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Leitura, literatura e redes sociais: a formação do leitor na era digital Juliana A. B. Menezes (Doutoranda, UNESP, Assis) [email protected] Everton L. P. Vinha (Graduando, UEM, Maringá) [email protected] "Concordo plenamente com você", disse a Duquesa; "e a moral disso é ‘Seja o que você parece ser’… ou, trocando em miúdos, ‘Nunca imagine que você mesma não é outra coisa senão o que poderia parecer a outros do que o que você fosse ou poderia ter sido não fosse senão o que você tivesse sido teria parecido a eles ser de outra maneira’. (CARROLL, 2009, p.106) Resumo: Discutir o percurso que vai do consumo e da construção da imagem via redes sociais até as leituras mais desafiadoras como o conto Alguma Coisa Urgentemente (1997), de João Gilberto Noll constitui-se na proposta deste artigo. Tal propósito fundamenta-se em dois expoentes da Estética da Recepção: Wolfgang Iser (1999) e Hans Robert Jauss (1994), além do apoio das reflexões de Adorno (2000) e de Walter Benjamin (2000) com seus estudos sobre o mercado da arte na era moderna. Centramos a abordagem nas questões fundamentais que envolvem a construção da imagem dos sujeitos-personagens, ditos, pós-modernos, na rede social. Escolhemos assim, aleatoriamente, um perfil de Facebook e analisamos como o usuário cria o seu discurso e constrói uma imagem que se revela, na prática, permeada por vazios. Paralelamente, analisamos o percurso da personagem central do conto de Noll (1980) e cruzamos os dados para concluir como a temática da aparência se revela nesses dois objetos de estudo. Discutimos neste texto, ademais, o papel desempenhado pelo Facebook na divulgação de modos de leitura e na reprodução de figuras ideais, como uma alternativa de aproximar o repertório do aluno com o texto literário, bem como o universo social. Palavras-chave: Leitura; literatura; redes sociais, formação de leitor. Abstract: The paper aims to discuss the route from consumption and the construction of the image trough social networks up to further challenging readings, such as the tale Alguma coisa urgentemente (1980), by João Gilberto Noll. The proposal is based on two exponents of the Reception Theory: Wolfgang Iser (1999) and Hans Robert Jauss (1994); and also, the reflections of Adorno (2000) and Walter Benjamin (2000) around the art market in the modern era. The study focuses on the approach that involves fundamental questions toward the construction of the subjects-characters’ image on social medias. Randomly a Facebook profile was picked and analysed how the user elaborates its speech and construct its image that reveals itself, in practical matters, full of emptiness. At the same time, it was analyzed the course taken by the main character of Noll’s tale (1980),and also, it was crossed the date to conclude how the theme such as appearance reveals itself in these two objects of study. After all, it was debated on this paperwork the role played by Facebook, concerning the promotion of ways of reading and the reproducing of ideal figures, as an alternative way to relate the student’s background with the literary text and the social context. Keywords: reading; literature; social network; readers formation. 1. O esvaziamento do sujeito midiático: um personagem “pós-moderno”

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Page 1: Leitura, literatura e redes sociais: a formação do leitor na era digital · 2018-02-09 · o mercado da arte na era moderna. ... ademais, o papel desempenhado pelo Facebook na divulgação

Leitura, literatura e redes sociais: a formação do leitor na era digital

Juliana A. B. Menezes (Doutoranda, UNESP, Assis)

[email protected]

Everton L. P. Vinha (Graduando, UEM, Maringá)

[email protected]

"Concordo plenamente com você", disse a Duquesa; "e a moral disso é ‘Seja

o que você parece ser’… ou, trocando em miúdos, ‘Nunca imagine que você

mesma não é outra coisa senão o que poderia parecer a outros do que o que

você fosse ou poderia ter sido não fosse senão o que você tivesse sido teria

parecido a eles ser de outra maneira’. (CARROLL, 2009, p.106)

Resumo: Discutir o percurso que vai do consumo e da construção da imagem via redes sociais

até as leituras mais desafiadoras como o conto Alguma Coisa Urgentemente (1997), de João

Gilberto Noll constitui-se na proposta deste artigo. Tal propósito fundamenta-se em dois

expoentes da Estética da Recepção: Wolfgang Iser (1999) e Hans Robert Jauss (1994), além

do apoio das reflexões de Adorno (2000) e de Walter Benjamin (2000) com seus estudos sobre

o mercado da arte na era moderna. Centramos a abordagem nas questões fundamentais que

envolvem a construção da imagem dos sujeitos-personagens, ditos, pós-modernos, na rede

social. Escolhemos assim, aleatoriamente, um perfil de Facebook e analisamos como o usuário

cria o seu discurso e constrói uma imagem que se revela, na prática, permeada por vazios.

