livro do 5 concurso de moda inclusiva
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Desejamos um planeta sustentável, e assim devemos entender o alcance da moda dentro desse contexto da preservação do meio ambiente, alçando voos para um novo conceito dentro da moda: a acessibilidade.
É preciso falar na sustentabilidade associada ao conceito da acessibilidade. Este é um dos objetivos do Concurso de Moda Inclusiva, que pretende despertar e incentivar alunos e profissionais de moda a refletirem a partir desse tema inovador e desafiador.
Temos a oportunidade de viabilizar um novo ciclo econômico, uma forma diferente de pensar o vestuário, e devemos ter na moda o conceito de inclusão para que todos possam desfrutar da beleza com conforto, praticidade e funcionalidade.
A moda inclusiva cria e equipara oportunidades para que todos tenham acesso aos seus benefícios. Assim ela fala com novos públicos, colocando ideias no coração e moda na alma dos estilistas. No coração, porque estamos falando em pensar no outro; na alma, para fortalecer o respeito à diversidade humana.
A moda que seduz pela beleza e que abraça a todos pela sua natureza.
Linamara Rizzo Battistella é médica fisiatra,
Professora da Faculdade de Medicina da USP e
titular da Secretaria dos Direitos da Pessoa com
Deficiência - Governo do Estado de São Paulo
É sempre gratificante ter acesso ao lugar onde nascem as ideias.
Esse estágio intermediário entre o pensamento e a realização – o esboço, as anotações, os erros e suas correções; o estado de humildade do criador diante do processo – têm sido para nós objeto de grande interesse e fascínio.
E é ainda mais gratificante poder contribuir com o registro de imagens dos bastidores criativos de um campo de atuação tão urgentemente necessário como a moda inclusiva.
Roger Bassetto e Cezar de Almeida são designers gráficos e editores do livro “Sketchbooks – as páginas desconhecidas do processo criativo”.
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Meu ponto de partida foram as paraolimpíadas. O desempenho dos atletas, a evolução das
próteses e equipamentos me levaram a pensar que a moda também poderia se colocar a serviço do aperfeiçoamento das performances na busca por
melhores resultados.Pensando nas necessidades das pessoas que sofreram amputação traumática das pernas e que praticam esporte, comecei a pesquisar as novas tecnologias: tecidos, aviamentos, tudo o que pudesse proporcionar conforto e conveniência.
Quando se fala em uma competição paralímpica, a vestimenta deve ser um aliado do atleta, não apenas uma proteção.Busquei desenvolver uma moda alinhada com os últimos avanços da indústria têxtil, trabalhando a correta adequação dos dimensionamentos para privilegiar o conforto dos membros inferiores e quadril.
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Tudo começou com o clipe ‘Maior que Muralhas’, da banda Fresno: as cenas de atletas com deficiência se adaptando ao esporte que amam e superando os limites mexeu comigo e definiu o tema da minha coleção. O nome Atletas da Vida diz tudo, já que a batalha se coloca todos os dias e é proibido fraquejar. A inspiração veio do estilista Jean Patou, que desenvolveu
um trabalho impressionante na década de 1920. A estética das peças é minimalista, privilegiando a funcionalidade sem deixar de lado o estilo. Tecidos e modelagem foram escolhidos levando em conta a praticidade, conforto e resistência das roupas. Acredito que o público-alvo do projeto – mulher de espírito cosmopolita – vai se sentir atendido em suas demandas diante dessa proposta despojada e eficaz.
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Meu projeto começou a ser pensado ainda no primeiro ano de faculdade. Na matéria Laboratório de Criação surgiu a proposta de criar novas possibilidades de bolsa: trabalhei explorando as formas do corpo humano e o resultado agradou. No ano seguinte veio a Linguagem Instrumental e o tema foi retomado a partir do desafio de criar uma pequena coleção de bolsas, adaptando essa coleção ao
conceito de ‘movimento’, direcionada para pessoas com deficiência. As formas arredondadas do corpo humano levaram à bola de futebol americano, adotada pela relação com o esporte, agilidade e ação. Em seguida veio a águia, elemento que me inspirou por ser um símbolo universal de força e liberdade. É assim que penso e sinto a questão da deficiência.
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Meu projeto está direcionado para um
público jovem, que convive com a deficiência
visual e não se priva de sensações.
