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Portfólio Profissional

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Page 1: Maike Vanni  |  MkVnn®

portfolioMaike Vanni | MkVnn

Page 2: Maike Vanni  |  MkVnn®

ferramentas de produtividade

Page 3: Maike Vanni  |  MkVnn®

perfil profissional

Criação de capas e projetos gráficos de livros, revistas, jornais

Diagramação de livros, revistas, jornais e demais impressos [ com Adobe InDesign CC ]

Publicações digitais (e-books) em formato PDF, ePub e MOBI [ com Adobe InDesign CC + Sigil/Calibre ]

Tratamento/edição de imagens [ com Adobe Photoshop CC ]

Artes gráficas em geral [ com Adobe InDesign CC | Adobe Photoshop CC | Adobe Illustrator CC ]

Conhecimento das Normas da ABNT em vigência

Maike Luís de Almeida Vanni(65) 8115 1949

[email protected]

br.linkedin.com/in/maikevanni

Cuiabá | MT | Brasil

Ensino FundamentalEscola “Plácido de Castro” [ 1998 ]

Ensino MédioEscola “Plácido de Castro” [ 2001 ]

Ensino SuperiorComunicação Social – Publicidade & Propaganda

Centro Universitário Unirondon [ 2006 ]

Adobe InDesign CC

Adobe Photoshop CC

Adobe Illustrator CC

Adobe Acrobat Pro

Corel DRAW X5

Microsoft WORD

Microsoft EXCEL

Microsoft POWER POINT

Sigil / Calibre [ ePub ]

Plataformas MAC (OS X El Capitan) e PC (Windows 8)

Designer Gráfico e Digital | Diagramação | Edição de Imagens | CapistaEntrelinhas Editora24/02/2002 a [atualmente]

Digitação | Diagramação | Normalização ABNTDigiArt

PageMaker 7, CorelDraw, PhotoPainter e InternetNEAD - Núcleo de Ensino à Distância

Diamantino-MT [ 2002 ]

PhotoShop CS3 (Dicas & Truques), ministrado por Alexandre Keese

Desktop / Grupo Photopro Cuiabá-MT [ 2008 ]

Publicação Digital: e-Books com Adobe InDesign CS5 (for iPad, Kindle…)

WOC – Adobe Solutions Provider São Paulo [ 2011 ]

Fotografia BásicaJosé Medeiros Imagem

Cuiabá [ 2011 ]

Produzir eBooks no formato ePubSimplíssimo Livros & Udemy

On-line [ 2013 ]

FORMAÇÃO EDUCACIONAL

APRESENTAÇÃO

PRINCIPAIS CURSOS & TREINAMENTOS

FERRAMENTAS DE PRODUTIVIDADE

EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS

ESPECIALIDADES

Page 4: Maike Vanni  |  MkVnn®

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Acrobat ProAcrobat Pro

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“A moda passa, o estilo é eterno.”

— Yves Saint Laurent

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A festa

Território de encontros, de comemoração, de emoções positivas. A festa de aniver-sário de Fernando Baracat se consagrou como espaço democrático em que as mais diferentes vertentes ideológicas convivem harmonicamente. Ao celebrar 55 anos Fernando imprimiu nova identidade para o evento, transformando-o em uma vitrine de tendências e cenário de lançamentos, de elegância e sofisticação. Para tanto convidou a executiva Silvia Neves Malouf e a arquiteta Karla Krause Bona para a curadoria, delineando um conceito diferenciado.

Desta vez o ambiente escolhido foi o hotel Business Prime, cuja área social foi distri-buída em cenas distintas em projeto traçado por Karla Krause para que cada espa-ço recebesse a concepção decorativa de profissionais renomados no segmento de eventos em Mato Grosso. Assim, Anna Carolina Coelho, Bruno Faust, Marcos Correa e Ramon Puhl caracterizam a festa, inserindo adornos, flores, mobiliários, revelando talento e autenticidade. Para compor a cena, objetos de luxo, acervos particulares e peças de moda reafirmam Cuiabá como palco de elegância.

A festa é uma celebração de alegria, exaltação coletiva em que todos são sujeitos e atores. Não existem espectadores. Todos são protagonistas. Homens de destaque da sociedade se posicionam como patronos do aniversário. São amigos e parceiros de trabalho, personalidades admiráveis. Muitos deles indicaram madrinhas, mulhe-res conceituadas, para que compartilhassem o evento com o anfitrião.

Como a elegância é a condutora desta festa e este conceito brota de sua essência, inspiram o evento três mulheres que são impulsionadas pelo amor ao próximo e se pautam por ações de solidariedade em seu cotidiano: a primeira-dama de Cuiabá Virgínia Mendes e a sua dedicação aos projetos sociais da capital; a empresária Luci-mar Sacre de Campos, esposa do político Jaime Campos, que juntos materializaram o Instituto Jaiminho para a formação cidadã de adolescentes; e a presidente de hon-ra da Sala da Mulher da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Maria Tereza Maluf, comprometida com os anseios da mulher mato-grossense.

5.5 de Fernando Baracat traz também a alta gastronomia nas iguarias apresentadas, a doçura em delicadas sobremesas, e bebidas com o rigor da excelência. Cores, lu-minosidade, poesia, arte, musicalidade. Eis os elementos que fazem esta noite me-morável.

65 3627.1626www.serataconvites.com.br 31

Maria Tereza Maluf

A prática do respeito ao ser humano é um dos valores pri-mordiais para a médica Maria Tereza Maluf, atualmente presidente de honra da Sala da Mulher da Assembleia Le-gislativa de Mato Grosso. Paulista, está em Cuiabá há 24 anos, onde construiu sua família ao lado do marido Gui-lherme Maluf, e dos filhos Maira, José Guilherme e José Fer-nando. Por estas terras solidificou sentimento de gratidão e carinho.

Com uma visão solidária segue com os projetos já existen-tes nas gestões passadas da Sala da Mulher, especialmente o “Promotoras Legais Populares”, cujo objetivo é orientar mulheres para que se tornem agentes multiplicadores no combate à violência e discriminação, facilitando o alcance aos seus direitos.

No segmento de Assistência Social Maria Tereza destaca o apoio da Sala da Mulher às várias instituições, por meio das doações obtidas atra-vés da venda e troca de ingressos dos espetáculos realizados no Teatro do Cerrado Zulmira Canavarros. Mas o olhar é mais amplo. Com o objetivo de atender os muni-cípios do Estado, lidera a fase de elaboração de um macro projeto visando a capaci-tação de gestores municipais ligados às políticas públicas sociais.

A ideia é manter a Sala da Mulher de portas abertas para as vozes femininas do Estado, acompanhando as ações e trabalhando para encontrar soluções diante das inúmeras solicitações que a casa recebe diariamente.

Maria Tereza estudou medicina em São Paulo e decidiu pela Dermatologia, refe-rência em atuação na área em Mato Grosso. Concilia com muita responsabilidade a agenda que inclui consultório, família, academia e Assembleia Legislativa. Para ela, o planejamento e a disciplina são essenciais para uma vida em harmonia.

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Fabiano Prates

Jovem empreendedor, Fabiano Prates é cuiabano, pecuarista e hoteleiro. Bacharel em Direito, é referência em competência nos projetos que assume. Proprietário

do hotel Business Prime e Skala Traveling Hotel, em Cuiabá, planeja inaugurar sua própria rede de hotéis.

Entusiasta do meio ambiente, cultiva eucaliptos amparado pelos conceitos da silvicultura, para a manutenção,

aproveitamento e uso racional das florestas.

O olhar apurado para as artes lhe rendeu convite para atuar como Secretário do Estado de Cultura de Mato Grosso,

e tem entre seus hobbys locução de rodeios e shows, o que lhe garante lugar entre os mais disputados nomes

para grandes eventos do agronegócio no Centro Oeste.

Edyllon Atanázio

Pincéis, cores, madeixas. A beleza nos fios e na pele inspiraram o maquiador e cabeleireiro Edyllon Atanázio

a mergulhar na profissão, realçando o que existe de mais belo na mulher. Mato-grossense de Jaciara, desde

muito cedo Edyllon já exibia seu talento natural ao preparar as colegas de escola para as apresentações.

Há 20 anos crochetou seu talento ao mercado da beleza, dedicando-se à profissão. Tudo começou com editorias de moda na cidade maravilhosa. Em Cuiabá,

assina make e hair de misses, artistas e mulheres renomadas da sociedade. Se apropriou do conhecimento

oriundo dos cursos e do dom natural para imprimir sua marca como referência no segmento da beleza.

“Luxo é fazer aquilo que você pode, sem ultrapassar limites que ferem o outro.”

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Gio Ascker

Moda e suas nuances conduziram seu caminho profissional. Produtor de moda, scouter de modelos, o sul mato-grossense Gio Ascker está há 20 anos em Cuiabá. Neste período aprimorou em São Paulo os seus conhecimentos sobre a moda e estreitou os contatos com agências renomadas no país.

Na bagagem, dezenas de seletivas de modelos identificando talentos, inserindo-os no mercado da beleza, e assinando casting para trabalhos em publicidade. A desenvoltura para o segmento da moda refletiu na área de eventos, levando-o a também atuar com organização de inaugurações, lançamentos de coleções, show-room. O carisma e dedicação com que abraça um projeto lhe rendem sucesso e reconhecimento.

“Luxo é ter postura apropriada para todas as ocasiões.”

Fernando Pael

O produtor cultural Fernando Pael tem uma história de sucesso em Lucas do Rio Verde. Seu compromisso com a arte e o desenvolvimento humano o motivou a seguir carreira política, alcançando o título de vereador no município. Fernando também foi secretário de cultura do município e presidente fundador da ONG Flor do Cerrado.

Cuiabano, Pael é entusiasta da cultura de Mato Grosso, bailarino, coreógrafo, com formação em dança clássica pela aclamada Royal (academia de Dança de Londres). A comunicação também é uma de suas paixões. É colunista social, radialista, e apresentador do programa Podre de Chique, exibido aos sábados pela manhã no SBT de Lucas do Rio Verde.

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Projeto Gráfico | Diagramação | Capa

22,5 x 27,5 cm | 72 p. | 2015

Fernando Baracat

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Uma cooperativa a serviço dos agricultores

Uma das finalidades da Comdeagro – criada em novembro de 2009 por associados da Ampa – é colocar as tecnologias desenvolvidas pelo

IMAmt e por seus parceiros à disposição dos agricultores com mais agili-dade e menor custo.

A cooperativa cuida da produção, processamento, importação, exporta-ção e comercialização de sementes e mudas. A venda em comum da produ-ção do agronegócio dos seus associados nos mercados nacional e interna-cional, e a preparação de novas áreas para o desenvolvimento e ampliação das atividades de seus associados são outras atribuições da Comdeagro.

Em 2013, a Comdeagro inaugurou a unidade de deslintamento e uma estrutura para armazenamento de sementes comercializadas pelo IMAmt e de máquinas agrícolas – e outros equipamentos importados da China – numa área própria, de 22,6 hectares, em Primavera do Leste. Com ações como essa, a cooperativa vem procurando contribuir para garantir a via-bilidade econômica do agronegócio em Mato Grosso.

Milton GarbugioPresidente da Comdeagro

Comdeagro | Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio

A Comdeagro inaugurou a unidade

de deslintamento e uma estrutura para

armazenamento de sementes

comercializadas pelo IMAmt e de máquinas

agrícolas – e outros equipamentos importados da China – numa

área própria, em Primavera do Leste.

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Fazenda Mãe MargaridaVanguarda Agro S.A.

Vencedora na categoria Educação com o projeto “Vanguarda Ensina: Creche

para os Filhos dos Colaboradores” e finalista na categoria Saúde com o projeto

“Qualidade de Vida dos Colaboradores”.

A preocupação em melhorar a qualidade de vida dos colaboradores da fazenda Mãe Margarida, em Santa Rita do Trivelato – uma das unidades da Vanguarda Agro – originou o projeto Vanguarda Ensina: Creche para os Filhos dos Colaboradores. Implantado em abril de 2012, o projeto man-tém as colaboradoras perto de seus filhos e evita a ansiedade comum em muitas mães após o fim da licença-maternidade, gerando tranquilidade para toda a família. Segundo os responsáveis, os resultados dessa prática se refletem na redução da rotatividade das colaboradoras e no aumento da produtividade.

A fazenda Mãe Margarida fornece frutas e alimentos

para as refeições das crianças que

frequentam a creche

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A Mãe Margarida oferece a creche sem custo para os colaboradores e fornece frutas e alimentos para as refeições das crianças (café da manhã, almoço, lanche e jantar) por meio da cantina da fazenda. As mães se revezam no fornecimento de alimentos considerados supérfluos como iogurte e bolachas. A creche recebe brinquedos, DVDs infantis e desenhos para colorir da Vanguarda Agro. A estrutura da creche inclui banhei-ros adaptados para evitar acidentes e um parquinho na área externa.

A fazenda também foi finalista do prêmio Semean-do o Bem na categoria Saúde com projeto Qualidade de Vida dos Colaboradores, responsável pela criação de uma academia ao ar livre, visando proporcionar aos trabalhadores e seus familiares a oportu-nidade de melhorar o condicionamento físico e a saúde em geral.

A creche recebe brinquedos, DVDs infantis e desenhos para colorir da Vanguarda Agro

Os filhos dos colaboradores da fazenda Mãe Margarida se divertem no playground

Os brinquedos educativos ajudam no desenvolvimento das crianças que são estimuladas a brincar juntas

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Fazenda MutumGrupo Mutum Agrícola Ltda

Vencedora na categoria Cultura com o projeto “Orquestra Sinfônica Jovem

de Nova Mutum (OSJNM)”.

A Orquestra Sinfônica de Nova Mutum (OSJNM) é mais uma prova de que um sonho pode se tornar realidade quando sonhado por várias pessoas. Essa história começa com o sonho de Hilda Strenger Ribeiro – mulher de José Aparecido Ribeiro, colonizador de Nova Mutum – de criar um projeto social e cultural no município.

Em 2003, esse projeto começou a se concretizar durante o encontro de dois amigos em São Paulo: o músico Leandro Carvalho e o empresário Frederico Ribeiro Kraukauer, neto de dona Hilda. Eles conversaram so-bre a possibilidade de montar um projeto de música orquestral em Mato Grosso, voltado para crianças e jovens, e iniciaram as articulações, com o apoio de Luiz Divino da Silva – gerente da fazenda Mutum e hoje pre-sidente da Orquestra –, da comunidade, de empresas e do poder público.

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Luiz Divino da Silva, presidente da OSJNM Hilda Strenger Ribeiro durante uma apresentação da orquestra

Frederico apresentou Nova Mutum (no Médio Norte mato-grossense) ao amigo Leandro, que sugeriu começar o projeto por Cuiabá, onde havia mais condições de trabalho, antes de avançar para o interior. Enquanto o maestro criava o projeto Ciranda (o atual Instituto Ciranda – Música e Cidadania) na capital e fundava a Orquestra do Estado de Mato Grosso, Frederico conseguiu junto à Associação dos Empresários da Amazônia, da qual era membro, a doação de 40 instrumentos musicais para o pro-jeto a ser implantado em Nova Mutum. Criada na década de 70 por José Aparecido Ribeiro e outros empresários, a entidade estava encerrando suas atividades e decidiu destinar seu patrimônio a causas que dessem continuidade a seus propósitos.

Assim nasceu, em 2009, a Orquestra Sinfônica Jovem de Nova Mutum, que hoje atende mais de 300 crianças e jovens com idade entre seis e 18 anos. A OSJNM oferece gratuitamente o ensino dos diversos instrumentos de orquestra sinfônica, de viola caipira e flauta doce, e prática de coral. O aprendizado dos jovens músicos pode ser conferido em concertos e apresentações da orquestra titular, composta por 40 alunos, e de grupos menores como o quinteto sinfônico e o naipe de percussão, para o orgulho da comunidade da região.

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A OSJNM oferece gratuitamente o ensino dos diversos instrumentos de orquestra sinfônica, de viola caipira e flauta doce, e prática de coral.

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Diagramação | Tratamento de imagens

21 x 27 cm | 120 p. | 2015

Instituto Algodão Social / Ampa

Page 6: Maike Vanni  |  MkVnn®

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primeiros tempos

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primeiros tempos

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Evolução Histórica da Secretaria de Fazenda de Mato Grosso e 1719-201450

Repartições fazendárias em 1835: Tesouraria da Província de Mato Grosso e suas repartições

Em discurso datado de 3 de julho de 1835, o presidente da província de Mato Grosso, Antônio Pedro de Alencastro, anun-ciou que a administração funcionava com apenas uma Secre-taria de Governo, composta pelo secretário e um oficial maior, três segundos oficiais e um porteiro (Discurso de 03/07/1835,

p. 10-11).Pela força da Lei nº 10, foi criada, em 12 de agosto de 1835,

a Tesouraria da Província de Mato Grosso, composta pelas se-guintes repartições:

o Inspetoria de Fazenda – instituída em 4 de outubro de 1831, só veio a funcionar em 1834, em virtude da por-taria do Tesouro Nacional, de 12 de outubro de 1833;

o Contadoria da Fazenda – responsáveis pela escritura-ção mercantil por partidas dobradas. Para ocupar seus cargos, os funcionários eram admitidos por concurso que exigia conhecimento de gramática da língua na-cional, de escrituração por partidas dobradas e cálculo mercantil, sendo ainda necessário que o candidato ti-vesse boa letra, boa conduta moral e idade acima de 21 anos. (Corrêa Filho, 2002, p. 80-81).

o Procuradoria Fiscal.

Coletorias

Os coletores e agentes das arrecadações deixavam de exe-cutar sua função que, na avaliação do presidente da provín-cia, Antônio Pedro de Alencastro, “[...] por negligência em sua missão deixam de cobrar parte dos impostos, que, aliás, muito aumentariam as rendas provinciais.” (Discurso de 03/07/1835, p. 11).

Surgiu, em 1835, o imposto do dízimo da poaia, arrecadado pelas Coletorias que recolhiam também a taxa de herança e legados, novos e velhos direitos e meia sisa dos escravos. Essas repartições, arrecadadoras locais, foram criadas no período da Regência e extintas no início da República. Sua chefia cabia a um Coletor, auxiliado por um Escrivão e um Agente, que era “substituto nato” do coletor. Eram subordinadas às Tesourarias de Fazenda, que as criava ou as suprimia mediante aprovação do Tesouro Nacional.

Existiam em Mato Grosso, nesse período, as seguintes Cole-torias: Cuiabá, Rio Abaixo e Acima (Santo Antônio de Leverger e Rosário Oeste), Livramento, Albuquerque e Miranda, Santana do Paranaíba, Poconé, Vila Maria (Cáceres), Vila de Diamanti-no e Cidade de Mato Grosso (Vila Bela da Santíssima Trindade).

Nas Estações das Rendas Provinciais, o Procurador Fiscal passou a ocupar o lugar de Procurador Fiscal da Estação das Rendas Provinciais. A Lei de sua criação, de nº 40, datada de 12/08/1835, representou o primeiro passo em direção à refor-ma, sem que este organismo ficasse adstrito ao Tesouro, mas diretamente aos Coletores, para que operassem com base em novos procedimentos (Discurso de 03/07/1835, p. 5).

Vila de Livramento e Vila Maria no Século XIX

II – Os Tributos 51

Coletorias

Os coletores e agentes das arrecadações deixavam de exe-cutar sua função que, na avaliação do presidente da provín-cia, Antônio Pedro de Alencastro, “[...] por negligência em sua missão deixam de cobrar parte dos impostos, que, aliás, muito aumentariam as rendas provinciais.” (Discurso de 03/07/1835, p. 11).

Surgiu, em 1835, o imposto do dízimo da poaia, arrecadado pelas Coletorias que recolhiam também a taxa de herança e legados, novos e velhos direitos e meia sisa dos escravos. Essas repartições, arrecadadoras locais, foram criadas no período da Regência e extintas no início da República. Sua chefia cabia a um Coletor, auxiliado por um Escrivão e um Agente, que era “substituto nato” do coletor. Eram subordinadas às Tesourarias de Fazenda, que as criava ou as suprimia mediante aprovação do Tesouro Nacional.

Existiam em Mato Grosso, nesse período, as seguintes Cole-torias: Cuiabá, Rio Abaixo e Acima (Santo Antônio de Leverger e Rosário Oeste), Livramento, Albuquerque e Miranda, Santana do Paranaíba, Poconé, Vila Maria (Cáceres), Vila de Diamanti-no e Cidade de Mato Grosso (Vila Bela da Santíssima Trindade).

Nas Estações das Rendas Provinciais, o Procurador Fiscal passou a ocupar o lugar de Procurador Fiscal da Estação das Rendas Provinciais. A Lei de sua criação, de nº 40, datada de 12/08/1835, representou o primeiro passo em direção à refor-ma, sem que este organismo ficasse adstrito ao Tesouro, mas diretamente aos Coletores, para que operassem com base em novos procedimentos (Discurso de 03/07/1835, p. 5).

Poconé, praça da Matriz

Santo Antônio do Rio Abaixo

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Evolução Histórica da Secretaria de Fazenda de Mato Grosso e 1719-2014100

1926

Área 1.800.000 ha.

Valor do arrendamento 70:000$000

Imposto de importação 350:000$000

1927

Área 1.000.000 ha.

Valor do arrendamento 325:000$000

Imposto de importação 725:000$000

Fonte: Mensagem de 15/05/1927, p. 23-24.

Mesmo em novas bases, o contrato firmado entre o gover-no estadual e a Mate Laranjeira incluía, por parte da empresa, construir para o Estado um quartel em Ponta Porã, no valor de 100:000$000, destinado ao Regimento de Cavalaria da Força Pública, e outro em Campo Grande, no valor de 120:000$000, assim como a doação de um prédio em Porto Murtinho para abrigo do destacamento policial de fronteira. Avaliando sua ação, o presidente ponderou: “Com a renovação do contrato com a Empresa Mate Laranjeira, nas condições em que o fiz, e com as outras vantagens que ele ainda proporcionou, tenho a convicção plena de ter alcançado o máximo que era possível de benefícios para o Estado e de ter procedido com o tino pre-ciso para não atentar contra a vida e prosperidade de uma das nossas indústrias mais florescentes, o que seria antieconômico e inepto. (Mensagem de 15/05/1927, p. 24-25).

Terrenos ao entorno da Empresa foram divididos em glebas, de 200, 300 e 500 ha., reservadas a outras empresas interessadas na exploração da erva-mate. Por outro lado, Mário Corrêa da Costa alertava os deputados da necessidade de não onerar essa cultura com elevados impostos, porém fixá-los com uma baixa porcentagem, uma vez que desse estímulo dependeria a eleva-ção da riqueza estadual. (Mensagem de 15/05/1927, p. 25).

Coluna Prestes invade Mato Grosso: ônus para o Tesouro

O governo estadual teve muitos gastos na contenção da Coluna Prestes, desembolsando um excedente não previsto no orçamento. Ao avaliar a situação deficitária do Tesouro, já em 1930, Aníbal Toledo, em Mensagem (13/05/1930, p. 17), ponderou que: “Essa quantia não representa o gasto real com a invasão, que foi muito maior, correndo grande parte da despesa pelas rubricas ordinárias do orçamento”.

Barracão da Empresa Mate Laranjeira Fiscal na chalupa da Alfândega de Corumbá

Trajeto da Coluna Prestes, partindo do município de Santo Ângelo (RS), que hoje abriga o Memorial da Coluna Prestes. O movimento

percorreu 25 mil km pelo interior do Brasil durante dois anos e meio

A MARCHA DA COLUNA

DE 1925 A 1927

Temos esperança, não temos canhões.Armados apenas de fuzis e refrões.

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III – Políticas Fazendárias 101

1926

Área 1.800.000 ha.

Valor do arrendamento 70:000$000

Imposto de importação 350:000$000

1927

Área 1.000.000 ha.

Valor do arrendamento 325:000$000

Imposto de importação 725:000$000

Fonte: Mensagem de 15/05/1927, p. 23-24.

Mesmo em novas bases, o contrato firmado entre o gover-no estadual e a Mate Laranjeira incluía, por parte da empresa, construir para o Estado um quartel em Ponta Porã, no valor de 100:000$000, destinado ao Regimento de Cavalaria da Força Pública, e outro em Campo Grande, no valor de 120:000$000, assim como a doação de um prédio em Porto Murtinho para abrigo do destacamento policial de fronteira. Avaliando sua ação, o presidente ponderou: “Com a renovação do contrato com a Empresa Mate Laranjeira, nas condições em que o fiz, e com as outras vantagens que ele ainda proporcionou, tenho a convicção plena de ter alcançado o máximo que era possível de benefícios para o Estado e de ter procedido com o tino pre-ciso para não atentar contra a vida e prosperidade de uma das nossas indústrias mais florescentes, o que seria antieconômico e inepto. (Mensagem de 15/05/1927, p. 24-25).

Terrenos ao entorno da Empresa foram divididos em glebas, de 200, 300 e 500 ha., reservadas a outras empresas interessadas na exploração da erva-mate. Por outro lado, Mário Corrêa da Costa alertava os deputados da necessidade de não onerar essa cultura com elevados impostos, porém fixá-los com uma baixa porcentagem, uma vez que desse estímulo dependeria a eleva-ção da riqueza estadual. (Mensagem de 15/05/1927, p. 25).

Coluna Prestes invade Mato Grosso: ônus para o Tesouro

O governo estadual teve muitos gastos na contenção da Coluna Prestes, desembolsando um excedente não previsto no orçamento. Ao avaliar a situação deficitária do Tesouro, já em 1930, Aníbal Toledo, em Mensagem (13/05/1930, p. 17), ponderou que: “Essa quantia não representa o gasto real com a invasão, que foi muito maior, correndo grande parte da despesa pelas rubricas ordinárias do orçamento”.

Incursão dos rebeldes: prejuízo na arrecadação

Lamentava Corrêa da Costa: “Apesar da incursão dos rebel-des em nosso Estado, anarquizando e paralisando a sua vida administrativa durante cerca de cinco meses, assim mesmo foi possível atingir-se a receita de 6.325:574$407. A dívida flutuan-te ficou em torno de 2.325:756$104, e a dívida consolidada em 5.430:268$000. (Mensagem de 15/05/1927, p. 17).

Rendas arrecadadas em 1926

Renda orçamentária

Renda dos tributos 4.793:089$053

Rendas industriais 99:025$375

Rendas patrimoniais 573:186$322

Rendas diversas 297:268$152

Rendas especializadas 39:269$974

Renda não classificada 523:735$531

Total 6.325:574$407

Renda extraordinária: 4.114:266$645

Total Geral: 10.439:841$052

Fonte: Mensagem de 15/05/1927, p. 57.

