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Roteiro de estudos

Caros leitores,

Desde a primeira edição desta obra, disponibilizamos o nosso e-mail para uma maior aproximação com o público, respondendo às dúvidas e “ouvindo” todas as críticas, sugestões e elogios sobre a obra.

Este canal tem ajudado bastante na evolução deste livro, que a cada edição é al-terada de forma a atender às solicitações encaminhadas.

Percebemos, ao longo das 13 edições anteriores, que um dos questionamentos mais recorrentes é o relativo aos capítulos do livro que devem ser estudados na preparação para cada um dos concursos públicos.

Pensando, então, em atender previamente futuras demandas, a editora nos solicitou que fizéssemos um link entre os programas de Direito Previdenciário dos principais concursos com os capítulos do livro, objetivando orientar o estudo dos nossos leitores.

Segue, assim, um roteiro completo de estudo deste livro, para a melhor preparação dos candidatos às vagas no serviço público.

Esperamos que seja útil.

Ivan Kertzman

Itens do Edital Tópico do livro

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Edital n.º 1/2015 – INSS, de 22 de dezembro de 2015• Analista do Seguro Social – CESPE

Noções de Direito Previdenciário – Todos os Cargos, Exceto Direito

1. Finalidade e princípios básicos da Previdência Social. 2 Regime Geral de Previ-dência Social.

Capítulos 1 e 3

2.1. Segurados obrigatórios. 2.2 Filiação e inscrição. 2.3 Conceito, características e abrangência: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalha-dor avulso e segurado especial. 2.4 Segurado facultativo: conceito, características, filiação e inscrição. 2.5 Trabalhadores excluídos do Regime Geral.

Capítulo 5

3. Empresa e empregador doméstico: conceito previdenciário. Capítulo 6

4. Financiamento da Seguridade Social. 4.1 Receitas da União. 4.2 Receitas das contribuições sociais: dos segurados, das empresas, do empregador doméstico e do produtor rural.

Capítulos 8 e 9

4.3. Salário-de-contribuição. 4.3.1 Conceito. 4.3.2 Parcelas integrantes e parcelas não integrantes. 4.3.3 Limites mínimos e máximos.

Capítulo 7

4.4. Competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal. Capítulo 14

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IVAN KERTZMAN

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Itens do Edital Tópico do livro

5. Parcelamento de contribuições e demais importâncias devidas à seguridade social. Capítulo 16

6. Restituição e compensação de contribuições. Capítulo 12

7. Infrações à legislação previdenciária. Capítulo 15

8. Recurso das decisões administrativas. Capítulo 17

9. Plano de Benefícios da Previdência Social: beneficiários, espécies de prestações, benefícios, Serviço Social, Reabilitação Profissional, Justificação Administrativa, disposições gerais e específicas, períodos de carência, salário-de-benefício, renda mensal do benefício, reajustamento do valor dos benefícios. 10 Manutenção, perda e restabelecimento da qualidade de segurado.

Capítulos 19 a 23

11. Lei nº 8.212/1991 e alterações posteriores. 12 Lei nº 8.213/1991 e alterações posteriores. 13 Decreto nº 3.048/1999 e alterações posteriores.

Texto da Norma

14. Plano Simplificado de Previdência Social. Capítulo 8

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Edital n.º 1/2015 – INSS, de 22 de dezembro de 2015• Técnico do Seguro Social - CESPES

1. Seguridade Social. Capítulo 1

1.1. Origem e evolução legislativa no Brasil. Capítulo 2

1.2. Conceituação. 1.3 Organização e princípios constitucionais. Capítulos 1 e 3

2. Legislação Previdenciária. 2.1 Conteúdo, fontes, autonomia. 2.3 Aplicação das normas previdenciárias. 2.3.1 Vigência, hierarquia, interpretação e integração.

Capítulo 4

3. Regime Geral de Previdência Social. 3.1 Segurados obrigatórios, 3.2 Filiação e inscrição. 3.3 Conceito, características e abrangência: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial. 3.4 Segurado facultativo: conceito, características, filiação e inscrição. 3.5 Trabalhadores excluídos do Regime Geral.

Capítulo 5

4. Empresa e empregador doméstico: conceito previdenciário. Capítulo 6

5. Financiamento da Seguridade Social. 5.1 Receitas da União. 5.2 Receitas das contribuições sociais: dos segurados, das empresas, do empregador doméstico, do produtor rural, do clube de futebol profissional, sobre a receita de concursos de prognósticos, receitas de outras fontes. 5.4 Arrecadação e recolhimento das contribuições destinadas à seguridade social.

Capítulos 8, 9 e 10

5.3. Salário-de-contribuição. 5.3.1 Conceito. 5.3.2 Parcelas integrantes e parcelas não-integrantes. 5.3.3 Limites mínimo e máximo. 5.3.4 Proporcionalidade. 5.3.5 Reajustamento.

Capítulo 7

5.4.1. Competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Capítulo 14

5.4.2. Obrigações da empresa e demais contribuintes. 5.4.3 Prazo de recolhimento. 5.4.4 Recolhimento fora do prazo: juros, multa e atualização monetária.

Capítulo 15

6. Decadência e prescrição. Capítulo 24

7. Crimes contra a seguridade social. Capítulo 18

8. Recurso das decisões administrativas. Capítulo 17

9. Plano de Benefícios da Previdência Social: beneficiários, espécies de prestações, benefícios, disposições gerais e específicas, períodos de carência, salário-de--benefício, renda mensal do benefício, reajustamento do valor dos benefícios. 10 Manutenção, perda e restabelecimento da qualidade de segurado.

Capítulos 19, 20, 21 e 23

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CONTRIBUIÇÕES DOS SEGURADOS

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C A P Í T U L O 8

Contribuições dos Segurados

8.1. INTRODUÇÃO

Como mencionado no capítulo 3, a participação dos segurados no custeio previ-denciário está prevista no artigo 195, inciso II, da Constituição Federal, que prevê a contribuição do trabalhador e dos demais segurados da Previdência Social.

