mapas táteis como possíveis facilitadores da...
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Mapas Táteis como possíveis facilitadores da acessibilidade
aos entornos: Um estudo de caso na estação de Metrô Santa
Cruz da cidade de São Paulo-SP.
Lucinda Bittencourt Thesbita1
Resumo
O direito a cultura, ao território, ao entorno deve estar disponível aos cidadãos. Quando um ambiente não apresenta recursos necessários para a mobilidade de pessoas com deficiência, dificulta a acessibilidade e restringe à estas pessoas o acesso à estes direitos, o que fere portanto a cidadania destes indivíduos. No caso dos deficientes visuais, há a necessidade de recursos apropriados que facilitem sua mobilidade ao longo de seus percursos. No entanto, nem sempre esses recursos encontram-se nos locais necessários, e muitas vezes quando encontram-se, não foram produzidos levando-se em consideração as necessidades dos deficientes visuais. Dentro das possibilidades de recursos auxiliadores dos deficientes visuais em sua mobilidade encontra-se o mapa tátil.
O mapa tátil ligado a mobilidade de deficientes visuais encontra-se diretamente relacionada a discussão geográfica de urbanidade, que se refere ao acesso a cidade, ao ser cidadão na cidade. Se relaciona desta forma com apontamentos referentes ao conhecimento e apropriação do entorno, do formar-se cidadão e de ser efetivamente cidadão na cidade, é portanto uma discussão bastante significativa para a geografia.
Neste sentido torna-se importante salientar que em relação ao acesso à cidade, em especial, entende-se que o valor dos indivíduos varia de acordo com sua localização na cidade. No caso dos indivíduos com deficiência visual a distancia não se restringe a distancia física em metros mas se restringe de acordo com as possibilidades de acessibilidade ao ambiente. Sendo assim, deficientes visuais que tenham fácil acesso à áreas providas com recursos de acessibilidade, possuirão maior mobilidade e valor. Portanto, contam com melhores facilidades de acessos à bens e serviços básicos. Neste ínterim, a prática da urbanidade, que está relacionada à existência de vários lugares inter-relacionados, contempla os deficientes visuais de acordo com a disponibilização e utilização de recursos. Neste sentido, a presente pesquisa busca, - através da aplicação de entrevistas, análises da representação tátil localizado no Metrô e levantamento bibliográfico - dar sua contribuição ao campo de estudo referente a Cartografia Tátil e mobilidade. Para tanto, apresenta como objetivo avaliar o mapa tátil na estação do metrô Santa Cruz, localizado no estado de São Paulo Brasil, entendendo o acesso a esta área como importante para a configuração da autonomia de um número significativo de deficientes visuais, já que nessas redondezas encontram-se importantes associações de apoio ao deficiente visual como Dorina Nowil e Cadevi (centro de apoio ao deficiente visual).
1 Mestrando do programa de Pós-graduação em Geografia Humana da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Palavras-chave: Mobilidade, Cartografia Tátil, Acessibilidade, Deficiente visual, cidadão.
Introdução
Este trabalho compõe uma parte inicial referente a pesquisa de mestrado
que se encontra em andamento denominada “Mapas Táteis como possíveis
facilitadores da acessibilidade aos entornos: Um estudo de caso na estação de
Metrô Santa Cruz da cidade de São Paulo- SP- Brasil”, que busca avaliar as
contribuições do mapa tátil localizado no metrô Santa Cruz de São Paulo como
facilitador do acesso ao entorno. Sendo assim, o presente, busca contribuir
através do compartilhamento de resultados iniciais para discussões que se
refiram a importância da autonomia e independência da pessoa com deficiência
visual no acesso à cidade.
Para tanto, o presente trabalho se divide em duas partes. A primeira
voltada à uma breve discussão a respeito da importância da acessibilidade na
cidade baseada no conceito atual de inclusão e a segunda na própria análise a
partir das vivências dos próprios usuários com deficiência para com relação ao
mapa tátil em análise.