Despesa – 1926

Ordinária 6.061:713$117

Créditos especiais 313:962$327

Créditos extraordinários 40:329$881

Restos a pagar (1924-25) 38:163$341

Adiantamentos 727:847$265

Despesas a classificar 741:269$248

Restos a pagar (1926) 1.045:495$664

Total 8.969:140$843

Fonte: Mensagem de 15/05/1927, p. 57.

A Inspeção da Fazenda, criada em março de 1926, realizou bons serviços naquele ano e continuou assim no ano seguinte, tendo à frente dois Inspetores de Fazenda, Antônio Antero Paes de Barros e Amilcar Vandoni. (Mensagem de 15/05/1927, p. 17).

Dívidas do seu antecessor

Mário Corrêa da Costa, em Mensagem (15/05/1927, p. 54-55), lamentou a situação financeira em que se encontrava o Estado, atribuindo grande parte aos gastos aleatórios feitos pelo seu antecessor, José Estevão Corrêa, que alegava terem sido neces-sários para diminuir a dívida flutuante, no que Corrêa da Cos-ta discordava:

Polícia armada contra integrantes da Coluna Prestes

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III – Políticas Fazendárias 73

O cenário republicano em Mato Grosso e as políticas fazendárias na Primeira República (1889-1930)

A República marcou profundamente o cenário nacio-nal, visto que com o novo regime político tentou-se mo-

dernizar a nação, “apagar” as marcas deixadas pelo Império, cabendo a cada Estado incumbir-se dessa missão.

Reforma do Tesouro Provincial

Souza Bandeira promoveu uma reforma fiscal, iniciando pela reestruturação das repartições responsáveis pelo fisco e trocando o nome da Tesouraria Provincial para Tesouro Pro-vincial de Mato Grosso, que teve seu quadro de funcionários aumentado, contando com 1 inspetor, 1 contador, 1 procura-dor fiscal, 1 tesoureiro, 1 secretário arquivista, 2 escriturários, 1 solicitador, 1 escrivão dos feitos e 1 porteiro contínuo.

Ao lado do aumento do quadro, a escrituração igualmente foi aperfeiçoada, devendo ser utilizados, no setor da Contado-ria, responsável pela escrituração, livro caixa, livro auxiliar de receita e despesa para registro dos balancetes, livro da dívida passiva, livro dos próprios provinciais, livro de créditos, livro dos depósitos e cauções, livro do protocolo de entrada e saída de papéis.

No setor Contencioso, os livros deveriam ser o de termos de contrato, de negócios judiciais, de assentamento da dívida ativa, das finanças e outras obrigações e o de protocolo.

O trabalho das Coletorias deveria abarcar os seguintes im-postos: de exportação, consumo, transmissão de propriedade, direitos e emolumentos, impostos não classificados e rendas especiais (passagem de rios, dívida ativa, produto das matrí-culas do Liceu, aluguel dos compartimentos do mercado, pro-duto da venda das leis e atos oficiais, indenizações, juros de ca-pitais provinciais, renda eventual, produtos de penas de água, renda dos próprios provinciais, multa sobre os contribuintes, produtos das loterias e saldo do exercício anterior) (CORRÊA

FILHO, 2002, p. 91-92).

Nova postura fazendária na República

No ano de 1891, o governo provisório, para fazer frente à realidade republicana, determinou que os Estados deveriam, para socorrer às despesas, alienar terras, decretar os impostos sobre exportação de mercadorias de sua própria produção, so-bre imóveis rurais e urbanos, sobre transmissão de proprieda-de, sobre indústrias e profissões e sobre taxas de selo.

Considerando o aumento dos serviços do Tesouro, neces-sário se fazia, segundo o Presidente do Estado, proceder a uma reestruturação do órgão.

A Lei nº 22, de 16/11/1892, discriminou assim as rendas estaduais e municipais:

o Rendas estaduais (impostos)a) de exportaçãob) de selo e emolumentosc) de indústria e profissõesd) sobre transmissão de propriedadese) sobre privilégiosf) das décimas prediaisg) sobre madeiras de construçãoh) de pedágio e passagem de riosi) sobre gêneros de produção do Estado (aguardente,

café, açúcar, sola, sebo, fumo, mamona, sabão, carvão vegetal, erva-mate, rapadura, cal e outros).

Antônio Herculano de Souza Bandeira

Projeto Gráfico | Diagramação | Capa

22,5 x 30 cm | 224 p. | 2014

Secretaria de Fazenda de Mato Grosso

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7

Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso G Jubileu de Ouro (1964-2014)44

Daily 70C16 (ACA) – Ano de fabricação: 2009 – Com ro-dado duplo e duas opções de entreeixos (3.450 e 3.750mm), o modelo leve Daily une a extrema robustez estrutural aliada ao peso veicular reduzido. O veículo possui ainda freio a disco nas quatro rodas, válvula reguladora da pressão de frenagem no eixo traseiro, característica que evita o travamento prematuro das rodas. Montagem Mitren: Modelos ACA, montados sobre chassi Iveco Daily 70C16 (4x2), com cabina duplicada, tanque de 1.000 litros, fabricado em aço, estruturas e chapeamento to-talmente em alumínio, bomba de incêndio de alta pressão de 120 GPM a 20 kg, entre outros.

Viaturas de resgates

EuroCargo Tector 170E22 (4x2) - IVECO (ABT) – Ano de fabricação: 2009 – O caminhão EuroCargo 170E22 utiliza o motor Tector de seis cilindros e 5,9 litros, o primeiro de sua categoria que dispõe de controle eletrônico e injeção de com-bustível do tipo “common rail”. Dotados de motores Tector. Equipado com turbo e intercooler, o EuroCargo 170E22 de-senvolve 210 cv de potência, com torque máximo de 680 Nm (69mkgf) em “torque plano” de 1.200 a 2.100 rpm. Montagem Mitren: O modelo ABT foi montado com cabina duplicada, tanque de 5.000 litros, fabricado em aço, estruturas e chapea-mento totalmente em alumínio, bomba de incêndio de 1.000 GPM, canhão monitor de 1.000 LPM de comando manual, sis-tema de iluminação dos compartimentos por luminárias em LED’s, entre outros.

Iveco Magirus – Ano de fabricação: 2009 – O equipa-mento é importado da Alemanha e chama atenção por sua alta tecnologia. O modelo Magirus DLK 55 CS que equipa o cami-nhão Trakker da Iveco, gira 360 graus sobre seu eixo e alcança a altura máxima de 55 metros, equivalente a 18 andares, em 77 segundos. Dispõe, ainda, de sistema tipo elevador para resgate de vítimas em edificações, salvamento de pessoas e combate a incêndios de forma contínua, possuindo maca acoplada na sua extremidade para imobilização de pessoas. Outra característi-ca importante do equipamento é o fato de ser mais estreito, o que possibilita entrar em espaços de difícil acesso. Além de ele-vador para 2 pessoas a DLK 55 CS dispõe de plataforma de sal-vamento articulada permanentemente montada, fazendo com

que o tempo de preparação para o combate seja drasticamente reduzido. Daily 70C16 (ACA)

CBM

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II – Atualidade 45

Unidade de Resgate (UR) – Ano de fabricação: 2010 – Ambulância projetada para remoções simples. Desenvolvida sobre furgão Fiat Ducato, a ambulância de simples remoção Top Rontan apresenta revestimento interno lavável, piso anti-derrapante e isolamento termo acústico. Inclui divisória com janela de comunicação, vidros.

Autobusca e Salvamento Leve (ABSL) – Caminhão Volkswagen 8.150 Delivery (2005/06), rápido para primeira intervenção e salvamento, carroceria montada pela Triel. Es-trutura em perfil de alumínio soldado ou em perfis de alumí-nio extrusados, capeamento em alumínio liso e xadrez com esmerado acabamento. Compartimentação traseira dimensio-nada para guarda de materiais e equipamentos (distribuição conforme solicitação do cliente). Cortinas tipo persiana para compartimento de materiais.

Viaturas de resgates

EuroCargo Tector 170E22 (4x2) - IVECO (ABT) – Ano de fabricação: 2009 – O caminhão EuroCargo 170E22 utiliza o motor Tector de seis cilindros e 5,9 litros, o primeiro de sua categoria que dispõe de controle eletrônico e injeção de com-bustível do tipo “common rail”. Dotados de motores Tector. Equipado com turbo e intercooler, o EuroCargo 170E22 de-senvolve 210 cv de potência, com torque máximo de 680 Nm (69mkgf) em “torque plano” de 1.200 a 2.100 rpm. Montagem Mitren: O modelo ABT foi montado com cabina duplicada, tanque de 5.000 litros, fabricado em aço, estruturas e chapea-mento totalmente em alumínio, bomba de incêndio de 1.000 GPM, canhão monitor de 1.000 LPM de comando manual, sis-tema de iluminação dos compartimentos por luminárias em LED’s, entre outros.

Iveco Magirus – Ano de fabricação: 2009 – O equipa-mento é importado da Alemanha e chama atenção por sua alta tecnologia. O modelo Magirus DLK 55 CS que equipa o cami-nhão Trakker da Iveco, gira 360 graus sobre seu eixo e alcança a altura máxima de 55 metros, equivalente a 18 andares, em 77 segundos. Dispõe, ainda, de sistema tipo elevador para resgate de vítimas em edificações, salvamento de pessoas e combate a incêndios de forma contínua, possuindo maca acoplada na sua extremidade para imobilização de pessoas. Outra característi-ca importante do equipamento é o fato de ser mais estreito, o que possibilita entrar em espaços de difícil acesso. Além de ele-vador para 2 pessoas a DLK 55 CS dispõe de plataforma de sal-vamento articulada permanentemente montada, fazendo com

que o tempo de preparação para o combate seja drasticamente reduzido.

Frota de caminhões EuroCargo Tector 170E22 (4x2) - IVECO (ABT)

Unidade de Resgate (UR) Caminhão Autobusca e Salvamento Leve (ABSL)

CBM

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Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso G Jubileu de Ouro (1964-2014)42

Atendimentos emergenciais e não emergenciais em 2013

UBMNatureza da ocorrência

Incêndios APH Salvamentos Aten. PP Serviço técnico Prevenções,

outros Total

1º BBM 806 162 346 2 1.893 664 3.8732º BBM 511 67 723 0 421 173 1.8953º BBM 429 6.184 292 9 2.575 568 10.0574º BBM 99 3.038 249 0 1.398 89 4.873

1ª CIBM 463 2.969 591 0 1.225 411 5.659 2ª CIBM 107 1.455 88 0 445 61 2.156 3ª CIBM 141 545 75 0 1.649 56 2.466 4ª CIBM 69 823 78 1 324 221 1.516 5ª CIBM 109 1.112 33 0 1.426 54 2.734 6ª CIBM 203 1.485 150 0 466 249 2.553 7ª CIBM 84 1.922 112 0 203 261 2.582 8ª CIBM 70 1.207 28 1 684 93 2.083 9ª CIBM 64 835 85 0 604 28 1.61610ª CIBM 223 2.091 119 0 774 66 3.27311ª CIBM 142 870 119 2 652 32 1.81712ª CIBM 162 1.021 129 1 1.053 725 3.09113ª CIBM 135 1.230 248 0 1.257 158 3.028

Total 3.817 27.016 3.465 16 17.049 3.909 55.272% 6,91 48,88 6,27 0,03 30,85 7,07 100

Fonte: Relatório da Diretoria Operacional do CBM-MT, 23/12/2013, p. 35.

Ranking de atendimentos (todas as naturezas)

UBM/Município Total Ocorrência/dia

Ocorrência/BM

3º BBM/Rondonópolis 10.057 27,55 150,101º CIBM/Barra do Garças 5.659 15,50 101,054º BBM/Sinop 4.873 13,35 118,631º BBM/Cuiabá 3.873 10,61 35,8610º CIBM/Sorriso 3.273 8,97 181,8312º CIBM/Colíder 3.091 8,47 171,7213º CIBM/Lucas do Rio Verde 3.028 8,30 126,17

5º CIBM/Nova Mutum 2.734 7,49 143,897º CIBM/Alta Floresta 2.582 7,07 129,106º CIBM/Primavera do Leste 2.553 6,99 121,57

3º CIBM/Tangará da Serra 2.466 6,76 82,202º CIBM/Cáceres 2.156 5,91 47,918º CIBM/Pontes e Lacerda 2.083 5,71 80,122º BBM/Várzea Grande 1.895 5,19 19,1411º CIBM/Campo Verde 1.817 4,98 100,949º CIBM/Jaciara 1.616 4,43 80,804º CIBM/Nova Xavantina 1.516 4,15 58,31Total 55.272

Fonte: Relatório da Diretoria Operacional do CBM-MT, 23/12/2013, p. 36.

Comparativo de ocorrências – 2013

Região 2008 2009 2010 2011 2012 2013Metropolitana 7.111 5.880 1.892 1.822 5.688 5.768Interior 30.665 28.629 21.653 25.561 44.075 49.504Total 37.776 34.509 23.545 27.383 49.763 55.272

Fonte: Relatório da Diretoria Operacional do CBM-MT, 23/12/2013, p. 38.

Fonte: Relatório da Diretoria Operacional do CBM-MT, 23/12/2013, p. 38.

37.776 34.509

23.545 27.383

49.763 55.272

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2008 2009 2010 2011 2012 2013

Comparativo de ocorrências – 2013

II – Atualidade 43

Comunicação

Corpo de Bombeiros Militar nas redes sociais

Além do site http://www.cbm.mt.gov.br, que contém inú-meras informações relevantes para a compreensão da organiza-ção, projetos e notícias institucionais e o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBM-MT), visando maior interação com a sociedade, resolveu integrar-se às redes sociais, utili-zando o facebook, intitulado Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, espaço de troca de informações com os usuários e amigos da Corporação. Basta acessar: https://www.facebook.com/pages/Corpo-de-Bombeiros-Militar-de-Mato-Gros-so/393241240802415. Essa iniciativa, sem dúvida, permitirá respostas rápidas às principais questões que envolvem a Cor-poração, seja na avaliação de sua atuação, seja quanto ao rápido conhecimento das carências existentes na sociedade (<http://www.cbm.mt.gov.br>. Acesso em: 3 out. 2013. Assessoria de imprensa).

Fonte: <http://www.cbm.mt.gov.br/?f=estatisticas>. Fonte: <http://www.cbm.mt.gov.br/?f=estatisticas>.

3.897

1.866

9.939 4.454

5.659

2.191

2.466

1.516

2.734

2.553

2.582

2.083

1.601

3.273

1.817

3.091

2.896

0 2.500 5.000 7.500 10.000

1º BBM/Cuiabá

2º BBM/Várzea Grande

3º BBM/Rondonópolis

4º BBM/Sinop

1ª CIBM/Barra do Garças

2ª CIBM/Cáceres

3ª CIBM/Tangará da Serra

4ª CIBM/Nova Xavantina

5ª CIBM/Nova Mutum

6ª CIBM/Primavera do Leste

7ª CIBM/Alta Floresta

8ª CIBM/Pontes e Lacerda

9ª CIBM/Jaciara

10ª CIBM/Sorriso

11ª CIBM/Campo Verde

12ª CIBM/Colider

13ª CIBM/Lucas do Rio Verde

Gráfico de ocorrência por unidades do CBM-MT em 2013

741

429

2.623

490

238

8.331

3.465

11.920

3.478

109

351

2.381

17.492 98

16

908

2.565

1.306

42

25

107

1.381

0 6.000 12.000 18.000

Incêndio em residência

Incêndio em veículo

Incêndio em vegetação

Incêndio / outros

Acid. de trânsito c/ vítima presaem ferragens

Acid. de trânsito motociclístico

Acid. de trânsito / outros

Serviço de vistoria

Serviço de análise

Serviço de formação de brigada

Serviço de palestra

Busca e salvamento

Atendimento pré-hospitalar

Afogamento

Produtos perigosos

Prevenções

Apoio

Captura de animais

Desabamento

Enchente

Vazamento de GLP

Outros

Gráfico por tipo de ocorrências em 2013

ATUALIDADE

II

Nossa missão, assim como outras, é bela... desde que feita com amor e dedicação.

Cel BM RR Fábio Pereira Leite

II – Atualidade 41

Ocorrências – 2011-2013

Ranking de atendimentos (todas as naturezas) – 2011

UBM/Município Total Ocorrência/BM3º BBM/Rondonópolis 6.347 921ª CIBM/Barra do Garças 3.116 604º BBM/Sinop 2.991 777ª CIBM/Alta Floresta 2.089 912ª CIBM/Cáceres 1.972 4910ª CIBM/Sorriso 1.450 766ª CIBM/Primavera do Leste 1.244 691º BBM/Cuiabá 1.161 1111ª CIBM/Campo Verde 1.044 5813ª CIBM/Lucas do Rio Verde 1.037 479ª CIBM/Jaciara 1.030 643ª CIBM/Tangará da Serra 843 278ª CIBM/Pontes e Lacerda 763 292º BBM/Várzea Grande 661 612ª CIBM/Colíder 580 304ª CIBM/Nova Xavantina 532 155ª CIBM/Nova Mutum 523 23Total 27.383 -

Fonte: Relatório da Diretoria Operacional do CBM-MT, 17/01/2012, p. 25.

De 2011 para 2012, verificou-se um notável aumento das ocorrências, pois no primeiro ano elas perfizeram 27.383, sendo que no ano de 2012, 49.763. O mesmo se verificou nos atendimentos pré-hospitalares, uma vez que, em 2011, foram 27.383, e em 2012, 33.200, com um acréscimo de 22.380 a mais, dobrando praticamente. Isso significou que o Corpo de Bombeiros Militar assumiu, na área da saúde, um papel fun-damental nos socorros emergenciais. Essa adição se deveu ao aumento da população de Mato Grosso, assim como à maior diversidade de áreas de atuação dos bombeiros.

No Relatório de 2012, o então Diretor Operacional do CBM-MT, Cel BM Carlos Alexandre Rodrigues Coronel, elen-cou as sugestões para melhoria dos trabalhos da Corporação:

i Manutenção preventiva das VTRs e equipamentos; i Terceirização da limpeza e da manutenção das

instalações físicas das UBMs; i Cursos para capacitação dos militares tanto no âmbito

administrativo quanto no operacional; i Construção de uma seção apenas para arquivamento

de processos ou a criação de um programa para arquivamento diferente do utilizado pelo sistema de protocolo;

i Elaboração de um programa continuado de controle do estresse;

i Reforma geral das unidades mais antigas; i Inclusão de efetivo; i Capacitação do efetivo no âmbito aeroportuário,

especialmente nas UBMs que possuem Seção de Contra Incêndio. (Relatório da Diretoria Operacional do CBM-MT, 15/02/2013, p. 17)

Ocorrências na atualidade

CBM

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Projeto Gráfico | Diagramação | Capa

22,5 x 30 cm | 192 p. | 2014

Corpo de Bombeiros de Mato Grosso

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8

Acrobat ProAcrobat Pro

A carta de Pero Vaz de Caminha, como é usualmente conhecida, foi restitu-

ída como importante fonte para o conhecimento do marco fundador da Nação

durante o processo de redescoberta do Brasil, forjado durante o século XIX,

principalmente após a emancipação política em 1822. Segundo Lília Moritz

Schwarcz,

[...] a chegada das naves ao Brasil é descrita por um documento de grande

valor, um relato que narrava passo a passo, do dia 21 de abril ao 1º de maio

de 1500, o desembarque dos portugueses nas novas terras. O texto, redigido

com notável capacidade de observação, estabelecia de imediato o elo com

a ideia de um paraíso primordial da Bíblia. [...] Publicada pela primeira vez

em 1817 – na Corografia Brasílica de Aires Casal –, o documento se projeta

nesse novo imaginário histórico do século XIX, ganhando lugar especial,

como demonstra Capistrano de Abreu em O descobrimento do Brasil: “a carta

de Pero Vaz de Caminha, diploma natalício lavrado à beira do berço de uma

nacionalidade futura...”.74

Dentro do projeto de construção nacional ensejado pelo Estado imperial,

em associação com as cores da bandeira do movimento romântico, Varnhagen,

na sua Historia geral do Brazil, assim como o pintor Victor Meirelles de Lima

(1832-1803), em seu famoso quadro A primeira missa no Brasil (1860), adotaria

a carta como relato primordial na construção de suas representações sobre a

origem da Nação.75

74 SCHWARCZ, Lília Moritz. Estado sem nação: a criação de uma memória oficial no Brasil do Segundo Reinado. In: NOVAES, Adauto. (Org.). A crise do Estado-nação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 373-74.

75 Conferir: COLI, Jorge. A pintura e o olhar sobre si: Victor Meirelles e a invenção de uma História visual no século XIX brasileiro. In: FREITAS, Marcos Cezar de. (Org.). Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto; Bragança Paulista: EdUSF, 1998. p. 375-404; MORETTIN, Eduardo Victorio. Produção e formas de circulação do tema do Descobrimento do Brasil: uma análise de seu percurso e do filme Descobrimento do Brasil (1937), de Humberto Mauro. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 20, n. 39, 2000, p. 135-165.

304 t o brasIl Inventado pelo vIsConde de porto seguro...

A carta de Pero Vaz de Caminha, como é usualmente conhecida, foi restitu-

ída como importante fonte para o conhecimento do marco fundador da Nação

durante o processo de redescoberta do Brasil, forjado durante o século XIX,

principalmente após a emancipação política em 1822. Segundo Lília Moritz

Schwarcz,

[...] a chegada das naves ao Brasil é descrita por um documento de grande

valor, um relato que narrava passo a passo, do dia 21 de abril ao 1º de maio

de 1500, o desembarque dos portugueses nas novas terras. O texto, redigido

com notável capacidade de observação, estabelecia de imediato o elo com

a ideia de um paraíso primordial da Bíblia. [...] Publicada pela primeira vez

em 1817 – na Corografia Brasílica de Aires Casal –, o documento se projeta

nesse novo imaginário histórico do século XIX, ganhando lugar especial,

como demonstra Capistrano de Abreu em O descobrimento do Brasil: “a carta

de Pero Vaz de Caminha, diploma natalício lavrado à beira do berço de uma

nacionalidade futura...”.74

Dentro do projeto de construção nacional ensejado pelo Estado imperial,

em associação com as cores da bandeira do movimento romântico, Varnhagen,

na sua Historia geral do Brazil, assim como o pintor Victor Meirelles de Lima

(1832-1803), em seu famoso quadro A primeira missa no Brasil (1860), adotaria

a carta como relato primordial na construção de suas representações sobre a

origem da Nação.75

74 SCHWARCZ, Lília Moritz. Estado sem nação: a criação de uma memória oficial no Brasil do Segundo Reinado. In: NOVAES, Adauto. (Org.). A crise do Estado-nação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 373-74.

75 Conferir: COLI, Jorge. A pintura e o olhar sobre si: Victor Meirelles e a invenção de uma História visual no século XIX brasileiro. In: FREITAS, Marcos Cezar de. (Org.). Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto; Bragança Paulista: EdUSF, 1998. p. 375-404; MORETTIN, Eduardo Victorio. Produção e formas de circulação do tema do Descobrimento do Brasil: uma análise de seu percurso e do filme Descobrimento do Brasil (1937), de Humberto Mauro. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 20, n. 39, 2000, p. 135-165.

Segundo Jorge Coli, o quadro de Victor Meirelles dialogaria com as questões

históricas do século XIX presentes em obras como a de Varnhagen. A constru-

ção de uma imagem da Nação perpassava não apenas o IHGB, mas também a

própria Academia Imperial de Belas Artes:

A descoberta do Brasil foi uma invenção do século XIX. Ela resultou das solici-

tações feitas pelo romantismo nascente e pelo projeto de construção nacional

que se combinavam então. Como ato fundador, instaurou uma continuidade

necessária inscrita num vetor dos acontecimentos. Os responsáveis essenciais

encontravam-se, de um lado, no trabalho dos historiadores, que fundamen-

tavam cientificamente uma “verdade” desejada, e, de outro, na atividade dos

artistas, criadora de crenças que se encarnavam num corpo de convicções

coletivas. A ciência e a arte, dentro de um processo intrincado, fabricavam “re-

alidades” mitológicas que tiveram, e ainda têm, vida prolongada e persistente.

Primeira missa no Brasil (1860), pintura de Victor Meirelles (óleo sobre tela, 268 x 356 cm).

Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes.

terCeIro Capítulo | Inventando a ColônIa “Coroada”: os enredos CronológICos... t 305

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Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro (1816-1878).Fonte: Acervo da Biblioteca Nacional

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Varnhagen e as escritas de si

No exercício biográfico, marcado pela vontade de verdade, não rara-

mente tem se identificado a preocupação obsessiva de coletar sistema-

ticamente um conjunto de documentos que permitisse reconstituir a

totalidade de uma vida. Cada fragmento descoberto da existência do indivíduo

era tratado como se fosse uma preciosidade, uma peça do quebra-cabeça da

sua identidade.

Após a busca das fontes documentais – as evidências materiais do indi-

víduo-verdade, haveria uma série de procedimentos internos de análise que

funcionariam a título de princípios de classificação, de ordenação, de distribui-

ção 1. Esses procedimentos auxiliariam na confecção de uma narrativa que faria

emergir dos documentos, assumidos como transparência do passado, o homem

de carne e osso. O biografado, por esta lógica, seria ressuscitado do seu tempo

pretérito para o presente do biógrafo: uma personagem vista como um todo,

um conjunto coerente e orientado.2

Em larga medida, essa biografia de cunho essencialista e apologética pro-

curava desenhar o indivíduo a partir da tríade origem, meio e contexto3. A

sua história de vida estava atrelada a estes determinismos, definidores da sua

identidade. Ele seria meramente, por este raciocínio, reflexo de seu tempo –

um escravo de sua época, agindo mediante as vontades das grandes estruturas

narrativas. Não seria possível a existência das descontinuidades ou dos acasos,

propostas por Michel Foucault4. E quando estes apareciam nos escritos eram re-

legados ao silêncio ou tidos como anormalidades ou exceções, permitindo por

vezes afirmações problemáticas de um sujeito fora ou à frente do seu tempo.

O diferente do desejado pelo biógrafo ou historiador era condenado a sair do

cenário da história, escondido entre as pilhas documentais.

1 FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. [Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de de-zembro de 1970]. 8. ed. São Paulo: Loyola, 2002. p. 21.