Paralelamente, analisamos o percurso da personagem central do conto de Noll (1980) e

cruzamos os dados para concluir como a temática da aparência se revela nesses dois objetos de

estudo. Discutimos neste texto, ademais, o papel desempenhado pelo Facebook na divulgação

de modos de leitura e na reprodução de figuras ideais, como uma alternativa de aproximar o

repertório do aluno com o texto literário, bem como o universo social.

Palavras-chave: Leitura; literatura; redes sociais, formação de leitor.

Abstract: The paper aims to discuss the route from consumption and the construction of the

image trough social networks up to further challenging readings, such as the tale Alguma coisa

urgentemente (1980), by João Gilberto Noll. The proposal is based on two exponents of the

Reception Theory: Wolfgang Iser (1999) and Hans Robert Jauss (1994); and also, the

reflections of Adorno (2000) and Walter Benjamin (2000) around the art market in the modern

era. The study focuses on the approach that involves fundamental questions toward the

construction of the subjects-characters’ image on social medias. Randomly a Facebook profile

was picked and analysed how the user elaborates its speech and construct its image that reveals

itself, in practical matters, full of emptiness. At the same time, it was analyzed the course taken

by the main character of Noll’s tale (1980),and also, it was crossed the date to conclude how

the theme such as appearance reveals itself in these two objects of study. After all, it was

debated on this paperwork the role played by Facebook, concerning the promotion of ways of

reading and the reproducing of ideal figures, as an alternative way to relate the student’s

background with the literary text and the social context.

Keywords: reading; literature; social network; readers formation.

1. O esvaziamento do sujeito midiático: um personagem “pós-moderno”

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O sujeito esvaziado, o sujeito cindido, as múltiplas identidades do sujeito, a narrativa

de si, o limiar tênue entre a essência e a aparência dos sujeitos, todos esses são temas afins que

parecem ter emergido nos estudos das ciências sociais inseridas no contexto de uma sociedade

pós-moderna. Desde Benjamin a Hall, passando por Adorno, a crise na qual o sujeito “pós-

moderno” encontra-se para definir a si e/em relação ao outro é palpável inclusive nos domínios

mais "banais" do cotidiano. Carroll (2009), entretanto, ainda antes desses três autores

previamente citados, já se colocava frente à questão, como exemplificado no trecho retirado da

obra Alice no País das Maravilhas.

No precedente excerto da obra nada infantil (considerando a carga negativa e discutível

que o termo empregado remete) e permeada por questionamentos existencialistas, a

personagem Duquesa, em um diálogo que brinca com a referencialidade, a relação

hiperônimo/hipônimo e a lógica da linguagem, diz a Alice que essa deveria "ser o que parecia

ser". O jogo de palavras que se segue a essa afirmação reforça o ponto de vista da personagem

para quem a simplicidade da aparência latente é mais valorosa do que a complexidade de uma

patente essência. Contemporaneamente, as construções identitárias digitais das redes sociais só

fazem ecoar esse mesmo ponto de vista, expresso por uma personagem em uma obra literária

do século XIX tida como infantil.

Benjamin (1975), no egrégio ensaio A obra de arte na época de suas técnicas de

reprodução, indiretamente adentra a problemática dos sujeitos modernos ao tratar da massa

enquanto consumidora da obra de arte em uma época que a reconfigurou e a destituiu do que o

autor chama de aura. Em citação direta à Duhamel (1930, p.52 apud Benjamin, 1975, p.31),

apresenta o pensamento do espectador, portanto sujeito das novas massas, diante da

manifestação artística cinematográfica: "Já não posso meditar no que vejo. As imagens em

movimento substituem meu próprio pensamento". E não é assim que os sujeitos

contemporâneos se colocam diante do uso das redes sociais, espectadores passivos e inertes

das imagens tomando-lhe o espaço da reflexão, curtidas e compartilhamentos substituindo o

ato de pensar?