Neste capítulo trataremos da participação dos segurados no sistema. Demonstrare-mos aqui o quanto cada categoria de segurado, especificamente, contribui para o RGPS.

Sabemos quais são os grupos de segurados existentes no sistema: empregado, empre-gado doméstico, contribuinte individual, avulso, segurado especial e segurado facultativo.

Estudamos também que a base de incidência da contribuição destes segurados é o salário-de-contribuição, respeitando-se os limites mínimos (piso normativo da categoria ou, na falta deste, salário mínimo) e o máximo (atualmente R$ 5.189,82).

Para solucionarmos, pois, a equação do custeio dos segurados é preciso apenas elucidarmos um questionamento: qual o percentual que deve incidir sobre o salário--de-contribuição de cada classe de trabalhador?

A fim de facilitar o entendimento para o estudo da participação dos segurados, dividiremos, didaticamente, estes contribuintes em quatro grupos:

1) Empregado, trabalhador avulso e empregado doméstico;

2) Contribuinte individual;

3) Segurado facultativo;

4) Segurado especial.

Unimos três classes de segurados no primeiro grupo, em decorrência da semelhança das alíquotas de contribuição para o RGPS.

8.2. EMPREGADO, TRABALHADOR AVULSO E EMPREGADO DOMÉSTICO

Art. 33, § 5º, Lei 8.212/91

Art. 198, Decreto 3.048/99

Art. 216, § 5º, Decreto 3.048/99

Estes trabalhadores contribuem com um percentual sobre os seus salários-de--contribuição, respeitados os limites mínimo e máximo.

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As alíquotas de contribuição destes trabalhadores são progressivas, ou seja, quanto maior o salário-de-contribuição, mais elevado será o percentual incidente. A progres-sividade das alíquotas está alinhada com os princípios constitucionais da equidade na participação do custeio e da solidariedade do sistema previdenciário.

As alíquotas são, assim, fixadas por faixas de salário-de-contribuição, reajustadas na mesma época e com os mesmos índices que os benefícios de prestação continuada da Previdência Social. A Portaria Interministerial MTPS/MF 1, de 08/01/2016, efetuou a última alteração, conforme segue:

Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e traba-

lhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de janeiro de 2016

Salário-de-contribuição

(R$)

Alíquota para fins de recolhimento

à Previdência (%)

até 1.556,94 8,00

de 1.556,95 até 2.594,92 9,00

de 2.594,93 até 5.189,82 11,00

Originalmente, havia apenas três faixas de remuneração, com alíquotas de 8%, 9% e 11%. Estes percentuais foram modificados durante o período de vigência da CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e de Direitos de Natureza Financeira. O artigo 17, II, da Lei 9.311/96 previu redução de alíquotas em 0,35% para trabalhadores que percebessem remunerações de até três salários mínimos. A redução foi uma alternativa encontrada para “isentar” os trabalhadores de baixa renda dos efeitos trazidos por este novo tributo. Assim, durante a vigência da CPMF, as alíquotas de contribuição previdenciária destes se-gurados foram reduzidas. A última tabela vigente do período da CPMF apresentava quatro alíquotas (7,65%, 8,65%, 9% e 11%).

Com o fim deste tributo, a partir de janeiro de 2008, a tabela de contribuição destes segurados passou a vigorar, novamente, com três alíquotas, assim como ocorria antes da instituição da CPMF.

A partir da Lei 11.718/08, a contratação de trabalhadores rurais por período de até dois meses em um ano fez com que o contratado fosse enquadrado como emprega-do do RGPS. Neste caso, a alíquota de contribuição é de 8% sobre a remuneração do trabalhador, independentemente da faixa de salário-de-contribuição. Assim, se um produtor rural pessoal física contratar um trabalhador rural para lhe prestar serviço durante dois meses, pagando-lhe R$ 1.700,00, deve descontar de sua remuneração apenas R$ 136,00 (8%).

Uma outra particularidade existe no caso do Micro Empresário Individual – MEI, criado pela LC 128/08. Observe-se que o art. 18-C, da LC 123 dispõe que poderá se en-quadrar como MEI o empresário individual que possua um único empregado que receba exclusivamente 1 salário mínimo ou o piso salarial da categoria profissional. Nesta

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CONTRIBUIÇÕES DOS SEGURADOS

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hipótese, o MEI deve reter e recolher as contribuições previdenciárias relativas ao segurado a seu serviço, estando sujeito ao recolhimento de contribuição previden-ciária, calculada à alíquota correspondente ao seu salário-de-contribuição (salário mínimo ou piso salarial).

Para os casos de afastamento legal do único empregado do MEI, será permitida a contratação de outro empregado, inclusive por prazo determinado, até que cessem as condições do afastamento (LC 139/2011).

A incidência da alíquota é não-cumulativa, ou seja, incide um único percentual so-bre o valor total do salário-de-contribuição. Esta forma de cálculo é bem mais simples que a cumu lativa, que aplica percentuais diferenciados, gradualmente, à cada faixa de remuneração.

O método não-cumulativo, entretanto, traz uma curiosidade: o segurado pode ter uma remu neração maior e receber um valor líquido um pouco menor. A seguir, exem-plificamos:

Exemplo:

SeguradoSalário-de-

contribuição (R$)

Alíquota

(%)

Contribuição

(R$)

Remuneração

líquida (R$)

Anne 2.590,00 9% 233,10 2.356,90

Yuri 2.600,00 11% 286,00 2.314,00

Percebemos, no exemplo, que, apesar de Yuri receber uma remuneração R$ 10,00 maior que a de Anne, após o desconto da contribuição social, acabou tendo direito a uma renda líquida menor.

Observe-se que este método de incidência se diferencia do utilizado para o imposto de renda, em que a alíquota é cumulativa, não possibilitando tal distorção.