2 BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: FERREIRA, Marieta de M.; AMADO, Janaina. (Orgs.). Usos e abusos da história oral. 8. ed. Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 2006. p. 184.

3 Para a crítica da noção da identidade fixa e essencializada, conferir: GILROY, Paul. Entre campos: nações, culturas e o fascínio da raça. São Paulo: Annablume, 2007.

4 FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. p. 19.

segundo Capítulo | Invenções de sI: as Cartas de varnhagen... t 153

Primeiro CapítuloInvenções dos outros:

As biografias de Varnhagen e a escrita da história do Brasil (1878-1978)

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O Brasil inventado pelo Visconde de Porto Seguro

Francisco Adolfo de Varnhagen, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e a construção da ideia de Brasil-Colônia no Brasil-Império — 1838-1860

Projeto Gráfico | Diagramação | Capa

16 x 23 cm | 448 p. | 2015

Renilson Rosa Ribeiro / Fapemat

Page 9: Maike Vanni  |  MkVnn®

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Apresentação

E ste livro é uma bela homenagem a Cuiabá, urbe de origem colonial com quase três séculos de história. Tempo suficiente para que a sua população original, até a metade do século XX, desenvolvesse uma

arquitetura característica com casas térreas, entremeadas pelos sobrados com a beleza urbanística do fim do século XIX. Neste cenário o autor, um cuiabano de ‘tchapa e da cruz’, trouxe para o nosso deleite um pou-co do cotidiano da cidade, principalmente da segunda metade do século XX. São fatos que ainda ‘vagam’ pelas ruas e becos do Centro Histórico, personagens que insistem em permanecer na memória e casarões que desafiam o tempo e permanecem em pé, aguardando, quem sabe, a re-tomada de dias gloriosos.

“Cuiabá da tchapa e da cruz” de José Augusto Tenuta, é uma leitura imprescindível aos que buscam entender um pouco desta cidade sin-gular que acolhe os paus-rodados com o mesmo carinho que dedica aos seus filhos naturais. Chama a atenção o fato de o autor romper com uma possível organização temática do livro. Personagens, lugares, usos culturais e acontecimentos são apresentados aleatoriamente para criar expectativa diante do inusitado.

Cuiabá, perto de completar 300 anos, precisa destas obras que perpe-tuem não só a sua história oficial, mas também aquela que ainda não foi registrada, e que moldou o jeito diferente de ser da sua gente. Aos mais jovens fica a indicação desta aprazível leitura para que possam entender melhor os seus pais e avós. Aos mais velhos, recomendo a voltarem no tempo para reviver com o autor a atmosfera daquela época e as origens de muitos traços da identidade cuiabana.

Ramiro Cerqueira

92 - Cuiabá da tchapa e da cruz

Totó Dorileo

Antônio Gratidiano Dorileo, ou simplesmente Totó Dorileo, nasceu no ano de 1873, já nos estertores do século XIX, na localidade de Cur-ralinho. Escolheu o antigo Distrito do Coxipó da Ponte para fixar resi-dência e criar uma numerosa e bem-sucedida família. Quando tinha por volta de nove anos de idade, veio para a cidade estudar e nas horas de folga trabalhar no armazém do seu irmão Juca.

Acontece que Totó, além de ter um pendor extraordinário, era um apaixonado por comércio. Logo que começou a ajudar seu irmão Juca no balcão do armazém, não quis mais saber dos estudos dizendo que aquela era sua verdadeira vocação. Tornou-se um exímio vendedor como também um comprador dos mais argutos e competentes. Com o fechamento do negócio do irmão, voltou para o Coxipó da Ponte, onde comprou, com suas economias, três pequenos quartos próximos à ponte e abriu um comércio de secos e molhados.

Tendo o ‘seo’ Totó ao centro, a foto registra uma reunião da família Dorileo em uma chácara no Coxipó da Ponte

Cuiabá da tchapa e da cruz - 93

Convém, a título de informação, dizer que o Coxipó da Ponte ainda tinha muitos garimpos em atividade e o ouro extraído ficava armaze-nado em pequenos quartos de taipa situados um ao lado do outro, próximos do rio. A segurança de tais “cofres” consistia em uma precária porta fechada com um pedaço de corda que, atada a um pedaço de ma-deira, era torcida para dar firmeza ao fechamento. Mesmo assim, com tanta facilidade, nunca se soube de algum roubo de ouro acontecido no lugar.

O pequeno comércio do seo Totó cresceu e se tornou um forte en-treposto de mercadorias, trazidas por antigos tropeiros que vinham do interior em lombo de burros e carros de boi, para serem vendidas ou trocadas na cidade. Faziam parte do comboio sertanejo mantimentos como arroz, feijão, farinha, milho e carne seca (a verdadeira), rapadura, banha de porco, fumo de corda, ovos caipiras (que vinham acondiciona-dos em grandes cabaças entremeados de areia), frangos, galinhas, peles de animais silvestres, lenha (mercadoria valiosa), palha de milho (para o

Por esta foto pode-se ver os muitos quartos que serviam de cofres para os garimpeiros. “Coxipó, antes da abertura da Fernando Corrêa (1910)”. In: Cuiabá de vila à metrópole nascente, p. 182

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150 - Cuiabá da tchapa e da cruz

Tarumã “ Bandeirante no Ar”

Esta curiosa figura do cotidiano da cidade perambulava pelas cer-canias do bairro do Porto, principalmente quando ocorriam as grandes cheias do rio Cuiabá.

Segundo contam algumas pessoas que o conheceram mais de perto, ele residia nas proximidades do Colégio Salesiano São Gonçalo. Era um sujeito baixo, forte, troncudo e gostava de se vestir à moda militar. Muito querido pelos que o conheciam, era admirado por sua extrema coragem ao pular, de cima dos arcos que ficavam sobre a ponte Júlio Müller, so-bre as águas barrentas do rio Cuiabá em época de cheia.

O maior perigo consistia na grande quantidade de paus submersos (daí a expressão “pau-rodado”) que desciam rio abaixo com as enchen-tes e que fugiam à vista de qualquer desavisado. Mesmo assim, o nosso herói abria os braços e se atirava do alto dos arcos gritando a plenos pulmões: “Bandeirante no ar” numa alusão, com certeza, ao famoso programa de notícias “Bandeirantes no Ar”, levado ao ar pelo saudoso radialista Augusto Mário Vieira na Rádio A Voz D’Oeste.

Ordem do Sol Nascente

É uma ordem japonesa estabelecida em 1875 pelo Imperador Meiji. Foi a primeira condecoração nacional entregue pelo governo do Japão. Depois da Ordem do Crisântemo, é a segunda Ordem japonesa mais prestigiada e importante. É entregue em nome do imperador do Japão.

Farid Seror, um famoso médico cuiabano, filho de uma das mais tradicionais famílias da cidade e que se destacou como um exímio ci-rurgião em sua especialidade, foi agraciado com esta honrosa comenda. Porém, devido a sua monumental modéstia, que sempre norteou a sua vida e avesso a qualquer tipo de publicidade, poucos ficaram sabendo deste grande feito.

Dr. Farid Seror sempre fez da profissão um sacerdócio e como ser hu-mano empreendeu uma constante busca do bem-estar das pessoas que tiveram o privilégio de contar com seus cuidados médicos, sua amizade e benevolência. Este grande cuiabano foi um dos únicos brasileiros a ser distinguido, pelo governo do Japão, com esta nobilíssima comenda, uma das mais altas daquele país. Esta honraria havia sido dada, anteriormen-te, a João Batista Figueiredo, presidente da República.

O ato histórico que agraciou nosso conterrâneo foi oficializado pelo governo do Japão através do Decreto nº 10.428. Dr. Farid Seror recebeu esta distinção em reconhecimento aos relevantes serviços prestado à colônia japonesa de Mato Grosso. A entrega foi feita diretamente pelo cônsul do Japão em São Paulo, que veio a Cuiabá especialmente para repassar, em nome do imperador japonês, a Comenda do Sol Nascente ao renomado cirurgião cuiabano.

Realmente um orgulho para os moradores da outrora Cidade Verde e um espelho aos jovens de hoje, tão carentes de belos exemplos. Não poderia deixar de registrar este fato histórico que enobrece e enche de orgulho a valente gente cuiabana.

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Tarumã “ Bandeirante no Ar”

Esta curiosa figura do cotidiano da cidade perambulava pelas cer-canias do bairro do Porto, principalmente quando ocorriam as grandes cheias do rio Cuiabá.

Segundo contam algumas pessoas que o conheceram mais de perto, ele residia nas proximidades do Colégio Salesiano São Gonçalo. Era um sujeito baixo, forte, troncudo e gostava de se vestir à moda militar. Muito querido pelos que o conheciam, era admirado por sua extrema coragem ao pular, de cima dos arcos que ficavam sobre a ponte Júlio Müller, so-bre as águas barrentas do rio Cuiabá em época de cheia.

O maior perigo consistia na grande quantidade de paus submersos (daí a expressão “pau-rodado”) que desciam rio abaixo com as enchen-tes e que fugiam à vista de qualquer desavisado. Mesmo assim, o nosso herói abria os braços e se atirava do alto dos arcos gritando a plenos pulmões: “Bandeirante no ar” numa alusão, com certeza, ao famoso programa de notícias “Bandeirantes no Ar”, levado ao ar pelo saudoso radialista Augusto Mário Vieira na Rádio A Voz D’Oeste.

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Esta foto mostra o perigo que Tarumã corria ao pular, sem proteção alguma, da parte mais alta do arco da ponte.

In: Cuiabá de vila à metrópole nascente, p. 128

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Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, década de 1950.

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Pessoas / PersonagensAbrelino ..................................... 132Alberto Barbeiro ........................ 147All right ...................................... 188Aninha (benzedeira) .................... 86Antonhão Pelão ........................... 97Antonio Amaro ............................ 52Apolônio Metello ......................... 59Bráulio Ramos D’Anunciação Cerqueira ........... 107Chambalé ................................... 120Cyríaco Pires de Miranda Sobrinho ........................ 71Dito Coró ..................................... 99Dutra Fumo Bom ....................... 204Elesbão Ferreira da Cruz ........... 122Eneida, a princesa cuiabana ....... 20Esquadrão Copos de Ouro ....... 135Ezequiel de Siqueira (professor) .............................17 e 18Fiote Tocantins ou Barba a Fogo ............................. 231Flávio Gomes ............................... 25General Saco .............................. 162

Hilário Alves de Castro (benzedor) ................ 213Ivo de Almeida ............................ 88João Borralho............................. 168João Cuíca .................................. 235João Dezenove .......................... 200Joaquim Vermelho....................... 62José Agnello Ribeiro .................... 49José de Arsênio ............................ 77Juvenal Capador ........................ 145Leopoldina (benzedeira e parteira) .............. 103Levino Albano............................ 192Luiz Vitrola ................................. 221Mãe Bonifácia .............................. 70Mané Boiadeiro ........................... 39Mané Fim do Mês ...................... 206Manoel Galvão........................... 175Marcidão .................................... 182Marcos da Luz ............................ 195Márdio Silva (professor) .............. 34Maria Perna Grossa ..................... 27Maria Taquara .............................. 82Mário Paiaia ............................... 126Michidinha ................................. 106

Índice Temático

Projeto Gráfico | Diagramação | Capa

16 x 23 cm | 240 p. | 2015

José Augusto Tenuta

Page 10: Maike Vanni  |  MkVnn®

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Carlson segue no Jeep, com cinco companheiros No F 600 seguem Schmidt, Irgang e Zimpel

O Austin transporta a turma maior Antônio Vargas e Erni Weber viajam no Unimog

Em Horizontina (RS) A caravana em Três Passos (RS)

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O Jeep atravessa a ponte do rio Turvo (24.03.1955) Almoço junto ao rio Turvo (RS)

Descanso para os cães

Em Redentora (RS), muita lama. Dois dias de espera Barca do rio Uruguai, na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina (26.03.1955)

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A chegada das primeiras famílias gaúchas, seguida por paranaenses e catarinenses

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A lancha Gertrud, com o Vicking e o Mucureiro amarrados nas laterais, faz sua viagem inaugural, transportando as famílias

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Barraco dos Dürks junto ao acampamento. Fogão esmaltado e chaminé (23.05.1956)

A família Dürks, reunida para a

refeição

Teste da lâmina de arrasto para patrolamento das estradas (24.05.1956)

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A demarcação, os índios vizinhos e novas caravanas

Os trabalhos de demarcação dos lotes rurais, núcleos urbanos, cursos d’água, con-fecção de plantas e mapas da Gleba Arinos estavam sob a responsabilidade do ex-periente engenheiro Gustav Adolf Isernhagen, vindo de Toledo, Estado do Paraná. Em seu trabalho de topografia e medição, o veterano engenheiro foi assessorado pelos filhos Carlos e Gustavo.

Neste nível, também merece citação especial o agrimensor Walter Von Eye, um jovem de vinte anos, procedente de Santa Rosa, que foi o responsável pelo traçado original da Estrada da Baiana. Von Eye, auxiliado por um grupo de peões, abriu um picadão de cerca de 160 quilômetros, estabelecendo a ligação por terra de Porto dos Gaúchos com as precárias estradas existentes junto ao divisor de águas, próxi-mo à atual divisa entre os municípios de Ipiranga do Norte e Itanhangá.

Nesta época pioneira, de muito sacrif í-cio, trabalho e desprendimento, insere-se, com grande destaque, o nome do padre jesuíta João Evangelista Dornstauder. Suas incursões de atração e pacificação junto aos inóspitos índios Kayabys, Rykbatsas e Tapaiúnas, a partir de 1955, foram decisi-vas para a integração deles à civilização. A Conomali prestou decidido apoio ao trabalho de catequese do padre João, bus-cando um relacionamento amistoso com os povos indígenas, mesmo estes não ha-bitando as terras da empresa.

Em 6 de julho de 1956, Helmut Mayer, diretor da Irmãos Mayer Ltda, aporta na Gleba com um grupo de visitantes. Sua chegada coincide com a dos americanos Henry W. Ferris Jr. e John A. Thom-son, que, em dois caiaques, cruzavam a América do Sul a remo.

Ainda neste mesmo ano, registra-se a chegada das primeiras caravanas de compradores de terras. O corretor Jor-ge Witczak chefia uma turma de Cerro Largo e Porto Mauá (RS). Fundam a co-lônia São Jacó, atual Novo Paraná, para criar um núcleo com famílias oriundas da mesma região. Em setembro, Leo-poldo Goebel atraca, com um grupo de Santa Catarina.

Finalmente, em 5 de outubro de 1956, o jornalista Walter Irgang parte em definitivo de Porto dos Gaúchos. Walter documentou e registrou as viagens e o processo inicial de colo-nização da Gleba Arinos.

Primeiro folheto publicitário da Conomali, com endereço único – o da matriz em Porto Alegre

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Tratamento de imagens

22,5 x 30 cm | 384 p. | 2015

Henrique Meyer

Page 11: Maike Vanni  |  MkVnn®

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Diagramação

25,5 x 31,8 cm | 352 p. | 2014

Mike Bueno

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El Pantanal

L a planicie del Pantanal forma parte de la cuenca hidrográfica del río Paraguay, en el centro del continente sudamericano,

en el suroeste del estado de Mato Grosso y en el oeste del estado de Mato Grosso do Sul. El área de la cuenca en estos estados es de aproximadamente 362.000 km2, y recibe la influencia de dife-rentes sistemas ecológicos, tales como el Cerrado, la Amazonia, el Chaco, la Catinga y la Mata Atlántica. Presenta una gran diversi-dad de ambientes, con diversos contextos de altura, suelos, relieve y microclima.

El Pantanal1 es la mayor planicie inundable continua del mun-do, con un área de unos 139.000 km2, y está constituida por los sedimentos que acarrean el río Paraguay y sus afluentes. La parte del área inundable varía entre 11.000 km2 y 110.000 km2, a de-pender de la intensidad de las crecidas. El Pantanal es el producto de la integración de factores tales como los suelos, las formas del terreno y la dinámica climática estacional de la región.

El origen de la planicie está relacionado con la orogénesis de la Cordillera de los Andes. Como una forma de compensar la elevación hubo un rebajamiento del territorio marginal, desde la Amazonia, dando lugar al surgimiento de una gran área deprimi-da. Después de ese acontecimiento, se inició el proceso de erosión de las regiones vecinas más altas, que proporcionaban materiales para ser llevados a la gran depresión, cuyo fondo en algunos espa-cios centrales descendía hasta unos 220 m, quedando por debajo del nivel del mar. Los territorios marginales de esa depresión se encontraban, en general, a un nivel más elevado. El reflujo del agua marina fue impedido por un obstáculo existente en el sur, el cual desempeñó el papel de un muro de contención. Después de mucho tiempo, cuando la depresión ya había sido rellenada por los sedimentos, el río Paraguay hizo un corte a través de ese obs-táculo, abriendo camino hacia el mar y reiniciando el proceso de erosión en el interior de la planicie, que hasta entonces se limitaba a recibir sedimentos de las regiones adyacentes.

Actualmente las crecidas son el producto de factores como la concentración de lluvias en la cuenca durante un determinado período del año, provocando inundaciones locales y excedentes que invaden los campos a partir de los barrancos bajos de los ríos del Pantanal. La saturación de humedad de los suelos tam-bién conduce a que el nivel de la inundación se eleve. Además, la vegetación incide como un elemento de contención, reduciendo aún más la velocidad de las aguas, ya de por sí lentas debido al reducido declive.

1 Los términos pantanal y planicie se refieren a la parte inundable; entorno y altiplanos desig-nan las áreas fuera de la inundación y cuenca, las dos subregiones del conjunto.

La velocidad de las aguas se torna más lenta en la medida que éstas se aproximan a la planicie del Pantanal. Así como en los altiplanos de las regiones de las cabeceras hay caídas de agua y co-rrientes más veloces, a medida que el declive por kilómetro dismi-nuye, las aguas adquieren un ritmo más reposado. En el Pantanal el curso del río Paraguay presenta un declive de 15 a 25 cm por kilómetro en el sentido este-oeste, y de hasta dos centímetros por kilómetro en el sentido norte-sur. Tanto el ritmo más lento del desagüe, como la retención de las aguas contribuyen a la inunda-ción de la planicie. En las proximidades de la confluencia de los ríos Paraguay y Cuiabá, el declive es casi igual a cero, llegando a crearse un estancamiento durante las crecidas.

Diversos estudios han definido divisiones del Pantanal en re-giones, estableciendo clasificaciones que varían de acuerdo con los parámetros que sean considerados. Los suelos, la vegetación, los elementos del paisaje y los patrones de drenaje, sean las formas del desagüe o de los lagos, modelan las peculiaridades de la inun-dación, que están relacionadas con la profundidad y la duración, configurando singularidades perceptibles. En las proximidades de los cursos de los ríos Paraguay y Cuiabá se observa la tendencia a una profundidad y duración mayor de la inundación. En las áreas marginales de la planicie las crecidas tienden a una profundidad y duración menores.

Las crecidas pueden ser pequeñas, medianas, grandes o excep-cionales. Esta clasificación considera el nivel del agua, tanto en los ríos como en las áreas inundadas, y la duración de la crecida. La población local entiende que para cada nivel de inundación difiere el tiempo de permanencia del agua, así como también los tipos de la vegetación, en función de la intensidad de la crecida.

De acuerdo con la comprensión cultural tradicional del Pan-tanal, las fases anuales en la planicie son: crecida, desagüe, seca y lluvia.

La crecida constituye la época en que la planicie está cubier-ta por las aguas que rebasan de los ríos, como consecuencia de las lluvias que caen localmente. El comienzo de esa fase varía de acuerdo con cada subregión. Influye en esto la distancia a que cada área se encuentra de los principales ríos, así como la topografía y la configuración de los drenajes, pudiendo haber inundaciones en Mato Grosso desde el mes de octubre, en particular en espacios más profundos y/o cerca de los ríos, hasta enero, en territorios más elevados de los Cerrados y más hacia el sur. En Mato Grosso do Sul esto acontece meses más tarde.

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Os machos adultos são negros ~ Adult males are black ~ Los machos adultos son negros

~ Bugio-preto | Black Howler Monkey | Mono aullador carayá negro y dorado | (Alouatta caraya)

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Equilibrista ~ The perfect equilibrist ~ Equilibrista

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Para ser ouvido a quilômetros ~

To be heard for miles ~ Se puede oír a kilómetros de distancia

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O olhar aprisiona a paisagem ou a paisagem domina o olhar? ~

The eye captures the landscape or the

landscape captures the eye? ~

¿La mirada aprisiona el paisaje o el paisaje

domina la mirada?

Encantamento que ousa superar os obstáculos – aproximação de uma colônia de talha-mar na baía de Sinhá Mariana ~

Enchantment that dares overcome the

obstacles – close to a colony of Black Skimmers

in the Sinha Mariana bay ~

Encanto que osa superar los obstáculos –

aproximación de una colonia de rayador o pico

tijera en la bahía Sinhá Mariana

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As lentes que espreitam a paisagem

Ao longo de quase duas décadas, o fotógrafo Mike Bueno reuniu mais de 250 mil imagens da maior planície alagável do planeta

À primeira vista não é possível relacionar o cirurgião dentista Mike Bueno, doutor em Radiologia e empresário do setor, ao fotógrafo que esquadrinha os ambientes alagados ou tórridos do Pantanal. Um olhar superficial não estabelece conexão entre estas atividades aparentemente díspares. A sua paixão pela natureza e pela fotografia, aliada à determina-ção no domínio da técnica em comunhão com a dinâmica do espaço natural, tem resulta-do em um acervo extraordinário de fotos da região.

Residente em Cuiabá, Mato Grosso, no centro geodésico da América do Sul e a menos de 100 quilômetros do Pantanal, Mike Bueno rendeu-se à riqueza inigualável da maior planície alagada do planeta, com 25 milhões de hectares, e declarada pela Unesco como Reserva da Biosfera e Patrimônio da Humanidade.

“Foram mais de 130 viagens cobrindo todos os meses do ano, vivendo a alternância das estações seca e chuvosa”, conta o fotógrafo, cujos olhos brilham, quando fala sobre o Pantanal.

Os laços de amizade criados com guias e fazendeiros tem facilitado muito a captação de cenas inusitadas, uma vez que Mike recebe, com frequência, notícias e chamados so-bre aglomerações de pássaros, a presença de espécies raras, e tantas outras ocorrências... “Estou sempre de plantão e organizado para poder me deslocar rapidamente e registrar as cenas”, explica.

“No início desse trabalho eu andava pela Transpantaneira e fotografava as plantas, os pássaros e animais – eu de um lado, e eles do outro. Aos poucos senti que não era assim que deveria ser, pois eu tinha que estar do mesmo lado, integrado a esse ambiente incri-velmente sedutor. Fui conduzido ao caminho da percepção mais sutil. Tomado por esse desejo de ‘comunhão’ com as aves, com os animais e seus ambientes... Passei a sentir essa explosão de vida selvagem à ‘flor-da-pele’...

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O predador ~ The alert predator ~

El predador ~ Onça-pintada | Jaguar | Jaguar

(Panthera onca)

A onça-pintada do Pantanal é maior e mais forte que a onça-pintada da Amazônia, devido a abundância de alimento. A sua mordida é extraordinariamente poderosa ~

The Pantanal jaguar is bigger and stronger than the Amazon jaguar, due to the abundance of food

and it has an extremely powerful bite ~

El jaguar del Pantanal es más fuerte y mayor que el de la Amazonía debido a la abundancia de

alimento. Su mordedura es extraordinariamente poderosa

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Expedição Langsdorff (1821-1829)(Mapa com representação atual)

Itinerário na Província de Minas Gerais

Itinerário através da Província deSão Paulo, até o Norte do Brasil

Possível itinerário percorrido por Riedel

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Gurupá

Borba

São LuísPoconé

Jacobina

Coxim

Camapuã

Porto FelizVila Ipanema

CampinasJundiaí

Itu SantosCubatão

SorocabaItapetininga

Sabará

MarianaOuro Preto

Barbacena

CongonhasSão João del Rei

Diamantino

Quilombo

Chapada dos Guimarães

SalinasCasalvasco

Vila Maria

Vila Bela de Mato Grosso

Corumbá(Albuquerque)

Santarém

Ilha deMarajó B

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Fonte: Base extraída de MONTEIRO, Salvador; KAZ, Leonel (eds.). Expedição Langsdorff ao Brasil – 1821-1829. Rio de Janeiro: Edições Alumbramento, 1998. p. 29. Redesenho: Entrelinhas Editora

Em torno dos documentos | 65

nos comoveu. Em verdade, de imediato, mesmo dentro de prédios fechados – ou quiçá por isso –, nos sentimos seduzidos por adentrar com mais rigor no mundo que os envolvia.

No percurso dos anos aproximamo-nos mais e mais das suas histórias. Nesses tempos visitamos os lugares percorridos pela expedição, lemos diários de viagem, cartas pessoais de cada um dos integrantes, consultamos centenas de documentos oficiais, além de revisar os seus legados artísticos ou científicos. Com isto, procuramos conhecer uma a uma a indivi-dualidade de seus distintos participantes. Assim, penetramos nos bastidores da expedição dirigida pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff que, por encargo do “Imperador de To-das as Rússias”, visitou o interior do Brasil entre 1822 e 1829; conhecemos e dialogamos com os artistas Johann Moritz Rugendas e Aimé-Adrien Taunay, e também com o engenhoso Hercule Florence, sempre exercendo funções diversas, dentre elas a de ilustrador; com o dis-creto zoólogo francês Edouard Ménétriès; com o botânico Ludwig Riedel, um alemão come-dido cuja presença sempre parecia aquietar os ânimos; com o sisudo astrônomo e cartógrafo russo Nester Gavriílovitch Rubtsov; e também com a instigante Wilhelmine von Langsdorff, esposa do barão. E, claro, com o próprio chefe da expedição1.

Assim, adentramos no seio dessa viagem, sem dúvida uma das mais conturbadas dentre aquelas expedições que visitaram as terras brasileiras no início do século XIX. A pretensão de Langsdorff era – tal como confidenciou ao seu pai – a de realizar “uma façanha quase sem precedente” (BECHER, 1990, p. 78), coisa que palidamente conseguiu.