As roupas exploram a sensibilidade e o
sentido do tato e se baseiam na geometria
urbana – tudo o que uma pessoa pode
encontrar no cenário urbano no seu dia
a dia, traduzido em formas e texturas.
A escolha dos tecidos foi um capítulo à
parte; queria que, mesmo não podendo
enxergar, a pessoa conseguisse vivenciar
a experiência do vestir de uma forma bem
mais concreta. Uma das opções encontradas
foi o tecido Savana Carbolumen, da Vicunha,
que possui estampa de bolinhas em alto
relevo: com ele foi possível trazer para a
roupa uma referência das faixas indicativas
para deficientes visuais que fazem parte de
algumas calçadas e equipamentos urbanos.
Além disso, as peças trazem um tag
removível com descrição do produto e outras
informações escritas em Braille.
Tenho um tio com deficiência visual –
e a longa convivência familiar me motivou
a buscar uma proposta que atendesse às
expectativas de quem não enxerga, mas
encontra outras formas de ver.
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Meu trabalho de conclusão do curso de
Design de Moda já abordava a questão
do vestuário junto às mulheres com
deficiência visual. Nas pesquisas para
esse trabalho, tive a oportunidade de
conhecer a Associação de Deficientes
Visuais de Canoas – ADEVIC – e entender
mais a fundo essa questão. Observei que,
de maneira geral, o comércio
não está preparado para
atender a clientes que não
conseguem enxergar a roupa
que pretendem comprar: os
vendedores não costumam dar
a necessária atenção, falta sensibilidade
para entenderem que, ainda que a pessoa
não veja, ela tem o direito de ser informada
sobre o que está adquirindo.
O trabalho de Evgen Bavcar, um fotógrafo
cego que ousou derrubar paradigmas, foi
a grande fonte de inspiração desta coleção
planejada em detalhes para permitir que
as mulheres deficientes visuais sintam-
se mais independentes, autoconfiantes e,
principalmente, conscientes de seu espaço
individual e coletivo.
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Peça com possibilidade de uso do lado avesso
Identificação em Braile
3,5cm de fita
Decote canoa
Mangas morcego
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A máquina de costura fez parte da minha infância: cresci vendo minha mãe costurar, e a opção pela moda veio como desdobramento natural. Fui proprietário de um brechó em São Paulo, e já naquela época buscava customizar as roupas e modificar looks convencionais para serem usados por pessoas deficientes. O que para muitos era visto como futilidade, para mim sempre pareceu uma frente de trabalho da maior importância.De volta ao Sul, criei um projeto de pesquisa em mobilidade do vestuário, voltado para a produção de uniformes,
que evoluiu para o segmento de roupas de moda inclusiva. O mercado era tão ávido por resultados que em pouco tempo esse segmento prevaleceu sobre
o de uniformes, transferindo a tecnologia para o
desenvolvimento de peças ao mesmo tempo práticas e glamurosas. Nesta coleção, minha
prioridade é o público cadeirante – e a inspiração
vem da torre de TV de Berlim,
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de onde nascem as linhas retas e o corte seco, justo, em calças e casacos. O tom provocativo aparece no par de tênis vintage cano alto, levemente usado, estabelecendo um diálogo com os não-cadeirantes: a abertura diferenciada demonstra que, com as devidas adaptações, nenhuma fronteira é intransponível.
Abertura na golaSistema de articulação interno coberto com plástico
Aplicação em tecido nas costas do casaco
Meu interesse pela moda inclusiva surgiu ainda nos tempos de faculdade, quando percebi que a moda poderia e deveria explorar as vertentes além do convencional. Participei então
do projeto Moda Sem Limites, em São José dos Campos (SP) e fui a terceira colocada no 4º Concurso de Moda Inclusiva, o que me proporcionou visibilidade e abriu as portas para um contato muito próximo com as pessoas com deficiência. Quanto mais me aprofundo no assunto, mais percebo o papel fundamental que a moda pode exercer sobre essaspessoas – não apenas como veículo de conveniência, proteção e conforto, mas também
como canal de comunicação. Nesse sentido, comunicar é inserir as pessoas com deficiência no universo da moda, utilizando a passarela para sensibilizar toda a cadeia têxtil e a sociedade em geral.