Martins (1997) diz “estou considerando que o conceito é, para vocês,
mais do que o instrumento de um discurso – ele é sobretudo ponto de
referência de uma prática”. Sua fala é dirigida aos integrantes de movimentos
sociais no Nordeste, e relata a importância da elucidação de conceitos para
que não se façam equívocos que atrapalhem as práticas diárias dos ativistas e
idealizadores ligados, de alguma forma, a movimentos sociais. Concorda-se
com este autor sobre a importância da elucidação de conceitos, pois estes
muitas vezes se encontram imersos em seus contextos sociais (SASSAKI,
1997) o que impede por vezes seus entendimentos. Entender os conceitos não
como apenas resultados, mas também como produtores de mundo, de
discursos.
Sassaki (1997) apresenta que os termos referentes às pessoas com
deficiência sofreram alterações ao longo da história, pois se encontravam
imersos em seus contextos sociais. À medida que estes contextos se
modificaram, as linguagens também sofreram modificações. Sendo assim, os
termos “inválidos”, “pessoas portadoras de deficiências” ou “portadoras de
necessidades especiais”, são nomenclaturas já utilizadas que se relacionam
com perspectivas relacionadas à integração social, que segundo o autor está
pautada no ainda vigente modelo médico de deficiência e não satisfazendo
assim “plenamente os direitos de todas as pessoas com deficiência” (SASSAKI,
34, 2007), pois deste modo exige muito do indivíduo e pouco da sociedade. No
entanto, entende-se que hoje, apesar de não haver consenso em relação a
isto, esta perspectiva não corresponde ao momento atual de reflexão à cerca
desta temática que se refere à inclusão sobre a visão de uma sociedade que se
modifique para dar oportunidades nas diferenças. Para Sassaki (1997), os
conceitos inclusivistas revelam valores que defendem de maneira efetiva a
inclusão e devem, portanto, serem pensados por quem busca dar contribuições
nessas áreas. Desta forma, cabe aos pesquisadores, gestores de políticas
públicas, membros de comissões, buscarem se apropriar de conceitos que
visem enfatizar a pessoa como ponto principal das falas, políticas e pesquisas.
Acessibilidade como fundamental
A Constituição brasileira de 1988 estabelece que os indivíduos em nossa
sociedade devem ter oportunidade iguais. Para que isto ocorra, considera-se
de importância fundamental as questões referentes a inclusão e acessibilidade.
Para Feijó (2008), “o direito constitucional da acessibilidade é, antes de tudo,
uma materialização do direito constitucional de igualdade” (FEIJÓ, 3, 2008).
Seguindo a mesma perspectiva, apreende-se que há um diálogo muito
profundo entre acessibilidade e inclusão. Para Bernardi (2007) “acessibilidade
significa garantir e oferecer igualdade de condições à todas as pessoas,
independente de suas habilidades individuais” (BERNARDI, 40, 2007), isso
significa que a autora concorda que na atualidade as questões referentes à
acessibilidade encontram-se mais relacionadas aos projetos que tenham
relação com o desenho universal2(Cohen, 2006) Desta forma, este conceito
2 Esta filosofia surgiu, como aponta Feijó, nos Estados Unidos, no ano de 1963,
com uma comissão formada em Washington que se reuniu para elaborar um projeto
chamado de Desenho Livre de Barreiras, dentro do qual os equipamentos, edifícios e
aparece como uma forma de garantir um ambiente mais equilibrado pois todas
as pessoas mesmo as não portadoras de deficiências que encontram
dificuldade de locomoção terão seu direito constitucional de ir e vir concedidos,
a partir de planejamentos de acessibilidade, relacionados as estruturas que
busquem facilitar a movimentação não só de pessoas com algum tipo de
deficiência, mas idosos, grávidas, etc. Também a legislação brasileira de
número 10.098/2000 que se refere, especificamente a acessibilidade para
pessoas traz essa perspectiva inclusivista quando expõe a acessibilidade como
“ a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e
autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações,
dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora
de deficiência ou com mobilidade reduzida”. Verifica-se através do exposto que
a acessibilidade na perspectiva da inclusão exige das estruturas e da
sociedade. É necessário que ambas (as estruturas e a sociedade) se refaçam,
buscando assim de maneira ampla incluir a todos.