Essa saga teve início em 1822, quando a galera Doris atracou no porto do Rio de Janeiro trazendo o cônsul Langsdorff – que retornava à Corte –, e com ele chegavam vários mem-bros da expedição, equipamentos para a viagem científica, além de imigrantes para trabalhar em sua fazenda agrícola chamada Mandioca. Mas foi apenas dois anos depois que o grupo se pôs em movimento. Inicialmente passou dez meses na província de Minas Gerais, depois, já em meados de 1825, partiu para a grande viagem com destino a São Paulo e daí à região Centro-Oeste do império brasileiro. É que, por uma reunião de vicissitudes, a empresa natu-ralista teve de ser realizada em duas etapas, cada uma com diferentes companheiros de rota, sempre sob o comando de Langsdorff. A primeira fase, por terras mineiras, foi difícil, mas ao menos se concluiu. Já na segunda, no trajeto de São Paulo a Mato Grosso – através da antiga rota monçoeira – e daí à Amazônia, a expedição acabou completamente desbaratada, com Taunay afogando-se no rio Guaporé e Langsdorff enlouquecido por febres tropicais, na selva de Mato Grosso (roteiro no mapa, p. 64).

1 Ao final deste livro encontra-se uma listagem com os nomes e dados destes personagens.

p. 64

Mapa com o roteiro da Expedição Langsdorff no Brasil

Projeto Gráfico | Diagramação | Capa

26,5 x 24 cm | 176 p. | 2014

Maria de Fátima Costa & Pablo Diener

Ciência e Paixão no BrasilA Expedição Langsdorff

Bastidores da Expedição Langsdorff, dos historiadores Maria de Fátima Costa e Pablo Diener, aborda os percalços de uma empresa científi ca com características que a transformam num objeto de estudo muito representativo da modalidade de

ciência que se vinha fazendo a partir do Século das Luzes. Ao contrário do que se poderia crer em virtude das características de seus protagonistas – cientistas preparados para aplicar “objetivamente” o método que lhes é próprio e afrontar os desafi os impostos pela exploração de territórios desconhecidos e ambientes desafi adores –, já na sua origem a empresa esteve marcada por subjetividade, paixões e desconfortos dos sujeitos que lhe deram forma. Isto terminou defi nindo o seu trágico destino.

Através de uma seleção de documentos gerados pela expedição que adentrou no territó-rio brasileiro em 1824, introduzidos por textos interpretativos e explicativos, os autores ofe-recem uma perspectiva original: o dia a dia de uma empresa científi ca europeia em territó-rio americano. Desde a gestação da viagem, por iniciativa do naturalista de origem prussia-na Georg Heinrich von Langsdorff , passando pela organização e formalidades próprias des-te tipo de comissão – considerando também as alternativas da viagem e a convivência entre seus numerosos integrantes –, até o verdadeiro fracasso do projeto, desfi lam os bastidores da viagem através das fontes selecionadas e da informação oferecida.

* Rafael Sagredo Baeza, historiador, é professor da Pontifícia Universidade Católica do Chile e Diretor do Centro de Investigaciones Diego Barros Arana da Biblioteca Nacional do Chile.

Rafael Sagredo Baeza*

p. 6

Hercule Florence. Diário da viagem: página com o desenho a nanquim de vistas dos rochedos da Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, 1825-1829 (Detalhe)Arquivo da Academia das Ciências de São Petersburgo

11, 12, 13, 14 Johann Moritz Rugendas. Estudos de corpos de índios – desenhos preparatórios para a gravura Ponte de cipó, 1824.Lápis | papel | 13,6 x 21,2 cm, 21,2 x 13,6 cm, 17,3 x 12,7 cm e 17 x 11,8 cmGuita e José Mindlin, São Paulo

15 Johann Moritz Rugendas. Ponte de cipó, 1835.Litografi a | 21,3 x 28,7cmIn: Voyage Pittoresque dans le Brésil, 3ª Div. Prancha 4

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Projeto Gráfico | Diagramação | Capa

12,5 x 18,3 cm | 44 p. | 2014

Universidade Federal de Mato Grosso

Apresentação

A Expedição Langsdorff foi um projeto científico in-terdisciplinar, realizado com a participação de alemães, russos e franceses, em colaboração com brasileiros. Com o objetivo de esquadrinhar o interior do Brasil, essa em-presa, à época, percorreu territórios pouco visitados pelas ciências modernas e, na sua última etapa, tomou a cidade de Cuiabá como um eixo das pesquisas a serem realizadas, num espaço vinculado às duas grandes bacias do Paraguai e do Amazonas.

Sem lugar a dúvida, foi também uma das viagens cien-tíficas mais conturbadas dentre aquelas que visitaram as terras brasileiras no início do século XIX. Chefiada por G. H. von Langsdorff (1774-1852), esta equipe esteve no Brasil entre os anos de 1822-1829; porém foi apenas em 1824 que Langsdorff conseguiu pôr em movimento a sua expedição. O percurso desenvolvido pela caravana rus-so-alemã foi realizado em dois momentos distintos e, em cada um deles, contou com diferentes componentes. Inicialmente realizou um roteiro que a levou da província do Rio de Janeiro à de Minas Gerais, quando Langsdorff

Dieter  Strauss que, sempre atento a toda oportunidade de criar pontes entre a Europa e a nossa América, no-meadamente entre a Alemanha e o Brasil, nos fez a pro-posta de organizar um evento acadêmico dedicado a Langsdorff em Cuiabá, ao cumprir-se 200 anos do es-tabelecimento do barão de Langsdorff como cônsul de Todas as Rússias no Brasil (1813-2013). Acolhemos essa iniciativa com entusiasmo e imediatamente estabele-cemos uma parceria entre o nosso Grupo de Pesquisa HISARCIPO e o Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional – NDIHR, dois centros de investiga-ção da Universidade Federal de Mato Grosso. A estes ade-riu prontamente Ottmar Ette, com o instituto POINTS, o Potsdam International Network for TransArea Studies, e a Cátedra de Línguas e Literatura Românicas da Universidade de Potsdam.

Foi no diálogo desenvolvido nessa parceria que for-matamos esse encontro, para o qual encontramos uma boa acolhida por parte dos conferencistas, palestrantes e coordenadores de mesa, que se dispuseram a se deslocar até Cuiabá, para participar com seus saberes eruditos nes-te intercâmbio de ideias sobre a Expedição Langsdorff.

O caderno de Resumos que apresentamos aqui ofe-rece uma versão sumária dos conteúdos abordados pe-las duas conferências e nas quatro mesas que compõem o simpósio.

Maria de Fátima Costa e Pablo DienerCuiabá, março de 2014

RESUMOS

14 A Expedição Langsdorff (1824-1828): um simpósio interdisciplinar e transregional

por lo tanto, como el primer acto de una obra de teatro que, hacia 1800, iba a llegar a su clímax histórico y epistemoló-gico, antes de llegar a las peripecias tan importantes de los años veinte y treinta. La expedición de Langsdorff se ubi-ca, tal como otras expediciones al Brasil o a otras partes del continente americano, dentro de este nuevo discurso sobre el llamado Nuevo Mundo, sin olvidarse, sin embargo, de los argumentos, tan presentes también en el discurso hegelia-no y, de ahí, en el discurso dominante de una modernidad europea, procedentes de Cornelius de Pauw y de Antoine-Joseph Pernety.

Ottmar Ette é doutor em Línguas e Literatura Românicas pela Universidade de Friburgo (1990) e realizou o segundo doutorado, de habilitação para a carreira acadêmica, na Universidade Católica de Eichstätt (1995), com um trabalho sobre Roland Barthes (Frankfurt/Main, 1998). Tem atuado como docente em diversas universidades de América Latina e dos Estados Unidos, e desde 1995 é catedrático de Letras Românicas na Universidade de Potsdam. É membro de di-versas instituições acadêmicas europeias, dentre elas, do Institute for Advanced Study – Berlim, da Escola de Pós-graduação da Sociedade Alemã de Fomento à Pesquisa (DFG), da Academia das Ciências de Berlim-Brandeburgo, da Academia Europaea, e em 2012 foi nomea-do Chevalier dans l’Ordre des Palmes Académiques, na França. No amplo leque das suas pesquisas e publicações, Ottmar Ette tem de-dicado particular atenção ao estudo da literatura ibero-americana e, sobretudo, à investigação e edição crítica da obra de Alexander von Humboldt, analisando a sua importância para a formatação das ciên-cias modernas.

Resumos 15

Mesa

Contribuições da Expedição Langsdorff às Ciências Naturais

Coordenador: Prof. Dr. Nelson Papavero, Universidade de São Paulo

Nelson Papavero é doutor em Ciências Biológicas (Zoologia) pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (1971). Entre 1968 e 1997 foi biologista do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. Desempenhou-se como vice-diretor de pesquisas do Museu Paraense Emílio Goeldi e por três gestões consecutivas foi presidente da Sociedade Brasileira de Zoologia. É Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Professor Honorário da Universidad Nacional de Tucumán (Argentina). Na qua-lidade de especialista em Entomologia (Diptera), História das Ciências Biológicas e História da Zoologia no Brasil, tem publicado numerosos artigos científicos, livros e capítulos de livros e atuado como orienta-dor de mestrado e doutorado. Atualmente trabalha na elaboração de um Dicionário histórico dos nomes populares dos animais do Brasil. Quinhentos anos de nomenclatura popular zoológica, uma obra abran-gente e ricamente ilustrada.

30 A Expedição Langsdorff (1824-1828): um simpósio interdisciplinar e transregional

Mesa

G.H. von Langsdorff enquanto personagem

Coordenadora: Profª Drª Paula Ramos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Paula Ramos é crítica e historiadora da arte, atuando no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Doutora em Artes Visuais, ênfase em História, Teoria e Crítica de Arte (UFRGS, 2007) e atualmente professora dos cursos de História da Arte e Artes Visuais, bem como do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS. É autora e organizadora de várias publicações, com destaque para A Madrugada da Modernidade (2006), Frantz – O Ateliê como Pintura (2011) e A Fotografia de Luiz Carlos Felizardo (2011). Membro do Comitê Brasileiro de História da Arte e da Associação Internacional de Críticos de Arte. Vive e trabalha em Porto Alegre.

Resumos 31

Langsdorff enquanto naturalista viajante

Dr. Boris Komissarov, Universidade Estatal de São Petersburgo

Resumo

Georg Heinrich von Langsdorff (1774-1852), notável naturalista e etnógrafo, membro da Academia das Ciências de Petersburgo e cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro é um brilhante representante do Século das Luzes alemão. As viagens que empreendeu entre os anos de 1797-1829 abrangeram vários países da Europa Ocidental – pratica-mente toda a Rússia, uma série dos arquipélagos atlânti-cos –, do Oceano Pacífico, como Japão, Alasca, Califórnia, e ainda o Brasil. Hoje o seu legado está composto por tra-balhos publicados, arquivos manuscritos, mapas, plantas, desenhos, bem como amplas coleções etnográficas e de ci-ências naturais.

Na atualidade, devido às condições da crise ecológica mundial, esse material, principalmente os que dizem res-peito à Rússia e ao Brasil, se converte num acervo inesti-mável para conhecimento de ricos ecossistemas: a Sibéria e a Amazônia são os “pulmões do nosso planeta”, como hoje universalmente se propaga. Conhecer os itinerários russos e brasileiros percorridos por Langsdorff, a fim de comparar os dados que recolheu com os do estado atual da Natureza, pode ter uma grande significação para a mu-dança do paradigma de subjugação da Natureza e da con-duta da Humanidade. Nessa palestra, pois, se falará do na-turalista que em 1828 perdeu a memória na Amazônia,

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Panfleto de divulgação do lançamento de “Pantanimais” [ 15 x 21 cm | 2015 ]

Desenvolvimento de peças gráficas para suporte ao conteúdo multimídia [ 2011 ]

Arte de capa [ 15 x 21 cm | 2009 ]

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Publicações digitais no formato ePub para leitura interativa em e-readers, tablets e demais dispositivos móveis com sistemas

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Amor à causa, entusiasmo e dedicação de um filho devotado trazem resultados extraordinários para o Hospital de Câncer de Mato Grosso

Otaviano Costa: o embaixador do coração

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H o m e n a g e m

POR LILIANE COELHO

M uitos quilômetros separam Otaviano Costa de sua terra natal. Mas essa distância só se concretiza quando o assunto é geografia. Na prática, Otaviano José da Costa nunca deixou Cuiabá. Mesmo tendo saído da cidade em 1989 para jogar vôlei no time infanto-juvenil do Banespa, sempre esteve aqui, em carinho, amor e admiração. Foi bom vê-lo crescer, primeiro como locutor da Jovem Pan, depois em emissoras importantes como SBT, MTV, Band, Record e Rede Globo.

A relação de amor com Cuiabá ficou ainda mais forte quando os caminhos da vida o levaram para outra cidade. A partir daí, não só o amor pela capital era evidente, mas também o orgulho pelo Estado, do qual ele passou a ser um dos representantes mais conhecidos.

Com o rosto simpático e o sorriso sincero sempre estampados na televisão, Otaviano passou a ser sinônimo, para nós, do que é ser um bom cuiabano: alegre, afetuoso, falante e verdadeiro. Para o Brasil e, quem sabe para o mundo, se mostrou um homem inquieto, criativo e realizador, capaz de estar sempre em movimento em busca de seus sonhos.

Em um mundo onde as novas gerações se destacam pelo empreendedorismo e por uma relação diferente com o sucesso, Otaviano se sobressai. Não é sinônimo apenas de um homem bem-sucedido, com um casamento sólido e feliz, mas de um ser humano especial, moldado em valores que, infelizmente, não são mais muito comuns.

ONDE MORA O CORAÇÃO

O coração foi o elo que sempre manteve Otaviano Costa ligado à Cuiabá e também o protagonista de uma história que começou a ser escrita no início de 2012. Bastou um convite para assinar o seu nome em um dos

ambientes da renomada mostra Casa Cor Mato Grosso, para o coração bater mais forte e acender uma luz interior.

Qualquer outra pessoa teria apenas aceitado o convite. Otaviano fez mais. Olhou para a oportunidade como um filho amoroso e entendeu que estava ali uma chance de contribuir de outras maneiras.

O ambiente que levaria o seu nome era parte de uma mostra. A mostra seria realizada em uma ala inacabada de uma instituição. A instituição era o Hospital de Câncer de Mato Grosso e ali havia muitas pessoas com vidas suspensas esperando a dor de uma doença cessar.

Otaviano foi conhecer as histórias por trás dos rostos. Quis ver, ouvir, abraçar e emocionado, quis representar cada uma delas. Criou para si o título de embaixador da causa e, a partir de então, não parou mais.

UMA HISTÓRIA PARA FAZER PARTE

O entusiasmo e a dedicação de Otaviano atraíram muitos parceiros e artistas globais para a causa, como Flávia Alessandra, Xuxa, Reinaldo Gianechinni, Cláudia Leitte, Murílio Benício, Juliana Paes, Luana Piovani e muitos outros. Além de artistas e ídolos conhecidos e empresários importantes, muitos foram os amigos que se juntaram ao projeto para ajudar a concluir a ala abandonada do hospital. A estrutura básica, que ficará pronta após a realização da Casa Cor Mato Grosso, precisará ainda de muitas outras providências para receber os pacientes e, ao saber disso, as pessoas se impressionam. Pensam em seus pais, filhos, amigos e entes queridos que tiveram o dissabor de viver o mesmo problema ou, simplesmente, se emocionam com a atitude de Otaviano.

Até o fechamento dessa matéria, muito foi feito. Um site especialmente criado para a campanha (www.facapartedestahistoria.com.br); uma entrevista comovente no programa

de Ana Maria Braga; uma camiseta desenvolvida pela empresa “Use Huck”, com parte da venda revertida para o hospital; uma grande mobilização de produtores rurais em parceria com a Aprosoja, por meio do projeto Agrosolidário; um grande leilão de objetos doados por personalidades famosas, que foi chamado de “Objetos do Coração”. Esse último evento foi um marco importante na campanha, reunindo mais de 400 pessoas em São Paulo, o que trouxe visibilidade nacional para Mato Grosso e mostrou que uma causa é capaz de mobilizar pessoas do país inteiro e ultrapassar qualquer fronteira. Isso tudo parece ser apenas o começo. Ao todo, o montante arrecadado com estas ações já totalizam quase R$ 2,5 milhões. Uma grande soma e um grande passo, especialmente se pensarmos que tudo começou com um simples convite. Depois dele, Otaviano pegou aviões, gravou entrevistas, organizou eventos, mobilizou pessoas e agradeceu amigos, sempre com a mesma alegria.

A conclusão? Uma história bonita está sendo escrita e é bom saber que, por trás dela, está alguém que sempre se manteve perto, inclusive quando estava longe. Os resultados? Uma corrente do bem, um sonho prestes a se realizar e uma certeza: para todos os envolvidos na causa, ao falar do próprio currículo, Otaviano sempre vai poder se declarar: ator, cantor, apresentador e embaixador. Do coração. n

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EQUIPE DE ENFERMEIRAS DO HOSPITAL DE CÂNCER POSA PARA FOTO COM O EMBAIXADOR, OTAVIANO COSTA

Parceria com a Casa Cor viabiliza a finalização de uma ala do hospital que ficou abandonada por 17 anos

Hospital de Câncer de Mato Grosso

O Hospital de Câncer de Mato Grosso (HCMT) é referência no tratamento de câncer no Estado. A entidade realiza um trabalho em busca da excelência desde 1999 nos seus quase 50 mil atendimentos anuais. Atualmente o hospital dispõe de 126 leitos, divididos entre enfermaria de clínica médica, cirúrgica, pediátrica e UTI. Atende a demanda de pacientes com forte suspeita ou diagnóstico de câncer e oferece serviço resolutivo nos diversos níveis de complexidade, priorizando o atendimento multiprofissional.

O HCMT abriu suas portas para a internação no ano de 2000, com 110 leitos, numa época em que o Estado possuía apenas dez leitos para atender todos os pacientes com câncer em Mato Grosso. Por ser uma instituição privada e filantrópica, o hospital depende do apoio da sociedade e também de empresas para manter seu funcionamento. É uma luta diária para fazer o bem em prol daqueles que mais precisam.

Este ano a instituição conquistou um parceiro que deixará um importante legado à população e transformará a sua história: a Casa Cor Mato Grosso 2012, que concluirá a reforma e ampliação do ambulatório com 18 consultórios e diversas especialidades em oncologia, uma ala inacabada há 17 anos. A reforma possibilitará que o número de atendimentos aumente consideravelmente.

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ACIMA, FACHADA DO HOSPITAL DE CÂNCER DE MATO GROSSO. NO CENTRO, LAN HOUSE DA BRINQUEDOTECA DO AMBULATÓRIO INFANTIL. À DIREITA, BRINQUEDOTECA DO AMBULATÓRIO INFANTIL

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Projetos de captação de recursos se fazem necessários, considerando que o tratamento oferecido a um paciente com câncer tem custo elevado e os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) não cobrem todos os gastos. Leilões em diversas cidades do Estado, campanha de venda de sacos de lixo em Cuiabá e Várzea Grande, Cofrinho Solidário, Arraiá dos Amigos, Bazar Solidário, Projeto Arte-Terapia e Campanha Rede Cemat são algumas das ações desenvolvidas a fim de arrecadar fundos e custear as despesas do hospital. De acordo com o presidente do HCMT, Dr. João Castilho Moreno, “temos a necessidade de que empresas venham somar conosco para que possamos dar tratamento digno a todos os pacientes”.

Partindo do sonho de algumas pessoas, esforço, garra e muitas parcerias, o hospital tem a oportunidade de melhorar o atendimento e o prognóstico do tratamento aos pacientes. “Com a parceria da Casa Cor Mato Grosso 2012 viramos uma página da história do Hospital de Câncer em vários aspectos. A reforma e ampliação do ambulatório proporcionará um aumento no atendimento do ambulatório e, como consequência, abrirá espaço para novas áreas que serão utilizadas para futuras internações. Dentro do hospital contamos com grandes profissionais que são nossos guerreiros da linha de frente no combate ao câncer. Precisamos ter aliado a nós guerreiros da retaguarda que possam atuar neste combate nos fornecendo armas e suprimentos”, afirma Dr. João Castilho.

A cada dia um novo futuro é construído e mais pessoas fazem parte desta história. n

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Sabores do CerradoFestival propõe um novo olhar para a gastronomia em Mato Grosso

POR LILIANE COELHOFOTOS EDUARDO MARÃES

Q uem vive no Centro-Oeste sabe que o Cerrado é sinônimo de sabores peculiares e exóticos. Frutas selvagens que nascem em árvores retorcidas, moldadas pelo tempo e pelo calor. Sabores marcantes que se escondem em cascas grossas, difíceis de abrir. Raízes fortes que, quando escolhidas por mãos hábeis, trazem leveza e frescor. O Cerrado aprendeu a se proteger, o bastante para se mostrar muito interessante àqueles que dedicarem um olhar apurado, entendendo que ali se extende um bioma repleto de pequenas surpresas e segredos.

E olhar para o Cerrado com atenção e reverência foi o que fez um grupo de chefs de Cuiabá. Liderados pela inquietude realizadora de Leila Malouf e pela criatividade sem fronteiras de Ariani Malouf, um grupo de 52 cozinheiros e chefs do Buffet Leila Malouf e dos restaurantes Mahalo

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F e s t i v a l d e G a s t r o n o m i a

pela Le Cordon Bleu de Paris, uma das mais conceituadas escolas de gastronomia do Ocidente. “Queremos incentivar e valorizar o trabalho dessas pessoas que contribuem para o reconhecimento da culinária do Estado. A criatividade dos nossos chefs na combinação dos ingredientes e na montagem dos pratos já é reconhecida em todo o Brasil”, explica Ariani.

Cinco jurados brasileiros avaliaram as criações. Entre eles Ivo Faria e Edney Adriano Moreira (chefs do restaurante Vecchio Sogno Ristorante, de Belo Horizonte), Andréa Tinoco (chef do Rancho Inn, do Rio de Janeiro), João Carlos Caldeira (professor de Gastronomia, Nutrição e Turismo da Unic) e Eduardo Toshio (professor de culinária japonesa).

Os pratos, com ingredientes típicos da região, foram saboreados por centenas de visitantes que apreciaram cada criação dos chefs com curiosidade e admiração.

A CHEF ARIANI MALOUF DANDO O TOQUE ESPECIAL NAS RECEITAS

À ESQUERDA, ALEXANDRE, UM DOS VENCEDORES DO CONCURSO NA CATEGORIA PRATO PRINCIPAL E O PACU, UM DOS INGREDIENTES ESCOLHIDOS PARA O PRATO. NO CENTRO, TELA DE SABORES, DA DUPLA MARILENE & LUCILENE. À DIREITA, BISCUIT DE PISTACHE COM FRUTAS VERMELHAS, VENCEDORA DA CATEGORIA SOBREMESAS, DE KAMILLA

Cozinha Criativa e Novo Sabor se lançou ao desafio de combinar os sabores do nosso Cerrado de cada dia para produzir receitas inéditas.

Ao invés de fazer essa imersão protegidos pelas paredes de uma cozinha, esses profissionais compartilharam o resultado de suas invenções com o público, em um grande evento: o Festival Sabores do Cerrado. A 12ª edição aconteceu em maio deste ano, em um formato ainda maior e mais completo e apresentou ao público delícias feitas a partir do cumbaru (baru), bocaiuva, pequi, babaçu, gabiroba, murici e guariroba – palmito do cerrado – e outras estrelas desse bioma tão presente em Mato Grosso.

Em duplas, os chefs desenvolveram 29 pratos nas categorias canapés, saladas e entradas, pratos quentes e sobremesas. As categorias foram definidas por Ariani Malouf – chef do Buffet Leila Malouf, graduada

AO INVÉS DE FAZER ESSA IMERSÃO PROTEGIDOS PELAS PAREDES DE UMA COZINHA

ESSES PROFISSIONAIS COMPARTILHARAM O RESULTADO DE SUAS INVENÇÕES COM O PÚBLICO, EM UM GRANDE EVENTO: O FESTIVAL SABORES DO CERRADO

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Concurso inédito envolve acadêmicos no projeto Casa Cor MT no Hospital de Câncer

Alunos de arquitetura participam da mostra

V encedores do concurso “Projeto Casa Cor MT no Hospital de Câncer”, os acadêmicos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de Cuiabá (Unic), Alexander Sandhas, Érika Fiorino e Adrielle Silva da Cruz são responsáveis

pelo desenvolvimento do ambiente “Loja e Chocolateria”, na mostra de 2012. Eles conquistaram o 1° lugar no concurso, cujo objetivo é envolver a comunidade acadêmica nesta grande obra social.

O grupo vencedor apresenta o seu trabalho

nesta matéria. O 2° e o 3° colocados foram, respectivamente, Patrícia Broggi, Elis Ângela de Almeida, Jonas Fernandes Galvão e Viviani Canteri Machnie; e Ana Carolina Lesse, Daniel Dionezio e Willian Marques. O diretor da Faculdade, Eduardo

Chiletto, agradeceu a participação dos estudantes, distribuídos em 21 grupos. “Parabenizamos os premiados e todos os participantes pelo empenho, dedicação, determinação e comprometimento com o concurso”.

A execução do projeto vencedor na mostra deste ano tem a supervisão de professores orientadores da Unic. “Fico muito feliz com o resultado deste concurso inédito, porque demonstra o engajamento dos acadêmicos em prol do hospital, uma causa nobre e de suma importância para todo o Estado”, ressaltou a diretora da Casa Cor, Emili Ayoub Giglio.

Considerada a maior vitrine de exposição de trabalhos para os profissionais da área, a mostra deste ano traz o tema “Moda, Estilo e Tecnologia”, e o lema é “Fazer o bem social em prol do Hospital de Câncer de Mato Grosso”. Realizada a cada dois anos, a Casa Cor traz as novidades do setor e fortalece as marcas envolvidas. Esta edição ocorre entre os dias 12 de setembro e 31 de outubro.

