lixiviaÇao bacteriana de minerios de ourセ@searchentmme.yang.art.br/download/1985/volume_2/381 -...

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LIXIVIAÇAO BACTERIANA DE MINERIOS DE por José Clodqpldo Silva Cassa(l) e Teresinha Rodrigues de Andrade( 2 ) Trabalho submetido ã Comissão Julgadora do XI Encontro Nacional de Tra- de Minérios e Hidrometalurgia, 23 a 25 de dezembro de Natal - RN. 1 985' (1) Professor Adjunto do Departamento de Ciência e Tecnologia dos Mate- riais - Escola Politécnica, UFBa. No momento, Pesquisador Visitan- te no Programa de Engenharfa MetalGrgica e de Materiais, COPPE/UFRJ. (2) Engenheira Quimica, Pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral. 159

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LIXIVIAÇAO BACTERIANA DE MINERIOS DE ourセ@

por

José Clodqpldo Silva Cassa(l)

e

Teresinha Rodrigues de Andrade( 2 )

Trabalho submetido ã Comissão Julgadora do XI Encontro Nacional de Tra-

エ。セ・ョエッ@ de Minérios e Hidrometalurgia, 23 a 25 de dezembro de Natal - RN.

1 985'

(1) Professor Adjunto do Departamento de Ciência e Tecnologia dos Mate­riais - Escola Politécnica, UFBa. No momento, Pesquisador Visitan­te no Programa de Engenharfa MetalGrgica e de Materiais, COPPE/UFRJ.

(2) Engenheira Quimica, Pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral.

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LIXIVIAÇAG BACTERIANA DE MINERIOS DE OURO ( l)

por

José Clodoaldo Silva Cassa ( UFBa e COPPE I UFRJ )( 2J

e

Terezinha Rodrigues de Andrade (CETEM)( 3 )

RESUMO

O interesse na aplicação da lixiviação bacteriana em minéri os de ouro ê bastante recente e a literatura disponivel é escassa e de difi cil acesso (trabalhos russos principalmente). -

O objetivo deste trabalho é 。ーイ・ウ・ョセ。イ@ o estado da arte da lixiviação bacteriana, visando fornecer subsidias desta ãrea no Brasil.

A lixiviação bacteriana de minérios de ouro pode ser viãvel através de duas rotas principais. Uma usando microorganismos co mo Thio­bacillus ferroo xidans, que é adequada para minérios onde o ouro ocorre assoc1ado com p1r1ta e/ou arsenopirita. Outra, de li xiviação direta do ouro disseminado, usando aminoácidos produzidos por bactérias do gênero Pseudomonas e Bacillus. As perspectivas de aplicação industrial da lixi­Vlaçao bacteriana a m1nerios refratãrios são bastante promis so ras; entre tanto, os estudos referentes ã li xiviação direta do minério ainda se ・ョセ@ce ntram em fase preliminar.

Outra possível aplicação da Biotecnologia no processamentode minérios de ouro ê a concentração deste metal em ヲオョセッウ@ do tipo Aspergil 'us oryzae , como alternativa aos processos de adsorçao em carvão at1vado oü cementação com zinco.

ABSTRACT

The interest in the application of bacterial leaching of gold ore s is recent. The published information is scarce and the ac cess not so easy (Russian papers mainly).

The aiming of this paper is to des cribe the state of art of ba.c terial lea ching of gold ores, in arder to provide basic know l edge for those who are interested in this area in Brazil.

The application of bacterial leaching of gold ores can be viable using the following routes. First, using microorganism as Thio ­bacillus ferrooxidans , which is adequated for ores where gold is---­asso c1afêo-w1t h sul f1des (pyrite, arsenopyrite, etc). Second, thc dire ct l eachin g of go ld using aminoacids produced by bacteria like Pseudomonas and Sac illus. The perspectives of industrial apolication of bacter1al leac.o-rng .. OT-·refractory gold ores are very promising; meanwhile, the studies in direct leaching are still in the preliminary steps.

Other possible appl ication of Biotechnology in the process ing c f gold ores is the conce ntrat ion of this metal using fungi (Aspergillus oryzae, i.e.), as an a lte rnative t o the conventio nal processes { adsorpffin in activated carbon or zinc cementation).

