lambuzas de vida - poesias

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Poesias de Gideon Marinho Gonçalves

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Page 1: Lambuzas de vida - Poesias

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Lambuzas De Vida

Poemas e Poesias

2008

Gideon Marinho Gonçalves

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Contato:

Gideon Marinho Gonçalves [email protected]

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20 de Julho de 2008 Versão 1.0

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Aos meus filhos Glauber e Jean,

razão do meu viver.

Aos meus pais Felisberto e Denir,

minha inspiração para a vida.

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Conteúdo

Aos meus filhos 3

Aos meus pais 3

Introdução 6

O Amor que não aparece 7

O trem da Central 8

Beijo inesperado 12

Morena linda do mar 13

Hotel de solidão 14

A minha verdade desnuda 16

Saudades do meu saxofone 17

Cataratas do Iguaçu 18

Um delírio 19

Anjos zombeteiros 23

O Trem da minha sina 26

Frio, chocolate e saudade 30

Praticar a vida 32

Ao pé do Mar 34

A jornada sem fim 36

Um amor que não vem 39

Uma paixão proibida 41

Amor sem rimas 43

Amor virado 45

Momentos mágicos 47

Ter você e nada mais 48

Almas enlaçadas no inverno 50

Lamento de duas notas e um gemido 52

Clamor do amor 53

A Lua 54

Amigo quase relapso 55

Lambendo os lábios 56

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O que virá, o que será 57

O que dizer para os jovens 59

Amor que se foi 60

Amor, uma mistura de sentimentos 63

Sem nexo 67

Lamento à fantasia 68

Sério, sempre? 70

Jazz affair 72

Pingou uma lágrima 73

Diante de um novo amor 74

Beijos e selinhos 77

E a vida passa 78

Som e angústia 79

Desatinos 80

Quando nada se tem prá dizer... 81

Lamento de duas notas e um gemido 82

A vida, um riacho 83

Porque escrevo 85

Nada mais, somente a cumplicidade 87

Amor adolescente 89

Amor prá ser lembrado 90

Ter você e nada mais 93

Sem Rascunho 95

Poesias são carruagens 97

Tarde fria 98

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Introdução A intensidade do dia-a-dia, procuro não deixar fugir de meu olhar. Registro as minhas

impressões sobre a vida como que compungido por um compromisso urgente comigo

mesmo. A vida no subúrbio e na cidade passa ligeira. Observo o seu rastro buscando

situações que seriam efêmeras sob outro aspecto, mas que me servem como matéria prima

para as minhas reflexões.

Não me preocupo demasiadamente com os estilos literários. Em parte porque não sou

especializado em Literatura, e mais, não consigo adestrar o ritmo e a métrica da minha

narrativa aos diversos estilos existentes. A vida é ligeira e às vezes a rima que

complementa um fato sensível dá-se na imaginação de cada um. Não é preciso registrá-la,

necessariamente.

Os fenômenos de minha imaginação e sentimento, mesmo que às vezes intensos e

desconcertantes, são narrados em forma de prosa poética, poemas, poesias ou ensaios.

Não se choquem, e perdoem-me a impetuosidade, às vezes.

Agradeço os comentários à obra!

O autor

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O Amor que não aparece

Macaé, Janeiro de 2002

O Amor é bonito Quando acontece Sem ter de acontecer. Quando aparece Sem ter de aparecer. Quando existe Sem ter de ser. O Amor verdadeiro Vem de onde não teria de vir. Existe quando não teria de existir. Está aonde não tem lugar. O Amor perfeito é lindo, Quando parece não ter beleza. É belo quando não tem forma É suave quando pesa no ser. O Amor eterno Não caminha pela estrada. Existe nas beiradas, Esconde-se nas melodias E aparece nas poesias. Quando se ama Não se busca entender. Porque o Amor Não se deixa ver. Quando se ama Não se sabe o porquê. Nem se quer saber.

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O trem da Central Rio de Janeiro,

Maio de 2008 Vou-me embora nesse trem Vou-me embora nessa sina Vou prá casa na Vintém Ver Menina, minha mina.

Cantando e assobiando Um sambinha popular. Vou dormindo, cochilando Prá não ver tempo passar.

Vou sonhando com o mundo Esperando prá mudar. Vou fazer uma fezinha, No cachorro apostar.

Lá vem vindo o camelô Anunciando com ardor, Agulha, linha, tem senhor! Carretel e pregador.

Meu sapato já furou, A Menina reclamou Pediu um desentupidor Pois a pia transbordou.

Psiu, Psiu! Ô camelô! Vem na mão com abridor. Tem dedal, tem sim Senhor.

Tem elástico e varal. Que retira do avental Vai girando o seu jirau.

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Quero um desentupidor, ô camelô, Minha pia entornou. Tenho só cinco mil réis, Não me serve um abridor.

Tem biscoito, tem pastilha, Mirabel e simpatia. Agradeço a serventia Do guri com anemia.

Vou-me embora nesse trem No constante vai-e-vem Cochilar um pouco mais Sem pender para o rapaz.

Vou-me embora nesse trem Que não chega na Vintém. Amanhã de novo tem Jornaleiro, pipoqueiro Esmoleiro tem também.

Tem no primeiro vagão O pastor dando sermão. Cozinheira cantadeira Com a Bíblia na mão.

Tem irmão falando grosso Ex-bandido agora moço. Todos cantam uma canção No meio da oração.

Vou chegando na Central Cumprimento o Juvenal Moleque trabalhador Vendedor e lutador, Anunciando o jornal.

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Já dizia minha avó, Quem não estuda até dá dó. Vou prestar vestibular. Este ano vou passar.

Medicina, nem pensar. O patrão tem que ajudar. Pode ser demagogia Mas eu vou aproveitar.

Vou-me embora deste trem. Oh, Menina, cá cheguei Sem nenhum, nenhum vintém. Camelô não ajudou Só achei um abridor.

Mas trouxe algumas rosas, Lá do Zé, o vendedor. Toma Menina o meu favor, É uma lembrança com amor.

Vou-me embora da Vintém Desta vez não vou de trem Vou de táxi amarelo Prá Rocinha, bem além.

Vou pagar o armazém, O padeiro, o verdureiro, O sacolão e o floreiro.

Deu cachorro na cabeça, O sermão me ajudou. O bicheiro me pagou. Prá Zona Sul agora vou.

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Juvenal me balançou Do sonho me resgatou Levanta homem que chegou, Vamos logo desse trem, Já chegamos na Vintém!

Vou ver Menina, minha mina Que seu beijo me fascina. Cheiro de alho me alucina.

Amanhã é sexta-feira Vou no forró da saideira Com Menina lá na feira.

Vou-me embora desse trem Só quando for para o além.

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Beijo inesperado Rio de Janeiro, Junho de 2008

Guardei um farelo nos dentes Prá ir com a língua remexendo O sabor da declaração repentina de amor De uma amiga querida de muitos favores. Não quero perder o sabor Do amor que logo brotou De meu coração em desalinho Com o repentino carinho. Um beijo estalado no rosto Com som de lábios sedosos Assim recebi o presente Dessa declaração veemente. Agora vou prá casa feliz Com o rosto e lábios sorridentes Por esse inesperado presente.

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Morena linda do mar Rio de Janeiro,

Maio de 2008 Morena linda, morena brejeira caminha na praia com jeito, sem jeito o verde do mar lhe serve de espelho as ondas se esmeram prá refletir os seus seios. Linda morena que rouba o meu olhar disfarçado me faço, com os olhos a laço a vastidão do mar socorre o meu lapso meu desejo não se contém, um poema faço. Morena do mar, cabelos ao ar passos gingados na cadência do mar doce requebrado na indecência do olhar de novo disfarço-me na vastidão do mar. Morena, morena, linda do mar quisera eu roubar uma gota somente de seu sorriso saliente, nesta manhã quente quiçá este poema não viesse me ocupar perdido estaria em seu azul olhar. 25-05-2008

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Hotel de solidão Foz do Iguaçu, Junho de 2008

A noite cinzenta no hotel de solidão A foz do Iguaçu que não ecoa na escuridão O frio do Sul que sufoca o meu coração Os pés trepados um no outro, protegidos, no chão. O filho no MSN pedindo explicação A sobrinha adolescente exigindo uma benção Uma amiga solitária pedindo atenção E o meu coração, esse, bem, sofrendo de solidão. Ao fundo um smooth jazz tocando uma bela canção Que me faz murchar de saudades do meu violão. A distância de casa, dos filhos, amor, amigos e do cão, Quero voltar correndo pro meu Rio, pisar no meu chão. Escrevo sempre que estou triste Melhor isso que ficar remexendo na cama. Há tempo não sei como sorrir. O afago de um beijo e o aperto de mão. O som de meu sax, flauta, violino, latido de meu cão. A saudade veio escondida na bagagem, no avião Intrometeu-se no 206, em baixo de meu colchão Ainda bem que não trouxe a sua irmã, a decepção. Dias desses a vi escondida, telefone na mão. Deixa estar, se desconfiar que chama a sua irmã A despacho de volta pro Rio, sem compaixão. Também vou, claro, em outro vôo, correndo pro meu violão. Não quero a companhia da Decepção. Em Foz do Iguaçu, não.