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À ESQUERDA, AMBIENTE "LOJA E CHOCOLATERIA", 1º LUGAR CONQUISTADO NO CONCURSO “PROJETO CASA COR MT NO HOSPITAL DE CÂNCER”. ACIMA, DETALHE DO AMBIENTE PREMIADO EM 2º LUGAR. À DIREITA, DETALHE DO 3º COLOCADO

MENÇÕES HONROSAS

Os projetos foram examinados por uma banca de jurados formada pelos professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Manuel Perez, Vera Regina Magalhães Baggetti; pela coordenadora do curso de

Moda da Unic, Verena Fazolo; pelo presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso, Cláudio Miranda; e pela diretora da Casa Cor MT, Emili Ayoub Giglio. Os jurados decidiram conceder ainda menções

honrosas aos acadêmicos Thaís Eliza de Souza Araújo, Carlos Alberto Oseko Jr., Camila Miranda Feltrin, Fabrina Ribeiro, Fernanda Machado e Sandra Regina Heinen, pela qualidade dos projetos desenvolvidos. n

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Chefe de Arte | Diagramação

20,8 x 27,5 cm | 192 p. | 2012

Casa Cor® Mato Grosso

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Desejo de transformarCasa Cor® Mato Grosso chega a sua 10ª edição com importante contribuição para o Estado

Estamos inaugurando a nossa 10a edição da Casa Cor® Mato Grosso! Este momento nos faz lembrar da primeira edição, no início de um novo milênio, em 2000, quando a humanidade repensava sua trajetória, desejando um salto evolutivo. Foi nesse momento que a arquiteta Emili Ayoub Giglio convenceu a direção nacional da franquia que Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso, tinha condições de receber o prestigiado evento.

Emili associou-se ao colunista social Fernando Baracat e ambos saíram pela cidade fazendo reuniões com profissionais e empresas para apresentar e explicar o evento e mostrar os benefícios que poderia trazer para a classe dos profissionais de arquitetura, design e paisagismo, para a sociedade, além da divulgação do nosso Estado pelo Brasil.

Muitos foram os desafios e a primeira edição nasceu com um sucesso estrondoso. A sociedade cuiabana e mato-

-grossense pôde, pela primeira vez, apreciar o talento dos profissionais do setor, sempre valorizando a arte e a cultura mato-grossense. O evento passou a fazer uma grande dife-rença para o mercado. Marcávamos, ali, o início de outros desafios.

Na segunda edição, já sem a participação do colunista Fernando Baracat, que seguiu outros caminhos, partimos para criar, sempre, novas expectativas e fizemos em 2001 a maior edição de Casa Cor® no Brasil. Construímos, em tempo recorde, mais de 4.200 m2 em ambientes finamente decorados. Chegamos ao luxo de ter uma pista de pouso para aviões de pequeno porte, ao lado da Mostra, para atender

aos nossos convidados de outras cidades do Estado. Criamos um sistema de controle que nos permitiu saber o tempo de visitação de cada pessoa na Mostra. Foi um espetáculo à parte.

Em todas as edições inovamos e surpreendemos os nossos convidados e empresas que nos apoiaram. Os profissionais da Mostra sempre se destaca-ram e apresentaram ambientes espetaculares, inclusive premiados no Brasil.

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Editorial

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E assim foi até que, em 2012, agimos com o coração e fizemos da nossa Mostra o maior projeto social de todos os tempos. Com o empenho dos profis-sionais participantes e de nosso amigo o ator e apresentador Otaviano Costa, envolvemos toda a sociedade, artistas de renome nacional que emprestaram sua imagem para o Hospital de Câncer de Mato Grosso, os governos estadual e municipal, Assembleia Legislativa e demais poderes constituídos, além de grandes entidades de classe como Aprosoja e Ampa. Transformamos uma ala abandonada havia 17 anos em instalações dignas que agora viabilizam o tratamento de milhares de pessoas. Além de recuperar o espaço, construímos mais ambientes, atendendo às necessidades do hospital. Realizamos uma Mostra impecável, com um viés social surpreendente e que recebeu mais de 27 mil visitantes.

Foi com esta força realizadora, com esta energia e determinação de fazer o que nunca foi feito, que chegamos à nossa 10ª edição em Mato Grosso, com a Mostra no interior de um Shopping Center. Pela primeira vez o Goiabeiras Shopping, espaço tradicional de nossa cidade, foi transformado no palco da maior Mostra de Arquitetura, Decoração e Paisagismo das Américas, ampliando consideravelmente as possibilidades de visitação durante todo o evento.

Temos muito orgulho do trabalho de todos os profissionais, das empresas e instituições parceiras, que não medem esforços para apresentar o me-lhor ambiente, com sensibilidade, técnica, ousadia, atualidade e inovação. Agradeço a todos que acreditaram neste sonho, resistiram às intempéries e caminharam conosco durante todos esses anos.

Convidamos a todos para que aproveitem ao máximo esta Mostra, a surpreendente criação de 50 profissionais em seus 34 ambientes. Estes profissionais, senhoras e senhores, estão prontos para transformar os lares, os espaços de trabalho e de lazer em todas as cidades de Mato Grosso nos melhores lugares para se viver, como passamos a desejar no início do milênio. Sejam bem-vindos.

Vagner, Emili e Marcelo GiglioDiretores da CASA COR M ATO GROSSO

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Aline Luccini

ArquitetaAv. Paraná 150E Sala 04, CentroCep 78.455-000 Lucas do Rio Verde-MT Tel 65-3549.6394 / [email protected]

Arquiteto Home • Degradê • L’Harmonie fina cozinha • Lit Iluminação • Realce Persianas • Sierra Móveis • Tintas Renner • Todeschini

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Varanda e Gourmet

Livro CCorMT14.indb 52 25/07/14 21:23

Ilana Santiago

Arquiteta Rua São Benedito 724, BandeirantesCep 78.008-450 Cuiabá-MTTel 65-3025.1097 / 9998.2229 [email protected]

Capim Cidreira • Dimel Iluminação • Empório do Arquitecto • Empório Portobello • Le Marché • Princess Joias • Saccaro Móveis • Sierra Móveis • Tintas Renner • Todeschini

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Estar do Jovem Casal

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Redação

o homem e a cultura pantaneira acabam de receber importante contribuição em registro artístico-cultural inédito de José Medeiros.

O Pantanal MatO-grOssense é uMa regiãO singular, de beleza extraordinária, localizada no centro da Amé-rica do Sul. Foi declarada pela Unesco como Reserva da Biosfera e Patrimônio da Humanidade. As centenas de anos de ocupação desse ambiente propiciou o surgimento do homem pantaneiro e sua cultura singular.

Esse é o foco central do livro de arte O Pantanal de José Medeiros recém lançado pela Entrelinhas Editora. O projeto de publicar esse livro nasceu nas páginas da revista Casa Cor® Mato Grosso 2004, que publicou uma grande reportagem ilustrada sobre a pecuária pantaneira, do jornalista Rodrigo Vargas e o fotógrafo José Medeiros, em 22 belíssimas páginas da edição. O resultado surpreendeu tanto que despertou no fotógrafo e na editora o desejo de retratar o uni-verso cultural do Pantanal de Poconé em livro de arte. E assim foi.

Foi a partir desse momento que o fotógrafo José Medeiros passou a registrar aspectos da cultura pantaneira ao longo dos últimos 11 anos, com muita paciência, persistência e grande sensibilidade. Entre as milhares de imagens resultantes desse registro, foram selecionadas 135 fotos que agora compõem o seu primeiro livro, destacando as grandes paisagens, a lida com o gado e as grandes fazendas do Pantanal, as festas de santo, retratos de personagens e um recorte com destaque para as competições da Cavalhada de Poconé e a Dança dos Mascarados, manifestações culturais belíssimas, espetaculares, e ainda pouco conhecidas no Brasil.

Boi-homem. Homem-boi

Pantanal de emoções

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O Pantanal de JOsé MedeirOs

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Em primorosa edição em três idiomas – português, inglês e espanhol – da Entrelinhas, o livro foi organizado pela editora e jornalista Maria Teresa Carrión Carracedo e contou com importantes contribuições. Apresentam a obra do artista o fotógrafo Walter Firmo, um dos mais renomados docu-mentaristas do país, a crítica de arte Aline Figueiredo, animadora cultural responsável pela inserção da arte de Mato Grosso no cenário brasileiro, e as curadoras Ângela Magalhães e Nadja Peregrino, curadoras e pesquisa-doras com extenso currículo na produção de exposições de fotografia no Brasil. Sobre José Medeiros e sua relação com o Pantanal e os pantaneiros, escreveu a jornalista Carla Pimentel Águas, doutora em Pós-colonialismos e Cidadania Global pela Universidade de Coimbra.

Carla Águas, ao acompanhar José em uma de suas visitas ao Pantanal, registrou: “Ainda que também perca o fôlego diante da tremenda beleza daquele espaço, não só o cenário seduz o artista: é a figura humana, mer-gulhada naquela imensidão, que está na mira do seu olhar.”

Walter Firmo, uma das maiores referências da fotografia autoral no Brasil, diz em sua apresentação: “O livro “O Pantanal de José Medeiros” vagueia na construção em cor e preto-e-branco, de um registro solene do homem, senhor pantaneiro, aquele que toca a boiada, faz o laço de couro e cultiva as rezas cantadas. Tudo isso porque este Pantanal que ainda respira pelas lentes de José Medeiros, tem os seus dias contados. A região está mudando, ampliam-se pousadas em seus rios e lagoas e alguns dos vaqueiros que tocavam a boiada agora “conduzem” turistas, ávidos dos desfrutes, regidos pelos conhecimentos de quem sabe onde estão as sucuris, as onças e os veados.”

“... é a figura humana, mergulhada naquela imensidão, que está na mira do seu olhar.”

o pantaneiro donato Malheiros dos Santos, com

chapéu, laço e tirador – peças de vestuário necessárias à

lida com o gado

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O Pantanal de JOsé MedeirOs

Livro CCorMT14.indb 42 25/07/14 21:18

E a animadora cultural Aline Figueiredo, nos explica que “O Pantanal de José Medeiros focaliza essa integração com a natureza, tal um sonho edênico. Eu diria que o Zé é mesmo um romântico, na captura do espaço-tempo reservado. As proezas das laçadas, a diversão das corridas, comitivas a conduzir boiadas são tarefas prazerosas que fazem a aventura e o orgulho do peão pantaneiro. Nesse Pantanal, o artista focaliza o universo do peão e não do patrão, vai ao galpão e não ao casarão. Apesar da rima, não se procurou isso de propósito. No Pantanal não há o escalonamento ostensivo, verificado em outras culturas rurais. No Pantanal, o recolhimento da planura nivela a convivência.”

“Este livro é o suporte de um Pantanal de emoções concentradas, resultado de 11 anos de convivência com homens e mulheres do Pantanal em seu cotidiano, prin-cipalmente na região de Poconé, com suas diversas mani-festações culturais”, avalia Maria Teresa, com a percepção de que o Brasil e o mundo precisam conhecer este povo e esta região de incontáveis riquezas humanas.

O livro se apresenta em grande formato, com impressão especial e encadernação em capa dura, com 240 páginas em papel couche e um encarte com as legendas. O pro-jeto de publicação contou com o apoio do Governo do Estado de Mato Grosso e Prefeitura Municipal de Cuiabá.

sObre O autOr

“Poucos conhecem Mato Grosso como o fotógrafo José Medeiros”, diz a jornalista Martha Baptista. “É quase impossível imaginá-lo sem a câmera na mão. O equipa-mento fotográfico é uma extensão de seus braços, mãos, e capta com perfeição técnica o que seu olhar e sua sen-sibilidade artística detectam nas cidades, na natureza, nas manifestações artísticas e, principalmente, no ser humano, que ganha outra dimensão através da arte de José. A redeira torna-se uma figura lendária, a rezadeira parece tocada pelo sobrenatural, o vaqueiro vira um ser mítico, o indígena transparece as marcas de anos e anos de história. Medeiros é um profissional maduro, com 25 anos dedicados à fotografia. É reconhecido no âmbito nacional entre os mais ativos fotógrafos de Mato Grosso”, finaliza.

Da Amazônia ao Pantanal, José Medeiros sempre mos-trou preocupação com as manifestações culturais do ho-

mem interagindo com a natureza. Natural de Campo Grande, MS, desde os 16 anos se dedica à foto-grafia. Atualmente como documen-tarista, dedica-se à documentação da cultura brasileira, registrando aspectos artístico-culturais pela agência Fotos da Terra.

entrever o dia

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Livro CCorMT14.indb 43 25/07/14 21:18

Chefe de Arte | Diagramação

20,8 x 27,5 cm | 144 p. | 2014

Casa Cor® Mato Grosso

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86 Infraestrutura e Tecnologia da Informação

Estruturas do Tribunal de Justiça também passaram por reformas

A gestão 2013|2015 também investiu em reformas de diversos setores do prédio do Tribunal de Justiça, a fim de propiciar melhores condições de trabalho a servidores e magistrados, além de maior conforto ao público que frequenta a sede do Poder Judiciário.

O Departamento Judiciário Auxiliar (Dejaux) passou por uma ampla reforma, que otimizou os espaços e trouxe maior comodidade a todos. Além da estrutura, foram trocados os cabeamentos do Dejaux, a iluminação e o forro.

Os estacionamentos I e H, destinados aos servidores, também foram reformados, ganhando calça-mento com bloquetes e concregrama. As faixas dos estacionamentos receberam pintura nova e o local recebeu iluminação adequada.

O pergolado na praça de convivência interna do Tribunal de Justiça também foi reformado, com novos pilares, além de pintura e bancos novos.

A academia de ginástica também passou por reformas, e recebeu novos e modernos equipamentos.

“O Plenário 1 (onde acontece a sessão do Tribunal Pleno) ficou

muito funcional. O TJ precisa se modernizar não só no aspecto tecnológico, mas também no

ambiente físico. Hoje estamos em um espaço que oferece

melhores condições de trabalho não só para os desembargadores,

mas também para advogados, promotores, defensores públicos e a população de maneira geral”.

Desembargador Gilberto Giraldelli.

“Os plenários estão excelentes, a acústica está ótima. Gostei

muito. Acho que essa reforma realmente era necessária, pois

garante um ambiente mais saudável para magistrados e a

população que aqui frequenta”.Desembargadora Maria Erotides Kneip Baranjak.

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Gestão de Pessoas

“Não fortalecerás a dignidade e o ânimo se subtraíres ao homem a iniciativa e a liberdade”.

Abraham Lincoln

146 Corregedoria-Geral

Mutirão arquiva 50.395 processos nos Juizados

Nos Juizados Especiais, a Corregedoria atingiu recorde de processos arquivados, com o Mutirão para a Redução de Movimentação Processual com Foco no Arquivamento e Andamento. Foram ao todo 50.395 processos arquivados. A equipe ainda registrou 29.253 andamentos, como citações, intima-ções expedidas, e outros, o que acabou por movimentar milhares de outros processos, dando anda-mento ao trâmite processual.

A ação teve a participação de 17 servidores (Fóruns de Cuiabá e Várzea Grande) e foi desenvolvida em duas etapas, divididas entre os dias 23 de julho e 26 de agosto de 2014. Nesse mesmo período foram distribuídos, no Primeiro Juizado, 667 processos, Segundo Juizado, 666, Terceiro Juizado, 702, Quarto Juizado, 695, Quinto Juizado, 697, e Sexto Juizado, 675, perfazendo o total de 4.102 novos processos. Ainda foram remetidos à Turma Recursal (Segundo Grau de Jurisdição) 1.328 processos.

Para atingir as metas, a equipe da Corregedoria focou nos processos que aguardavam movimentações há muito tempo e outros que já tinham decisões e necessitavam de impulsionamento. O corregedor, desembargador Sebastião de Moraes Filho, determinou anotações de elogio nas fichas dos servidores que participaram da ação. “Nossas expectativas foram superadas. Os números contribuirão no resul-tado final da gestão 2013|2015, que tem o compromisso de baixar os estoques processuais e entregar uma prestação jurisdicional mais célere”, ponderou o corregedor.

Mutirão Carcerário

Mutirão “Celeridade Já”

Corregedoria-Geral 147

Apolo Eletrônico

Corregedor lança Apolo Eletrônico em Poconé

O Apolo Eletrônico é um projeto implantado pela Corregedoria-Geral do TJMT por meio do qual todo o processo judicial, desde a petição até a sentença, é feito eletronicamente, dando mais celeridade ao trâmite e ajudando a reduzir o estoque processual no Estado. Trata-se de uma versão aprimorada - mais racional e menos burocrática - do Sistema Apolo, em uso em todas as 79 comarcas do Estado para a gestão processual, com várias ações.

Novos recursos e formatações foram desenvolvidos pela equipe do Dapi (Departamento de Aprimo-ramento da Primeira Instância), que trabalhou na automação e racionalização de dezenas de itens do sistema, como a publicação no Diário da Justiça Eletrônico, a certificação do alvará, os mandados de intimação e as audiências de conciliação, dentre outros.

Além de ajudar na redução do número de processos em tramitação, o Apolo Digital permite que o magistrado faça o seu trabalho mesmo a distância, o que dá mais celeridade. Mas essa digitalização dos processos não implicou na abolição da correição física, que foi mantida rigorosamente.

“Nas comarcas onde não houver juiz titular de forma permanente, o Apolo Eletrônico possibilita que os advogados e cidadãos tenham o devido acesso à Justiça”.Eduardo Manzepi, presidente da Comissão de Direito Eletrônico da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso (OAB/MT).

Projeto Gráfico | Diagramação | Capa

26 x 25 cm | 160 p. | 2015

Tribunal de Justiça de Mato Grosso

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40 Tecnologia indígena em Mato Grosso | Habitação

Na sequência (Figuras 13 e 14) são apresentados desenhos do arquiteto Carlos Zibel Costa, reproduzidos do artigo O Desenho Cultural da Arquitetura Guarani (1993)43. As características construtivas peculiares das casas estudadas – oo: casa tradicional / opy: casa de rezas – chamam atenção pelo seu grafi smo, capaz de identifi car o traço pessoal do autor. Todos eles foram de-senhados no escritório para edição.44 Zibel cunha o termo “desenho cultural”, também adotado nesta tese, que utiliza no título do seu artigo como forma de explicitar o desenho étnico do povo Guarani. Zibel (1993, p. 128) afi rma ainda que algumas raízes tecnológicas e culturais da arquite-tura vernacular brasileira, de origem cabocla, se apoiam na cultura tupi-guarani, fazendo referên-cia a Antonio Candido45 para afi rmar que: “Como fi lho legítimo da civilização indígena, vale dizer, tupi-guarani, a arquitetura cabocla brasileira como a dos caipiras – caa porá – e caiçaras – caa sara – mantém até hoje, de modo explícito, enorme rol de infl uências culturais daquela civilização”.

43 O citado artigo foi elaborado com base na tese de doutorado do autor, intitulada Habitação Guarani, tradição construtiva e mitologia. FAUUSP, 1989.

44 Informação pessoal recebida por <[email protected]>, em 10 de fevereiro de 2004.45 CANDIDO, Antonio. Os parceiros do Rio Bonito – estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida. São Paulo:

Duas Cidades, 1987.

Figura 13. Estrutura da casa Guarani. Desenho original cedido por Carlos Zibel Costa.

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I – O desenho no estudo das casas indígenas 41

Na sequência (Figuras 13 e 14) são apresentados desenhos do arquiteto Carlos Zibel Costa, reproduzidos do artigo O Desenho Cultural da Arquitetura Guarani (1993)43. As características construtivas peculiares das casas estudadas – oo: casa tradicional / opy: casa de rezas – chamam atenção pelo seu grafi smo, capaz de identifi car o traço pessoal do autor. Todos eles foram de-senhados no escritório para edição.44 Zibel cunha o termo “desenho cultural”, também adotado nesta tese, que utiliza no título do seu artigo como forma de explicitar o desenho étnico do povo Guarani. Zibel (1993, p. 128) afi rma ainda que algumas raízes tecnológicas e culturais da arquite-tura vernacular brasileira, de origem cabocla, se apoiam na cultura tupi-guarani, fazendo referên-cia a Antonio Candido45 para afi rmar que: “Como fi lho legítimo da civilização indígena, vale dizer, tupi-guarani, a arquitetura cabocla brasileira como a dos caipiras – caa porá – e caiçaras – caa sara – mantém até hoje, de modo explícito, enorme rol de infl uências culturais daquela civilização”.

43 O citado artigo foi elaborado com base na tese de doutorado do autor, intitulada Habitação Guarani, tradição construtiva e mitologia. FAUUSP, 1989.

44 Informação pessoal recebida por <[email protected]>, em 10 de fevereiro de 2004.45 CANDIDO, Antonio. Os parceiros do Rio Bonito – estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida. São Paulo:

Duas Cidades, 1987.

Figura 14. Estrutura da casa tradicional-akete-do grupo Tupi-Asuruni do Xingu. Carlos Zibel Costa (1993, p. 124).

Os desenhos a seguir são igualmente de autoria de um arquiteto, Getúlio Geraldo Rodrigues Alho, produto de sua dissertação de mestrado Três casas indígenas – Pesquisa arquitetônica sobre a casa em três grupos: Tukâno, Tapirapé e Ramkokamekra, apresentada em 1985, em São Carlos. Também aqui o desenho é mais técnico, com plantas, elevações, cortes, cotas e detalhes construtivos. A seguir, são apresentados os desenhos da casa Tapirapé (Figuras 15 e 16), povo que habita a região norte-nordeste de Mato Grosso. Rodrigues Alho apresenta um histórico de cada um dos grupos, depois descreve as aldeias e fi nalmente apresenta a estrutura das casas: wi’i, casa Tukâno; takana, casa dos homens Tapirapé e ikré, casa Ramkokamekra.46

46 A casa Ramkokamekra foi também objeto do artigo de Maria Elisa Ladeira, Uma aldeia Timbira, no livro Habitações Indígenas, orga-nizado por Sylvia Caiuby (1983), do qual foi retirada a denominação de casa: ikré (p. 14). Segundo Ladeira, os Ramkokamekra fazem parte do grupo Timbira oriental, representados pelos Krahô, Apâiniekra-Canela, Ramkokamekra-Canela, Krîkati e Pykopjê e uma des-crição detalhada de suas casas foi feita por Curt Nimuendajú, em texto manuscrito, cujo original encontra-se no acervo do Museu Na-cional, intitulado Os Timbira Orientais.

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208 Tecnologia indígena em Mato Grosso | Habitação

Projeto de arquitetura em coautoria com Pedro de Abreu Lima Portocarrero. Projetos complementares em fase de licitação.

Desde a fundação da UFMT a reitoria esteve abrigada provisoriamente em diversos locais ao longo de trinta anos. A construção de um prédio exclusivo para a reitoria e pró-reitorias libe-ra os espaços administrativos cedidos pelas várias áreas e institutos em diversas edificações no campus da UFMT. O projeto da reitoria buscou atentar para o caráter regional da UFMT, conheci-da inicialmente como Uniselva, procurando explicitar em sua arquitetura um desenho capaz de distingui-lo como referência entre as demais construções do campus. Através da economia de energia na edificação, incorpora conceitos de eficiência energética, de conforto ambiental e sus-tentabilidade. Materiais e tecnologia disponíveis de última geração foram avaliados e aplicados na arquitetura e estrutura do prédio.

O projeto faz referência às construções dos povos que habitavam ancestralmente o vasto território mato-grossense. Sua estrutura linear de cerca de 90 m de comprimento por 30 m de largura assemelha-se mais propriamente ao desenho das casas indígenas xinguanas, pelas pro-porções alongadas que as caracterizam.

Figura 73.1. Croquis corte esquemático.

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V – Transtempo 209

casca de concreto (impermeabilizada)

laje-jardim

vigas de aço corten

concreto aparente

concreto aparente

muro de arrimo duplomuro de arrimo duplo

rampa i = 8,33%

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Figura 73.4. Vista lateral e frontal.

Figura 73.3. Vista externa entre brise e pano de vidro.

Figura 73.2. Corte esquemático.

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176 Tecnologia indígena em Mato Grosso | Habitação

Figura 67.7. Planta baixa. Figura 67.8. Planta de cobertura.

0 1 2 3Casa Umutina - Corte esquemático AA'

B B'

A

A' 0 1 2 3

Casa Umutina - Planta Baixa0 1 2 3

Casa Umutina - Planta de Cobertura

Figura 67.9. Corte esquemático.

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III – O desenho vernacular das casas indígenas 177

Figura 68.11. Maquete da casa Umutina, por Jucimar Ipaikire.

Figura 68.10. Maquete da casa Umutina, por Jucimar Ipaikire.

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66 Tecnologia indígena em Mato Grosso | Habitação

Sobre os Pataxó, Neuwied (1940, p. 209) assim se refere à habitação desse grupo, mostrada na Figura 30:

As choças desses selvagens são de construção diferente da dos “Purís”, relatada antes. Os caules das árvores novas e os moirões cravados no solo são encurvados na extremidade superior, amarrados uns aos outros e cobertos de folhas de coqueiro ou de patioba. As choças são muito acachapadas e baixas. Cada uma tem, perto, uma espécie de fogão, constituída de quatro forquilhas fincadas na terra, nas quais repousam quatro varas, sendo estas cruzadas por outras, colocadas bastante juntas, de modo a permitir assar ou cozer a caça.

Figura 30. “Choças dos Patachós”. Gravado por C. Schleich, Munich.(WIED-NEUWIED, 1940)

Uma dupla de viajantes alemães ficaria especialmente conhecida logo após a estada de Wied-Neuwied no Brasil. Trata-se do zoólogo Johann Baptiste Ritter von Spix e do botânico Carl Friedrich Philipp von Martius, que vieram ao país a serviço da Coroa da Áustria. Spix e Martius, como ficaram conhecidos, percorreram um trajeto que se estende de São Paulo ao Amazonas, entre 1817 e 1820. Spix faleceu precocemente apenas seis anos após o seu retorno à Alemanha, ao passo que Martius viveu ainda quarenta e dois anos. Era um especialista em palmeiras, espé-cie pela qual muito se interessou nessa viagem.

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II – Os desenhos das casas indígenas no Brasil: informações etnográficas 67

Poucas informações existem sobre habitações dos nativos no trabalho dos dois estudiosos, sendo aqui mostrada uma imagem da visita aos Mundurucus, na qual a habitação aparece ao fundo, podendo ser percebida sua forma contra a luz, com poucos detalhes, porém suficientes para classificá-la como de planta arredondada e cobertura em abóbada65. (Figura 31)

Figura 31. Spix e Martius. Visita na aldeia dos Mundurucus. (ZERRIES, 1980, p. 183)

Esta imagem pôde, entretanto, ser complementada pela descrição da casa Cauixana feita por Martius66 (SPIX; MARTIUS, 1938, v. III, p. 320-321), o que confirma o acerto da classificação sugerida:

Eram as choças desses cauixanas as mais artísticas construções índias que eu havia visto até então. Com seis braças de diâmetro e quatro de altura, eram construídas com o máximo de regularidade. Tinham duas portas quadradas fronteiras, de quatro pés de altura, e uma abertura redonda na cúpula para deixar entrar a luz e sair a fumaça, podendo ser fechada pelo lado de dentro. O vigamento consistia em troncos de matamatá, curvados ao fogo, e

65 Segundo informação na parte de baixo, lado esquerdo da figura, esse desenho foi executado a partir de esboços do próprio von Mar-tius: Nach Skizzen von Dr. v. Martius.