Estas perspectivas devem estar estabelecidas também quando da análise
da cidade, já que é, no acesso a bens e serviços básicos que se dá a cidadania
na cidade. Concorda-se com Santos (1987) quando este demonstra que, para
haja cidadania, o direito a cultura ao território e ao entorno, devem ser
disponíveis aos cidadãos. Assim sendo, toda a população deveria ter acesso
aos entornos possíveis, que não apenas são componentes, mas também
produzem cidade. Ainda para Santos (1987) o valor do individuo está
relacionado ao entorno no qual ele existe. Diante disso, as desigualdades
territoriais aparecem como reflexo de desigualdades sociais. Neste sentido, os
indivíduos são recompensados de forma desiguais de acordo com os lugares
onde se situam. Além dos lugares onde os indivíduos se situam, o que vai
alterar em suas condições de vida são suas possibilidades de mobilidade que áreas urbanas teriam desenhos acessíveis às pessoas com deficiências. Para os
idealizadores desta proposta, a exclusão com relação as pessoas deficientes físicas,
estaria ligada a estas barreiras arquitetônicas. Esta concepção acabou evoluindo para
o conceito de Desenho Universal e por assim o ser, as barreiras passam a não mais
existir para nenhum tipo de pessoa; a proposta passa a ser feita visando atender a
toda a população.
variam de acordo com as facilidades de acesso de determinada área. Desta
maneira, a questão que se coloca como crucial na valoração dos indivíduos é a
questão da acessibilidade. A falta de acessibilidade pode limitar o
conhecimento e domínio de entornos, negando assim o próprio acesso a
cidade.
Para Jacque Levy (2000), a “realização da prática da urbanidade
passa pela existência de vários lugares tão inter-relacionados quanto possível,
a fim de que tudo ocorra como se eles constituíssem um único lugar” (LÉVY, 2,
2000) Para que os lugares sejam inter-relacionados, a ponto de que pareçam
ser um único lugar, isto também perpassa, no caso dos deficientes visuais, pela
questão do uso de recursos3. Ou seja, a medida como os lugares se
relacionarão para os deficientes visuais perpassa pela questão do recurso
disponível para a acessibilidade.
Nesta perspectiva, tais recursos, quando auxiliam no acesso as áreas,
se convertem em meios de promoção da cidadania através da contribuição que
oferecem ao acesso à cidade. Concordamos com Santos (1987) quando
aponta que “a república somente será realmente democrática quando
considerar todos os cidadãos como iguais independentemente do lugar onde
estejam” (SANTOS, 1987, p.151). Sendo assim, tratar os cidadãos como iguais
é respeitá-los nas diferenças possibilitando a estes os recursos necessários
para que tenham assim acesso à cidade.
No que se refere às questões dos recursos, devem ser avaliados se
estes permitem auxiliar no que se refere à autonomia e independência4 do
indivíduo. Buscou-se aqui avaliar a contribuição que o recurso Mapa tátil,
localizado no do Metrô Santa Cruz- SP, trouxe nessa construção.
Acessibilidade e mapas táteis.
3 Utilizaremos o termo recurso na presente pesquisa nos referindo a objetos que são produzidos visando
auxiliar na mobilidade de pessoas com deficiência .
4 Utilizasse a definição de autonomia e independência baseados em Sassaki (1997, p.35):Autonomia é a
condição de domínio no ambiente físico e social, preservando ao máximo a privacidade e dignidade da
pessoa que a exerce. Enquanto que independência “é a faculdade de decidir sem depender de outras
pessoas.
Autores importantes da Geografia tem trabalhado com a questão da
mobilidade e da cartografia tátil, mas essa é uma linha que ainda não aparece
dentro da Geografia com grande amplitude. No entanto, alguns autores já vêm
apontando para a importância de trabalhos geográfico nessa área. Autores
como a OKA (2001), NOGUEIRA (2009), SENNA (2008), MALAFATTI (2010),
têm discutido e ressaltado a importância de pesquisas nessa área, e têm dado
suas contribuições para que ocorra uma ampliação deste tipo de pesquisa no
Brasil.