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O som das águas que abundam por aqui Não chegou ainda ao meu coração. Ledo engano, pois dissera a uma amiga Que, cá, tocaria meu violino, na escuridão. Olhando pro manancial de águas turvas Misturaria os sons vindos da imensidão Com a minha débil música, sofrida. Pois bem, não veio o sax, o violino e nem o violão. E cá estou eu, MSN, estudando com meu filho Que insiste não precisar do Inglês. E nada de música, som, alegria e criação. Sobra-me, somente, a melancolia Nesse hotel de solidão.

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A minha verdade desnuda Rio de Janeiro, Junho de 2008

O meu ser está retalhado pelas frestas que a minha poesia abre desnudando segredos que deveriam estar guardados para sempre no fundo da alma. Mas o que seria de mim se minh'alma sofresse sufocada pelo silêncio da minha poesia? Talvez sucumbisse espremida em meu corpo e envelheceria com o tempo. Não fosse a minha poesia com a sua navalha afiada e minh'alma teria que lidar eternamente com o silêncio e a escuridão de meu interior. A poesia tem o poder de penetrar em meu interior, revirar meus temores, convicções e sentimentos, agregar tudo e lançá-los ao ar do jeito que for. Por isso às vezes ela vem rimada, outras vem desajeitada como se não tivesse tempo para arrumar-se pela urgência em conquistar a liberdade da vida. Dessa forma ela vai desnudando-me e retalhando a minha vida como se fosse uma roupagem que precisa urgentemente ser rasgada, tirada para mostrar a verdade de meu ser... Assim, mesmo contra a minha vontade, a minha verdade fica desnuda e exposta agradando a poucos e decepcionando a muitos.

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Saudades do meu saxofone

Foz do Iguaçu, Junho de 2008

Há dias não sinto o sabor de sua língua Não sinto o atrito de seus dedos Não sinto o peso de seu corpo. Deixei-te quieto no canto de meu quarto. Estojo meio empoeirado, pendente pro lado. Partituras largadas e desarrumadas Na estante recostada na parede O som ainda ligado querendo recomeçar Um playback que deixei por terminar. Sinto falta das escalas tossidas prá te desengasgar Antes dos desafios das lições de sábado pela manhã. Preso ao minúsculo quarto desse triste hotel Sinto-me triste por não te tocar. Não sei por quanto tempo vou suportar A solidão dos meus sons, devaneios e elucubrações. O semblante do Tom Jobim no songbook anotado Pertuba-me, vez outra, em sonhos tumultuados Da alma perdida sem saber pro meu Rio voltar. Dias desses tentei solfejar uma bossa Prá tentar quebrar o jejum musical. Não fui longe, pois logo uma lágrima atrevida Veio pingar justamente no dorso da mão Que eu usava para marcar o compasso da canção. Quando pro meu Rio voltar Vou correndo de seu silêncio te soltar. Com alegria compor o tudel ao seu corpo esbelto Ajeitar a sua língua na boquilha sedenta E com carinho verter o "Samba do avião" Noite a dentro.

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Cataratas do Iguaçu

Foz do Iguaçu, Junho de 2008

Eu vi as Cataratas, não, não eram cataratas eram lágrimas jorrando dos olhos dessa terra. Vi-me ali enorme vertendo todas aquelas lágrimas. Não era o Iguaçu que chorava, eram meus olhos que inundavam o meu coração de solidão. Fui ver as Cataratas, mas encontrei a solidão. Tantas águas abundantes por todos os lados Impetuosas, brotando de qualquer lugar. Aleatórias, debochadas e soberbas. Olhei com atenção e profundidade as Cataratas. Resolvi ir mais perto prá ser respingado pelo suor do Iguaçu. Fiquei encharcado, meu coração congelou de medo. Medo da turbulência da solidão que esbanjava regozijo. Saí logo dos respingos do Iguaçu e voltei apressado para a minha introspecção. Estava só e meus olhos não desprendiam da sua impetuosidade. Senti a sua verdade inundando o meu coração. Caminhei displicente, mas sem perder você de vista. O som do Iguaçu inundava meus ouvidos afinados. Pude perceber certa harmonia tensa e grave. Não captei a melodia que soava por lá. Fui às Cataratas ver o Iguaçu chorar. Senti o seu suor e inundei o meu coração de solidão. Voltarei lá agora com o saxofone a postos para criar uma melodia para a harmonia triste, grave e tensa do Iguaçu e lavar o meu coração com o seu som.

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Um delírio Rio de Janeiro, Junho de 2008

Ampliei a sua foto Remexi cada cantinho de seu rosto Enfiei-me pelos seus olhos redondos Atirei-me em sua boca indecente. Atraquei-me em seu pescoço... Mordisquei nervoso suas orelhas Queria o seu amor, o seu som Busquei a sua respiração Atravessei a sua pele e lá fiquei. Ampliei o seu olhar com o fotoshop Virei a cabeça prá melhor te observar Balancei seu rosto prá seus cabelos voarem Agarrei os seus lábios, deliciei-me. Busquei na mente resíduos de você... Recitei poesias batidas, prá ti já oferecidas Fiz declarações absurdas de amor impossível Imaginei ter você, em toda a vida. Desliguei o virtual... Chega, apaguei você... Sacudi o rosto e pela sala andei... Esfreguei a cara com sabão Prá calar o delírio da paixão... Não sei, não sei e não sei... Ainda bem que vou prá longe Lá de cima vou arremessar Esse sentimento torturante

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Prá um felizardo, coitado, Cá em baixo encontrar.

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Caminho do Amor Rio de Janeiro, Março de 2008

Um raio de luz brilhou E não quer se apagar... Tem estrada de barro iluminada Que leva prá algum lugar... Te encontro lá... Se a pilha acabar... Me ilumine com o brilho de seu olhar... Tem galho caído na estrada... Pule, Maria, foi o vento da paixão Que encobriu esse luar... Acende a lanterna pro meu amor passar.... Pegue a esquina sanfonada Que desnuda uma praia abandonada... É lá que o nosso amor está Fazendo covas na areia prá nos acomodar... Acende a lanterna, Maria. Pro nosso amor andar... Não pisque os olhos redondos Nem deixe a boca fechar... Quero um beijo no escuro Prá sentir o amor inundar Nossas almas sedentas de carinho, De vida, de esperança E de um ninho prá ficar M.....a...r..ia Pule o galho no chão Que o vento da paixão Varreu na escuridão.

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Vamos amar na praia Aonde o nosso amor nos aguarda Prá em um devaneio nos levar Em uma escuna sem fim No mar, prá sempre navegar... Vamos correndo, Maria, De mãos dadas ao ar Quem sabe não é lá, no Mar, Que vamos o amor eterno, enfim, encontrar.

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Anjos zombeteiros Rio de Janeiro, Junho de 2006

Tantas coisas prá dizer, prá escrever, prá viver… Meus sonhos e pedidos talvez irresponsáveis a Deus… De que queria uma mulher especial, que na verdade eu nem sabia muito bem como seria… Já que valia fantasia, como eu pensava, tudo o que tinha direito, pedia… Dizia eu nas minhas orações: “Que ela seja linda, meiga, decidida, feminina e ousada. Sem pudores, amante da arte de dar e receber prazer, feliz, lutadora, exigente, reivindicante do amor, sábia e apressada… Empreendedora, corajosa, deliciosa, temente a Deus, jovem e fiel. Minha, minha e somente minha… Que me ame, ame e ame muito… Etc., etc. e tal e por aí vai” Bem, era fantasia, já que podia pedir, pedia a Deus despreocupadamente, como que para instigá-lo, talvez zombar do seu poder e bondade… Irresponsável e sem fé como sou, agi como aquele crente que pede chuva a Deus mas nunca sai de guarda-chuvas… Pois é, pedi tudo isso a Deus e não me preocupei em preparar-me

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para receber a benção.. De repente trovejou no horizonte, e lá veio a tempestade. Tentei fugir, correr, nadar.. Não teve jeito, Deus enviou-me chuvas de bênçãos. Encharquei-me, quase me afoguei. Fiquei sem dormir por três noites seguidas e ficaria por mais 50… Como um animal selvagem quero cheirá-la, tocá-la, apertar o dedo nela para ver a textura da pele… Mexer em seu narizinho, beliscar a bochecha. Pisar em seu pé para ouvir o seu “ai”, zombar dela para ver os seus vários tipos de sorrisos… Enquanto estou cá ainda perplexo com a benção ela já fala em família, casamento. Declara a sua paixão ardente e exigente. Quer alianças, promessas e, como uma adolescente, ou melhor, uma mulher que sabe que sou dela, sem pestanejar exige a minha presença de qualquer jeito.. Vou procurar Deus para uma conversa séria. Vou pedir explicações, mas com cuidado de não reclamar muito para ele não diminuir a benção… mas.. Meu Deus… poderia avisar-me, heim.. para eu me preparar melhor… Já diziam os antigos: “Quem ri por último ri melhor!”