(1) Trabalho apresentado no XI Encontro Nacional de Tratamento de Mine­rios e Hidrometalurgia, 23 a 25 de outubro de 1985, Natal, RN.

(2) Professor Adjunto do Departamento de Ciência e Tecnologia dos Mat e -riais - Escola Politêcnica/UFBa. No momento, Pes quisador Visitante no Programa de Engenh aria Met a lúrgica e de Materiais, COPPE / UFRJ.

(3) Engenheira Quimica,Pes qu isad ora do Centro de 7ec no1og ia Minera ! .

160

INTRODUÇAO

As principais motivações para a pesq uisa de pro cessos オ ウ 。セ@

do lixiviação bacteriane são: desenvolvimento de tecnologia para permitir a recuperação de metais de depõsitos marginais e/ou rejei t as, quando os métodos usuai s não são econõmicos; desenvolvimento de tecnologia visando aumentar a recueera ção dos me­tais contidos em minérios de baixo teor ou de mineraçao difícil; desenvolvimento de tecnologia visando a recuperação de metais de.miné rios refratârios ao tratamento convencional; desenvolvimento de processos que mi.nimizem a ーッャオゥセッ@ do meio ambien­te.

A lixiviação rror bactérias (L .B .) de sul fetos de cobre ê u­tilizada industrialmente nos Estados Unidos desde 1900 , embora o papel das bactérias sõ tenha sido esclarecido hâ algumas décadas. Cerca de 10% do cobre produzido nos EUA utiliza a L.B .. Embor a seja um processo que exija baixo investimento inicial e pequeno custo operacional, tem como desvantagem um longo tempo de lixiviação. Ape sar deste inconveni­ente, a L.B. tem sido usada em outros países,princiealmente para re cupe rar cobre e urânio . Outras aplicações se extendem a li xi viação de ウオャセ@fetos de niquel, cobalto, zinco, chumbo, e tc. (1)

Embora o panorama econômico para o ouro seja bastante favo­rãvel quando comparado com o restante da industria mineral , o interesse em novas tecnologias não é, por isto, menos importante. A apl icação da L.B. em minérios de ouro é bastante recente e possivelmente, levada pe­lo sucesso da palavra "BIOTECNOLOGIA" . Biotecnologia parece ser uma das palavras mágicas da nova revolução tecnológica e, aparentemente, os minérios de ouro estão incluídos neste contexto de passiveis aplicações.

As potencialidades da L.B . são analisadas na literatura (2, 1 o ) .

O objetivo deste trabalho é apresentar o estado da arte da L. B. em relaÇão aos · minérios de ouro, visando fornecer subsídios bá s icos aos interessados no desenvolvimento desta área no Brasil.

Naturalmente que a diversidade de tipos de minérios de ouro não comporta o mesmo tratamento. Os principais minérios e respe ctivos tratamentos convencionais são apresentados na Tabela I .

Tabela I - Tipos de minérios de outro e tratamento convencio­nal (11, 13)

Tipo

1- Ouro livre

2- Ouro com sulfetos セ・@ Ferro

3- Ouro com minerais de Arsé-nio e/ou Antimônio

4- Ouro em 1 Üri o

associação com Te-

5- Ouro com minerais de Cobre

6- Ouro com minerais de Chumbo e Zinco

7- Minério carbonãceo

Tratamento Convencional

Separação por métodos gravimétricos, cianetação. Flotação, ustulação, fusão, calcina­ção, c i anetaç ão . Flotação, ustulação, ャ。セ。ァ・ュL@ ciane­tação. Flotação, ust ulação ou oxidação quí­mica, cianetação. Fusão e eletro-refino para o cobre , recuperação do ouro na lama anõdica. Flotação, eletr.o-recuperação do zin­co, cia netação do resíduo da flotação Oxidação, flotação, tratamento antes da cianetação.