Para Carmo (2009) os mapas táteis podem ser utilizados tanto com
referência ao ensino, como para orientação e mobilidade. Assim, os mapas
táteis voltados à mobilidade na cidade de São Paulo, tem grande expressão. O
grupo das professoras Degreas e Katakura que tem desenvolvido esses
mapas. Os mapas produzidos por esta equipe foram cinco. O primeiro mapa
que foi desenvolvido tem sido utilizado no Instituto Padre Chico durante a
disciplina de orientação e mobilidade urbana; o segundo mapa tátil construído
pelo grupo foi produzido a pedido da UNASP (Centro Universitário Adventista
de São Paulo), e se refere ao campus da própria universidade; o terceiro mapa
foi construído em 2008 para a Fundação Dorina Nowil e também é direcionado
para orientação e mobilidade (ste foi produzido em parceria entre esta
fundação e o centro universitário FIAM/FAAM); o quarto mapa faz referência ao
mapa existente no Metrô Santa Cecília e o quinto mapa faz referência ao mapa
produzido do entorno do Metrô Santa Cruz.
Com relação à produção destas representações táteis, Carmo
(2009) aponta para a importância dos mapas serem produzidos com a atenção
do produtor voltada ao deficiente visual que será seu usuário. Necessita-se,
portanto, que o produtor observe aspectos importantes de como se dá a leitura
pelo usuário e atente-se para o fato de que o deficiente visual ao efetuar uma
leitura de mapa a faz que maneira sequencial (Carmo, 2009). Diferentemente
de um indivíduo que enxerga sem alterações significativas na visão, o
deficiente visual realiza esta leitura em partes.
O mapa tátil é, portanto, um recurso que muito pode contribuir para a
apropriação/conhecimento de áreas pelo deficiente visual, uma vez que lhe é
possibilita a noção de um espaço mais amplo, baseado sentido tato.
Breve caracterização da área de estudo.
O mapa tátil em estudo encontra-se na região da estação Santa
Cruz do Metrô, localizado na cidade de São Paulo - Brasil. Esta estação faz
parte da linha azul do metrô, sendo esta linha a primeira a ser construída em
1974 e a última a ser adaptada. Considera-se esta área de importância
fundamental para os deficientes visuais, na medida que encontra-se próxima a
duas instituições de assistência a pessoa com deficiência visual: Dorina Nowil,
desde 1952 e Associação dos Deficientes Visuais e amigos (Adeva) presente
no entorno desde 1978. Bem como o colégio Marista Arquidiocesano, fundado
em 1935, que presta também assistência às pessoas com deficiência visual.
Se encontram também nas proximidades da estação o hospital São Paulo
(1937) e do hospital Santa Cruz (1939) Igreja da Saúde (católica), Igreja
Batista, Museus Lasar Segal, bem como escolas estaduais, bancos, terminal
de ônibus e o próprio shopping Santa Cruz que encontra-se na saída de própria
estação. Muitas das referências citadas acima encontram-se no mapa tátil.
FIGURA 1: Mapa tátil do entorno da Estação Santa Cruz do metrô de São Paulo
Como esclarecido, os estudos sobre a área, apontam para a
importância dos trabalhos de campo e do contato com o público de deficientes
visuais para que as teorias sejam aplicáveis com retornos significativos. Sendo
assim, estes primeiros resultados são parcelas de análises de entrevistas
realizadas com os usuários com deficiência visual5.
Diante das entrevistas, observou-se primeiramente que apenas um dos
seis deficientes visuais sabia que naquela estação havia um mapa tátil. Os
demais ficaram inconformados por não saberem que se tinha ali aquele
recurso. Torna-se significativo também salientar que não há uma rota tátil
direcional no metrô que encaminhe as pessoas com deficiência visual até o
5 Estas entrevistas foram realizadas de maneira individual para que não houvesse influência de
uma fala sobre a outra. Somam-se pessoas com deficiência visual entrevistadas. Todos
apresentaram domínio de Braille e tinham também conhecimento prévio de alguns pontos do
entorno da estação.
mapa tátil. Fato que colabora sobremaneira para os deficientes visuais não
saberem de sua existência.