Ainda sobre as massas, Benjamin (1975, p.31-32) assevera que a suas necessidades

passaram a determinar a produção artística de modo que a "quantidade tornou-se a qualidade",

uma vez que as massas "procuram a diversão", fim contraditório ao das artes, que exigem ser

contempladas e refletidas. Apesar de não adotar tom acusatório, afirma ele mesmo que essa

proposição não é inédita, mas que pertence ao senso comum. Tal senso comum que ainda hoje

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mantém a diferenciação entre o consumo da arte e o consumo daquilo que se define por não

sê-la, seja no campo da arte massificada ou mesmo daquilo que consome-se diária e

compulsivamente nas redes sociais: obras de artes reproduzidas e ressignificadas na forma do

gênero meme, textos críticos-opinativos de autoria não mais especializada, músicas parodiadas,

cenas descontextualizadas e deslocadas do todo de sua obra, a nova era dos autorretratos com

as selfies.

O que percebe-se quanto aos sujeitos em sua relação com a reprodutibilidade das obras

de arte, sobretudo nas redes sociais como grupos de WhatsApp ou perfis do Facebook é que

aproxima-se cada vez mais do que antes era um tido como um agouro da “pós-modernidade” e

da era digital: a concentração e a capacidade reflexiva de que o sujeito antes demandava para

analisar uma pintura, uma sinfonia ou um texto literário está em vias de extinguir-se, se não já

extinta, sobretudo nos sujeitos que compõem as massas. Embora Benjamin não demonize esse

novo modus operandi do consumo de arte, no âmbito acadêmico, mormente na área do ensino

e aprendizagem, a ausência de capacidade analítica é uma inquietação.

Horkheimer e Adorno (2002), que junto de Benjamin constituem a "tríade do pensar

sobre a Indústria Cultural", aprofundam-se ao tratar das massas e da sua alienação, fruto das

novas técnicas de reprodução da indústria cultural. Se Benjamin (opus cit.) aponta para a cada

vez mais desnecessária reflexão por parte dos espectadores, ora lidos de modo mais amplo

como consumidores das obras de arte, Horkheimer e Adorno (opus cit.) asseveram

categoricamente que a Indústria Cultural é responsável pela alienação, homogeneização e

artificialidade das massas.

Para os autores, em análise da perspectiva da indústria cultural, a sociedade é

responsável pelo sua autoalienação, enquanto as massas são homogeneizadas conforme os

produtos da indústria cultural deixam de considerar os consumidores na sua posição de sujeito

(HORKHEIMER; ADORNO, 2002, p. 170). Mais à frente, trata da artificialidade com que as

diferenças são tratadas e aponta para o que chama de "atrofia da imaginação e da

espontaneidade" (HORKHEIMER; ADORNO, 2002, p. 73).

A atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural de hoje

não tem necessidade de ser explicada em termos psicológicos.[...] (Os

produtos) Eles são feitos de modo que sua apreensão adequada (...) é feita de

modo a vetar, de fato, a atividade mental do espectador, se ele não quiser perder

os fatos que, rapidamente, se desenrolam à sua frente." (HORKHEIMER;

ADORNO, 2002, p. 73).

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O contexto histórico em que os dois autores estão situados é décadas anterior à Era

Digital, ligados a relação dos consumidores com o rádio e o telefone, mas ainda assim suas

palavras nunca foram mais atuais. Não só isso, o diálogo entre esse excerto e a proposição de

Benjamin (op. cit.) de que o cinema reduz em muito a necessidade de reflexão é incontestável.

As idiossincrasias dos sujeitos sofrem um apagamento ao serem massificados em um bloco

uniforme de consumidores dessa indústria. Ademais, há o apagamento também de qualquer

"senso crítico", colocando os indivíduos em um estado de conformismo (HORKHEIMER;

ADORNO, 2002, p. 177).

Esse esvaziamento dos sujeitos se dá ainda por outros fatores. Os filósofos falam ainda

em "negação do estilo" (HORKHEIMER; ADORNO, 2002, p. 175), em que os produtos da

indústria cultural primem pela imitação e, talvez o apontamento mais pertinente e mais próximo

ao foco da análise ser empreendida, nas relações da indústria cultura com o divertimento, o

sexo e o belo. Para Horkheimer e Adorno (2002, p.179), "a indústria cultural permanece a

indústria do divertimento" e "só aceita a ausência de significado". Não só destituído de vontade

própria e com seu interesse de consumo engendrado pela própria indústria, os sujeitos da e na

indústria cultural vivem a necessidade da felicidade sem qualquer significado, da qual são

imbuídos pelos produtos culturais de massa. "Na falsa sociedade, o riso golpeou a felicidade

como uma lebre e a arrasta na sua totalidade insignificante" (HORKHEIMER; ADORNO,

2002, p. 181).