A L.B . , em geral, não se aplica aos minérios dos tipos 5 e 6 da Tabela I; entretanto, o uso da t. .B. pa ra a イ・」オセ・イ。 ̄ッ@ des te metal セュ N ヲャGゥョ↑イゥッウ@onde o ouro estã associado com baixos teores de sul fetos de co bre poderã ser conveniente . Os minérios dos tipos 2,3,4 e 7 normalmente usam a c i ane-

16!

tação para a colubilização do ouro. Em alguns casos este tratamento não e eficiente e u,. pré-tratamento ê ,1ustificâvel. Para minérios dos ti -pos 2 e 3, refratãrios ã cianetação, a lixiviação utilizando a bactéria tィゥッセ。」ゥャャオウ@ ferrooxidans tem mostrado resultados promissores do ponto de v1sta tecn1co e economico. Existem ainda algumas referências de a­plicação de l.B. a minérios do tipo 7 (14 , 15) e nenhuma referência foi encontrada para minérios do tipo 4. Para minérios do tipo 1, cogita-se na aplicação da lixiviação direta do ouro, em condições completamentedi ferenciadas. -

O enfoque principal deste trabalho ê na aplicação de preces sos usando microorganismos, especialmente para minérios de ouro refratã rios ã cianetação e na lixiviação direta de ouro livre. -

1 - TRATAMENTO DOS MINERIOS refratセrios@

Alguns minérios contendo sulfetos, quando submetidos ao pro cesso de cianetação, permitem a solubilização de praticamente todo o oi ro•contido (-98%). Outros minérios de ouro, entretanto, permitem 。イ・セ@cuperação de apenas 30% ou menos deste metal. Nestes, chamados de mine rios refratãrios, os grãos de ouro disseminados na rocha matriz se en セ@centram envolvidos ou retidos eor sulfetos como pirita ou arsenopirita ( 11 ), portanto, inacessiveis a solução de cianeto, mesmo com uma moa -gem fina. Para este minérios, o tratamento usual consiste na ustulação do concentrado da flotação e cianetação direta do produto calcinado. A aplicação deste procedimento pode resultar em recuperações de atê 86% do ouro ( 16). As desvantagens principais desta alternativa estão na necessidade do tratamento dos gases de saida da ustulação, que contêm so 2 e arsênto (se o minério contêm arsenopirita) e em um maior consumo de cianeto ( 17). O custo de produção de ouro a partir de minêrios re­fratãrios pode variar bastante em função da alternativa escolhida para o processamento ( 18) . Uma alternativa que tem merecido grande atenção é a lixiviação bacteriana dos sulfetos, como técnica de prê-tratamento para a liberação do grão de ouro para a cianetação posterior (18 , 19 , 20) .

A ação de bactérias como Thiobacillus ferrooxidans para a lixiviação de sulfetos em geral,estã bem documentada na llferatura (2 , 21 ) . A técnica de lixiviação de sulfetos de cobre de baixo teor, jã

ê consagrada industrialmente ( 22,23 ) . A l.B. ê sugerida também para concentrados ( 24 セU@ ), bem como para a remoção seletiva de metais con­taminantes ( 26, 27) como etapa (?rêvia do tratamento convencional des -tes minérios. A liberação de uranio contido em piritas (19 ), serviude ponto de referencia para aplicação da lixiviação com T. ferrooxidans co mo etapa de pré-tratamento do processamento de ouro cont1do em mlnerio­piritico. Os resultados experimentais demonstraram a viabilidade desta técnica ( 19) com a recuperação de ouro de cerca de 81 %, bem super i o r ã quela de 24%, obtida no processo de cianetação direta do concentrado{sem oxidação previa). A セ ァオイ。@ I apresenta o fluxograma simplificado do processo estudado.

Dentre os estudos de l.B. aplicada a minérios de ouro, des­tacam-se os realizados na セヲイゥ」。@ do Sul em planta piloto continua, usan do um minério contendo pirita e arsenopirita (18 ), que demonstraram a viabilidade técnica e econômica do processo,quando comparado com o tra­tamento usual de ustulação do concentrado. A anãlise econômica do pro­cesso indicou que, embora o custo de operação usando o pré-tratamento com l.B. seja maior do que o custo de operação com a ustulação, o inves timento fixo necessãrio na alternativa envolvendo L.B. foi o menor en セ@tre todas as rotas consideradas. Considerando que as recuperações do ouro foram da mesma grandeza nos processos considerados, a rentabilida­de do processo com bactérias poderã ser bastante favorável, a depender do custo financeiro de implantação do projeto. O processo te s tado, en­tretanto, necessita de desenvolvimentos tecnológicos adicionais, tais como :

melhoramento de uma linhagem de bactérias capazes de cre s cimento rã pi do em meio contendo arsénio; -formação de um minimo de jarosita, que ê consumidora de cianeto no processo;

162

MIU:RIO

OU.RO

I I _______ j

rャセeito@

--, I

t COIICENTRADO

DE OURO

SOLUÇÃO セMMMMMMMMMMMMMMセ@ RECICLADA

REMOÇÃO DO fERRO t/ .. RECUPERAÇÃO DE

METAIS

...., _____________ CAL

Figura 1 - Fluxograma simplificado para a recupera.ção de ouro a partir

de minêrios ウオセヲ・エ。、ッウ@ (pfrita/arsenopirita/calcopirita/etc .