66 Capítulo IV do Livro Nono - Viagem do Dr. Martius desde Ega, pelo Japurá acima, até a queda de Araracuara, e, de regresso, para a Barra-do-Rio-Negro. Essa transcrição foi também utilizada por Montezuma, 2002, extraída da edição de Spix e Martius, Viagem pelo Brasil 1817-1820. São Paulo: Melhoramentos, 1976.

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Projeto Gráfico | Diagramação | Capa

20 x 24 cm | 232 p. | 2010

José Portocarrero

Publicação premiada no 25º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira (2011), considerado o mais importante do setor.

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42 Manual do Guia de Turismo

Animação turística

O termo Animação Turística aparece aplicado às atividades cujo único sentido em comum consiste em que elas se desenvolvam dentro de âmbitos turísticos. Denota, sem dúvida, a ausência de uma defi ni-ção que sirva de referência aos que a utilizam geralmente de maneira indiscriminada e com frequência inadequada, favorecendo a confusão em torno do seu real signifi cado e atividades a que se refere.

A animação sociocultural motiva e dinamiza os processos de parti-cipação ativa dos indivíduos e grupos nos fenômenos sociais e culturais que lhes dizem respeito, desenvolvendo sua integração.

A Animação Turística se dá em pleno sentido quando é resultado de uma vontade consciente que se materializa em projetos, estratégias e ações concretas desenvolvidas mediante técnicas específi cas e adequa-das. Refere-se, também, a motivar, promover, facilitar.

Além das funções (tarefas) de um guia de turismo, existe a neces-sidade de se desenvolver algumas atividades recreativas.

Não se esqueça: recrear não é tão-somente brincar. Recrear é ocupar o tempo livre do passageiro de uma forma espontânea, inteligente e aplicada à faixa etária do grupo.

Entre os itens que defi nem o perfi l de um guia de turismo/anima-dor turístico, destacam-se: simpatia; amabilidade; tolerância; adaptabi-lidade; resistência; capacidade de diálogo; liderança e de improvisação entusiasta; criatividade e algum conhecimento pedagógico.

Claro que é quase impossível encontrar um profi ssional com todas as condições acima propostas, porém sempre se deve tender à perfeição máxima, procurando pessoas com a maioria dessas características.

Adquirir livros sobre dinâmicas de grupo.

DICA 4

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Manual do Guia de Turismo 43Manual do Guia de Turismo 43

Rotina de um guia de turismo receptivo local/regional

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Adaptado de:CIETH. Centro Integrado de Estudos em Turismo e Hotelaria. Curso de guia de turismo: categoria regional e nacional. Rio de Janeiro: CIETH, 1999. (mimeo)

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48 Manual do Guia de Turismo

Tour / City tour

Itens Descrição das tarefas Recomendações Observações

11 Informar o horário de partida para o regresso, ainda dentro do transporte.

Perguntar se existem dúvidas sobre a programação.

Acerte os detalhes também com o motorista.

12

No local de destino, dar as informações necessárias ou passar a responsabilidade para o guia de turismo local, apresentando-o.

Existem destinos turísticos que só podem ser conduzidos por guias locais.

Fique sempre junto do grupo. Nunca beba em serviço. Se possível, nem Welcome Drink.

13 No regresso, embarcar o grupo.

Conte sempre os passageiros.

Use o contador para a contagem.

14 Entregar o opinário de qualidade para cada passageiro.

Não é obrigatória a assinatura dos paxs e nem a resposta aos questionários.

Todos os paxs deverão devolver os opinários.

15 Informar à agência o fi m do serviço.

Fazer o relatório, caso a agência o solicite.

Coloque-se à disposição para os próximos serviços.

Atrativo Turístico = AT

Ponto Turístico = PT (a carinha feliz)

Espaço Turístico = ET

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Manual do Guia de Turismo 49

Ao conduzir um grupo em um tour, é necessário que o guia de turismo saiba a diferença entre os atrativos para que possa administrar bem a mostragem, a saber:

Vários procedimentos operacionais

Visitas Descrição das tarefas Recomendações Observações

Parques Falar sobre a origem do nome, inauguração, extensão e história.

Dar sempre tempo para as fotografias.

Não esquecer os conteúdos: prédios, lagos, fauna e flora.

Pontos de observação

Nome do mirante, altitude, especificar transporte, monumentos, criação, geografia do local, serviços em geral.

Observar tempo real de visita. Marcar horário de regresso e ponto de encontro com os paxs e o motorista.

Cuidado com o uso correto do voucher e/ou compra dos ingressos. Ver comissões. Ex.: Parque Nacional de Chapada dos Guimarães.

Restaurante Dirigir-se ao maitre ou ao caixa, apresentando-se como guia.

Acomodar o grupo, informar cardápio, acertar bebida.

Apresentar o voucher. Apoiar no acerto das contas.

Espetáculos noturnos

Descer o grupo na entrada principal da casa de espetáculos. Informar todos os horários (início e término). Organizar a entrada do grupo e acomodá-lo.

Informar a respeito da consumação (ver aquilo que está incluído). Manter a integração do grupo. Entregar o voucher.

Solicitar o fechamento das contas. Lembrar para não deixarem objetos nas mesas e cadeiras. Encaminhar para o bus.

Museus

Concentrar o grupo na entrada. Resolver sobre ingressos. Contatar o guia local (se houver). Fornecer informações sobre construções, arquitetura, estilo, acervo a visitar. Percorrer as salas, parando em frente aos objetos de maior significado.

Solicitar dinheiro na agência de turismo. Verificar se está autorizado a fotografar, filmar ou fotografar com flash.

Solicitar silêncio e pedir para que não toquem nos objetos.

Atrações naturais

Serras, lagos, mares, florestas, parques nacionais.

Dar tempo para lazer e fotografias.

Falar a respeito do nome, área, altitude, intervenção do homem, localização geográfica e da oferta turística local.

Igrejas e templos

Reunir o grupo na entrada. Dar o máximo de informações do lado de fora.

Falar sobre o nome, data de construção, arquitetura, fachada e/ou interior.

Destacar, se houver, a guarda de cinzas. Respeitar e falar em voz baixa.

continua...

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86 Manual do Guia de Turismo

Perfil do guia de turismo de pesca1

É importante ressaltar que esses profi ssionais devem ser incentivados a participar constantemente de reci-clagens e cursos de aperfeiçoamento de seus conhecimentos.

Na Argentina, por exemplo, os Guias e Outfi tters – guias que tam-bém fazem captação de clientes –, têm capacitação legalmente insti-tuída por meio de órgãos públicos

ofi ciais, com cursos de atualização exigidos para manter a qualidade dos serviços. Os conhecimentos testados nas provas de capacitação vão desde conhecimentos de pesca, passando por manejo de embarcações, primeiros socorros, até conhecimentos de fauna e fl ora.

Os Outfi tters fazem anualmente viagens ao exterior para buscar con-tatos em feiras e empresas de turismo, com o intuito de atrair pescado-res e parceiros comerciais, aproveitando para se qualifi carem nos países de origem dos clientes e repassarem seus aprendizados aos outros guias em seu país, quando de seu retorno.2

Informações sobre esses serviços devem estar disponíveis nos Centros de Atendimento aos Turistas, loca-lizados em áreas acessíveis, como: aeroportos, portos, meios de hospe-dagem, junto aos atrativos e outros.

O turista de pesca não exige luxo, mas limpeza, conforto, infraestrutura e bom atendimento. Turista bem atendido retorna ao destino e ainda divulga o lugar.

DICA 8

1 In: BRASIL. Ministério do Turismo. Turismo de pesca: orientações básicas. 2. ed. Brasília: Ministério do Turismo, 2010. 63 p. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Turismo_de_Pesca_Orientacoes_Basicas.pdf>. Acesso em: mar. 2011.

2 BRASIL. Ministério do Turismo & Braztoa. Projeto Excelência em Turismo: Aprendendo com as Experiências Internacio-nais. Relatório Visita Técnica Argentina. Brasília: Ministério do Turismo, 2005.

profi ssionais devem ser incentivados a participar constantemente de reci-clagens e cursos de aperfeiçoamento de seus conhecimentos.

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Manual do Guia de Turismo 87

Embora aparentemente simples, o conceito de turismo de pesca traz em si diversas defi nições que, quando não compreendidas integral-mente, podem levar a errôneos entendimentos relativos ao segmento. Para fi ns de delimitação do segmento, esclarecem-se os signifi cados dos termos “atividades turísticas” e “pesca amadora”, pois ambas são consideradas expressões fundamentais para a compreensão integral do conceito.

Atividades turísticas

Considera-se por “atividades turísticas” o conjunto de atividades e serviços gerados em função do turismo, ou seja, no caso do Turismo de Pesca, da viabilização da prática da pesca amadora aos indivíduos que se deslocam a partir de sua residência habitual. Esse conjunto envolve a oferta de equipamentos, produtos e serviços, tais como:

» Operação e agenciamento turístico; » Serviços de transporte; » Meios de hospedagem; » Serviços de alimentação; » Recepção e condução; » Eventos; » Material para pesca; » Atividades complementares que existam em função do turismo de

pesca: ofi cinas de reparos de embarcações, estaleiros, entre outros.

Pesca amadora

Após compreender o signifi cado do termo “atividades turísticas”, quando inserido ao conceito de Turismo de Pesca, resta refl etir sobre o termo “pesca amadora”, defi nido pela Lei 11.959/2009, conforme já citado anteriormente.

Pesca amadora é aquela praticada por brasileiro ou estrangeiro, com equipamentos ou petrechos previstos em legislação específi ca, tendo por fi nalidade o lazer ou o desporto.

!

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116 Manual do Guia de Turismo

Papelmínimo de 3 meses

Corda3 a 4 meses

Tecido de algodão1 a 5 meses

Tecido de lã12 meses

Cigarro (fi ltro)5 anos

Chiclete5 anos

Madeira pintada13 anos

Lata de conservas100 anos

Lata de alumínio200 a 500 anos

Plástico100 a 450 anos

Pneuindeterminado

Vidroindeterminado

Tempo de decomposição do lixo

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Manual do Guia de Turismo 117

9 Fogo

» Os fogareiros são mais seguros. As fogueiras podem facilmente causar um incêndio. Só acenda uma em último caso. Mantenha o fogo pe-queno, use apenas lenha pequena e galhos secos encontrados no chão;

» Queime toda a lenha, esfrie as cinzas com água e depois as enterre;

» Nunca corte madeira para fazer fogueira. Na utilização de fogarei-ros ou fogueira, tenha o cuidado de tirar as folhas secas e materiais infl amáveis do redor, evitando assim que o fogo se alastre;

» Para a iluminação, use lanterna e velas.

� Pureza das águas

» Respeite a vida natural da área que está visitando. Proteja as nascentes e cursos d’água da contaminação;

» Leve água para beber. Na falta, ferva-a ou fi ltre-a. Isso vale também para a água de preparo dos alimentos.

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Projeto Gráfico | Diagramação | Capa

14 x 23 cm | 142 p. | 2011

Leila Cristina de Souza Cunha

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JOÃO ANTÔNIO NETO

Ilustrações MARCELO GUIMARÃES

Revelação das Palavras

Coleção Banquete de Palavras

Volume 1A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

E . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187

F . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217

G . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241

H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257

I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271

J . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293

L . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303

M . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 319

N . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349

O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361

P . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 375

Q . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423

R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 431

S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 451

T . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 475

U . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 491

V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 499

W . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 517

X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 521

Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 525

Revelação das Palavras l 73

B m Busto e barriga...BABA m Fluxo da perplexidade...BABÁ

1 Mãe de carregação...2 Mãe honorária...3 Mãe remunerada...

BABA DE MOÇA m O doce, é delicioso – a outra, depende do gosto...

BABEL 1 Condomínio linguístico...2 Academia poliglota...3 Literalmente, o primeiro arranha-céu...

BACALHAU 1 Múmia de peixe...2 Carcaça comestível...

BACANA m Palavra ônibus, que carrega, desde belo, bondoso, infernal...

BACANTE 1 Não chame de mênade...2 Quem preferir, use “mênade”...

BACILO m Bastãozinho infernal...BÁCORA

1 Também serve para leitoa...2 Quem quiser, diga “leitoa”...

BADALO m Língua do sino...BAFO m O mais famoso e desconhecido, é o da onça...BAFORADA m Poluição pulmonar...BAGAÇO

1 Defunto muito mirrado...2 Defunto muito magro

348 l João Antônio Neto

MUNDÍCIA m Palavra que deve ser usada...MUNDO

1 Trabalho de uma semana?!...2 Ordem que o homem vem desorganizando...3 Essa coisa estranhamente plana, que é redonda...

MUNIÇÃO 1 Proibida a fabricação, acabarão as armas de fogo2 Proibir sua fabricação, acabará com as armas...

MUNICÍPIO 1 Primeira etapa da munificência...2 Pai honorário dos vereadores...

MURIÇOCA 1 Drácula violinista...2 Noctâmbulo sanguinário...3 Sanguessuga voadora...

MURMÚRIO m Som para adormecer...MUSA

1 Alcoviteira dos poetas...2 Autora incógnita...

MÚSCULOS m Anatomia para exibição...MUSEU m Cemitério de coisas imortais...MÚSICA

1 Gramática dos sons...2 Respiração das divindades...3 Idioma sonoro de todos os povos...4 Murmúrio divino...5 Espírito divino do som...

MUSSOLINI m Pendurado, para velório...MUTILADO m Feliz, pelo que sobrou...MUTUCA m Mosca de fogo...

Arte Finalização | Capa

13 x 20,8 cm | 904 p. | 2015

João Antônio Neto

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22

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34 | Garcia Neto34 | Garcia Neto

Palácio Arquiepiscopal

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Dom Aquino Corrêa e meu casamento

Quando cheguei a Cuiabá, a Empresa de Construção Coimbra Bueno esta-va construindo o Palácio Arquiepiscopal.

Assumindo a direção da empresa, assumi, também, a direção da construção dessa obra. Assim, pude ter a felicidade de conhecer, de perto, Dom Francisco de Aquino Corrêa, fi gura exponencial da Igreja Católica e da cultura nacional, ilustre membro da Academia Brasileira de Letras.

Com frequência, tive o prazer e a honra de palestrar com Dom Aquino, dele recebendo ensinamentos para minha formação. Era, sobretudo, um ho-mem bom, na expressão mais nata do termo. Certa feita, no seu gabinete, no velho Seminário, disse-me que não iria morar no novo Palácio Arquiepiscopal.

O novo Palácio seria para o seu substituto, que iria usufruir condições de trabalho mais confortáveis.

Contou-me, Dom Aquino, da sua eleição para presidente do Estado em 22 de janeiro de 1918.

Mato Grosso: Estado Solução | 35

Dois grupos políticos entraram em luta acirrada e tornava-se necessário eleger, pela Assembleia, um governador que pudesse apaziguar as duas cor-rentes. O presidente da República, buscando evitar maiores danos ao regime, resolveu indicar, às duas correntes políticas, o nome de Dom Aquino Corrêa, Bispo Auxiliar de Cuiabá, para Presidência do Estado.

Durante os meus 4 anos de governo, não consegui aplacar a luta entre as duas cor-rentes. Mas veja, Dr. Garcia, no fi nal do meu mandato as duas correntes se uniram, mas... contra a minha pessoa. Assim são os desígnios de Deus.

Quando fui comunicar-lhe meu próximo casamento, fez questão de dizer que desejava realizar as minhas bodas com Maria Lygia, mas fazia somente uma observação: “Só realizo casamento durante uma Missa”. Como naquele tempo as missas eram ministradas somente pela manhã, a cerimônia foi realizada às 8 horas do dia 12 de setembro de 1946, na antiga Catedral, com seus altares barrocos folheados a ouro.

O sermão de Dom Aquino, na ocasião, foi uma lição para aqueles que cons-tituem uma família. Lembro-me de uma das suas frases:

No casamento, a vida pode não ser sempre um manso lago azul, sem ondas nem espumas. Mas para quem têm fé em Deus as ondas encrespadas que venham a agitá-lo devem ser encaradas e vencidas.

Antigo Seminário

212 | Garcia Neto

As grandes enchentes do rio Cuiabá

Quando assumi o governo encontrei, em situação calamitosa, os flagelados da grande enchente do rio Cuiabá, em abril de 1974, que, além de prejudicar várias lavouras marginais, causando grandes prejuízos, afetou, com destruição parcial, cerca de 600 casas do antigo bairro do Terceiro, de Cuiabá.

Apesar da parcial destruição das casas, foi autorizada a derrubada total, e seus habitantes foram transferidos para galpões, onde passaram a viver em situação difícil e precária.

Logo após minha posse como governador do Estado, em audiência com o presidente Geisel, transmiti a Sua Excelência a situação em que viviam, há mais de um ano, 3.000 cuiabanos em virtude da última enchente do rio Cuiabá, e solicitei indenização pela perda das suas casas.

O presidente respondeu-me que tantos foram os prejuízos causados em vários estados do país, que não haveria recursos para indenizá-los. Ao que res-pondi:

— Presidente, a maioria das casas do bairro do Terceiro somente sofreu danos parciais, que poderiam ser reparados. Infelizmente houve uma ordem para que todas fossem derrubadas, inclusive algumas em estrutura de concreto armado.

— Quem determinou a derrubada? — perguntou-me o presidente.

— Presidente, filho feio não tem pai, diz o ditado. O fato é que todas as casas foram derrubadas e todos os moradores do Terceiro ficaram morando em bar-racões. Foi uma desapropriação de fato, e não de direito. O governo deve pagar os prejuízos, e para isso trarei a V. Excelência a relação dos imóveis e o valor dos mesmos para que seus proprietários sejam indenizados pelo poder público.

Felizmente foi feita uma avaliação de todos os imóveis destruídos, o que, na época, somou cerca de 20 milhões de cruzeiros.

Mato Grosso: Estado Solução | 213

A minha audiência com o presidente Geisel realizou-se em maio de 1975, e em dezembro desse mesmo ano recebi, pelas mãos do ministro Rangel Reis, um cheque de 20 milhões de cruzeiros para a referida indenização dos fl agelados do bairro do Terceiro.

Como, nesse período, houve uma infl ação de cerca de 50% (cinquenta por cento), autorizei, por escrito, ao secretário de Fazenda, adiantar 10 milhões de cruzeiros para o pagamento real das indenizações.

Durante cerca de 30 dias, sob o comando do procurador do Estado, Dr. João Moreira de Barros, depois de apresentados os documentos dos antigos proprietários dos imóveis, e com a presença de 6 Cartórios, foram pagas as in-denizações a todos os proprietários.

Meses depois, recebi do presidente da República mais um cheque de 10 milhões de cruzeiros, que voltaram para o Tesouro do Estado.

Construí cerca de 500 casas num bairro que designei de Grande Terceiro. A maioria dos indenizados comprou nova casa com preço baixo e fi nanciado.

Almerindo Costa, um poeta de Cordel, assim se expressou sobre a vida dos fl agelados do Terceiro:

246 | Garcia Neto

Anteprojeto da Estação Rodoviária de Cuiabá

Por meio do Decreto nº 826, de 17 de dezembro de 1976, o governador Garcia Neto criou, sem ônus, o Grupo Especial de Trabalho para defi nir o anteprojeto da Estação Rodoviária de Cuiabá.

O Grupo foi constituído pelo engenheiro Carlos Alberto Capiberibe Saldanha (presidente do Dermat, como coordenador do grupo de trabalho); engenheiro Fernando Robério de Borges Garcia (da Casa Civil); engenheiro Sebastião Je-suíno de Oliveira (do Detran); arquiteto Ercílio Gonçalves (do DOP) e arquiteto Moacyr Freitas (da Prefeitura Municipal de Cuiabá).

A este grupo coube, também, desenvolver estudos e pesquisas com o objetivo de fornecer as informações necessárias à construção da Estação Rodoviária de Cuiabá.

Várias rodoviárias do país foram visitadas pelo engenheiro urba-nista Fernando Robério Garcia. Compilados todos os dados e suges-tões, transmiti ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha as diretrizes con-ceituais para elaboração do projeto da Estação Rodoviária de Cuiabá. Eu desejava que essa obra traduzisse o espírito acolhedor do cuiabano e fosse concebida como um espaço de braços abertos para todos que aqui chegam.

246 | Garcia Neto

nista Fernando Robério Garcia. Compilados todos os dados e suges-tões, transmiti ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha as diretrizes con-ceituais para elaboração do projeto da Estação Rodoviária de Cuiabá. Eu desejava que essa obra traduzisse o espírito acolhedor do cuiabano e fosse concebida como um espaço de braços abertos para todos que aqui chegam.

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Vista do interior do Terminal Rodoviário de Cuiabá. Abaixo, vista da fachada principal (2012)

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254 | Garcia Neto

Comunicação telefônica

Grande número de municípios não contava com serviço telefônico inte-rurbano.

Foram instaladas cabines interurbanas nos municípios de Dom Aquino, Jaciara, Rosário Oeste, Mirassol do Oeste, Poxoréu, Guiratinga, Barão de Mel-gaço, Iguatemi, Naviraí, Arenápolis, Nortelândia , Nobres, Diamantino, Luciara, Mato Grosso, São Félix, Aripuanã, Porto dos Gaúchos, Tangará da Serra, Acori-zal, Barra do Garças, Alto Garças, Alto Araguaia, Guia Lopes da Laguna, Água Clara, Antônio João, Anaurilândia, Coxim, Jaraguari, Paranaíba, Bandeirantes, Bataguassu, Bataiporã, Brasilândia, Bonito e Camapuã.

Ministro das Comunicações, Quandt de Oliveira, e o governador Garcia Neto na inauguração de telefonia nacional, na cidade de Barra do Garças

Mato Grosso: Estado Solução | 255Mato Grosso: Estado Solução | 255

Governador Garcia Neto e o presidente da Cemat – Centrais Elétricas de Mato Grosso – eng.º Carmelito Torres, na inauguração de uma das instalações de luz em milhares de casas de Mato Grosso. Essas instalações foram fi nanciadas em 30 prestações mensais, sem juros e sem correção monetária.

Projeto Gráfico | Diagramação | Capa

17,7 x 25,4 cm | 416 p. | 2014

Família Garcia

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Prefácio

Adilson José Francisco brinda a comunidade de leitores com Educação & Modernidade: os Salesianos em Mato Grosso (1894-1919), mais uma de suas produções acadêmicas transformada, agora, em livro.

Em Apóstolos do Progresso: a prática educativa salesiana e o processo de modernização em Mato Grosso (1894-1919), dissertação de mestrado (PPGE/UFMT) defendida em 1998, ele iniciou os primeiros passos rumo à aproxi-mação investigativa do universo Salesiano. Ampliando o olhar sobre esse mesmo objeto, com o presente livro faz fulgurar um cenário mais ampliado da atuação e missão desse segmento religioso e sua grandiosa e sincrônica obra no interior do projeto moderno realizado em território mato-grossense.

Extrapolando o cenário escolar, Adilson, tendo sempre como iluminação teórica a Modernidade, faz descortinar, entre os anos de 1894 e 1919, um palco de infinitas possibilidades vivenciadas pelos Salesianos e a interface de sua atuação na construção do projeto moderno de Mato Grosso, naque-le período uno, incluindo o atual território do estado de Mato Grosso do Sul. Destaca o autor o tripé em que se assentou a obra dombosquina nessa construção: racionalização, individualização, homogeneização e discipli-narização.

Aportados em Mato Grosso nos primórdios da República (1894), os Sa-lesianos, durante os vinte e cinco anos estudados, iniciaram, concomitante-mente à movimentação sociopolítica, a ação pacificadora e catequética do segmento indígena, seguida da abertura, em Cuiabá, região do Porto, de uma escola urbana regular. Desse inaugural movimento decorreu a proliferação de outras instituições sob o comando da Congregação, a exemplo do Liceu Salesiano São Gonçalo (local do prédio atual) em 1896, da Escola Agrícola

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Introdução 17

Projeto Moderno de Educação 27

A modernização em Mato Grosso 41Política e Sociedade em Mato Grosso ..................................................................49

Entre a imagem e a realidade: a construção do moderno em Mato Grosso ........................................................56

A Situação educacional em Mato Grosso nos primórdios da República 75

Os Salesianos em Mato Grosso 87Na Itália: a origem da congregação .....................................................................89

“Da Mihi Anima”: Projeto Educacional Salesiano ................................................94

A chegada dos filhos de Dom Bosco em Mato Grosso ....................................105

Os Colégios..........................................................................................................108

Entre indígenas e colonos: ampliando as frentes de atuação 113Os Oratórios Festivos ..........................................................................................115

Escola Agrícola de Coxipó ..................................................................................117

As Colônias Indígenas .........................................................................................120

Mulheres de Deus na cidade e na selva: as filhas de Maria Auxiliadora .........132

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Casa dos Padres e escola de meninos: o Lyceo de Artes e Ofícios São Gonçalo, em Cuiabá 137Primeiros professores ............................................................................ 149

A organização do Liceu ......................................................................... 152

Programa de ensino .............................................................................. 154

Os exames ............................................................................................. 159

Prever para prover: as práticas educativas 165Cotidiano no “colégio dos padres” ....................................................... 170

Controle do tempo ................................................................................ 173

Controle dos espaços ............................................................................ 184

Controle dos corpos .............................................................................. 193

Educação para o trabalho e formação religiosa: entre assentimentos e resistências 201Formação Religiosa para o cidadão de dois mundos ......................... 213

O Exame ................................................................................................ 218

Resistências: as táticas dos meninos ..................................................... 224

Considerações finais 229

Referências 237

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44 • Educação & Modernidade: os Salesianos em Mato Grosso – 1894-1919

regional do trabalho. Em geral, nas análises históricas tal fase é identificada como imperialismo ou expansão imperialista das nações europeias.