O sujeito até então homogeneizado em suas necessidades e em sua essência não mais

relevante, prescindido em significados em detrimento ao "diabólico do falso riso", é também

dividido: "(A cultura industrializada) Esta sobrevive ao alinhamento organizado dos costumes,

nos choques dos homens divididos, nos alegres filmes por eles produzidos, sobrevive, por fim,

na realidade" (HORKHEIMER; ADORNO, 2002, p.182). Vive-se uma época em que o limiar

entre a realidade e a tela, o ficcional, o aparelho, é cada vez menos discernível; uma época em

que os embates entre os sujeitos é cada vez mais frequente, sujeitos esses que, em sua maioria,

recorrem a esse "alinhamento organizado dos costumes" para identificar-se e resguardar-se.

Essa visão do sujeito esvaziado e dividido, que busca para si uma identidade pela

identificação múltipla, é o que Hall (2005), ao tratar da identidade na pós-modernidade, chama

de sujeito pós-moderno. Sofrido todas as reviravoltas da modernidade das quais a indústria

cultural é grande responsável, o sujeito pós-moderno deixa de apresentar uma identidade "fixa,

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essencial ou permanente" (HALL, 2005, p.12) e, devido a constante mudança do que chama de

modernidade tardia, passa por um processo de identificação (in)constante conforme suas

relações com os sistemas culturais. A imagem de uma identidade plena resiste, no entanto, no

que Hall (1990apud HALL, 2005, p. 13) chama de "narrativa do eu".

"A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma

fantasia. Ao invés disso, a medida que os sistemas de significação e

representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma

multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis (...)."

(HALL, 2005, p.13).

O sujeito “pós-moderno”, percebe-se, define-se múltiplo, identificando-se a diversos

grupos mas construindo para si próprio uma imagem de identidade plena na chamada "narrativa

do eu". Essa identificação é concebida por uma falsa ideia de originalidade e poder de escolha,

como propõem Horkheimer e Adorno (2002), fruto da Indústria Cultural que homogeneíza os

consumidores, criando neles necessidades a serem supridas pelos produtos da própria indústria,

indústria essa transformada pela reprodutibilidade técnica proposta por Benjamin (1975). Tal

indústria reafirma o ideal de belo esvaziado de qualquer sentido e vende a alegria inalcançável

e superficial.

Em busca de identificar essas interpelações da indústria cultural e da modernidade

tardia na constituição da identidade do sujeito, sujeito esse esvaziado e assujeitado à cultura do

belo e da felicidade desprovidos de significado, dedicou-se a análise dessa constituição na rede

social Facebook. Isso porque, quando se levanta termos como "artificialidade" e "narrativa do

eu", sobretudo correlacionados, não há como não se remeter aos perfis dessa rede social.

Extensa lista de amigos, fotos, vídeos, músicas, textos, notícias, avaliações, check-ins, curtidas

e compartilhamentos,tudo no Facebook parece fazer eco as teorias levantadas.

Para tanto, escolheu-se aleatoriamente um perfil na rede social de um jovem abaixo dos

18 anos que servisse de corpus para a análise. Após a busca, o perfil escolhido foi o de uma

jovem de uma cidade do interior do noroeste do Paraná, com menos de 18 anos. O objetivo foi

perceber qual a natureza do conteúdo circulado no perfil dessa jovem, de que maneira ela

constrói sua imagem, narra sua identidade, no perfil da rede social, tendo em vista as asserções

teóricas e o perfil traçado do personagem do conto de Noll.

A começar pelas fotos de perfil e de capa,que são as duas imagens que o usuário da rede

social tem acesso e primeiro faz a leitura ao acessar o perfil. A foto de capa, a primeira imagem

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verticalmente no perfil, traz a jovem acompanhada de uma senhora idosa, possivelmente uma

pessoa da família ou alguém por quem a usuária tem grande apreço, dada a posição de destaque

reservada a imagem. Nela, ambas sorriem para a câmera, posicionada em frente às duas. Ao

clicar na imagem, vê-se que essa foi publicada em 6 de abril sem nenhuma legenda, mas, ao

ler os comentários, tem-se a confirmação de que se trata da avó da jovem. Para essa foto foram

58 curtidas e reações, além de 3 comentários.