Cabe destacar que o percentual a ser aplicado in cide somente até o teto do salário-de-contribuição, que, conforme a tabela de alíquotas, é R$ 5.189,82. A seguir apresentamos exemplo de contribuições destas classes de segurados:

Exemplo:

Nome CategoriaRemuneração

(R$)

Alíquota

(%)

Contribuição

(R$)

Lara Empregada doméstica 1.000,00 8% 80,00

Amanda Empregada 2.000,00 9% 180,00

Marcus Trabalhador avulso 6.000,00 11% 570,88

Nina Empregada 8.000,00 11% 570,88

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Observe-se que Marcus e Nina, embora tenham remunerações bastante diferencia-das, contribuem com o mesmo valor, por receberem acima do teto: 11% de R$ 5.189,82.

As contribuições do empregado, do trabalhador avulso e do em pregado doméstico não são pagas diretamente por eles à Previdência.

A contribuição dos empregados é descontada da remuneração pelas empresas, que ficam responsá veis por efetuar o recolhimento à Previdência, juntamente com as con-tribuições da parte patronal, até o dia 20 do mês subsequente à prestação do serviço. Não sendo este dia útil, deve-se antecipar o prazo para dia imediatamente anterior em que houver expediente bancário.

Atenção!

-

uma vez o vencimento das contribuições previdenciárias das empresas. Assim, a data para pagamento da con-

-

qualquer alteração, conforme veremos.

Os empregadores domésticos devem, também, reter a contribuição dos empregados domésticos que lhes prestem serviço e repassá-la à Previdência Social, até o dia 7 do mês seguinte (art. 35, da Lei Complementar 150, de 01/06/2015), prazo que deverá ser antecipado caso não seja dia útil.

Até 120 dias após a publicação da lei regulamentadora do emprego doméstico, o prazo de vencimento da contribuição do empregador doméstico era dia 15 do mês subsequente, prorrogando-se o prazo se não fosse dia útil.

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A referida lei criou o simples do empregador doméstico, unificando os recolhimentos de contribuição previdenciária do empregador, do empregado doméstico, o FGTS e o SAT/GILRAT, como estudaremos no tópico sobre contribuição do empregador doméstico.

Os avulsos, por sua vez, têm suas contribuições retidas pelo Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO, no caso de avulso portuário, ou pela empresa que remunera o trabalho do avulso, no caso de avulso não portuário. O prazo para recolhimento das contribuições é o mesmo adotado para as empresas.

O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa ou empregador doméstico a isso obrigados, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância.

Mesmo que as contribuições não tenham sido descontadas da remu ne ração dos trabalhadores, a SRFB cobrará a dívida dos empregadores. A empre sa é responsável direta pelo pagamento da parte do prestador de serviço e tem a obrigação de reter os valores dos seus empregados e repassá-los à Previdência.

Descontar contribuições dos trabalhadores e não as repassar à Previdência cons-titui crime de apropriação indébita, que será estudado em capítulo próprio.

Tendo o trabalhador mais de um emprego, a alíquota de contribuição aplicada deve considerar a soma de todas as remunerações recebidas, pois este é o conceito de salário-de-contribuição. Veja a tabela:

Exemplo:

NomeEmprego 1

(R$)

Emprego 2

(R$)

Salário-de-contri-

buição (R$)

Alíquota

(%)

Miguel 800,00 1.000,00 1.800,00 9

Natália 1.100,00 1.500,00 2.600,00 11

A legislação ordena que cada um dos empregadores desconte do segurado a con-tribuição com base na alíquota da faixa em que se encontram, considerando a soma das remunerações.

O segurado que possui mais de um vínculo deverá comunicar a todos os seus em-pregadores, mensalmente, a remuneração recebida em cada trabalho, a fim de que o empregador possa apurar corretamente o salário-de-contribuição sobre o qual deverá incidir a contribuição social previdenciária do segurado, bem como a alíquota a ser apli-cada (art. 64, IN 971/09 da RFB). Esta regra é aplicada também ao trabalhador avulso que prestar serviço, concomitantemente, como empregado (art. 64, § 4º, IN 971/09 da RFB).

A apuração da contribuição devida pelo segurado será feita da seguinte forma:

I – quando a remuneração global for igual ou inferior ao limite máxi mo do salário-de-contribuição, cada empregador reterá a contribuição incidente sobre as remunerações recebidas em cada vínculo, sendo, observe-se, a

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alíquota de contribuição determinada de acordo com a faixa salarial do valor total percebido (soma das remunerações);

II – quando a remuneração global for superior ao limite máximo do salário-de--contribuição, o segurado poderá eleger qual o empregador que procederá ao desconto primeiro, cabendo ao empregador que se suceder proceder ao desconto sobre a parcela do salário-de-contribuição complementar, até o limite máximo, devendo observar a alíquota determinada de acordo com a faixa salarial correspondente à soma das remunerações de todos os vínculos.

Exemplo:

Cláudio é administrador e trabalha para duas empresas: Farmácia Mascarenhas e Borracharia Ferreira. Na primeira, ele ganha R$ 6.000,00 e, na segunda, recebe R$ 1.000,00. Qual empresa será responsável por efetuar o desconto?

Neste caso, como Cláudio recebe R$ 7.000,00, deve contribuir com a alíquota de 11% até o limite máximo de R$ 5.189,82, resultando uma contribuição total de R$ 570,88. Pode eleger qual dos empregadores efetuará o desconto primeiro, deixando para o segundo, apenas, o desconto residual, se houver. Veja as possibilidades:

Empresa

Remuneração

do primeiro

desconto (R$)

Valor des-

contado (R$)

Valor residual

a ser descontado

pela 2ª empresa

(R$)

Farmácia Mascarenhas 6.000,00 570,88 -

Borracharia Ferreira 1.000,00 110,00 460,88

Percebe-se que, na primeira situação, Cláudio elegeu a farmácia para efetuar o primeiro desconto, não sofrendo qualquer desconto pela borracharia. Na segunda situação, a borracharia efetuou o desconto sobre 1.000,00, restando à Farmácia Mascarenhas efetuar o desconto residual sobre R$ 4.189,82 (5.189,82 – 1.000,00), com a alíquota de 11%. Nas duas alternativas, a contribuição paga pelo empregado foi a mesma: R$ 570,88.

