica, os Estados Unidos e o Canadá. Tudo para entregar até julho, ao Ministério da Defesa, um estudo sobre a concessão de aeroportos no Brasil.

Galpões de máquinas da fazenda Piratininga, em São Miguel do Araguaia (GO). A propriedade será, em breve, administrada pelos trabalhadores da Vasp

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O juiz Alexandre Alves Lazzarini, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, aceitou, em 17 de março, o pedido de recuperação judicial da VarigLog.

Com uma dívida estimada em R$ 370 milhões, a empresa aérea de carga tem sessenta dias para apresentar aos seus credores um plano de recuperação.

O advogado Alfredo Luiz Kugelmas foi nomeado administrador judicial da VarigLog. Ele já foi interventor da empresa, em meio à disputa societária, e administrou judicialmente a Parmalat, em 2006.

A afirmação de representantes da empresa de que seus débitos trabalhistas são muito pequenos é questionada pelos sindicatos cutistas de aeroviários. De acordo com as entidades, há dezenas de trabalhadores demitidos pela VarigLog que ainda não receberam suas verbas rescisórias.

Juiz aceita pedido de recuperação da VarigLog

Em maio de 2008, trabalhadores demitidos fazem panelaço em protesto pelo não pagamento de suas verbas rescisórias

Divulgação/Sind. Aerov. GRU

Aeroviários aprovam plano da tAp/VEM

Os trabalhadores aeroviários da TAP Manutenção & Engenharia Brasil (antiga VEM) aprovaram, no dia 12 de março, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, o plano de crise da empresa. A proposta compreende redução de jornada e de salários.

Na assembleia convocada pelo Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, 624 trabalhadores votaram favoráveis à proposta e 263 a rejeitaram. Houve apenas um voto em branco e cinco votos nulos. No Rio de Janeiro, a assembléia foi realizada pelo Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA). Dos 803 trabalhadores presentes, apenas 120 opuseram-se ao plano.

Ambos os sindicatos, desde que a TAP tomou a iniciativa de apresentar a proposta, foram contrários à redução de salários. Uma proposta anterior chegou a ser votada no dia 19 de fevereiro e foi rejeitada pela ampla maioria dos trabalhadores. Após semanas de negociações, a quarta versão do plano da TAP representa menos impacto nos salários dos funcionários. Pela proposta aprovada, mais de 70% dos trabalhadores não terão redução de salários, apenas de jornada. Os outros 30%

terão redução de salário e de jornada, mas a redução maior será na jornada.

De fato, a participação dos trabalhadores nas assembléias, debatendo a crise da empresa, expressando suas expectativas e pontos-de-vista, e demonstrando unidade contra a redução dos salários foi decisiva para que a TAP se esforçasse em traçar uma saída alternativa. Para os dirigentes sindicais, o acordo é o “menos pior possível” e as entidades que representam os aeroviários cumpriram seu papel em defesa da categoria.

No dia 13, os sindicatos reuniram-se com representantes da TAP Brasil na sede da

Fentac/CUT, no Rio, para discutir o texto do acordo. A pedido do Ministério Público, seus prazos foram divididos em duas partes. O acordo aprovado em assembleia, incluindo a sugestão do órgão (aceita pelos sindicatos e pela empresa) prevê redução de jornada e salários por 105 dias e garante

estabilidade de emprego por 180 dias. Ele é prorrogável nas mesmas condições, desde que a prorrogação seja decidida em assembleia de trabalhadores.

Com o plano, a empresa afirma que poderá superar a crise e evitar demissões. Além do acordo, a TAP Brasil busca junto ao governo federal apoio para a renegociação de sua dívida tributária, para tornar-se apta a novos contratos. A medida é apoiada pelos sindicatos de trabalhadores, pela Federação e pela CUT Nacional. Se alcançada, resultará no fim do acordo e na normalização do regime de trabalho e salários na empresa.