163

otimizaçio nos equipamentos, visando a minimizar a energia consumida para oxigena r a solução .

Outros trabalhos desenvolvidos na URSS ( 4 ,28 ), indlcdm que a oxidação de sulfetos usando T. ferroo xidans possibilitou um au­mento na recuperação do ouro de ate tres vezes, quando comparado c om os processos usuais de cianetação direta do concentrado.

A anâltse econômica (20) para minérios com recuperações de ouro variando de 10-100% e em função das rotas escolhidas (pré-tratamen to com lixiviação por bactérias x ustulação) e tempo de amortização dÕ capital, mostrou que a llxiviação por bactérias serã a alternativa de maior rentabilidade quando a recuperação por cianetação direta for in ­ferior a 50 %. Embora esta anãlise possa sofrer alterações em função do tipo de mi nério e dos custos de reagentes, energia, etc, os resulta dos Indicam que, quanto mais refratãrto for o minér i o, maior serã ã vantagem do processo usando L.B . .

As principaii reações do processo de lixiviação por bacté­rias de minérios de ouro contidos em pirita/arsenopirita ( 18) são :

4 FeAss· + 13 O + セ@ H O Bactéria 4 H AsO + 4 FeSO -- 2 セ@ 2 3 4 4

4 FeS2 + 7 02 + 2 H20

4 FeS04 + 02 + 2 H2so4

Bactéria

Bactéria 2 FeS0

4 + 2 H·2So

4

2 Fe2(S04

) + 2 H20

2 セ@ + Fe2(so4)3 + 6 02 + 4 H2o セ@ 2 H3As04 + 4 FeS04 + H2so4

2 H3As04 + Fe2(S04)3 セ@ 2 FeAs04 + 3 H2so4

Fes2 + Fe2(so4)3 -- 3 Feso4 + 2 セッ@

0 Bactéria

2 セ@ + 2 H20 + 3 02 2 H2so4

Fe{S04)3 + 6 H20 - 2 セ]ャセセIj@ + 3 H2so4

セ S@ + H2so4 - Fe(OH){S04) + 2 H20

Na presença de nhセ@ , K+ e Na+, e em pH superior a 2 . 7, hã formação de jarosita:

3 Fe 2(S0 4) 3 + 2 NaOH + 10 H20 セ@ 2 NaFe 3(s0 4) 2{0H)§+ 5 H2o

Então, se o ouro estã retido na estrutura cristalina da pl­rita ou arsenopirita, a ação das bactér i as oxidando estes minerais per­mitirá a recuperação deste metal, em uma etapa posterior, por solubili­zação com c i aneto.

O mecanismo de ação das bactérias ainda não estã bem elu c i ­dado. Entretanto, dois mecanismos são aceito s : no primeiro , oco rre um ataque direto ã superf1cie mineral, quando as bactér i as, atravé s do sis tema enzimático, oxidam especificamente a parte sulfetada do minêri o; nõ segundo, envolvendo o ciclo f・RKMセ・SK@ , as bactérias oxidam o Fe s o4 a Fe 2(so 4)3 , formando com o H2so 4 ,um li cor li xiviante bastante eficaz .

Até o presente, os estudos têm sido realizados com ba c térias adaptadas selecionadas do prôprio minério ( 18 , 19, 29 ). Apesar do T. ferrooxidans ser a bactéria mais usada e estudada, outras bactérias Cõ mo Sulfolobus acidocaldarius e Sulfolobus brierleyi poderiam tambêi ser uti llzadas eara 11X1Vlar os sul fetos . Como os Ihiobacilli. estes mi croorganismos sao autotrÕficos, isto é, eles usam COz do ar como fonte de carbono e geram suas energias a partir da oxidação de material orgâ­nico, além de, obviamente, oxidar os sulfetos.