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e uma trinca de anjos devem estar às gargalhadas lá no céu ao ver meu desajeito com a benção… Mas, não perdem por esperar… vou sair melhor que a encomenda… verão.. Vou amá-la muito, muito, muito mais tanto que ela terá dúvidas se ela será ela ou serei eu ela ou sei lá quem será quem… Seremos um… literalmente… quero adquirir os seus trejeitos, os seus costumes. Quero conhecer o índice de sua mente e me apressar em conferir seus pensamentos antes dela o fazer… Quero que as minhas células misturem-se às delas e os seus desejos sejam meus e os meus os dela... Alimentar-me com a sua boca e pegar com as suas mãos, caminhar com os seus pés.. e dormir com seus olhos.. Enfim, será uma confusão só que o próprio Amor vai chamar a paixão para uma urgente reunião e reivindicar a Deus a expansão de seus limites para nos atender… Enfim, os anjos zombeteiros vão engolir o nosso amor.

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O Trem da minha sina Rio de Janeiro, Junho de 2007

O sentido da vida nós jamais poderemos saber, os dias corridos e apressados jamais poderemos reter. Observo os outros, próximos, que ao meu lado movem-se pelo instinto do viver. Vão e vêm sem perceberem que uma sina oculta cumprem sem merecerem. Eu também da minha sina não consigo fugir, de tudo fiz, de tudo aprendi. Faculdade de gente rica, como diziam lá na vila, profissão de família boa, que não se consegue à toa. Pois bem, por mais que tentasse e tudo fizesse ao meu alcance, cá estou em pé no trem parador seguindo obediente pro meu labor. A trilha do ruído dos trilhos remete-me às histórias de meu pai, que cumprindo por si também a sua sina nos mesmos trens paradores e diretos apertado e inconformado subia e descia. Não, não entrego os pontos assim facilmente, da bolsa de couro macio saco a caneta e o caderno, paciente. Anoto as expressões dos pobres coitados

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e transformo-os em atores, essa gente de recursos tão parcos. Pelo vagão procuro feições tristes prá rechear os meus tristes escritos, mas sorrisos ingênuos e olhares candentes surpreende a minh’alma de poeta reticente. Volto-me para a minha própria condição, passageiro desta tão pobre e nobre condução. Na chupeta pendente agarro a minha mão, pro balanço do trem não jogar-me na solidão. Por de trás de meus óculos, disfarçado, observo Maria de cabelos ondulados e tosca roupa na moda dos rebolados. Mastiga um chiclete já meio deformado. Ela serve, quem sabe, prá ser a minha heroína dum conto qualquer, que insisto escondido ali existir, e naquele cenário tão pobre tento ainda alguma arte produzir. Com uma das mãos sustento o caderno com a outra a caneta retiro do terno. Próximo à porta apoio as minhas costas. As histórias de Maria vou tentando dar forma com letras tortas. A sina da vida sofrida de Maria insisto incluir no meu conto, mas ela é bonita demais e distraio-me com o seu encanto. Um lugar prá Maria, enfim, não encontro no meu conto.

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Contudo logo percebo, que o personagem que descrevo sou eu mesmo, que do trem da Central do Brasil ainda sou prisioneiro. A sina da vida, insisto, ainda quero incluir no meu conto. Mas não é a realidade que de fato vivo? Pergunto-me com desencanto. O sofrimento do enredo que sobrepõe a minha inspiração vai desfazendo daquele conto que não consigo continuação. A minha sina parece que segue no trem da minha vida e cá estou de caderno fechado, caneta no bolso borrado, observando Maria que com charme o chiclete ainda mastiga. O balanço desse sofrimento atormenta o meu coração que é solitário de paixão, Maria, quem me dera, que prá ter o seu olhar tudo faria mesmo que fosse por compaixão! Na estação da Central o meu sofrimento fita o chão. O olhar de Maria se foi na multidão. Meu caderno de escritos agora descansa triste na minha mão. Ainda ouço, ao longe, com emoção o clamor da última pregação.

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Anúncios saindo dos alto-falantes da estação ecoam agora inundando o saguão. Eu caminho apressado esbarrando nos braços de tantas marias e em tantas mãos. O poeta desce pro Metrô, frustrado, e na escada rolante, agarrado. desvia-se dos braços de esmola, esticados, pendendo o seu corpo pro lado. O conto sobre Maria e o trem dos amontoados ficarão prá outra viagem. Quem sabe um dia sem esperar a inspiração virá e outras marias com outros penteados serão heroínas do poeta, que segue a sua sina no trem dos desafortunados.

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Frio, chocolate e saudade Foz do Iguaçu, Junho de 2008

A saudade esfria o meu coração triste como é o sabor da solidão. Como é amarga a saudade de você que faz o meu coração gelado tremer. Meus pés congelaram ontem, zero grau subiu ao coração já frio, meus olhos tinham preguiça de chorar. As luvas pretas de algodão tentavam barrar, em vão, as correntes geladas que irrompiam em minhas mãos. Graças ao bom Deus congelar não permitiu pois, para aquecer, eu esfregava os meus pensamentos aos seus. Logo estarei no fim da barra de chocolate aí quero deixar o gostinho amargo bem guardado prá beijar os seus doces lábios melados e esquentar de vez o meu coração gelado. Quisera poder mexer no tempo e fazer uma máquina de nuvens quentes prá levar-me até você. Tentarei hoje à noite quando os meus olhos em sono profundo cerrarem-se. Ah, mas não é assim, os devaneios da madrugada não seguem as ordens de nosso coração por mais vontade e saudades que tenhamos de nosso amor. Mas eu descobri um jeito de ficar perto de ti por mais longe que estejas, farei poesias brancas,

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coloridas, altas, baixas, cheias, vazias, alegres e tristes... Os versos da poesia acariciam a minh'alma como se as suas suaves mãos cá estivessem ninando o meu coração.

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Praticar a vida Rio de Janeiro, Março de 2005

Procuro alguém para praticar a vida alguém que possa estrear um beijo que seja sem volta, que seja de ida. Procuro alguém pra praticar a felicidade Alguém que possa estrear um abraço Que seja sem volta, que seja pra eternidade. Procuro alguém para praticar a liberdade Alguém que possa estrear um sorriso Sorriso de ida, sorriso de verdade. Procuro alguém pra praticar a paz Alguém que possa estrear a fraternidade Que seja de ida, que seja de verdade.

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Ao pé do Mar Rio de Janeiro,

Maio de 2008 Olhar o mar sem par olhar o mar sem caminhar caminhar na areia sem olhar viver sem amar. Olhar o mar. Que mar! armar os búzios prá amar amar o mar, somente o mar. Perder o olhar, olhando o mar a esperança, perdida no mar lançar-se ao mar, prá um amor buscar. Procurar a esperança, perdida no mar para uma última paixão tentar ou morrer na eterna desilução sem lar. Olhar o mar e evitar uma gota de lágrima que teima em jorrar talvez queria ao mar se juntar pois não mais nasceria da tristeza de um olhar. Olhar o mar, espreguiçar-se esticar lentamento o olhar a procura de uma nau a navegar com o mastro sumindo bem devagar. Para que existe o mar? para o marujo navegar... para o casal namorar... ou para o solitário lamentar? Vou-me embora do mar ou talvez vá com uma onda pro mar

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quem sabe uma sereia cantora acalente o meu lamento, prá sempre no mar.

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A jornada sem fim Rio de Janeiro, Junho de 2008

O caminho da minha vida é sinuoso É longo e estreito Não tem iluminação e nem placa de sinalização. Os buracos aparecem de repente E não sei a sua dimensão. Quando dá desvio deles, Quando não dá caio neles. O caminho da minha vida é escuro Tenho medo às vezes de sair dele. Quando o Sol aparece, Consigo ver os rostos das pessoas ao redor Quando ao Sol se vai nada vejo. A escuridão toma conta da minha frente E somente sinto o resvalar dos braços E ouço o barulho dos passos. O caminho de minha vida às vezes tem morros. Somente os percebo quando estou ofegante, Pois algumas inclinações são imperceptíveis Somente sentidas pelo ofegar da respiração. Algumas vezes paro para descansar Procuro uma beira ou uma pedra para me sentar E aí vejo as pessoas que estavam mais lá atrás Passarem por mim seguindo para seus destinos. Levanto, sacudo a poeira e continuo caminhando. Algumas vezes encontro caminhos cruzando com o meu. Vejo pessoas interessantes passando por mim Em direção ao seu destino. Algumas delas me encantam E experimento mudar o meu curso Mas logo, algumas milhas à frente, Percebo que aquele não é o meu caminho.