Registre-se que o empregado deverá encaminhar cópia do comprovante de sua remuneração com a indicação do desconto da contribuição efetuada pela primeira empresa, para que a segunda a arquive para fins de fiscali zação.

8.3. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL

Art. 21, Lei 8.212/91

Art. 4º e 5º, Lei 10.666/03

Art. 199 e 199-A, Decreto 3.048/99

Art. 216, II e XII, Decreto 3.048/99

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Art. 216, §§ 15, 20 a 31, Decreto 3.048/99

Art. 216 A, Decreto 3.048/99

8.3.1. Prestação de serviço a pessoas jurídicas

A partir de abril de 2003, com os efeitos da Lei 10.666/03, o contribuinte individual sofreu signi ficativa alteração em sua forma de contribuir. Antes, ele era sempre respon-sável pelo recolhimento de suas contribuições e, agora, tem, em regra, a contribuição descontada da sua remuneração, quando prestar serviço à empresa ou a entidades a ela equiparadas.

Assim, o contribuinte individual que presta serviço à pessoa jurídica tem retido 11% da sua remuneração, até o limite do teto do salá rio-de-contribuição (R$ 5.189,82). A empresa fica obrigada a efetuar o recolhimento desta retenção, juntamente com a sua contribuição mensal, até o dia 20 do mês subsequente à prestação do serviço, se houver expe diente bancário neste dia, antecipando-se o prazo quando não for dia útil (prazo de vencimento do recolhimento da contribuição alterado pela MP 447 de 14/11/08, convertida na Lei 11.933/09).

Tratando-se de entidade beneficente de assistência social “isenta” das contribui-ções sociais patronais, a alíquota de retenção a ser aplicada é de 20%, devendo ser recolhida no dia 20 do mês subsequente, seguindo a regra da antecipação quando este dia não for útil. A alíquota é maior devido ao fato de não haver contribuição patronal da empresa contratante.

A cooperativa de trabalho era obrigada a descontar 11% do valor da quota distri-buída ao cooperado, referentes a serviços por ele prestados a pessoas jurídicas e 20% em relação aos serviços prestados a pessoas físicas, devendo recolher o produto dessa arrecadação até o dia 20 do mês seguinte, antecipando-se o vencimento para o dia útil anterior quando não houver expediente bancário no dia vinte.

Ocorre que o plenário do STF, por unanimidade, julgou o RE nº 595.838, com reper-cussão geral reconhecida, entendendo que a contribuição previdenciária incidente sobre a nota fiscal de cooperativa de trabalho é inconstitucional. Como consequência, passou a não existir contribuição previdenciária patronal sobre os serviços de cooperados de trabalho (vide tópico 9.3.4).

A própria Receita Federal do Brasil se curvou ao entendimento do STF, com a edição do Ato Declaratório Interpretativo 5, de 25⁄05⁄2015, determinando que a RFB não mais constitua o crédito referente à contribuição da empresa contratante de cooperativa de trabalho, que iremos estudar no próximo capítulo.

Por outro lado, este mesmo Ato Declaratório expressou o entendimento da Receita Federal de que as cooperativas devem recolher 20% de contribuição previdenciária quando prestarem serviço para empresa. Se o serviço for prestado por intermédio da cooperativa de trabalho, esta deve reter este percentual e repassar para a previdência social.

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Com a inconstitucionalidade declarada pelo STF e acatada pela Receita, não existe mais qualquer contribuição patronal relativa à contratação de cooperados por empre-sas, pois, se, por um lado, as contribuições que eram devidas pela própria cooperativa foram substituídas, por outro, a contribuição substituta foi julgada inconstitucional. Neste cenário, não restou outra interpretação possível senão a de que os cooperados devem recolher o valor integral das contribuições devidas, com a alíquota completa de 20%, conforme previsto no art. 21, da Lei 8.212/91, sem a redução de 45% prevista no art. 30, §4°, da mesma lei (para melhor compreensão, vide o próximo tópico - 8.3.2) .

Se a cooperativa contratar contribuintes individuais a ela não filiados, deve efetuar a retenção, como qualquer empresa, com a alíquota de 11%, e repassar as contribuições à Previdência até o dia 20 do mês subsequente ao da prestação, antecipando-se o prazo quando não for dia útil. A alíquota é inferior à da retenção dos seus cooperados, pois, neste caso, a cooperativa de trabalho deve pagar contribuição previdenciária patronal sobre a remuneração de contribuintes individuais não cooperados.

Exemplo:

A Cooperativa dos Faxineiros da Cidade de Salvador, ao distribuir a remuneração aos cooperados, deve reter 20% da remuneração dos seus cooperados, inde-pendentemente se estes prestaram serviços para pessoas físicas ou jurídicas, recolhendo a contribuição até o dia 20 do mês subsequente. Caso contrate um pintor não filiado à cooperativa para efetuar a manutenção da sede, deve aplicar a alíquota de 11% de sua remuneração e repassá-la à Previdência até o dia 20, juntamente com a cota patronal devida (vide tópico 9.3.4).

Quando a empresa efetuar retenção de segurados contribuintes individuais ainda não inscritos no RGPS, será ela obrigada a efetuar a inscrição na Previdência dos tra-balhadores contratados.

A empresa que remunera contribuinte individual é obrigada a fornecer-lhe compro-vante do pagamento do serviço prestado consignando, além dos valores da remuneração e do desconto efetuado, o número da inscrição do segurado do INSS.

São excluídos da obrigação de arrecadar (reter) a contribuição do contri buinte individual que lhe preste serviço o produtor rural pessoa física, a missão diplomática, a repartição consular, o contribuinte individual equiparado à empresa, ou quando se tratar de brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo (art. 216, § 32, Dec. 3.048/99 c/c Lei 10.666/03).