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Crepe
Gazar
Gazar
Decote nadador
GazarArgola no zíper
Ziper Frontal
Matelassê
MatelassêRenda com aplique de pedraria
Fita de cetim
Manta acrílica com acabameno em corino
Fita de cetim
Capuz CapuzPaetëFlores de tecido aplicado
Flores de tecido aplicado Fita de cetim
Ilhós
Os contos de fada foram o ponto de partida
do meu processo de criação. Acredito na
magia do ‘era uma vez’ como agente de
transformação capaz de envolver, superar
e valorizar as diferenças. Penso nas
crianças construindo um mundo que aceite
a diversidade naturalmente.
O tema – Docinho da Vovó – traz peças
despojadas e lúdicas, voltadas para o
público infantil, sempre em movimento
e disposto à diversão.
Desta vez o conto de fadas vem com
algo a mais e chama-se ‘A Chapeuzinho
da Cadeira de Rodas Vermelha’, unindo
conforto, praticidade e beleza em peças
que convidam para a brincadeira.
As estampas remetem aos doces (cupcakes
e biscoitos) levados pela Chapeuzinho para
sua Vovó e também apresentam o ‘Lobo
do bem’, que colabora na locomoção da
cadeira de rodas. Nesta versão da história,
nossa Chapeuzinho pode tudo!
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Zíper destacável
Zíper destacávelembutidoBolso embutido
Renda
Elástico
Pesponto
Bolso embutido
Viés de 20 mm
O pulsar da vida foi a inspiração do meu trabalho. Pensando na forma como os impulsos elétricos do coração são distribuídos pelo corpo humano, busquei utilizar o movimento dessa imagem para criar peças que valorizam a vida em todas as suas formas. Em um projeto de pesquisa desenvolvido no Instituto Benjamin Constant (RJ), tradicional instituição de ensino para deficientes visuais, pude constatar a
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importância do tato como substituto do olhar. Isso direcionou todas as etapas do meu processo criativo.Utilizei então a linguagem gráfica do eletrocardiograma, reproduzida em alto relevo, como forma de celebrar e compartilhar com as pessoas deficientes visuais os movimentos do coração em seu trabalho de bombear a vida. Uma celebração que pode ser percebida pelo tato e vivenciada com sensibilidade.
Meu trabalho existe por causa da Maísa, minha irmã, 25 anos, autista e portadora de Síndrome de Down. Com ela descobri que vestir roupas pode ser uma aventura. Por ela desenvolvi peças que respeitam e valorizam um corpo diferente dos padrões de mercado.Para a Maísa, vestir roupas significa passar a cabeça pela abertura e procurar com as mãos, ou com os pés, outros dois buracos. E só! Nada de zíperes, laços, fechos ou botões. Isso sem deixar sobrar as mangas ou cair o cós... Parece simples, mas nem sempre é.Hoje sou designer de moda, especializada em estudar a ergonomia no vestuário. Meu maior desafio foi considerar essas duas deficiências para produzir um look que atenda às necessidades específicas sem abrir mão do charme e da elegância.
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E a maior emoção é ver a alegria da minha irmã ao vestir as peças que produzo – criadas para ela, pensando em todas as Maísas deste mundo.
A estrada para chegar a este look começou com a minha tentativa de entender a deficiência e as implicações físicas e psicológicas no deficiente.
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Depois de muita pesquisa, cheguei a um artigo intitulado Mulheres e deficiência: desvantagem em dobro (DEEGAN e BROOKS, 1985). Foi então que surgiu a ideia de desenvolver um trabalho em moda que ajudasse essas mulheres a se sentirem mais sensuais, vibrantes e independentes. A coleção inspira-se nas estrelas e pontos luminosos do céu e baseia-se no pressuposto de que cada um de nós cria seu próprio universo com sua imaginação, sem julgamentos. Percorrendo toda a peça, o bordado de pérolas simboliza a ideia de um céu sempre cheio de estrelas para a pessoa que consegue conceber seu próprio universo.Criado para uma mulher deficiente de um braço, o aspecto técnico também foi considerado, permitindo que a usuária consiga vestir-se sem ajuda externa. A manga-quimono, o decote amplo e os botões especiais nas cavas estimulam a autonomia e produzem um resultado gracioso e sofisticado. O cinza em degradê representa a tomada gradativa de consciência das pessoas deficientes sobre o papel que ocupam na sociedade e a consequente redução do preconceito.