A segunda foto em destaque é a de perfil, uma imagem frontal da jovem visivelmente

bem vestida e maquiada, no ângulo conhecido nas redes sociais como selfie. Nota-se clara

diferença entre a jovem nas duas imagens: na primeira, não há maquiagem, os cabelos estão

soltos com aparência de não terem recebido nenhum tipo de tratamento; na segunda imagem,

a maquiagem, roupa e cabelos arrumados expõem uma aparência bastante distinta da jovem.

Enquanto a foto de capa do perfil contabilizava 58 curtidas e reações, a foto de perfil atingiu

130, mais que o dobro. O número de comentários, 7, todos tecendo elogios, também aumentou.

Além disso, a jovem adicionou a seguinte legenda à foto"Quem diria a alegria é a melhor

vingança…" seguida por quatro emojis. A menção à palavra "alegria" e à "vingança"

constroem, nesse enunciado, um sentido muito claro de felicidade, força e superioridade, em

suma, uma imagem forte e positiva.

Em seguida, no lado esquerdo da página, vê-se uma coluna de apresentação em que o

usuário pode expor informações como escolaridade, local de trabalho, status de

relacionamento, um trecho escrito descrevendo-se, data de aniversário, dentre outras

informações. Nesse perfil, a jovem limitou-se a duas informações: a primeira delas, uma

descrição com mais três emojis, um deles chorando de gargalhar, e, a segunda delas, seu status

de relacionamento sério. Enquanto a descrição traz pouco sobre a personalidade ou a vida da

usuária, o status de relacionamento em destaque indica para mais um aspecto da construção da

identidade da jovem. Tendo em vista a relevância dos relacionamentos para a estrutura social,

sobretudo onde mulheres são pressionadas pelo sistema a relacionar-se para afirmar seu valor

na sociedade, essa informação não só tem a função de atribuir valor como também age em

favor da construção de um figura até então autoafirmada pela felicidade.

Abaixo da descrição e do status, segue-se uma coletânea de cinco imagens que o usuário

escolhe para por em evidência. Das cinco, três das fotos trazem a jovem acompanhada e duas

a jovem sozinha novamente no ângulo selfie. Das três imagens acompanhada, uma delas é pela

mesma senhora da foto de capa e as outras duas por outras jovens. A diferença entre a foto de

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perfil e a foto de capa se mantém nessa coletânea: a jovem aparece bem arrumada, maquiada,

com roupas curtas e poses nas duas fotos sozinha e nas duas acompanhada por outras jovens

enquanto que a imagem singela construída na foto de capa se mantém apenas na foto em que a

senhora idosa acompanha a jovem, sentada em seu colo.

Das 50 publicações analisadas, publicadas entre 21 de junho de 2017 e 25 de abril de

2017, 18 delas são fotografias. Dessas, em nenhuma delas a jovem aparece acompanhada

novamente da senhora. A única referência possível a essa senhora foi o compartilhamento de

um vídeo amor de uma senhora de idade já bastante avançada conversando com a pessoa que

segura a câmera. Em comemoração ao Dia das Mães, há uma foto da jovem e sua mãe, mas

essa é única referência, nas 50 postagens, à família. O restante das fotos traz ou a jovem sozinha

(as 3 publicações com mais "curtidas") ou a jovem acompanhada de amigos (11, sendo que em

6 dessas os integrantes da imagem estão consumindo algum tipo de bebida alcoólica) ou do

namorado (3 fotos). Há publicações variadas sobre eventos (6, 2 envolvendo bares ou festas),

entretenimento (15 publicações de teor humorístico ou sobre uma única série de televisão norte-

americana) e uma única publicação com caráter crítico: uma frase evocando o humor

"politicamente correto", respeitando as diferenças. Grande parte das publicações (18 delas)

foram feitas por outras pessoas no perfil da jovem e nenhuma delas apresenta qualquer

referência às belas artes, questões sociais, políticas ou históricas.