Então, se um dentista que possui consultório particular contratar um encanador para fazer um reparo nas suas instalações hidráulicas, não deve ele reter a contri-buição do contribuinte individual. O mesmo raciocínio aplica-se quando o tomador do serviço é uma missão diplomática ou repartição consular, imunes de tributação pelo princípio da imunidade jurisdicional dos Estados, ou pelo produtor rural pessoa física, que, como já estudado, trata-se de subcategoria de contribuinte individual equiparado à empresa.

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CONTRIBUIÇÕES DOS SEGURADOS

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Da mesma forma que ocorre com o empregado que possui mais de um emprego, o contribuinte individual que costuma prestar serviços a diversas empresas e equiparadas deve contribuir tendo em vista o limite máximo do salário-de-contribuição.

Caso o segurado já tenha sofrido desconto de valor que tenha ultrapassado o limite máximo do salário-de-contribuição, deve informar à empresa, fornecendo-lhe o com-provante das outras retenções para se evitar que sejam efetuados novos descontos.

Se o segurado sofre desconto como empre gado e, ao mesmo tempo, presta servi-ços a empre sas como contribuinte individual, deve igual mente informar e comprovar tal fato aos seus contratantes, evitando que o desconto extrapole o valor máximo da contribuição mensal.

Exemplo 1:

O pintor Luciano prestou serviço para a Construtora Martinez e cobrou R$ 1.000,00. Qual o valor líquido que ele receberá?

Neste caso, a Construtora Martinez irá pagar R$ 890,00 a Luciano e descontar--lhe R$ 110,00, efetuando o recolhimento para a Previdência. A Construtora Martinez deve fornecer a declaração a Luciano.

Exemplo 2:

O segurado Juarez é empregado da Farmácia Brasil e sua remuneração em julho foi R$ 3.000,00. No mesmo mês, entretanto, realizou “bico”, nos finais de semana, efetuando reparos elétricos para a Oficina Hermidão, recebendo R$ 3.500,00. Quem deve efetuar o desconto?

O segurado teve retido, como emprega do da Farmácia Brasil, o valor de 11% sobre R$ 3.000,00. Para completar o teto, ele precisa contribuir sobre mais R$ 2.189,82 (5.189,82– 3.000,00, já retidos). Logo, a Oficina Hermidão deve des-contar R$ 240,88 (11% x 2.189,82) e pagar-lhe R$ 3.259,12 (3.500,00 – 240,88). Juarez deve fornecer à Oficina Hermidão cópia do seu contracheque (holerite), que comprovará a ocorrência de retenção sobre R$ 3.000,00. A oficina deve fornecer-lhe a declaração de desconto.

Da mesma forma, caso, neste mesmo mês, Juarez preste serviços a mais três empresas como contribuinte individual, não sofrerá qualquer desconto previdenciário adicional, pois já contribuiu sobre o limite máximo do salário--de-contribuição. Terá de apresentar, contudo, aos novos contratantes, os comprovantes que demonstrem as retenções anteriormente efetuadas (con-tracheque e declaração).

8.3.2. Prestação de serviço a pessoas físicas

O contribuinte individual que presta serviços à pessoa física deve efetuar pesso-almente o recolhimento aplicando alíquota de 20%, até o dia 15 do mês subsequente, prorrogando-se o prazo para o próximo dia útil se não houver expediente bancário neste dia. É claro que o segurado deve considerar os valores já retidos, caso tenha

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prestado serviço à pessoa jurídica no mesmo mês, recolhendo, apenas, a diferença entre o salário-de-contribuição já descontado e o valor máximo.

Exemplo:

A advogada Marta prestou serviço ao Laboratório Oliveira, cobrando R$ 2.000,00. No mesmo mês, prestou serviço a Joana, cobrando-lhe R$ 4.000,00. Como fica a sua contribuição?

O Laboratório Oliveira deve descontar da remuneração contratada 11% sobre R$ 2.000,00. Adicionalmente, Marta deve pagar diretamente à Previdência a alíquota de 20% sobre R$ 3.189,82 (5.189,82 – 2.000,00, já retido), resultando R$ 637,96.

Quando o segurado contribuinte individual prestar serviço a outro contribuinte individual, produtor rural pessoa física, missão diplomática ou repartição consular de carreira estrangeira, ou quando se tratar de brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo, ficará responsável pelo recolhimento das contribuições, já que a retenção não é aqui aplicável.

Assim, na hipótese de o contribuinte individual prestar serviço a outro contribuinte individual equiparado a empresa ou a produtor rural pessoa física ou a missão diplo-mática e repartição consular de carreira estrangeiras, cabe ao contribuinte individual prestador do serviço recolher a sua própria contribuição, sendo aplicada, neste caso, a alíquota de 20% (art. 216, § 33, Dec. 3.048/99). Pode, entretanto, deduzir da sua contribuição mensal 45% da contribuição patronal do contratante efetivamente reco-lhida ou declarada em GFIP ou em documento fornecido ao segurado. Esta dedução é limitada a 9% da base de contribuição do contribuinte individual (art. 216, § 20, Decreto 3.048/99).

Este complicado texto legal significa dizer que o contribuinte individual que pres-tar serviços a estas entidades equiparadas a empresas, embora não sofra a retenção, contribuirá com alíquota de 11% (ao invés de 20%, pois descontará 9%) quando estes equiparados tiverem declarado ou recolhido a cota patronal. Transcrevemos este árduo texto devido a algumas questões de concurso utilizá-lo, em suas proposições.

O contribuinte individual é obrigado a complementar, aplicando alíquota de 20%, diretamente, a contribuição até o valor mínimo mensal do salá rio-de-contribuição, quando as remunerações recebidas no mês por serviços presta dos a pessoas jurídicas forem inferiores a este. Caso não efetue a complementa ção, a contribuição do mês não será considerada pelo INSS, para qualquer efeito.

Exemplo:

João prestou no mês de 01/2016 serviço para a empresa Calçados Pé Torto Ltda., cobrando R$ 100,00. Sendo esta a única remuneração de João, durante o mês de janeiro de 2015, como deve ser recolhida a sua contribuição?