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Tudo começou quando minha amiga Stéfanie me desafiou a desenvolver algumas peças para mulheres que fazem uso de muletas, já que nem todas as roupas disponíveis no mercado se adaptam a essa situação. Era o início da faculdade de Moda, e esse novo olhar me estimulou a buscar sempre a fusão entre funcionalidade e beleza nas minhas criações.Gosto de pensar na muleta como parte e complemento do look: isso faz toda a diferença e determina a aceitação do trabalho junto a mulheres com diferentes graus de deficiência motora.Minhas peças trazem motivos delicados e alegres, em um trabalho que envolve o respeito aos detalhes e constante referência a cada um dos cinco sentidos.
Quem tem a Amazônia como terra natal não pode se queixar de falta de elementos para inspiração... A fauna e a flora, a luta incessante pela vida, o instinto de sobrevivência versus o risco da extinção fazem parte do cotidiano do povo da minha região e dão o tom das peças que apresento. Não por acaso, essa luta também é a luta das pessoas com deficiência, o que demonstra que não há fronteiras quando o assunto é inclusão.
Exuberância.
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O tema principal é a arara-vermelha grande, também conhecida como arara-verde e arara-vermelha por causa do colorido de suas penas. Outras influências vêm do artesanato amazônico – que mescla a cultura indígena com sementes de frutos, folhas, penas de aves, raízes, fibras vegetais, palhas e elementos variados que a natureza oferece e que adotei na minha criação, produzindo um resultado vibrante em que pulsa a força da vida.
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Meu projeto está voltado para atender
às necessidades de crianças com ECNE
(encefalopatia crônica não progressiva), que
não podem ser alimentadas pela boca pois a
lesão cerebral compromete a coordenação dos
músculos orais. A gastrotomia é a principal
alternativa de tratamento, e todas as peças foram
desenvolvidas para facilitar a rotina de crianças
e suas mães ou cuidadores.
O tema explora os encantos do mar e das sereias,
um universo rico de vida e movimento que tanto
agrada às meninas.
Utilizei zíperes para facilitar o vestir e
despir e abri espaço para a gastrotomia, buscando
tornar mais simples alguns procedimentos
cotidianos, sem deixar de lado o glamour a que
toda garota tem direito.
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TecidosViscolycra para a blusa e calça: 96% poliéster, 4% elastano.
Courinho para o detalhe na barriga, ombros, lateral da calça e da saia: 70% PVC, 25% poliéster e 5% poliuretano.
Tulê para a saia: 100% poliamida
Minha convivência com pessoas deficientes vem da infância, acompanhando os tratamentos do meu irmão. Conheci diversas crianças, jovens e adultos em terapias, ecoterapias, hidroterapias, em escolas especiais e na AACD – Associação de Apoio à Criança Deficiente, em São Paulo.
Essa familiaridade e o desejo de canalizar conhecimentos para promover a inclusão já nortearam o tema do meu trabalho de Conclusão de Curso, em que o foco eram as crianças deficientes, especialmente aquelas que não possuem os membros superiores – um ou ambos.A inspiração para este trabalho veio dos tatames infantis e dos origamis, elementos de estética e lazer. Busquei também selecionar materiais de baixo impacto ambiental como forma de harmonizar os universos da inclusão e da sustentabilidade.
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Você já parou para pensar em moda inclusiva?
Simples! A inclusão começa quando pensamos sobre ela. Moda e deficiência são duas palavras que normalmente não se encontram e tornaram-se um dos desafios da moda atual.
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Capuz
Capuz
Camisa manga longa
Camisa manga longa
Abertura com velcro
Abertura com velcro
Bolso externoEtiqueta
Elástico
Bolso internoBarra virada
Barra viradaBarra virada
Lateral com velcro
Lateral com velcro
Lavagem desbotadae tecido desfiado
Lateral com velcro
Fechamento com botão de metal
Como estilista e costureira profissional,
sempre busquei unir esses dois conceitos,
criando peças que pudessem oferecer
resultados não só práticos mas também
estéticos às pessoas com deficiência.
Minha proposta é uma peça masculina – já
patenteada – projetada principalmente para
pessoas que fazem uso da cadeira de rodas
ou prótese para membros inferiores.