Diante desses dados, comparados às discussões previamente levantadas acerca da

identidade e da sociedade na pós-modernidade, acreditamos que o poder de escolha na

construção da sua identidade na rede social Facebook permite a essa jovem contar-se, como se

construísse a si mesma enquanto personagem protagonista da própria narrativa. Nessa narração,

os traços e a identidade apresentada não revelam muito acerca do ser por trás desse perfil –

somente as informações limitadas que é decido pela jovem usuária da rede mostrar. Essa

narração de si nas mídias sociais permite pensarmos em um padrão de "personagem pós-

moderno" dos jovens que, não por coincidência, ocupam as carteiras das aulas de literatura e

que, a exemplo do perfil analisado, constroem-se para e diante dos olhos dos outros jovens

personagens espectadores.

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2. Do esvaziamento do sujeito midiático ao esvaziamento do sujeito de Alguma coisa

urgentemente

João Gilberto Noll nasceu em Porto Alegre (RS), em 15 de abril de 1946, trabalhou

como jornalista nos jornais Última Hora e Folha da Manhã, no Rio, para onde se mudou em

1969. Estreou como escritor com um conto na antologia Roda de fogo, organizada por Carlos

Jorge Appel, de Porto Alegre. Em 1980, publicou o livro de contos O Cego e a Dançarina,

pelo qual recebeu diversos prêmios, tais como revelação do ano, da Associação Paulista de

Críticos de Arte (APCA), ficção do ano, do Instituto Nacional do Livro, e o Prêmio Jabuti,

da Câmara Brasileira do Livro. O conto Alguma coisa urgentemente, foi adaptado

pelo cinema brasileiro sob o título Nunca fomos tão felizes, em 1983. O autor também foi

selecionado para figurar no livro Os cem melhores contos brasileiros do século, em 2000.

O enredo traz a construção de uma vida despedaçada que nos é apresentada sob o olhar

de um jovem que fora abandonado pela mãe e pelo pai. “Eu, no começo, achava meu pai tão-

só um homem amargurado por ter sido abandonado por minha mãe quando eu era de colo”

(p. 11). O rapaz vive sozinho com o pai, que nos é apresentado como um homem bastante

misterioso e rotativo, uma vez que o filho não sabia nada sobre a vida desse pai, desconhecia

suas amizades, sobre o seu trabalho e o pai mudava muito de “trabalho, de mulher e de

cidade”(p.11).Existe entre pai e filho uma relação de distanciamento marcadas por profundas

ausências. Em 1969, o pai foi preso no Paraná, por ter repassado armas a um grupo

desconhecido. “Tinha na época uma casa de caça e pesca em Ponta Grossa e já não me levava

a passear” (p.12).Depois disso, o jovem foi colocado num colégio interno em São Paulo. Nesse

local, o rapaz aprendeu ”a jogar futebol, a me masturbar e a roubar a comida dos

padres”(p.12). Quando cresceu, o pai foi buscá-lo e encontrava-se sem um dos braços, quando

então foram morar no Rio de Janeiro. “No Rio fomos para um apartamento na Avenida

Atlântica. De amigos, ele comentou. Mas embora o apartamento fosse bem mobiliado, ele vivia

vazio” (p.13). O rapaz queria saber sobre a vida do pai, mas esse considerava melhor que “ele

não soubesse de nada, pode ser perigoso” (p.13). Quando o pai sumiu de novo e o filho ficou

sem dinheiro, vendo-se impelido a se prostituir.

Ele abriu a porta e disse entra, o carro subiu a Niemeyer, não havia ninguém

no morro em que o homem parou. Uma fita tocava acho que uma música

clássica e o homem me disse que era de São Paulo. Me ofereceu cigarro,

chiclete e começou a tirar a minha roupa. Eu pedi antes o dinheiro. Ele me

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deu as três notas de cem abertas, novinhas. E eu nu e o homem começando a

pegar em mim, me mordia de ficar marca, quase me tira um pedaço da boca.

Eu tinha um bom físico e isso excitava ele, deixava o homem louco. A fita

tinha terminado e só se ouvia um grilo.

—Vamos— disse o homem ligando o carro.

Eu tinha gozado e precisei me limpar com a sunga. (NOLL, 1980, p.15).

No dia seguinte, o pai reaparece, sem dois dentes, e aconselha o filho a ter uma vida

diferente da que ele teve, avisa para que não fale nada à polícia e não tenha medo da tortura,

pois o Estado tinha interesse em evitar escandâlos. Tal cenário gera no rapaz um desejo de

fazer Alguma coisa urgentementenuma tentativa de salvar ao pai e a ele.