O imperialismo representou a seu tempo o período de exportação do capital, e já não mais só de mercadorias, como no período manufatureiro. Segundo Lenin, essa característica “guarda estreita relação com a partilha econômica e político-territorial do mundo”,22 partilha que destinava a tarefa de produção pouco diversificada de matérias-primas e a importação de pro-dutos industrializados a regiões como o Brasil e seus vizinhos. Só é possível perceber este movimento em Mato Grosso, após a Guerra com o Paraguai (1865-1870), um exemplo clássico de “partilha do mundo” efetuada pelos e entre os grandes impérios europeus. A forma de envolvimento dos países platinos e o saldo deste conflito explicita o interesse do capital inglês nesta parte do globo.23

Com uma economia praticamente indefinida desde a fase áurea da mi-neração (séc. XVIII), a Província de Mato Grosso não apresentara índices expressivos de desenvolvimento. Com a abertura da via de comunicação pelo rio Paraguai, entendida dentro deste movimento da própria economia mundial, é que a “excêntrica Província” passa a apresentar índices de relativo crescimento econômico e consequente reestruturação no plano sociopolíti-co. Embora tímidos em relação à produção cafeeira da região sudeste, estes índices atestam os resultados do franqueamento da via fluvial na economia local. Segundo Alves, “o barateamento das mercadorias, viabilizado pela redução dos custos de transporte fixou em definitivo a nova rota fluvial do comércio, tendo sido relegada ao abandono a antiga alternativa terrestre.”24

Passado o auge do período minerador no final do séc. XVIII, a via de li-gação de Mato Grosso com centro-sul resumia-se na quase inexistente rota dos tropeiros, que em lombo de burro comercializavam a produção local e traziam os produtos industrializados, em geral importados, até o extremo--oeste. As difíceis condições de transporte e a distância a ser vencida one-ravam sensivelmente os preços daqueles produtos.25

Em geral, estes grupos de tropeiros eram agentes dos proprietários das Casas Comerciais. Centro nervoso da economia regional, estas Casas eram a mediação econômica com o restante do país e do mundo e atuavam como instrumento indispensável à acumulação do capital, uma vez que, além da

22 LENIN, V. I., Il imperialismo y la escisión del socialismo, In: Obras escogidas en doce tomos, T. 6, p. 127.23 Sobre influência inglesa na Guerra do Paraguai ver: TRIAS, V., El Paraguay de Francia el Supremo a la guerra

de la Tríplice Alianza, 1971.24 ALVES, G. L., op. cit., p. 11.25 SAINT-HILAIRE, A., Viagem à Província de Goiás, p. 95.

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Capítulo 2 – A modernização em Mato Grosso • 45

exportação da matéria-prima local, importavam e distribuíam produtos in-dustrializados. Nos últimos decênios do século XIX, as Casas Comerciais evoluíram de simples casas de compra e venda para estruturas mais com-plexas que, de acordo com Alves,

exerciam o monopólio do comércio de importação, controlavam boa parte do

comércio de exportação e da navegação, dispunham de ‘secções bancárias’ que,

além de empreenderem operações próprias funcionavam como intermediários

de bancos nacionais e estrangeiros, representavam companhias seguradoras, in-

corporavam indústrias e apropriavam-se de terras para explorar a pecuária, a

agricultura e a extração de produtos vegetais e minerais.26

Os anúncios do Album Graphico do Estado de Matto-Grosso mencionam o número e as múltiplas atividades exercidas por essas Casas, que se esten-diam desde o sul até o norte, para além da capital do estado.27

26 ALVES, G. L., op. cit., p. 37.27 Eis alguns exemplos: 1) CASA FELICIANO SIMON, de Corumbá, fundada em 1907, além do comércio mantinha

relações bancárias com vinte e cinco bancos estrangeiros e representava duas companhias de transporte alemãs. 2) CASA WANDERLEY, BAIS & CIA, de Corumbá, fundada em 1876, além das importações e exportações dedicava-se às operações bancárias e de navegação, possuía treze embarcações para navegação interna no estado e filiais em Aquidauana e Campo Grande. 3) CASA ALEXANDRE ADDOR, de Cuiabá, fundada em 1865, além da importação e exportação, possuía área de 16.000 ha. de terras para exploração de seringais, e embarcações e filiais em Rosário e Diamantino. 4) CASA JOSÉ DULCES & CIA, de Cáceres, fundada em 1871, era importadora e exportadora, representava o Banco do Brasil e a Caixa Geral das Famílias, Tranquilidade e Sul América, dispunha de vapor de passageiros, possuía fazendas de mais de 17.000 ha., além de explorar mais de 60.000 ha. “em terrenos próprios para lavoura e criação”. 5) CASA VICTOR LASCLOTAS, de Porto Murtinho, fundado em 1898, entregava-se à importação e exportação de couros, cerdas e borracha manga-beira, possuía filial em São Roque. 6) CASA ALMEIDA & CIA, de Cuiabá, fundada em 1870, importava “de todas as praças principais do mundo”, exportava borracha para Londres e Hamburgo, dispunha da Cervejaria Cuiabana e Usina Itaicy, seringais em 58 ha, representava o Banco do Brasil e o London & River Plate Bank Ltda. e possuía filial na Villa do Rosário.

Conjunto de fotos dos anuncios do

album grafico de mt

Anúncios do Album Graphicodo Estado de Matro-Gosso (1914) (1914)

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128 • Educação & Modernidade: os Salesianos em Mato Grosso – 1894-1919

Primeira colheita de uvas, Colégio Sagrado Coração de Jesus (1905).Acervo: Missão Salesiana de Mato Grosso – Campo Grande-MS

Num opúsculo publicado na Itália, intitulado Le missione salesiane del Matto Grosso (sem data), a produção agrícola das Colônias em 1913 apare-ce assim quantificada:

ProdutosColônias

Sagrado Coração Imaculada São José Total

Cereais e frutas (m2) 270.000 440.000 379.000 1.089.000

Café (nº de pés) 125 317 442

Videiras (fileiras) 498 24 329 851

Terreno arado (m2) 41.000

Fonte: FASULO, A. Conferenze Salesiane: Le missione salesiane del Matto Grosso, s/p.

Pelo exposto, fica evidente que a ação catequética comporta ações ou-tras ligadas à incorporação de técnicas e hábitos relativos à lógica capitalista de produção. A religião não vem sozinha. Trazida por indivíduos histórico e socialmente condicionados, comporta um conjunto de valores e disposi-tivos definidores de uma identidade e de organização social. Apresentando a situação dos “antigos silvícolas” educados na Missão, Pe. Malan observa:

Salesianos_MT_3.indd 128 10/11/10 19:53

Capítulo 5 – Entre indígenas e colonos: ampliando as frentes de atuação • 129

Espontaneamente dedicaram-se ao amanho da terra amiga, encarregaram do

serviço do gado, pouco a pouco compenetrados na noção de propriedade, do

bem, da constituição cristã e social da família, cuidadosos da prole que a quatro

passos, lá mesmo no sertão educamos em escolas, únicas no gênero. Uma plêiade

enfim de novos cristãos e novos cidadãos.165

As estatísticas abaixo explicitam a preocupação dos salesianos com a “constituição cristã e social da família”. Verifica-se que, do número de nas-cimento ao número de óbitos, nada devia prescindir de uma exata quanti-ficação. Elemento não só para posterior divulgação da obra, serve também como parâmetro para eventuais reelaborações que deveriam incidir, definir e, não sem pretexto, modificar as ações de outros.

Estatística geral dos índios bororo acolhidos nas Colônias Salesianas de Mato Grosso desde a fundação até 1919

Estatística geralColônias

S. Coração (1902)

São José (1907)

Imaculada Conceição (1905)

Total

CasaisVindos à colônia já unidos 69 32 43 144

Formados na colô nia 52 23 15 90

Menores vindos à colônia antes de 12 anos de idade

Sexo masculino 45 21 36 102

Sexo feminino 31 17 28 76

Nascidos na colô niaSexo masculino 118 49 57 224

Sexo feminino 86 37 52 175

Frequentaram as escolasSexo masculino 95 32 38 165

Sexo feminino 72 27 35 134

Movimentos religi osos

Batizados adminis trados 392 146 142 680

Crisma 349 118 68 535

Comunhões distri buídas 93.718 32.195 41.350 167.263

ÓbitosSexo masculino 94 34 44 172

Sexo feminino 85 31 49 165

Fonte: Cinco Lustros da Missão Salesiana no Mato Grosso, Apêndice nº 7.

Não é objeto deste trabalho avaliar o resultado da ação catequético-civili-zadora dos missionários sobre as ações de seus destinatários – os indígenas. Todavia, em consonância com a noção de poder utilizada nestas análises, é

165 Revista Santa Cruz, Anno IX, nº 2, nov., 1908, p. 70.

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Diagramação | Capa

16 x 23 cm | 248 p. | 2010

Adilson José Francisco/EdUFMT

Prêmio "Livro do Ano" (2011), categoria Menção Honrosa. Premiação promovida pela EdUFMT.

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24

Acrobat Pro

78

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário também está edi-fi cada em um altiplano com a frente voltada para o Prainha, mas, do seu lado esquerdo, também circundada por espaços vazios. Com a mesma técnica construtiva que foi utilizada na edifi cação da Igreja do Bom Jesus, a de Nossa Senhora do Rosário apresenta o alicerce em pedra cristal e canga e, em cima dessa base estrutural, tem taipa de pilão, e as pare-des eram pintadas com tabatingas, como se observou no pro-cesso de restauro.

Outra capela do século XVIII construída também do lado esquerdo do córrego do Prainha, no cume de um morro, dis-tante um pouco mais da Igreja do Rosário, é a Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho. A capela primitiva dos setecen-

tos hoje não existe mais e, em seu lugar, no início do século XX, edifi caram um templo neo-gótico.

Dessa forma, as três primeiras igrejas construídas em Cuiabá no século XVIII – Senhor Bom Jesus, Nossa Senhora do Bom Despacho e Nossa Senhora do Rosário – apresentam características que não são casuais, quer em ocupação dos espaços das suas edifi cações, quer nas técnicas construtivas utilizadas nas suas construções. Além disso, essas três igrejas foram edifi cadas nos pontos mais elevados da vila, formando um triângulo religioso. No ápice está a Igreja do Senhor Bom Jesus, Orago-Mor da religião católica, por isso a principal, e na base estão as outras duas, ambas devoções Mariana. Observa-se que todas elas estavam localizadas no entorno do córrego do Prainha.

Detalhe de pintura em

tabatinga

l

Planta do Cuyabá. Original do Arquivo do Exército, Rio de Janeiro, ca. 1770-1780. In: REIS, Nestor Goulart. Imagens de Vilas e Cidades do

Brasil Colonial. (Uspiana - Brasil 500 Anos). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo ; Imprensa Ofi cial do Estado, 2001, p. 252

79

Detalhe de vista panorâmica da Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, de 1771. Em destaque,

a direita, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e Capela de São Benedito

A partir de três referências iconográfi cas retratando o espaço urbano da Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá, na segunda metade do século XVIII, obtivemos imagens da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e Capela de São Benedito. Duas delas são de autoria anô-nima e provavelmente do mesmo autor, entretanto, a ocupação do espaço urbano registrado nessas duas imagens é diferente. A de 1771 apresenta a Vila do Cuiabá com um menor número de construções, e a outra, de aproximadamente 1780, mostra um maior número de casas edifi -cadas. Já a terceira imagem é de 1790, época da expedição do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, quando de sua visita a Cuiabá.

No primeiro registro (1771), a igreja de Nossa Senhora do Rosário tem na sua fachada principal três portas. Uma dava acesso à torre, a outra, maior e central, à nave principal da igreja de Nossa Senhora do Rosário, e a outra, do mesmo tamanho da primeira, à capela de São Benedito.

Denota-se uma torre bastante alta, bem acima do cume do frontão, com duas janelas pró-ximas ao telhado. Mais abaixo, além da porta na fachada principal, uma projeção de água. No vértice do frontão tinha uma cruz e sua cobertura era em telha de cerâmica. Na parte superior da nave central, parede lateral à direita, aparecem duas janelas.

A capela de São Benedito já estava colada à nave de Nossa Senhora do Rosário. A sua cons-trução difere em altura, pois tem seu pé-direito menor e o seu telhado aparece com apenas uma água. Na parede externa têm-se quatro janelas, simetricamente distribuídas. O entorno da Igreja e Capela não apresenta adensamento de construções, e no seu adro não existe cru-zeiro.

A segunda iconografi a dos setecentos (1780) é bastante semelhante a anterior, porém existe um crescimento da nave central para o fundo, com desnível no telhado. Esse cresci-mento, segundo a equipe responsável pela restauração, provavelmente aconteceu para a colo-cação dos altares central e colateral.

Imagem sem título [Vista

de Cuiabá] de autor não

identifi cado. In: REIS, Nestor

Goulart. Imagens de Vilas e

Cidades do Brasil Colonial.

(Uspiana - Brasil 500 Anos).

São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo ;

Imprensa Ofi cial do Estado,

2001, p. 393. Original de

propriedade da Casa da Ínsua,

Portugal. Desenho do século

XVIII [1771-1780]

80

Sua torre é coberta por um telhado de quatro águas e no cume da torre havia uma cruz. A cruz do frontão permanecia, mas foram registradas duas janelas frontais e uma a mais na late-ral esquerda. Quanto ao entorno, já se observa algum adensamento de construções.

Se a última imagem analisada é da década de oitenta, após dez anos temos a maior vista panorâmica da Vila do Cuiabá, no século XVIII, registrada pela Expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira14.

14 Tavares da Silva, 1974a, p. 126. Apud COSTA, Maria de Fátima. Alexandre Rodrigues Ferreira e a capitania de Mato Grosso: imagens do interior. História, Ciência, Saúde-Manguinhos, v. VIII (suplemento), 993-1014, 2001. Alexandre Rodrigues Ferreira nasceu na Bahia e, educado em Portugal, veio para a Colônia com o objetivo de “proceder, nos vastos e quase de todo desconhecidos territórios dos estados do Pará, sertões do Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá, ao estudo de etnografia das regiões percorridas, preparação dos produtos naturais destinados ao Real Museu de Lisboa e, finalmente, fazer particulares observações filosóficas e políticas acerca dos objetos desta mesma viagem”, como reza o decreto que o nomeou em 1783.

Detalhe de vista da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e Capela de São Benedito, onde aparece um

crescimento da nave central para o fundo. Original de propriedade da Casa da Ínsua, Portugal. Desenho

de 1771-1780

Imagem sem título [vista

de Cuiabá] de autor não

identificado. In: REIS, Nestor

Goulart. Imagens de Vilas e

Cidades do Brasil Colonial.

(Uspiana - Brasil 500 Anos).

São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo ;

Imprensa Oficial do Estado,

2001. p. 393

81

Nesta vista panorâmica da Vila

do Cuyabá, a Igreja de Nossa

Senhora do Rosário e Capela

de São Benedito apresentam a

torre com quatro esteios

“Prospecto da Villa do Bom

Jesus de Cuiabá”. Acervo do

Museu Botânico Bocage, em

Lisboa. ca. 1790. In: REIS,

Nestor Goulart. Imagens de

Vilas e Cidades do Brasil

Colonial. (Uspiana - Brasil 500

Anos). São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo ;

Imprensa Oficial do Estado,

2001, p. 393

Situada em uma colina, o acesso à igreja era feito por uma escadaria que terminava ao pé de um alto cruzeiro, postado à frente da entrada principal. Sua fachada é totalmente despro-vida de janelas, e a igreja perdeu a projeção de água localizada anteriormente abaixo da torre. Esta, por sua vez, perdeu a porta de acesso.

Nesta imagem vê-se perfeitamente o estilo bandeirista da igreja e capela, tendo quatro esteios de madeira, com uma cobertura de telhado mais baixo, embora não tivesse sino. No vértice do frontão não se observa mais a cruz e nem a cruz postada em cima da torre. Mas nota-se um prolongamento no telhado na nave central com um pé-direito mais baixo. Na parede da lateral direita da nave de Nossa Senhora do Rosário encontram-se localizadas quatro janelas acima da capela de São Benedito.

Na capela de São Benedito existem duas janelas laterais e uma na fachada, localizada no canto, junto à parede da nave. Na frente da capela existe uma reentrância, ou seja, uma redu-ção na fachada da capela de São Benedito. Mas não existe a presença de calçamento à frente da igreja ou no seu entorno como um todo.

Na circunvizinhança do templo já se tinha um maior adensamento de casas. Nesse ambiente, duas edificações nos chamam atenção. Uma delas é a permanência da mesma casa registrada no desenho da década de setenta, localizada à esquerda da igreja. A outra é a edifi-cação de um chafariz, demarcado pelo encanamento de um aqueduto. Ao analisar a imagem, consideramos que nesse chafariz, na parte superior, havia um oratório dedicado a Nossa Senhora do Rosário.

Carlos Alberto Rosa afirmou que nos anos de 1740 havia a edificação de um oratório público a Nossa Senhora do Rosário, próximo à capelinha de São Benedito, onde hoje existe a Igreja Senhor dos Passos. Este oratório público atraiu a ocupação de ‘chãos’ urbanos na margem direita do Prainha, articulando eixo com a Matriz: rua Direita de Baixo. Por isso um dos esgalhamentos da “Rua de Baixo tinha o nome de “Rua do Oratório”15. O autor também considerou a presença de um chafariz nesse mesmo local:

15 ROSA, Carlos Rosa. “O urbano colonial na terra da conquista”. In: ROSA, Carlos Alberto; JESUS, Nauk Maria de (Orgs.). Op. cit., p. 29.

62

Imagem de Nossa Senhora do Carmo, após o restauro (2006).

Segundo a restauradora Denise Lampert, em Minas Gerais colonial

Nossa Senhora do Carmo era cultuada pelas elites brancas,

surpreendendo encontrar esta devoção em uma igreja de escravos

k

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6363

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Imagem de São Francisco de Paula, padroeiro da irmandade de São

Francisco e santo da ordem franciscana, após o restauro de 2006.

Falta-lhe o cajado. Está exposto no nicho a esquerda do retábulo do

altar-mor

kj

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Tratamento de imagens

22 x 30 cm | 176 p. | 2008

Arquivo Público de Mato Grosso

Finalista do "Prêmio Jabuti 2009" na categoria "Arquitetura e Urbanismo, Fotografia, Comunicação e Artes" – a mais prestigiada premiação da indústria editorial brasileira

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Antecedentes1

Em 1973, um grupo de trabalho da Assessoria Técnica de Planejamento e Desenvolvimento da Universidade Federal de Mato Grosso elaborou projeto para a implantação de um “Centro de Informações de Artes Plásticas – CIAP” no “cam-pus” da Universidade.

O projeto CIAP, elaborado pelo método sistêmico, com assessoria de técni-cos em análise de sistemas do Instituto de Pesquisas Espaciais, apresenta, em sua Introdução e Anexos, ensaio que examina a situação artística no Estado de Mato Grosso e a dificuldade que enfrenta o pesquisador na elaboração de estudos sobre a arte brasileira, de um modo geral. Esse ensaio, pelo qual foram respon-sáveis Aline Figueiredo, Therezinha Arruda e Humberto Espíndola, dos quadros da UFMT, apresenta argumentações que justificam os objetivos do Projeto CIAP.

Para que tais objetivos pudessem ser terminalizados, foi criado o Museu de Arte e de Cultura Popular, como órgão suplementar da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso.

1 In folder publicado pelo Macp, com o seu histórico, em 1974.

Histórico do Macp

Adir Sodré

› Grupo Mato-grossense

[ acrílica sobre tela, 100 x 150 cm, 1981 ]

Acervo do Macp

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108

Maty Vitart › Pintado

[ óleo sobre tela, 100 x 120 cm, 1990 ]

José

Mau

rício

suportes sugeridos pelo tema, a Bovinocultura de Espíndola aí está pela criação mental de sua pintura que conceitua e renova, há 40 anos, um assunto ancestral com desafiadora atualidade plástica.

A abrangência provedora da obra e a presença aglutinadora de Espíndola fora o suporte capaz de garantir a inclusão do nosso movimento no circuito con-temporâneo da arte. Movimento esse, incorporado pela Universidade Federal de Mato Grosso, através do Museu de Arte e de Cultura Popular (Macp), a partir de 1974. À frente desse Museu-ação, Espíndola, como artista-diretor e eu, enquanto crítica, ambos os curadores, desempenhamos como profissionais contemporâ-neos nossas funções animadoras, junto à vocação contemporânea do Macp. Não fosse tal compreensão, como agir ou intervir naquele mesmo momento históri-co incisivo em que a arte internacional dava passos de renovação, enquanto a realidade cultural de Mato Grosso – diante ao avanço das fronteiras agrícolas no seu vazio demográfico – corria riscos de descaracterizações e de “perdas lamen-táveis de memória que tanto a história da cultura quanto da arte nos demonstra o estudo das comunidades.”

E, como ultrapassar a pequenez provinciana, senão com a agilidade de atitu-des contemporâneas? Como equacionar os desafios de trazer o novo, informar o público, acudir a cultura popular, a reflexão indigenista, pesquisar o Centro-Oeste e, ainda mais, produzir e revelar valores – conscientes da espacialidade plástica da região e seus argumentos no contexto brasileiro? Atitudes que se tornaram forma de uma animação contemporânea, pois não?

Cuiabá viu, através do Macp, instalações magníficas tais as de Valdir Sarubi, Paulo Roberto Leal (1974), Rubens Gerchman, Edival Ramosa (1975), Cildo Meireles, Luis Áquila (1978), do colombiano Antonio Caro (1980), Tunga (1986); ótimas ex-posições de pintura tais como as de Baravelli, do argentino Alberto Cedron, Marcio Sampaio, Takashi Fukushima, Gilberto Salvador, Rubem Valentim, os desenhos instigantes do brasiliense Nelson Maravalhas, a fotografia de Cristiano Mascaro, entre tantas outras coletivas e individuais de inteira procedência, além de pa-lestras de importantes críticos de arte. Todas, se ainda as citamos é porque não

4 - A Arte Mato-grossense 108 23/11/10 21:59

109

Márcio Hudson | Banco C&C

foram superadas pelas tantas portas de instituições que se abriram entre nós. A contribuição de João Sebastião Costa, a partir de 1974, com obra de teor erudito e popular, inclusive com incursões pela pintura de corpo a performances no car-naval cuiabano, transgrediu o poder, carregou bandeiras de santos ou contra as discriminações de minorias; repintou a onça, reuniu ícones da memória popular, e formou rico baú iconográfico. Nele, a geração seguinte viria se inspirar e mesmo vestir peças da colcha de retalhos do universo mítico que teceu.

Há que considerar o desenho hiper-realista de Clóvis Irigaray, da série Xinguana, realizada no biênio 1975/76, onde com novo enfoque, redesenhou o índio brasileiro na plenitude utópica de sua presença na sociedade de consumo no mundo contemporâneo. Após tal contribuição plástica, Irigaray, por mais de vinte anos, incorporou o comportamento de um personagem social lúmpem, pela radicalidade com que se tatuou, travestiu, agrediu e transgrediu, com o próprio corpo, a ideia de ser devorado pelo sistema. Atitudes que só o fenômeno da arte contemporanea (body art) poderia liberar e mesmo compreender.

Entretanto, logo percebemos que o Coxipó, bairro onde a Universidade Federal se instalara em 1970, e o Macp em 1974, ainda estava longe do centro da cidade, que abria as portas para receber o contingente migratório. E, naquele momen-to incisivo, vimos que, além das propostas de atualização, as metas de anima-ção criativa do Macp seriam ainda melhor assimiladas com o desdobramento da ação universitária, isto é, levando a função do seu conhecimento para além do campus. E assim, o Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT, através de seus recursos humanos, pratica eficaz parceria com a Fundação Cultural de Mato Grosso – que ajudou a criar e a implantar em 1975, no melhor prédio, no melhor espaço urbano e histórico de Cuiabá, devolvendo-lhe assim, com a cultura, o seu Palácio da Instrução.

Ali, naquele nobre espaço, no mesmo ano de 1976, abriu-se na área de ar-tes plásticas uma sala de exposições, uma pinacoteca, o Salão Jovem Arte Mato-grossense e um Ateliê Livre, com a pintora Dalva Maria de Barros a reunir a ra-paziada atraída pela centralidade e pela oferta de materiais. Então, por mais que

Roberto de Almeida

› Camaleão

[ Madeira, 81 x 21 cm, 2002 ]

4 - A Arte Mato-grossense 109 23/11/10 21:59

140

› Boneca

[ Assemblage, 74 x 45 x 11 cm, 2001 ]

Rai R

eis

Exposição Desinventando Coisas,

realizada no período entre 13 a 27 de

julho de 2001, no Macp/Centro Cultural.

Dos Assemblages de Regina Pena

Mais recentemente Regina Pena, artista de fina sensibilidade pictórica, vem se dedicando também à prática dos “assemblages”. Assemblage, como se sabe, é uma modalidade de arte objetual, uma extensão da colagem, que consiste na montagem de objetos ou fragmentos de objetos, sem nenhuma finalidade utilitá-ria, agrupados à sorte em determinado espaço. Tem suas origens lá no Dadaismo dos anos vinte, nos Merzbilder de Kurt Schwitters, passando pela Pop Art dos anos sessenta e os Combine-painting de Rauschenberg, e por aí vai, trabalhando sem-pre de algum modo irônico, com os detritos da sociedade industrial, carregados de poder associativo.

Arames, fios de telefone, caixas de papelão ou madeira, palitos, pedaços de metal, tampas de garrafas, sobras de molduras, brincos, palavras impressas, entre outros, são elementos que Regina reúne. Inicialmente fez com intenção de obter um suporte para guardar colares e cintos, depois o interesse voltou para objetos lúdicos, onde liberou um processo criativo voltado para a educação infantil, já que é professora de arte-educação.

Em um primeiro momento da pesquisa, Regina partiu da ideia do boneco, modo de melhor canalizar a atenção infantil, associado aos brinquedos, objetos esses com cabecinhas redondas, expressões faciais, que lembram músicos desen-gonçados, soldados estropiados, crucifixos com algum movimento nos braços. Em seguida, depois de explorar a individualidade dos bonecos, a artista amplia o campo de indagação e começa também a montar nichos e estandartes. Uma imagem de São Gonçalo, santo violeiro, é guardada em uma ex-caixa de hambúr-guer do McDonald’s, ao lado da Mariinha do Candomblé, rodeados de pedaços de molduras e espelhos. Seus nichos contêm assimilações de cultos e culturas dife-rentes, numa espécie de sincretismo religioso. Extremamente coloridos, se asse-melham a ex-votos ou fetiches. Já os estandartes, feitos com pedaços variados de molduras, têm algum apelo ecológico e também decorativo. De um modo geral, seus objetos recebem estímulos compositivos de pintura que bem correspondem às cores da sua plástica. Nos nichos ou minialtares, ou ainda nessas lembranças de pequena habitação, Regina carrega em cores e detalhações. Acredito seja im-pulso normal de quem investiga um projeto a fundo, querendo ir às últimas con-sequências da extravasão de sentimentos contidos. Daí o empenho com que se lança em questionar a estética do desperdício, do lixo tecnológico, algumas ve-zes com inventos, ou melhor, com desinventos, frutos de uma engenharia inútil.