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Aí tenho que retornar todo o trajeto E retomar o meu destino. Às vezes encontro pessoas Vindo em sentido contrário ao meu. Também me encanto e vou acompanhado-as Até que percebo que estou retornando e não indo. Elas seguem o seu destino E eu tenho que, mais uma vez, Refazer todo o meu trajeto de volta Passando por lugares que já havia passado antes. O caminho da minha vida é melancólico Tem vezes que percebo que estou sozinho. Todos se foram, ou estão muito à minha frente, Ou estão muito atrás de mim. Nessas horas dá vontade parar e ficar plantado ali, Esperando alguém passar por mim para acompanhá-lo. Outras vezes no meu caminho chove. Nessas horas tenho que me abrigar Em baixo de alguma árvore ou uma caverna À beira da estrada para proteger-me da chuva. Outras vezes vem um vento fortíssimo Que insiste em jogar-me pra fora do caminho. Algumas vezes saio do caminho e piso na grama, Quando não tropeço na beira e caio abismo abaixo, Tendo, nesse caso, que empreender uma força descomunal Para retomar a estrada. Algumas vezes passo por árvores frondosas cheias de frutas. Paro de caminhar e subo nelas para me alimentar São momentos bons, mas logo enjôo daquele fruto E retomo a minha jornada. O que me impressiona muito nesta jornada São os caminhos que cruzam pelo meu.

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Às vezes vejo pessoas tão felizes, sorridentes, Famílias bem formadas indo por esses caminhos E então me pergunto por que estou nesse caminho E não naquele. O caminho da minha vida é longo Às vezes ele segue em linha reta Nada acontece, nenhuma paisagem nova Até que em uma curva qualquer Toda a paisagem muda. Tem vezes que no meu caminho Encontro pessoas caídas e trôpegas Tenho aquele ímpeto da ajudá-las Dou-lhes meus braços, mãos e ombros Mas logo elas despendem-se e seguem Por uma curva em direção aos seus destinos.

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Um amor que não vem Rio de Janeiro,

Maio de 2008

Quando nada se tem prá fazer Uma poesia, talvez, eu queira escrever... Em uma tarde de sábado, preguiça safada Jornal já lido, tv já assistida, sem ninguém prá ver... Quando nada se tem prá viver, Pois um amor recente já se foi, sei lá porque.. As tardes de sábado e domingo Com esse amor, ocupava sempre, e com prazer. A tarde fria fica ainda mais gelada... O coraçao, que ainda guarda aquele costume de amar, nessas tardes frias.. Fica, assim meio desorientado, arritmado. Procuro o papel, com preguiça A caneta, com relutância... Rabisco qualquer coisa Quero escrever a dor de estar só. Começo rimando, como de costume Mas me perco na branquidão da poesia.. Que, graças a Deus, agora é permitido.. Mas não foi assim o nosso amor? Começou rimado e se perdeu na cor? Será esse mesmo o destino de um homem Maduro por fora, mas adolescente por dentro Que, depois que no mundo os pés pôs O caminho da felicidade jamais encontrou? A folha de poesia agora está quase completa Uma poesia meio torta, que de amor quer falar Quer o sentimento sofrido expressar,

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Mas o que sai é uma grande desilusão Por falta desse amor, que tanto procuro, Mas que ainda está nas notas de meu violão...

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Uma paixão proibida

Macaé, Maio de 2003

Tive sim, uma paixão muito proibida Já faz tempo, mas as sensações ainda borbulham. Quem tiver sem pecado, que atire a primeira pedra! Disse o mestre diante de uma mulher humana, E um bando de desumanos… Tive, sim tive, uma paixão invivível, Se do neologismo pudesse abusar. Insana mente, insana vida… Vida minha insana e cruel… Tive uma paixão proibidíssima. Já faz tempo, mas o tempo, rs Que significado tem diante de Tão grande sentimento. Ando à procura daquele sentimento. É cruel viver sem a dor de uma paixão Que nos faz levantar madrugada fria Prá ficarmos olhando prá lugar nenhum Pensando nas loucuras de um simples beijo. Ah, tive uma paixão impossível. Tão proibida que jamais vivi a verdade dela. O tempo a levou prá bem longe, Como uma tempestade que arrasta Uma casca de noz mar a dentro. Hoje, preciso urgente de uma paixão. Nao quero um amor companheiro, somente. Quero uma paixão instigante Que me envolva em uma nuvem de poesias E embaralhe meus pensamentos cartesianos.

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Que demore séculos pra encaixar A ordenada na abscissa novamente. Tive uma paixão disforme Que o meu amor se foi, Como um cometa traçante. Mas deixou ainda poeira Da cauda dessa paixão impregnada no meu coração...

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Amor sem rimas

Rio de Janeiro, Maio de 2008

O nosso amor não tem rimas. Um dia brigamos, outro rimos. Uma vez amamos outra nem falamos. O nosso amor não tem regras. Às vezes queremos estar juntos outras quando um quer o outro nega. O nosso amor não tem nexo. Inclusive esse termo tem um "x" que dá um sentido sonoro e enfático. É assim o nosso amor, enfático como o "x" do nexo, que sempre desprezamos. O nosso amor é legítimo mas roubado de quem agora luta para recuperá-lo uma vez que o desprezou por não aceitar uma maneira diferente de amar. O nosso amor não tem rimas. Não queremos métricas nas poesias nem que seja um simples poetrix, e lá vem o "x" que lembra, de novo, o nexo que sempre desprezamos. O nosso amor não tem pressa. Prás bufas com o tempo... Não queremos relógios e nem contra-tempos, mas lembrei que não posso rimar pois o nosso amor prá isso não dá tempo. O nosso amor não tem nexo mesmo que seja prá vitrine para os outros apreciarem... Que se dane o "x" enfático desta rima

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querendo vir do nexo que sempre desprezamos. A métrica do nosso amor não vem da poesia, que não tem nexo, e muito menos da vida de ponta-cabeça, que queremos, quando se tratar de amar, pelo menos. O nosso amor não tem rimas e nem melodias. Ah, prá descontar às vezes levo um blues de dia no sax dengoso com som meio que melodioso, mas sempre abusando das comas prá lembrar que é assim o nosso amor... sem nexo, rima, sem métrica, mas com manha. Ih, quase rimei a nossa vida pois na estrada dos outros, pé lá e pé cá, temos que pular para não ficarmos quadradinhos parecendo patricinhas e mauricinhos. O nosso amor não tem rimas e nem piadas prá fazer rir quando estamos nos tapas ou quando estamos sem mesadas. O nosso amor tem algo mais profundo que faz as nossas vidas fundirem-se no nosso mundo. Vejam como não tem nexo o que falamos. Juramos nossa poesia não rimar, mas quando se trata de amar.. haja esforço para nessa armadilha não cair e nem tropeçar.

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Amor virado Rio de Janeiro,

Maio de 2008 De cabeça para baixo de baixo para a cabeça. De cabeça para a cabeça da cabeça para cima de você.

De cima para o umbigo Do umbigo para baixo. De baixo volta ao umbigo do umbigo pára lá.

De lá para a vida da vida para a felicidade. Da felicidade para o gozo do gozo para a eternidade.

Do prazer para sempre do sempre até aonde chegar. Do infinito do sempre para a vida desfrutar.

Dos lábios para o queixo do queixo sem parar. Dos seios para a liberdade desse amor conquistar.

Dos braços envoltos num beijar e os pés sôfregos no esfregar. Do beijo que segue sem parar nesse intenso acasalar.

De cabeça para baixo de baixo (novamente) para a cabeça. De cabeça para a cabeça nessa onda de se entregar.

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De cima para o umbigo agora quase umedecido do suor de nossos corpos revolvidos nesse amor frenético e enlouquecido.

Do lambido volta ao ardor já enlameado de amor. De baixo para cima de cima para a dor.

Dor que rompe das entranhas revertidas de pudor, que se vão na explosão de nossos corpos enlouquecidos pelo amor.

Do umbigo para lá de lá para a vida da vida para a felicidade do gozo da eternidade.

De baixo para cima de cima para você de você para o espelho que reflete a imagem do desejo.

Amor de ponta-cabeça Que o prazer nunca esqueça de ter-nos aquecido nesta noite de terça.

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Momentos mágicos

Rio de Janeiro, Maio de 2008

Os nossos momentos

Parecem submissos à sua beleza, E aí já não sei se os momentos é que são mágicos

Ou se a sua beleza é que encanta os momentos.

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Ter você e nada mais

Rio de Janeiro, Maio de 2008

A urgência de estar com você... um beijo molhado que tem de logo secar... um abraço apertado que dor não pode deixar... um olhar profundo que pouco depois se vai... uma esperança de ficar que logo se esvai... A urgência de estar com você... continuar com você...ter você... logo se desfaz a esperança frente a realidade do seu lar, sua vida, sua sina, talvez.... Hoje já quero ter você sempre... não um encontro fortuito... que força uma irresponsabilidade... que roça, somente roça, o meu coração. Quero acordar com você ver você cabelos ao léu. olhos pegajosos da noite, bochechas marcadas com linhas do sono. Quero acordar com você. uma preguiça da noite bem transada. dos beijos estalados misturados aos gemidos do prazer de ter nós dois. Quero correr para o banheiro, fazer barba... você em pé na porta a espreguiçar-se, observando-me depois fazendo um café prá nós dois... que já embaraçados nos braços mistura creme de barbear à alegria de nos termos. Quero correr pro banho, pela manhã... você trazer a toalha e me apressar pro trabalho...