Então pensei em denunciar meu pai para a polícia para ser recebido pelos

jornais e ganhar casa e comida em algum orfanato, ou na casa de alguma

família. Mas não, isso eu não fiz porque gostava do meu pai e não estava

interessado em morar em orfanato ou com alguma família, e eu tinha pena do

meu pai deitado ali no sofá, dormindo de tão fraco. Mas precisava me

comunicar com alguém, contar o que estava acontecendo. Mas para quem?”

(NOLL, 1980, p.16).

A história termina com o a morte do pai e o frequente desejo do narrador-personagem

em fazer alguma coisa.

(...) Era a primeira vez que meu pai me chamava pelo nome, eu mesmo levei

um susto em ouvir meu pai me chamar pelo meu nome, e me levantei meio

apavorado porque não queria que ninguém soubesse do meu pai, do meu

segredo, da minha vida, eu queria que o Alfredinho fosse embora e que não

voltasse nunca mais, então eu me levantei e disse que tinha que fazer uns

negócios, e ele foi caminhando de costas em direção à porta, como se eu

estivesse com medo de mim, e eu dizendo que amanhã eu vou aparecer no

colégio (...) e fui correndo pro quarto e vi que o meu pai estava com os olhos

duros olhando para mim, e eu fiquei parado na porta do quarto pensando que

eu precisava fazer alguma coisa urgentemente. (NOLL, 1980, p.19).

A impotência ante o desafio social, o vazio interior e a busca do encontro do ser na

autoafirmação (sexo, dinheiro e obscuridade), o mascaramento, o fingimento e a constatação

da impotência diante do inexorável são marcas dessa história. A representação do pai, como

um ser fragilizado, moribundo vai na contramão do herói revolucionário contestador do regime

ditatorial. A violência da matéria narrada, as atitudes agressivas, a linguagem direta, seca e

objetiva e a imagem desse pai como um fardo a ser carregado no fim da vida são permeados

por diálogos sempre interditados, resquícios da ditadura. Além disso, constatamos as fronteiras

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entre a afirmação da masculinidade e a prática homossexual, desvelando o desmoronamento

da hegemonia masculina.

Segundo Chiarelli (2007, p. 30), o ponto fundamental de sua reflexão é trabalhar com

o conceito de que a identidade não é fixa, e menos ainda homogênea. Trata-se de uma

construção e, como tal, traz a marca da instabilidade, da contradição e do inacabado. Esse ponto

humaniza tais personagens, ou seja, é na contradição que os sujeitos “pós-modernos” se fazem

humanos.

A excessiva preocupação do jovem narrador em “mascarar” sua real condição aparece,

obviamente, em virtude do contexto em que fora educado, isto é, um não falar, um

silenciamento sobre o que o pai fazia, no que trabalhava. Porém, o pai ,ao agir assim, pretendia

proteger seu filho das torturas daquele período ditatorial no país. O filho acreditava que deveria

se proteger e também proteger o pai, essa angústia é traduzida pelo termo “eu tenho que fazer

alguma coisa urgentemente”, mas como mediante o inexorável, logo sentia-se impotente,

frágil, sozinho e construiu uma vida de aparência baseada num vazio e numa solidão intensas.

Conforme observamos o personagem do conto é movido também pela construção de

uma aparência, porém, aqui, num texto que é ficcional verificamos um grau máximo de

humanização, ao contrário, da vida real construída nas imagens do belo da rede social.

3. Da literatura à rede social: dois hemisférios de um mesmo vazio

Na análise do perfil da jovem, percebemos que as publicações e interações no perfil

denotam o golpe do riso e o apreço ao belo, sem aprofundamento crítico ou existencial em

questões de interesse filosófico, histórico, político, ideológico em qualquer nível. O perfil

traçado é o da representação que a jovem narra sobre si em suas postagens, deixando

transparecer pouco ou quase nada acerca de si mesma além da superfície do que pode ser visto

e percebido cotidianamente. É interessante pensar se o que é narrado na rede social é um retrato

da vida real da jovem ou, o que parece mais acertado em pensar, se essa narrativa acaba por

tornar-se essa realidade, se o vazio que se depreende da análise é um eco dos vazios que

constituem esse sujeito. Nesse ponto, não se é capaz de dissociar o sujeito da rede social e o

sujeito que a manipula, confluindo a leitura desse sujeito com aquela do sujeito-personagem

do conto de Noll.