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CONTRIBUIÇÕES DOS SEGURADOS

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Resposta:

1) A empresa Calçados Pé Torto deve reter R$ 11,00 (11% x R$ 100,00) e re-passar para a Previdência Social até o dia 20/02/2016.

2) Como João não atingiu o mínimo (R$ 880,00), deve recolher 20% sobre a diferença entre o salário mínimo e a base já paga, ou seja, 20% sobre R$ 780,00 (880,00 – 100,00 já pagos). Assim, João deve recolher uma GPS no valor de R$ 156,00.

É facultado ao segurado contribuinte individual, cujos salários-de-contribuição sejam iguais ao valor de um salário mínimo, optar pelo recolhimento trimestral das contribuições previdenciárias, com vencimento no dia 15 do mês seguinte ao de cada trimestre civil, prorrogando-se o vencimento para o dia útil subsequente, quando não houver expediente bancário no dia 15.

Lembramos aqui que a Emenda Constitucional 47 alterou o parágrafo 12 do artigo 201 da CF/88, com a seguinte Redação: “Lei disporá sobre sistema especial de inclu-são previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo”.

A EC 47/05 previu também que o sistema especial de inclusão previden ciária deverá ter alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social.

Este sistema especial foi regulamentado pela Lei Complementar 123, de 14/12/2006, que inseriu os parágrafos 2º e 3º ao artigo 21 da Lei 8.212/91 e pelo Decreto 6.042 de 04/02/07.

Com a regulamentação, passou a ser de 11% sobre o valor do salário mínimo a alíquota de contribuição do segurado contribuinte individual que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado, e do segurado facul-tativo que optarem pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição.

O segurado que tenha contribuído, valendo-se desta forma especial, e que pretenda contar o tempo de contribuição correspondente para fins de obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição ou da contagem recíproca do tempo de contribuição (vide tópico 23.4), deverá complementar a contribuição mensal mediante o recolhimento de mais 9%, acrescido dos juros moratórios. Esta contribuição complementar será exigida a qualquer tempo, sob pena do indeferimento ou cancelamento do benefício.

Saliente-se que esta forma de contribuição especial é bastante salutar para os segurados de baixa renda que desejavam ingressar no sistema previdenciário, mas não o faziam devido ao alto custo de manutenção na sistemática anterior. Um contribuinte individual ou segurado facultativo que optasse por fazer parte do RGPS teria, no modelo anterior, que contribuir, no mínimo, com R$ 176,00 mensais (20% x 880,00). Optando pelo sistema especial, é possível que mantenha o vínculo com

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a instituição previdenciária pagando a alíquota de 11% sobre o salário mínimo (R$ 96,80). Com a opção, deixa de fazer jus ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição.

O empresário com receita bruta anual no ano-calendário anterior de até R$ 60.000,00 também pode contribuir de forma especial. É que a LC 128, de 19/12/08, criou a figura do Micro Empreendedor Individual – MEI, alterando a Lei Complementar 123 (Super--Simples). Até a publicação da Lei 12.470/2011 a alíquota de contribuição do MEI era de 11% sobre o salário mínimo. Com a alteração promovida pela citada norma, o percentual de contribuição foi reduzido para 5%.

A data de vencimento da contribuição do MEI, diferentemente dos demais contri-buintes individuais, é o dia 20 do mês subsequente, prorrogando-se o prazo se não houver expediente bancário nesta data (art. 38, Resolução 94/2011, CGSN c/c art. 18-C, §2º, II, da LC 123).

A contribuição do MEI foi objeto de questionamento em prova de concurso público. Vejamos:

Exemplo de questões sobre o tema:

(Técnico do Seguro Social – INSS 2012 – Carlos Chagas) João montou seu pró-prio negócio em 2010, obteve receita bruta, no ano-calendário anterior, de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) e é optante do Simples Nacional. João não pretende receber aposentadoria por tempo de contribuição. Nessa situação, a contribuição previdenciária a ser recolhida por João é de

a) 20% (vinte por cento) do limite mínimo do salário de contribuição.

b) 11% (onze por cento) do limite mínimo do salário de contribuição.

c) 8% (oito por cento) do limite mínimo do salário de contribuição.

d) 9% (nove por cento) do limite mínimo do salário de contribuição.

e) 5% (cinco por cento) do limite mínimo do salário de contribuição.

Resposta: E

8.3.3. Contribuinte individual condutor autônomo

O condutor autônomo de veículo rodoviário é o que exerce atividade profissional sem vínculo empregatício, quando proprietário, co-proprietário ou promitente comprador de um só veículo, a exemplo do motorista de caminhão que realiza fretes e carretos ou, até mesmo, do taxista.

Considera-se remuneração do contribuinte individual que trabalha como condu-tor autônomo de veículo rodoviário, como auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei no 6.094, de 30 de agosto de 1974, como operador de trator, máquina de terraplenagem,

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SINOPSE PARA ESTUDO

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Sinopse para estudo

DEFINIÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

A seguridade social foi definida no caput do art. 194 da Constituição Federal como “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar o direito à saúde, à previdência e à assistência social”.

Saúde

“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos, e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”.

O acesso à saúde independe de pagamento e é irrestrito, inclusive para os estran geiros que não residem no País. Até as pessoas ricas podem utilizar o serviço público de saúde, não sendo necessário efetuar quaisquer contribuições para ter direito a este atendimento.

A saúde é administrada pelo SUS – Sistema Único de Saúde, vinculado ao Ministério da Saúde. Este órgão não guarda qualquer relação com o INSS ou com a Previdência Social.

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III – participação da comunidade.

A assistência à saúde é livre à iniciativa privada (art. 199, CF 88). As instituições privadas poderão participar de forma complementar ao sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

É proibida, no entanto, a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.

As empresas ou capitais estrangeiros não podem participar da assistência à saúde, salvo nos casos previstos em lei.

Assistência social

A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contri-buição. Aqui, o requisito básico é a necessidade do assistido.