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me puxar prá cama pro último amasso. catar pedaços de linhas presos ao meu corpo. Quero correr atrasado pro trabalho... te acenar o último cumprimento e gritar, já na esquina, que te amo... te quero sempre. Vale sonhar, devanear. vale quando quase se tem o que não se tem bem pertinho de si, parece que para sentir o gosto de ter você sempre... para mim. Sei que acho que não sei esperar você. sei que sei que quero te amar... e contar pros meus próximos o quanto vale ser meio louco quando se tem a quem amar... Quero ver você no luar, fazendo sombra na grama que logo nos terá agarrados, espremidos, esmagados, prá amar debaixo das estrelas como a sua fantasia te faz lembrar... Quero você hoje, agora e sempre... seu amor assustado com um turbilhão de paixões que parece se aproximar... com beijos saudosos que nunca acabam...

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Almas enlaçadas no inverno

Macaé, Maio de 2002

Queria hoje dormir com as pernas enlaçadas Nas suas roçando meu pé direito no esquerdo seu. Meus braços em torno de sua cintura, E meu rosto perdido nos seus cabelos Dividindo o mesmo travesseiro. Seus suspiros misturados aos meus. Seu coração ensaiando com o meu, Prá acertar os passos do nosso viver. Sonhar que tudo isto é verdade, Burlar a realidade e por lá ficar. Ou então, trazê-lo (o sonho) para cá, Meu quarto e, de fato, acordar Com você ao meu lado. De noite balbuciar palavras desconexas, E você, meio sonolenta, acariciar-me Como se uma criança eu fosse. Então eu acordado, fingir que dormindo nada percebia Prá aproveitar ao máximo esse carinho. O frio, às vezes, troca de posição na gente. Sentimentos dormidos, que estavam esquecidos Mas, que um dia foram vividos por uma paixão louca Voltam agora a ser trazidos, e renascidos. Nada novo, tudo novo... Você confunde meus sonhos e realidades... Dá vontade tê-la definitiva aqui... Mas tenho de me contentar como pouco que temos... Dá vontade esmurrar a parede...

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De paixão de querer ter você aqui... E somente a parede me acompanhar... Gélida e incólume, ali... Vou dormir agora. Beijos carinhosos, frios e gélidos Como o inverno do nosso amor.

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Lamento de duas notas e um gemido

Macaé, Junho de 2003

Só e sempre só! a alegria do Dó maior na tristeza do Lá menor! cá e só.

Só, e sempre só. não lá, (...), prefiro cá e só nunca lá por ela mesma mas cá, talvez, por mim.

Só e sempre só surreal será! mas sempre cá.

Só e sempre só. talvez eternamente cá. eternamente só.

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Clamor do amor Rio de Janeiro,

Maio de 2008 Clamar por um amor inalcançável, é legítimo, é digno.

Gemer por um amor dilacerante, é humano, enobrecedor.

Transformar a dor do amor impiedoso em clamor poético é divino.

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A Lua

Rio de Janeiro, Maio de 2006

A Lua, de quem é?

A Lua, prá quem é?

A Lua é dos poetas

E de quem mais quiser.

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Amigo quase relapso ( para Lu )

Rio de Janeiro, Janeiro de 2008

A saudade de ouvir você e saber como estás incomoda-me todos os dias, dia inteiro, prá começar não sei porque antes não te liguei, tenha sido pelo labor do meu prá-lá-e-prá-cá, talvêz. Fiquei feliz por saber que estás bem, apesar dos pesares da vida.. aliás quem não os tem? percebi que mudanças estão batendo à sua porta,. e que providências você já começou a tomar isso é bom, pois sinaliza que coisas novas estão no ar... amém! Prometo que agora prá você vou sempre ligar pois a sua amizade me é tão importante que não saberia sem a sua cumplicidade o dia passar. Talvez um amigo relapso tenho sido, prá variar é que tantas coisas no dia-a-dia vêm me atormentar que pessoas tão importantes como você que vêm prá ficar acabam se indo por essa amizade eu não saber cuidar. Bom, agora a conta do tempo, acho, acabamos de acertar e vamos manter contato e o tempo controlar... prá não mais a sua voz eu deixar de escutar... e os seus sucessos, alegrias e sorrisos, mais de perto acompanhar!

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Lambendo os lábios

Rio de Janeiro, Maio de 2008

Hoje deu vontade, beijar na boca, mas não deu... >>>>> Fui embora lambendo os lábios pensando nos seus...

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O que virá, o que será

(hip hop)

Rio de Janeiro, Janeiro de 2008

O que virá depois do fim, da esquina e do amanhã? O que virá depois de nós da moeda e dos lencóis?

O que será desse diálogo, depois do anoitecer?. E depois do depois, Quando tudo acontecer?

O que virá depois da vida, da tristeza e da lerdeza? O que será da paciência da alegria e da pobreza?

O que virá depois de nós e o telefone desligares? E depois que tu se fores, Para os seus outros amores?

E quando eu esquecer da promessa de esquecer tudo isso esquecer?

E depois do amanhã... E depois dos amanhães?

O que será do coração Com o que cá tenho na mão? Se tu fores sem destino Sem apego e sem caminho?

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E depois que tu cresceres e depois que amares outros? O que virá depois de mim e depois que tu chorares?

Quando é que vou parar de querer, de almejar? De viver sem construir o que penso possuir? ( . . .)

Ai, meu Deus! Quando é que voarei Para além do alvará, Onde lá deve morar O si, dó, ré, mi, fá!

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O que dizer para os jovens Rio de Janeiro,

Maio de 2001 Alguém precisa dizer para os jovens que os pensamentos bonitos, as frases rimadas, As poesias macias Os olhares apaixonados Os compromissos impensados Os corações irmanados.. Já foram ditos, já foram declarados, vividos... Os idosos já conhecem essas declarações Pensamentos e ações... Não adianta mostrar... avisar. Os jovens sempre irão se apaixonar... Se surpreenderem... Com verdades que são mentiras.. Com ações voluntárias que são planejadas... Com alegrias que são sofimentos... Com o Amor.. que não existe...

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Amor que se foi

Macaé, Maio de 2002

Esbelta, linda. Veio apressada. De repente... Adiantou o encontro... Eu não estava preparado para recebê-la. Mas a recebi com euforia... Não imaginava com seria. De lado. De pé, como ao acaso... A olhei. Extasiei-me com os seus olhos claros. Cor do mar, avistado de minha janela. Linda. Esperta. Alegre. Meu coração saltou. O portão do meu coração Correndo fui abrir. A convidei. Ela veio graciosa... Esbelta. Leveza. Pureza. Entrou. Eu era só desculpas. Casa suja. Desarrumada. Jogada. Vida de homem solitário. Urgente... Coração desarrumado.. Sentou-se. Não consegui desgrudar os olhos... Sinal em cima dos lábios. Parte esquerda da boca. Deu vontade beijá-la. Não o fiz, claro. Alta. Esbelta. Sorriso solto. Boca perfeita. Cabelos lindos. Pescoço firme.

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Paixão. É o nome do sentimento que me resta... Saudade, inconformismo, lembranças. Sempre e sempre serão. Sonos maus dormidos. Lembranças e mais lembranças. Apressei-me em arrumar tudo. Comprei flores, plantas. Agora olho tudo vazio. As plantas estão lá. Mas ela se foi. O sabor dos bolos, dos beijos e dos sorrisos. Esses, luto para não irem-se... Mas irão. Como tempo irão... Ficará, talvez, uma névoa lembrança Da felicidade rondando... Talvez eu sorria sem graça. Talvez eu mude o pensamento de direção.. Distraindo-me com uma coisa qualquer... Talvez eu nem lembre mais... Ou talvez eu enlouqueça com as lembranças... Se eu tiver outra. Talvez compare as virtudes... Talvez não. Talvez evoque-a nas lembranças... Talvez não a ache mais... Fragmentos das lembranças. Aqui e ali... Se vir uns olhos claros, brilhantes, Da cor do mar visto de minha janela, Logo vou lembrar dos dela... Porque na verdade, as lembranças não se irão... Ficarão firmes para me torturarem Do prazer vivido, de tê-la tão íntima... De segurá-la tão forte. De beijá-la tão ofegante. De sonhar em ser feliz nela...

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E não tê-la mais... Vou viver, andar, mudar... Talvez este lugar se vá nas lembranças... Ficará, contudo, o mar como lembrança... Ficará porque não dá para fixar uma gota... Mas um montueiro de ondas Se perdendo na areia. Sem que ninguém mas as note. Somente eu... quando olhar uma onda, Vou lembrar que ela se foi como uma gota, Da lágrima de meus olhos Que se perde no oceano das lembranças. Torturantes lembranças.