164

A vantagem principal do uso de bactérias do tipo Sulfolobus (30) seria a possibilidade de se trabalhar em temperaturas ma1s eleva­das (50 a sooc), ao cont,iri8 dos Thiobacifli que apres•ntam bbns re­sultados na faixa de 25 a 35 C; ass1m, ·as pr1meiras produziriam taxas セ・@ reação mais elevadas. Entretanto, os estudos envolvendo as bactérias do género Sulfolobus ainda se encontram em"fase preliminar.

2 - lixiviaᅦセo@ DIRETA DO OURO Poucos agentes oxidantes, como cianeto ou cloreto, poss6em

um potencial de oxidação suficiente para complexar ouro, conforme pode ser verificado pela Tabela II. Assim, se um microorganismo vai ser uti lizado para dissolver eite metal, um agente complexante deve estar pre= sente na solução lixiviante e o microorganismo poderia agir como catali sador, ou alternativamente. este agente complexante deveria ser produzT do pelo microorganismo. -

Tabela II - Potencial de oxidação de algumas reações de disso­lução do ouro (31 )

Ion

Au+ Au 3+

Au(CN)z AuCl;j aオHs R ッ S Iセ@Au(SCNJ2 Au [CS(NH 2 ) 2J;

Potencial de oxidação padrão, volts

-1.71

-1.49

0.69 -1 .002 -0.153

-0.662 -0.380

Os エイ。「セャィッウ@ pioneiros de Pares (32 ,31 ) mostraram que uma variedade de bactérias apresentaram capacidade para a dissolução de ou­ro . Diversos tipos de bactérias heterotrÕficas, extraídas do minêriode ouro de !ti (llfrica )e da ãgua desta mina, foram capazes de dissolver ou­ro em põe em minérios. Entretanto, verificou-se que estes microorga -nismos tendem a sofrer mutações quando não preservados adequadamente.No caso de minérios, observou-se que a capacidade de solubilização é fun -ção do tipo e granulometria deste minério, da cepa, da composição do meio de crescimento e do pH deste meio. Os resultados, resumidos na Tabela III, mostram que as taxas de lixiviação foram baixas (82% de ex­tração セュ@ 293 dias) e as concentrações obtidas foram menores guelO mg/l. As bacterias do エゥーッtィセッ「。」ゥャャオウ@ foram inativas na dissoluçao direta do ouro.

Korobushkina et ali i ( 28) em um excelente trabalho de revi são dos progressos na União Soviética, na ãrea de lixiviação direta de ouro, mostraram a presença de grande número de bactérias, principalmen­te dos géneros Bacillus e Pseudomonas, nos minerais e nas águas da mi­na. Estas bactér1as heterotrof1cas produzem certos aminoácidos que se­riam responsáveis pela solubilização do ouro. Foram identificados os seguintes aminoácidos: histidina, serina, aspãrtico, glicina, alanina e asparagina.

A formação do complexo 。ュゥョッ ̄」ゥ、ッOッオセッN@ assim como a disso­lução, ê uma função do pH. Os principais resultados são apresentados na Tabela IV. A capacidade. de dissolução do ouro ê diferente para cada tipo de microorganismo. Os mais ativos foram: Bacillus ュ・セ。エ・イゥオュL@ B. mesentericus e Pseudomonas liquefaciens. Fungos e act1nom1cetos mostrã ram pouca atividade na d1ssoluçao do ouro. Estes resultados demonstram claramente que bactérias heterotrõficas podem dissolver ouro livre.

165

Tabela III - Resumo dos resultados dos trabalhos desen­volvidos por Pares (32- 37 )

Microorganismo

Agrobacterium tumefaciens

Bacillus circullans, セN@ セオᆳ

m1 I l1s, B. cereus, B.-rTCne­nrrõrmis, B. subtil1s, B. セ@ャセクセL@ B. megater1um, Pseu-aomonas fluorescens ----

Bactéria nitrificante autotró fica

Condições e resultados

26-28°C, 400 ml de nutriente contendo 150 9 de minêrio;so lubilização l - l ,5 mg/l -800 ml de nutriente contendo 250 9 de minério, 26.280C, 82% de extração após 293 dias, so­lubilização: lO mg/l