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A assistência social objetiva a proteção à família, maternidade, infância, adolescência e velhice, o amparo às crianças e adolescentes carentes e a promoção e integração ao mercado de trabalho. Deve, ainda, promover a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária e garantir um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e a idosos que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.

Os benefícios assistenciais pecuniários são devidos somente aos brasileiros e estrangeiros naturalizados e domiciliados no Brasil que não estejam cobertos pela previdência social do país de origem.

A assistência social deve seguir as seguintes diretrizes:

I – descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;

II – participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.

Previdência social

A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.

Embora no texto constitucional haja previsão expressa de que a previdência social deva proteger o trabalhador em situação de desemprego involuntário, o benefício governamental fornecido nesta situação – seguro-desemprego – é administrado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, não fazendo parte dos benefícios previdenciários pagos pelo INSS, exceto o seguro--defeso do pescador.

A previdência social é seguro coletivo, contributivo, compulsório, de organização estatal, custeado, principalmente, pelo regime financeiro de repartição simples, devendo conciliar este regime com a busca de seu equilíbrio financeiro e atuarial.

Qualquer pessoa, brasileira ou não, que exerça atividade remunerada dentro do território nacional é filiada obrigatória do regime previdenciário, sendo compelido a efetuar recolhimentos. Até mesmo o aposentado que volte a exercer atividade profissional remunerada é obrigado a contribuir para o sistema.

São três os regimes previdenciários: Regime Geral da Previdência Social – RGPS, Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS e o Regime de Previdência Complementar.

Os Regimes Próprios são aqueles a que estão filiados os servidores públicos efetivos. O RGPS é o regime que dá cobertura aos trabalhadores da iniciativa privada e às pessoas que não exerçam atividade remunerada e optem por participar facultativamente do sistema.

Já o Regime de Previdência Complementar é de natureza facultativa. O Regime de Previdência Complementar Privado pode ser aberto ou fechado. Os abertos são os planos de previdência organizados pelas instituições financeiras que todos podem aderir, enquanto os fechados são destinados a determinado grupo de trabalhadores. O Regime de Previdência Complementar Oficial é destinado a servidores públicos vinculados a RPPS.

Os regimes próprios devem assegurar, pelo menos, os benefícios de aposentadoria e pensão por morte.

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EXERCÍCIOS FUNDAMENTADOS

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Exercícios fundamentados

29.1. HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL – CAPÍTULO 2

01. (AGU – Advogado da União 2006 – CESPE) Após o modelo de previdência social concebido por William Beveridge, implantado na Inglaterra a partir de 1946, novos sistemas surgiram no cenário mundial: o social-democrata, adotado nos países nórdicos, cujo objetivo era assegurar rendas a todos mediante redistribuição igualitária; e o liberal ou residual, cujo exemplo mais expressivo é o do Chile, caracterizado, especialmente, pela individualização dos riscos sociais.

02. (Paraná Previdência – Advogado Pleno 2007 – CESPE) No Brasil, o primeiro texto constitu-cional a adotar e tratar da criação das casas de socorros públicos foi a Constituição da República de 1824.

03. (Paraná Previdência – Advogado Pleno 2007 – CESPE) O Decreto-legislativo n.º 4.682, de 24/01/1923 – famosa Lei Eloy Chaves – é considerado, pela maioria dos autores, o marco inicial da previdência social no Brasil, tendo determinado a criação de uma caixa de apo-sentadoria e pensões para os empregados em empresas de estrada de ferro.

04. (Paraná Previdência – Advogado Pleno 2007 – CESPE) A partir de 1933, o governo abandonou o método de criar pequenas instituições (caixas) previdenciárias porque elas, muitas vezes, não tinham condições financeiras para arcar com os benefícios previdenciários dos seus segurados, criando entidades de âmbito nacional, nas quais foram englobados trabalha-dores de uma mesma atividade.

05. (Paraná Previdência – Advogado Pleno 2007 – CESPE) A Lei n.º 3.807/1960 (Lei Orgânica da Previdência Social) uniformizou a legislação previdenciária das diferentes categorias de trabalhadores, amparadas por distintos institutos previdenciários.

06. (Paraná Previdência – Advogado Pleno 2007 – CESPE) A LBA e a FUNABEM foram partes integrantes do SINPAS, criado pela Lei n.º 6.439/1977.

07. (Defensor Público do Estado do Ceará 2008 – CESPE) No ordenamento jurídico brasileiro, a primeira referência a instituições que promovessem ações relacionadas ao que hoje se denomina seguridade social foi feita pela Constituição de 1824, que criou as casas de socorros, consideradas embriões das santas casas de misericórdia.

08. (DPGU / Defensor Público da União 2010 – CESPE) A Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo nº 4.682/1923), considerada o marco da Previdência Social no Brasil, criou as caixas de aposentadoria e pensões das empresas de estradas de ferro, sendo esse sistema mantido e administrado pelo Estado.

09. (Analista Judiciário do TRT 21ª Região 2010 – CESPE) Até a década de 50 do século XX, a previdência social brasileira caracterizava-se pela existência de institutos previdenciários distintos que atendiam a diferentes setores da economia.

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10. (Analista Judiciário do TRT 21ª Região 2010 – CESPE) Com a criação do Instituto Nacional do Seguro Social, foram unificados, nesse instituto, todos os órgãos estaduais de previdência social.

11. (Defensor Público - ES/ 2012 - CESPE) A publicação, em 1954, do Decreto n.º 35.448, que aprovou o Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadorias e Pensões, é considerada, pela doutrina majoritária, o marco inicial da previdência social brasileira.

12. (Analista do Seguro Social – INSS/2014 - FUNRIO) Qual foi a primeira norma legal a instituir a previdência social no Brasil?

a) A Constituição de 1824.b) A Constituição de 1946.c) A Lei Áurea.d) A Lei Orgânica da Previdência Social de 1960.e) O Decreto Legislativo nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, conhecido como Lei Eloy Chaves.