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Amor, uma mistura de sentimentos

Macaé, Setembro de 2003

Firmei o compromisso de escrever sobre nós. Deparei-me com tantas coisas boas para falar Que me assustei, mas insisti, Pensei: hoje é o dia dos namorados, Tenho de dizer o quanto sou feliz por tê-la. Aí me vieram as palavras, Somente palavras, Como que saltando na mente, Meio que atropelando umas às outras: - Felicidade, - Liberdade, não... liberdade não... ainda não... Lembrei da voz doce e inocente... E então me veio a palavra inocente... Não... inocente não... não és mais, Já fostes apresentada ao prazer... Mas então me veio essa palavra... o prazer. Pois é, que prazer? Não houve o carnal, Não houve o tão desejado contato... Mas é prazer assim mesmo. Claro que é, ora, pois pois. Tantas palavras... São tantas que brotam na minha mente Meio que de frente para trás, De lado, trepadas umas nas outras, Torrentes, pois é, me veio a idéia de torrente... Como foi e tem sido o nosso amor, Atropelado, que nos faz amar, Cantar, sorrir e chorar. Tudo ao mesmo tempo.

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Mas não seria isto mesmo o amor? Todos os tipos de sentimentos misturados? Mistério... a vida é um permanente e verdadeiro mistério, Mas é gostoso amar você... Ter você todas as noites A minha rotina já conta com a sua voz... Com o seu carinho... Com a sua inocência. Vontade ver você... De ter você... De estar com você... sei lá. É tão grande que me faz delirar, às vezes... Tudo passa, o tempo, a idade, a beleza, Mas as lembranças, Essas quando carimbadas no coração Justamente no lugar certo, Jamais apagam... jamais passam. A cada dia sinto meu coração Arder com o impacto do carimbo de você nele. O carimbo do seu amor... Do seu jeito de ser... Tanto já fizemos neste nosso mundinho. Já cantamos, já choramos, já sorrimos, Já lemos poesias, enfim... Já tudo... pois é... A palavra tudo me veio à mente... Seria o nosso amor tudo? Por isto me veio esta palavra, Difícil de dizer e viver.. As músicas que me oferecestes... As fitas que você coleciona com dizeres... Citações de amor... Você é romântica....

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Feliz e sonhadora... Vou guardar no meu coração... Os seus sonhos... sempre...

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Sem nexo

Rio de Janeiro, Maio de 2001

Por que a vida tem de ter nexo, sentido, significado? O nascer basta! O conhecer você é suficiente para eu viver... Procuro você… sim você... pra viver sem nexo e sem garfo... Como uma formiga que se prepara para a próxima tempestade, somente... Sem nexo. O amor é um nexo indefinível pelos poetas.. É somente sentido e percebido... Nexo. O amor não tem nexo... Se amar você é um sentido intransitivo, O complemento disso é sem nexo... Se possuir você transgride as coisas postas, ou seja, o Nexo, Então quero ser sem Nexo... Olhar, pois é... Somente um olhar... impõe um sentido em si mesmo... Para que falar, se podemos sorrir? Para que explicar se podemos ser sem Nexos? Não… Não procuro explicação, apenas me delicio na ausência de Nexo... Quero aquela pousada, lembras? Para receber pessoas felizes, sem Nexo.. Quero amar e não explicar, beijar e sorrir, caminhar sem chegar... Viver sem questionar, nada mais.. Somente viver sem Nexo.. .com você...

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Lamento à fantasia............

Macaé, Maio de 2003

Sei lá... Sou forçado a escrever por uma vontade louca Ou, talvez, pela solidão. Sim, a solidão... Não aquela de não ter ninguém... Mas a de ter você aí e não aqui... Sei que deves se assustar quando lês que te quero afoitamente... Sei que não te terei tão logo... Não se preocupes com a minha urgência... É só um lamento de não ter você... Nada mais... O quanto te tive, que te toquei.. Contaminei-me de você, do seu jeito de ser você... Olho para o meu lugar que te teve, e imagino você ali.. Sentadinha com esse olhar doce e suave, mas de mulher Que quer, e me quer.. Não me perguntes quem sou eu... Pois mesmo eu não sei... Talvez soubesse há algum tempo atrás... Quando ainda não te conhecia... Jurei não me enrolar, não me enlaçar... A jura parece somente servir para nos fazer constatar Que não sabemos o que pensamos saber E nem decidimos o que achamos poder... Sua estatura parece me forçar a olhar para cima, para seus olhos Que me cobrem com seu brilho, Que aposto, nem você sabia que tinha... Quero revelar para você o quanto és linda, Única, minha e somente minha...

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Hoje, agora, estou só, sem você... Mas meus pensamentos te procuram continuamente... Minha mente parece, agora, não mais errante. Tem uma mira para se direcionar... E me força a somente, e somente mesmo, em você pensar... Seus lábios tocam o meu e confirmam, sempre, o que me apavora... Que a paixão está à porta... à espreita Aqui, te aguardando de volta... Para me possuir... Não permitirei, bem, assim eu penso... Seu teu que, antes era eu, Mas que agora nem eu sei se sou eu, Ou se de você sempre serei..

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Sério, sempre? Rio de Janeiro,

Maio de 2002 Por que ser sério? É feia uma pessoa séria. Seu rosto é sisudo. Seu andar calculado. Seus gestos medidos... Não sou sério. Quero sorrir sempre. Quero ser menino sempre. Quero amar sempre. Quero ser eu sempre. Quero me apaixonar sempre. A cada sempre amar como o dia... A cada amor apaixonar sempre... A cada paixão eternizar o amor... Ela virá. Sim virá... Não sei quando e já vivo impaciente sempre... Vejo em cada uma que se aproxima a possibilidade de sê-la... Vejo nela a minha mulher de sempre... Quando ela vier. Não quero ser sério... Quero ser impaciente, inquieto e beijar sempre... Quero abraçá-la em todos os momentos... Quero olhá-la nos olhos e declamar a minha paixão... Que eu seja uma coisa. Sim, uma coisa indefinível... Que eu não tenha os quarenta... Que eu seja o que sempre fui... Quero a felicidade escondida no acaso... Não quero caçá-la, procurá-la.. Quero que o acaso traga-me ela..

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Que nos braços me envolva como que sempre fora... Que meu coração a reconheça como se já tivera sempre... A solidão de viver só é dolorosa... Dói não querer fácil... Não se entregar à banalidade... Não estar sem amar... Mas melhor é viver só que viver sem amar.. A dor de não ter a quem amar Dói menos que amar a quem não se tem... Se não a tiver não a quero amar... Se amá-la quero tê-la sempre...

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Jazz affair

Macaé, Maio de 2003

Jazz affair… Som perturbador… Virtual… Jazz affair… Parece entrar pelos poros, Subir pelas veias… Sei lá para onde… Confundem minhas idéias… Misturam fantasias com realidades… Jazz affair… Meio você, e meio felicidade… Você está em tudo… Em todos os lugares… Cada glóbulo vermelho… Hemácias do meu sangue, Carregam fragmentos seus Pelo meu corpo inteiro… Acho que quando passam pelo coração… Criam um som de você, Na freqüência forte da paixão. Jazz affair… Música, som… Ruídos que empurram você para meus neurônios… Você está em tudo… Nesta sexta-feira affair… Quero estar com você… Sei que estou…

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Pingou uma lágrima

Macaé, Dezembro de 2004

Pingou uma lágrima… Nem notei que estava chorando… Percebi somente quando a senti cair na mesa… Em frente a você… Em frente a sua lembrança… Eu lia o que escrevera sobre as lembranças… E, então, chorei sem lamentar… Simplesmente pingou uma lágrima… A felicidade, parece às vezes fugir da legitimidade… E se esconder no impossível, no ilegal… A felicidade esteve aqui… No meu peito, ilegal, ilegítimo… Seu corpo esbelto, por aqui parece passear... Indo para a cozinha, Vindo para a sala.. Deitando-se no sofá… Penteando-se no espelho do quarto… Mas estou só… E talvez para sempre só de você. Agora são várias lágrimas… Mas que logo secarão E já não mais serão…

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Diante de um novo amor

Macaé, Maio de 2004

Quero trabalhar, até insisto, mexo aqui, mexo ali. Mas você apressa-se do coração aorta à fora. Vem pelas veias dos braços, e chega aos dedos. Assalta a minha mão e faz-me escrever para você. Comandos de software transformam-se em delícias de amor… Você, arrojada e urgente, não quer saber. Sem dó apossa-se, agora de vez, De meu coração, mente, dedos e vida. Cá estou, por cima da programação, Escrevendo sobre nós… Sei lá, podem chamar do que quiserem… Mas, insisto, não é paixão… Acho que não, é uma coisa diferente, Da família da paixão, talvez uma nova versão… Recuso-me, penso rebelde, Em usar as palavras já usadas em paixões passadas. Recuso-me, decido, Em buscar nem meus sentimentos amortecidos, Forças para reconhecer você. Não o faço. Tudo é novo. As palavras são novas… Os sentimentos também o são. Por isso que, ainda completamente perdido, Não consigo usar a palavra paixão… Talvez seja mais que paixão… É amor…, não, não, não… amor não!