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A recuperação judicial da VarigLog foi tema de audiência realizada no Ministério Público do Trabalho, no dia 17 de março, em São Paulo. O objetivo da audiência com o procurador Dr. Sidnei Alves Teixeira foi acordar o pagamento das verbas rescisórias e do FGTS de parte dos trabalhadores, que não vem sendo depositado.

Segundo o setor de Recursos Humanos da VarigLog, a empresa tem hoje 752 funcionários. Destes, 139 atuam em São Paulo; 483 em Guarulhos; e 14 no Rio de Janeiro. Em janeiro, as três bases juntas demitiram 145 trabalhadores.

MPT media pagamento de verbas rescisórias na VarigLog

O presidente da CUT Nacional, Artur Henrique, reuniu-se no dia 26 de março, na sede da Central, com o presidente da TAP Manutenção & Engenharia Brasil, Nestor Koch, e a vice-presidente de Finanças, Gláucia Loureiro. O encontro, a pedido dos sindicatos cutistas, contou com a presença do presidente da Fentac/CUT, Celso Klafke, e do diretor da entidade Orisson Melo.

A TAP M&E Brasil possui uma dívida tributária de cerca de R$ 400 milhões. O objetivo da empresa é transformar essa dívida, ou parte dela, em prestação de serviço para o

governo, especialmente à Força Aérea Brasileira (FAB). A empresa é a única no país capacitada a atender plenamente a FAB na manutenção de suas aeronaves.

Hoje, os 2.650 aeroviários da TAP concentram-se nas duas

unidades da empresa no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. A falta de Certidão Negativa de Débito (CND) impedirá a empresa de renovar a maioria de seus contratos. Ela alega não ter condições de liquidar sua dívida em um prazo de 180 meses, como permite o novo Refis.

A reunião visou mobilizar o presidente da CUT, Artur Henrique, para que abra canais de negociação no governo. Artur já iniciou uma mediação do caso e comprometeu-se a estar presente na negociação a favor dos trabalhadores.

CUt apóia tAp/VEM na renegociação de sua dívida

MOViMEntO

Artur Henrique recebe presidente da TAP ME e diretores da Fentac

Henrique Lessa/APN

As negociações da CUT já resultaram

no agendamento de reunião, no dia 27 de abril, no Ministério da

Fazenda, entre governo, sindicalistas e a empresa.

Trabalhadores durante assembleia em Porto Alegre

Trabalhadores realizam assembleia no Rio de Janeiro

Abril de 2009

COnJUntURA

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O site da CUT o entrevistou o presidente da Fentac/CUT, Celso Klafke, que é vice-presidente da CNTT/CUT, no dia 26 de março. Ele falou sobre o 7º Congresso e os desafios da Confederação. Veja abaixo alguns trechos da conversa. A íntegra está no site www.cut.org.br. A matéria é do jornalista Leonardo Severo.

Leonardo Severo - Estamos às portas do 7º Congresso da CNTT. Qual é o principal objetivo da entidade neste momento?

Celso Klafke - Nosso grande objetivo é fazer com que a Confederação seja reconhecida pelo Ministério do Trabalho, para que tenha maior arrecadação, seja autossuficiente financeiramente, e consiga superar as dificuldades ainda existentes do ponto de vista da sua infraestrutura. Essa lacuna faz com que muitas vezes as entidades de base tenham que bancar de certa forma a estrutura da CNTT, que acaba funcionando com muitas debilidades em seu trabalho.

Leonardo - É um obstáculo real, que precisa ser superado?

Celso - Temos de buscar no próximo período garantir o reconhecimento legal das nossas federações, pois é um problema que acaba repercutindo na não legalização da própria Confederação. Hoje temos um ambiente propício, mas temos que fazer a lição de casa: legalizar as nossas federações. Algumas que existem e já estão dentro da CNTT, como a Federação Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Fentac) e a Federação Nacional dos Portuários. Infelizmente, nós tivemos, há pouco tempo, a desfiliação da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), mas temos o processo de reconhecimento de várias federações, principalmente ligadas ao transporte rodoviário urbano, como a Federação do Estado de São Paulo, Norte-Nordeste, Mato Grosso. Então, estamos trabalhando no reconhecimento dessas federações para darmos o segundo passo, que é o reconhecimento da Confederação. Assim teremos uma melhor estrutura para a luta do transporte em nível nacional.