400 ml de ョオエイゥ・ョエセ@ contengo 20 m9 de ouro em po, 26-28 C, solubilização: 0,1-2 mgjl

Tabela IV - Dissolução de ouro com diferentes microorganis­mos ( 28 )

Bactéria Ouro dissolvido (mg/l)

80 dias 110 dias 140 dias

Sarcina flava o. 12 o. 21 o. 21 Bacillus megaterium 1 . 21 2. l 5 2. 15 Bacillus mesentericus niger o. 17 o. 31 1 . 3 5 Baci 11 us so.l i ta ri um 0.06 0.08 0.24 Bacillus nitrificans 0.20 0.22 0 . 47 Pseudomonas liguefaciens 1. 62 n .d . n .d.

Controle o o n .d.

A Figura 2 apresenta o fluxograma simplificado de um proces so idealizado para a lixiviação de minério de ouro (38). -

Os resultados dos demais trabalhos desenvolvidos na URSS(39-42) mostram que o desenvolvimento do processo de lixiviação direta ain­da se encontra nas etapas preliminares; entretanto, o esforço é notãvel na ãrea de geoguimica, visando,obviamente, a prospecção e estudo da gê­nese de formaçao dos depósitos de ouro.

3 - recuperaᅦセo@ DO OURO DISSOLVIDO POR MICROORGANISMOS Para a recuperação do outro dissolvido em soluções,cada vez

mais se usa o processo de carvão ativado. A tendência ao uso da cemen­tação com zinco ê cada vez menor. A reação de dessorção do ouro no carvão ativado não e completamente reversivel セ@ este deve ser regenera­do de tempo em tempo, ou ser queimado para extrair o ouro adsorv1do.

O processo poderia eventualmente ser substituido pela absor ção do ouro em microorganismos, que seriam posteriormente calcinados pã ra recuperação do metal. -

Trabalhos desenvolvidos na URSS (43 ,44 ) mostraram que fun 90s 、セ@ tipo aウセ・イァゥャャオウ@ ッイセコ。・@ podem absorver quantidades de ouro di soluçoes colo1 a1s de lo-1 vezes maiores em relação ao 」セイカ ̄ッ@ ativado. A capacidade da biomassa absorver ouro provavelmente se deve ãs intera-

166

-0'1 -J

NUTRIUTES

PRODUÇÃO DE AIIIINO-ÁCIDOS USANDO BACTÉRIAS

SEPARAÇÃO S/L e/OU

EVENTUAL CONCEIITRAÇ10 DOS AIIIIO- ÁCIDOS

REJEITO

IIIIIIÉRIO

OURO

I I _______ j

REJEITO

REJEITO

f

• CONCUTIA DO DE OUIO

Figura.2- Fluxograma simplificado para a recuperação do ouro usando lixiviação direta do miner10

ções eletrostãticas entre as part1culas do colÕide e as moleculas de prote1na. A biomassa de fungos deveria ser produzida em um meio de cultura e adicionada ã solução que contêm ouro. Entretanto, a absor -ção de ouro de soluções de cianeto, usando fungos, ainda não foi demonstrada.

4 - CONCLUSIJES

As perspectivas de aplicação industrial da lixiviação bac­teriana com Thiobacillus ferrooxidans para o tratamento de minérios re fratãrios contendo p1r1ta, arsenop1r1ta ou outros sulfetos,como 」。ャ」ッセ@pirita, são bastante promissoras, a curto/medio prazo. A adaptaçãu de bactérias ãs soluções contendo arsênio jã foi demonstrada.

Os estudos referentes ã lixiviação direta do ouro ainda se encontram em fase preliminar. Para que este processo venha a ter apli cação industrial, serã necessãrio isolar ou desenvolver microorganis セ@mos que, combinados com substratos e complexantes, desenvolvam taxas de reação que possam competir com o processo de cianetação. A polui ção ambiental provocada pelo processo de cianetação é uma boa razão pa ra a pesquisa de processo alternativo. -

A concentraçio de ouro em microorganismos, entretanto, ne­cessita de considerãvel trabalho de pesquisa fundamental para a identi ficação de microorganismos adequados ao 、・ウ・ョカッャカゥセ・ョエッ@ deste ーイッ」・ウウセN@

J.C. Cassa I T. R. Andrade

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