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Oh Deus, quanto escrevi sobre o amor! Quanto me derramei em sua busca! Quantas vezes o vi ir-se Sem deixar-me entendê-lo… Não, não, não! Grita desesperada a minha consciência, Recusando-se a entregar-se ao amor… Para mim o amor teria de ser mais dolorido, mais difícil... Em outras ocasiões sempre o fôra. Não seria assim, do jeito que está sendo… Perplexo, estou ao ponto de, humildemente, Compreender que antes nunca amara… Nunca sentira o que hoje sinto… Sim, sim, sim… este é o amor! Ele não veio pela porta da frente. Não bateu palmas no portão do meu coração. Não se apresentou educado e comedido, Como eu esperaria que viesse. Eu o atenderia feliz e, talvez, de forma soberba, Pensaria dominá-lo, dirigi-lo e usá-lo Como inspiração para os meus poemas, enfim… Mas não foi assim, Ele veio por cima, sem avisar, Derramou-se sobre mim Sobrepujando a minha arrogância e soberba. Não o tive de frente para cumprimentá-lo, recebê-lo. Simplesmente assaltou-me e instalou-se. No entanto, aqui estou feliz e entregue. Humilde, tentando compreendê-lo. Nada do que eu sabia irá servir agora... Terei de escrever tudo novamente,

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Reaprender tudo de novo. Terei de reiniciar a minha vida agora… Bem, mas já dizia a voz da sabedoria, Que a vida começa aos quarenta…

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Beijos e selinhos

Rio de Janeiro, Maio de 2008

Beijos… simplesmente beijos... Somente beijos, Talvez selinhos. Beijos, talvez selinhos… Selinhos são safados, Porque fingem serem inocentes, Mas são sarcásticos, Pois nos levam quase ao prazer Da língua escondida lá dentro, pronta pro bote... Mas que não vem. Esconde-se no alvéolo. A boca até saliva preparando-se para o ataque, Mas o selinho não deixa. Retesa os lábios que ficam durinhos, Fechados, e se selam Ccom um estalido… Beijos de selinhos... Hoje... somente hoje. Fique com os selinhos… A língua não perde por esperar…

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E a vida passa

Rio de Janeiro, Maio de 2006

É um espetáculo que todos assistem Sem perceberem que são os próprios atores. E a vida passa rápida, sutil, contínua e sempre. Alguns se vão, deixando saudades, Outros vêm, esperança. No sofá, eu fito a janela da vida. Pensamentos embaralhados. Mente vagando no espaço e tempo. De repente, a brisa da vida assopra. A minha face sente, estou nela. Deixa marcas como valas Na intempérie na terra seca.

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Som e angústia Macaé,

Maio de 2004 Som que afugenta a angústia Angústia de Som Angústia da vida Som dengoso de violinos chorões. Minha alma enche-se desse som. A angústia se vai sorrateira Pela sombra da vergonha De ter me atormentado Noite adentro, cruelmente. Violinos agora conversam entre si O violão cobre-os com acordes consonantes Esbarrando vez outra nos dissonantes Que parecem sorridentes. A caixa ao fundo marcha resoluta No ritmo da vida que dá vontade Desamarrar o coração E começar a dançar Nesta madrugada doída.

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Desatinos

Macaé, Maio de 2003

Muitas palavras ditas ao léu... Me fazem dizer coisas Que nem eu mesmo acredito. Sou falho e impetuoso... Às vezes como uma criança... Não tenho atitudes calculadas e premeditadas... Sou espontâneo e isso às vezes pode assustar... Você sempre suave e bondosa... Me abençoou tantas vezes com a sua sombra. Eu sempre quero mais... Sempre vou querer mais... É vontade de um homem que, de repente, Se vê em frente a possibilidade de felicidade... Não sei o que fazer para sempre ter vocêr... Por isso o nervosismo e os desatinos... Claro que a quero amanhã.... Preciso de você, sim... amanhã... Às vezes juro não implorar o amor... Bato pé e me auto disciplino para não ceder... Não dura dois minutos... Logo, logo me vem a saudade forte... Perdoe as besteiras ditas... As exigências desmedidas... O egoísmo desvairado... É de um homem que quer muito... Não sei o que fazer para mostrar a você A minha honestidade e simplicidade... Talvez um pouco ansioso... E louco para amar Sempre... e para sempre...

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Quando nada se tem prá dizer...

Macaé, Maio de 2005

Quando nada se tem para dizer, Pois com medo de dar asas a uma paixão efêmera, Pelo menos se diz: “Alô estou com saudades…!” “Alô, estou com saudades…!” O coração, sei lá de coração? Dói por aqui, bem perto do peito, Ou pulmão, talvez… Acho que é no coração, Mas torço para ser gases… Não quero sofrer por aquilo que não é meu… Nem será… Porque aqui não quer ser… Quero cantar, tocar, pintar, viver Para ver se a vida, essa droga de vida, Passa logo, pelo menos saudável… Quando nada se tem para dizer, Pelo menos diz-se “Alô - estou com saudades de você! Mesmo meio sem vontade de dizer…

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Lamento de duas notas e um gemido Macaé,

Agosto de 2004 Só e sempre só! A alegria do Dó maior Na tristeza do Lá menor! Cá e só. Só, e sempre só. Não lá, (...), prefiro cá e só Nunca lá por ela mesma Mas cá, talvez, por mim. Só e sempre só Surreal será! Mas sempre cá. Só e sempre Só. Talvez eternamente cá. E sempre só.

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A vida, um riacho

Macaé, Setembro de 2005

Isso tudo parece tão virtual, inócuo e vazio... Que dá a impressão que dentro da gente tem um túnel Ou talvez um riacho, que passa rápido.. E a gente fica assistindo por cima, em uma árvore. Quando fixamos os olhos em algo Perdemos o outro que vem logo atrás.. Tudo muito rápido.. "impegável", Intocável.. Triste.. Quando damos sorte... Acontece que uma coisa do riacho.. Encalha em uma pedra, E a gente, de cima da árvore.. consegue apreciar um pouco mais.. Mas logo essa coisa se vai também. E fica somente a gente... na árvore... Olhando o riacho passar.. Até cochilar, E cair da árvore no riacho.. E se ir também... junto... Com a correnteza.. Mas mesmo assim A gente nada, e sai pela lateral... Jura que não vai mais subir em árvore perto do riacho, Mas sobe novamente... É a sina dos solitários.. Ficar vendo a vida passar.. Como um riacho.. Às vezes a gente quer ser a pedra..

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Para alguma coisa encalhar na gente.. Mas, pensando bem, a vida de uma pedra é solitária.. Mais ainda que a de um solitário em uma árvore Vendo o riacho passar... Viu só? Encalhou na pedra do meu riacho.. Mas já se vai... E eu vou ficar na árvore, Vendo o riacho, E talvez caia na água E se vá, sem nadar.

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Porque escrevo

Rio de Janeiro, Janeiro de 2007

Escrevo porque sou livre. Não porque sei escrever, Já que sei que não sei escrever. Escrevo porque não sou dono do meu ser E nem tenho o direito de sê-lo. Escrevo mesmo sem querer escrever. Às vezes passo tempo sem me atrever É preguiça mesmo e vontade de nada fazer. Mas, enfim, quando ele, o meu ser, Quer e insiste em querer, Não tenho como fugir. Quando menos me dou conta Cá estou a escrever. Não o faço para que outros possam ler. Tanto é assim, que não divulgo, jamais, para valer. Vez outra, para um amigo, conhecido Ou outra pessoa que julgo merecer, Certifico-me, antes, se gosta de ler. Se percebo que sim, apresso em escrever O endereço deste site, e logo me esconder Temendo que, quando ler, nunca mais me venha ver. De fato, percebo que amigos e conhecidos Que outrora me tinham como sério Inteligente, e culto para valer, Depois que apresento este site, A sua amizade, penso nunca mais merecer Pois, por mais que insista, procure-o, me desculpe, Mesmo assim, percebo, que aquela amizade, Que outrora, era tão sólida, linda, Agora, parece perecer.

