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ÍNDICE DE ACIDEZ DO ÓLEO DE QUATRO CULTIVARES DE MAMONA EXTRAÍDO POR MINI- PRENSA LABORATORIAL Joabson Borges de Araújo 1 , Liv Soares Severino 2 , Amanda Micheline Amador de Lucena 3 , Maria Aline de Oliveira Freire 3 , Márcia M. Bezerra Guimarães 3 e Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão 2 1 UEPB, [email protected]; 2 Embrapa Algodão, [email protected], [email protected]; 3 UFCG, [email protected], [email protected], [email protected] RESUMO - A acidez de um óleo é uma das principais características e tem importante impacto sobre seu preço e aproveitamento na indústria química. Vários fatores podem influenciar a acidez do óleo, mas o principal é o tratamento dado ao produto durante a colheita e o armazenamento. Objetivou-se neste trabalho, medir a acidez do óleo de sementes de mamona de quatro cultivares, sendo o óleo extraído em mini-prensa laboratorial apropriada para pequenas amostras. Utilizaram- se sementes dos genótipos BRS Nordestina, BRS Paraguaçu, CNPA 93-168 e Mirante 10. Após a extração a temperatura ambiente, determinou-se o índice de acidez do óleo de cada material. Detectou-se diferença significativa no índice de acidez entre os óleos analisados sendo os menores valores encontrados nos genótipos BRS Nordestina (2,24 mg kOH/g) e CNPA 93-168 (1,61 mg kOH/g) e os maiores na BRS Paraguaçu (9,88 mg kOH/g) e Mirante 10 (9,53 mg kOH/g). As diferenças observadas na acidez do óleo não são características do genótipo, mas refletem principalmente as condições de armazenamento a que o material foi submetido. A mini-prensa funcionou adequadamente para extração de óleo em pequenas amostras. INTRODUÇÃO A partir das sementes de mamona (Ricinus communis L.) é produzindo um óleo que, entre diversas utilidades, é empregado na indústria de plástico, siderurgia, saboaria, perfumaria, curtume, tintas e vernizes, sendo o único na natureza solúvel em álcool a baixa temperatura (WEISS, 1983) e que apresenta outras propriedades singulares, como ácido graxo hidroxilado (ricinoléico) compondo no mínimo 90% do óleo (EMBRAPA, 2003). A acidez de um óleo é uma das principais características e tem importante impacto sobre seu preço e aproveitamento na indústria química. Vários fatores podem influenciar a acidez do óleo, mas o principal é o tratamento dado ao produto durante a colheita e o armazenamento. Moretto e Fett (1998) afirmam que a acidez livre não é uma constante ou característica, mas sim uma variável relacionada com a natureza e qualidade da matéria-prima.

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ÍNDICE DE ACIDEZ DO ÓLEO DE QUATRO CULTIVARES DE MAMONA EXTRAÍDO POR MINI-PRENSA LABORATORIAL

Joabson Borges de Araújo1, Liv Soares Severino2, Amanda Micheline Amador de Lucena3, Maria Aline de Oliveira Freire3, Márcia M. Bezerra Guimarães3 e Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão2

1UEPB, [email protected]; 2Embrapa Algodão, [email protected], [email protected]; 3UFCG, [email protected],

[email protected], [email protected]

RESUMO - A acidez de um óleo é uma das principais características e tem importante impacto sobre seu preço e aproveitamento na indústria química. Vários fatores podem influenciar a acidez do óleo, mas o principal é o tratamento dado ao produto durante a colheita e o armazenamento. Objetivou-se neste trabalho, medir a acidez do óleo de sementes de mamona de quatro cultivares, sendo o óleo extraído em mini-prensa laboratorial apropriada para pequenas amostras. Utilizaram-se sementes dos genótipos BRS Nordestina, BRS Paraguaçu, CNPA 93-168 e Mirante 10. Após a extração a temperatura ambiente, determinou-se o índice de acidez do óleo de cada material. Detectou-se diferença significativa no índice de acidez entre os óleos analisados sendo os menores valores encontrados nos genótipos BRS Nordestina (2,24 mg kOH/g) e CNPA 93-168 (1,61 mg kOH/g) e os maiores na BRS Paraguaçu (9,88 mg kOH/g) e Mirante 10 (9,53 mg kOH/g). As diferenças observadas na acidez do óleo não são características do genótipo, mas refletem principalmente as condições de armazenamento a que o material foi submetido. A mini-prensa funcionou adequadamente para extração de óleo em pequenas amostras.

INTRODUÇÃOA partir das sementes de mamona (Ricinus communis L.) é produzindo um óleo que, entre

diversas utilidades, é empregado na indústria de plástico, siderurgia, saboaria, perfumaria, curtume, tintas e vernizes, sendo o único na natureza solúvel em álcool a baixa temperatura (WEISS, 1983) e que apresenta outras propriedades singulares, como ácido graxo hidroxilado (ricinoléico) compondo no mínimo 90% do óleo (EMBRAPA, 2003).

A acidez de um óleo é uma das principais características e tem importante impacto sobre seu preço e aproveitamento na indústria química. Vários fatores podem influenciar a acidez do óleo, mas o principal é o tratamento dado ao produto durante a colheita e o armazenamento. Moretto e Fett (1998) afirmam que a acidez livre não é uma constante ou característica, mas sim uma variável relacionada com a natureza e qualidade da matéria-prima.