Aline FigueiredoJunho de 2001 [ In folder da exposição ]

Regina Pena

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› Círculo [ colagem, desenho e

pintura sobre madeira, 57 x 37 cm,

2006 ]

› Da série Corações IV [ colagem, desenho e pintura sobre madeira, 43 x 92 x 7 cm, 2006 ]

› Sem Título

[ colagem, desenho e pintura

sobre madeira, 100 x 55 x 13 cm,

2006 ]

› Da Série Corações I – O desenho de

Aluizio [ colagem, desenho e pintura

sobre madeira, 43 x 37 x 7 cm, 2006 ]

› Viva a Arte Mato-grossense! [ colagem, desenho e

pintura sobre madeira, 36 x 49 cm, 2006 ]

4 - A Arte Mato-grossense 141 23/11/10 22:03

166

› Caleidoscópio III

[ técnica mista, 150 x 150 cm, 2009 ]

› Articuladas

[ técnica mista, 5 x 12 x 250 cm, 2007 ]

› Joaninhas e formiguinhas [ técnica mista, 5 x 15 x 10 cm / 5 x 8 x 8 cm, 2008 ]

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Lara Matana

Exposição Essências, realizada

no período entre 18 de setembro

e 30 de outubro de 2009,

no Macp/Centro Cultural.

Lara Matana nasceu em Andradina, SP, em 1969 e reside em Cuiabá desde 1983. A partir de 2001 começa suas primeiras pesquisas criativas a utilizar sobras de madeira e hoje consegue apresentar interesse em sua diversificada produção.

Mato Grosso, este grande Estado madeireiro, ganha mais uma artista com sensibilidade para aproveitar o resíduo industrial dessa matéria tão nobre, cujo destino, em grande parte, infelizmente, ainda vai para o lixo ou fornalha. Há mais de 15 anos Lara mantém contato com o Distrito Industrial, situado na periferia da grande Cuiabá, que, através da Associação dos Industriários tem direcionado esforços no sentido de estimular artistas. Inclusive, no final do ano passado, lá vi-sitei a bela instalação de Roberto de Almeida, nosso escultor animalista da ma-deira. Esposa de um dos industriários, Lara Matana utiliza-se da oficina coletiva instalada em galpão do Distrito. Para peças maiores, pois, em casa tem própria marcenaria para melhor trabalhar a detalhação.

Vale considerar que o olhar de Lara não está alheio aos entulhos. Restos de caibros, ripas e ripinhas, lâminas, tocos e toquinhos largados ao tempo, para ela têm serventia. Daí a diversidade da sua produção, pois são os pedaços da maté-ria, neste caso, da madeira, sejam grandes, grossos, largos ou finos, quem con-duzem o gesto criativo. É a peça matérica, pois, com suas especificidades, quem define a estrutura expressiva do suporte, seja ele para o chão, parede, depen-durados ou a transitar pelos móveis. Todos com interessante caráter sensórico. Aliás, os objetos dependurados ou acoplados em mesas de sala como vi, que se assemelham às formas de bichos, tipo cobras ou minhocas, possuem ótimos mo-vimentos óticos e lúdicos. Em tempo: acredito que no campo lúdico desses tra-balhos, leves e maleáveis, esteja a melhor identificação com o designer, que em Lara está a se manifestar.

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› Caleidoscópio VIII

[ técnica mista, 260 x

120 cm, 2009 ]

› Caleidoscópio VII

[ técnica mista, 130 x 195 cm, 2009 ]

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Trabalha também com as lâminas, esfaqueadas e tingidas provenientes dos mostruários industriais, aqueles já desatualizados, que ela vem a ganhar das fir-mas locais. Com esse tipo de material, menor e de fina espessura, a artista desen-volve composições de cunho geométrico. Aí, as formas variam, entre alusões a pipas ou pandorgas, as formas redondas lembram mandalas ou as retangulares a sugerir trançados da iconografia indígena. Essas lâminas, que já lhes vêm colo-ridas de vermelho, preto, bege ou marrom, são muito bem por ela aproveitadas no sentido de exercitar o lado construtivo da sua invenção. Lado esse que, acre-dito, tenha a artista um grande campo a explorar.

Mais recentemente vem trabalhando com peças maciças grandes e pesadas, e mais apropriadas para o chão. Olha os troncos por longo tempo, até ganhar-lhes a intimidade expressiva que vai sugerir e induzir o que neles interferir e recriar. Ora conserva os sulcos que considera mais expressivos, abre frestas e lhes intro-duz pequenos pedaços geométricos de madeira; ora lhes acrescenta grandes pedaços, bem alisados pelos tornos, a dialogar, assim, entre o rústico e a inter-venção da máquina.

Agora em abril, Lara Matana foi convidada a participar da II Feira Brasil Certificado, em São Paulo, a reunir artistas de todo o País que utilizam materiais recicláveis e politicamente corretos. Nessa mostra, a artista exibirá exemplos das três vertentes mais expressivas do seu trabalho, ou seja, as peças maciças de chão, as lâminas em composições construtivas e os objetos maleáveis e cinéticos.

Aline Figueiredo

Abril de 2006 [ In catálogo da exposição ]

Panorama da exposição

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Finalista na categoria Livros de Arte do "Prêmio Jabuti 2011" – a mais prestigiada premiação da indústria editorial brasileira

Diagramação

21 x 27 cm | 336 p. | 2010

MACP/UFMT

Page 26: Maike Vanni  |  MkVnn®

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Territórios e expropriação

Os povos indígenas em Mato Grosso

A festa Moyngo, de iniciação masculina da etnia Ikpeng, também conhecidos como Txikão, no médio Xingu.

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Desde tempos imemoriais, diferentes povos indígenas habitam a área que hoje corresponde ao território mato-grossense. Muito antes da ocupação portuguesa do Bra-sil, esses povos construíram seus territórios, desenvol-veram organizações sociais e criaram culturas e formas próprias de viver e se relacionar com a natureza. Mas a expansão e construção do território capitalista no país instaurou uma luta sangrenta de destruição dos territórios desses povos e os que sobreviveram têm, historicamen-te, resistido às agressões sistemáticas desse processo. Uns resistem lutando para continuar preservando seus modos de vida. Alguns, evitando o avanço das frentes de expansão, fugiram para regiões de difícil acesso, na tentativa de evitar esse contato. Outros, como estratégia de luta pela sobrevivência, adaptaram-se às novas situa-ções, coexistindo com a sociedade envolvente.

Portanto, a construção do território capitalista no Brasil foi produto da conquista e destruição dos territórios indí-genas. Os povos indígenas foram sendo dizimados, seus territórios invadidos, saqueados e violentados, “cerca-dos” e confinados em terras indígenas e parques. O es-paço do universo cultural indígena sofreu a interferência do espaço e tempo do capital. O ritmo compassado do tic-tac do relógio nunca foi a marcação do tempo para os povos indígenas. Lá, o fluir da história está contado pelo passar das “luas” e pela fala mansa dos mais velhos, re-gistrando os fatos reais e imaginários.

Talvez, estivesse aí o início da primeira luta entre de-siguais. A luta do capital em processo de expansão, de-senvolvimento, em busca de acumulação, ainda que pri-mitiva, e a luta dos “filhos do sol” em busca da manuten-ção do seu espaço de vida no território invadido. A marca

CAPÍTULO

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contraditória do país que se desenhava podia ser busca-da na luta pelos espaços e tempos distintos e pelos terri-tórios destruídos/construídos.

A existência desses povos é responsabilidade da so-ciedade brasileira. Por isso é necessário estabelecer re-lações baseadas no conhecimento e respeito à diversi-dade cultural, às formas de organizações socioeconômi-cas e à sua dignidade como povos livres. Neste sentido, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 231, asse-gurou-lhes importantes dispositivos que garantem legal-mente o direito à organização social e cultural próprios, e o pleno usufruto das terras que habitam.

Mato Grosso: os territórios índiosDos estimados 5 milhões de indígenas que ocupavam

o Brasil à época do descobrimento, hoje são cerca de 426 mil que lutam para sobreviver. A maioria está na Amazô-nia; calcula-se que 237 mil lá habitam (ISA, 2004).

Em Mato Grosso, no oeste, estão os Suruí, Zoró, Ga-viões, Arara, Rikbaktsa, Enawenê-Nawê (Salumã). Nam-bikwara, Paresi, Umutina e Irantxe; no centro, os Bakairi; no norte, os Kayabi, Apiaká e Panará (Kreen-Akarore); no sul, os Bororo; no leste, os Xavante, Karajá e Tapirapé. No Parque do Xingu, localizado no norte-nordeste do Es-tado, os Txukarramãe, Kayabi, Kamayurá, Kuikuru, Kala-palo, Suyá, Txikão, Trumai e Juruna.

A história do processo de ocupação de Mato Grosso, particularmente do norte mato-grossense, foi assenta-da na abertura de projetos agropecuários e de projetos de colonização privados e ofi ciais, os quais, em parte re-presentativa, tiveram sua base no processo de grilagem das terras.

Território Indígena

Território indígena é “um espaço da sobrevivência e reprodu-ção de um povo, onde se realiza a cultura, onde se criou o mun-do, onde descansam os antepassados. Além de ser um local onde os índios se apropriam dos recursos naturais e garantem sua subsistência física, é, sobretudo, um espaço simbólico em que as pessoas travam relações entre si e com seus deuses. Há que se ressaltar, ainda, que a apropriação de recursos naturais não se resume em produzir alimentos, mas consiste em extrair matéria-prima para a construção de casas, para enfeites, para a fabricação de arcos, fl echas, canoas e outros e, ainda, em retirar as ervas medicinais que exigem determinadas condições ecoló-gicas para vingarem.

Para que um povo possa sobreviver e se reproduzir, necessi-ta de muito mais terras do que as que utiliza simplesmente para plantar. E é justamente esse espaço da sobrevivência, com tudo que ela implica, que denominamos território. E o território indíge-na tem uma particularidade: o de ser coletivo e pertencer igual-mente a todo o grupo. Não existe a propriedade privada entre os índios. Todos têm acesso à terra, e esse acesso é efetivado através do trabalho e de ocupação de fato de uma determinada porção do território tribal. Os grupos indígenas também têm dife-rentes formas de concepção de seu território. Alguns, fundamen-talmente sedentários, estabelecem fronteiras defi nidas. Outros, como é o caso dos povos Jê do Brasil Central, têm (ou tiveram) suas fronteiras em constante expansão em função de atividades guerreiras, ou da caça e coleta” (FERNANDES, 1993, p. 81).

Visualize, no Atlas, as áreas indígenasdo Estado e as etnias a que pertencem,

no tema Terras Indígenas.

Índio Bororo.

G. Filho | Secom-MT

Rapazes Kamayurá, no Parque Nacional do Xingu.

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Ariovaldo Umbelino de Oliveira UNIDADE 3

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Reserva Legal e área de proteção permanente

O Código Florestal Brasileiro, Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, determina a obrigatoriedade de uma reserva legal de, no mínimo, 20% de cada propriedade, com o claro objetivo de evitar o desaparecimento total da vegetação nativa nelas existentes, seja pela implanta-ção de atividades antrópicas, seja pelo desmembramen-to das áreas ou pela sua transmissão. A restrição é a de que não pode haver corte raso, isto é, desmatamento, e sua utilização depende de autorização do Instituto Brasi-leiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová-veis (Ibama). Desde a sua implantação, o Código Flores-tal vem sofrendo inúmeras alterações, por meio de leis e medidas provisórias, indicando a dificuldade de se disci-plinar uma matéria que envolve interesses econômicos e sociais de diversos segmentos da sociedade, principal-mente dos proprietários rurais e dos organismos de defe-sa do meio ambiente. A Medida Provisória (MP) nº 1.511-11, de 28 de maio de 1997, introduziu mudanças nos per-centuais de reserva, porém estas só foram implementa-das com a MP nº 1.956-50, de 26 de maio de 2000, que estabeleceu os percentuais de 20%, 35% e 80% de área do imóvel destinada à reserva legal, tendo como critérios a região e o tipo de vegetação nela dominante. Está em vigência atualmente a MP 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, que determina, no mínimo em 80%, a área de re-serva legal na propriedade rural situada na Amazônia Le-gal e em 35% na propriedade situada em área de Cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo 20% na proprieda-de e 15% na forma de compensação em outra área, des-de que seja dentro da mesma microbacia.

Embora definidas pela mesma Lei, Reserva Legal e Áreas de Proteção Permanentes – APPs não são a mes-ma coisa. Estas correspondem as florestas e demais for-mas de vegetação situadas ao longo dos rios, ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios, nas nascentes, olhos d’água, no topo dos morros, montes, montanhas, etc., além daquelas destinadas a fixar as dunas, evitar erosão, proteger as bordas de rodovias e ferrovias, etc.

Fonte: Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965; Medidas Provisórias nºs 1.511/97, 1.956-50/00 e 2.166-67/00.

Área total/ha naatividade agropecuária

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Fonte: IBGE, 1975, 1983, 1991, 1997.

Figura 9.2

MATO GROSSO – ESTABELECIMENTOS RURAIS:ÁREA TOTAL E ÁREA UTILIZADA NA ATIVIDADE

AGROPECUÁRIA – 1970, 1980, 1985, 1995

ações distintas: a primeira diz respeito à exigência legal, que é a obrigatoriedade de cada propriedade manter uma parte de sua área preservada (reserva legal), além das áreas de preservação permanente, como as nascentes e faixas naturais ao longo de córregos e rios, inclusive áre-as íngremes; a segunda refere-se àquelas propriedades que permanecem inexploradas, assumindo, portanto, o caráter de reserva de valor, que chegavam a representar 46% das áreas incorporadas pelos estabelecimentos ru-rais existentes no Estado, em 1995/96. Desse modo, com relação à ocupação de suas terras, as propriedades no Estado apresentam atualmente três situações: com qua-se 100% de suas áreas exploradas, não respeitando a le-gislação ambiental; parcialmente exploradas, onde ain-da se encontram áreas preservadas; e propriedades sem destinação produtiva, tomadas como reservas de valor.

Tabela 9.2

MATO GROSSO – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS, ÁREA TOTAL E ÁREA EXPLORADA COM ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS – 1970, 1980, 1985, 1995

Anos N° de estabelecimentos Área (ha) Área explorada* (ha) Participação da área explorada (%)

1970 46.090 17.274.745 9.812.995 56,80

1980 63.383 34.554.549 18.630.845 53,91

1985 77.921 37.835.853 21.506.235 56,84

1995 78.762 49.839.631 26.851.823 53,87

Fonte: IBGE, 1975, 1983, 1991, 1997.Obs.: *Foram consideradas como áreas exploradas as áreas utilizadas com atividades agropecuárias, sendo estas identificadas nos censos agropecuários como lavouras permanentes e temporárias, pastagens nativas e plantadas e

áreas em descanso. Para o ano de 1970 não foram incluídas as áreas em descanso.

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Capítulo 9Agricultura: transformações e tendências

Tabela 9.3

MATO GROSSO – PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DAS FORMAS DE DISTRIBUIÇÃO DAS TERRAS EM RELAÇÃO À ÁREA TOTAL DOS ESTABELECIMENTOS – 1970, 1975, 1980, 1985, 1995

Anos Total de área ocupada (ha)

Lavouras permanentes e temporárias (%)

Pastagem Matas e florestas naturais (%)

Terras não utilizadas (%) Total (%)

Nativa (%) Plantada (%)

1970 17.274.745 1,6 50,3 8,1 31,2 8,8 100

1975 21.949.147 2,5 41,3 12,2 33,6 10,4 100

1980 34.554.549 5,4 29,2 15,9 38,9 7,2 100

1985 37.835.853 6,7 25,6 17,8 37,4 5,8 93*

1995 49.839.631 6,8 12,4 30,6 43,2 3,0 96*

Fonte: IBGE, 1975, 1979, 1983, 1991, 1997.Obs.: *O restante corresponde à terras inaproveitáveis.

Uso da terra e produção agropecuáriaA base de sustentação econômica de Mato Grosso es-

teve historicamente assentada na agropecuária desen-volvida em grandes propriedades, onde a pecuária lide-rou o setor até 1975. Ainda que a maior parte das terras utilizadas pelos estabelecimentos rurais continue sendo com pastagens, como mostram os dados da Tabela 9.3, a produção agrícola vem liderando o setor em produtivida-de e renda.

A partir de 1970, observa-se acentuado incremento no plantio de pastagens, indicando forte pecuarização do sistema produtivo estadual, embora a área ocupada por lavouras também tenha apresentado um crescimento

gradativo no mesmo período, incorporando maior valor à produção do Estado.

Conforme os dados da Tabela 9.3 e da Figura 9.3, entre 1970 e 1995, as pastagens nativas, em relação ao to-tal em área de estabelecimentos rurais do Estado, de-cresceu de 50,3% para 12,4%, enquanto que a partici-pação percentual da área utilizada com pastagem plan-tada cresceu de 8,1% para 30,6%. Isso indica mudanças na exploração da pecuária bovina, devido a novas técni-cas que foram sendo impulsionadas pelas exigências e demandas do mercado externo. Em 1995, a maior par-te das terras era utilizada com pastagens, corresponden-do a 43% da área total dos estabelecimentos, ou 21,3 mi-lhões de hectares.

Figura 9.3

MATO GROSSO – DISTRIBUIÇÃO DAS DIFERENTES FORMAS DE UTILIZAÇÃO DAS TERRAS DOS ESTABELECIMENTOS RURAIS1970, 1975, 1980, 1985, 1995

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50%

Fonte: IBGE, 1975, 1979, 1983, 1991, 1997.

Terras não utilizadas Pastagem nativa Pastagem plantadaLavouras permanentese temporárias Matas e florestas naturais

(porcentagem da área)

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na microrregião de Rondonópolis; Diamantino, Sapezal e Campo Novo do Parecis, na microrregião Parecis; Santo Antônio do Leste e Novo São Joaquim, na microrregião Canarana; Sorriso, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, na microrregião Alto Teles Pires; e Guiratinga, na micror-região Tesouro (Figura 9.9).

Ressalta-se que a cultura do algodão, devido à sua suscetibilidade a diversos tipos de pragas, exige a apli-cação de um grande volume e diferentes variedades de agrotóxicos. Altamente poluidores, esses compostos afe-tam o ambiente, provocando diretamente a contaminação do solo, com a conseqüente perda de sua fertilidade, e doenças que podem ser letais a quem os manuseia, caso não haja um rigoroso controle durante o seu cultivo e ar-mazenamento, bem como na destinação de seus resídu-os e embalagens.

Todas as iniciativas estatais e privadas voltadas para a produção do algodão no Estado visam a sua comercia-lização em grande escala, beneficiando diretamente os grandes e médios produtores. A produção é comerciali-zada no mercado nacional, sendo as plumas emprega-

das na fabricação têxtil e a semente na produção de óleo e ração animal.

O algodão também é cultivado em áreas onde predomi-na a agricultura familiar. Com o apoio financeiro do Pro-grama Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e de outros programas de crédito rural disponí-veis para a pequena produção, a Federação dos Traba-lhadores na Agricultura do Estado de Mato Grosso – Fe-tagri e a Empaer –, em parceria com outros segmentos do setor, implantou o Programa de Apoio ao Desenvolvi-mento da Cultura do Algodão para Agricultores Familiares do Estado de Mato Grosso, visando à recuperação, à ex-pansão da área cultivada e ao aumento da produtividade. Este programa é implantado nos municípios onde há tra-dição no plantio dessa cultura.

Arroz

Mato Grosso é produtor do arroz de sequeiro, cultivado em áreas não alagadas ou irrigadas. Tradicionalmente, o seu plantio tem sido utilizado na abertura de novas áreas de cultivo agrícola e de formação de pastagens, em razão dos baixos custos de produção.

A cultura de arroz se encontra disseminada em todo o Estado e tem a sua expansão vinculada à abertura de no-vas áreas, como ocorreu na década de 1970, quando al-cançou altos níveis de produção. Atualmente, vem ocu-pando lugar de destaque como cultura principal em algu-mas áreas do norte do Estado, onde novas variedades do

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Área colhida Produção obtida

Fonte: IBGE, 1997; IBGE. PAM, 1994-2003, In: MATO GROSSO, 2005.

Figura 9.10

MATO GROSSO – ÁREA COLHIDA E PRODUÇÃO DE ARROZ1995, 1999, 2002, 2003

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Capítulo 9Agricultura: transformações e tendências

Tabela 9.7

MATO GROSSO – ARROZ: ÁREA COLHIDA, PRODUÇÃO E RENDIMENTOS – 1995, 1999, 2002, 2003

Anos Área colhida (ha)

Produção obtida (t)

Rendimento médio obtido (kg/ha)

1995 341.562 588.518 1.723

1999 726.682 1.727.339 2.377

2002 438.646 1.192.447 2.718

2003 439.502 1.253.363 2.851

Fonte: IBGE, 1997; IBGE, PAM, 1994-2003, In: MATO GROSSO, 2005.

Arroz de sequeiro.

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arroz de sequeiro foram introduzidas. Também é produzi-do associado às lavouras mecanizadas de soja, além de ser cultivado de forma rudimentar nas áreas onde predo-mina a pequena produção.

Considerado de baixa produtividade em relação ao ar-roz irrigado, a produção do arroz de sequeiro é afetada pelas variações climáticas e pelas limitações técnicas e imposições de mercado. Esses fatores podem explicar, em parte, as flutuações na produção do arroz de sequei-ro e os baixos índices de produtividade verificados no Es-tado, até a safra de 1999.

Os dados analisados na Tabela 9.7 e Figura 9.10 mostram que a produção de arroz teve grandes variações, com sig-nificativas reduções em alguns anos. A recuperação da produção ocorreu a partir de 1999, quando obteve um au-mento de 183%, com 1,7 milhão de toneladas e rendimen-to médio foi 2.377 kg/ha, um dos maiores índices alcança-dos no período. Na safra de 2002, houve uma redução de 31% na produção obtida em relação a 1999, caindo de 1,7 milhão de toneladas para 1,1 milhão de toneladas. Essa redução foi provocada, principalmente, pela redução de 21% na área colhida. A produtividade, porém, aumentou de 2.377 kg/ha para 2.700 kg/ha. Os dados de 2003 mos-

tram crescimento, com pequeno aumento de área, produ-ção e produtividade. A melhoria na produtividade resultou da introdução de novas variedades e uso de melhor tec-nologia, bem como das condições favoráveis do clima. A partir das safras de 2000 e 2001, o Estado passou à con-dição de segundo maior produtor do país, com 12% do total da produção nacional, sendo maior produtor o Rio

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Fonte: MATO GROSSO, 2005.

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MATO GROSSO – PRINCIPAIS MUNICÍPIOS PRODUTORES DE ARROZ2003

Principais municípios produtores de arroz

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Arroz plantado para ser parboilizado.

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A Cavalhada encena luta entre mouros e cristãos, em Poconé.

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PantanalTem como municípios integrantes: Barão de Melgaço; Cáceres, às margens do rio Pa-

raguai; Poconé, incluindo a Transpantaneira, no trecho entre Poconé e Porto Jofre; e San-to Antônio de Leverger. Essa região apresenta uma rica diversidade de fauna e flora e as-pectos culturais de grande potencialidade turística. Nela se encontra o Parque Nacional do Pantanal mato-grossense e a Estação Ecológica de Taiamã, criados em 1981. Drenada pela bacia do rio Paraguai e seus afluentes, o Pantanal comporta a maior planície alagável do mundo, considerado pela Unesco, em 2001, como Patrimônio Natural da Humanida-de e Reserva da Biosfera. Apresenta diversas feições, determinadas pelo ciclo das águas: baías, cordilheiras, vazantes, banhados e corixos. O “complexo do Pantanal” forma uma espécie de síntese de toda a vegetação regional, com plantas de todas as espécies, com-pondo um grande mosaico paisagístico. É região onde se formam grandes ninhais no pe-ríodo de reprodução das aves, constituindo-se em enorme viveiro natural.

O Pantanal tem como principais atrativos para a contemplação da paisagem e observa-ção da flora e da fauna: passeios de barco e a cavalo; trilhas na mata; safári fotográfico; focagem de animais, à noite; pontos de observação de ninhais e da fauna; pesca esporti-va; culinária regional; manifestações culturais e religiosas...

Com o desaquecimento da pecuária nessa região, antigas fazendas de criação de gado foram transformadas em pousadas ou em hotéis-fazenda, buscando alternativa econômi-ca no turismo ecológico, rural e educativo.

Dança dos Mascarados, na cerimônia da Iluminação, em Poconé.

Áreas alagadas do Pantanal abrigam grande biodiversidade.

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Igreja de Cáceres e o Marco do Jauru, na praça central.

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Capítulo 10

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Amazônia mato-grossense

Essa região foi definida como “Pólo Norte Mato-grossense” den-tro do Proecotur. Tem Alta Flores-ta como portão de entrada e outros municípios situados em áreas de abrangência das bacias dos rios Te-les Pires e Cristalino, como Aripua-nã, Juruena, Paranaíta e outros.

Situado no Norte Mato-grossense, este pólo caracteriza-se pela pre-sença da floresta amazônica, rica em biodiversidade, cortada por nu-merosos rios que apresentam no seu percurso águas cristalinas, cor-redeiras e cachoeiras. Nessa região, concentra-se grande parte da popu-lação indígena do Estado, destacan-do-se o Parque Nacional do Xingu, onde vivem mais de 3 mil índios de diversas etnias. Pela sua rica biodi-versidade, a região tem atraído pes-quisadores e turistas, procedentes de vários países do Oriente e do Ocidente.

Destacam-se como atrativos em Alta Floresta o Parque Estadual do Cristalino, localizado a 39 km do mu-nicípio, onde há um receptivo que oferece caminhadas nas trilhas pela mata e atividades ecoturísticas nos rios Cristalino e Teles Pires, como visitas à Cachoeira de Sete Que-das, rafting, canoagem e pesca es-portiva, além da observação da fau-na e da flora.

Pousada Jardim da Amazônia, em São José do Rio Claro (2005).

Rio Teles Pires.

Rio Juruena.

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Turista conversa com índio do Xingu.

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Turista participa de encenação de dança ritual na aldeia Puwixa Poho, no Xingu.

Acrobat Pro

Diagramação

20,7 x 27,7 cm | 296 p. | 2005

Gislaene Moreno / Tereza Higa (Orgs.)