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Enfim, se você até aqui lendo estas besteiras Conseguiu sobreviver. Logo vai, sem muito esforço, perceber Que os demais escritos, aqui, nada têm a ver Com este ridículo, infantil, e ultrapassado, Poema, que escrevi não sei porquê. Acredite, podes crer, que quando este pobre poeta Começou a escrever, Não queria rimar, até porque Este estilo é coisa do passado e, Mesmo assim, poucos sabem fazer. Drummond, Pessoa, e outros grandes poetas, Que poucos conseguiram entender Evoco aqui covardemente, apenas Para que o Google, Yahoo, Altavista E outros mecanismos de busca na web Venham me socorrer. Enfim, chega, pule o restante para não se aborrecer Clique logo no menu ao lado, e comece a ler Ou se és teimoso e até aqui chegou, Um poema de amor, penso, vai tocar o seu ser E se chama: ”O Amor que não aparece“ Mas eu torço para aparecer

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Nada mais, somente a cumplicidade

Macaé, Abril de 2004

Hoje eu não espero nada mais... não exijo nada mais, somente espero a cumplicidade... e uma pitada de maturidade. Prá perceber que amar não é ficar, não é morar juntos somente. O amor é muito maior que tudo isso. É lembrar e sorrir. Talvez chorar de prazer... e cumprimentar a primeira pessoa que cruzar sem saber o porquê do aceno, mas simplesmente saber que lembrou, sorriu, chorou e amou... Hoje eu não cobro nada mais, não exijo a perfeição de nada. Somente espero a cumplicidade... e uma pitada de amizade. Pra perceber que amar não é,…, bem, espera lá! Não é o que?... Sei lá! E daí, saber para quê? Hoje eu não pergunto nada mais, não exijo mais o saber ou compreender. Somente espero um afago… e uma pitada de lealdade… Pra perceber que viver é ter você. Não importa o que saber, o que querer, ou o porquê dos porquês… Quero você prá viver, mesmo que tardia, talvez.

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Esta vida, que parece ter mais sofrer do que se possa viver… Hoje eu não abro mão de você, juro que não vou te perder… Se fores embora, Vou correr mundo afora, Atrás de você. E de mulher em mulher, Chegar bem perto de cada olhar E procurar saber, se ela não é você… Talvez me canse e viva À mercê do amor, sem você… E descanse em outra mulher, Fingindo estar com você… Talvez tenha de me contentar Com as lembranças de ter tido você. Mas enfim, e quem quer saber? E pra quê?

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Amor adolescente

Macaé, Maio de 2003

Viver e não somente amar. Amar o que? É besteira, pára, pára! Não escrevas estas coisas... São besteiras, eu vou calar. Por favor, meu amor, pára! Ashdh! Gostoso, hum, hum, oh, pára... Não escrevas, tá? Na linha proibida... Ela se mostra, ama, e quer. Liga dizendo: Amor meu!... Suspira, sorri com o timbre infantil... A vozinha trêmula... Deita-se na cama. Sente frio... Enrola-se no edredom, Mas não abaixa a música Insisto que vá abaixar a música... Ela vai, mas não encontra o controle remoto... É linda... Simplesmente linda... E diz: Ah Gato!

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Amor prá ser lembrado

Rio de Janeiro, Maio de 2007

Sentirei falta Do sorriso escondido Dos pezinhos ligeiros Da cinturinha fina Da vozinha débil e sussurrada. Sentirei falta Do abraço acolhedor Do beicinho birrento Da mãozinha acomodada à minha Do sorriso treinado, mas sincero... Sentirei falta De sair do trabalho e ir correndo Encontrar-te arrumadinha Esperando-me para o café. De apressar os passos, Atravessar na frente dos carros Prá não perder um minuto sequer E encontrar logo aqueles lábios úmidos Sedentos de amor. A menina sapeca que sabia pecar sem parecer pecadora Que sabia amar, sem parecer apaixonada Que queria carinho sem parecer carente. Sinto falta de a meia-noite chegar E eu ter de ir correndo embora Antes que a madrugada nos traísse Entregando-nos ao amanhecer descuidado.

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Os beijos ardentes e quentes Que pareciam nos tragar, Aprisionando o nosso amor dentro de nós, Pra nunca mais escapar. São tantas coisas que não dá prá contar Mas dá prá lembrar e sentir saudades deste amor Acelerado e quente que nos envolvia ardentemente. Essa droga de tempo, Que não tem manivela prá deixar voltar Que segue incólume sua marcha em frente Como que debochando da gente. Quando a conheci, não imaginava amá-la. Não procurei o seu olhar, nem a sua atenção, Mas fomos logo tragados pelo abraço do acaso Disfarçado de circunstância qualquer. A diferença de idade logo ressaltou o especial. O deslumbre nos impulsionava contra as horas marcadas e o tempo. Queríamos estar juntos sempre, o tempo inteiro. Ela, esperta e viva, mas avexada e arredia Foi entregando o seu amor na velocidade dos beijos. Os beijos que libertaram o amor que estava preso em nós. Logo vieram os planos e atitudes. O sonho da felicidade possível pousou em uma árvore ao lnosso lado plantada em uma praça especial aonde costumávamos devanear, e ficarmos nos deliciando com as possibilidades. Dia após dia foram passando e o nosso amor descobrindo novos sabores. Sinto falta do bolo de fubá com café que se derramava em meu estômago

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forrado de amor e carinho despendido por ela. Não é assim! Não basta desligar o sentimento que a nossa mente esquece, desacostuma-se! Leva tempo, e muito tempo, às vezes... Que droga de tempo...

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Ter você e nada mais Macaé,

Outubro de 2004 A urgência de estar com você Um beijo molhado que tem de logo secar Um abraço apertado que não pode deixar dor Um olhar profundo que pouco depois se vai Uma esperança de ficar que logo se esvai. A urgência de estar com você Continuar com você... Ter você Logo se desfaz a esperança frente à realidade Do seu lar, sua vida, sua sina, talvez, Hoje já quero ter você sempre Não um encontro fortuito Que força uma irresponsabilidade Que roça, somente roça, meu coração. Quero acordar com você Ver você cabelos ao léu. Olhos pegajosos da noite, Bochechas marcadas com linhas do sono. Quero acordar com você Uma preguiça da noite bem transada. Dos beijos estalados misturados aos gemidos Do prazer de ter nós dois. Quero correr para o banheiro, fazer barba Você em pé na porta a espreguiçar-se, me observando. Depois fazendo um café prá nós dois... Que já embaraçados nos braços mistura creme de barbear A alegria de nos termos. Quero correr pro banho pela manhã Você trazer a toalha e me apressar pro trabalho

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Me puxar para a cama pro último amasso Catar pedaços de linhas presos ao meu corpo. Quero correr atrasado pro trabalho Te acenar o último cumprimento e gritar, já na esquina, Que te amo... te quero sempre. Vale sonhar, devanear. Vale quando quase se tem O que não se tem bem pertinho de si, Parece que para sentir o gosto de ter você sempre... Para mim. Sei que acho que não sei esperar você. Sei que sei e quero te amar... Quero contar para os meus próximos o quanto Vale ser meio louco quando se tem a quem amar. Quero ver você no luar, fazendo sombra na grama Que logo nos terá agarrados, espremidos, esmagados, Prá amar debaixo das estrelas Como a sua fantasia te faz lembrar. Quero você hoje, agora e sempre... Seu amor assustado com um turbilhão De paixões que parece se aproximar... Com beijos saudosos que nunca acabam...

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Sem Rascunho Rio de Janeiro,

Novembro de 2007 Veio-me a palavra “rascunho”... É isso mesmo: “rascunho”… Não deu tempo de fazer rascunho. Não deu tempo de ensaiar palavras bonitas. Não deu tempo de comprar um perfume novo, Ajeitar o cabelo (pode? risos) Ensaiar gestos no espelho… Nem dar uma corridinha para sentir-se atleta… Não teve rascunho… Isso mesmo, sem “rascunho”! O turbilhão de sentimentos Pôs-me de ponta-cabeça, Como dizem os paulistas, E nem as unhas dos pés tive tempo de aparar… Não teve rascunho e nem terá… Tudo é novo, diferente, E completamente desconhecido para mim… Questiono hoje se eu amara antes… Pois o que sinto agora não tem nada a ver Com o que já sentira no passado… Meu coração teve de ensaiar, às pressas, novas batidas, novos ritmos... A minha mente não teve tempo De convocar faxineira Para varrer lembranças esquecidas por lá… A enxurrada da paixão invadiu-me dentro afora E está lavando tudo… Acho que terei de aprender novas palavras, Comprar novos mapas… tudo novo..

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Não teve rascunho, Só lamento, meio desajeitado, Não poder ter preparado um poema rimado, Metrificado e bem formatado… Não teve “rascunho”... E nem terá com esse amor urgente Que arrebata o meu ser sem piedade.

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Poesias são carruagens Rio de Janeiro, Junho de 2008

As poesias são carruagens Que passeiam com as almas dos poetas. Quando rimadas, Os caminhos são suaves, Quando brancas, Os caminhos são perigosos Causando deliciosas sensações de aventuras.

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Tarde fria Rio de Janeiro, Julho de 2007

A tarde fria Esfria a esfiha Que como na esquina Observando as meninas Que vendem pastilhas Para quem não esmola Nem simpatia. A tarde fria Esfria a esfiha E faz tremer a minha mão Que afaga o meu coração Que não sabe mais O caminho da paixão. A tarde fria Esfria a esfiha Que diluo displicente Observando o movimento Da sexta-feira sombria Na Cinelândia caliente. A esfiha fria Esfria minha tarde De melancolia doentia Por falta de um amor Prá dividir a esfiha.

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