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Para ser classificado como óleo industrial nº1, a qualidade mais alta do produto comercializado no mercado internacional, o índice de acidez precisa ser de no máximo 3 (CHIERICE e CLARO NETO, 2001). Acidez superior a este limite implica em produto de menor qualidade e, conseqüentemente, menor preço.

A acidez do óleo da mamona não tem sido relatado nos trabalhos com essa oleaginosa devido à limitação de metodologia e equipamentos apropriados para análises laboratoriais, pois a extração do óleo em pequena quantidade só é feita por solventes ou em equipamentos de porte semi-industrial.

Este trabalho teve como objetivo medir a acidez do óleo de sementes de mamona de

quatro cultivares, extraído em mini-prensa laboratorial apropriada para pequenas amostras.

MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi conduzido no Laboratório de Química da Embrapa Algodão. Utilizou-se uma

mini-prensa para extração de óleo de sementes por pressão, desenvolvida pela própria Embrapa . Adotou-se delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições e quatro tratamentos, correspondentes aos genótipos BRS Nordestina, BRS Paraguaçu, CNPA 93-168 e Mirante 10,cujas sementes foram submetidas à extração de óleo a temperatura ambiente, durante três minutos..

O óleo extraído foi centrifugado por 15 minutos para separação das impurezas e a seguir mediu-se a acidez pela metodologia descrita por Moretto (1998). Em Erlenmeyer de 125 ml foram colocados 2g de cada amostra e adicionados 25 ml de solução neutra de éter etílico + álcool etílico (2:1), agitando-se até a completa diluição do óleo; acrescentaram-se duas gotas do indicador ácido/base fenolftaleína e procedeu-se à titulação com solução de NaOH 0,1N até o surgimento da coloração rósea. Com o valor do volume de NaOH gasto na titulação, calculou-se o índice de acidez pela fórmula a seguir:

Ac = V x fx 5,61 / P, onde: Ac = índice de acidez (mg de KOH/g de óleo)V = volume de NaOH gasto na titulação (ml)f = fator de correção da solução5,61 = equivalente-grama do KOHP = peso da amostra (g)

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Os valores obtidos foram submetidos à análise de variância e Teste de Tukey (5%) para comparação das médias.

RESULTADOS E DISCUSSÃONa Tabela 1 são apresentados os valores do Teste F, Coeficiente de Variação e os valores do

índice de acidez do óleo de mamona. Detectou-se diferença significativa no índice de acidez dos materiais avaliados, sendo os menores valores encontrados nos genótipos BRS Nordestina (2,24 mg kOH/g) e CNPA 93-168 (1,61 mg kOH/g ) e os maiores na BRS Paraguaçu (9,88 mg kOH/g) e Mirante 10 (9,53 mg kOH/g).

A acidez do óleo é uma característica pouco influenciada pelas características genéticas da cultivar, mas principalmente, pelo tratamento que a semente recebe após a colheita. Sementes quebradas ou armazenadas sob altas temperatura e umidade são as condições mais propícias ao aumento da acidez do óleo.

Apenas dois dos materiais estudados possuem acidez dentro do limite para classificação como Óleo Industrial nº1 (acidez máxima de 3). Não foi possível registrar as condições a que as sementes utilizadas no estudo foram submetidas desde a colheita, mas possivelmente a acidez elevada das cultivares BRS Paraguaçu e Mirante 10 se deva ao armazenamento sob umidade e temperatura elevadas. No entanto, deve-se observar a grande variação que pode ser observada nesse indicador de qualidade do óleo.

CONCLUSÕESApenas os óleos dos genótipos CNPAM 93-168 e BRS Nordestina podem ser classificados

como Industrial do tipo 1.A mini-prensa laboratorial funcionou adequadamente para extração de amostras de óleo em

pequenas amostras..

AGRADECIMENTOSOs autores agradecem ao CNPq pela concessão de bolsa de Iniciação Científica

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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICASCHIERICE, G. O.; CLARO NETO, S. Aplicação industrial do óleo. In: AZEVEDO, D. M. P.; LIMA, E. F. O agronegócio da mamona no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão/Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p. 89-120EMBRAPA- Crescimento e desenvolvimento da mamoneira (Ricinus communis L), Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, (Comunicado Técnico, Nº 146, jan./2003).MORETTO, E.; FETT, R. Tecnologia de óleos e gorduras vegetais na indústria de alimentos, Livraria Varela, São Paulo:, 1998. 150p.WEISS, E. A. Oilseed crops. London: Logman, 1983. 660p.

Tabela 1. Valor do Teste F, Coeficiente de Variação e índice de acidez do óleo de quatro cultivares de mamona (Mirante 10, Brejeira, BRS Nordestina e BRS Paraguaçu). Campina Grande, 2006

Cultivar Índice de acidez (mg de KOH/g)BRS Nordestina 2,24 bBRS Paraguaçu 9,88 aCNPA 93-168 1,61 b

Mirante 10 9,53 aTeste F 999.3**CV(%) 5,4

**: significativo ao nível de 1% pelo Teste F