FIGURA 2:localização do mapa tátil dentro da estação do Metrô Santa Cruz
Cabe ressaltar aqui que nenhum dos usuários entrevistados teve
contato com algum tipo de divulgação deste recurso, daí o desconhecimento da
existência do mapa tátil neste estação de Metrô. Uma outra explicação para o
desconhecimento reside em uma ausência de cunho estrutural: não há rota
direcional que chegue ao mapa. Desta maneira a pessoa com deficiência visual
teria que descobrir de alguma forma este mapa.
Pode se observar através das entrevistas que os usuários com deficiência
visual conseguem, à partir da leitura da simbologia do mapa tátil, comparar
distâncias e direções entre e dos objetos (das ruas e principais instituições).
Mesmo que a habilidade de diagnosticar símbolos, tenha se apresentado de
maneira diferenciada (em tempos diferentes), o que se verificou de maneira
muito clara foi que o mapa abriu a possibilidade de conhecimento de novos
lugares. Todos os entrevistados fizeram referência à lugares de que não tinham
conhecimento que existiam no entorno. Dentro deste contexto o que se verifica
é que o mapa tem um papel significativo no sentido de auxiliar na construção
da independência do usuário que consegue sem auxílio através da leitura em
Braille no mapa localizar essa área e decidir onde deseja ir. Criou a
possibilidade de saber que existe algo além do que se encontrava no
“palpável”, até então. Ou seja, ampliou-se a noção da própria cidade.
Quando questionados se poderiam localizar as saídas da estação
baseados no mapa todos responderam que não. Dois usuários
complementaram dizendo que o mapa não fazia referência a parte interna da
estação e que por isso não seria possível sair desta utilizando-se dele. Para um
vidente a posição do mapa se encontra clara uma vez que este encontra-se
posicionado voltado para a catraca na qual do lado esquerdo tem-se a saída
pelo shopping Santa Cruz e do lado esquerdo a saída pelo arquidiocesano. No
entanto esta referenciação não consta no mapa e como este encontrasse como
uma mesa é possível ao usuário movimentar-se ao seu redor o que não
permite esta leitura para com relação a sua posição em relação a catraca tão
óbvia. Neste sentido entende-se que do ponto de vista da autonomia, do fazer
sozinho o mapa não apresentou ganho significativo, uma vez que, os usuários,
à partir dele não conseguiriam em um primeiro momento deslocar-se para
terem acesso ao entorno da estação.
Quando questionados a respeito do direcionamento fora da estação, se
conseguiriam se movimentar 1 respondeu que não e outros 5 disseram que
talvez sim, porque tinham conhecimento prévio da área, mas os cinco ,
salientaram também que não saberiam se isso seria possível em uma área
ainda não conhecida.
Ressalta-se aqui que todos os deficientes visuais ficaram muito animados
com o fato de poderem conhecer locais antes ainda não vistos, próximos
muitas vezes de locais frequentados por estes, isto se apresenta como
significativo para entendermos este recurso como de grande valia.
Considerações finais
A partir das análises feitas entende-se que, quando se refere às questões
que apontam para autonomia e independência dos seres humanos à que se ter
um cuidado muito grande com a análise, na medida que estes conceitos
encontram-se relacionados a direitos inalienáveis do ser humano, como o de
ter acesso a bens e serviços básicos. Negar isto, é o mesmo que, dificultar ou
mesmo negar o acesso de muitos à cidade. Desta maneira dificulta-se a
prática da cidadania, na cidade. Compreende-se que, mesmo o mapa tátil
presente na estação se encontre contribuindo para a questão da
independência do usuário com deficiência visual, ainda assim, deixa a desejar
no que se refere a questão da autonomia. Desta forma, buscar resoluções para
que esta autonomia seja provida de maneira significativa torna-se uma
obrigação de todos que estejam buscando entender o mundo na perspectiva da
inclusão, enquanto visão que entende as diferenças, mas busca criar
oportunidades, ainda assim.
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