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O jovem personagem é narrado por Noll com profundidade nas questões de ordem

social e familiar que o constituíram enquanto sujeito. Sujeito esse marcado pelo vazio

existencial que o personagem busca preencher sem sucesso. As idas e vindas entre pai e filho

são sempre marcadas pela ausência e pelo vazio: inicialmente, a presença do pai, na infância,

do Rio Grande do Sul; seguido do abandono do pai no interior do Paraná; a vida completamente

solitária do jovem em São Paulo; o retorno do pai e o abandono do pai no Rio de Janeiro com

o seu retorno para morrer.

Noll apresenta, através do personagem-narrador, o surgimento de uma geração

abandonada, a dos filhos ainda durante a ditadura, dos guerrilheiros mortos pelo Estado. Além

disso aponta a fragilidade das instituições, que se espelham nos laços muito fracos que suas

personagens instalam com o mundo externo. Sobram pessoas sozinhas, gerações fraturadas e

afetos sufocados, enfim, almas despedaçadas diante o inexorável.

Nesse sentido, podemos pensar nesses dois personagens – o digital e o literário - como

opostos complementares de uma esfera. Enquanto o personagem de Noll é narrado em seus

vazios, com uma breve e falha tentativa de narrar a si mesmo de outra forma, a fim de esconder

sua existência física e psicológica desestabilizada, a personagem da rede social é o

embaçamento do eu que narra a si mesmo, superficialmente, levando à opacidade de si.

Opacidade porque, na busca por fotografar a sua existência no melhor ângulo, tudo aquilo que

não foi enquadrado, todo o vazio inerente ao ser, revela-se pela ausência.Embora o personagem

plenamente fictício seja o do conto, esse é o mais humano por ter sua existência desvelada

inteiramente pelo narrador, enquanto que a figura da jovem, retrato autodiegético de uma

narradora que é também autora, essa que deveria ser real, concreta, profunda, "redonda", é

planificada pela sua própria autoria.

Portanto, observamos o papel desempenhado pelo Facebook na divulgação de modos

de leitura superficiais e na reprodução de figuras ideais, como uma alternativa de aproximar o

repertório do aluno com o texto literário, bem como o universo social. Conforme Jauss (1994,

p.28):

A obra que surge não se apresenta como novidade absoluta num espaço vazio,

mas, por intermédio de avisos, sinais visíveis e invisíveis, traços familiares

ou indicações implícitas, predispõe seu público para recebê-la de uma

maneira bastante definida. Ela desperta a lembrança do já lido, enseja logo de

início expectativas quanto a “meio e fim”, conduz o leitor a determinada

postura emocional e, com tudo isso, antecipa um horizonte geral da

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compreensão vinculado, ao qual se pode, então – e não antes disso –, colocar

a questão acerca da subjetividade da interpretação e do gosto dos diversos

leitores ou camadas de leitores. (JAUSS, 1994, p. 28).

O diálogo entre a obra e um leitor depende de fatores determinados pelo horizonte de

expectativas responsável pela primeira reação do leitor à obra. Todo leitor dispõe de um

horizonte de expectativas, resultado de inúmeras motivações. Jauss considera este horizonte de

expectativas como um dos postulados mais importantes da sua teoria.

Afinal, o vazio apresentado por pessoas reais apresentados nas imagens por eles

construídas se aproximam do vazio do personagem-narrador de Noll, porém lá o vazio sinaliza

para a figuração de personagem, embora real parece ficção; aqui, embora seja ficção, o

personagem se mostra humano, contraditório, indefeso e frágil, um vazio existencial que se

esforça de algum modo em fazer Alguma coisa urgentemente, mas não consegue. A imagem

da destruição, da contradição, da angustia são para além da aparência. Ambos se aproximam

da necessidade em “esconder” quem são por necessidade de criar uma aparência de que esteja

tudo bem, porém quando analisamos mais devagar verificamos a fragilidade desses sujeitos,

ditos “pós-modernos”. O termo aqui, encontra-se aspado, pois não estamos interessados na

discussão da existência ou não da pós-modernidade, mas sim, nas mudanças apresentadas

socialmente.

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JAUSS, Hans Robert. A história da literatura como provocação à teoria literária. Trad.

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<http://hdl.handle.net/11449/28264>.