Um sistema de aberturas estratégicas facilita
o vestir, o despir e auxilia nas questões
urológicas e sexuais – aliado a tecidos
confortáveis e de qualidade, além de fechos
facilitadores. Refletir sobre a deficiência
é alargar o olhar do processo criativo e fazer
moda para todos.
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Minha pesquisa para este trabalho teve um
momento de grande impacto, quando assisti
a uma peça de teatro com cadeirantes.
A peça se chamava ‘Noturno’ e foi fascinante
observar a leveza com que os atores se
movimentavam no palco, superando todos
os limites e fazendo brotar a inspiração.
Percebi que a moda inclusiva não precisa
de grandes revoluções, mas de pequenas
mudanças e ajustes nas peças. É isso o que
faz o diferencial. Surgiu então a coleção
‘Corpo e Movimento’, criada a partir de longas
conversas com a Denise Ferreira, que desfila
meu look neste evento.
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Abertura no decote
Bordado nos ombros
Fole para movimento
Cotoveleirascom malha
Detalhes bordadoso ombro e bolsos
Fechamento na frente
Bolsos
Joelheira
Detalhes emmatelassê
Parte de trásde malha
Contorno dos bolsos
Passantes
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Fico satisfeita em perceber que a moda pode contribuir muito para facilitar o cotidiano das pessoas com deficiência: isto sim é
inclusão.
Fui apresentada ao conceito de moda inclusiva ainda na universidade, em uma palestra do designer Mário Queiroz. Depois disso, assisti aos vídeos das edições anteriores do concurso e me apaixonei pela área.Minha mãe é formada em Filosofia e Educação Especial; dela veio o incentivo para conhecer mais o assunto, e conduzi um projeto de pesquisa na escola pública, em uma sala de aula voltada para crianças e adolescentes com deficiência visual.
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Percebi que, quando o assunto é moda, o anseio por novidades e por roupas adequadas é o mesmo – independente da deficiência.Esta peça se inspira nos mosaicos que formam lindos desenhos a partir de pequenos pedaços. O quebrar-unir-criar produz uma relação de coisas que se complementam, em um processo que leva cada um a encontrar seu caminho único. A ênfase está nas texturas e nos apoios que permitem aos usuários guardar seus pertences com facilidade.
Desde os tempos de criança convivo com pessoas com deficiência. Isso sempre foi muito natural para mim. Acredito que não existem ‘deficientes’, e sim pessoas com características e dificuldades únicas. Participar deste concurso foi uma oportunidade de crescer profissionalmente, procurando usar a moda para amenizar algumas dificuldades e levar não só funcionalidade mas também estilo.Minha inspiração veio das formas da libélula, que traz a
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mensagem de esperança e força: um inseto aparentemente frágil e enclausurado que se liberta do casulo (recortes dos shorts e abertura completa lateral). Assim como a pessoa que usa muletas para se locomover, a libélula usa as asas para contornar o desafio de lidar com suas seis pernas. Para além das asas transparentes e finas existe uma força vital intensa – com traçados sutis, formas desenhadas e inspiradoras. Essa é a mensagem que desejo passar.
O que faz de uma pessoa um herói? Serão os grandes feitos ou
as lutas menores, as pequenas vitórias, a capacidade de jamais
desistir? Para mim, o contato com as pessoas deficientes
ampliou muito essa visão de heroísmo. Hoje tenho o prazer
de conhecer uma coleção de heróis anônimos e suas famílias,
para quem levantar-se da cama e vestir-se com capricho
representam uma conquista digna dos maiores aplausos.
Por isso escolhi como tema os heróis com deficiência dos
quadrinhos e cartoons: assim como os meus heróis de carne
e osso, todos fazem o inimaginável na busca pela superação.
Os recortes e capas dos uniformes balizam a minha peça – que
não necessita de fechos, pois o elástico se molda ao corpo com
a ajuda dos recortes. Grandes e espaçados, os bolsos ficam
apenas na frente, deixando livre a parte de trás para trazer
mais conforto aos cadeirantes. Heróis de verdade devem ser
tratados com todo o respeito!
Elástico
Peça única
Costa nadadeira
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Governo do Estado de São Paulo
Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência
Linamara Rizo Battistella
Projeto Moda Inclusiva
Daniela Auler
Colaboradores
Gabriela Sanches
Ana Luiza do Amaral
Projeto Gráfico
Pop Editora
Cezar de Almeida
Roger Bassetto
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Revisão
Helena de Lima