Leonardo - E a campanha salarial?Celso - O Congresso vai se realizar no

período imediatamente anterior à grande data de campanha salarial do setor de transportes que é o 1º de Maio. Com raras exceções, e o setor aéreo é uma delas, pois concentra as negociações em 1º de dezembro, os demais setores, mais de 90% dos transportes, centralizam a negociação em 1º de Maio. Então o Congresso vai ter como um grande eixo a enfrentar a campanha salarial,

principalmente neste momento em que muito empresário oportunista está pegando carona no discurso da crise. O fato é que o setor rodoviário urbano está sendo pouco ou nada atingido pela crise e, em algumas questões, inclusive, está sendo beneficiado. Querem fazer caixa em cima dos trabalhadores.

Leonardo - A unificação desta luta é o grande dilema?

Celso - Esse é o grande desafio que os trabalhadores do transporte vão ter no Congresso: sairmos com uma campanha nacional unificada para garantir recuperação salarial e aumento real. Esta será uma das grandes bandeiras.

Leonardo - Onde está hoje a maior expressão da CNTT?

Celso - A CNTT, por mais que seja uma confederação nacional, ainda continua muito centrada no setor rodoviário urbano, que é a grande maioria dos delegados do Congresso. Então, precisamos trabalhar os outros modais do transporte, fortalecer o setor metro-ferroviário, o setor marítimo-portuário, isso também é um desafio importante para o próximo período. Temos federações de portuários e do setor aéreo dentro da CNTT, mas temos de ir além. Precisamos de uma política de recuperação da Fenametro para dentro da CUT. (...) Há uma discussão sobre a Federação dos Transportes Sobre Trilhos, que já existe e se trabalha pela sua legalização. Enfim, é fundamental que a CNTT seja de todos os modais do transporte.

“Querem fazer caixa em cima dos trabalhadores”

EntREViStA - CELSO KLAFKEHenrique Lessa/APN

Enquanto a TAM anunciava o pagamento do plano de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) no dia 2 de abril, a Gol chamou todos os sindicatos do país para uma reunião na sede da empresa, em São Paulo. O objetivo: informar que não iria pagar o Plano de Participação e Resultados (PPR) este ano.

A atitude foi duramente criticada pelos sindicatos cutistas, que não entenderam porque a empresa fez com que deslocassem diretores para São Paulo apenas para comunicar uma decisão já tomada. Além de desvalorizar os trabalhadores, a postura da Gol (vice líder no mercado), desmotiva

e desrespeita a todos(as), afirmam os sindicalistas. As entidades esperam que a companhia reavalie sua decisão.

A TAM repassou 46% de um salário à título de PLR a todos os funcionários. Um percentual inferior ao defendido pelos sindicatos, de no mínimo um salário.

Contudo, a TAM foi a única empresa no setor a dividir seus resultados com os trabalhadores este ano, o que é reconhecido pelas entidades.

De acordo com a Reuters, a TAM e a Gol fecharam o ano de 2008 com prejuízo de cerca de R$ 1,3 bilhão. Apesar do prejuízo, ambas obtiveram um crescimento no Ebitdar (lucro

operacional, sem o desconto dos juros, impostos e leasings) no último trimestre do ano, em comparação com 2007. A situação da Gol, frente a crise, parece ser ligeiramente melhor que a da concorrente TAM. Mesmo assim, a TAM demonstrou uma política de valorização dos funcionários; já a Gol ...

Decisões diante da crise revelam o outro lado das companhias

Gol não paga PPR; TAM reparte lucro com trabalhadores