QuestãoGabarito

oficial

Fundamentação legal

RPS = Decreto 3.048/99

Tópico

do livroObservação eventual elucidativa

01 C Histórico 2.1 –

02 C Art. 179, XXXI, CF/1824 2.2 Questão completamente atípica.

03 C Decreto 4.682/23 2.2 –

04 C Histórico 2.2 –

05 C Histórico 2.2 –

06 C Histórico 2.2 –

07 C Histórico 2.2 –

08 E Histórico 2.2 A administração não era do Estado

09 C Histórico 2.2 A questão se refere aos IAPs

10 E Histórico 2.2 O INSS nasce da fusão do IAPAS com o INPS

11 E Histórico 2.2 O marco foi a Lei Eloy Chaves

12 E Histórico 2.2 –

29.2. A SEGURIDADE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – CAPÍTULOS 1 E 3

13. (Auditor-Fiscal da Receita Federal Área Tributária e Aduaneira 2005/2006 – ESAF) No âmbito da Seguridade Social, com sede na Constituição Federal/88 (art. 194), podemos afirmar:

a) A seguridade social compreende um conjunto de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando a assegurar os direitos relativos à saúde, à vida, à previdência e à assistência social.

b) A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência, à vida e à assistência social.

c) A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

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SÚMULAS PREVIDENCIÁRIAS

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Súmulas Previdenciárias

30.1. SÚMULAS VINCULANTES – STF

8. São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do decreto-lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.

21. É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admis-sibilidade de recurso administrativo.

28. É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

33. Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.

30.2. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

217. Tem direito de retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso de recusa do empregador, o aposen-tado que recupera a capacidade de trabalho dentro de cinco anos, a contar da aposentadoria, que se torna definitiva após esse prazo.

219. A indenização acidentaria não exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do em-pregador.

230. A prescrição da ação de acidente do trabalho conta-se do exame pericial que comprovar a enfermidade ou verificar a natureza da incapacidade.

235. É competente para a ação de acidente do trabalho a justiça cível comum, inclusive em segunda instancia, ainda que seja parte autarquia seguradora.

241. A contribuição previdenciária incide sobre o abono incorporado ao salário.359. Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pela lei vigente ao tempo

em que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos necessários, inclusive a apresentação do requerimento, quando a inatividade for voluntária.

371. Ferroviário, que foi admitido como servidor autárquico, não tem direito a dupla aposentadoria.372. A lei 2.752, de 10 04 1956, sobre dupla aposentadoria, aproveita, quando couber, a servidores apo-

sentados antes de sua publicação.382. A vida em comum sob o mesmo teto “more uxorio”, não e indispensável a caracterização do concu-

binato.439. Estão sujeitos a fiscalização tributaria ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame

aos pontos objeto da investigação. 466. Não é inconstitucional a inclusão de sócios e administradores de sociedades e titulares de firmas

individuais como contribuintes obrigatórios da previdência social501. Compete a justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as instancias, das causas

de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a união, suas autarquias, empresas publicas ou sociedades de economia mista.

613. Os dependentes de trabalhador rural não têm direito a pensão previdenciária, se o óbito ocorreu anteriormente a vigência da lei complementar n. 11/71.

655. A exceção prevista no art. 100, caput, da constituição, em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza.

669. Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.

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687. A revisão de que trata o art. 58 do ADCT não se aplica aos benefícios previdenciários concedidos após a promulgação da constituição de 1988.

688. É legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º salário.699. O segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o juízo federal do seu do-

micílio ou nas varas federais da capital do estado-membro.726. Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado

fora da sala de aula.729. A decisão na Ação Direta de Constitucionalidade 4 não se aplica à antecipação de tutela em causa

de natureza previdenciária.732. É constitucional a cobrança da contribuição do salário-educação, seja sob a carta de 1969, seja sob

a Constituição Federal de 1988, e no regime da lei 9.424/96.

30.3. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

03. Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado, na respectiva região, entre Juiz Federal e juiz estadual investido de jurisdição federal.

15. Compete a Justiça Estadual processar e julgar os litígios decorrentes de acidente do trabalho.24. Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da previdência

social, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal.32. Compete a justiça federal processar justificações judiciais destinadas a instruir pedidos perante

entidades que nela tem exclusividade de foro, ressalvada a aplicação do art. 15, II da lei 5010/66.44. A definição, em ato regulamentar, de grau mínimo de disacusia, não exclui, por si só, a concessão

do beneficio previdenciário.89. A ação acidentaria prescinde do exaurimento da via administrativa.107. Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante fal-

sificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal.

110. A isenção do pagamento de honorários advocatícios, nas ações acidentarias, e restrita ao segurado.111. Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre prestações vincendas.144. Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados os precatórios da ordem

cronológica dos créditos de natureza diversa.146. O segurado, vitima de novo infortúnio, faz jus a um único beneficio somado ao salário de contribuição

vigente no dia do acidente.148. Os débitos relativos a beneficio previdenciário, vencidos e cobrados em juízo após a vigência da lei nº

6.899/81, devem ser corrigidos monetariamente na forma prevista nesse diploma legal.149. A prova exclusivamente testemunhal não basta a comprovação da atividade rurícola, para efeito da

obtenção de beneficio previdenciário.150. Compete a Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença,

no processo, da união, suas autarquias ou empresas publicas.175. Descabe o deposito prévio nas ações rescisórias propostas pelo INSS.178. O INSS não goza de isenção do pagamento de custas e emolumentos, nas ações acidentarias e de

benefícios, propostas na justiça estadual.204. Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida.210. A ação de cobrança das contribuições para o FGTS prescreve em trinta (30) anos.212. A compensação de créditos tributários não pode ser deferida por medida liminar.213. O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação

tributária.226. O Ministério Público tem legitimidade para recorrer na ação de acidente do trabalho, ainda que o

segurado esteja assistido por advogado.242. Cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários.289. A restituição das parcelas pagas a plano de previdência privada deve ser objeto de correção plena,

por índice que recomponha a efetiva desvalorização da moeda.

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